Expectativas, problemas e aspirações dos jovens e adolescentes- Sao Tome e Principe

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Expectativas, problemas e aspirações dos jovens e adolescentes São Tomé e Príncipe

Expectativas, problemas e aspirações dos jovens e adolescentes. São Tomé e Príncipe

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Este estudo foi financiado pela UNICEF em colaboração com o Governo de São Tome e Príncipe. UNICEF agradece o trabalho dos consultores Redy Lima e Angelo de Ceita assim como as contribuições dos membros do Comité de Pilotagem do estudo: Eduardo Elba (FONG), Vilma Pinto (Ministério de Emprego e Assuntos Sociais), Fernando Freitas Ramos (Ministério de Educação, Cultura, Ciência e Comunicação), Ainhoa Jaureguibeitia e Teodora Soares (UNICEF), Wildiley Barroca (Conselho Nacional da Juventude),Stenia Santos (Ministério de Economia e Cooperação Internacional), Ivete Correia (Ministério de Justiça e Direitos Humanos), Heng dos Santos (Instituto Nacional de Estatística), Anastacio Quaresma (Centro de Reinserção Social), Ernestina Menezes (Instituto Nacional de Promoção do Genero), Claudina Cruz (OMS), Lurdes Viegas (OIT) e Jose Manuel de Carvalho (FNUAP). Os comentários expressos no estudo representam a opinião pessoal do autor e não refletem necessariamente a posição do Fundo das Nações Unidas para a infância (UNICEF). A reprodução de extratos ou a totalidade do estudo não exige uma autorização prévia, exceto quando o objetivo for comercial. No entanto é necessário identificar a fonte das informações. Esta publicação, assim como outras publicações e relatórios de UNICEF São Tomé e Príncipe, está disponível na plataforma ISSUU: http://issuu.com/unicefstp Créditos e direitos das imagens: UNICEF / Inês Gonçalves Desenho: Andreia Sofia Almeida

UNICEF Fundo das Nações Unidas para a Infância Avenida das Nações Unidas PO BOX 404 São Tomé São Tomé e Príncipe Email: saotome@unicef.org © UNICEF, 2017 2

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Expectativas, problemas e aspirações dos jovens e adolescentes São Tomé e Príncipe


ÍNDICE

Lista de tabelas, diagramas, gráficos e abreviaturas

06

1. Introdução

09

PRIMEIRA PARTE

12

Abordagem conceptual e metodológica

13

2. Nota conceptual

13

3. Nota metodológica

17

3.1 Abordagem extensiva-quantitativa

18

3.2 Abordagem intensiva-qualitativa

19

SEGUNDA PARTE

22

Análise situacional sobre as condições e os estilos de vida dos adolescentes e jovens

23

4. Dados sociodemográficos da população infantojuvenil são-tomense

23

5. Educação, formação e emprego

28

6. Saúde sexual e reprodutiva

37

7. Novas tecnologias de informação e comunicação, lazer, desporto, consumo de substâncias psicotrópicas e delinquência infantojuvenil

45

8. Jovens e participação em associações juvenis

52

9. Avaliação dos projetos e programas de intervenção juvenil existentes

55

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4


58

10. Considerações gerais 11. Orientações e propostas de políticas públicas inclusivas para a elaboração do Plano Nacional direcionada a adolescentes e jovens

59

11.1 Orientações gerais

59

11.2 Propostas estruturantes

60

12. Recomendações

63

TERCEIRA PARTE Resultados do inquerito aos jovens 10-24 anos

67

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5


Lista de tabelas, diagramas, gráficos e abreviaturas LISTA DE TABELAS 1 Escolaridade ao nível do ensino secundário por distrito

29

2 Necessidades/privações por distrito de residência

31

3 Frequência escolar e principais razões do abandono escolar

33

4 Profissão que o adolescente/jovem aspira exercer

34

5 Rendimento mensal individual pretendido

35

6 Repartição das respostas em função do sexo

35

7 Sexualidade nas escolas

38

8 Idade de início do Ato Sexual

39

9 Idade com que ficou grávida pela 1ª vez

41

10 Duas situações em que se pode apanhar o vírus do SIDA

43

11 Repartição das respostas em função do sexo

48

12 Opiniões sobre os principais problemas da Juventude e pistas para sua mitigação 13 Autoavaliação e domínios de fraca participação Jovem 14 Repartição percentual das principais respostas dos Inquiridos por distrito de residência

49 53 56

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6


LISTA DE DIAGRAMAS 1 Principais características do grupo doméstico da população-alvo

24

2 Perfil socioeconómico da família dos inquiridos

25

3 Repartição das respostas consoante distritos de residência

26

4 Principais informações sobre consumo de bebidas Alcoólicas

47

LISTA DE GRÁFICOS

7

1 Inquiridos por níveis de escolaridade

26

2 Necessidades/privações consoante sexo

30

3 Idade/faixa etária que deixam a escola

34

4 Nível máximo de escolaridade pretendido

34

5 Identificação das ISTs

43

6 Modalidades Desportivas regularmente praticadas

46

7 Como Incentivar a juventude à prática Desportiva

46

8 Nomes de iniciativas e Programas, mais citados: 1ª resposta

55

9 Nomes de iniciativas e Programas, mais citados: 2ª Resposta

55

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LISTA DE ABREVIATURAS AdT Agenda de Transformação ASPF Associação São-tomense para o Planeamento Familiar CAJ Carta Africana da Juventude CAP Conhecimento, Atitudes e Práticas CD Centros Digitais CEA Centros de Escuta e Aconselhamento CIJ Centros de Interação Jovem CNJ Conselho Nacional da Juventude CS Centros de Saúde DGP Direção Geral do Planeamento IJ Instituto da Juventude INE Instituto Nacional de Estatística IST Infeções Sexualmente Transmissíveis NTICS Novas Tecnologias de Informação e Comunicação ODS Objetivos de Desenvolvimento Sustentável PENJ Política / Estratégia Nacional da Juventude PN Polícia Nacional TdR Termo de Referência SSR Saúde Sexual e Reprodutiva

Expectativas, problemas e aspirações dos jovens e adolescentes. São Tomé e Príncipe

8


1.

Introdução

A República de São Tomé e Príncipe é um se foram arranjando, o que se traduziu numa pequeno estado insular constituído por duas

constante instabilidade política que condicio-

ilhas, a de São Tomé e a de Príncipe, situa-

nou a implementação de políticas e iniciati-

das no Golfo da Guiné, a cerca de 380 km de

vas governamentais suscetíveis de permitir

distância da costa africana, especificamente

o desenvolvimento do país.

do Gabão e da Guiné Equatorial.

Com o Governo saído das últimas eleições

Administrativamente, o país encontra-se di-

na sequência da maioria absoluta alcançada

vidido em 6 distritos (Água Grande, Mé-Zo-

pelo partido vencedor, abre-se a possibilidade

chi, Cantagalo, Caué, Lembá e Lobata) e

de criação de condições favoráveis para que

uma região autónoma (Ilha do Príncipe). Em

se possa tentar alavancar a economia e con-

termos de superfície, a ilha de São Tomé

seguir alcançar o tão desejado desenvolvi-

possui aproximadamente 850 km2, sendo

mento sustentável e o bem-estar da popu-

Caué o maior distrito (267 km2), seguido

lação.

de Lembá (229 km2), Mé-Zochi (122 km2),

Para isso, e como forma de aproveitar o

Cantagalo (119km2), Lobata (105 km2) e

dinamismo económico que hoje se vive no

Água Grande (16,5 km2). A superfície da ilha

continente africano, o Governo são-tomense

de Príncipe, considerada Região Autónoma,

promoveu um processo de auscultação dos

ronda os 300 km2.

cidadãos e atores de desenvolvimento, com

De ponto de vista político, o país conquistou

vista à elaboração de uma visão transforma-

a independência em 1975 e instaurou um re-

dora da economia endógena, que responda

gime de partido único que vigorou até 1991,

às aspirações dos são-tomenses.

altura em que, aproveitando a vaga de de-

Denominado AdT (STeP IN London, 2016),

mocratização dos países africanos da língua

este documento será operacionalizado a

oficial portuguesa, foram implementadas

partir de 2017 por um Plano Nacional de

reformas que culminaram com a passagem

Desenvolvimento que substitui o Plano Na-

para um regime multipartidário.

cional de Luta Contra a Pobreza que, alinha-

Embora não se possa falar da existência de

do aos ODS, tem como objetivo, no horizonte

conflitos e de violência de carácter político,

2030, um país moderno e capaz de oferecer

o país conheceu, desde a instauração do

serviços de qualidade não só ao nível da

regime democrático, mais de 15 governos,

região africana, como ao nível global.

devido sobretudo às frágeis coligações que

Expectativas, problemas e aspirações dos jovens e adolescentes. São Tomé e Príncipe

9


Assim, serão cinco as prioridades do Plano:

melhor se adeque à realidade dos mesmos.

1) ODS 1 – erradicar a pobreza em todas as

É neste contexto que, com o apoio da

suas formas, em todos os lugares;

UNICEF,

2) ODS 8 – promover o crescimento económi-

assessorar, de melhor forma possível, a

co inclusivo e sustentável, o emprego pleno

construção, em consonância com a CAJ,

e produtivo e o trabalho digno para todos;

duma política pública amiga dos jovens que

3) ODS 9 – construir infraestruturas resilien-

seja suscetível de promover o aparecimento

tes, promover a industrialização inclusiva e

de talentos e a liberação das energias cri-

sustentável e fomentar a inovação;

ativas dessa camada populacional, trans-

4) ODS 14 – conservar e usar de for-

formando-a num dos maiores protagonistas

ma sustentável os oceanos, mares e re-

do processo de desenvolvimento do país e

cursos marinhos para o desenvolvimento

evitando assim o surgimento de um mal-estar

sustentável;

juvenil e social que poderá bloquear as as-

5) ODS 16 – promover sociedades pacífi-

pirações políticas, económicas e sociais do

cas e inclusivas para o desenvolvimento

país, a médio e longo prazo.

sustentável, proporcionar o acesso à justiça para todos e construir instituições eficazes, responsáveis e inclusivas a todos os níveis. Os jovens, que representam a maioria da população são-tomense, são encarados nesse processo como o futuro da nação. Embora histórica e socialmente a juventude seja tida como uma fase de vida marcada por uma certa instabilidade, associada a determinados “problemas sociais” que, segundo Pais (2003), ao não se esforçarem por contorná-los, correm o risco de serem apelidados de “irresponsáveis” ou “desinteressados”, ela é também encarada como uma janela de oportunidades. Desta feita, há a necessidade de se ter um conhecimento profundo e sistematizado sobre a juventude são-tomense, sobretudo no tocante às suas necessidades e aspirações, de forma a melhor elucidar o Governo no desenho de uma política pública inclusiva que 10

Expectativas, problemas e aspirações dos jovens e adolescentes. São Tomé e Príncipe

surge

este

estudo,

visando


PRIMEIRA PARTE Expectativas, problemas e aspirações dos jovens e adolescentes. São Tomé e Príncipe

11


Abordagem conceptual e metodológica

Expectativas, problemas e aspirações dos jovens e adolescentes. São Tomé e Príncipe

12


PRIMEIRA PARTE Abordagem conceptual e metodológica

2.

Nota conceptual O campo de estudo e da conceptualização

duas tendências: a corrente geracional, em

em torno das categorias de adolescência e

que a juventude é tomada como um con-

juventude tem tido desenvolvimentos sig-

junto social cujo principal atributo é o de ser

nificativos na literatura sociológica, tanto do

constituído por pessoas pertencentes a uma

ponto de vista analítico, como na perspetiva

dada fase da vida, prevalecendo a busca dos

de desenvolvimento de determinadas ações

aspetos mais uniformes e homogéneos que

a nível de políticas públicas direcionadas às

caracterizariam essa fase da vida – aspetos

pessoas que integram essa faixa etária.

esses que fariam parte de uma cultura juvenil

Na maioria dos casos, ela é apresentada

específica, portanto, de uma geração defini-

como uma categoria homogénea, isto é, como

da em termos etários; e a corrente classista,

uma unidade social dotada de interesses co-

em que a juventude é tomada como um

muns. Alguns sociólogos (Bourdieu, 2003)

conjunto social necessariamente diversifica-

têm chamado a atenção para o facto de, ao

do, em que se perfilam diferentes culturas

proceder deste modo, estar-se a manipular a

juvenis, em função de diferentes pertenças

realidade, incorrendo no erro de ignorar que,

de classe, situações económicas diferentes

apesar de os jovens se identificarem com

e diferentes parcelas de poder, interesses,

outros da mesma faixa etária, identificam-se

oportunidades ocupacionais, etc.

a si mesmos, também, como pertencentes

Se as culturas juvenis aparecem geralmente

a classes sociais, grupos ideológicos, con-

referenciadas a conjuntos de crenças, va-

textos geográficos ou grupos profissionais

lores, símbolos, normas e práticas que de-

diferentes.

terminados jovens dão mostras de compar-

Nessa mesma linha de raciocínio, Pais

tilhar, o certo é que esses elementos tanto

(1990) defende que a questão central que

podem ser próprios ou inerentes à fase de

se coloca à Sociologia da juventude é a de

vida a que se associa uma das noções

explorar não apenas as possíveis ou relati-

de juventude, como podem, também, ser

vas similaridades entre os jovens ou grupos

derivados ou assimilados quer de gerações

sociais de jovens (em termos de situações,

precedentes (de acordo com a corrente gera-

expetativas, aspirações, consumos culturais,

cional), quer, por exemplo, das trajetórias de

etc.), mas também e, principalmente, as

classe em que os jovens se inscrevem (de

diferenças sociais que existem entre eles.

acordo com a corrente classista).

Por isso, de uma forma geral, os estudos so-

Sendo assim, defende-se hoje, no cam-

bre adolescentes e jovens têm oscilado entre

po das Ciências Sociais (León, 2005), a

Expectativas, problemas e aspirações dos jovens e adolescentes. São Tomé e Príncipe

13


14

necessidade de pluralizar tanto o conceito

entrada no mundo de trabalho.

de juventude como o da adolescência.

As dificuldades de acesso a um emprego

Ou seja, tratar essa população de forma

refletem-se nas dificuldades de acesso

heterogénea, visto que existem diferentes

à habitação. Na Europa, alguns jovens

adolescentes e juventudes. Segundo León,

recém-casados veem-se forçados a coabitar

isto ganha vigência e sentido, a partir do

com os pais, o que pode também constitu-

momento em que concebemos as categori-

ir fonte de problemas, para já não falar dos

as da adolescência e juventude como uma

que retardam a idade de casamento e con-

construção socio-histórica, cultural e relacio-

tinuam a viver com os pais, por dificuldades

nal nas sociedades contemporâneas, onde

de obtenção de emprego e casa própria.

as intenções e esforços de pesquisa social

Como a cultura juvenil requer um espaço

em geral e nos estudos da juventude, em

próprio, as carências e dificuldades nos

particular, têm estado focados em dar conta

domínios de habitação e emprego e da vida

da etapa de vida que se situa entre a infância

afetivo-sexual podem converter-se numa

e a fase adulta.

fonte aguda de conflitos e problemas. A

Por sua vez, infância e fase adulta também

emancipação dos jovens que tradicional-

são resultado de construções e significações

mente tem culminado com a constituição de

sociais em contextos históricos e sociedades

um lar próprio, habitualmente precedida de

determinadas, num processo de permanen-

obtenção de emprego, encontra-se, nesta

tes mudanças e resignificações.

perspetiva, cada vez mais bloqueada. No

De uma forma geral, ao contrário do jovem,

caso de os jovens prolongarem os laços de

um adulto é tido como responsável porque

dependência familiar, cultivando, ao mesmo

responde a um conjunto determinado de

tempo, um universo cultural distinto do da

responsabilidades: de tipo ocupacional (tra-

família de origem, essa convivência, força-

balho fixo e remunerado); conjugal ou familiar

damente prolongada, pode traduzir-se em

(encargos com filhos, por exemplo) ou

conflitos familiares de alguma intensidade.

habitacional (despesas de habitação e apro-

Aliás, as dificuldades de constituição dum lar,

visionamento). A partir do momento em que

em idades socialmente consideradas como

vão assumindo estas responsabilidades, os

as mais apropriadas, fazem com que os jo-

jovens vão adquirindo o estatuto de adultos.

vens rejeitem – em alguns casos, não sem

Os problemas que, contemporaneamente,

a contrariedade da família – o modelo tradi-

mais têm afetado a juventude, fazendo dela,

cional de casamento e optem por relações

por isso mesmo, um problema social, são

pré-matrimoniais ou uniões livres, ou, ainda,

correntemente derivados da dificuldade de

adiram ao aborto, a relações precárias, ao

Expectativas, problemas e aspirações dos jovens e adolescentes. São Tomé e Príncipe


divórcio e às chamadas variantes da vida

Sendo verdade que, ainda hoje, ao nível

sexual.

mundial, a juventude é tida como um proble-

No continente africano, os estudos sobre a

ma, na medida em que é definida como pro-

juventude são relativamente recentes. Das

tagonista de uma crise de valores e de um

designações de jovens em risco ou desvi-

conflito de gerações que se situa, essencial-

antes patenteados em diversos estudos so-

mente, ao nível dos comportamentos éticos

bre jovens africanos, a perspetiva pós-co-

e culturais (Pais, 1990), ela também tem sido

lonial da juventude tem evidenciado o seu

vinculada a um imaginário idílico de pureza

envolvimento no ativismo e em movimentos

e beleza (Raposo, 2013). A propaganda - de

sociais, destacando o seu papel na política

natureza estética e desportiva, que faz da ju-

de resistência contra o colonialismo, apart-

ventude um produto pronto a ser consumido,

heid e outras formas de dominação (Honwa-

através dos diversos meios de comunicação

na, 2012) no século passado.

social, em que o “corpo jovem” é apresenta-

Atualmente, os protestos de rua em Moçam-

do como símbolo de poder e sedução (Fer-

bique, contra a subida do preço dos trans-

reira, 2011), faz com que todos queiram ser

portes públicos informais e do pão, em 2008

jovens e procurem infinitos artifícios para

e 2010 respetivamente; os protestos na Áfri-

manter um aspeto jovem.

ca do Norte contra os regimes autoritários,

O desejo de preservar a juventude está pro-

em 2010; o protesto no Senegal contra a cor-

fundamente enraizado em grande parte das

rupção ao nível do governo, o desemprego

sociedades contemporâneas, o que con-

em massa e a falta de perspetivas de futuro

tribuiu para o alargamento do espaço tempo-

para os jovens, em 2011, e os demais pro-

ral da mesma, pelo que essa “promiscuidade

testos impulsionados por jovens, um pouco

intergeracional” torna a definição de juven-

por todo o continente africano, entre 2011 e

tude bastante complexa, principalmente

2012, têm sido destacados pela nova socio-

quando ser jovem passa a ser um objetivo

logia da juventude africana e representam,

permanente (Raposo, 2013).

para Honwana (2013), expressões do des-

Daí

pertar africano protagonizado pela geração

complexidade,

waithood, caracterizada por jovens que hoje

a uma inovação concetual que permita

vivem em suspenso entre a adolescência e

construir um campo analítico que delimite as

a idade adulta porque lhes falta o emprego,

dimensões e variáveis para tornar mais evi-

que lhes concederia autonomia e liberdade,

dente o conhecimento empírico dessa cama-

assim como a possibilidade de constituição

da populacional e que sirva de suporte à for-

de família.

mulação de políticas públicas adequadas a

ser

necessário,

devido

a

essa

proceder, neste estudo,

Expectativas, problemas e aspirações dos jovens e adolescentes. São Tomé e Príncipe

15


esses sujeitos.

em três faixas etárias: jovem adolescente

Embora, logicamente, a categoria etária não

(15 a 18 anos); jovem (19 a 24 anos); adulto

seja por si só suficiente para uma análise

jovem (25 a 29 anos). Por outro lado, a CAJ

sociológica desta categoria populacional,

considera que a juventude abarca a popu-

tomamos a delimitação etária de 10 a 24

lação entre os 15 e 35 anos (UA, 2006).

anos como ponto de partida, mas não como

De forma a contornar os constrangimentos

alternativa única. Caso contrário, correr-se-

acima apontados, optamos por proceder a

ia o risco de ter uma análise amputada, que

uma divisão etária entre a população ado-

poderia condicionar a orientação adequada

lescente e a população juvenil, considerando

de políticas públicas que se querem inclusi-

na primeira categoria as pessoas que estão

vas.

situadas na faixa etária dos 10 a 17 anos e a

Sendo assim, convém ter-se em conta que

segunda categoria as que estão situadas na

os parâmetros da definição dos conceitos de

faixa etária dos 15 a 35 anos.

adolescência e juventude têm sido objecto

Esta divisão etária, para além de respeitar

de diferentes classificações, em função da

as orientações da CAJ, baseia-se nos da-

abordagem privilegiada. Para a Organização

dos censitários do INE (2014), que consid-

Mundial da Saúde, por exemplo, a faixa

era pessoas economicamente ativas a partir

etária da adolescência vai de 10 a 19 anos,

dos 10 anos, restringindo a população de

considerando a juventude a faixa etária entre

crianças e adolescentes aos 17 anos, as-

os 15 e 24 anos. A Organização Internacional

sim como considera como população juvenil

do Trabalho subidvide o contingente popula-

pessoas com idade inferior a 36 anos.

cional entre os 15 e 29 anos, subdividindo-o

Jovem mãe com o seu filho recém-nascido.

16

Expectativas, problemas e aspirações dos jovens e adolescentes. São Tomé e Príncipe


PRIMEIRA PARTE Abordagem conceptual e metodológica

Nota metodológica

3.

Este estudo pretende, como sugere a CAJ,

(tendo em conta também os adolescentes

ter um carácter participativo e, portanto,

em idade escolar, mas fora da escola), uso

foi pensado e executado utilizando o diag-

de comunicação e NTICS, álcool e outras

nóstico participativo que é um importante

drogas, lazer e desporto;

instrumento metodológico de dinamização e

3. Identificar as suas expetativas,

consciencialização juvenil, visto que assen-

problemas, dificuldades e aspirações;

ta na compreensão do carácter sistémico

4. Conhecer as atitudes e práticas dos ado-

da realidade e envolve uma relação de

lescentes e jovens em relação ao consumo

causalidade linear numa primeira fase

de álcool e drogas;

(identificação dos problemas juvenis e suas

5. Inventariar os programas que já se en-

causalidades), sendo mais global e integra-

contram em curso para os jovens e consoli-

do numa segunda fase, quando o conheci-

dar as informações, no contexto do país;

mento das dinâmicas sociais juvenis surge

6. Formular recomendações em relação às

de forma mais interativa.

necessidades exprimidas pelos jovens que

Tomando como referência as cinco com-

possam servir para:

ponentes pré-estabelecidas no TdR1 pelo

i. Elaborar um plano nacional de desenvolvi-

Comité Técnico do estudo, organizado pelo

mento dos adolescentes e dos jovens;

Ministério da Juventude e pela UNICEF,

ii. Definir uma resposta eficaz para a situ-

procura-se, com o estudo, alcançar os se-

ação de pobreza socioeconómica atual.

guintes objetivos:

Para a consecução desses objetivos, recor-

1. Conhecer as principais características so-

reu-se a duas abordagens metodológicas:

ciodemográficas dos adolescentes e jovens;

a extensiva-quantitativa e a intensiva-quali-

2. Analisar as performances e as lacunas

tativa, sendo que esta última teve a função

dos serviços existentes para os jovens (es-

de assegurar o carácter participativo, como

colarizados ou não) em domínios tais como:

estabelecido nos TdR.

saúde reprodutiva, emprego, educação

1 1) Identificação e caracterização dos adolescentes e jovens; análise das situações socioeconómicas desse segmento populacional; 3) identificação dos programas e iniciativas viradas para essa população e elaboração de uma proposta de intervenção que se adeque às condições de vida desses adolescentes e jovens; 4) análise do nível de participação juvenil no processo de desenvolvimento; 5) recomendações relativas à gestão dos assuntos ligados a essa população.

Expectativas, problemas e aspirações dos jovens e adolescentes. São Tomé e Príncipe

17


3.1 Abordagem extensiva-quantitativa

18

A primeira estratégia, que ficou a cargo do

de dados teve uma duração de 15 dias e foi

consultor nacional, consistiu numa aborda-

assegurada por uma equipa de 16 inquiri-

gem extensiva-quantitativa que teve como

dores sob assistência de 4 supervisores; na

principal foco a realização de inquéritos aos

Região Autónoma do Príncipe (RAP) foram 3

adolescentes e jovens através de um ques-

dias de inquérito assegurado por uma equipa

tionário estandardizado.

de 3 inquiridores e 1 supervisor. Todos os in-

Tratando-se de um estudo de CAP, a uni-

tervenientes foram submetidos a uma ses-

dade inquirida foi o indivíduo, selecionado

são de capacitação, tal como detalhado no

de acordo com as contingências alusivas à

Anexo 3.

representatividade e o tamanho da amostra

A informatização de dados - através de um

foi suportado por 3 “variáveis-chave”: sexo,

módulo informático concebido em ACCESS

idade, local de residência dos inquiridos. Com

- foi progressiva e quotidiana, após codifi-

efeito, os discriminantes Meio de residência,

cação/controlo/validação dos questionários

Escolaridade, Profissão/ocupação, Família

provenientes do terreno, pela equipa de

(nível socioeconómico) foram abordados no

coordenação. A digitação completa dos da-

âmbito do estudo a título de “variáveis de

dos foi efetuada em três computadores por

controlo” particularmente pertinentes para a

3 digitadores dentre os quais um técnico in-

análise cruzada dos dados.

formático, responsável pela equipa.

O inquérito abrangeu todo o território

Foi efetuada uma formação aos inquiridores

nacional, logo, as 7 unidades territoriais da

e supervisores selecionados, com vista

divisão político-administrativa, a partir de

a capacitá-los na metodologia e técnicas

uma amostra representativa de 1805 adoles-

adequadas à abordagem das inquirições, de

centes e jovens, desagregados por sexo e

acordo com os conteúdos do questionário

três grupos etários (10-13 anos; 14-17 anos

e com os principais objetivos do inquérito.

e 18-24 anos) e residentes em 44 locali-

A sessão de formação teve lugar nas insta-

dades selecionadas (10% do total nacional)

lações da FONG, no sábado, dia 15 de ou-

(ver Anexo 1).

tubro de 2016, das 9:00 às 13:30, tal como

O inquérito foi suportado por um questionário

espelhado no Anexo 3.

estruturado (anexo: ficheiro Excel), desagre-

Realizou-se um inquérito piloto no dia 17 de

gado em 6 Módulos, contendo cada um 8

outubro, em três localidades do Distrito de

perguntas em média, na larga maioria, de

Água-Grande, junto a 35 inquiridos, com a

natureza fechada.

participação de 5 inquiridores e 1 supervisor.

No terreno (na ilha de São Tomé) a recolha

Os resultados obtidos não orientaram para

Expectativas, problemas e aspirações dos jovens e adolescentes. São Tomé e Príncipe


ajustamentos relevantes na versão inicial do

que os dados recolhidos fossem de quali-

Questionário.

dade almejada.

Na ilha de São Tomé, os 16 inquiridores tra-

A recolha dos dados teve lugar no período

balharam em dupla (2 indivíduos) nos arre-

compreendido entre 21 de outubro e 4 de

dores de uma mesma localidade sendo que

novembro em São Tomé e nos dias 11, 12

esta, em função do número de inquiridos,

e 13 de novembro na RAP. A recolha de da-

poderia constituir área de jurisdição de vári-

dos foi agrupada por distritos e realizada na

os pares de inquiridores. Por sua vez, cada

seguinte ordem e duração: Água-Grande -

supervisor tinha como atribuição inspecio-

6 dias; Mé-Zóchi - 4 dias; Caué-Cantagalo

nar, apoiar, corrigir e validar os questionários

- 2,5 dias; Lembá-Lobata - 2,5 dias; RAP -3

preenchidos diariamente por 2 inquiridores.

dias. A técnica de recolha de dados utilizada

A supervisão dos questionários e do inquéri-

foi a abordagem face a face que, no que res-

to também foi assegurada pela equipa de

peita aos inquiridos com menos de 18 anos,

coordenação que permitiu, entre outros, que

foi efetuada com o consentimento prévio da

os procedimentos e métodos recomendados

criança e, sobretudo, do seu encarregado de

para a recolha de dados fossem seguidos e

educação.

3.2 Abordagem intensiva-qualitativa A segunda estratégia, que ficou a cargo

− Diretor da Federação das Organizações

do consultor internacional, consistiu numa

Não Governamentais;

abordagem intensiva-qualitativa que serviu

− Responsável da juventude na Câmara

de aprofundamento à abordagem exten-

Distrital de Cantagalo;

siva-qualitativa.

− Assessor de Cooperação do Ministério da

Durante 22 dias de trabalho de campo (de

Educação;

2 a 12 de outubro, na primeira missão, e de

− Presidente da Associação Rumo ao Tra-

24 de novembro a 6 de dezembro) foram en-

balho de Cantagalo;

trevistadas as seguintes individualidades:

− Promotora do Projeto Wake Up Africa;

− Diretor do Instituto da Juventude;

− Presidente do Conselho Nacional da Ju-

− Diretora do Instituto da Droga e Toxide-

ventude;

pendência;

− Responsável da estrutura juvenil da ASPF;

− Presidente do Sindicato dos Motoqueiros

− Presidente da Associação Juvenil de Água

(Moto-táxi);

Grande;

Expectativas, problemas e aspirações dos jovens e adolescentes. São Tomé e Príncipe

19


− Diretora do Instituto para a Igualdade e

• 15 adolescentes e jovens da cidade de

Equidade de Género;

Neves, no Distrito de Lembá;

− Presidente da Associação dos Deficientes

• 18 adolescentes e jovens na Roça Porto

de São Tomé e Príncipe.

Alegre, no Distrito de Caué;

O agendamento das entrevistas foi feito pela

• 9 alunos do 12º ano da Escola Secundária

UNICEF e na RAP o trabalho de terreno

da cidade de Santo António;

teve acompanhamento de funcionários do

• 24 adolescentes e jovens na Roça Nova

Governo Regional. No total, foram feitas 13

Estrela, na RAP.

entrevistas formais a entidades nacionais e

Foram igualmente consideradas conversas

comunitárias, com alguma responsabilidade

informais, em formato de grupo focal, o diálo-

junto a adolescentes e jovens, assim como

go estabelecido com alunos em 2 turmas do

se conversou, de forma informal, sobre vários

11º ano (45 minutos por cada turma, num to-

setores da vida juvenil do país, com 69 pes-

tal de aproximadamente 120 alunos) no Li-

soas (ver em Anexos 4 e 5), dentre as quais

ceu Nacional, em Água Grande, e cerca de

jovens, responsáveis nacionais e distritais.

45 pessoas, entre jovens e adultos, na Roça

Convém salientar que, se nas entrevistas

Porto Real, na RAP.

formais se seguiu um guião previamente

De forma a melhor se ter uma visão global

construído (ver anexo 6), nas conversas in-

sobre os projetos, programas ou iniciativas

formais focou-se em determinados pontos

direcionadas aos adolescentes e jovens

considerados cruciais no entendimento da

são-tomenses bem como sobre a situação

situação dos jovens do país, conforme o in-

desta camada populacional, em determina-

terlocutor ouvido.

dos setores tratados no estudo, fez-se uma

As entrevistas e conversas informais foram

análise de 23 documentos, incluindo planos

completadas com 8 grupos focais que con-

setoriais e relatórios de estudos, existentes

taram com a participação de 124 pessoas,

desde 2005.

divididas da seguinte forma: • 13 alunos do 10º e 11º ano do Liceu Nacional; • 16 jovens moto-taxistas das praças do Parque Popular e da Igreja Conceição; • 13 adolescentes e jovens, representando os bairros de São Gabriel, Campo de Milho, Água Porca, Riboque, São João, Bairro do Aeroporto, Vila Maria, Água Arroz e Bairro Verde, no Distrito de Água Grande; 16 na Roça de Monte Café, no Distrito de Mé-Zóchi; 20

Expectativas, problemas e aspirações dos jovens e adolescentes. São Tomé e Príncipe


SEGUNDA PARTE Expectativas, problemas e aspirações dos jovens e adolescentes. São Tomé e Príncipe

21


Análise situacional sobre as condições e os estilos de vida dos adolescentes e jovens

Expectativas, problemas e aspirações dos jovens e adolescentes. São Tomé e Príncipe

22


SEGUNDA PARTE Análise situacional sobre as condições e os estilos de vida dos adolescentes e jovens

4.

Dados socio-demográficos da população infanto-juvenil são-tomense Segundo o INE (2014), do ponto de vista de-

com diferenças importantes entre os sexos

mográfico, em 2012 residiam em São Tomé

porque a idade média dos homens corre-

e Príncipe 187.356 pessoas, sendo 49,8%

sponde a 18,7 anos e a das mulheres a 19,2

homens e 51,1% mulheres. Esta população

anos.

encontrava-se distribuída geograficamente

A população de 0 a 17 anos corresponde a

de forma heterogénea pelo país, com os dis-

48% da população total e a população dos 14

tritos de Água Grande (38,9%) e Mé-Zóchi

a 35 anos corresponde a 38% da população

(25%) a albergar perto de 2/3 (63,9%) da

total. Se no que toca à distribuição espacial

população total. O distrito de Caué (3,4%) e

das crianças e adolescentes não há mui-

a (RAP) (4,1%) possuem menos população

ta diferença entre o meio urbano e o rural,

residente.

no que toca à população juvenil, podemos

Os dados apontam para uma população pre-

constatar que ela é superior no meio urbano

dominantemente urbana, uma vez que, ao

(68%), o que mostra que, conforme se vai

nível nacional, 67% da população reside no

atingindo a idade legalmente considerada

meio urbano, com exceção dos distritos de

maior, as pessoas tendem a deslocar-se para

Mé-Zóchi, Lobata e RAP, onde existe maior

o meio urbano, tendo em conta que o distri-

concentração de população a residir no meio

to de Água Grande cresceu, em termos de

rural. A explicação para este fenómeno pren-

densidade populacional, 1,33 vezes de 2001

de-se com o facto de grande parte das an-

a 2012. Aliás, a cidade de São Tomé, capital

tigas roças estarem concentradas nesses

do país, e a cidade de Trindade, no distrito

distritos e as suas sedes continuarem, ain-

de Mé-Zóchi, são as localidades onde se en-

da hoje, quase que intactas, com estruturas

contra a residir a maior parte da população

mais bem organizadas do que nos restantes

juvenil do país.

distritos.

Os dados gerais da população apontam para

Do ponto de vista da estrutura etária da

a existência de uma taxa de dependência

população, ela é relativamente jovem, vis-

global de 63%, o quer dizer que, por cada

to que o efetivo com menos de 20 anos

10 pessoas em idade ativa, existem 6,3 pes-

corresponde a 52,1% da população to-

soas dependentes, sendo 5,8% jovens e

tal. A idade média do país é de 18,9 anos,

0,5% idosos. É de salientar que a população

Expectativas, problemas e aspirações dos jovens e adolescentes. São Tomé e Príncipe

23


com deficiência também se enquadra nes-

e Água Grande (cerca de 4%). Nos restantes

ta categoria, uma vez que a maior parte da

distritos, as taxas são mais baixas do que ao

população ativa de 15 anos ou mais com

nível nacional, sendo 3,1% em Caué e quase

deficiência se encontra inativa (58,8%) e, dos

3% em Lembá, Mé-Zóchi e RAP.

que estão em idade ativa, apenas 31% está

Em relação ao tipo de deficiência, os maiores

empregada. Cerca de 39% da população

valores encontram-se na deficiência mental

com deficiência encontra-se em agrega-

(1,5%), seguida da deficiência visual (1,2%),

dos familiares constituídos por seis ou mais

motora (1%) e auditiva (0,5%). Cerca de

pessoas. Existem, igualmente, 12% dessas

31,3% dessa população nunca frequentou

pessoas a viver sozinhas, das quais 8% tem qualquer tipo de estabelecimento escolar, idade compreendida entre 10 e 29 anos.

20% frequentava algum no ano do inquérito

Ao todo existem no país 6.274 pessoas com

e 48,9% no ano anterior.

deficiência, o que corresponde a 3,5% da

Cerca de 37,2% dessa população é anal-

população total dos quais 3,2% são homens

fabeta, sendo o distrito de Caué aquele em

e 4% mulheres. A taxa de incidência é ligei-

que a taxa de analfabetismo é mais eleva-

ramente mais elevada no meio urbano (3,8%

da (57,5%), seguido de Lembá (47,6%) e

contra 3% no rural) e, ao nível dos distritos,

Cantagalo (44,1%). A taxa mais baixa de

Lobata (5,3%) é onde se encontram os va-

analfabetismo regista-se no distrito de Água

lores mais altos, seguido de Cantagalo (4,1%)

Grande (30,4%).

Com quem mora

Inquiridos

Percentagem

Sexo do chefe de família

Inquiridos

Percentagem

Aus. Resposta

4

0,2%

Aus. Resposta

4

0,2%

PAIS

551

30,5%

Homem

1060

58,7%

Mãe

477

26,4%

Mulher

741

41,1%

Pai

174

9,6%

Total

1805

100,0%

Familiar

305

16,9%

Sózinho

88

4,9%

Inquiridos

Percentagem

Parceiro

192

10,6%

Idade com que teve o 1º filho

Outra

14

0,8%

Aus. Resposta

600

33,2%

10-13 anos

2

0,1%

Total

1805

100,0%

14-17 anos

65

3,6%

18-24 anos

119

6,6%

Não lhe concerne

1019

56,5%

Total

1805

100,0%

Vive com parceiro (idade)

Inquiridos

Percentagem

Aus. Resposta

5

2,6%

0-13 anos

3

1,6%

14-17 anos

82

42,7%

18-24 anos

102

53,1%

Total

192

100,0%

Diagrama 1 Principais características do grupo doméstico da população-alvo

24

Expectativas, problemas e aspirações dos jovens e adolescentes. São Tomé e Príncipe


Os inquiridos neste estudo, na sua maioria

anos (102 jovens) ao passo que ela começou

relativa (57%), declararam viver com os pais

entre os 14 e os 17 anos para 82 jovens. No

(30,5%) ou com a mãe (26,4%). Para os 192

universo da amostra, a maioria (6,6%) teve o

jovens que vivem com o parceiro(a), a vida

seu primeiro filho entre os 18 e os 24 anos e

marital começou, sobretudo, entre os 18 e 24

3,6% o teve entre os 14 e os 17 anos. Rendimento familiar em 1000 Dbs

Inquiridos

Percentagem

Aus. Resposta

888

49,2%

<=1.100

373

20,7%

1. 100 - 2. 500

304

16,8%

2. 500 - 5. 000

162

9,0%

>= 5. 000

78

4,3%

Total

1805

100,0%

1,3%

O que mais falta faz à famíla

Inquiridos

Percentagem

373

20,7%

Total

Aus. Resposta

127

7,0%

1805

100,0%

Energia

222

12,3%

Nível de instrução do chefe de família

Água potável

447

24,8%

Inquiridos

Percentagem

116

6,4%

Aus. Resposta

560

31,0%

Alimentação + Refeição

Não freq. Escola

47

2,6%

Melhor Emprego

479

26,5%

Primário

342

18,9%

88

4,9%

Secund 1 (5ª-8ª)

473

26,2%

Melhor acesso Saúde

185

10,2%

Secund 2 (9ª-12ª)

352

19,5%

Transporte + deslocação

Curso Professional

8

0,4%

Outros

141

7,8%

Total

1805

100,0%

Universitário

23

1,3%

Total

1805

100,0%

Profissâo do chefe de famíla

Inquiridos

Percentagem

Aus. Resposta

71

3,9%

Pequenos negócios

248

13,7%

Empresário

45

2,5%

Artesão + Pequenos Serviços

331

18,3%

Agricultura + Pesca

215

11,9%

Trab. Empresas

277

15,3%

Funcionário Estado

221

12,2%

Executivo / Consultor

24

8: Outros

Diagrama 2 Perfil socioeconómico da família dos inquiridos

Os chefes de família têm um nível de instrução

como artesão/pequenos serviços (18,3%);

que varia sobretudo entre a 5ª e a 8ª classe

pequenos negócios (13,7%) ou, ainda, tra-

(26,2%) e o ensino primário (18,9%), sendo

balhador de empresas (15,3%). Estes dados

que quase metade (47,4%) exerce profissões

apontam para a situação socioeconómica

Expectativas, problemas e aspirações dos jovens e adolescentes. São Tomé e Príncipe

25


precária das famílias, visto que a maioria

(53,2%) trabalha fora de casa e tem rendi-

(20,7%) usufrui dum rendimento mensal ig-

mento inferior a 1 milhão de dobras; 20,6%

ual ou inferior a 1 milhão de dobras, contra

entre 1 milhão e 2,500 milhões e 5,3% entre

apenas 4,3% que tem um rendimento men-

2,500 e 5 milhões. Apenas 2,3% dos inquiri-

sal superior ou igual a 5 milhões de dobras.

dos tem rendimento superior a 5 milhões.

Em relação ao salário dos adolescentes e jovens, os dados revelam que mais de metade Rendimento familiar em 1000 Dbs

ÁguaGrande

Cantagalo Caué

Lembá

Lobata

Mé-Zóchi

RAP

Aus. Resposta

366

110

18

76

82

231

5

<=1.100

136

27

15

28

42

115

10

1. 100 - 2. 500

95

26

18

22

39

66

38

2. 500 - 5. 000

66

7

8

18

22

30

11

>= 5. 000

33

5

3

5

9

16

7

Total

696

175

62

149

194

458

71

O que mais falta faz à famíla

ÁguaGrande

Cantagalo Caué

Lembá

Lobata

Mé-Zóchi

RAP

Aus. Resposta

75

7

4

4

10

21

6

Energia

79

18

14

21

16

65

9

Água potável

125

56

9

45

63

142

7

Alimentação + Refeição

40

12

2

17

11

28

6

Melhor Emprego

205

47

21

41

55

109

1

Melhor acesso Saúde

46

7

1

4

7

22

1

Transporte + deslocação

83

17

8

12

23

40

2

Outros

43

11

3

5

9

31

39

Total

696

175

62

149

194

458

71

Diagrama 3 Repartição das respostas consoante distritos de residência

Em termos do cruzamento das variáveis rendimento familiar, privações e distritos de residência, verificamos que é no distrito de Caué que as famílias têm maiores carências. 5ª - 8ª classe

51,3%

9ª - 12ª classe

36,2% Não escolarizados

Primário

Curso Profissional

0,8%

9,8%

0,3%

Gráfico 1 Inquiridos por níveis de escolaridade 26

Expectativas, problemas e aspirações dos jovens e adolescentes. São Tomé e Príncipe

Universitário

1,7%


O Gráfico 1 revela que a percentagem de in-

e segunda posição (24,3% e 10% respeti-

queridos não escolarizados é insignificante,

vamente) na lista do que mais falta faz aos

o que indica que, a nível da taxa de escolari-

adolescentes e jovens. A família (8,1%) vem

dade básica e secundária, São Tomé e Prín-

em terceira posição, precedendo os bens co-

cipe conseguiu atingir os seus objetivos: ape-

muns e a habitação (6%) e o transporte (3%).

nas 0,8% da população-alvo não se encontra

Em termos de pertença a organizações ou

escolarizada. A maioria (51,3%) encontra-se

grupos socioculturais, cerca de 80% dos in-

associada ao nível de ensino secundário,

quiridos declararam não pertencer a qualquer

que vai de 5ª à 8ª classe. É também no ensi-

tipo de organização ou grupo. Dos que

no secundário (entre a 9ª e a 12ª classe) que

responderam de forma afirmativa (17,6%),

se concentra a outra parte representativa da

27,1% evocaram grupos culturais, 16,1%

amostra (36,2%), perfazendo assim 87%, o

grupos desportivos, 10,7% grupos de cariz

que corresponde a 1578 inquiridos.

social, 9,2% organizações da sociedade civil

O emprego e a formação surgem na primeira

e 4,4% organizações comunitárias.

Homem tocando acordeão

Expectativas, problemas e aspirações dos jovens e adolescentes. São Tomé e Príncipe

27


5.

SEGUNDA PARTE Análise situacional sobre as condições e os estilos de vida dos adolescentes e jovens

Educação, formação e emprego

Como evidenciado anteriormente, em São

este tem de suportar para a formação supe-

Tomé e Príncipe a taxa de escolarização no

rior feita essencialmente no estrangeiro, es-

nível básico e secundário é bastante eleva-

timados na ordem de 44,55% das despesas

da. Contudo, tal não se reflete no acesso ao

do Ministério da Educação (MECF, 2012).

mercado de trabalho nem no prosseguimen-

O ensino superior em São Tomé e Príncipe

to dos estudos numa instituição de ensino

é caro e seletivo traduzindo-se, para o alu-

superior ou formação profissional.

no, na frustração de ter de parar os estudos

No que respeita às questões relacionadas

não só devido devido à deficiente situação

com a desigualdade de género, tanto ao

financeira das famílias (Ver diagrama 3) mas

nível do ensino básico como do secundário

também devido aos problemas da oferta for-

e universitário, não existem diferenças

mativa das 3 instituições de ensino superior

significativas. Verifica-se apenas, no que se

(1 pública e 2 privadas) a operar no país, to-

refere à população não escolarizada, que

das com limitações no que toca à oferta de

as raparigas apresentam um efetivo ligeira-

cursos existentes.

mente superior ao dos rapazes: 10 contra 4,

As entrevistas, as conversas informais e as

o que em termos percentuais corresponde a

discussões em grupo indicam que, anual-

valores insignificantes: 1,1% para raparigas

mente, sai da 12ª classe um número con-

e 0,4% para rapazes.

siderável de potenciais candidatos a uma

Os dados estatísticos indicam que, embora

formação superior mas que, pelas razões já

exista uma alta taxa de escolarização, so-

apontadas, não conseguem prosseguir os

bretudo na faixa etária dos 14 a 17 anos,

estudos.

essa taxa é inferior na faixa etária dos 18 a

Nalgumas situações, a frustração advém de

24 anos. Este indicador, quando confronta-

ter de escolher cursos de que não gostam de

do com as informações qualitativas, sugere

antemão ou para os quais não têm vocação.

que, até 2012, ano em que se elaborou a

A inexistência dum gabinete de orientação

Carta Educativa, a planificação do setor não

vocacional tem também contribuído para o

conseguiu prever os possíveis bloqueios que

aumento da frustração entre os alunos, na

esta alta taxa de escolarização no ensino

medida em que, na maioria das vezes, aca-

básico e secundário poderiam trazer em ter-

bam por escolher uma área de estudo por

mos de acesso ao ensino superior.

modismo de certos cursos ou , simples-

As consequências desta situação para o Es-

mente, por influência dos amigos.

tado têm a ver com os elevados custos que

28

Expectativas, problemas e aspirações dos jovens e adolescentes. São Tomé e Príncipe


Distrito

Total

5ª-8ª classe

9ª-12ª classe

RAP

90,1%

54,9%

35,2%

Lobata

89,7%

50,0%

39,7%

Água-Grande

88,4%

48,9%

39,5%

Lembá

86,6%

56,4%

30,2%

Mé-Zóchi

86,5%

48,9%

39,5%

Cantagalo

85,7%

60,6%

25,1%

Caué

80,7%

56,5%

24,2%

Tabela 1 Escolaridade secundário por distrito

Em termos do cruzamento da taxa de esco-

dades de acesso à 12ª classe, uma vez que

larização e distrito de residência, verifica-se

os transportes escolares apenas se deslocam

que a RAP (90,1%), Lobata (89,7%) e Água

até essa cidade. Afirmam que a solução pas-

Grande (88,4%) são os distritos onde essa

sa por irem estudar em Água Grande, mas

taxa é superior, enquanto em Caué (80,7%)

sem a garantia de prosesseguir os estudos,

ela é menor.

pois a maioria dos seus familiares não pos-

Nos distritos onde não existe a 12ª classe

suem capacidade financeira para lhes cus-

(Lembá, Caué, Cantagalo e Lobata), caso

tear as deslocações diárias, como pode ser

queiram continuar os estudos secundários,

comprovado pelo Diagrama 3.

terão de se deslocar às escolas dos distritos

No caso da RAP esta questão apenas se co-

de Água Grande ou Mé-Zóchi. Constatou-se

loca em relação ao acesso ao ensino superi-

que alguns alunos do distrito de Lembá se

or: para a situação económica dos familiares

deslocam ao distrito de Lobata para es-

ali residentes, é muito elevado o custo para

tudarem a 11ª classe, embora haja casos de

manter um aluno a estudar na cidade de São

alunos que se deslocam a distâncias maiores

Tomé ou no estrangeiro.

para estudarem nos dois maiores centros ur-

Notamos desencontros discursivos entre o

banos do país. Visto que o Liceu de Lobata

representante do Governo e elementos da

ainda acolhe alunos até à11ª classe, estando

população com que fomos conversando e

um liceu maior a ser construído nesse distrito,

discutindo as questões pertinentes do estu-

uma vez terminada a obra, receberá alunos

do no que respeita ao pagamento das bolsas

até à 12ª classe, o que irá facilitar, de forma

de estudo dos alunos a estudar quer em Por-

significativa, os alunos residentes em Lembá.

tugal quer em São Tomé. Enquanto o repre-

Dos alunos de Caué com os quais conversa-

sentante do Governo regional afirma que tem

mos, os que residem em localidades fora da

pago a totalidade das bolsas desses alunos,

cidade de São João dos Angolares, capital

os mesmos afirmam que o que o Governo tem

do distrito, queixam-se da falta de oportuni-

feito nessa matéria é pagar apenas uma parte

Expectativas, problemas e aspirações dos jovens e adolescentes. São Tomé e Príncipe

29


das bolsas, cabendo às respetivas famílias a

A questão da escolaridade (ou da falta dela)

responsabilidade de custear o restante.

torna-se ainda mais complicada quando se

Se, por um lado, podemos considerar jus-

trata dos adolescentes e jovens com defi-

ta esta prática, por outro, se se tiver em

ciência, uma vez que as escolas não levam

conta o fraco rendimento de uma boa par-

em consideração estas questões, o que

te da população da ilha, que mal consegue

pode ser verificado pela falta de condições

assumir os custos da totalidade das propinas

de acessibilidade e pela inexistência de ma-

mais os custos da deslocação, então os mais

teriais pedagógicos adaptados a essas pes-

pobres poderão ver automaticamente veda-

soas.

do o acesso a uma formação superior. Como

No caso do ensino pré-escolar, segundo os

alternativa, existe a formação profissional

entrevistados, são as próprias escolas que

que, segundo os representantes do Governo,

bloqueiam a matrícula das crianças com defi-

tem sido cada vez mais procurada pelos jo-

ciência, argumentando que não sabem lidar

vens, mas as pessoas com quem conversa-

com a situação.

mos mostram-se insatisfeitas com algumas

Como indicado anteriormente, do que a

ofertas de formação profissional, sobretudo

população inquirida sente mais falta é o em-

na ilha de São Tomé. Dizem que a falta de

prego e a formação, sobretudo no seio dos

materiais e laboratórios dificultam a apren-

rapazes. As raparigas dizem sentir mais falta

dizagem do saber-fazer, pois a maioria dos

de uma família, bens comuns e habitação,

cursos fica meramente no âmbito teórico.

conforme o gráfico seguinte:

Masculino

Média

Feminino

40 35 30 25

Gráfico 2 Necessidades/privações

20

consoante o sexo

15 10 5 0

30

Emprego

Formação

Família

Bens de 1ª Transporte +habitação

Expectativas, problemas e aspirações dos jovens e adolescentes. São Tomé e Príncipe

Outras


A falta de emprego é substancial (63,8%) na

campo político”. Para esse entrevistado, “o

faixa etária dos 18 a 24 anos. Estes dados

que se tem verificado no país é uma substi-

corroboram os dados do INE (2014), que

tuição familiar de gerações, tanto no campo

indicam que os jovens são os mais afeta-

político como no campo profissional”. Esta

dos pelo desemprego, uma vez que 69% da

visão foi compartilhada por uma boa parte

população desempregada do país está con-

dos entrevistados e grupos focais.

centrada na faixa etária dos 15 a 34 anos.

Num contexto de segregação das oportuni-

Destes, são os jovens pertencentes à faixa

dades, como indicado pelos dados, evocar

etária dos 15 a 24 anos os mais afetados

a afirmação de Pais (2005), segundo a qual

(32,7%).

encontrar trabalho é uma lotaria, faz todo o

Os dados do INE indicam que a taxa de de-

sentido, ainda mais quando se é jovem, o

semprego diminui à medida que aumenta a

mercado de trabalho apresenta característi-

idade, sendo maior no escalão das pessoas

cas de lotado, isto é, “encontra-se retalhado

com idade igual ou superior a 65 anos, o que

em lotes, sujeito a uma crescente segmen-

transforma o problema do desemprego em

tação” (Pais, 2005: 19).

São Tomé e Príncipe num conflito geracional,

Os dados do INE (2014) revelam igualmente

uma vez que, nas palavras dum entrevista-

um desequilíbrio em relação ao género, uma

do, “um dos grandes problemas do país foi

vez que a taxa de mulheres desempregadas

não se ter efetuado, em nenhum momento,

é 2 vezes superior à dos homens.

uma substituição da geração, sobretudo no O que sente que mais falta lhe faz

Emprego

Formação Família

Bens / Transporte Outras habitação

Total

Água-Grande

32,9%

14,8%

10,2%

8,4%

4,6%

29,1%

100%

Cantagalo

36,1%

18,4%

10,2%

9,5%

4,1%

21,8%

Caué

25,0%

30,0%

20,0%

2,5%

5,0%

17,5%

Lembá

33,1%

12,4%

11,6%

9,1%

0,8%

33,1%

Lobata

37,3%

11,3%

14,7%

7,3%

4,0%

25,3%

Mé-Zóchi

35,1%

10,9%

9,5%

6,0%

2,9%

35,6%

RAP

13,4%

7,5%

11,9%

17,9%

11,9%

37,3%

Tabela 2 Necessidades/privações por distrito de residência

Ao nível dos distritos de residência, as

O estudo revela que há um reconhecimento

diferenças registadas em relação ao que

implícito de muitos jovens de que é preciso ter

mais se sente falta são, de um modo geral,

sorte para se conseguir um trabalho em São

pouco expressivas, salvo para a RAP e para

Tomé e Príncipe, o que faz com que a vida

o distrito de Caué, cada um com as suas par-

de ‘’desenrascanço’’ seja a alternativa encon-

ticularidades, como indica a Tabela 2.

trada por uma boa parte dos jovens, mesmo Expectativas, problemas e aspirações dos jovens e adolescentes. São Tomé e Príncipe

31


32

com uma formação superior, nalguns casos.

estudos secundários depois de terem ficado

As informações qualitativas indicam que o

grávidas.

fenómeno da segregação das oportunidades

O moto-táxi tem sido o maior escape ao

em São Tomé e Príncipe está intimamente

desemprego dos jovens são-tomenses e

ligado à lógica político-partidária em que, a

esta atividade vem ganhando cada vez

partir do momento em que um jovem é asso-

mais espaço em todos os distritos do país,

ciado a uma determinada força partidária, ele

afigurando-se como alternativa principal aos

vê a sua sorte limitada na bolsa das oportuni-

transportes públicos, num contexto em que

dades laborais caso se trate dum partido da

estes não existem. Entre os jovens, sobretu-

oposição. Esta prática, que não é exclusiva

do entre os que possuem baixa escolaridade

deste país, tem como consequência a repro-

e não conseguem ingressar noutros setores

dução de uma cultura de clientelismo e, por

de trabalho esta atividade é bem reconhe-

conseguinte, de mediocridade, em detrimen-

cida até porque, para se ser moto-taxis-

to de uma cultura de mérito que é necessária

ta, é necessário apenas saber dirigir uma

para que a AdT seja realmente executada.

motorizada, mesmo não possuindo carta de

Para os jovens que se encontram fora des-

condução.

ta lógica, a solução de emprego passa pelo

Estima-se que existem em todo o país mais

mercado informal. A maioria deles, essencial-

de dois mil moto-taxistas, divididos em várias

mente do sexo masculino, busca na atividade

“praças”, em todos os distritos de São Tomé

de moto-táxi a forma de se “desenrascarem”.

e Príncipe. Ao contrário do que se pode pen-

Além disso, uns lavam viaturas em pontos

sar, a maioria desses moto-taxistas não pos-

específicos das cidades do país - existem

sui motorizada própria e trabalham, portanto,

quatro pontos fixos de lavagem informal de

por conta de outrem.

viaturas na cidade de São Tomé; outros de-

Sendo certo que a maioria deles não possui

ambulam pelas ruas a vender medicamentos,

carta de condução, o que explica comporta-

artesanato, produtos alimentícios, enquanto

mentos de risco nas estradas por parte dos

outros se dedicam ao câmbio de moedas ou

mesmos, considerar a sua existência como

à venda de recargas para telemóveis, ativ-

algo negativo parece-nos exagerado. Estu-

idade que, não sendo exclusivamente prat-

dos noutras paragens (Horta & Calvo, 2014)

icada por raparigas, patenteia, pelas ruas

indicam que, embora perdurando na vida de

da cidade de São Tomé, inúmeras raparigas

muitos jovens, este tipo de ocupação surge

que o fazem, acompanhadas de crianças

como uma alternativa provisória, como fon-

que, segundo informações do terreno, são,

te de rendimento das respetivas famílias em

na sua grande maioria, jovens que aban-

contextos de alta taxa de desemprego.

donaram ou foram obrigadas a abandonar os

Observações

Expectativas, problemas e aspirações dos jovens e adolescentes. São Tomé e Príncipe

no

terreno

e

conversas


informais indicam que os moto-taxistas têm

35,1% entre os 18 e 24 anos e 20,0% en-

facilitado a mobilidade urbana e distrital em

tre os 10 e 13 anos o que, de certa forma,

São Tomé e Príncipe e, por conseguinte,

confirma a existência de trabalho infantil no

acreditamos que seria necessário reconhecer

país (UNICEF, 2015, 2007; OIT, 2014; MTSF/

e enaltecer a função social, regional e urba-

UNICEF, 2010).

na dos mesmos, o que passará, quiçá, pela

Sendo o peso da segregação das oportuni-

formalização desta profissão.

dades na bolsa do emprego acima referida

Os dados revelam que a maioria dos ado-

uma realidade, convém salientar que o aban-

lescentes e jovens que trabalham iniciaram

dono escolar é também um importante fator

a vida laboral prematuramente, visto que

explicativo da dificuldade em se conseguir

39% começaram entre os 14 e 17 anos,

determinados empregos.

Ainda é aluno/estuda?

Inquiridos

Percentagem

Aus. Resposta

36

2,0%

Sim

1250

69,3%

Gravidez

66

3,7%

Condições financeiras

237

13,1%

Escola distante

20

1,1%

Concluiu Estudos

23

1,3%

Outras

173

9,6%

Total Geral

1805

100,0%

Deixou de estudar

Tabela 3 Frequência escolar e principais razões do abandono escolar

Em São Tomé e Príncipe, mais de 2 terços

A distância casa-escola foi citada apenas por

(69,3%) da população inquirida ainda estu-

1,1% dos inquiridos, como pode ser visto na

da, como já foi referido mas, todavia, há os

Tabela 3.

que tiveram de abandonar os estudos e, den-

A RAP (6%) e o distrito de Água Grande (9%)

tre eles, 13,1% evocaram condições finan-

são os locais onde menos se abandona a es-

ceiras. De salientar que esta percentagem é

cola por motivos financeiros enquanto Caué

quase 4 vezes superior ao abandono escolar

(27%) e Mé-Zóchi (24%) são os distritos onde

motivado pela gravidez, que surge na segun-

a aspiração de terminar o ensino secundário

da posição, agregando 3,7% dos inquiridos.

é maior.

Expectativas, problemas e aspirações dos jovens e adolescentes. São Tomé e Príncipe

33


10-13 anos 106

14-17 anos 235 21%

Ausência de resposta 43

45%

8% 26%

18-24 anos 135

Gráfico 3 Idade/faixa etária que deixam a escola

Por outro lado, o Gráfico 3 revela que 45%

manifestam, sobretudo, o desejo de realizar

dos adolescentes e jovens que declararam

um curso superior: 18,2% a licenciatura;

ter abandonado a escola fizeram-no quando

17% o doutoramento; 9,9% o mestrado. Uma

tinham idade compreendida entre os 14 e 17

análise desagregada por itens revela que

anos.

os inquiridos preferem cursos profissionais

Em relação às aspirações dos adolescentes

(30%), ou terminar o ensino secundário

e jovens, verifica-se que os inquiridos

(20,6%).

40 35 30

Curso profissional

30,3% Terminar secundário

25

20,6%

20

Licenciatura

18,2%

Doutoramento

17,0%

15

Mestrado

9,9%

10 5

Gráfico 4 Nível máximo de escolaridade pretendido

0

50% Executivo 7 Consultor 40%

30%

20%

10%

Trabalhador de Empresa Pequenos negócios

0,0% Funcionário de Estado

34

Artesão + Pequenos Serviços

Agricultura + Pesca

Empresário

Expectativas, problemas e aspirações dos jovens e adolescentes. São Tomé e Príncipe

Outros

Tabela 4 Profissão que o adolescente/ jovem aspira exercer


Se, por um lado, muitos jovens mostram

como garantia dalguma estabilidade laboral,

preferência em relação a cursos profissionais,

num país onde o emprego escasseia.

o que vai de encontro ao objetivo da AdT, em

As informações da pesquisa qualitativa são

termos de aspirações profissionais (Tabela

confirmadas pelos dados estatísticos da

4), a preferência vai para o curso de Direito.

pesquisa quantitativa, na medida em que

Como ficou patente nas conversas e dis-

42,4% dos inquiridos têm a ambição de vir

cussões em grupos focais, com adolescentes

a trabalhar num cargo executivo/consultor

e jovens, essa formação representa um veí-

ou como funcionário do Estado (315). Profis-

culo de acesso a um cargo de poder e rendi-

sões como trabalhador numa empresa ou

mentos elevados - notou-se que a ambição

outras similares não são apetecíveis para os

da maioria dos jovens com quem falamos é

adolescentes e jovens inquiridos.

vir, de futuro, a trabalhar na política ou ter um cargo na função pública, sendo esta vista Rendimentos que aspira

Inquiridos

Percentagem

Aus. Resposta

194

10,7%

< 5 Milhões

614

34,0%

5 M - 10 Milhões

485

26,9%

10 M - 20 Milhões

301

16,7%

>= 20 Milhões

211

11,7%

Total Geral

1805

100,0%

Tabela 5 Rendimento mensal individual pretendido

Em termos de rendimento mensal que aspira

qual usufrua um rendimento mensal igual

usufruir, a preferência está ilustrada na Tabe-

ou superior a 5 milhões de dobras, com as

la 5 que indica que apenas cerca de 34% dos

seguintes particularidades: 26,9% aspira ter

inquiridos aspira ter um rendimento mensal

um rendimento entre 5 e 10 milhões; 16,7%

inferior a 5 milhões de dobras sendo que a

entre 10 e 20 milhões e 11,7% mais de 20

maioria aspira conseguir uma profissão na

milhões.

Pergunta

Profissão que deseja/aspira exercer

Redimento mensal que aspira usufruir no exercício da profissão

< 5 Milhões >= 20 Milhões

Rendimento pessoal mensal

Com que idade começou a trabalhar

Sim

≤1.100 ]1.100[2500

14-17 anos

Exerce habitualmente alguma actividade for a de casa

Resposta

Funcionário de Estado

Masculino

22%

30%

15%

34%

17%

8%

15%

Feminino

39%

38%

9%

14%

9%

2%

4%

Tabela 6 Repartição das respostas em função do sexo

Expectativas, problemas e aspirações dos jovens e adolescentes. São Tomé e Príncipe

35


Como indica Tabela 6, as raparigas (39%)

melhor no país”.

são as que mais aspiram trabalhar na função

A relação aspiração profissional e distrito

pública, mas são os rapazes (38%) que aspi-

residente põe em evidência que é no distri-

ram ter um rendimento mais elevado, superi-

to de Caué (55%) e na RAP (49%) que os

or ou igual a 20 milhões de dobras.

adolescentes e jovens mais desejam ser fun-

Saliente-se que estes dados mostram que,

cionários do Estado, enquanto Lobata (48%),

para além da reprodução de aspirações

Água Grande (46%) e Mé-Zóchi (42%) são

relacionadas com o género, por questões

os distritos onde ser executivo/consultor as-

que têm a ver com a desigualdade das opor-

sume maior relevância.

tunidades de género, as raparigas tendem a

A explicação destes dados, a nosso ver,

contentar-se, de forma quase natural, com

prende-se com a questão da distância espa-

salários mais baixos do que os rapazes, con-

cial em relação ao poder central - nos locais

firmado, simultaneamente o conflito geracio-

mais próximos da capital, residência oficial do

nal apontado anteriormente, pois os rapazes

poder central, deseja-se ter um cargo político

almejam salários equiparados aos dos mais

ou de influência política, ao passo que nos

velhos e com cargos executivos. Como foi

locais mais distantes da capital, nos distritos

salientado nas discussões de grupo, com es-

em que o mercado laboral é praticamente

pecial destaque para a realizada no Parque

inexistente ou quase exclusivamente estatal,

Popular, ‘’em São Tomé e Príncipe quando

o desejo prende-se com ser funcionário do

se observa a dinâmica socioprofissional e

Estado o que, como já referido, constitui uma

política, percebe-se que são os políticos e os

garantia de estabilidade profissional.

grupos que os rodeiam quem se têm safado

Casal de trabalhadores

36

Expectativas, problemas e aspirações dos jovens e adolescentes. São Tomé e Príncipe


SEGUNDA PARTE Análise situacional sobre as condições e os estilos de vida dos adolescentes e jovens

6.

Saúde sexual e reprodutiva A Política Nacional de Saúde de São Tomé

sanitária com departamentos específicos

e Príncipe (MSAS, 2012a) coloca grande

de prestação de serviços de SSR para este

ênfase na SSR, apresentando-a como um

segmento populacional.

instrumento que visa contribuir para o desen-

Sendo assim, para além das estruturas da

volvimento nacional, com plena participação

saúde viradas para adolescentes e jovens,

da mulher, em igualdade no processo de

tendo em conta a alta taxa de escolarização

tomada de decisões e no engajamento dos

no país, a escola deve ser percebida como

homens na partilha das responsabilidades

uma das janelas de oportunidade de maior

sobre todos os aspetos relativos à família, à

pertinência para as ações no âmbito da SSR.

conduta sexual e reprodutiva e à prática de

O estudo do IJ (2014a, 2014b) revela as fa-

planeamento familiar.

cilidades de acesso aos serviços de SSR

De igual modo, visa contribuir para a

em São Tomé e Príncipe, o que traduz uma

eliminação de todas as formas e efeitos da vi-

certa mudança em termos de práticas de in-

olência contra as mulheres, crianças, jovens

tervenção, para atrair os adolescentes e jo-

e homens adultos, tendo em conta os efeitos

vens para esses serviços pois o estudo de

nefastos da mesma sobre o bem-estar físico

avaliação das estruturas de SSR, elaborado

e mental das vítimas.

há 6 anos (INPG, 2010), tinha evidenciado

O documento considera, igualmente, que

algumas lacunas na política da promoção

a evolução dos hábitos sexuais dos adoles-

da SSR o que, de certa forma, explica o

centes veio aumentar os riscos da gravidez

desconhecimento de questões relacionadas

indesejada e a prevalência das IST, o que

com o tema apontado no estudo do IJ.

implica a necessidade de melhoria da oferta

Contudo, embora se reconheça a existência

dos serviços do setor da saúde, em estreita

de CEA nas escolas secundárias, o estudo

coordenação com os setores da educação,

do IJ indica que, na maior parte deles, com

trabalho, cultura, desporto e religião.

exceção do distrito de Mé-Zóchi, não havia

Para além disso, salienta que se deve ter

condições aceitáveis para o aconselhamen-

em atenção a proteção e a promoção dos

to, pondo em evidência deficiências ao nível

direitos dos adolescentes em matéria de

de materiais didáticos e audiovisuais que, de

informação e serviços de SSR, o que ex-

certa forma, acabavam por afastar os ado-

plica a existência, no país, duma cobertura

lescentes e jovens dos serviços.

de 97,4% de serviços de SSR para jovens,

Igualmente apontou lacunas na capacidade

mesmo existindo apenas uma estrutura

estrutural dos CS pois, com exceção do CS Expectativas, problemas e aspirações dos jovens e adolescentes. São Tomé e Príncipe

37


do distrito de Água Grande, os outros não

mente, não existe qualquer tipo de gabinete

estavam preparados para acolher adoles-

de orientação da SSR em qualquer escola,

centes, sobretudo do sexo feminino uma vez

constatando-se que os veículos de divul-

que estes normalmente partilham o mesmo

gação dos assuntos relacionados com a SSR

espaço de espera com a população adulta, o

têm sido, nos últimos anos, os meios formais

que gera algum desconforto.

de comunicação (rádio e televisão), a inter-

Estes

constrangimentos

são

apontados

net e o boca-a-boca, no seio dos grupos de

como responsáveis pelo afastamento das

pares, não existindo, em caso de dúvidas,

raparigas desses serviços como se confir-

qualquer estrutura vocacionada para o efeito.

ma nas discussões de grupos e entrevistas

Apesar de alguns adolescentes dizerem ter

e conversas informais com adolescentes e

algum tipo de conversa a respeito da SSR

jovens.

em casa, a maioria não o tem e considera

Embora o documento sinalize e existência

que uma das causas da existência da gravi-

de CEA nas escolas secundárias, o trabalho

dez entre as raparigas prende-se com a falta

de pesquisa qualitativo revela que, atual-

deste tipo de diálogo, em casa ou na escola.

Sexualidade na Escola

Inquiridos

Percentagem

Ensino Primário

303

16,8%

5ª Classe

584

32,4%

7ª Classe

417

23,1%

9ª Classe

359

19,9%

Nunca

41

2,3%

Ausência de Resposta

101

5,6%

Total

1805

100%

Tabela 7 Sexualidade nas escolas

38

No entender dos adolescentes e jovens in-

acham que não se deve abordar este tipo de

quiridos, a escola é o lugar onde este tipo de

assunto nas escolas, havendo alguns jovens

assunto deve ser abordado e, para a maioria,

ativistas associativos, com os quais conver-

a questão da sexualidade deve ser aborda-

samos, que acham que o facto de haver pre-

da entre a 5ª classe (32,4%) e a 7ª classe

servativos nas escolas incentiva os alunos

(23%). No entanto, 20% defendem que ela

ao ato sexual.

deve ser abordada numa fase escolar mais

À pergunta a partir de que idade os jovens

avançada, ou seja, na 9ª classe, opondo-se

iniciam o ato sexual, cerca de metade da

a uma parte significativa dos inquiridos (17%)

população alvo considera que é entre os 18

que considera que ela deve ser abordada no

e 24 anos, tanto para rapazes (48,1%) como

ensino básico. Apenas 2,3% dos inquiridos

para raparigas (49,6%).

Expectativas, problemas e aspirações dos jovens e adolescentes. São Tomé e Príncipe


Total

≤ 11 anos

502

2%

27,8% dos

2%

3%

4%

8%

14%

17%

22%

inquiridos

10

15

19

40

69

86

112

12 anos

13 anos

14 anos

15 anos

15%

16 anos

17 anos

18 anos

72%

19 anos ≥ 20 anos

8%

4%

19%

8%

4%

93

39

19

Tabela 8 Idade de início do Ato Sexual

No entanto, ao se perguntar a idade em que

institucionais, verifica-se que a gravidez na

iniciou o ato sexual, a maioria (72%) respon-

adolescência aparece como a questão que,

deu que foi na idade compreendida entre os

em matéria de SSR dos adolescentes e jo-

15 e 18 anos. De realçar que 15% dos in-

vens, mais desafios tem imposto ao Estado

quiridos afirmaram ter iniciado a vida sexual

são-tomense.

com a idade compreendida entre os 12 e 14

Estes atores institucionais e alguns órgãos

anos, enquanto 12% tê-lo-iam feito após os

associativos falam de “promiscuidade sexu-

18 anos. Por sua vez, 2% declararam ter ini-

al”, “estilos de vida irresponsáveis” de ado-

ciado o ato sexual com menos de 12 anos,

lescentes e jovens, orientados por “compor-

tendo sido registadas 6 respostas com 10

tamentos sexuais de risco”, como a tendência

anos e 1 com 9 anos.

das raparigas, hoje em dia, para uma certa

Um estudo da UNICEF (2010) revela que o

libertinagem e vida fácil. Para estes atores

fenómeno da gravidez na adolescência em

- a maioria homens mas também mulheres,

São Tomé e Príncipe se deve ao desconhe-

a explicação desse tipo de comportamento

cimento, por parte das raparigas, dos méto-

tem a ver com a perda ou crise dos valores

dos contracetivos que 52% declararam não

tradicionais, encarada como uma das princi-

conhecer.

pais razões da existência de casos de gravi-

As entrevistas por nós realizadas indicam

dez na adolescência no país, fenómeno que

que, muitas vezes, esse desconhecimen-

se afigura, cada vez mais, como um verda-

to é mais significativo em localidades mais

deiro problema social.

afastadas onde, por falta de energia elétrica,

Hoje é consensual, entre as várias aborda-

a informação veiculada pelos meios de co-

gens teóricas sobre a sexualidade, que ela

municação social não chega de forma eficaz,

não se limita apenas às capacidades reprodu-

embora haja um intenso trabalho comunitário

toras, mas também ao prazer. No entanto, no

porta-a-porta efetuado por algumas ONG quotidiano, os adolescentes e os jovens tême associações, dentre as quais se destaca

se confrontado com duas visões antagónicas

a ASPF e a sua estrutura associativa juve-

sobre a sexualidade: uma, que remete para

nil, na divulgação e promoção de uma SSR

os desejos e prazeres que exigem satisfação

saudável e positiva.

e outra que privilegia a repressão e o contro-

Das entrevistas realizadas a responsáveis

lo social sobre a expressão dos desejos, proExpectativas, problemas e aspirações dos jovens e adolescentes. São Tomé e Príncipe

39


40

movendo o sentimento de medo, a vergonha

afeto e consideração têm importância, pois

e o risco (ICIEG, 2010).

representam a possibilidade de reconheci-

A pesquisa qualitativa evidencia que abordar

mento e status social. Neste caso, o relacio-

a questão sexual e reprodutiva e os riscos

namento implica, via de regra, um adulto com

a ela inerentes, a partir de uma perspetiva

boas condições económicas ou ocupação de

conservadora e moralista, apostada na re-

cargo destacado em instituições públicas ou

produção do pânico moral, facto percecio-

privadas.

nado pelos adolescentes e jovens entrevis-

Evidentemente que este tipo de transação

tados, para além de legitimar e reproduzir a

sexual só acontece perante a existência da

desigualdade de género, torna desadequado

figura “papoite”, normalmente representada

qualquer tipo de política de saúde sexual e

por homens mais velhos, com algum capital

reprodutiva a eles direcionada.

económico, simbólico ou social que lhe con-

Contudo, há cenários que, não sendo total-

cede algum poder.

mente novos, trazem novos desafios. Destes,

Embora se tenha falado numa suposta di-

destaca-se o fenómeno “papoite”, idêntico

minuição de casos de abuso e exploração

aos sinalizados noutros contextos africanos

sexual, para a Polícia Nacional (PN), o que

de língua oficial portuguesa (Pinho, Sampaio

tem acontecido é que ela tem sido menos

& Serrano, 2011; Vasconcelos, 2010; An-

falada por causa do endurecimento das leis e

jos, 2005), designados comumente nestes

há indicações de que ela será, predominan-

países com o fenómeno das “catorzinhas” e

temente, de caráter intrafamiliar. A pesquisa

pela literatura antropológica de sexo transa-

qualitativa na RAP aponta para casos de ex-

cional.

ploração sexual de adolescentes por parte

Antropologicamente, este tipo de fenómeno

dos chamados “papoites”.

tem sido definido em oposição à prostituição,

Várias pessoas com quem conversamos,

embora com algumas similaridades. Para

sobretudo nas roças, relacionam a suposta

alguns autores (Pinho, Sampaio & Serrano,

elevada taxa de existência de gravidez na

2011), a diferença com a prostituição reside

adolescência na ilha com o fenómeno “pa-

no facto de as raparigas e homens envolvi-

poite”, o que nos remete para o estudo da

dos neste tipo de relacionamento serem

UNICEF (2005), quando aponta a crescen-

considerados “namoradas” ou “namorados”,

te prática do assédio sexual de adultos em

sendo comum a oferta de presentes em tro-

relação a adolescentes, situação essa muito

ca ou em retribuição implícita ao sexo, cuja

salientada nas discussões de grupo realiza-

transação envolve dinheiro ou não.

das na RAP, mas também nalguns contextos

Ao contrário do sexo comercial, a identidade

da ilha de São Tomé.

social, as características pessoais do “com-

Algumas entrevistas e conversas infor-

prador” do serviço e suas expressões de

mais vão de encontro ao cenário apontado

Expectativas, problemas e aspirações dos jovens e adolescentes. São Tomé e Príncipe


pelo estudo da UNICEF, de que a violência

de encontro ao relatório da UNICEF (2005),

sexual, que vem sendo registada com algu-

é a de que o fenómeno da gravidez na RAP

ma frequência, não tem tido tratamento judi-

só não se torna mais evidente por causa do

cial célere devido à morosidade da Justiça no

constante recurso ao aborto ilegal, através

Príncipe, por um lado, e pelo medo de per-

da ingestão de medicamentos e intervenções

der o emprego, por outro. Para a população

nada recomendáveis. Na ilha de São Tomé

das roças da RAP e também para algumas

também foram várias as referências ao

pessoas com as quais interagimos sobre o

aborto clandestino, sobretudo através da in-

assunto, tal situação acontece devido ao

gestão de produtos medicinais tradicionais

status das pessoas envolvidas e à influência

ou medicamentos adquiridos no mercado in-

dos mesmos no mercado de trabalho.

formal, no distrito de Água Grande

Uma outra constatação de campo, que vai Total 156 / 260

≤ 14 anos

3,8%

14 anos

15 anos

16 anos

12,8%

17 anos

18 anos

53,2%

19 anos

20 anos

20,5%

≥ 21 anos

9,6%

60% das

6

7

13

20

30

33

14

18

15

raparigas

3,8%

4,5%

8,3%

12,8%

19,2%

21,2%

9,0%

11,5%

9,6%

Tabela 9 Idade com que ficou grávida pela 1ª vez

A maioria das inquiridas (53,2%) declarou ter

que se deve fazer para evitar uma gravidez

tido a primeira gravidez quando tinha idade

indesejada, o uso do preservativo é coloca-

compreendida entre 16 e 18 anos (sendo

do na primeira posição (61,7%). Seguem,

esta última idade a mais representativa, com

em segunda e terceira posição, a toma-

21,2%).

da de pílulas e de injeções, com 12,2% e

À pergunta o que acha que se pode/deve

9,8% respetivamente, precedendo assim a

fazer para reduzir o número de casos de

abstinência periódica, citada por 6,9% dos

uma gravidez indesejada, 17,6% dos que

inquiridos.

responderam acreditam que passa pela re-

Estes dados indicam que, apesar do discur-

alização de campanhas de comunicação/

so negativo dos adultos e de alguns jovens

sensibilização, 14,3% pela tomada de pílu-

ligados a certas instituições, os adolescentes

las e apenas 8,9% pela utilização de outros

e jovens são-tomenses estão bem informa-

métodos contracetivos. A educação recebida

dos em relação às formas de se protegerem

dos pais e a abstinência periódica também

duma gravidez indesejada.

foram citados, respetivamente por 3,7% e

Em relação à prática do aborto, não

2,5% dos inquiridos.

existem dados quantitativos ou qualitativos

Entretanto, quando se pergunta o que acha

substanciais que nos permitam afirmar a sua Expectativas, problemas e aspirações dos jovens e adolescentes. São Tomé e Príncipe

41


ocorrência e prática.

e 19% dos pais da criança). Embora tenham

Embora haja a reprodução dum pânico moral

abandonado os estudos, 64% das inquiridas

quando o assunto é a gravidez na adoles-

pensam retomá-los, contra 34% que afirma-

cência, os dados estatísticos disponíveis e

ram o contrário.

uma análise histórica da SSR do país apon-

A constatação do terreno é que, ao engravidar,

tam para uma significativa redução da mes-

a rapariga adolescente é convidada a trans-

ma sendo a ocorrênciados casos existentes

ferir-se para o período noturno, mesmo em

explicada pela questão da afirmação da

casos onde não existem cursos noturnos,

feminilidade, por um lado e, por outro, pela

como o distrito de Caué, por exemplo e quan-

dominação simbólica masculina exercida

do assim é, a adolescente fica automatica-

pelo namorado, como ficou patente nas dis-

mente fora do sistema educativo.

cussões de grupo em que estiveram rapari-

Mesmo nos distritos onde existe o curso no-

gas em maior número. Muitas raparigas afir-

turno, o acesso das raparigas à escola, à

maram que, às vezes, consentem no não

noite, fica bloqueado porque, por um lado, a

uso do preservativo por parte do namorado

adaptação à noite é mais difícil visto que os

quando este exige sexo desprotegido como

conteúdos lecionados são diferentes e, por

prova de amor.

outro, porque não existe transporte escolar

Normalmente, é a partir destas práticas

no período noturno, o que as coloca numa

que surge uma gravidez indesejada, que

situação de exposição ao perigo de violação

leva forçosamente ao abandono dos estu-

sexual e outros tipo de violência, caso de-

dos pelas raparigas. Segundo o estudo da

cidam ou tenham capacidade financeira para

UNICEF (2010), cerca de 75% das raparigas

pagar diariamente um meio transporte para

inquiridas e 14% dos seus parceiros dizem

frequentar a escola à noite.

ter abandonado os estudos, 55% no ensino

Para o Ministério da Educação, esta medida,

básico e 45% no secundário.

isto é, a transferência para o curso noturno,

Em ambos os níveis de ensino, a taxa de

permite evitar a “contaminação” de outras

abandono revela-se mais alta no sexo

adolescentes pelas colegas grávidas no es-

feminino do que no masculino (pai da cri-

paço de ensino. A nosso ver, para além de

ança). A razão do abandono do pai da criança

essa argumentação não ter qualquer funda-

tem a ver, sobretudo, com a necessidade de

mento científico, ela configura-se como uma

este se dedicar ao sustento da nova família

grosseira violação dos direitos humanos.

(49% dos pais da criança e 6% das rapari-

Mesmo que a medida permita que essas jo-

gas), ao contrário das raparigas que aban-

vens possam voltar depois a frequentar os

donaram por opção própria (56% das rapari-

estudos no período diurno ou que voltem à

gas e 33% dos rapazes). Algumas dizem, no escola depois da gravidez, estudos noutras entanto, terem sido forçadas (38% raparigas 42

Expectativas, problemas e aspirações dos jovens e adolescentes. São Tomé e Príncipe

paragens (ICIEG, 2010) mostram que apenas


uma minoria delas regressa, o que contribui

da Educação, com vista a mudar a política

ainda mais para aumentar a desigualdade de

vigente.

oportunidades de género no país.

Mesmo nas situações em que os rapazes

Estranhamente, o documento da Estraté-

também são expulsos, como como acontece

gia Nacional de Igualdade e Equidade de

na RAP, medidas do tipo, mais do que pre-

Género (MSAS, 2012b) considera tal medida

venir, estão indiretamente a contribuir para

positiva, uma vez que entende que elas não

colocar mais adolescentes e jovens fora do

são expulsas de forma definitiva.

sistema de ensino e para a perda de pos-

Na Política/Estratégia Nacional da Juven-

síveis talentos que poderiam vir a dar um

tude (PENJ) (IJ, 2014c) esta situação nem

importante contributo ao processo do desen-

sequer é tomada como prioritária, em ter-

volvimento do país, caso não fossem blo-

mos de uma advocacia junto do Ministério

queadas as suas oportunidades.

100

92,2%

80

60

40

24,4% 20

20,9%

16,0% 5,9%

5,7%

Candidíase

Clamídia

0 SIDA

Sifílis

Gonorreia

Herpes Genital

Gráfico 5 Identificação das ISTs

Em relação ao conhecimento das IST, o VIH/ IST abordadas, a maioria (52%) soube idenSIDA é a doença mais conhecida pelos in-

tificar apenas 1, o que denota um conheci-

quiridos (92%), seguido da sífilis (24,4%),

mento ainda relativamente limitado sobre o

gonorreia (21%) e herpes genital (16%). Das

assunto.

Duas situações em se pode apanhar VIH/SIDA

Média

1ª Resposta

2ª Resposta

Relação sexual não protegida

40,1%

45,4%

Doação de Sangue

29,4%

34,8% 46,0%

Mãe / filho durante gravidez

13,9%

26,3%

Beijar pessoa contaminada

8,1%

Suor de alguém

1,4%

Ausência de Resposta

7,0%

Total

100%

1,6% 14,1% 0,5% 3,0% 100%

12,9% 2,1% 2,2% 11,1%

100%

Tabela 10 Duas situações em que se pode apanhar o vírus do SIDA Expectativas, problemas e aspirações dos jovens e adolescentes. São Tomé e Príncipe

43


Em média (primeira e segunda escolha),

contaminada foram as menos escolhidas.

apenas 40,1% dos inquiridos sabem que

Os dados indicam que se os adolescentes

se pode apanhar o VIH/SIDA numa relação

e jovens estão relativamente bem informa-

sexual não protegida. A doação de sangue

dos no caso da gravidez indesejada, no caso

foi eleita em segunda posição por 29,4% dos

das IST o desconhecimento é preocupante,

inquiridos, uma opinião que revela a per-

o que põe em evidência a necessidade duma

sistência de alguns preconceitos/suspeitas

maior intensidade de trabalho sobre estas

sobre as reais probabilidades de transmissão

questões.

da doença. A transmissão vertical (mãe/filho)

Em relação à diferença de opinião entre

foi, em média, citada por 13,9% dos inquiri-

rapazes e raparigas, em larga medida, tan-

dos, mas com a particularidade de ter sido

to os rapazes como as raparigas partilham

muito pouco apontada na primeira escolha.

globalmente a mesma opinião sobre as

As duas respostas erradas propostas - suor

questões alusivas à SSR colocadas no ques-

humano ou através do beijo de uma pessoa

tionário.

Campanha de sensibilização para o uso de preservativo Créditos da imagem: Instituto da Juventude

44

Expectativas, problemas e aspirações dos jovens e adolescentes. São Tomé e Príncipe


SEGUNDA PARTE Análise situacional sobre as condições e os estilos de vida dos adolescentes e jovens

7.

Novas tecnologias de informação e comunicação, lazer, desporto, consumo de substâncias psicotrópicas e delinquência infanto-juvenil As discussões de grupo e as conversas infor-

cosias insignificantes como são os casos de

mais indiciam que inexistência de espaços

jovens usarem calças apertadas nas pernas

de lazer e de programas de utilização de

(yuki1), cabelos altos ou em formato punk, ou

tempos livres faz com que os adolescentes

ainda raparigas com maquiagens. Por outro

e jovens sintam-se ociosos. Queixam-se de

lado, os alunos das escolas secundárias de

não ter muita opção em matéria de ocupação

Água Grande queixam-se das constantes in-

dos tempos livres a não ser praticar algum

timidações e humilhações físicas que ainda

tipo de desporto nos fins-de-semana com os

persistem por parte dos militares que circu-

amigos, mais concretamente o futebol.

lam no interior das escolas secundárias.

Muitos jovens queixam-se de não haver es-

Alguns dizem sentirem-se injustiçados, vis-

paço para outro tipo de modalidades que

to que os professores estão isentos destas

não seja o futebol, mais concretamente o

regras e, sobretudo, existem casos em que

basquetebol e o andebol, assim como alguns

por não respeitarem este código são impedi-

desportos de combate como por exemplo o

dos de assistir às aulas, o que com o tempo

karaté. Por outro lado, gostariam de ter mais

contribui para o abandono precoce do siste-

infraestruturas desportivas no país, mas com

ma de ensino, assim como alguns castigos

melhores pisos que no entender de muitos

em que são submetidos, como as práticas

jovens não têm muita qualidade.

abusivas de alguns professores que rasgam

A juntar a estas frustrações, o excessivo rigor

publicamente as suas calças yuki, ignoran-

das escolas em matéria do traje dos alunos é

do por vezes o enorme esforço que os seus

também apontado como fonte de frustração

pais fazem em poder comprá-las.

e responsável por um mal-estar provocado

No que toca à utilização das Tecnologias de

por um sentimento de opressão institucional.

Informação e Comunicação (TIC), os da-

Para eles, o mais importante nessa fase

dos mostram para sua baixa utilização, uma

etária é ter a possibilidade de viver em pleno

vez que cerca de metade dos adolescentes

o estado juvenil. No entender desses jovens,

e jovens (48%) não possuem telemóveis/

estas práticas institucionais (verificados em

smartphone ou tablet. Dentre os que pos-

todos os distritos, embora em Água Grande

suem estes mecanismos de comunicação, a

exista a perceção de ser mais rigorosa) blo-

sua utilização são na maior parte das vezes

queia a criatividade juvenil, visto pegar em

1  Estilo de calças apertadas debaixo do joelho, muito popularizado pelos adolescentes globalizados.

Expectativas, problemas e aspirações dos jovens e adolescentes. São Tomé e Príncipe

45


em chamadas (28%), pesquisas pela inter-

discussões de grupos com adolescentes e

net (9%), redes sociais (6%) ou jogar e ouvir

jovens indicam uma fraca utilização nas es-

músicas (6%).

colas por falta de computadores em número

Se usam ou não as TIC nas escolas, 41%

suficiente que possibilita acesso a todos os

afirmam terem a usado na 7ª classe, 29%

alunos, embora surgiram casos de alunos

na 5ª classe, 18% no ensino básico e 10%

que declararam terem acesso a serviço wire-

no pré-escolar. As conversas informais e as

less aberto na escola.

Física individual

Colectiva com bola Intelectual-táctica 4% 1% 9%

28% Nenhuma

Organização de competições

praticadas

4% 6%

57% Futebol

Gráfico 6 Modalidades Desportivas regularmente

Promoção do Desporto Escolar

16% Criação de infraestruturas

20% Sensibilização

Gráfico 7 Como incentivar a juventude à prática Desportiva

Sobre a prática desportiva mais corrente,

seguida 8%;

como indicada anteriormente, o futebol

4. Ver Televisão (nomeadamente bonecos

destaca-se (57%) em reação às demais

animados, novelas e filmes): 9% e em segui-

modalidades desportivas.

da 15%;

Perante a inexistência de espaços de lazer,

5. Estar em casa (dormir, descansar e ajudar

as atividades de lazer/descanso que mais

nos trabalhos diários): 13% e sem seguida

apontadas foram as seguintes:

9%; 6. Jogar jogos de vídeo ou estar na internet:

1. Ler/Estudar, citado por 25% e 20% dos in-

7% e em seguida 8%.

quiridos respetivamente na primeira e segun-

46

da escolha;

O cenário da ociosidade poderá possibilitar o

2. Futebol ou outros desportos com Bola:

uso de substâncias psicotrópicas, num con-

16% e em seguida 9%;

texto em que o acesso ao álcool, tabaco e

3. Caminhar, passear e ir à praia: 14% e em

drogas é relativamente fácil.

Expectativas, problemas e aspirações dos jovens e adolescentes. São Tomé e Príncipe


Já bebeu bebidas Alcóolicas

Inquiridos

Percentagem

Ausência de Resposta

17

0,94%

Sim

941

Não

Bebida que mais gosta

Inquiridos

Percentagem

Ausência de Resposta

71

7,55%

52,13%

Cerveja

435

46,23%

847

46,93%

117

12,43%

Total

1805

100,00%

Vinho (tinto/ branco) Vinho de palma

270

28,69%

Porquê não bebe

Inquiridos

Percentagem

Cacharamba

8

0,85% 2,87%

26

3,07%

Outras Espirituosas

27

Ausência de Resposta

Todo tipo

13

1,38%

Não tem idade

230

27,15%

Total

941

100,00%

Alcóol faz mal à saúde

340

40,14%

Religião não permite

32

3,78%

Idade que bebeu pela 1ª vez

Inquiridos

Percentagem

Educação dos seus pais

203

23,97%

Ausência de Resposta

113

12,01%

Outras

16

1,89%

10-13 anos

240

25,50%

Total

847

100,00%

14-17 anos

348

36,98%

18-24 anos

240

25,50%

Total

941

100,00%

Diagrama 4 Principais informações sobre consumo de bebidas Alcoólicas

Uma maioria relativa dos inquiridos (52%)

diferença de consumo entre rapazes (55%) e

afirmou já ter consumido bebidas alcoólicas,

raparigas (50%) é pouco relevante.

com destaque para a cerveja (46%), vinho de

Dos que não consomem nenhum tipo de

palma (29%) e vinho tinto ou branco (12%).

bebida alcoólica, a razão de destaque para

Estes dados são bastante superiores aos

a abstinência deve-se ao facto de acharem

apresentados pelo estudo do IJ (2014a;

que o álcool faz mal à saúde (40%), segui-

2014b) e vão de encontro aos dados apre-

do de ter pouca idade (27%) e educação dos

sentados pelo IDT (2016) assim como das

pais (24%). A religião como razão do não uso

informações qualitativas, que apontam o

de bebidas alcoólicas é insignificante (ape-

consumo de bebidas alcoólicas como um

nas 4%). Em termos de consumo de bebi-

dos maiores problemas do país. Em termos

das alcoólicas por distrito, Cantagalo (62%)

de idade de consumo, os inquiridos declar-

e Lembá (60%) são os distritos em que os

aram que a idade não constitui um fator de-

inquiridos mais declararam consumir álcool.

terminante para se começar a beber, embora

Os distritos de Caué (48%) e Água Grande

se registe uma percentagem mais elevada

(46%) são os lugares em que os inquiridos

(37%) na faixa etária dos 14 a 17 anos. A declararam consumir menos álcool.

Expectativas, problemas e aspirações dos jovens e adolescentes. São Tomé e Príncipe

47


Pergunta

Respostas

Masculino

Feminino

Que modalidade

15%

41%

73%

43%

regularmente?

Nenhuma Futebol Modalidade Física - Individual

7%

12%

Como incentivar a juventude à prática

Criação de infraestruturas

19%

13%

Desportiva

Organização de competicções

7%

5%

Sim

55%

50%

Não tem idade

32%

25%

Educação dos seus pais

23%

26%

Desportiva pratica

Já bebeu bebidas Alcóolicas Porque razão não bebe?

Tabela 11 Repartição das respostas em função do sexo

A análise cruzada dos dados indica que a

emprego a longo prazo conduz a um senti-

prática do futebol é uma modalidade mas-

mento de frustração e, por conseguinte, ao

culina, embora 43% das raparigas inquiridas

stress de não conseguir planear a sua vida, a

tenham declarado praticar este desporto. Um

explicação para o consumo das substâncias

número insignificante de inquiridos conside-

psicotrópicas na camada juvenil deverá ser,

ra que a criação de infraestruturas e orga-

em parte, percebida como uma manifestação

nização de competições poderia incentivar a

dessa frustração coletiva.

prática desportiva no seio dos adolescentes

Partilhamos a ideia de Bordonaro (2010)

e jovens.

em relação ao envolvimento dos jovens ca-

Tal como referido anteriormente e exposto

bo-verdianos no crime e no uso de drogas. O

na Tabela 12, a falta de emprego e o con-

trabalho de terreno em alguns bairros tidos

sumo de álcool são percecionados como

como problemáticos na cidade de São Tomé,

os maiores problemas da juventude e prin-

a análise das conversas com alguns jovens e

cipais domínios prioritários de intervenção

as discussões de grupo indicam que, embora

do Governo. Se, por um lado, a segunda

possa aparecer uma importação de modelos

situação poderá estar ligada à falta de ocu-

explicativos forçados, o envolvimento desses

pação e de lazer dos adolescentes e jovens,

jovens com bebidas alcoólicas (normalmente

uma vez que muitos se queixam de não lhes

de fabrico caseiro) ou com drogas (mais es-

restar nada de interessante a não ser beber, pecificamente liamba), para além de servir

48

por outro lado, há que ponderar a existên-

como um descarregamento de uma certa

cia de uma relação entre o desemprego e o

frustração, para satisfazer as suas necessi-

consumo excessivo de álcool ou mesmo de

dades básicas, esquecer a sua realidade e

liamba.

os seus problemas do quotidiano, a razão

Se aventarmos a hipótese de que a falta de

dessa escolha vai para além disso.

Expectativas, problemas e aspirações dos jovens e adolescentes. São Tomé e Príncipe


Tanto a delinquência como a violência e os

pessoal e económico) ambicionado que, de

flashes de drogas “são instrumentos para au-

outra forma, dificilmente poderiam conseguir,

mentar o seu poder, a sua pertença social,

visto se encontrarem impregnados da estru-

para ampliar o seu self e proclamar a sua

tura da segregação e da marginalização que

identidade” (Bordonaro, 2010: 177). É, por-

os aprisiona.

tanto, uma forma de empoderamento (social,

Maiores problemas com os quais confrontam a juventude

1º Escolha

Domínios prioritários para a intervenção do Governo

1º Escolha

Falta Emprego

30%

Falta Emprego

30%

Droga

15%

Droga

15%

Álcool

10%

Álcool

10%

Roubo/Violência

10%

Roubo/Violência

10%

Gravidez Precoce

8% 7% 6% 13% 100%

Gravidez Precoce

8% 7% 6% 13% 100%

Cigarro Sexo: Precóce / Violência Diversos

Total Percepção do nível de delinquência no seio da juventude

1º Escolha

Aus. Resposta

1,33%

Insignificante

1,05%

Vem diminuindo

8,53%

Vem aumentando

66,54%

Muito alto

22,55%

Total Geral

100,00%

Cigarro SEXO: Precóce/Violência Diversos

Total

Tabela 12 Opiniões sobre os principais problemas da Juventude e pistas para sua mitigação

Portanto, a existência de um alto índice de

mente referido nas entrevistas e discussões

perceção dos comportamentos delinquentes

de grupos.

(23%) que vem aumentando (67%), segundo

Algumas entrevistas e o discurso comum ten-

a perceção dos inquiridos, das pessoas com

dem a relacionar a crescente criminalidade

quem conversamos e da própria PN, deve

juvenil, sobretudo na cidade de São Tomé

também ser associada à falta de ocupação

(nos outros distritos as perturbações da or-

dos adolescentes e jovens, à inexistência

dem pública prendem-se mais com o roubo

de um circuito cultural e de lazer saudável

de animais e produtos agrícolas), com o uso

assim como à dificuldade de se conseguir

de liamba - o que se percebe no terreno é

algum tipo de rendimento num contexto em

que esta criminalidade está mais relaciona-

que o empobrecimento da população devido

da com um sentimento de mal-estar juvenil,

ao aumento do custo de vida foi recorrente-

que tem remetido alguns jovens à incerteza Expectativas, problemas e aspirações dos jovens e adolescentes. São Tomé e Príncipe

49


que varia entre aspirações e frustrações ad-

turistas “brancos”, constituídas em grupos de

vindo essa frustração da incapacidade dos

2 ou 3 elementos e orientadas por adultos

mesmos em controlar o acesso a um mer-

cadastrados. As atividades em que normal-

cado de trabalho cada vez mais segmenta-

mente estão envolvidos são furtos na via

do e muitas vezes controlado por uma rede

pública e roubo em residências, estabeleci-

de compadrio, de familiares e de militância

mentos comerciais e automóveis;

político-partidária. O que estudos noutras paragens (Pureza,

• Delinquência juvenil organizada protago-

Roque & Cardoso, 2012) mostram é que

nizada por deportados da Europa (Portugal,

este sentimento, quando aliado ao uso de

França, Inglaterra e Espanha) e do continen-

substâncias psicotrópicas, poderá trazer re-

te africano (Angola e Gabão), que participam

sultados inesperados e alguma situação de

em assaltos ou tentativas de assalto à mão

violência grupal, sobretudo num contexto

armada, a bombas de combustível, bancos e

como o da cidade de São Tomé em que já se

automóveis de valores;

notam estruturas embrionárias de gangues de rua possivelemente inspirados em estilos

• Delinquência juvenil desorganizada protag-

de vida dos jovens dos guetos norte-ameri-

onizada por motoqueiros que se fazem pas-

canos e bairros sociais europeus.

sar por moto-taxistas à noite, posicionados

Observa-se, na cidade de São Tomé, a mes-

nalguns espaços de diversão noturna, onde

ma dinâmica juvenil ligada à cultura do gang-

oferecem serviço de transporte preferencial-

sta rap1 e à pertença territorial de bairros

mente a mulheres para depois as assaltar e,

tidos como problemáticos, observada na ci-

nalguns casos, violá-las, havendo também

dade da Praia, em Cabo Verde, nos anos de

relatos de assaltos nas estradas fora da ci-

2000 (Lima, 2015, 2012).

dade, em que esses indivíduos simulam ac-

Como nos descreveu o representante da PN,

identes de motorizadas, aproveitando-se de

confirmado, em parte, por uma criança em

uma possível solidariedade para fazer as-

situação de rua e por alguns jovens associa-

saltos à mão armada;

dos a comportamentos delinquentes e desviantes, atualmente, os fenómenos criminais

• Delinquência nos distritos rurais traduzidos

que envolvem adolescentes e jovens carac-

em roubos de animais e produtos agrícolas.

terizam-se da seguinte forma:

Para a PN, a partir de 2010, começou-se a perceber o aumento da criminalidade no

• Delinquência infantil protagonizada por cri-

país, embora se tenha verificado uma ligei-

anças em situação de rua, posicionadas em

ra diminuição de casos no terceiro trimes-

locais de forte concentração e circulação de

tre do ano de 2016 em relação ao mesmo

1 É um subgénero do rap que tem como caraterística a descrição do dia-a-dia violento dos jovens negros desafiliados das grandes cidades norte-americanas

50

Expectativas, problemas e aspirações dos jovens e adolescentes. São Tomé e Príncipe

período de 2015. O relatório sobre a popu-


lação carcerária mundial de 2015 (ICPR,

uma dimensão preocupante, pela existência

2015) coloca São Tomé e Príncipe em quin-

de episódios de alguma violência, surgidos

ta posição na sua sub-região, em relação

nos últimos anos, fica-se com a perceção de

à taxa da população carcerária1 , pelo que,

que, caso não sejam tomadas medidas pre-

se não houver uma política de inserção efi-

ventivas, o cenário poderá vir a complicar-se

caz e uma política de divisão dos presos por

num futuro muito próximo.

faixa etária e por tipo de gravidade de crime,

Uma das habituais explicações para estas

rapidamente a prisão poderá transformar-se

questões é a perda ou crise de valores. O

numa academia do crime, situação aliás já

trabalho de terreno aponta, na verdade, para

observada - segundo a PN, a maioria dos

um conflito de valores decorrente da con-

reincidentes voltam à prisão por crimes mais

vivência dos valores tradicionais, passados

graves.

pela geração anterior, com os valores global-

Ainda que o fenómeno criminal em que estão

izados, adquiridos através dos meios de co-

envolvidos adolescentes e jovens não tenha

municação social e das redes sociais.

1 Atrás do Gabão, Guiné Equatorial, Camarões e Angola.

Expectativas, problemas e aspirações dos jovens e adolescentes. São Tomé e Príncipe

51


8.

SEGUNDA PARTE Análise situacional sobre as condições e os estilos de vida dos adolescentes e jovens

Jovens e participação em associações juvenis

52

Nascimento (2008) considera que, em São

sonalidades tutelares, o que faz com que os

Tomé e Príncipe, o colonialismo e o regime

partidos pouco ou nada tenham contribuído

de partido único revelaram-se avessos ao

para a renovação do espaço político.

associativismo e à organização da socie-

Esta visão de Nascimento foi confirmada,

dade civil e que após a liberalização política,

logo de início, nas conversas com as pes-

consumada em 1990, com a adoção do mul-

soas e revelou-se pertinente quando se

tipartidarismo, a aversão do poder político

procura entender o atual cenário de asso-

relativamente às associações autónomas de

ciações juvenis em São Tomé e Príncipe.

cidadãos não foi pronta nem imediatamente

Nas entrevistas e conversas de grupo houve

arredada. Afora isso, prossegue o autor, os

unanimidade relativamente a este legado na

esforços da “elite” são-tomense visaram a

prática associativa dos jovens que, muitas

ação política e, acima de tudo, a apropriação

vezes, a encaram como um trampolim para

do poder, durante os anos precedentes per-

a entrada na vida política.

cebida como o mais poderoso mecanismo

Esta forma de encarar a vida associativa faz

de enriquecimento e de ascensão social.

com que, não obstante a existência de muitas

As energias e os esforços dirigiram-se para a

associações no país, a maioria rapidamente

constituição de novos partidos, alguns deles

enfraqueça, uma vez que muitos jovens lá

de escassa representatividade social. Mes-

entram com o intuito de tirar algum tipo de

mo assim, e no círculo partidário, denota-se

dividendo pessoal.

o peso de algumas personalidades políticas

Nas primeiras entrevistas efetuadas aos

com poder bastante para intervir na estru-

responsáveis institucionais e das ONG,

turação do espetro político e, dessa forma,

foi passada a ideia de que as associações

para condicionar a disputa de posições e a

são incompetentes. No entanto, a conver-

barganha de recursos.

sa com algumas estruturas associativas ju-

Defende o autor que, neste quadro políti-

venis fizeram-nos perceber a existência de

co fulanizado, as divergências reportam-se

questões estruturantes que explicam a situ-

mais às personalidades tutelares do que a

ação. Segundo alguns entrevistados, o que

ideologias ou a modelos de desenvolvimen-

realmente falta em São Tomé e Príncipe é

to económico e social, assim como impera

uma política nacional de acompanhamento

a perceção da importância do assalto ao

das associações, o que poderá evitar a sua

Estado, tal o objetivo dos partidos que se

fácil instrumentalização político-partidária,

movem frequentemente a reboque de per-

assim como a descontinuidade que tem

Expectativas, problemas e aspirações dos jovens e adolescentes. São Tomé e Príncipe


caraterizado a sua atuação. Por

outro

lado,

ainda

através dos programas, tirar algum tipo de segundo

os

dividendo pessoal”.

entrevistados, com a adoção duma tal políti-

Conforme argumentam alguns líderes as-

ca, poder-se-ia igualmente evitar a falta de

sociativos entrevistados, apesar dos con-

transparência existente na gestão de mui-

strangimentos que normalmente surgem,

tas associações que, não raras vezes, são

sobretudo quando a associação está fora

criadas para satisfazer o interesse imedia-

da lógica político-partidária e da falta de

to de determinados indivíduos ao invés de

uma cultura associativa e de voluntariado,

resolver os problemas dos adolescentes e

denota-se uma enorme vontade de alguns

jovens não só a nível particular mas também

jovens em trabalhar em prol do desenvolvi-

comunitário, a nível mais amplo.

mento comunitário ou nacional. Contudo, a

Reforçando esse ponto, nas palavras de um

situação de pobreza estrutural do país (INE,

responsável da pasta da juventude distrital

2010) impede que muitos jovens possam

entrevistado, “muitas vezes os programas

participar no trabalho associativo e praticar o

direcionados para a população juvenil não

voluntariado como desejariam, uma vez que

encontram uma real ou total engajamento

têm de ajudar a família através de trabalho

dos mesmos, visto haver uma tendência de

fora do período escolar.

envolvimento apenas quando se consegue, Que avaliação faz do seu próprio contributo/participação

Percentagem

Agrupamento

1º Escolha

Aus. Resposta

14,96%

Cultura

20%

Nenhum

45,60%

Desporto

17%

Ainda limitado

16,12%

Trabalho

13%

Eficaz

11,36%

Modilização Social

13%

Importante e decisivo

11,97%

Religioso

11%

Total

100%

Estudo-Leitura

8%

Plestra-Debate

6%

Diversos

12%

Total

100%

Tabela 13 Autoavaliação e domínios de fraca participação Jovem

Expectativas, problemas e aspirações dos jovens e adolescentes. São Tomé e Príncipe

53


Os dados quantitativos vão nesse sentido.

poderá levar à desistência dos membros. Ob-

Ao pedir que os adolescentes e jovens se

viamente que a ilação que se pode tirar deste

autoavaliam em termos da sua participação

tipo de argumento é que as associações, na

no processo do desenvolvimento do país,

sua maioria, buscam apenas o seu momen-

46% afirmam não ter dado nenhum tipo de

to de fama, quiçá o do seu líder, visto que,

contributo nesse sentido. 15% nem sequer

apesar de se falar de associações, a análise

responderam à questão e 16% dizem que o

das entrevistas e das discussões do grupo

seu contributo tem sido limitado. Apenas 23%

realçam que o que existe realmente é ape-

dos inquiridos fizeram uma autoavaliação

nas um jovem rapaz, ou um grupo de jovens,

positiva e destes, 12% afirmam que o seu

maioritariamente rapazes, a dar a cara por

contributo foi importante e decisivo enquanto

uma estrutura que raramente existe.

11% dizem que foi eficaz.

Queixam-se de lhes faltar capacidade técni-

Em relação aos domínios em que a par-

ca e, sobretudo, capacidade de liderança. No

ticipação juvenil tem sido fraca, a maioria

entanto, isto não impede que algumas asso-

dos inquiridos não responderam e, dos que

ciações com as quais falamos tenham, para

responderam, embora o domínio cultural

além de vontade de se envolver no processo

apareça com maior percentagem (20%), não

de desenvolvimento do país, bons recursos

existe muita diferença em relação a outros

técnicos suscetíveis de realizar projetos sus-

domínios, como se pode ver na Tabela 13.

tentáveis, inclusivos e empreendedores.

Nota-se que as associações existentes não

O trabalho de terreno, sobretudo a partir da

possuem um domínio específico de atuação.

abordagem qualitativa, revela que, pela for-

Ao perguntarmos sobre o domínio de atu-

ma como as associações se apresentam, na

ação respondem sempre o mesmo: desporto,

sua generalidade, o desafio maior, a nível

cultura, educação e social. Das associações

estrutural, será ultrapassar os conflitos at-

que sinalizamos, apenas a ASPF tem um

ualmente existentes entre as duas maiores

domínio específico de atuação. Contudo,

estruturas da juventude do país (o IJ e o

como todas as outras, baseia a sua atuação

CNJ) e que, do ponto de vista da tomada de

numa perspetiva meramente assistencialista

posições, têm afetado, subrepticiamente, as

e de sensibilização.

demais associações juvenis.

As associações reconhecem que quanto maior é a abrangência dos domínios de atuação, menos impacto se pode esperar, mas argumentam que esta prática visa, sobretudo, garantir a sua sobrevivência porque, ao se limitarem a atuar apenas num domínio específico, haverá pouca eficiência e isso 54

Expectativas, problemas e aspirações dos jovens e adolescentes. São Tomé e Príncipe


SEGUNDA PARTE Análise situacional sobre as condições e os estilos de vida dos adolescentes e jovens

9.

Avaliação dos projetos e programas de intervenção juvenil existentes tendo em conta a relevância/adequação, eficácia, eficiência e valor acrescentado O trabalho de terreno revelou que pouco

juvenil existentes no país, durante a real-

ou nada se tem feito no país em matéria de

ização do estudo, ouvimos falar apenas do

projetos e programas de intervenção juve-

programa de empreendedorismo jovem que

nil. E que as poucas iniciativas existentes

nas entrevistas, conversas informais e dis-

são dispersas, com pouca coordenação e

cussões de grupo é mencionado como pouco

articulação, existindo uma certa tendên-

transparente, pela forma como foi colocado

cia para serem estatizadas, com o risco de

em prática. Nas localidades mais afastadas,

provocar desengajamento por parte de or-

os jovens queixam-se de ter sabido tardia-

ganizações juvenis vinculadas a estruturas

mente do programa, o que indica que, fora

associativas tidas como da oposição.

dos círculos próximos do poder, a divulgação

De possíveis programas para a população

foi quase nula.

1º Nome

2º Nome viva show

viva show

Espaço / Programa Infantil

Espaço / Programa Infantil

TVS clip

ASPF - gravidez na adolescência Planeamento familiar

TVS desporto ASPF - gravidez na adolescência Planeamento familiar

TVS desporto

Tarde na TVS

TVS clip

0

10

20

30

Gráfico 8 Nomes de iniciativas e Programas, mais citados - 1ª Resposta

0

10

20

30

Gráfico 9 Nomes de iniciativas e Programas, mais citados - 2ª Resposta

Os dados quantitativos indiciam que o

fundidos na televisão nacional, todos dire-

conhecimento que os jovens têm das inicia-

cionados para a juventude. Em matéria de

tivas, programas e estruturas destinadas a

programas de sensibilização, sobretudo a

eles é muito fraco. Questionados sobre as

nível da SSR, o que este estudo verifica é

mesmas, apenas apontam programas di-

que eles têm sortido os efeitos pretendidos. Expectativas, problemas e aspirações dos jovens e adolescentes. São Tomé e Príncipe

55


Pergunta

Resposta

ÁguaGrande

Cantagalo

Caué

Lembá

Conhece ou ouviu falar de programas/iniciativas para a Juventude?

Sim

44%

39%

53%

33%

44%

46%

36%

Contributos para a Juventude das Iniciativas e Programas

Importante e decisivo

24%

36%

12%

27%

31%

18%

14%

Nenhum

43%

48%

42%

57%

52%

48%

13%

Vem aumentando

64%

68%

63%

69%

79%

68%

48%

Que avaliação faz do seu próprio contributo/ participção? Percepção do nível de delinquência no seio da Juventude

Lobata Mé-Zóchi

Tabela 14 Repartição percentual das principais respostas dos Inquiridos por distrito de residência

As raparigas (46%) são as que mais afirma-

indicador traduz um certo bloqueio da ilha

ram conhecer ou ter ouvido falar de inicia-

por parte das entidades do Governo central,

tivas, programas e estruturas destinadas a

como indicam as conversas tanto com os

jovens e em termos de local de residência,

dirigentes políticos como a população com

a RAP é a região onde as percentagens são

os quais conversamos, por outro lado, indi-

mais baixas no que respeita ao contributo

ca que, ao nível de políticas regionais para

ou participação dos jovens em termos asso-

jovens, pouco ou nada se tem feito de forma

ciativos como mostra a Tabela 14 sendo de

estruturante, podendo dizer-se o mesmo em

realçar as percentagens de Caué e Lembá

relação a outros distritos.

nesta dimensão de análise.

Os CIJ e os CD são importantes portas de

Estes dados reforçam a ideia de que quanto

entrada para se chegar aos jovens e ótimas

mais afastados os adolescentes e jovens es-

janelas de oportunidade para se conse-

tiverem em relação ao poder central, menos

guir incentivar a criatividade juvenil mas as

oportunidades têm de participar no processo

visitas a estas estruturas permitem observar

de desenvolvimento do país.

que, não obstante o nome que o CIJ ostenta,

As entrevistas na Roça Porto Alegre, em

a sua estrutura arquitetónica e de funciona-

Caué, e na cidade de Neves, em Lembá, são

mento não convida à interação juvenil.

prova disso. Em relação ao primeiro caso,

56

a queixa principal é que toda a informação

Constatamos que existem várias boas in-

relativa a iniciativas para os jovens fica blo-

tenções e projetos, como prova a PENJ (IJ,

queada na cidade capital e, no segundo

2014c), mas contudo, na prática, na maio-

caso, que fica tudo bloqueado na cidade de

ria das vezes, por causa de constrangimen-

Neves, capital distrital de Lembá.

tos financeiros, o que se pode depreender

Em relação à RAP se, por um lado, este

é que as iniciativas, projetos e programas

Expectativas, problemas e aspirações dos jovens e adolescentes. São Tomé e Príncipe

RAP


salientados têm tido pouca relevância/

são-tomenses quer sejam do sexo feminino

adequação1, eficácia2 e eficiência3, e têm

quer do sexo masculino, sendo a situação

trazido pouco valor acrescentado4 às reais

ainda pior no que diz respeito à população

necessidades dos adolescentes e jovens

juvenil deficiente.

Paísagem piscatória

1  Referida à capacidade de resposta, identificando em que medida esses projetos e programas correspondem às necessidades da população juvenil, especialmente dos adolescentes e jovens mais afastados do centro. 2  Relativa ao alcance dos resultados em relação ao proposto, e da contribuição dos resultados alcançados para a concretização das propostas contidas nestes projetos e programas. 3  Refere-se à relação entre as ofertas à população (informação, serviços, insumos) e os recursos aportados para a sua realização (financeiros, humanos, materiais). 4  Refere-se à análise dos eventuais benefícios acrescentados aos resultados obtidos com a oferta desses projetos e programas.

Expectativas, problemas e aspirações dos jovens e adolescentes. São Tomé e Príncipe

57


10.

SEGUNDA PARTE Análise situacional sobre as condições e os estilos de vida dos adolescentes e jovens

Considerações finais O estudo aponta para 4 desafios estruturantes

so à habitação. Do mesmo modo, criam di-

a enfrentar pela população jovem são-

ficuldades de prossecução da formação de

tomense: 1) conflito geracional derivado da

raparigas que, por um infortúnio, ficam grávi-

não substituição geracional no mercado de

das. Embora estas dificuldades afetem os

trabalho, que faz com que a população juve-

dois géneros, afetam com maior incidência

nil se veja obrigada a concorrer, em situação

as raparigas que se veem obrigadas a arran-

de desvantagem, com uma população adul-

jar um homem como forma de sobrevivência

ta já estabelecida e detentora dos capitais

numa sociedade marcadamente machista.

económicos, simbólicos e político-partidários

Este cenário faz com que as expetativas

bem definidos; 2) conflito de género devido

dos jovens sejam bastante baixas ou nulas

aos processos de desigualdade de género

em relação ao futuro, o que pode torná-los

institucionalmente reproduzidos que recaem

presas fáceis para as atividades ilegais ou

sobre as raparigas e que se encontram dire-

consideradas imorais, nomeadamente ativi-

tamente relacionados com o primeiro conflito,

dades criminosas e uso de substâncias psi-

visto que a falta de recursos traz desvanta-

cotrópicas ou de álcool - principalmente entre

gens também para os rapazes quando o que

os rapazes, e prostituição ou o sexo transa-

está em causa são as condições necessárias

cionado - sobretudo no caso das raparigas.

para avançar para o casamento; 3) conflito

Tendo em conta que a classe percebida

de valores, espelhado na sobreposição entre

como a que melhor tem conseguido viver em

os valores ditos tradicionais e os valores glo-

boas condições no contexto de contingência

balizados que, de certa forma, se reflete no

são-tomense são os políticos, a aspiração

comportamento da camada juvenil e a torna

dos jovens é alcançar um cargo político ou

um alvo fácil de culpa de qualquer situação

numa instituição do Estado por via da for-

tida como negativa; 4) conflito partidário en-

mação superior ou por via do clientelismo

tre as duas maiores estruturas juvenis do

político-partidário.

país o que, direta ou indiretamente, afeta a vida associativa dos jovens. As desigualdades de oportunidade existentes derivam destes desafios estruturantes e são expressas em matéria de dificuldade de acesso ao emprego, dificuldade de acesso ao ensino superior e dificuldade de aces58

Expectativas, problemas e aspirações dos jovens e adolescentes. São Tomé e Príncipe


SEGUNDA PARTE Análise situacional sobre as condições e os estilos de vida dos adolescentes e jovens

11.

Orientações e propostas de políticas públicas inclusivas para a elaboração do Plano Nacional direcionada a adolescentes e jovens Este estudo visa complementar o PENJ,

Inicialmente, prevista a sua implementação

elaborado em 2014, por uma equipa nacio-

no horizonte de 2019, propõ-se que o prazo

nal constituída por técnicos do IJ e da DGP

para a sua implementação seja alargado para

que, não ignorando a CAJ, pretende ser um

5 anos, a contar de 2017, de modo a criar

documento coerente com as pretensões da

condições propícias para a sua conciliação

juventude, respeitando os seus interesses e

com a AdT, que tem como horizonte o ano

potencialidades.

2030.

11.1 Orientações gerais Sendo assim, visto que este estudo parte de

social, o que quer dizer que, qualquer pla-

uma análise situacional da adolescência e

no nacional da juventude que se queira que

da juventude são-tomense, o que faltou na

tenha êxito, terá de levar em consideração

elaboração da PENJ, propomos que ele seja

não só a dimensão económica, mas também

apropriado como um documento orientador

as dimensões sociais, políticas e, especial-

na implementação de uma política da juven-

mente, discursivas.

tude (e não para juventude) que se quer, aci-

Constata-se que quando se fala de adoles-

ma de tudo, inclusiva.

centes e jovens em São Tomé e Príncipe,

O

diagnóstico

situacional

sugere

que

tende-se a usar um discurso normativo/re-

qualquer plano de intervenção dos jovens

pressivo, tomando-os particularmente como

em São Tomé e Príncipe, nesta conjuntura,

um problema (e um grupo homogéneo) que

deve ter em consideração, em primeiro lu-

necessário será moldar pelos adultos, o que

gar, o seu caráter estruturante, de modo a

faz com que os jovens se sintam oprimidos e

combater a situação socioeconómica atual-

obrigados a viver uma vida que não é deles.

mente vivida pelos adolescentes e jovens

Defendemos a subliminar necessidade de

e as desigualdades de oportunidade obser-

uma mudança de discurso. Em vez de falar

vadas.

de problema juvenil, institucionalizar, no seu

Por outro lado, o plano deverá ser transver-

lugar, os termos questão juvenil e/ou desafi-

sal, uma vez que a juventude não vive num

os juvenis. Estes conceitos têm a particulari-

mundo isolado, mas sim faz parte do todo

dade de evitar a estigmatização das pessoas Expectativas, problemas e aspirações dos jovens e adolescentes. São Tomé e Príncipe

59


pertencentes a uma certa faixa etária como

mo, principalmente entre os jovens, uma vez

potenciais problemas, enaltecendo assim as

que tanto a problemática da droga como a do

suas potencialidades.

álcool não são casos de polícia/justiça, mas

Por outro lado, termos como gravidez pre-

sim de saúde pública, o que significa que as

coce, crianças de rua ou na rua, entre

respostas mais eficazes para este tipo de de-

outros, para além de carregar intenções

safios se colocam ao nível da Saúde e ao

normativas, encontram-se desatualizados.

nível social.

É necessário atualizar estes conceitos e

Em relação à questão da delinquência, al-

institucionalizá-los, substituindo-os por con-

guns estudos realizados em contextos

ceitos mais próximos da sua realidade, como

próximos da realidade são-tomense (Pureza,

são os casos de gravidez na adolescência e

Roque & Cardoso, 2012; Bordonaro, 2010)

crianças em situação de rua.

mostram que, por mais que se possa investir

De igual forma, de modo a contribuir para

em medidas repressivas, caso tais medidas

uma real mudança de atitude e mentalidade

não sejam acompanhadas por respostas so-

dos adolescentes e jovens, é necessário, pri-

ciais, a situação do banditismo tende a pio-

meiro, que os adultos, sobretudo os deten-

rar.

tores de poder, mudem as suas práticas, uma

Por fim, como anteriormente referido, este

vez que os dados, tanto quantitativos como

documento deve ser encarado como o ponto

qualitativos, mostram que os adolescentes

de partida para a construção de uma política

e jovens não fazem outra coisa senão imitar

nacional de juventude (e, portanto, um tra-

as práticas das pessoas estabelecidas com

balho em construção) e, para que se chegue

mais idade.

a bom porto, é necessário que ele sirva de

Há necessidade de substituir a visão re-

documento de trabalho das estruturas ju-

pressiva que dela se tem, focando-se num

venis formais e informais existentes, o que

discurso inclusivo, caso se queira, de facto, pode ser feito através de um circuito de dister uma resposta mais eficaz em relação à

cussão e promoção descentralizada.

questão da toxicodependência e do alcoolis-

11.2 Propostas estruturantes

60

De forma a combater a situação de pre-

dade das oportunidades, propomos que

cariedade socioeconómica atual dos jovens

a curto/médio/longo prazo sejam criadas

são-tomenses e a consequente desigual-

condições para 4 ações:

Expectativas, problemas e aspirações dos jovens e adolescentes. São Tomé e Príncipe


A curto prazo: Criação do Observatório do

vocacional e de referência com os serviços

Adolescente e do Jovem, tomado como um

de SSR, bibliotecas e espaços de formação,

importante instrumento de sistematização de

convívio e de atividades artísticas. A trans-

dados e informações sobre a população ju-

ferência financeira para esta nova estrutura

venil. Ou seja, no estudo e análise das juven-

dar-se-ia a partir da apresentação de um

tudes são-tomenses e um suporte de apoio

Plano de Ação Distrital para a área da ju-

à definição das políticas, assentes em linhas

ventude. Esta ação poderá contribuir para a

de orientação estratégica, com objetivos e

resolução do ODS 16;

medidas, que o reforcem e o tornem apto para vender os desafios. Este projeto será

A médio prazo: Criação de uma estrutura

desenvolvido pelo Ministério da Juventude

que terá o papel de promover o desenvolvi-

através do IJ e do INE e terá como parceiros

mento empresarial e a inovação virada para

a CNJ, a UNICEF e as instituições do en-

os jovens e orientada para a AdT na qual,

sino superior. Será um sistema permanente

através de uma rede nacional de incubado-

e atualizado que integra dados parcialmente

ras, articulada com as ONG e associações

dispersos, elabora estatísticas globais e es-

juvenis estabelecidos, se promova, apoie,

pecíficas, formula análises e projeções so-

forme, financie, se faça o seguimento e

bre a questão juvenil nacional, em forma de

avalia os projetos de empreendedorismo,

artigos e relatórios científicos, que servirao

sobretudo de empreendedores potenciais in-

de subsídio para as tomadas de decisão

dividuais ou coletivos, de maneira coerente

política;

com as potencialidades de desenvolvimento de cada distrito. Convém que se crie, nes-

A curto prazo: Municipalização dos CIJ, em

sa rede, programas start up que envolvam

que os mesmos passem a ser geridos pe-

o sistema educativo (escolas secundárias e

las CD e implementados por um Conselho

instituições do ensino superior) e um circuito

Distrital da Juventude formado pelas asso-

de encontros de partilha de conhecimentos

ciações distritais e presidido pelo gabinete

entre figuras nacionais e internacionais que

da câmara que tutela a juventude, a ser cria-

obtiveram sucesso fora da lógica partidária

do. Caberá ao IJ o papel de regular e seguir,

ou familiar e os jovens, nos quais se eviden-

e ao CNJ o papel de fiscalizar. Transformar

ciem boas práticas. Esta estrutura será inde-

os CIJ em centros multiusos, onde poderão

pendente e o processo de seleção dos pro-

funcionar espaços multimédia, de orientação

jetos será feita por uma equipa que deverá

Expectativas, problemas e aspirações dos jovens e adolescentes. São Tomé e Príncipe

61


ter como elementos o IJ, a CNJ, a FONG e as câmaras distritais. Esta ação poderá contribuir para a resolução dos ODS 1, 8, 9 e 14; A longo prazo: Investimento na recuperação das roças (sobretudo nas principais sedes em cada distrito) de forma a transformá-las em polos de promoção de um turismo rural e cultural, o que poderá criar condições para integrar São Tomé e Príncipe no circuito das “Rotas dos Escravos” da UNESCO, diversificando, assim, a oferta de turismo, co-gerido com as associações comunitárias, visto que o país passaria a atrair turistas afro-americanos com algum capital económico. Esta ação, para além de contribuir para o desenvolvimento local/distrital, irá igualmente contribuir para a criação de empregos, resolvendo assim a questão do desemprego juvenil e da habitação, descongestionando a cidade e fixando a população juvenil no campo, promovendo, simultaneamente, a economia local o que poderá contribuir para a resolução dos ODS 1, 8 e 9.

62

Expectativas, problemas e aspirações dos jovens e adolescentes. São Tomé e Príncipe


SEGUNDA PARTE Análise situacional sobre as condições e os estilos de vida dos adolescentes e jovens

12.

Recomendações Como complemento da PENJ, sinalizamos aquelas que consideramos como ações prioritárias deste documento e introduzimos as que ressaltaram da análise da situação. Deste modo, para a questão da educação, formação e emprego, consideramos prioritárias as seguintes ações do PENJ: • Criação de critérios de vulnerabilidade que suportem a concessão da bolsa-família para apoiar as famílias mais carenciadas; • Reforço do programa de atividades extraescolares; • Reforço do programa de alimentação escolar; • Melhoria das condições de acesso ao ensino noturno; • Descentralização e melhoria do acesso ao ensino; • Criação duma política de formação técnico-profissional e superior descentralizada; • Reforço do sistema de inspeção escolar; • Promoção da elaboração dum estudo de viabilidade para construção de residências para estudantes secundários e universitários; • Fortalecimento do sistema de atribuição de bolsas internas para o ensino secundário e superior; • Melhoraria e expansão da rede de transporte escolar; • Criação dum centro de alfabetização para os jovens fora do sistema escolar; • Definição de uma política de habitação nacional que priorize as necessidades da camada juvenil; • Criação de incentivos para os jovens mais ativos, interventivos e que apostem na inovação, agricultura, pesca e pecuária; • Incentivo à criação do Instituto de emprego; • Promoção da criação/adoção e implementação de uma política de emprego; • Criação de mecanismos para a inserção profissional; • Aumento do valor do Orçamento Geral do Estado para o setor da juventude. E recomenda-se: • A elaboração dum estudo sobre as possibilidades de abertura dum pólo Universitário na

Expectativas, problemas e aspirações dos jovens e adolescentes. São Tomé e Príncipe

63


RAP; • A criação de condições para que institutos de ensino superior tenham não só a vertente educação, mas também as vertentes extensão e investigação; • A promoção de ações de sensibilização nas escolas, direcionadas às famílias, através de ciclos de conversas abertas, com vista ao seu maior engajamento e participação no processo de aprendizagem dos estudantes e a proporcionar uma maior interação entre a escola, os pais/encarregados de educação e estudantes; • A adoção de medidas que favoreçam o empoderamento dos jovens e, em particular, das raparigas; • A adoção de medidas conducentes à institucionalização da atividade dos moto-taxistas, num período de 5 anos, dada a sua importância na mobilidade urbana e na criação e dinamização da economia urbana; • A institucionalização das atividades informais em espaços específicos da cidade; • A criação duma rede de guias turísticos profissionais a trabalhar em parceria com os hotéis; • A criação dum selo de identificação de guias turísticos e artesões; • A criaçãoduma página nas redes sociais de divulgação e de venda online de produtos confecionados pelos jovens artesãos. Para o setor da saúde sexual e reprodutiva, recomenda-se: • Que seja revista a medida de transferência de adolescentes grávidas para o período noturno; • Que sejam criados gabinetes de orientação vocacional e de SSR com ênfase na questão do género e que não reproduza a dominação masculina em todas as escolas secundárias existentes; • Que se promova a elaboração dum estudo quantitativo e qualitativo sobre o abuso e a exploração sexual. Para o setor das TIC, lazer e comportamentos desviantes e delinquentes consideramos prioritárias as seguintes ações do PENJ: • Promoção de investimentos destinados ao lazer dos jovens; • Promoção de investimentos destinados ao desporto para os jovens; • Reforço do programa do desporto escolar, em todos os níveis de ensino; • Incentivo à implementação de programas culturais para a juventude; E recomenda-se: • Incentivo a criação da casa das ciências nas escolas; 64

Expectativas, problemas e aspirações dos jovens e adolescentes. São Tomé e Príncipe


• A promoção da cultura digital (edições de vídeo, produção de música e criação de conteúdos multimédia); • A atribuição de prémios e certificados de mérito aos jovens mais criativos e com ideias inovadoras ao nível da arte e cultura e desporto; • A criação de uma escola de arte; • A melhoria das condições sociais e de reinserção social dos jovens nos serviços prisionais; • Incentivo à criação do Instituto da Infância para a promoção dos direitos de crianças em situação de risco; • A elaboração dum estudo quantitativo e qualitativo sobre a delinquência envolvendo adolescentes e jovens; • A criação de centros de atendimento para jovens toxicodependentes e alcoólicos tutelados pelo Ministério da Saúde; • A elaboração de programas de formação cidadã no exército e criar políticas de inserção dos jovens que concluem o serviço militar obrigatório; • A elaboração de programas e ações específicas direcionadas aos jovens portadores de deficiência. Para o setor do associativismo e voluntariado priorizar a seguinte ação do PENJ: • Criação da lei do associativismo e voluntariado e adoção dum programa de promoção do associativismo e voluntariado jovem; E recomenda-se: • A criação dum programa de formação sobre a liderança e construção de projetos de intervenção – empreendedorismo social e comunitário.

Expectativas, problemas e aspirações dos jovens e adolescentes. São Tomé e Príncipe

65


TERCEIRA PARTE 66

Expectativas, problemas e aspirações dos jovens e adolescentes. São Tomé e Príncipe


Análise situacional sobre as condições e os estilos de vida dos adolescentes e jovens

Expectativas, problemas e aspirações dos jovens e adolescentes. São Tomé e Príncipe

67


ÍNDICE LISTA DE TABELAS, GRÁFICOS E DIAGRAMAS

i

RESUMO EXECUTIVO

vi

1.

Capítulo I: INTRODUÇÃO

1

1.1

Considerações gerais

1

1.2

Metodologia

1

1.2.1 População e grupos-alvo do estudo

1

1.2.2 Amostragem: identificação das localidades e repartição da população-alvo

2

1.2.3 Técnica de recolha de dados e a organização do estudo no terreno

2

1.2.4 Registo informático, compilação e validação dos dados 2.

Capítulo 2: REALIZAÇÃO DO INQUÉRITO

2.1

Acções preliminares

3

2.1.1 Formação de Inquiridores e Supervisores

3

2.1.2 Realização do Inquérito Piloto

3

2.2

3

Inquérito no terreno (realização das entrevistas)

2.2.1 Constituição/Repartição das Equipas de Inquirição / Supervisão 2.2.2 Realização das Entrevistas

4

3.

Capítulo 3: ANÁLISE DOS RESULTADOS

4

3.1

MÓDULO 1: Dados individuais e sociodemográficos

4

3.1.1 Caracterização dos inquiridos (estatística uni-variada)

6

3.1.2 Analise Cruzada dos dados individuais e sociodemográficos

8

3.2

8

MÓDULO 2: Família, Nível e Qualidade de vida

3.2.1 Dados globais (estatística uni-variada) (estatística uni-variada)

9

3.2.2 Analise Cruzada de dados 9

12

3.3

MÓDULO 3: Educação, Formação e Emprego

12

3.3.1 Caracterização dos inquiridos (estatística uni-variada)

12

3.3.2 Analise Cruzada de dados do Módulo 3 com Perguntas-chave dos Módulos 1 e 2 3.4

15 MÓDULO 4: Saúde Sexual e Reprodutiva

17


ÍNDICE 3.4.1 Dados globais sobre os inquiridos (estatística uni-variada SR_01 a SR_08)

17

3.4.2 Analise Cruzada de dados

21

3.5

MÓDULO 5: Novas tecnologias de informação e comunicação, Lazer, Desporto,

e Consumo de Substancias Psicotrópicas

22

3.5.1 Dados globais (estatística uni-variada)

23

3.5.2 Analise Cruzada de dados

26

3.6

MÓDULO 6: Opiniões e percepções sobre iniciativas, programas e estruturas

para jovens e adolescentes do País

28

3.6.1 Dados globais (estatística uni-variada)

29

3.6.2 Analise Cruzada de dados

32

ANEXOS

35

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

40


Lista de tabelas, gráficos e diagramas LISTA DE TABELAS 1 Tabela 3.1.1 – Outras características da população-alvo (Módulo 1)

5

2 Tabela 3.1.2a – Escolaridade “SECUNDÁRIO” por Distrito

6

3 Tabela 3.1.2c – Necessidades / Privações por Faixa etária

7

4 Tabela 3.1.2d – Necessidades / Privações por Distrito de residência

7

5 Tabela 3.2.2 a: Módulo 2 - Repartição das respostas em função do SEXO

8

6 Tabela 3.3.1 a: Frequência escolar e principais razões do abandono escolar

9

7 Tabela 3.3.1d: Profissão que o adolescente/jovem aspira exercer

12

8 Tabela 3.3.1c.1: Rendimento mensal individual pretendido

14

9 Tabela 3.3.1c.2 – Outras características dos inquiridos (Módulo 3)

14

10 Tabela 3.3.2 a: Módulo 3 - Repartição das respostas em função do SEXO 11 Tabela 3.3.2c: Módulo 3 - Repartição das respostas em função do DISTRITO DE RESIDÊNCIA 12 Tabela 3.4.1a: Sexualidade nas escolas

15 16 17

13 Tabela 3.4.1c: Idade de início do Acto Sexual

18

14 Tabela 3.4.1d: Idade com que ficou grávida pela 1ª vez

18

15 Tabela 3.4.1e: Como reduzir Gravidez precoce

19

16 Tabela 3.4.1f: Como evitar uma Gravidez não desejada

19

17 Tabela 3.4.1g: Duas situações em que se pode apanhar o vírus do SIDA

20

18 Tabela 3.5.2 a: Módulo 5 - Repartição das respostas em função do SEXO

26

19 Tabela 3.5.2b - Módulo 5: Repartição das respostas em função da IDADE / FAIXA ETÁRIA

27

20 Tabela 3.5.2c: Módulo 5 - Repartição das respostas consoante DISTRITO DE RESIDÊNCIA

27

21 Tabela 3.6.1b: Importância dos contributos para Juventude das Iniciativas e Programas

29

22 Tabela 3.6.1c: Auto-Avaliação e domínios de fraca participação Jovem

30

23 Tabela 3.6.1d: Opiniões sobre os principais problemas da Juventude e pistas para sua mitigação 24 Tabela 3.6.2b: Módulo 6 – Efeitos da Idade/faixa etária nas respostas dos Inquiridos

31 33

25 Tabela 3.6.2c: Repartição percentual das principais respostas dos Inquiridos por Distrito de residência i

Expectativas, problemas e aspiracoes dos jovens e adolescentes. São Tomé e Princípe

33


LISTA DOS GRÁFICOS 1 Gráfico 3.1.1 c: Inquiridos por DISTRITO DE RESIDÊNCIA

4

2 Gráfico 3.1.1 d: Inquiridos por NÍVEIS DE ESCOLARIDADE

5

3 Gráfico 3.1.2b – Necessidades / Privações consoante SEXO

7

4 Gráfico 3.2.2b: Interferência da Faixa etária nas respostas a pergunta F_10

10

5 Gráfico 3.3.1 b: Idade/Faixa etária que deixam a escola

12

6 Gráfico 3.3.1 c: Nível máximo de escolaridade pretendido

13

7 Tabela 3.3.1d: Profissão que o adolescente/jovem aspira exercer

13

8 Gráfico 3.4.1 b: Idade/Faixa etária para início da sexualidade

18

9 Gráfico 3.4.1g: Identificação das ISTs

20

10 Gráfico 3.5.1b.1: Modalidades Desportivas regularmente praticadas

23

11 Gráfico 3.5.1b.2: Como Incentivar a juventude à prática Desportiva

23

12 Gráfico 3.5.1b.3: Actividades de Lazer / descanso, na 1ª Escolha

24

13 Gráfico 3.5.1b.4: Actividades de Lazer / descanso, na 2ª Escolha

24

14 Gráfico 3.6.1a.1: Nomes de iniciativas e Programas, mais citados: 1ª Resposta

29

15 Gráfico 3.5.1a.2: Nomes de iniciativas e Programas, mais citados: 2ª Resposta

29

16 Gráfico 3.6.1b: Como esclarecer e incentivar a participação da Juventude

29

LISTA DOS DIAGRAMAS 1 Diagrama 3.2.1a: Principais características do núcleo familiar da população-alvo

8

2 Diagrama 3.2.1b: Perfil Socioeconómico da Família dos Inquiridos

9

3 Diagrama 3.2.2c: Módulo 2 - Repartição das respostas consoante DISTRITO DE RESIDÊNCIA 4 Diagrama 3.4.2 a: Módulo 4 - Repartição das respostas em função do SEXO 6 Diagrama 3.4.2c: Módulo 4 - Repartição das respostas consoante DISTRITO DE RESIDÊNCIA 7 Diagrama 3.5.1a: Conhecimento/utilização das Novas Tecnologias de Informação de Comunicação 8 Diagrama 3.5.1c: Principais informações sobre consumo de bebidas Alcoólicas

11 21 22 23 25

Expectativas, problemas e aspiracoes dos jovens e adolescentes. São Tomé e Princípe

i


Resumo executivo O presente relatório de abordagem quantitativa é parte integrante do estudo Expectativas, problemas e aspiracoes dos jovens e adolescentes. São Tomé e Princípe que tem como principais objectivos: (i) Identificar e caracterizar a população alvo; (ii) Analisar as situações socioeconómicas desse segmento populacional; (iii) Identificar os programas e iniciativas viradas para essa população e elaborar uma proposta de intervenção que se adequa às suas condições de vida; (iv) Avaliar o nível de participação juvenil no processo de desenvolvimento; (v) Formular de recomendações em relação às necessidades exprimidas pelos jovens e que possam servir tanto para a elaboração de um Plano Nacional de Desenvolvimento dos adolescentes e dos jovens como para a definição de uma resposta eficaz para a situação de pobreza socioeconómica actual. A abordagem quantitativa exaustiva centra-se muito particularmente na análise multivariada dos dados forjados através de um inquérito de cobertura nacional realizado junto a população-alvo, visando assim dar resposta de maneira tão objectiva quanto possível, entre outros, aos seguintes objectivos específicos do estudo: 1. Identificação / caracterização da população-alvo; 2. Suas principais características socioeconómicas (família, nível e qualidade de vida) 3. Opiniões e aspirações dos inquiridos em matéria de Educação / Formação / Emprego; 4. Conhecimentos e práticas em matéria da saúde sexual e reprodutiva 5. Conhecimentos, comportamentos e práticas em relação ao uso de NTICS, Lazer, Desporto e Substâncias Psicotrópicas 6. Conhecimentos, opiniões e expectativas em relação as performances, lacunas dos programas, estruturas e iniciativas existentes e/ou serem criados para a juventude santomense Metodologia O inquérito foi realizado nas 7 unidades territoriais da divisão político-administrativa, a partir de uma amostra representativa de 1805 adolescentes e jovens, desagregados por local de residência (44 localidades seleccionadas, ou seja 10% do total nacional), por sexo e por idade (grupada em três faixas etárias: 10-13 anos; 14-17 anos e 18-24 anos), tal como apresentado no Anexo 1.

vi

Expectativas, problemas e aspiracoes dos jovens e adolescentes. São Tomé e Princípe


O tipo de amostragem utilizada para a selecção das localidades é a designada amostragem empírica por quotas, efectuada de forma aleatória com probabilidade proporcional à dimensão da população. O erro relativo de amostra, para um grau de confiança de 95%, foi de 2,3% para uma população de 1800 indivíduos. O estudo foi suportado por um questionário estruturado (Anexo: ficheiro Excel), desagregado em 6 Módulos contendo cada um, em média, 8 perguntas na larga maioria de natureza fechada. No terreno (na ilha de São Tomé) as entrevistas tiveram uma duração de 15 dias e foram asseguradas por uma equipa de 16 inquiridores sob assistência de 4 supervisores; na RAP foram 3 dias de inquérito assegurado por uma equipa de 3 inquiridores e 1 supervisor. Todos os intervenientes foram submetidos a uma secção de capacitação, tal como detalhado no Anexo 3. A informatização de dados - através de um módulo informático concebido em ACCESS - foi progressiva e quotidiana, após codificação / controlo / validação dos questionários provenientes do terreno, pela equipa de coordenação. A digitação completa dos dados foi efectuada em três computadores por 3 digitadores dentre os quais um técnico informático (responsável pela equipa). Síntese dos resultados Importa frisar que os dados (absolutos e relativos) que sustentam os resultados das análises apresentadas neste relatório encontram-se disponíveis sob forma de Tabelas (Anexo: Ficheiro Excel) constituindo assim um documento complementar da Abordagem Quantitativa. a) Identificação / caracterização da população inquirida - Módulo 1 • No universo dos 1805 adolescentes e jovens inquiridos 896 (49,6%) são rapazes e 909 (50%) raparigas dentre os quais 31% são da faixa etária 10-13 anos, 28% da faixa intermediária (14-17 anos) e 41% têm a idade compreendida entre 18 e 24 anos. Um pouco mais de 87% têm o nível do ensino secundário (51% entre 5ª - 8ª classe e 36% entre 9ª - 12ª classe) e 64% residem nos dois distritos mais populosos do país, Água-Grande (39%) e Mé-Zóchi (25%), em oposição à RAP e à Caué com 4% e 3% respectivamente • A quase totalidade dos inquiridos, ou seja 97% sentem-se Santomenses (apenas 1,4% se consideram Cabo-Verdianos ou 0,4% Angolanos), 93% não são portadores de qualquer tipo de Deficiência e cerca de 80% declararam NÃO pertencer a qualquer tipo de organização / grupo. Na lista relativamente longa do que mais falta faz aos adolescentes e jovens o Expectativas, problemas e aspiracoes dos jovens e adolescentes. São Tomé e Princípe

vi


destaque vai para o Emprego e a Formação (1ª e 2ª posição: 24% e 10%, respectivamente) precedendo Família (8%;) e Bens Comuns + Habitação (6%). b) Família, Nível e Qualidade de vida - Módulo 2 • Os Inquiridos (57%) declararam sobretudo viver com os Pais (31%) ou com a Mãe (26%) ou ainda com Familiares (17%); os mesmos vivem em agregados familiares em que o chefe de família têm um nível de instrução que varia sobretudo entre 5ª-8ª classes (26%) e ensino primário (19%) sendo que 47% exercem profissões temerárias como Artesão / Pequenos Serviços (18%), Pequenos negócios (14%) ou ainda Trabalhador de Empresa (15%). • Trata-se de igual modo de famílias de baixo rendimento mensal (38% com montante inferior a 5 milhões de dobras, dentre os quais 21% igual ou inferior a 1.100.000 dobras) que se encontram sobretudo privadas, na opinião dos inquiridos, de Emprego (27%), Água potável (25%), Energia (12%) e Transporte/deslocações (10%). c) Educação, Formação e Emprego – Módulo 3 • Cerca de 70% dos adolescentes e jovens ainda prosseguem seus estudos contra 27% (496 ocorrências) que abandonaram a Escola, sobretudo na faixa etária 14-17 anos (45%); os dois principais motivos evocados são: “falta de condições financeiras” (237 inquiridos) e “Gravidez” (67 raparigas). • Exercer uma actividade laboral fora de casa é uma prática de 436 (24%) jovens que afirmaram ter começado a trabalhar sobretudo entre 14-17 anos (170 =39%) ou entre 18-24 anos (153 = 35%); dentre eles (i) 157 (36%) trabalham na vertente artesão/pequenos serviços; (ii) 68 (16%) em pequenos negócios (iii) ou ainda 60 (14%) na agricultura / pesca, actividades sobretudo de frequência quotidiana (57% dos respondentes) com um rendimento mensal, na essência, inferior à 1.100.000 dobras. • Em termos de aspirações os inquiridos manifestaram sobretudo o desejo de (i) concluir um “Curso Superior” (45%); (ii) de exercer uma profissão tal como “Executivo / Consultor” (42%) ou “Funcionário do Estado” (31%); (iii) usufruir de um rendimento mensal igual ou superior a 5 milhões de dobras (55%). d) Saúde Sexual e Reprodutiva – Módulo 4 • A Sexualidade - tema que poderá/deverá ser abordado nas escolas em especial entre 5ª classe (32% dos inquiridos) e 7ª classe (23%) - deveria ser praticada, na opinião de cerca de 49% de raparigas e rapazes, sobretudo à partir dos 18 – 24 anos; e é esta a faixa etária mais citada por 72% (361) dos 502 inquiridos (28% da amostra) que responderam a pergunta SR_03: Com que idade você iniciou o Acto Sexual? vi

Expectativas, problemas e aspiracoes dos jovens e adolescentes. São Tomé e Princípe


• Tratando-se da 1ª Gravidez (pergunta SR_04) apenas 156 raparigas (60% das que responderam à pergunta anterior: SR_03) declararam a idade com que ficaram grávida: entre 16-18 anos, para 53% das respondentes. Ainda sobre a Gravidez (na adolescência e indesejada) a sua prevenção, segundo os respondentes, passa nomeadamente: 1.

Pela Comunicação/Sensibilização (18%), Tomada de Pílulas (14%) ou ainda pela Uti-

lização de outros Métodos Contraceptivos (9%), para Gravidez na Adolescência 2.

Pelo Uso do Preservativo (62%) Tomada de Pílula (12%) ou de Injecções (10%) para

Gravidez Indesejada • No que toca as infecções sexualmente transmissíveis e o VIH/SIDA em especial, os resultados apurados apontam para um nível de conhecimento relativamente satisfatório dos inquiridos; constata-se no entanto, por um lado, que os jovens têm um conhecimento ainda limitado sobre a diversidade das ISTs e, por outro lado, que sobre o VIH/SIDA ainda persiste alguns preconceitos/suspeitas sobre as reais probabilidades da sua transmissão, nomeadamente através da doação do sangue. e) Novas tecnologias de informação e de comunicação, Lazer, Desporto, e Consumo de Substancias Psicotrópicas – Módulo 5 • Dentre os 902 (50%) dos adolescentes e jovens que afirmaram possuir Telemóvel / Smartphone ou Tablet 503, ou seja mais de metade (56%) utilizam-no para efectuar Chamadas (28%); a Internet é a segunda utilização mais citada por 272 (30%) respondentes, neste caso para efectuar Pesquizas (17%) ou para trocas nas Redes Sociais (13%). De salientar que uso do Computador é de conhecimento da maioria (55%) dos adolescentes e jovens que são de opinião que a abordagem das Novas Tecnologias de Informação e Comunicação nas Escolas deveria acontecer desde (i) 7ª classe (41%); (ii) 5ª classe (29%); (iii) ensino primário (18%); (iv) ou ainda na pré-escolar (10%) • No domínio do Desporto e Lazer o Futebol destaca-se como a prática desportiva mais corrente, citada por 57% dos inquiridos enquanto 28% outros afirmaram não praticar nenhuma modalidade desportiva; neste caso a sensibilização (20% de opiniões favoráveis) e a criação de infraestruturas desportivas (16%) poderiam constituir duas medidas a serem tomadas para incentivar a juventude à prática Desportiva. • No que se refere ao consumo de Bebidas Alcoólicas e de Substâncias Psicotrópicas, verifica-se que um pouco mais de metade dos inquiridos (52%), e independentemente da idade, afirmaram já ter consumido bebidas alcoólicas, com destaque para Cerveja (46%), Vinho de palma (29%) e Vinho (tinto ou branco) 12%. Tal já não sucede com o consumo de Substâncias Psicotrópicas em relação ao qual foram registadas apenas duas categorias similares de respostas (1: Não lhe Concerne e em alguns casos 2: Ausência de resposta) para as duas Expectativas, problemas e aspiracoes dos jovens e adolescentes. São Tomé e Princípe

vi


perguntas colocadas: T_11: Você FUMA? Se SIM, quantos cigarros ou maços de cigarro pode fumar por dia? T_12: Dentre as substâncias abaixo alistadas, quais são aquelas que já teria experimentado? f) Opiniões e percepções sobre iniciativas, programas e estruturas para jovens e adolescentes do País – Módulo 6 • Muito pouco são os jovens que afirmaram conhecer / ter ouvido falar de iniciativas e programas para jovens: foram no total 705 inquiridos (39%) dos quais apenas metade ou seja 353 citaram alguns nomes, relacionados com os Programas difundidos na TVS e direccionados para a juventude santomense. No entanto as opiniões encontram-se divididas em relação aos reais contributos destes Programas na resolução dos problemas e aspirações dos jovens: 28% admitem-no “Importante e decisivo” enquanto os outros 20% entendem que o mesmo é “Ainda Limitado ou Nulo”; 75 inquiridos (11%) não responderam a questão colocada; • “Nenhuma” é resposta predominante (46% da amostra) à pergunta sobre os contributos/ participação dos inquiridos (auto-avaliação) na resolução das expectativas, problemas e aspirações da juventude; neste caso a Informação / sensibilização” (citado por 60% dos respondentes) seguida muito distante de “Apoios / incentivos” (16%) e “Iniciativas / Criatividades” (13%), seriam as pistas mais indicadas para esclarecer e incentivar a participação da juventude nos programas e iniciativas existentes. • Por sua vez o “Emprego”, a associação “Álcool/Droga/ Substâncias psicotrópicas”, a “Delinquência” (muito alta e/ou em progressão para 90% dos respondentes) ou ainda a “Violência” foram apontados ao mesmo tempo como os maiores problemas da juventude e os principais domínios prioritários de intervenção do Governo em prol da melhoria geral da situação dos adolescentes e jovens santomenses. g) Efeitos ligados às variáveis-chave do estudo Na larga maioria dos temas abordados as opiniões, percepções, aspirações e alternativas apresentadas pelos adolescentes e jovens contêm diferenças relevantes (significativas, em várias ocasiões) consoante cada uma das três variáveis-chaves do estudo: SEXO, IDADE/FAIXA ETÁRIA e DISTRITO DE RESIDÊNCIA. Assim relativamente ao SEXO constata-se que rapazes e raparigas não partilham da mesma opinião nomeadamente sobre: • As principais necessidades e privações tanto individuais como as das famílias • As aspirações profissionais e rendimentos mensais vi

Expectativas, problemas e aspiracoes dos jovens e adolescentes. São Tomé e Princípe


• Algumas questões relacionadas com a saúde sexual e reprodutiva • Na prática desportiva e no consumo de bebidas alcoólicas • No conhecimento / participação nos programas e iniciativas-jovem A IDADE/FAIXA ETÁRIA interfere, entre outros, nos temas seguintes: • Nas principais necessidades individuais e familiares • Na continuação/conclusão dos estudos e nas aspirações profissionais • Em questões relacionadas com a saúde sexual e reprodutiva • Em alguns aspectos alusivos ao consumo de bebidas alcoólicas O DISTRITO DE RESIDÊNCIA constitui manifestamente principal factor de diferenciação dos conhecimentos, opiniões e aspirações dos inquiridos, na maioria dos temas abordados. As diferenças observadas colocam, de um modo geral, em patamares opostos os distritos de Água-Grande e Caué ou Água-Grande e Caué/RAP sendo que em algumas situações também se regista alguma aproximação entre Água-Grande e RAP. São os seguintes os factos mais relevantes constatados: • O distrito de Caué singulariza-se, entre outros, com maior proporção de adolescentes e jovens no destaque (i) do Emprego e da Formação como sendo as suas principais necessidades/privações; (ii) de Famílias nos dois escalões mais baixos de rendimento; (iii) de famílias com necessidades acrescidas em matéria de Energia, Emprego e Transporte; (iv) de Condições financeiras como principal factor de abandono escolar; (iv) de Funcionário de Estado como profissão que jovens mais aspiram exercer. De igual modo Caué encontra-se associado às mais baixas taxas de jovens (i) no ensino Secundário; (ii) com conhecimentos actualizados em matéria de saúde sexual e reprodutiva; (iii) no consumo de bebidas alcoólicas; (iv) na avaliação positiva “importante e decisivo” dos contributos das iniciativas e programas para juventude. • De um modo geral estas constatações ocorrem de maneira inversa Água-Grande e em certas circunstâncias em Lobata e na RAP onde, por exemplo, a percentagem de inquiridos no ensino secundário é superior a média nacional. A RAP evidencia-se de igual modo em matéria de conhecimento da população-alvo sobre a saúde sexual e reprodutiva ou ainda com as mais baixas taxas de avaliação pela positiva da maioria dos temas abordados no Módulo 6. Sobre este último particular regista-se tendencialmente o inverso em Lobata, distrito que também se destaca (i) pelas aspirações dos seus inquiridos em termos de profissão (48% aspira ser “Executivo… Consultor”); (ii) com maior percentagem de inquiridos (37,3%) no item “Emprego” considerado como o que mais falta lhes faz na vida.

Expectativas, problemas e aspiracoes dos jovens e adolescentes. São Tomé e Princípe

vi


1.

CAPÍTULO 1

Introdução

1.1 Considerações gerais A abordagem quantitativa-extensiva das ex-

qualitativa intensiva.

pectativas, problemas e aspirações da juven-

Assim os eventuais aspectos superficial-

tude santomense (dos 10-24 anos) tem como

mente abordados e/ou omissos no pre-

principal foco a realização de entrevistas in-

sente relatório poderão ser elucidados com

dividuais junto a uma amostra representati-

as informações decorrentes da abordagem

va da população-alvo, o que propicia maior

qualitativa, pelo que instamos à uma leitura

consistência e objectividade ao conjunto dos

tão sincronizada quanto possível das prin-

resultados, análises, lições, conclusões e

cipais constatações destas duas vertentes

recomendações alvejados.

complementares e que no entanto foram

É em todo caso nesta perspectiva, e em

agregadas num único relatório final. E neste

conformidade sobretudo com os principais

relatório final encontram-se detalhados os

objectivos específicos detalhados nos tdrs

objectivos (gerais e específicos) e os resulta-

que foi realizada esta vertente quantitativa

dos esperados com o estudo, o que explica a

do estudo em destaque que tem como com-

sua presente omissão.

plemento uma segunda vertente: abordagem

1.2 Metodologia 1.2.1 População e grupos-alvo do estudo

1.2.2 Amostragem: identificação das localidades e repartição da população-alvo

O inquérito foi realizado ao nível nacional,

1

ou seja nas 7 unidades territoriais da divisão

Constitui base de amostragem as 439

político-administrativa, a partir de uma amos-

localidades

tra representativa 1805 inquiridos obedecen-

7 unidades territoriais da divisão políti-

do as seguintes características:

co-administrativa do país, a partir das quais

- Perfil Global: adolescentes e jovens da faixa

foram extraídas 44 locais de residência. O

etária dos 10-24 anos

tipo de amostragem utilizada para a selecção

-Perfil Específico: (i) Sexo: Rapazes e

das localidades é a designada amostragem

Raparigas; (ii) Idade (Faixa Etária): 10-13

empírica por quotas, efectuada de forma

anos, 14-17 anos e 18-24 anos; (iii) Local de

aleatória com probabilidade proporcional à

residência: 44 localidades seleccionadas de

dimensão da população. O erro relativo de

acordo com a Amostragem

amostra, para um grau de confiança de 95%,

Expectativas, problemas e aspirações dos jovens e adolescentes. São Tomé e Príncipe

distribuídas ao nível das


foi de 2,3% para uma população de 1800

intervenientes foram submetidos a uma

indivíduos. O ficheiro em Anexo 1 contém a

secção de capacitação, tal como detalhado

repartição teórica dos inquiridos por sexo,

no Anexo 3.

faixa etária e por local/distrito de residência. 1.2.4 1.2.3 Técnica de recolha de dados e a orga-

Registo informático, compilação e

validação dos dados

nização do estudo no terreno A informatização de dados - progressiva O estudo foi suportado por um questionário

e quotidiana, após codificação / controlo /

estruturado (Anexo: Ficheiro Excel), de-

validação dos questionários provenientes do

sagregado em 6 Módulos contendo cada um, terreno - foi efectuada através de um móduem média, 8 perguntas na larga maioria de

lo informático concebido em ACCESS, em

natureza fechada; o guião de preenchimento

três computadores por 3 digitadores dentre

das respostas é apresentado no Anexo 2.

os quais um técnico informático (responsável

No terreno (na ilha de São Tomé) as

pela equipa). Os dados digitados foram

entrevistas tiveram uma duração de 15 dias

regularmente (de 3 em 3 dias) submetidos a

(entre 21 de Outubro e 4 de Novembro) e

depuração / análise coerência seguidos de

foram asseguradas por uma equipa de 16 in-

validação e compilação (criação de base de

quiridores sob assistência de 4 supervisores;

dados). A fase seguinte consistiu na “con-

na RAP foram 3 dias de inquérito (11, 12 e 13

versão” deste conjunto de informações em

de Novembro) assegurado por uma equipa

tabelas de dados (absolutos e relativos) que

de 3 inquiridores e 1 supervisor. Todos os

sustentaram as análises efectuadas.

Expectativas, problemas e aspirações dos jovens e adolescentes. São Tomé e Príncipe

2


2.

CAPÍTULO 2

Realização do inquérito

2.1 Acções preliminares 2.1.1 Formação de Inquiridores e

2.1.2 Realização do Inquérito Piloto

Supervisores A formação visava muito particularmente ca-

O Inquérito Piloto foi realizado no dia 17 de

pacitar os Inquiridores e Supervisores selec-

Outubro em três localidades do Distrito de

cionados na metodologia e técnicas adequa-

Água-Grande junto a 35 inquiridos, com a

das as abordagem das entrevistas de acordo

participação de 5 inquiridores e 1 supervisor;

com os conteúdos do Questionário e com

os resultados obtidos não orientaram para

os principais objectivos do inquérito. A ses-

ajustamentos relevantes na versão inicial do

são de formação teve lugar nas instalações

Questionário.

da FONG, no Sábado dia 15 de Outubro de 2016 das 09h as 13h 30, tal como espelhado no Anexo 3

2.2 Inquérito no terreno (realização das entrevistas) 2.2.1 Constituição/Repartição das Equipas

alvejada.

de Inquirição / Supervisão

2.2.2 Realização das Entrevistas

Em São Tomé os 16 inquiridores trabalharam em dupla (2 indivíduos) nos arredores

As entrevistas tiveram lugar no período com-

de uma mesma localidade sendo que esta,

preendido entre 21 de Outubro e 4 de No-

em função do número de inquiridos, pode-

vembro em São Tomé e nos dias 11, 12 e 13

ria constituir área de jurisdição de várias

de Novembro na RAP; elas foram agrupas

pares de inquiridores. Por sua vez cada su-

por distrito e realizadas na seguinte ordem

pervisor tinha como atribuição inspeccionar,

e duração: Água-Grande (6 dias), Mé-Zóchi

apoiar, corrigir e validar os questionários

(4 dias); Caué-Cantagalo (2,5 dias); Lem-

preenchidos diariamente por 2 inquiridores.

bá-Lobata (2,5 dias); RAP (3 dias). A técnica

A supervisão dos questionários e do inquéri-

de recolha de dados utilizada foi a entrevista

to também foi assegurada pela equipa de

face a face, que – no que concerne os in-

Coordenação que permitiu, entre outros, que

quiridos com menos de 18 anos - foi efectua-

os procedimentos e métodos recomendados

da com o consentimento prévio da criança e

para a recolha de dados fossem seguidos e

sobretudo do seu encarregado de educação.

que dados recolhidos fossem de qualidade 3

Expectativas, problemas e aspirações dos jovens e adolescentes. São Tomé e Príncipe


CAPÍTULO 3

Análise dos resultados

3.

3.1 MÓDULO 1: Dados individuais e socio-demográficos Objectivo Geral: Determinar as principais características sociodemográficas dos adolescentes e jovens santomenses dos 10 – 24 anos, através da sua distribuição (simples e cruzada) por Sexo, Faixa Etária, Escolaridade, Descendência, Distrito de Residência, Deficiência e Privações (versus principais necessidades declaradas) 3.1.1 Caracterização dos inquiridos (estatística uni-variada) a) Perfil dos inquiridos segundo SEXO: I01_Sexo I_01: Sexo

Inquiridos

Percentagem

1: Masculino

896

49,64%

2: Feminino

909

50,36%

O inquérito abrangeu um universo de 1805 adolescentes e jovens, com uma repartição equilibrada por sexo: 896 (49,6%) Rapazes e 909 (50,4%) Raparigas

b) Perfil dos inquiridos por FAIXA ETÁRIA: I02_ Faixa Etária I_02: Faixa etária

Inquiridos

Percentagem

1: 10-13 anos

554

30,7%

2: 14-17 anos

510

28,3%

3: 18-24 anos

741

41,1%

A amostra obedeceu à seguinte distribuição: • 30.7%: população mais jovem, ou seja faixa etária 10-13 anos; • 28.3%: adolescentes da faixa etária intermediária: 14-17 anos; • 41.1%: jovens de idade compreendida entre 18 e 24 anos Esta distribuição está conforme a estrutura da população-alvo a nível nacional, de acordo com os dados disponibilizados pelo INE: 10 -13 anos = 31%; 14-17 anos = 28%; 18-24 anos = 41%

c) Distribuição dos inquiridos por DISTRITO DE RESIDÊNCIA: Q02_ Distrito 7: RAP 4: Lembá 71; 4% 149, 8%

8: Caué 62; 3%

2: Cantagalo 175; 10% 5: Lobata 194; 11%

1: Água-Grande 696; 39% 6: Mé-Zóchi 458; 25%

A repartição dos Inquiridos por Distrito de residência (Gráfico 3.1.1 c) está conforme a estrutura da população nacional; os distritos mais representativos são os mais populosos, ou seja Água-Grande e Mé-Zóchi que agregam 64% da população-alvo (39% e 25%, respectivamente). Lobata e Cantagalo vêm a seguir, com respectivamente 11% e 10% contra apenas 4% para a Região Autónoma de Príncipe e 3% para Caué

Gráfico 3.1.1 c: Inquiridos por DISTRITO DE RESIDÊNCIA

Expectativas, problemas e aspirações dos jovens e adolescentes. São Tomé e Príncipe

4


d) Perfil dos inquiridos por NÍVEIS DE ESCOLARIDADE: I03_ Escolaridade

5ª - 8ª

Os dados do gráfico 3.1.1 d revelam que a perclasse centagem de inquiridos NÃO ESCOLARIZADOS 51,3% 9ª - 12ª classe é insignificante: apenas 0,8% da população-al36,2% vo, cuja maioria (51,3%) encontra-se associada ao nível de ensino Secundário que vai de 5ª à 8ª Não Curso Primário Universitário escolarizados classe. É também no ensino Secundário (entre Profissional 1,7% 9,8% 0,8% 0,3% 9ª e 12ª classe) que se concentra a outra parte representativa da amostra (36,2%) perfazendo assim 87,4% ou seja 1578 inquiridos. Gráfico 3.1.1 d: Inquiridos por NÍVEIS DE ESCOLARIDADE

Os dados da Tabela 3.1.1 a seguir resumem as principais características dos inquiridos em função de quatro outras variáveis do Módulo 1.

Outras Variáveis do Módulo 1

Resultados Apurados

1

I_08: O que sente que mais falta lhe faz na sua vida?

O Emprego e a Formação surgem na 1ª e 2ª posição (24,3% e 10,0%, respectivamente) na lista do que mais falta faz aos adolescentes e jovens. A Família (8,1%;) vem em 3ª posição precedendo Bens Comuns + Habitação (6,0%) e Transporte (3,0%). Para 22,0% dos inquiridos essas necessidades são Outras enquanto 26,5% não responderam questão colocada.

2

I_04: Você se considera como: (1) Santomense; (2) Cabo-verdiano; (3) Angolano ou (4) de uma outra origem / nacionalidade

A quase totalidade (1742 = 96,5%) dos adolescentes e jovens inquiridos sentem-se Santomenses. Apenas 25 (1,4%) se consideram Cabo-Verdianos, 8 (0,4%) Angolanos contra 25 para Outra origem / nacionalidade. A Ausência de Resposta: 5 = 0,3%

3

I_07: Pertence a algum tipo de organização / grupo? Se SIM precisar CARIZ / NATUREZA

Cerca de 80% dos inquiridos declararam NÃO: pertencer a qualquer tipo de organização / grupo. Dentre os 317 (17,6%) que responderam pela afirmativa 257 (81%) evocaram os seguintes grupos: (1º) Músico-Cultural: 86 = 27,1%; (2º) Desportivo: 51 = 16,1%; (3º) Cariz Social: 34 = 10,7%; (4º) Sociedade Civil: 29 = 9,2%; (5º) Comunitário: 14 = 4,4%

4

No total 104 inquiridos (5,8%) declaram ser portadores de algum tipo I_06: É portador de algum de Deficiência; o NÃO representa 93% (1675). São as seguintes as tipo de Deficiência? Se deficiências apontadas: (1º) Visão: 41 = 39.4%; (2º) Locomoção SIM, qual (membro inf.): 10 = 9.6%; (3º) Audição: 4 = 3.9%; (4º) Locomoção (membro Sup.): 4 = 3.9% Outros: 16 = 15.4%

Tabela 3.1.1 Outras características da população-alvo (Módulo 1)

5

Expectativas, problemas e aspirações dos jovens e adolescentes. São Tomé e Príncipe


3.1.2 Analise Cruzada dos dados individuais e socio-demográficos Análise do perfil dos Inquiridos (Sexo, Faixa Etária e Escolaridade) consoante Distrito de Residência, Privações…

a) Nível Escolaridade por Sexo, Faixa Etária e Distrito de residência - Tanto a nível do Ensino Primário como no Secundário e no Universitário não existem diferenças significativas ligadas a género; constata-se apenas, no que se refere a população não escolarizada, que as raparigas apresentam um efectivo ligeiramente superior ao dos rapazes: 10 contra 4 ou seja, o que em termos percentuais corresponde a valores insignificantes: 1,1% para raparigas e 0,4% para rapazes. - Os níveis de escolaridade estão de modo geral em consonância com as faixas etárias da população-alvo. No entanto constata-se, facto inesperado, que no Ensino Primário os inquiridos mais idosos (18-24 anos) encontram-se em proporção superior a dos seus pares um pouco mais jovens (14-17 anos): 7,42% e 4,31% respectivamente - Embora o Secundário seja o nível de ensino predominante a sua repartição por Distrito de residência apresenta diferenças significativas, como se pode constatar na tabela a seguir:

Distrito

Total

5ª-8ª classe

9ª-12ª classe

RAP

90,1%

54,9%

35,2%

Lobata

89,7%

50,0%

39,7%

Água-Grande

88,4%

48,9%

39,5%

Lembá

86,6%

56,4%

30,2%

Mé-Zóchi

86,5%

48,9%

39,5%

Cantagalo

85,7%

60,6%

25,1%

Caué

80,7%

56,5%

24,2%

Tabela 3.1.2a Escolaridade “SECUNDÁRIO” por Distrito

Da Tabela 3.1.2a depreende-se, entre outros, o seguinte: • Água-Grande, Lobata e sobretudo RAP apresentam taxas de escolaridade no Secundário superior a média nacional; o inverso sucede com Caué • Água-Grande e Lobata são de igual modo os dois distritos com a maior proporção de jovens no “Secundário 2” ou seja 9ª-12ª classe em oposição a Caué e Cantagalo • Em contrapartida estes dois distritos (Caué e Cantagalo) apresentam maiores proporções de inquiridos no “Secundário 1” ou seja 5ª-8ª classe

Expectativas, problemas e aspirações dos jovens e adolescentes. São Tomé e Príncipe

6


b) Necessidades / Privações por Sexo, Faixa Etária e por Distrito de residência Em relação a pergunta colocada “O que sente que mais falta lhe faz na sua vida“ as opiniões de rapazes e raparigas não se sobrepõem, em termos de repartição percentual; é o que revela o gráfico 3.1.2b a seguir: Masculino

Média

Feminino

Com efeito em relação as duas primeiras necessidades apontadas (Emprego e Formação) bem como sobre a falta de Transporte a proporção dos rapazes é sempre superior tanto a Média quanto a das raparigas. O inverso sucede com Família, Bens comuns + Habitação e Outras necessidades, categorias que que foram proporcionalmente mais citadas por raparigas. Constata-se no entanto as necessidades invocadas obedecem a mesma ordem de prioridade para os inquiridos de ambos os sexos.

40 35 30 25 20 15 10 5 0

Emprego

Formação

Família

Bens de 1ª Transporte +habitação

Outras

Gráfico 3.1.2b Necessidades / Privações consoante SEXO

As necessidades e privações dos inquiridos variam significativamente em função da idade / faixa etária (Tabela 3.1.2c a seguir) • A falta de Emprego é substancialmente (63,8%) uma preocupação dos inquiridos mais idosos (18-24 anos): 63,8% contra 13,4% para os da faixa 14-17 anos e apenas 2,4% para os mais jovens (10-13 anos); • A segunda privação (Formação) foi proporcionalmente mais evocada pelos inquiridos da faixa 14-17 anos (20,8%) e os da faixa 10-13 anos (14,9%); de resto são estes dois grupos etários que mais citaram a Família, como sendo o que mais falta lhes faz; • As diferenças registadas a nível de Bens comuns + Habitação e Transporte são pouco relevantes.

I_08: O que sente mais falta lhe faz

10-13 anos

14-17 anos

18-24 anos

138

122

108

1: Bens 1ª + habitação

30

34

44

2: Família

72

43

31

3: Emprego

9

47

383

4: Formação

56

73

52

5: Transporte

20

18

16

188

136

74

0: Aus. Resposta

6: Outras (em branco) Total

41

37

33

554

510

741

Tabela 3.1.2c Necessidades / Privações por Faixa etária

A nível dos distritos de residência as diferenças registadas são, de um modo geral, pouco expressivas salvo para a Região Autónoma de Príncipe e CAUÉ e, cada um com as suas particularidades (Tabela 3.1.2d a seguir) I_08: O que sente que mais falta lhe faz

Emprego

Formação

Família

Bens / Transporte Outras habitação

Total

Água-Grande

32,9%

14,8%

10,2%

8,4%

4,6%

29,1%

100%

Cantagalo

36,1%

18,4%

10,2%

9,5%

4,1%

21,8%

Caué

25,0%

30,0%

20,0%

2,5%

5,0%

17,5%

Lembá

33,1%

12,4%

11,6%

9,1%

0,8%

33,1%

Lobata

37,3%

11,3%

14,7%

7,3%

4,0%

25,3%

Mé-Zóchi

35,1%

10,9%

9,5%

6,0%

2,9%

35,6%

RAP

13,4%

7,5%

11,9%

17,9%

11,9%

37,3%

Tabela 3.1.2d Necessidades / Privações por Distrito de residência

7

Expectativas, problemas e aspirações dos jovens e adolescentes. São Tomé e Príncipe


• Com efeito Caué evidencia-se com as percentagens mais elevadas de inquiridos nas categorias Formação (30%) e Família (20%) uma situação que concerne a RAP nas categorias Bens/Habitação (17,9%) e Transporte (11,7%). • De igual modo são nestas duas unidades territoriais em que a falta de Emprego foi proporcionalmente menos citada pelos inquiridos: 25% e 13,4% respectivamente. • De salientar a Família é uma privação evocada em maiores proporções em Caué (20%) e Lobata (14,7%) e em seguida na RAP (11,9%)

3.2 MÓDULO 2: Família, Nível e Qualidade de vida Objectivo Geral: Identificação / caracterização dos Inquiridos consoante o núcleo familiar (Composição, Nível e Qualidade de vida). Análise cruzada dos principais dados individuais / sociodemográficos (Sexo, Faixa Etária, Escolaridade e Distrito de Residência - Módulo 1) com os dados sobre a Família 3.2.1 Dados globais (estatística uni-variada) (estatística uni-variada) a) Principais características do núcleo familiar: perguntas F_01 a F_06 F_03: Vive com parceiro (idade)

Inquiridos Percentagem

0: Aus. Resposta

5

2,6%

1: 10-13 anos

3

1,6%

30,5%

2: 14-17 anos

82

42,7%

477

26,4%

3: 18-24 anos

102

53,1%

2: Pai

174

9,6%

Total

192

100,0%

3: Familiar

305

16,9%

4: Sózinho

88

4,9%

5: Parceiro

192

10,6%

6: Outra

14

0,8%

Total

1805

100,0%

F_01: Com quem mora

Inquiridos

Percentagem

0: Aus. Resposta

4

0,2%

1: PAIS

551

2: Mãe

Diagrama 3.2.1a Principais características do núcleo familiar da população-alvo

F_04: Idade com Inquiridos que teve o 1º filho

Percentagem

0: Aus. Resposta

600

33,2%

1: 10-13 anos

2

0,1%

2: 14-17 anos

65

3,6%

3: 18-24 anos

119

6,6%

1019

56,5%

1805

100,0%

F_06: Sexo do chefe de família

Inquiridos

Percentagem

4: Não lhe concerne

0: Aus. Resposta

4

0,2%

Total

1: Homem

1060

58,7%

2: Mulher

741

41,1%

Total

1805

100,0%

Os Inquiridos, na sua maioria relativa (57%), declararam sobretudo viver ou com os Pais (30,5%) ou com a Mãe (26,4%) ou ainda com Familiares (17%) ou com Parceiro(a): 10,6%. Trata-se, de um modo geral, de núcleos familiares no qual o Chefe de família é um Homem (58,7%) excepto, obviamente, para os inquiridos que encontram sob a responsabilidade exclusiva da Mãe. Para os 192 jovens que vivem com parceiro (a) a vida marital começou sobretudo entre 1824 anos (102 respondentes) enquanto 82 começaram na faixa 14-17 anos. No universo da amostra, 63 jovens (3,6%) tiveram o primeiro filho na faixa 14-17 anos e 119 (6,6%) o tiveram entre 18 – 24 anos. Expectativas, problemas e aspirações dos jovens e adolescentes. São Tomé e Príncipe

8


b) Perfil Socioeconómico da Família dos Inquiridos F_08: Nível de instrução do chefe de família

Inquiridos

Percentagem

0: Aus. Resposta

560

31,0%

1: Não freq. Escola 47

2,6%

F_010: O que mais Inquiridos falta faz à famíla

Percentagem

3,9%

2: Primário

342

18,9%

0: Aus. Resposta

127

7,0%

13,7%

3: Secund 1 (5ª-8ª)

473

26,2%

1: Energia

222

12,3%

4: Secund 2 (9ª-12ª)

352

19,5%

2: Água potável

447

24,8%

116

6,4%

8

0,4%

11,9%

5: Curso Professional

3: Alimentação + Refeição

6: Universitário

23

1,3%

277

15,3%

Total

1805

100,0%

221

12,2%

Inquiridos

Percentagem

7: Executivo / Consultor

24

1,3%

F_09: Rendimento familiar em 1000 Dbs 0: Aus. Resposta

888

49,2%

8: Outros

373

20,7%

1: <=1.100

373

20,7%

Total

1805

100,0%

2: ] 1. 100 - [2. 500

304

16,8%

3: ]2. 500 - [5. 000

162

9,0%

4: >= 5. 000

78

4,3%

Total

1805

100,0%

F_07: Profissâo do chefe de famíla

Inquiridos

Percentagem

0: Aus. Resposta

71

1: Pequenos negócios

248

2: Empresário

45

2,5%

3: Artesão + Pequenos Serviços

331

18,3%

4: Agricultura + Pesca

215

5: Trab. Empresas 6: Funcionário Estado

4: Melhor Emprego 479

26,5%

5: Melhor acesso Saúde

88

4,9%

6: Transporte + deslocação

185

10,2%

7: Outros

141

7,8%

Total

1805

100,0%

Diagrama 3.2.1b Perfil Socioeconómico da Família dos Inquiridos

Os chefes de família têm um nível de instrução que varia sobretudo entre 5ª-8ª classes (26,2%) e o ensino primário (18,9%) sendo que quase metade (47,4%) exerce profissões temerárias como Artesão / Pequenos Serviços (18,3%), Pequenos negócios (13,7%) ou ainda Trabalhador de Empresa (15,3%). São dados que corroboram o registo de um baixo rendimento familiar (inferior a 5 milhões de dobras) concernente 38% das famílias dentre as quais 21% usufruem de um rendimento mensal igual ou inferior a 1.100.000 dobras. Desde logo as privações / necessidades básicas das famílias são manifestas e concernem em primeira instância, segundo os inquiridos, o Emprego (27%) e a Água potável (25%) seguida de Energia (12,3%) e Transporte/deslocações (10,2%).

3.2.2 Analise Cruzada de dados Análise das principais respostas consoante Sexo, Faixa Etária e Distrito de Residência a) GÉNERO e as respostas dos Inquiridos

F_01: Com

quem

mora

Pais

Pai

Sozinho

Masculino

33%

13%

Feminino

28%

7%

SEXO

F_03: Vive com Parceiro (Idade) F_10: O que mais 14-17 anos

18-24 anos

Água potável

Transporte + deslocação

7%

8%

88%

22%

12%

3%

48%

48%

27%

8%

Tabela 3.2.2 a Módulo 2 - Repartição das respostas em função do SEXO

9

falta à Família

Expectativas, problemas e aspirações dos jovens e adolescentes. São Tomé e Príncipe


As respostas dos rapazes e raparigas diferem substancialmente a nível de alguns itens relacionados com três perguntas (Tabela 3.2.2a): F_01: Com quem mora Os rapazes são proporcionalmente mais numerosos nas respostas: Pais, Pai e Sozinho F_03: Tinha quantos anos quando começou a viver o seu parceiro pela 1ª vez? A larga maioria dos respondentes do sexo masculino (88%) encontra-se na faixa 18-24 enquanto a faixa 14-17 anos encontra-se sobretudo associada ao sexo feminino (48%), não obstante esta proporção ser a mesma para a faixa 18-24 anos. F_10: O que mais falta faz à Família Rapazes e raparigas não têm a mesma opinião sobre a importância da Água potável e de Transporte / Deslocação para as famílias: para as raparigas o foco das necessidades é a Água potável (27% contra 22% para rapazes) enquanto estes últimos destacam Transporte / Deslocação (12% contra 8% para o sexo feminino).

b) Respostas dos inquiridos por IDADE / FAIXA ETÁRIA 40 1: Energia

4: Melhor Emprego

30

20

10

0

10 - 13 anos

14 - 17 anos

18 - 24 anos

Gráfico 3.2.2b Interferência da Faixa etária nas respostas a pergunta F_10

Nas respostas às perguntas do Módulo 2: Família, Nível e Qualidade de vida a idade/faixa etária interfere unicamente em dois itens da pergunta F_10 (o que mais falta faz à Família): Emprego e Energia. Neste particular, constata-se que o Emprego, que constitui uma preocupação de todos os inquiridos, encontrara-se sobretudo associado aos respondentes da faixa 18-24 anos; por sua vez a Energia foi ligeiramente mais indicada pelos mais jovens (10-13 anos). Expectativas, problemas e aspirações dos jovens e adolescentes. São Tomé e Príncipe

10


c) Repartição das respostas dos Inquiridos consoante DISTRITO DE RESIDÊNCIA F_09: Rendimento familiar em 1000 Dbs

ÁguaGrande

Cantagalo Caué

Lembá

Lobata

Mé-Zóchi

RAP

0: Aus. Resposta

366

110

18

76

82

231

5

<=1.100

136

27

15

28

42

115

10

1. 100 - 2. 500

95

26

18

22

39

66

38

2. 500 - 5. 000

66

7

8

18

22

30

11

>= 5. 000

33

5

3

5

9

16

7

Total

696

175

62

149

194

458

71

F_10: O que mais falta faz à famíla

ÁguaGrande

Cantagalo Caué

Lembá

Lobata

Mé-Zóchi

RAP

Aus. Resposta

75

7

4

4

10

21

6

Energia

79

18

14

21

16

65

9

Água potável

125

56

9

45

63

142

7

Alimentação + Refeição

40

12

2

17

11

28

6

Melhor Emprego

205

47

21

41

55

109

1

Melhor acesso Saúde

46

7

1

4

7

22

1

Transporte + deslocação

83

17

8

12

23

40

2

Outros

43

11

3

5

9

31

39

Total

696

175

62

149

194

458

71

Diagrama 3.2.2c Módulo 2 - Repartição das respostas consoante DISTRITO DE RESIDÊNCIA

As variações relevantes de resposta consoante Distrito de residência estão mais patentes nas perguntas F09 e F_10 F_09: RENDIMENTO Familiar em 1000 Dbs O distrito de Caué singulariza-se nesta (e em várias outras situações) com uma das maiores percentagens de Famílias nos dois escalões mais baixos de rendimento (média = 26,5%). No entanto as percentagens mais elevas concernem a RAP (54% para o 2º escalão 1.1002.500) e Mé-Zóchi (25% para o escalão mais baixo: ≤ 1.100). F_10: O que mais falta faz à Família A dispersão de valores percentuais revela a diversidade/associação de privações das famílias, de um distrito a outro. Da síntese das diferenças espelhadas destaca-se, entre outros, o facto que Caué é o distrito que encontra-se mais associado a três das quatro privações apontadas enquanto na RAP se regista o inverso.

11

Expectativas, problemas e aspirações dos jovens e adolescentes. São Tomé e Príncipe


3.3 MÓDULO 3: Educação, Formação e Emprego Objectivo Geral: Abordagem da situação actual da população-alvo em relação a Educação (nível e frequência escolar), Formação e Emprego bem como as expectativas e aspirações que os mesmos têm sobre a matéria. Análise cruzada das principais informações provenientes do Módulo 3 com as perguntas-chave dos Módulos 1 e 2. 3.3.1 Caracterização dos inquiridos (estatística uni-variada) a) E_01 – Identificação das possíveis causas de abandono escolar

E_01: Ainda é aluno/estuda?

Inquiridos

Percentagem

Aus. Resposta

36

2,0%

Sim

1250

69,3%

Gravidez

66

3,7%

Condições financeiras

237

13,1%

Escola distante

20

1,1%

Concluiu Estudos

23

1,3%

Outras

173

9,6%

Total Geral

1805

100,0%

Deixou de estudar

Tabela 3.3.1 a Frequência escolar e principais razões do abandono escolar

Mais de dois terços (69,3%) da população inquirida ainda estuda; os que deixaram de estudar mencionam como principal motivo para abandono escolar as condições financeiras (13,1%), uma percentagem quase quatro vezes superior a de gravidez que surge em segunda posição agregando 3,7% dos inquiridos. A distância casa-escola foi citada por apenas 20 respondente (1,1%) contrariamente aos 173 (9,6%) que optaram pela resposta outros motivos (tabela 3.3.1a, acima).

10-13 anos 106

14-17 anos 235 21%

Ausência de resposta 43

45%

8% 26%

18-24 anos 135

Os dados do gráfico 3.2.1b revelam que 45% dos adolescentes/jovens que na pergunta anterior afirmaram ter deixado a escola, fizeram-no sobretudo quando tinha entre 14-17 anos. Os que deixaram a escolar na faixa 18 – 24 anos representam 26% do efectivo contra 21% para a faixa 10 – 13 anos. Consta, por outro lado, que 43 inquiridos (8%) não responderam a questão colocada.

Gráfico 3.3.1 b Idade/Faixa etária que deixam a escola

Expectativas, problemas e aspirações dos jovens e adolescentes. São Tomé e Príncipe

12


c) Principais aspirações dos adolescentes/jovens E_03 – nível máximo de escolaridade que pretende atingir 40 Curso profissional

35

30,3%

30

Terminar secundário

25

20,6%

20

Licenciatura

18,2%

Doutoramento

17,0%

15

Mestrado

9,9%

10 5

Gráfico 3.3.1 c.1 Nível máximo de escolaridade pretendido

0

No âmbito de uma análise desagregada (por itens) constata-se que os adolescentes e jovens inquiridos manifestaram sobretudo o desejo de realizar cursos profissionais (30%) ou terminar o ensino secundário (20,6%). Mas na realidade os respondentes na sua maioria relativa (45,2%) pretendem / pretenderiam concluir um curso superior: ou Licenciatura (18,2%) ou Doutoramento (17%) ou Mestrado (9,9%) E_04 – Profissão que o adolescente/jovem aspira exercer durante a vida activa 50% Executivo 7 Consultor 40%

30%

20%

10%

Trabalhador de Empresa Pequenos negócios

0,0% Funcionário de Estado

Artesão + Pequenos Serviços

Agricultura + Pesca

Empresário

Outros

Tabela 3.3.1c.2 Profissão que o adolescente/jovem aspira exercer

Em termos de aspirações profissionais, os inquiridos pretendem essencialmente ser Executivo / Consultor (42,4%) ou Funcionário do Estado (31%). Muito menos representativas das aspirações dos adolescentes/jovens são as profissões como trabalhador de empresas (8,8%), ser artesão dedicar-se a pequenos serviços (6,1%) ou ainda as outras profissões mencionadas em proporções insignificantes, tal como pode constatar no gráfico 3.3.1c.2.

13

Expectativas, problemas e aspirações dos jovens e adolescentes. São Tomé e Príncipe


E_05: Rendimento mensal que aspira usufruir no exercício da profissão E_05: Rendimentos que aspira

Inquiridos

Percentagem

Aus. Resposta

194

10,7%

< 5 Milhões

614

34,0%

5 M - 10 Milhões

485

26,9%

10 M - 20 Milhões

301

16,7%

>= 20 Milhões

211

11,7%

Total Geral

1805

100,0%

Tabela 3.3.1c.1 Rendimento mensal individual pretendido

Cerca de 34% dos adolescentes/jovens inquiridos aspiram ter um rendimento mensal inferior a cinco milhões de dobras (34,0%): Certo é, no entanto, que mais de metade dos respondentes (55,2%) pretendem usufruir de um rendimento igual ou superior a 5 milhões de dobras, com as seguintes particularidades. (i) 26,9% aspiram ter entre 5-10 milhões (ii) 16,7% entre 10-20 milhões e (iii) 11,7% mais de 20 milhões. Outras questões relacionadas com actividade laboral dos adolescentes e jovens Outras Variáveis do Módulo 1

Resultados Apurados

Outras Variáveis do MóduResultados Apurados lo 3 E_06: Exerce habitualmente alguma actividade fora de casa (pago ou não pago)

A maioria (1315 = 72,9%) dos adolescentes e jovens inquiridos afirma não exercer qualquer actividade laboral fora de casa com ou sem remuneração contra 436 (24,2%) que afirmaram o contrário; os restantes (54=3%) não responderam a essa questão.

2

E_07: Que actividade / profissão exerce?

Dos 436 que afirmaram exercer uma profissão fora de casa, 157 (36,01%) realizam-na na vertente artesão/ pequenos serviços; 68 (15,6%) em pequenos negócios; 60 (13,8%) na agricultura e a pesca e 52 (11,9%) trabalham em empresas. As outras profissões agregam 49 (11,2%) dos inquiridos enquanto 50 outros (11,5%) não responderam.

3

E_08: está satisfeito com a profissão que exerce?

A maioria (273=62,6%) dos adolescentes e jovens que exerce actividade profissional fora de casa manifestou-se satisfeita com a profissão exercida contra 145=33,3% que afirmam não estar satisfeitos e 18 = 4,1% não responderam.

4

Dos 436 adolescentes/jovens que exercem actividade profissional fora de casa 251 (57,6%) realiza-as todos os dias contra 116 (26,6%) que E_09: Com que frequência as executa de modo irregular e ainda 38= 8,7% e 22 = 5,0% que as exerce esta profissão? realiza os fins-de-semana e durante as férias, respectivamente. A não resposta representa 2,1% (9).

5

E_10: Qual é o seu RENDIMENTO mensal (em Milhões de Dobras)?

Os dados revelam que mais de metade (232=53,2%) dos adolescentes e jovens que trabalham fora de casa têm rendimentos inferiores a 1 100 000; 90 (20,6%) entre 1 100 000 e 2 500 000 e 23 (5,3%) entre 2 500 000 e 5 000 000. Apenas 10 (2,3%) dos inquiridos têm rendimentos superiores a 5 000 000.

6

E_11: Com que idade começou a trabalhar?

Os dados revelam que 170 (39%) dos adolescentes e jovens começaram a trabalhar entre os 14 – 17 anos; 153 (35,1%) começaram as suas actividades entre 18 - -24 anos; 87 (20,0%) começaram com idade entre 10 – 13 anos e 26 (6%) não responderam.

1

Tabela 3.1.1c.2 Outras características dos inquiridos (Módulo 3) Expectativas, problemas e aspirações dos jovens e adolescentes. São Tomé e Príncipe

14


3.3.2 Analise Cruzada de dados do Módulo 3 com Perguntas-chave dos Módulos 1 e 2 Análise das opiniões e aspirações dos inquiridos consoante Sexo, Faixa Etária e Distrito de Residência a) GÉNERO e as respostas dos Inquiridos

Pergunta

Profissão que deseja/aspira exercer

Redimento mensal que aspira usufruir no exercício da profissão

< 5 Milhões >= 20 Milhões

Exerce habitualmente alguma actividade for a de casa

Sim

Rendimento pessoal mensal

Com que idade começou a trabalhar

Resposta

Funcionário de Estado

≤1.100 1.1002500

14-17 anos

Masculino

22%

30%

15%

34%

17%

8%

15%

Feminino

39%

38%

9%

14%

9%

2%

4%

Tabela 3.3.2 a Módulo 3 - Repartição das respostas em função do SEXO

Rapazes e Raparigas não partilham da mesma opinião em alguns itens de respostas referentes a cinco perguntas seguintes: E_04: Profissão que deseja/aspira exercer o mais tempo Ser Funcionário de Estado é sobretudo um desejo das raparigas: 39% contra 22% para rapazes E_05: Rendimento mensal que aspira usufruir As expectativas das raparigas são mais moderadas: o montante mais baixo inferior a 5 milhões de dobras lhes concerne a 38% contra 30% para rapazes enquanto o inverso sucede com o rendimento mais elevado superior ou igual a 20 milhões de dobras. E_06: Exerce habitualmente alguma actividade fora de casa (pago ou não)? Os rapazes são proporcionalmente mais numerosos na resposta pela afirmativa: 34% contra 14% para as raparigas E_ 10: Qual é o seu RENDIMENTO mensal (em Milhões de Dobras)? Nos dois escalões mais baixos de rendimento ou seja ≤ 1.100 e 1.100 - 2.500 a percentagem de rapazes é superior a de raparigas E_11: Com que idade começou a trabalhar? Em dados absolutos constata-se que dentre os 170 inquiridos que decalcaram ter começado a trabalhar na idade compreendida entre 14-17 anos, 136 são do sexo masculino contra apenas 34 do sexo feminino.

15

Expectativas, problemas e aspirações dos jovens e adolescentes. São Tomé e Príncipe


b) Respostas dos inquiridos por IDADE / FAIXA ETÁRIA A Idade (faixa etária) intervém na diferenciação das opiniões e aspirações dos inquiridos nos temas seguintes: E_01: O Abandono Escolar Recorda-se que 519 inquiridos (29%) declararam ter deixado a Escola; dentre as razões evocadas destaca-se a falta de condições financeiras que foi mencionada por 25% dos respondentes da faixa etária 18-24 anos contra 8% (14-17 anos) e 2% (10-13 anos). E_03: Nível máximo de Escolaridade e E_04: Profissão que deseja/aspira exercer Terminar o Ensino Secundário (25%) e Ser Funcionário de Estado (38%) constituem duas aspirações sobretudo dos inquiridos mais jovens (10-13 anos) enquanto os seus pares dos 14-17 anos são proporcionalmente mais numerosos a pretender atingir o nível Doutoramento (20%) e exercer a profissão de Executivo… Consultor. E_06: Exerce habitualmente alguma actividade fora de casa (pago ou não)? Dentre os 436 inquiridos que responderam pela afirmativa a questão colocada 318 (73%) são da faixa etária 18-24 anos contra 85 (19%) e 33 (8%) respectivamente para as faixas 14-17 anos e 10-13 anos. c) Repartição das respostas dos Inquiridos consoante DISTRITO DE RESIDÊNCIA Pergunta E_01: Abandono Escolar E_03: Escolaridade máxima a atingir E_04: Profissão que deseja/ aspira exercer E_11: Com que idade começou a trabalhar

Resposta

ÁguaGrande

Cantagalo Caué

Lembá

Lobata

Mé-Zóchi

RAP

Condições financeiras

9%

15%

24%

20%

13%

16%

6%

Terminar secundário

19%

15%

27%

23%

21%

24%

10%

Funcionário de Estado

24%

43%

55%

38%

32%

29%

49%

Executivo / Consultor

46%

33%

23%

39%

48%

42%

39%

14-17 anos

7%

8%

5%

9%

9%

14%

13%

Tabela 3.3.2c Módulo 3 - Repartição das respostas em função do DISTRITO DE RESIDÊNCIA

Observa-se diferenças relevantes de opiniões e aspirações dos inquiridos em função do distrito de residência nas seguintes situações: E_01: O Abandono Escolar A RAP (6%) e Água Grande (9%) são os “Distritos” de residência menos afectos pelas situações de abandono escolar devido “falta condições financeiras” E_03: Nível máximo de Escolaridade “Terminar o Ensino Secundário” é uma aspiração sobretudo dos inquiridos dos distritos de Caué (27%) e de Mé-Zóchi (24%).

Expectativas, problemas e aspirações dos jovens e adolescentes. São Tomé e Príncipe

16


E_04: Que profissão deseja/aspira exercer “Ser Funcionário de Estado” é um desejo manifesto sobretudo pelos adolescentes e jovens de Caué (55%) e da RAP (49%) enquanto exercer a profissão de “Executivo… Consultor” concerne sobretudo os que residem em Lobata (48%) e Água-Grande (46%). E_ 11: Com que idade começou a trabalhar? Os inquiridos que começaram a trabalhar na idade compreendida entre 14-17 anos são ligeiramente mais numerosos em Mé-Zóchi e na RAP. 14-17 anos e 10-13 anos.

3.4 MÓDULO 4: Saúde Sexual e Reprodutiva Objectivo Geral: Avaliar o nível de conhecimentos bem as atitudes e práticas dos adolescentes e jovens em relação as questões que se prendem com a Saúde Sexual e Reprodutiva incluindo a Gravidez na adolescência e as Infecções Sexualmente Transmissíveis (+ VIH/SIDA). Análise cruzada das principais informações do Módulo 4 com as perguntas-chave dos Módulos 1 e 2 3.4.1 Dados globais sobre os inquiridos (estatística uni-variada SR_01 a SR_08) a) SR_01: Nas Escolas a Sexualidade pode/deve ser abordada à partir de que classe? SR_01: Sexualidade na Escola

Inquiridos

Percentagem

Ensino Primário

303

16,8%

5ª Classe

584

32,4%

7ª Classe

417

23,1%

9ª Classe

359

19,9%

Nunca

41

2,3%

Ausência de Resposta

101

5,6%

Total

1805

100%

Tabela 3.4.1a Sexualidade nas escolas

17

Expectativas, problemas e aspirações dos jovens e adolescentes. São Tomé e Príncipe

Para a maioria dos inquiridos a Sexualidade nas escolas pode/deve ser abordada entre 5ª classe (32,4%) e 7ª classe (23%). Mas para os 20% outros o tema só pode/deve ser abordado à partir da 9ª classe, opondo-se assim aos 17% que admitem que o mesmo possa ocorrer desde o ensino primário. Apenas 2,3% dos inquiridos não são favoráveis a abordagem da sexualidade nas escolas.


b) SR_02: A partir de que idade os Jovens iniciam o Acto Sexual? Rapaz

Para cerca de metade da população-alvo a sexualidade poderá ser iniciada entre os 18 – 24 anos, tanto para RAPAZES (48,1% dos inquiridos) como para RAPARIGAS (49,6%). No entanto a faixa etária 14-17 anos também seria a mais indicada para RAPAZES, na opinião de 17,8% dos inquiridos contra 13,6% para RAPARIGAS. A faixa etária 10-13 anos foi de igual modo citada, mas numa proporção sem expressão e com a particularidade das RAPARIGAS serem quase duas vezes mais apontadas: 6,5% contra 3,9% para RAPAZES.

Rapariga

50

40

30

20

10

0

10 - 13 anos

14 - 17 anos

18 - 24 anos

Não responde

Gráfico 3.4.1 b Idade/Faixa etária para início da sexualidade

c) SR_03: Você iniciou o Acto Sexual, com que idade? Total

≤ 11 anos

502

2%

27,8% dos

2%

3%

4%

8%

14%

17%

22%

19%

8%

4%

inquiridos

10

15

19

40

69

86

112

93

39

19

12 anos

13 anos

14 anos

15 anos

16 anos

15%

17 anos

18 anos

72%

19 anos ≥ 20 anos

8%

4%

Tabela 3.4.1c Idade de início do Acto Sexual

As idades compreendidas entre 15 e 18 anos foram as mais citadas, agregando 361 (72%) das 502 respostas apuradas; este último efectivo representa 27,8% do efectivo total dos inquiridos. De realçar que 15% dos respondentes afirmaram ter iniciado a sexualidade entre os 12-14 anos enquanto12% tê-lo-iam feito após os 18 anos. Por sua vez 10 inquiridos (2%) alegaram ter iniciado o acto sexual com menos de 12 anos, tendo sido registado 6 casos com 10 anos e 1 com 9 anos.

d) SR_04: Com que idade ficou grávida pela 1ª vez? Total 156 / 260

≤ 14 anos

14 anos

3,8%

15 anos

16 anos

12,8%

17 anos

18 anos

19 anos

53,2%

20 anos

≥ 21 anos

20,5%

9,6%

60% das

6

7

13

20

30

33

14

18

15

raparigas

3,8%

4,5%

8,3%

12,8%

19,2%

21,2%

9,0%

11,5%

9,6%

Tabela 3.4.1d Idade com que ficou grávida pela 1ª vez

Expectativas, problemas e aspirações dos jovens e adolescentes. São Tomé e Príncipe

18


Apenas 156 raparigas (60% das respondentes à pergunta anterior: SR_03) declararam a idade da sua primeira gravidez. Dentre elas 53,2% ou seja a maioria afirmou ter ficado grávida pela 1ª vez quando tinha entre 16 – 18 anos (esta última idade é a mais representativa: 21,2%). Cerca de 30% das respondentes alegaram ter tido a 1ª gravidez com mais de 18 anos contra 12,8% entre 14115 anos. Seis raparigas (3,8% deste efectivo) afirmaram ter ficado grávida pela primeira vez com menos de 14 anos. e) SR_05: O que acha que se pode/deve fazer para reduzir o nº de casos de Gravidez na Adolescência? SR_05: Como Reduzir Gravidez Precoce

Inquiridos

Percentagem

Comunicação / Sensibilização

317

17,6%

Tomar Pílulas

259

14,3%

Outros métodos contraceptivos

161

8,9%

Abstinência

45

2,5%

Educação dos PAIS

67

3,7%

Outros

33

1,8%

Ausência de Resposta

923

51,1%

Total

1805

100%

Destaca-se em primeiro lugar o facto que um pouco mais de metade, 51,1% dos inquiridos não responderam a questão colocada. A redução de casos de gravidez precoce passa, na opinião de 41% dos respondentes, ou pela Comunicação/ Sensibilização (17,6%), pela Tomada de Pílulas (14,3%) ou ainda pela Utilização de outros Métodos Contraceptivos (8,9%). A Educação dos Pais e a Abstinência periódica também foram citados respectivamente por 3,7% e 2,5% dos inquiridos

Tabela 3.4.1e Como reduzir Gravidez precoce

f) SR_06: O que acha que se deve fazer para não ter filhos ou evitar uma Gravidez não desejada? SR_06: Evitar Gravizez Indesejada

Inquiridos

Percentagem

Utilizar Camisinha

1114

61,7%

Tomar Pílulas

221

12,2%

Tomar Injecções

177

9,8%

Coito interrompido

6

0,3%

Colocar DIU

22

1,2%

Abstinência periódica

125

6,9%

Outros

32

1,8%

Ausência de Resposta

108

6,0%

Total

1805

100%

O uso do Preservativo é considerado por 61,7% da população da amostra como o meio mais apropriado para não ter filhos ou evitar uma Gravidez não desejada. Seguem em 2ª e 3ª posição a tomada de Pílula e de Injecções com 12,2% e 9,8% respectivamente precedendo assim a Abstinência periódica citada por 6,9% dos respondentes. Os valores percentuais associados aos outros métodos de prevenção são pouco expressivos (inferiores à 1,5%.)

Tabela 3.4.1f Como evitar uma Gravidez não desejada

19

Expectativas, problemas e aspirações dos jovens e adolescentes. São Tomé e Príncipe


g) SR_07: Identificação das Infecções Sexualmente Transmissíveis 100

92,2%

80

60

40

24,4% 20

20,9%

16,0% 5,9%

5,7%

Candidíase

Clamídia

0 SIDA

Sifílis

Gonorreia

Herpes Genital

O SIDA é manifestamente a IST mais conhecida da larga maioria (92%) dos inquiridos. A Sífilis (24,4%) e a Gonorreia (21%) surgem em 2ª e 3ª posição seguidas de Herpes genital (16%). Muito pouco conhecidas são as Candidíases e as Clamídias, cada uma citada por cerca de 6% dos inquiridos Dentre as seis ISTs propostas 494 respondentes (29%) souberam identificar duas (2), 268 (15%) identificaram três (3) e apenas 62 (4%) souberam identificar mais do que três. Conclui-se assim que a maioria (52%) identificou apenas uma (1) IST, sinónimo de um conhecimento ainda relativamente limitado sobre o tema.

Gráfico 3.4.1g Identificação das ISTs

h) SR_08: Duas situações em que se pode apanhar o vírus do SIDA

Duas situações em se pode apanhar VIH/SIDA

Média

1ª Resposta

2ª Resposta

Relação sexual não protegida

40,1%

45,4%

Doação de Sangue

29,4%

34,8% 46,0%

Mãe / filho durante gravidez

13,9%

26,3%

Beijar pessoa contaminada

8,1%

Suor de alguém

1,4%

Ausência de Resposta

7,0%

Total

100%

1,6% 14,1% 0,5% 3,0% 100%

12,9% 2,1% 2,2% 11,1%

100%

Tabela 3.4.1g Duas situações em que se pode apanhar o vírus do SIDA

Em Média (1ª e 2ª resposta) 40% dos inquiridos sabem que se pode apanhar o VIH/SIDA numa Relação sexual não protegida. A Doação de Sangue foi eleita (surpreendentemente) em 2ª posição por 29,4% dos respondentes, uma opinião que revela a persistência de alguns preconceitos/suspeitas sobre as reais probabilidades de transmissão da doença. A transmissão vertical (Mãe/filho) foi em média citada por 13,9% dos inquiridos, mas com a particularidade de ter sido muito pouco apontada na 1ª escolha: apenas por 1,6% da amostra. As duas respostas erróneas propostas Suor de alguém e Beijar pessoa contaminada foram as menos escolhidas; salienta-se todavia o facto que na 1ª escolha Beijar pessoa contaminada foi indicada por 254 inquiridos (14,1% do efectivo).

Expectativas, problemas e aspirações dos jovens e adolescentes. São Tomé e Príncipe

20


3.4.2 Analise Cruzada de dados Análise das opiniões, conhecimentos e percepções dos inquiridos sobre a saúde sexual e reprodutiva nomeadamente consoante o Sexo, Faixa Etária e Distrito de Residência a) GÉNERO e as respostas dos Inquiridos Na larga maioria das questões colocadas e alusivas a SAÚDE SEXUAL E REPRODUTIVA, rapazes e raparigas partilham globalmente da mesma opinião, não obstante algumas diferenças (pouco expressivas) a nível da repartição percentual das respostas apuradas. Dentre as diferenças relativamente relevantes registadas destacam-se as espelhadas no diagrama 3.4.2a abaixo. SR_01: Abordagem da sexualidade nas Escolas

Masculino

Feminino

SR_05: Como reduzir Gravidez Precoce

Masculino

Feminino

A partir da 9ª classe

22,3%

17,5%

Tomar Pílulas

15,8%

12,9%

SR_02b: Idade com que as Raparigas iniciam o Acto Sexual

Masculino

Feminino

SR_06: Como evitar Gravidez Indesejada

Masculino

Feminino

Entre 18-24 anos

46,8%

51,6%

Utilizar Camisinha

68,9%

54,7%

Tomar Pílulas

9,6%

14,9%

SR_03: Iniciou o Acto Sexual com que idade?

Masculino

Feminino

Tomar Injecções

7,1%

12,4%

Abstinência periódica

5,7%

8,1%

Com mais de 18 anos

7,9%

15,0%

Diagrama 3.4.2 a Módulo 4 - Repartição das respostas em função do SEXO dos inquiridos

SR_01: Abordagem da sexualidade nas escolas: Para 27,6% dos inquiridos mais jovens (10-13 anos) o assunto deve ser abordado à partir da 9ª classe contrariamente aos seus pares mais velhos (18-24 anos) que admitem tratar-se de uma matéria de aprendizagem desde o ensino primário; SR_05: O que se pode/deve fazer para reduzir o nº de casos de Gravidez na Adolescência? As três faixas etárias apresentam valores percentuais (cor vermelha, em especial) significativamente diferentes para cada uma das três medidas indicadas: Comunicação / Sensibilização; Tomar Pílulas; Utilizar outros métodos contraceptivos; SR_06: O que acha que se deve fazer para não ter filhos ou evitar uma Gravidez não desejada? As opiniões dos inquiridos mais jovens (10-13 anos) e as dos mais velhos (18-24 anos) divergem sobra a importância a ser acordada a Pílulas e Injecções na prevenção da Gravidez não desejada; 21

Expectativas, problemas e aspirações dos jovens e adolescentes. São Tomé e Príncipe


SR_08: Duas situações em que se pode apanhar o vírus do SIDA: A Relação sexual não protegida foi citada por 39,7% dos inquiridos da faixa 18-24 anos contra 28,3% para os mais jovens (10-13 anos). Inversamente estes últimos são proporcionalmente mais numerosos a indicar uma das respostas erróneas (Beijar pessoa contaminada):25,6% contra 8,1% para a faixa 18-24 anos.

c) Repartição das respostas dos Inquiridos consoante DISTRITO DE RESIDÊNCIA O distrito de residência afirma-se uma vez mais como principal factor de diferenciação dos conhecimentos, opiniões e percepções dos inquiridos, na maioria das questões colocadas, como revela os dados-síntese apresentados no diagrama 3.4.2c a seguir. Nota: a cor vermelha destaca os valores percentuais mais altos enquanto a cor azul refere-se aos mais baixos SR_01: Abordagem da Sexualidade na Escola

ÁguaGrande

Cantagalo

Caué

Lembá

Lobata Mé-Zóchi

RAP

Ensino Primário

18,5%

20,1%

10,2%

21,0%

12,2%

13%

SR_03: Iniciou o Acto Sexual com que idade?

ÁguaGrande

Cantagalo

Caué

Lembá

Lobata Mé-Zóchi

< 15 anos

18,0%

16,9%

0,0%

8,6%

SR_05: Como reduzir Gravidez Precoce

ÁguaGrande

Cantagalo

Caué

Lembá

Lobata Mé-Zóchi

Comunicação / Sensibilização Tomar Pílulas

42,6%

42,9%

28,0%

34,9%

31,5%

22,0%

47,0%

20,6%

15,4%

32,0%

42,9%

37,8%

35,5%

45,5%

23,0%

18,9%

9,6%

RAP 18,2% RAP

SR_06: Como evitar Gravidez Indesejada

ÁguaGrande

Cantagalo

Caué

Lembá

Lobata Mé-Zóchi

Tomar Pílulas

11,0%

14,7%

10,2%

15,1%

13,0%

12,9%

27,1%

30,5%

13,7%

9,2%

11,7%

0,0%

RAP

Tomar Injecções

7,3%

15,3%

SR_08a: Pode-se apanhar VIH/SIDA

ÁguaGrande

Cantagalo

Caué

Lembá

Lobata Mé-Zóchi

Relação sexual não protegida Beijar pessoa contaminada

41,0%

29,8%

19,3%

32,4%

24,5%

31,8%

81,2%

11,4%

25,1%

33,3%

12,8%

14,6%

15,2%

1,4%

RAP

Diagrama 3.4.2c Módulo 4 - Repartição das respostas consoante DISTRITO DE RESIDÊNCIA dos inquiridos

3.5 MÓDULO 5 Novas tecnologias de informação e comunicação, Lazer, Desporto, e Consumo de Substancias Psicotrópicas Objectivo Geral: Por rum lado, conhecer os principais focos de ocupação (extra-escolar, nomeadamente) dos jovens e relacionados com o uso das NTIC, Lazer e Desporto e, por outro lado, avaliar as suas práticas em matéria de consumo de substâncias psicotrópicas

Expectativas, problemas e aspirações dos jovens e adolescentes. São Tomé e Príncipe

22


3.5.1 Dados globais (estatística uni-variada) a) Novas Tecnologias de Informação e Comunicação: perguntas T_01, T_02 e T_03

T_01: Telemóbel… para quê?

Inquiridos

Percentagem

Ausência de Resposta

43

2,38%

Não possui

860

47,65%

Chamadas

503

27,87%

Mensagens (SMS)

22

1,22%

Internet (redes sociais)

115

6,37%

Internet (pesquiza)

157

8,70%

Jogar, ouvir músicas

105

5,82%

Total

1805

100,00%

Diagrama 3.5.1a Conhecimento/utilização das Novas Tecnologias de Informação de Comunicação

T_02: Sabe usar COMPUTADOR

Inquiridos

Percentagem

Ausência de Resposta

17

0,94%

Sim

989

54,79%

Não

799

44,27%

Total

1805

100,00%

T_03: Quando usar COMPUTADOR

Inquiridos

Percentagem

Ausência de Resposta

29

1,61%

Pré-escolar

183

10,14%

Ensino Primário

332

18,39%

5ª Classe

525

29,09%

7ª Classe

736

40,78%

Total

1805

100,00%

• Cerca de metade ou seja 860 (48%) dos adolescentes e jovens não possuem Telemóvel / Samartphone ou Tablet. Dentre os que os possuem a utilização feita com maior frequência refere-se a: Chamadas (28%); Pesquizas na NET (9%); Redes Sociais na NET (6%) ou Jogar e ouvir músicas (6%): Respostas à Pergunta T_01 • Uma maioria relativa (55%) da população da amostra sabe fazer uso de um COMPUTADOR: (Respostas à Pergunta T_02) • Tratando-se da abordagem das Novas Tecnologias de Informação e Comunicação nas Escolas (pergunta T_03) as opiniões variam entre: (i) 7ª classe:41%; (ii) 5ª classe:29%; (iii) ensino primário:18%; (iv) pré-escolar:10%. b) Desporto e Lazer: perguntas T_04, T_05 e T_06

Física individual

Colectiva com bola Intelectual-táctica 4% 1% 9%

28% Nenhuma

57% Futebol

Gráfico 3.5.1b.1 Modalidades Desportivas regularmente praticadas

23

Expectativas, problemas e aspirações dos jovens e adolescentes. São Tomé e Príncipe

Organização de competições

Promoção do Desporto Escolar 4% 6% 16% Criação de infraestruturas

20% Sensibilização

Gráfico 3.5.1b.2 Como Incentivar a juventude à prática Desportiva


• Pergunta T_04: O Futebol é a prática desportiva mais corrente, citada por 57% dos inquiridos; em segunda posição, muito distante, encontra-se a modalidade física individual (9%) seguida do desporto colectivo com Bola (4%) e 1% para a modalidade desportiva intelectual-táctica (individual). Um pouco mais de um quarto dos entrevistados ou seja 28% afirmaram não praticar nenhuma modalidade desportiva (Gráfico 3.5.1b.1) • Por sua vez o Gráfico 3.5.1b.2 espelha as opiniões dos inquiridos sobre as possíveis medidas a serem tomadas para incentivar a juventude à prática Desportiva (pergunta T_05): neste particular a sensibilização e a criação de infraestruturas desportivas destacam-se com 20% e 16% de opiniões favoráveis. • Pergunta T_06: De acordo com os dados dos gráficos 3.5.1b.3 e 3.5.1b.4 a seguir, as seis principais actividades de Lazer / descanso dos adolescentes e jovens são as seguintes:

2º Escolha

1º Escolha

Ler - Estudar

Ler - Estudar

Futebol + Jogos com Bola

Futebol + Jogos com Bola

Caminhar - Passear - Praia

Caminhar - Passear - Praia

Em casa - Dormir - Descansar

Em casa - Dormir - Descansar

Ver TV

Ver TV

Jogos Video - Internet - TIC

Jogos Video - Internet - TIC

Mùsica - Dança

Mùsica - Dança

Brincar

Brincar

0

5

10

15

20

25

Gráfico 3.5.1b.3 Actividades de Lazer / Descanso, na 1ª Escolha

30

0

5

10

15

20

25

Gráfico 3.5.1b.4 Actividades de Lazer / Descanso, na 2ª Escolha

1. Ler / Estudar – citado por 25% e 20% dos inquiridos respectivamente na 1ª e 2ª Escolha 2. Futebol ou outros desportos com Bola: 16% e em seguida 9% 3. Caminhar, Passear ir à Praia: 14% e em seguida 8% 4. Ver Televisão (nomeadamente Bonecos, Novelas, Filmes): 9% e em seguida 15% 5. Estar em casa (Dormir, Descansar, ajudar nos trabalhos diários): 13% e sem seguida 9% 6. Jogar jogos Vídeo, Estar na Internet…NTIC: 7% e em seguida 8%

Expectativas, problemas e aspirações dos jovens e adolescentes. São Tomé e Príncipe

24


c) Consumo de Bebidas Alcoólicas e Substâncias Psicotrópicas: perguntas: T_07 -T_12 T_07: Já bebeu bebidas Inquiridos alcoólicas

Percentagem

Ausência de Resposta

17

0,94%

T_09: Tipo de bebida alcoólica mais consome

Inquiridos

Percentagem

Sim

941

52,13%

Cerveja

435

46%

Não

847

46,93%

Vinho de palma

270

29%

Total

1805

100,00%

Vinho (tinto branco)

117

12%

T_10 :Porque razão não Inquiridos bebe?

Percentagem

T_08: Idade quando bebeu pela 1ª vez

Inquiridos

Percentagem

Ausência de Resposta

26

3,07%

10-13 anos

240

26%

Não tem idade

230

27,15%

14-17 anos

348

37%

Alcóol faz mal à saúde

340

40,14%

Religião não permite

32

3,78%

18-24 anos

240

26%

Educação dos seus pais

203

23,97%

Outras

16

1,89%

Total

847

100,00%

Diagrama 3.5.1c Principais informações sobre consumo de bebidas Alcoólicas

Consumo de Bebidas Alcoólicas Uma maioria relativa (52%) dos inquiridos afirmou já ter consumido bebidas alcoólicas (pergunta T_07), com destaque para Cerveja (46%), Vinho de palma (29%) e Vinho (tinto ou branco) 12% (pergunta T_09). Segundo os respondentes a Idade não constitui factor determinante para se começar a beber, embora se regista uma percentagem mais elevada (37%) para a faixa etária 14-17 anos. No tocante a razão para não consumir bebidas alcoólicas o destaque vais para “Álcool faz mal a saúde” citado por 40% dos inquiridos, seguido de “Não tem idade” (27%) e “Educação dos pais” 24%; 4% dos respondentes evocaram “religião não permite”. Consumo de Substâncias Psicotrópicas Foram colocadas duas perguntas: T_11: Você FUMA? Se SIM, quantos cigarros ou maços de cigarro pode fumar por dia? T_12: Dentre as substâncias abaixo alistadas, quais são aquelas que já teria experimentado? Para ambas perguntas foram rigorosamente registas apenas duas categorias similares de resposta: 1: Não lhe Concerne e em alguns casos 2: Ausência de resposta

25

Expectativas, problemas e aspirações dos jovens e adolescentes. São Tomé e Príncipe


3.5.2 Analise Cruzada de dados Análise das opiniões, conhecimentos e práticas dos inquiridos nomeadamente consoante o Sexo, Faixa Etária e Distrito de Residência a) GÉNERO e as respostas dos Inquiridos Respostas

Masculino

Feminino

Nenhuma

15%

41%

Futebol

73%

43%

Modalidade Física - individual

7%

12%

T_05: Como incentivar a juventude à prática Desportiva

Criação de infraestruturas Organização de competições

19%

13%

7%

5%

T_07: Já bebeu bebidas Alcoólicas

Sim

55%

50%

Não tem idade

32%

25%

Educação dos seus pais

23%

26%

Perguntas

T_04: Que modalidade Desportiva pratica regularmente?

T_10: Por que razão não bebe?

Tabela 3.5.2 a Módulo 5 - Repartição das respostas em função do SEXO

Rapazes e Raparigas não partilham da mesma opinião sobretudo sobre os seguintes temas: T_04: Na prática de Desporto 1. O Futebol revela-se sobretudo como uma “modalidade masculina”, praticada 73% dos rapazes contra 43% das raparigas 2. Por sua vez as raparigas são proporcionalmente mais numerosas tanto no desporto físico individual (12% contra 7%) e sobretudo na ausência da prática de qualquer tipo de modalidade desportiva (41% contra 15% para rapazes) T_05: Como Incentivar a juventude à prática Desportiva 1. As duas propostas Criação de Infraestruturas e Organização de competições apresentam valores percentuais relativamente baixos; mas o suficiente para evidenciar uma proporção de rapazes um pouco mais elevada do que a das raparigas, nas duas situações

Expectativas, problemas e aspirações dos jovens e adolescentes. São Tomé e Príncipe

26


T_07: Já bebeu bebidas Alcoólicas 1. Os rapazes são proporcionalmente mais numerosos na resposta pela afirmativa (55% contra 50%) e logicamente verifica-se o inverso com o Não T_10: Por que razão Não bebe? 1. Dentre as razões evocadas duas apresentam percentagens diferenciadas por sexo: Não tem idade (32% para rapazes contra 25% para raparigas) e Educação dos pais (23% para rapazes contra 26% para raparigas)

b) Respostas dos inquiridos por IDADE / FAIXA ETÁRIA T_07: Já bebeu bebidas Alcoólicas

10-13 anos

14-17 anos

18-24 anos

Sim

26%

42%

80%

T_09: Tipo de bebida alcoólica que mais consome

10-13 anos

14-17 anos

18-24 anos

Cerveja

26%

36%

61%

Vinho (tinto/branco)

8%

15%

14%

Vinho de palma

60%

44%

20%

A Idade (faixa etária) intervém significativamente em duas questões sobre ao consumo do álcool: T_07 - Já bebeu bebidas Alcoólicas, na qual os valores percentuais aumentam com a idade T_09: Tipo de bebida alcoólica que mais consome: os inquiridos mais velhos (18-24 anos) preferem a Cerveja enquanto os mais novos citam sobretudo o Vinho de palma.

Tabela 3.5.2b Módulo 5 - Repartição das respostas consoante IDADE/FAIXA ETÁRIA

c) Repartição das respostas dos Inquiridos consoante DISTRITO DE RESIDÊNCIA T_07: Já bebeu bebidas Alcoólicas

ÁguaGrande

Cantagalo

Caué

Lembá

Lobata Mé-Zóchi 58%

55%

RAP

Sim

16%

62%

18%

60%

T_08: Idade quando bebeu pela 1ª vez

ÁguaGrande

59%

Cantagalo

Caué

Lembá

14-17 anos

40%

21%

30%

36%

43%

37%

50%

18-24 anos

27%

34%

30%

17%

18%

26%

24%

T_10 :Porque razão não bebe?

ÁguaGrande

Cantagalo

Caué

Lembá

Não tem idade

28%

15%

19%

32%

25%

24%

72%

Alcóol faz mal à saúde

37%

48%

56%

47%

42%

42%

14%

Educação dos seus pais

24%

29%

19%

13%

22%

28%

14%

Lobata Mé-Zóchi

RAP

Lobata Mé-Zóchi

RAP

Tabela 3.5.2c Módulo 5 - Repartição das respostas consoante DISTRITO DE RESIDÊNCIA

27

Expectativas, problemas e aspirações dos jovens e adolescentes. São Tomé e Príncipe


As respostas dos inquiridos contém variações significativas em função do distrito de residência a nível de três perguntas: T_07: Já bebeu bebidas Alcoólicas? Os distritos de Cantagalo (62%) e Lembá (60%) destacam-se com as maiores percentagens de SIM, opondo-se a Caué e Água Grande com as percentagens mais baixas 48% e 46%, respectivamente. T_08:IDADE -quando bebeu pela 1ª vez? Não se pode falar de um perfil tipo idade / distrito em função ao consumo do álcool pela 1ª vez. Constata-se todavia que as maiores percentagens de inquiridos que iniciaram o consumo do álcool com a idade compreendia entre os 14-17 anos são sobretudos os residentes nos “distritos” onde se encontram as duas principais capitais do país, ou seja Água grande (40%) e RAP (50%). Os que iniciaram este consumo entre 18-24 residem em Cantagalo (34%) e Caué (30%) T_10: Por que razão Não bebe? Existe uma grande dispersão de valores percentuais, sinónimo de uma certa indefinição na relação principal razão de não consumir álcool e distrito de residência. No entanto os valores extremos são significativamente diferentes sobretudo entre: 1. RAP e os seis outros distritos do país (Cantagalo e Caué em particular) em relação a resposta Não tem idade 2. Cantagalo e RAP em relação tanto a resposta Álcool faz mal à saúde como a resposta Educação dos pais

3.6 MÓDULO 6 Opiniões e percepções sobre iniciativas, programas e estruturas para jovens e adolescentes do País

Objectivo Geral: Avaliar os conhecimentos, opiniões e percepções bem como as aspirações dos inquiridos sobre as INICIATIVAS, PROGRAMAS E ESTRUTURAS para adolescentes e jovens. De igual modo obter dos inquiridos opiniões sobre os principais problemas com os quais a juventude santomense se confronta actualmente bem como as possíveis pistas conducentes a sua resolução

Expectativas, problemas e aspirações dos jovens e adolescentes. São Tomé e Príncipe

28


3.6.1 Dados globais (estatística uni-variada) a) Pergunta OP_01 e OP_02- Caso conheça ou já tenha ouvido falar de iniciativas, programas e estruturas destinadas a jovens e adolescentes santomenses, cite apenas três nomes. No total 705 inquiridos (39%) afirmaram ter ouvido falar / conhecer estes dispositivos para jovens (pergunta OP_01); mas apenas cerca de metade ou seja 353 responderam, em parte, as solicitações da pergunta OP_02 (citando um ou dois nomes). Constata-se o entanto (Gráficos 3.6.1 a1 e a2 abaixo) que os nomes mencionados evocam muito particularmente os Programas difundidos na TVS, mas que de facto estão mais direccionados para a juventude santomense 1º Nome

2º Nome viva show

viva show

Espaço / Programa Infantil

Espaço / Programa Infantil

TVS clip

ASPF - gravidez na adolescência Planeamento familiar

TVS desporto ASPF - gravidez na adolescência Planeamento familiar

TVS desporto

Tarde na TVS

TVS clip

0

10

20

30

Gráfico 3.6.1a.1 Nomes de iniciativas e Programas, mais citados: 1ª Resposta

0

10

20

30

Gráfico 3.5.1a.2 Nomes de iniciativas e Programas, mais citados: 2ª Resposta

b) Contributos das iniciativas e programas existentes e possíveis incentivos à uma maior participação dos adolescentes e jovens santomenses: Perguntas OP_03 e OP_04)

OP_01: Contributo para a Juventude das inicia- Inquiridos tivas e programas

Percentagem

Aus. Resposta

75

10,64%

Nenhum

143

20,28%

Ainda limitado

143

20,28%

Eficaz

150

21,28%

Importante e decisivo

194

27,52%

Total Geral

705

100,00%

Tabela 3.6.1b Importância dos contributos para Juventude das Iniciativas e Programas

29

Expectativas, problemas e aspirações dos jovens e adolescentes. São Tomé e Príncipe

Iniciativa / Criatividade

Aconselhamento

13% Apoio / Incentivo

16%

4% 60% Informação / Sensibilização

Gráfico 3.6.1b Como esclarecer e incentivar a participação da Juventude


OP_03: Qual é a sua opinião global sobre os contributos deste conjunto de Dispositivos (Programas / Iniciativas / Estruturas) na resolução dos problemas e aspirações da juventude STP? As opiniões encontram-se divididas em relação ao assunto em destaque; é em todo o caso que se depreende da tabela 3.6.1b em que as percentagens dos respondentes variam entre 20% e 28%! O valor mais baixo concerne os itens “Nenhum e Ainda Limitado” enquanto “Importante e decisivo” associa-se ao valor mais alto. De realçar que 75 inquiridos (11%) não responderam a questão colocada. OP_04: O que deve ser feito para esclarecer e incentivar a participação dos adolescentes e jovens Santomenses nos Programas / Iniciativas / Estruturas existentes? Para a questão colocada a “Informação / sensibilização” constitui a melhor resposta, na opinião de 60% dos respondentes (gráfico 3.6.1b). Seguem-se depois, muito distantes, “Apoios / incentivos” e “Iniciativas / Criatividades” respectivamente com 16% e 13% das opiniões e “Aconselhamento” com apenas 4%. Registou-se no entanto 44 (6%) outras respostas diferenciadas que foram agrupadas na categoria “Diverso”.

c) Auto-avaliação e domínios de fraca participação da Juventude (perguntas OP_05 e OP_06) Que avaliação faz do seu próprio contributo/participação

Percentagem

Domínios de muita pouca participação Jovem

Percentagem

Aus. Resposta

14,96%

Cultura

20%

Nenhum

45,60%

Desporto

17%

Ainda limitado

16,12%

Trabalho

13%

Eficaz

11,36%

Modilização Social

13%

Importante e decisivo

11,97%

Religioso

11%

Total

100%

Tabela 3.6.1c Auto-Avaliação e domínios de fraca participação Jovem

OP_05: Que avaliação faz do seu próprio contributo/participação na resolução das expectativas, problemas e aspirações da juventude STP? “Nenhum” contributo é a resposta predominante envolvendo 46% da população total da amostra. E acresce o facto que, por um lado, 15% dos inquiridos não responderam a questão colocada e, por outro lado, a segunda percentagem mais alta (16%) concerne o contributo “ainda limitado”. Fica assim patente que apenas 23% dos inquiridos fazem uma auto-avaliação positiva do seu contributo/participação na resolução das expectativas, problemas e aspirações da juventude santomense: “Importante e decisivo” = 12% e “Eficaz” = 11% Expectativas, problemas e aspirações dos jovens e adolescentes. São Tomé e Príncipe

30


OP_06: Indica dois Domínios relacionados com a Juventude em que você acha existir muita pouca Participação dos adolescentes e jovens Santomenses. Esta pergunta associa-se à uma das mais altas taxas de ausência de resposta; com efeito apenas 675 inquiridos (37,4%) responderam a preocupação colocada. Seja como for, facto é que os valores percentuais da tabela 3.6.1c sugerem que os respondentes têm uma opinião relativamente dividida sobre os domínios de fraca participação da Juventude: Cultura = 20%; Desporto = 17%; Trabalho =13% e Mobilização Social =13%

d) Percepções, opiniões sobre os principais problemas da Juventude e possíveis pistas para sua mitigação (perguntas OP_07, OP_09 e OP_08)

OP_07: Maiores problemas com os quais confrontam a juventude

1º Escolha

Falta Emprego

30%

Droga

15%

Álcool

10%

Roubo/Violência

10%

Gravidez Precoce

8% 7% 6% 13% 100%

Cigarro Sexo: Precóce / Violência Diversos

Total OP_09: Percepção do nível de delinquência no seio da juventude

1º Escolha

0: Aus. Resposta

1,33%

1: Insignificante

1,05%

2: Vem diminuindo

8,53%

3. Vem aumentando

66,54%

4: Muito alto

22,55%

Total Geral

100,00%

OP_08: Domínios prioritários para a intervenção do Governo

1º Escolha

Falta Emprego

30%

Droga

15%

Álcool

10%

Roubo/Violência

10%

Gravidez Precoce

8% 7% 6% 13% 100%

Cigarro SEXO: Precóce/Violência Diversos

Total

Tabela 3.6.1d Opiniões sobre os principais problemas da Juventude e pistas para sua mitigação

Principais respostas às perguntas OP_07 e OP_08 O “Emprego” uma vez mais e a associação “Álcool/Droga/ Substâncias psicotrópicas” constituem, para mais de metade dos inquiridos, ao mesmo tempo os maiores problemas da juventude e principais domínios prioritários de intervenção do Governo. A “Violência” também é citada nas duas situações mas em percentagem relativamente baixa tal como sucede para os outros problemas e domínios prioritários assinalados.

31

Expectativas, problemas e aspirações dos jovens e adolescentes. São Tomé e Príncipe


Pergunta OP_09: Qual é, na sua percepção, o nível da delinquência no seio da juventude santomense? Atendendo o valor percentual registado (90% da amostra total) com apenas duas categorias de respostas, não seria exagero falar de convergência de opiniões. Conclui-se, desde logo, que a percepção que tem os inquirido sobre o nível da delinquência no seio da juventude santomense é que ela se encontra num patamar elevado (23% dos respondentes) e sobretudo ela vem aumentando (67%).

3.6.2 Analise Cruzada de dados Análise das opiniões, conhecimentos e práticas dos inquiridos nomeadamente consoante o Sexo, Faixa Etária e Distrito de Residência Para o Módulo 6, a análise cruzada de dados não obedecerá os princípios até então observados por, pelo menos, três razões essenciais: 1. O Módulo singulariza-se com a predominância de perguntas abertas que, em muitos casos, apresentam efectivos de respostas relativamente reduzidos o que não garante consistência as desagregações nomeadamente por Distrito de residência e por faixa etária; 2. Para as perguntas colocadas regista-se, uma dispersão de respostas e, com alguma frequência, em itens com valores percentuais residuais; 3. O essencial das respostas dos inquiridos centra-se em um ou dois itens onde as diferenças são geralmente ofuscadas pelas opiniões consensuais

a) GÉNERO e as respostas dos Inquiridos Os efeitos ligados ao Género foram observados em apenas em duas situações e em ambas, a percentagem das raparigas é superior a dos rapazes: • Na pergunta OP_01, 46% das raparigas (contra 39,4% dos rapazes) afirmaram conhecer / ter ouvido falar de iniciativas, programas e estruturas destinadas a jovens • Na pergunta OP_03 o item NENHUM agrega 21% de raparigas contra 14,5% de rapazes.

Expectativas, problemas e aspirações dos jovens e adolescentes. São Tomé e Príncipe

32


b) Respostas dos inquiridos por IDADE / FAIXA ETÁRIA

De acordo com os dados apurados a faixa etária não tem um papel de relevo nas respostas às perguntas deste módulo incluindo nas perguntas OP_03 e OP_05, não obstante a aproximação do perfil da distribuição das respostas para os itens “Ainda limitado” e “Eficaz” (tabela 3.6.2ba seguir) 10-13 anos

14-17 anos

18-24 anos

26%

18%

22%

Eficaz

18%

14%

21%

Ainda limitado

12%

16%

20%

Eficaz

10%

9%

14%

Pergunta

Respostas (intens)

OP_03: Contributo para a Juventude das iniciativas e programas

Ainda limitado

OP_05: Que avaliação faz do seu próprio contributo/ participação

Tabela 3.6.2b Módulo 6 – Efeitos da Idade/faixa etária nas respostas dos Inquiridos

c) Repartição das respostas dos Inquiridos consoante DISTRITO DE RESIDÊNCIA Neste módulo 6, os efeitos do Distrito de residência são muito pouco notórios, como se pode constatar na tabela 3.6.2c a seguir, na qual a tónica é colocada precisamente nas respostas associadas a valores percentuais mais representativos. No entanto a RAP constitui excepção, estando nas quatro ocasiões associada às percentagens mais baixas (percentagem em cor azul).

Pergunta

Resposta

ÁguaGrande

Cantagalo

Caué

Lembá

OP_01: Conhece / ouviu falar de iniciativas, programas para a Juventude

Sim

44%

39%

53%

33%

44%

46%

36%

OP_03: Contributos Importante para a Juventude das e decisivo iniciativas e programas

24%

36%

12%

27%

31%

18%

14%

OP_05: Que avaliação faz do seu próprio contributo/ participação

Nenhum

43%

48%

42%

57%

52%

48%

13%

OP_09: Percepcção do nível de delinquência no seio da Juventude

Vem aumentando

64%

68%

63%

69%

79%

68%

48%

Lobata Mé-Zóchi

RAP

Tabela 3.6.2c Repartição percentual das principais respostas dos Inquiridos por Distrito de residência 33

Expectativas, problemas e aspirações dos jovens e adolescentes. São Tomé e Príncipe


ANEXOS

Expectativas, problemas e aspirações dos jovens e adolescentes. São Tomé e Príncipe

34


ANEXO 1 Amostragem: Repartição teórica dos inquiridos por sexo, faixa etária e por local/distrito de residência

Distrito Agua Grande

Localidades

10 - 13 Anos Total

M

14 - 17 Anos F

18 - 24 Anos

Total

M

F

Total

M

2

2

3

2

2

5

1

Pema-Pema

12

4

2

Santo António

94

29

15

15

26

13

13

3

Água Bobô

74

23

12

12

20

10

4

Água Porca

42

13

7

7

12

5

Atrás do Estádio

12

4

2

2

6

Bobo Forro (Agua Grande)

16

5

3

F 2

2

39

19

19

10

30

15

15

6

6

17

9

9

3

2

2

5

3

3

3

5

2

2

7

3

3

7

Chácara

29

9

4

4

8

4

4

12

6

6

8

Fundação Popular

20

6

3

3

6

3

3

8

4

4

9

Madre Deus

47

15

7

7

13

6

6

19

10

10

9

3

1

1

3

1

1

4

2

2

4

4

6

3

3

10

5

5

15

15

26

13

13

39

20

20

10

Potó-Potó

11

Praia Gamboa

23

7

12

Riboque

96

30

13

São Gabriel

30

9

5

5

8

4

4

12

6

6

14

São Marçal

60

19

9

9

17

8

8

25

12

12

15

Vila Maria

54

17

8

8

15

8

7

22

11

11

Oque del Rei

71

22

11

11

20

10

10

29

15

15

Total

690

215

108

108

191 96

94

16

35

Faixa Etária / Sexo (M / F)

Inquirir

Expectativas, problemas e aspirações dos jovens e adolescentes. São Tomé e Príncipe

284 143 141


Distrito

Localidades

Cantagalo

1 2 3 4

Cidade SantanaCentro Picão Velho Musseque Água Izé Total

Caué

Faixa Etária / Sexo (M / F)

Inquirir

1 2

Beira-mar Ribeira Peixe Total

10 - 13 Anos Total

M

41

13

25

14 - 17 Anos F

18 - 24 Anos

Total

M

F

Total

M

6

6

11

6

6

17

9

8

8

4

4

7

4

3

10

5

5

42

13

6

7

11

6

6

17

9

9

67

21

10

10

18

9

9

28

14

14

175

55

27

27

48

24

24

72

36

36

32

10

5

5

9

4

4

13

7

7

31

10

5

5

9

4

4

13

6

6

63

20

17

9

9

26

10

10

F

13

Lembá

1 2 3 4

Rosema Água Tomá Praia de Ponta Figo Ribeira Funda Total

1

Lobata

2 3 4 5

Cristo Rei Vila de CondeCentro Agostinho Neto Changra Maianço-Roça Total

13

83

26

13

13

23

12

11

34

17

17

50

16

8

8

14

7

7

21

10

10

7

2

1

1

2

1

1

3

1

1

8

2

1

1

2

1

1

3

2

2

148

46

41

21

20

61

31

30

53

17

8

8

15

7

7

22

11

11

36

11

6

6

10

5

5

15

7

7

45

14

7

7

12

6

6

18

9

9

49

15

8

8

13

7

7

20

10

10

10

3

2

2

3

1

1

4

2

2

193

60

53

27

26

79

23

30

23

30

40

40

Expectativas, problemas e aspirações dos jovens e adolescentes. São Tomé e Príncipe

36


Distrito

Localidades

1 2 3

Mé-Zóchi

4 5 6 7 8 9 10 11

Cola Grande Filipina Obô Izaquente Praia Melão Ubá Flor Vila de Bombom Centro Belém Piedade Monte Café Cova Barro Bobo Cativo

RAP

Total

1 2

Budo-Budo Porto Real Azeitona Total

37

Faixa Etária / Sexo (M / F)

Inquirir

10 - 13 Anos

14 - 17 Anos

Total

M

F

65

20

16

18 - 24 Anos

Total

M

F

Total

M

F

10

10

18

9

9

27

13

13

5

2

2

4

2

2

7

3

3

33

10

5

5

9

5

5

14

7

7

120

37

19

19

33

17

16

49

25

25

24

7

4

4

7

3

3

10

5

5

24

8

4

4

7

3

3

10

5

5

33

10

5

5

9

5

5

14

7

7

61

19

9

9

17

8

8

25

13

12

32

10

5

5

9

4

4

13

7

7

39

12

6

6

11

5

5

16

8

8

14

4

2

2

4

2

2

6

3

3

461

144

63

190

56

17

8

23

16

5

71

22

Expectativas, problemas e aspirações dos jovens e adolescentes. São Tomé e Príncipe

72

9 2 11

72

9 2 11

127 64

15

8

4

2

2

6

20

10

10

29

95

94

11

11

3 15

3 15


ANEXO 2 Guião para preenchimento do questionário / codificação das respostas

INQUIRIDORES, atenção: NÂO PREENCHER os Quadradinhos (cor cinzenta)

NOTA: As Perguntas que não constam da Lista abaixo, são as que não requerem instruções específicas para seu preenchimento (Foco da formação dos Inquiridores) Pergunta

Resposta / Codificação MÓDULO 0: (IDENTIFICAÇÃO DO QUESTIONÁRIO)

2. Distrito 3. Localidade 4. Questionário 5. Inquiridor 6. Supervisor

1 - Água Grande; 2 – Cantagalo; 3 – Caué; 4 – Lembá; 5 – Lobata; 6 - Mé-Zóchi; 7 – RAP (Região Autónoma de Príncipe) De acordo com o nº da Localidade, indicado na Folha de Quota (dois dígitos) Sequência lógica do Questionário preenchido pelo Inquiridor Nº (três dígitos) Ex: 009 Nº individual atribuído a cada Inquiridor (dois dígitos) Ex: 05 Nº individual atribuído a cada Inquiridor (dois dígitos) Ex: 02 MÓDULO 1: (IDENTIFICAÇÃO DO INQUIRIDO)

I_02

I_03

IDADE OU ANO DE NASCIMENTO (este último transformado em idade) convertido em Faixa Etária

(0 = Não Responde): 1 = 10-13 anos; 2 = 14 -17 anos; 3 = 18 -24 anos CLASSE OU NÍVEL DE ESCOLARIDADE mais alto atingido (0 = Não Responde): 1 = Não frequentou a Escola; 2 = Primário; 3 = Secundário 1 (5ª – 8ª Classe); 4 = Secundário 2 (9ª – 2ª Classe); 5 = Curso Professional; 6 = Universitário

I_06 I_07 I_08

Portador de DEFICIÊNCIA (0 = Não Responde): 1 = Audição; 2 = Visão; 3 = Locomoção 1 (membro inferior); 4 = Locomoção 2 (membro superior); 5 = Outros Que tipo de ORGANIZAÇÃO (0 = Não Responde): 1 = Comunitária; 2 = Sociedade Civil; 3 = Músico-Cultural; 4 = Desportiva; 5 = Caris Social; 6 = Outros O que MAIS FALTA LHE FAZ NA SUA VIDA (0 = Não Responde): 1 = Bens comuns / habitação; 2 = Família (qualquer elemento); 3 =Emprego; 4 = Formação; 5 = Transporte; 6 = Outros MÓDULO 2: (FAMÍLIA, NÍVEL e QUALIDADE DE VIDA)

F_03 F_04 F_05 F_07 F_08

Faixa etária (0 = Não Responde): 1 = 10-13 anos; 2 = 14 -17 anos; 3 = 18 -24 anos; 4 = 99 / Nunca Nº de FILHOS (0 = Não Responde): 1; 2; 3 ou 4 = mais do que 3; 9 = Nenhum Faixa etária: 0 = Não Responde; 1 = 10-13 anos; 2 = 14 -17 anos; 3 = 18 -24 anos; 4 = 99 / Nunca

RPROFISSÃO (por domínio): (0 = Não Responde): 1 = Pequenos Negócios; 2 = Empresário; 3 = Artesão / Pequenos Serviços; 4 = Agricultura / Pesca; 5 = Trabalhadores de Empresas (Púb ou Prv); 6 = Funcionários de Estado; 7 = Executivo, Legislativo, Consultores; 8 = Outros

NÍVEIS (0 = Não Responde): 1 = Não frequentou a Escola; 2 = Primário; 3 = Secundário 1 (5ª – 8ª Classe); 4 = Secundário 2 (9ª – 2ª Classe); 5 = Curso Professional; 6 = Universitário

Expectativas, problemas e aspirações dos jovens e adolescentes. São Tomé e Príncipe

38


NOTA: As Perguntas que não constam da Lista abaixo, são as que não requerem instruções específicas para seu preenchimento (Foco da formação dos Inquiridores) Pergunta

Resposta / Codificação MÓDULO 3: (EDUCAÇÃO/FORMAÇÃO/EMPREGO)

E_02 E_04 E_05 E_07 E_11

IDADE OU ANO (este último transformado em idade) convertido em Faixa Etária (0 = Não Responde): 1 = 10-13 anos; 2 = 14 -17 anos; 3 = 18 -24 anos; 4 = 99 / Nunca

RPROFISSÃO (por domínio): (0 = Não Responde): 1 = Pequenos Negócios; 2 = Empresário; 3 = Artesão / Pequenos Serviços; 4 = Agricultura / Pesca; 5 = Trabalhadores de Empresas (Púb ou Prv); 6 = Funcionários de Estado; 7 = Executivo, Legislativo, Consultores; 8 = Outros

RENDIMENTO (0 = Não Responde): 1 = inferior à 5 Milhões); 2 = de 5 à menos de 10 Milhões; 3 = de 10 à menos 20 Milhões; 4 = Igual ou superior a 20 Milhões

RPROFISSÃO (por domínio): (0 = Não Responde): 1 = Pequenos Negócios; 2 = Empresário; 3 = Artesão / Pequenos Serviços; 4 = Agricultura / Pesca; 5 = Trabalhadores de Empresas (Púb ou Prv); 6 = Funcionários de Estado; 7 = Executivo, Legislativo, Consultores; 8 = Outros IDADE convertido em Faixa Etária (0 = Não Responde): 1 = 10-13 anos; 2 = 14 -17 anos; 3 = 18 -24 anos; 4 = 99 / Nunca MÓDULO 4: (SAÚDE SEXUAL REPRODUTIVA)

SR_01 S_02, 03 e 04

PORQUÊ: Atenção AINDA NÃO CODIFICAR IDADE convertido em Faixa Etária (0 = Não Responde): 1 = 10-13 anos; 2 = 14 -17 anos; 3 = 18 -24 anos; 4 = 99 / Nunca / Não lhe diz respeito

SR_05

(0 = Não Responde); 1 = Comunicação / Sensibilização; 2 = Uso de Preservativo; 3 = Outros métodos con-

SR_07

Pergunta com RESPOSTA MÚLTIPLA - Codificação: Vários Números linha / linha, mas sempre em ORDEM CRESCENTE (Um único 0 no caso de Ausência de resposta)

traceptivos; 4 = Abstinência; 5 = Educação/Responsabilidade dos PAIS; 6 = Outros

MÓDULO 5: (NTICS, LAZER, DESPORTO e CONSUMO DE SUBSTÂNCIAS PSICOTRÓPICAS)

T_04

MODALIDADE DESPORTIVA (0 = Não Responde); 1 = FUTEBOL; 2 = Outras Modalidades COLECTIVAS COM BOLA; 3 = Modalidade Física de Performance INDIVIDUAL; 4 = Modalidade Intelectual e/ou Táctica de performance INDIVIDUAL; 5 = Outros

T_05

INCENTIVAR A PRÁTICA DESPORTIVA (0 = Não Responde); 1 = Criação de Infraestruturas; 2 = Promoção do Desporto Escolar; 3 = Sensibilização à prática de desporto; 4 = Organização de competições; 5 = Outros

T_06.1 e 6.2 T_08

39

ACTIVIDADE DE LAZER/DESCANSO: Atenção AINDA NÃO CODIFICAR IDADE convertido em Faixa Etária (0 = Não Responde): 1 = 10 - 13 anos; 2 = 14 -17 anos; 3 = 18 -24 anos ; 4 = 99 / Nunca / ou Não lhe diz respeito

Expectativas, problemas e aspirações dos jovens e adolescentes. São Tomé e Príncipe


REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS Anjos, J.C. (2005). “Sexualidade juvenil de classes populares em Cabo Verde: os caminhos para a prostituição de jovens urbanas pobres”. Revista Estudo Feministas, vol. 13, n. 1, p. 163-177. Bordonaro, L. (2010): “Semântica da violência juvenil e repressão policial em Cabo Verde”, Revista Direito e Cidadania, n. 30, p. 169-190. Bourdieu, P. (2003). Questões de sociologia. Lisboa: Fim do Século. Ferreira, V. (2011). “Dar corpo à juventude: o corpo jovem e os jovens nos seus corpos”. In: Pais, J.M.; Bendit, R.; Ferreira, V. (Orgs.), Jovens e Rumos. Lisboa, Imprensa de Ciências Sociais, p. 257-275. Honwana, A. (2013). Youth and revolution in Tunisia. London and New York: Zed Books. Honwana, A. (2012). The time of youth: work, social change, and politics in Africa. Sterling: Kumarian Press. Horta, G.; Calvo, D.M. (2014). Hiace. Antropologia de las careteras en la isla de Santiago (Cabo Verde). Barcelona: Pollen. ICIEG (2010). Avaliação do impacto da medida de suspensão temporária das alunas grávidas do ensino secundário. Praia: ICIEG. ICPR (2015). World Prison Population List. London: ICPR, IDT (2016). Estudo sobre a prevelência de consume de substâncias psicotrópicas em adolescentes e jovens nas escolas secundárias do distrito de Água-Grande, Mé-Zóchi, Lembá e a Região Autónoma do Príncipe. Sáo Tomé: MJDH. IJ (2014a). Estudo sobre o conhecimento, atitude e prática de adolescentes e jovens nas comunidades em relação à saúde sexual e reprodutiva em São Tomé e Príncipe. São Tomé: MJD. IJ (2014b). Estudo sobre o conhecimento, atitude e prática de adolescentes e jovens nas escolas em relação à saúde sexual e reprodutiva em São Tomé e Príncipe. São Tomé: MJD. IJ (2014c). Estratégia Nacional da Juventude em São Tomé e Príncipe. São Tomé: MJD. INE (2014). IV Recenseamento Geral da População e Habitação – 2012. São Tomé: INE. INE (2010). Profil de la pauvrete a São Tomé et Principe. São Tomé: INE. INPG (2010). Avaliação das estruturas de saúde sexual e reprodutiva destinados a jovens. São Tomé: PNUD/UNICEF. Lima, R.W. (2015). “A imprensa escrita e a cobertura dos conflitos entre gangues de rua em Cabo Verde”. In: Bussotti, L.; Barros, M.; Grätz, T. (Eds.), Media freedom and right to infor-

Expectativas, problemas e aspirações dos jovens e adolescentes. São Tomé e Príncipe

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Expectativas, problemas e aspirações dos jovens e adolescentes. São Tomé e Príncipe

42


43

Expectativas, problemas e aspirações dos jovens e adolescentes. São Tomé e Príncipe


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Expectativas, problemas e aspirações dos jovens e adolescentes. São Tomé e Príncipe


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