Expectativas, problemas e aspirações dos jovens e adolescentes São Tomé e Príncipe
Expectativas, problemas e aspirações dos jovens e adolescentes. São Tomé e Príncipe
1
Este estudo foi financiado pela UNICEF em colaboração com o Governo de São Tome e Príncipe. UNICEF agradece o trabalho dos consultores Redy Lima e Angelo de Ceita assim como as contribuições dos membros do Comité de Pilotagem do estudo: Eduardo Elba (FONG), Vilma Pinto (Ministério de Emprego e Assuntos Sociais), Fernando Freitas Ramos (Ministério de Educação, Cultura, Ciência e Comunicação), Ainhoa Jaureguibeitia e Teodora Soares (UNICEF), Wildiley Barroca (Conselho Nacional da Juventude),Stenia Santos (Ministério de Economia e Cooperação Internacional), Ivete Correia (Ministério de Justiça e Direitos Humanos), Heng dos Santos (Instituto Nacional de Estatística), Anastacio Quaresma (Centro de Reinserção Social), Ernestina Menezes (Instituto Nacional de Promoção do Genero), Claudina Cruz (OMS), Lurdes Viegas (OIT) e Jose Manuel de Carvalho (FNUAP). Os comentários expressos no estudo representam a opinião pessoal do autor e não refletem necessariamente a posição do Fundo das Nações Unidas para a infância (UNICEF). A reprodução de extratos ou a totalidade do estudo não exige uma autorização prévia, exceto quando o objetivo for comercial. No entanto é necessário identificar a fonte das informações. Esta publicação, assim como outras publicações e relatórios de UNICEF São Tomé e Príncipe, está disponível na plataforma ISSUU: http://issuu.com/unicefstp Créditos e direitos das imagens: UNICEF / Inês Gonçalves Desenho: Andreia Sofia Almeida
UNICEF Fundo das Nações Unidas para a Infância Avenida das Nações Unidas PO BOX 404 São Tomé São Tomé e Príncipe Email: saotome@unicef.org © UNICEF, 2017 2
Expectativas, problemas e aspirações dos jovens e adolescentes. São Tomé e Príncipe
Expectativas, problemas e aspirações dos jovens e adolescentes São Tomé e Príncipe
ÍNDICE
Lista de tabelas, diagramas, gráficos e abreviaturas
06
1. Introdução
09
PRIMEIRA PARTE
12
Abordagem conceptual e metodológica
13
2. Nota conceptual
13
3. Nota metodológica
17
3.1 Abordagem extensiva-quantitativa
18
3.2 Abordagem intensiva-qualitativa
19
SEGUNDA PARTE
22
Análise situacional sobre as condições e os estilos de vida dos adolescentes e jovens
23
4. Dados sociodemográficos da população infantojuvenil são-tomense
23
5. Educação, formação e emprego
28
6. Saúde sexual e reprodutiva
37
7. Novas tecnologias de informação e comunicação, lazer, desporto, consumo de substâncias psicotrópicas e delinquência infantojuvenil
45
8. Jovens e participação em associações juvenis
52
9. Avaliação dos projetos e programas de intervenção juvenil existentes
55
Expectativas, problemas e aspirações dos jovens e adolescentes. São Tomé e Príncipe
4
58
10. Considerações gerais 11. Orientações e propostas de políticas públicas inclusivas para a elaboração do Plano Nacional direcionada a adolescentes e jovens
59
11.1 Orientações gerais
59
11.2 Propostas estruturantes
60
12. Recomendações
63
TERCEIRA PARTE Resultados do inquerito aos jovens 10-24 anos
67
Expectativas, problemas e aspirações dos jovens e adolescentes. São Tomé e Príncipe
5
Lista de tabelas, diagramas, gráficos e abreviaturas LISTA DE TABELAS 1 Escolaridade ao nível do ensino secundário por distrito
29
2 Necessidades/privações por distrito de residência
31
3 Frequência escolar e principais razões do abandono escolar
33
4 Profissão que o adolescente/jovem aspira exercer
34
5 Rendimento mensal individual pretendido
35
6 Repartição das respostas em função do sexo
35
7 Sexualidade nas escolas
38
8 Idade de início do Ato Sexual
39
9 Idade com que ficou grávida pela 1ª vez
41
10 Duas situações em que se pode apanhar o vírus do SIDA
43
11 Repartição das respostas em função do sexo
48
12 Opiniões sobre os principais problemas da Juventude e pistas para sua mitigação 13 Autoavaliação e domínios de fraca participação Jovem 14 Repartição percentual das principais respostas dos Inquiridos por distrito de residência
49 53 56
Expectativas, problemas e aspirações dos jovens e adolescentes. São Tomé e Príncipe
6
LISTA DE DIAGRAMAS 1 Principais características do grupo doméstico da população-alvo
24
2 Perfil socioeconómico da família dos inquiridos
25
3 Repartição das respostas consoante distritos de residência
26
4 Principais informações sobre consumo de bebidas Alcoólicas
47
LISTA DE GRÁFICOS
7
1 Inquiridos por níveis de escolaridade
26
2 Necessidades/privações consoante sexo
30
3 Idade/faixa etária que deixam a escola
34
4 Nível máximo de escolaridade pretendido
34
5 Identificação das ISTs
43
6 Modalidades Desportivas regularmente praticadas
46
7 Como Incentivar a juventude à prática Desportiva
46
8 Nomes de iniciativas e Programas, mais citados: 1ª resposta
55
9 Nomes de iniciativas e Programas, mais citados: 2ª Resposta
55
Expectativas, problemas e aspirações dos jovens e adolescentes. São Tomé e Príncipe
LISTA DE ABREVIATURAS AdT Agenda de Transformação ASPF Associação São-tomense para o Planeamento Familiar CAJ Carta Africana da Juventude CAP Conhecimento, Atitudes e Práticas CD Centros Digitais CEA Centros de Escuta e Aconselhamento CIJ Centros de Interação Jovem CNJ Conselho Nacional da Juventude CS Centros de Saúde DGP Direção Geral do Planeamento IJ Instituto da Juventude INE Instituto Nacional de Estatística IST Infeções Sexualmente Transmissíveis NTICS Novas Tecnologias de Informação e Comunicação ODS Objetivos de Desenvolvimento Sustentável PENJ Política / Estratégia Nacional da Juventude PN Polícia Nacional TdR Termo de Referência SSR Saúde Sexual e Reprodutiva
Expectativas, problemas e aspirações dos jovens e adolescentes. São Tomé e Príncipe
8
1.
Introdução
A República de São Tomé e Príncipe é um se foram arranjando, o que se traduziu numa pequeno estado insular constituído por duas
constante instabilidade política que condicio-
ilhas, a de São Tomé e a de Príncipe, situa-
nou a implementação de políticas e iniciati-
das no Golfo da Guiné, a cerca de 380 km de
vas governamentais suscetíveis de permitir
distância da costa africana, especificamente
o desenvolvimento do país.
do Gabão e da Guiné Equatorial.
Com o Governo saído das últimas eleições
Administrativamente, o país encontra-se di-
na sequência da maioria absoluta alcançada
vidido em 6 distritos (Água Grande, Mé-Zo-
pelo partido vencedor, abre-se a possibilidade
chi, Cantagalo, Caué, Lembá e Lobata) e
de criação de condições favoráveis para que
uma região autónoma (Ilha do Príncipe). Em
se possa tentar alavancar a economia e con-
termos de superfície, a ilha de São Tomé
seguir alcançar o tão desejado desenvolvi-
possui aproximadamente 850 km2, sendo
mento sustentável e o bem-estar da popu-
Caué o maior distrito (267 km2), seguido
lação.
de Lembá (229 km2), Mé-Zochi (122 km2),
Para isso, e como forma de aproveitar o
Cantagalo (119km2), Lobata (105 km2) e
dinamismo económico que hoje se vive no
Água Grande (16,5 km2). A superfície da ilha
continente africano, o Governo são-tomense
de Príncipe, considerada Região Autónoma,
promoveu um processo de auscultação dos
ronda os 300 km2.
cidadãos e atores de desenvolvimento, com
De ponto de vista político, o país conquistou
vista à elaboração de uma visão transforma-
a independência em 1975 e instaurou um re-
dora da economia endógena, que responda
gime de partido único que vigorou até 1991,
às aspirações dos são-tomenses.
altura em que, aproveitando a vaga de de-
Denominado AdT (STeP IN London, 2016),
mocratização dos países africanos da língua
este documento será operacionalizado a
oficial portuguesa, foram implementadas
partir de 2017 por um Plano Nacional de
reformas que culminaram com a passagem
Desenvolvimento que substitui o Plano Na-
para um regime multipartidário.
cional de Luta Contra a Pobreza que, alinha-
Embora não se possa falar da existência de
do aos ODS, tem como objetivo, no horizonte
conflitos e de violência de carácter político,
2030, um país moderno e capaz de oferecer
o país conheceu, desde a instauração do
serviços de qualidade não só ao nível da
regime democrático, mais de 15 governos,
região africana, como ao nível global.
devido sobretudo às frágeis coligações que
Expectativas, problemas e aspirações dos jovens e adolescentes. São Tomé e Príncipe
9
Assim, serão cinco as prioridades do Plano:
melhor se adeque à realidade dos mesmos.
1) ODS 1 – erradicar a pobreza em todas as
É neste contexto que, com o apoio da
suas formas, em todos os lugares;
UNICEF,
2) ODS 8 – promover o crescimento económi-
assessorar, de melhor forma possível, a
co inclusivo e sustentável, o emprego pleno
construção, em consonância com a CAJ,
e produtivo e o trabalho digno para todos;
duma política pública amiga dos jovens que
3) ODS 9 – construir infraestruturas resilien-
seja suscetível de promover o aparecimento
tes, promover a industrialização inclusiva e
de talentos e a liberação das energias cri-
sustentável e fomentar a inovação;
ativas dessa camada populacional, trans-
4) ODS 14 – conservar e usar de for-
formando-a num dos maiores protagonistas
ma sustentável os oceanos, mares e re-
do processo de desenvolvimento do país e
cursos marinhos para o desenvolvimento
evitando assim o surgimento de um mal-estar
sustentável;
juvenil e social que poderá bloquear as as-
5) ODS 16 – promover sociedades pacífi-
pirações políticas, económicas e sociais do
cas e inclusivas para o desenvolvimento
país, a médio e longo prazo.
sustentável, proporcionar o acesso à justiça para todos e construir instituições eficazes, responsáveis e inclusivas a todos os níveis. Os jovens, que representam a maioria da população são-tomense, são encarados nesse processo como o futuro da nação. Embora histórica e socialmente a juventude seja tida como uma fase de vida marcada por uma certa instabilidade, associada a determinados “problemas sociais” que, segundo Pais (2003), ao não se esforçarem por contorná-los, correm o risco de serem apelidados de “irresponsáveis” ou “desinteressados”, ela é também encarada como uma janela de oportunidades. Desta feita, há a necessidade de se ter um conhecimento profundo e sistematizado sobre a juventude são-tomense, sobretudo no tocante às suas necessidades e aspirações, de forma a melhor elucidar o Governo no desenho de uma política pública inclusiva que 10
Expectativas, problemas e aspirações dos jovens e adolescentes. São Tomé e Príncipe
surge
este
estudo,
visando
PRIMEIRA PARTE Expectativas, problemas e aspirações dos jovens e adolescentes. São Tomé e Príncipe
11
Abordagem conceptual e metodológica
Expectativas, problemas e aspirações dos jovens e adolescentes. São Tomé e Príncipe
12
PRIMEIRA PARTE Abordagem conceptual e metodológica
2.
Nota conceptual O campo de estudo e da conceptualização
duas tendências: a corrente geracional, em
em torno das categorias de adolescência e
que a juventude é tomada como um con-
juventude tem tido desenvolvimentos sig-
junto social cujo principal atributo é o de ser
nificativos na literatura sociológica, tanto do
constituído por pessoas pertencentes a uma
ponto de vista analítico, como na perspetiva
dada fase da vida, prevalecendo a busca dos
de desenvolvimento de determinadas ações
aspetos mais uniformes e homogéneos que
a nível de políticas públicas direcionadas às
caracterizariam essa fase da vida – aspetos
pessoas que integram essa faixa etária.
esses que fariam parte de uma cultura juvenil
Na maioria dos casos, ela é apresentada
específica, portanto, de uma geração defini-
como uma categoria homogénea, isto é, como
da em termos etários; e a corrente classista,
uma unidade social dotada de interesses co-
em que a juventude é tomada como um
muns. Alguns sociólogos (Bourdieu, 2003)
conjunto social necessariamente diversifica-
têm chamado a atenção para o facto de, ao
do, em que se perfilam diferentes culturas
proceder deste modo, estar-se a manipular a
juvenis, em função de diferentes pertenças
realidade, incorrendo no erro de ignorar que,
de classe, situações económicas diferentes
apesar de os jovens se identificarem com
e diferentes parcelas de poder, interesses,
outros da mesma faixa etária, identificam-se
oportunidades ocupacionais, etc.
a si mesmos, também, como pertencentes
Se as culturas juvenis aparecem geralmente
a classes sociais, grupos ideológicos, con-
referenciadas a conjuntos de crenças, va-
textos geográficos ou grupos profissionais
lores, símbolos, normas e práticas que de-
diferentes.
terminados jovens dão mostras de compar-
Nessa mesma linha de raciocínio, Pais
tilhar, o certo é que esses elementos tanto
(1990) defende que a questão central que
podem ser próprios ou inerentes à fase de
se coloca à Sociologia da juventude é a de
vida a que se associa uma das noções
explorar não apenas as possíveis ou relati-
de juventude, como podem, também, ser
vas similaridades entre os jovens ou grupos
derivados ou assimilados quer de gerações
sociais de jovens (em termos de situações,
precedentes (de acordo com a corrente gera-
expetativas, aspirações, consumos culturais,
cional), quer, por exemplo, das trajetórias de
etc.), mas também e, principalmente, as
classe em que os jovens se inscrevem (de
diferenças sociais que existem entre eles.
acordo com a corrente classista).
Por isso, de uma forma geral, os estudos so-
Sendo assim, defende-se hoje, no cam-
bre adolescentes e jovens têm oscilado entre
po das Ciências Sociais (León, 2005), a
Expectativas, problemas e aspirações dos jovens e adolescentes. São Tomé e Príncipe
13
14
necessidade de pluralizar tanto o conceito
entrada no mundo de trabalho.
de juventude como o da adolescência.
As dificuldades de acesso a um emprego
Ou seja, tratar essa população de forma
refletem-se nas dificuldades de acesso
heterogénea, visto que existem diferentes
à habitação. Na Europa, alguns jovens
adolescentes e juventudes. Segundo León,
recém-casados veem-se forçados a coabitar
isto ganha vigência e sentido, a partir do
com os pais, o que pode também constitu-
momento em que concebemos as categori-
ir fonte de problemas, para já não falar dos
as da adolescência e juventude como uma
que retardam a idade de casamento e con-
construção socio-histórica, cultural e relacio-
tinuam a viver com os pais, por dificuldades
nal nas sociedades contemporâneas, onde
de obtenção de emprego e casa própria.
as intenções e esforços de pesquisa social
Como a cultura juvenil requer um espaço
em geral e nos estudos da juventude, em
próprio, as carências e dificuldades nos
particular, têm estado focados em dar conta
domínios de habitação e emprego e da vida
da etapa de vida que se situa entre a infância
afetivo-sexual podem converter-se numa
e a fase adulta.
fonte aguda de conflitos e problemas. A
Por sua vez, infância e fase adulta também
emancipação dos jovens que tradicional-
são resultado de construções e significações
mente tem culminado com a constituição de
sociais em contextos históricos e sociedades
um lar próprio, habitualmente precedida de
determinadas, num processo de permanen-
obtenção de emprego, encontra-se, nesta
tes mudanças e resignificações.
perspetiva, cada vez mais bloqueada. No
De uma forma geral, ao contrário do jovem,
caso de os jovens prolongarem os laços de
um adulto é tido como responsável porque
dependência familiar, cultivando, ao mesmo
responde a um conjunto determinado de
tempo, um universo cultural distinto do da
responsabilidades: de tipo ocupacional (tra-
família de origem, essa convivência, força-
balho fixo e remunerado); conjugal ou familiar
damente prolongada, pode traduzir-se em
(encargos com filhos, por exemplo) ou
conflitos familiares de alguma intensidade.
habitacional (despesas de habitação e apro-
Aliás, as dificuldades de constituição dum lar,
visionamento). A partir do momento em que
em idades socialmente consideradas como
vão assumindo estas responsabilidades, os
as mais apropriadas, fazem com que os jo-
jovens vão adquirindo o estatuto de adultos.
vens rejeitem – em alguns casos, não sem
Os problemas que, contemporaneamente,
a contrariedade da família – o modelo tradi-
mais têm afetado a juventude, fazendo dela,
cional de casamento e optem por relações
por isso mesmo, um problema social, são
pré-matrimoniais ou uniões livres, ou, ainda,
correntemente derivados da dificuldade de
adiram ao aborto, a relações precárias, ao
Expectativas, problemas e aspirações dos jovens e adolescentes. São Tomé e Príncipe
divórcio e às chamadas variantes da vida
Sendo verdade que, ainda hoje, ao nível
sexual.
mundial, a juventude é tida como um proble-
No continente africano, os estudos sobre a
ma, na medida em que é definida como pro-
juventude são relativamente recentes. Das
tagonista de uma crise de valores e de um
designações de jovens em risco ou desvi-
conflito de gerações que se situa, essencial-
antes patenteados em diversos estudos so-
mente, ao nível dos comportamentos éticos
bre jovens africanos, a perspetiva pós-co-
e culturais (Pais, 1990), ela também tem sido
lonial da juventude tem evidenciado o seu
vinculada a um imaginário idílico de pureza
envolvimento no ativismo e em movimentos
e beleza (Raposo, 2013). A propaganda - de
sociais, destacando o seu papel na política
natureza estética e desportiva, que faz da ju-
de resistência contra o colonialismo, apart-
ventude um produto pronto a ser consumido,
heid e outras formas de dominação (Honwa-
através dos diversos meios de comunicação
na, 2012) no século passado.
social, em que o “corpo jovem” é apresenta-
Atualmente, os protestos de rua em Moçam-
do como símbolo de poder e sedução (Fer-
bique, contra a subida do preço dos trans-
reira, 2011), faz com que todos queiram ser
portes públicos informais e do pão, em 2008
jovens e procurem infinitos artifícios para
e 2010 respetivamente; os protestos na Áfri-
manter um aspeto jovem.
ca do Norte contra os regimes autoritários,
O desejo de preservar a juventude está pro-
em 2010; o protesto no Senegal contra a cor-
fundamente enraizado em grande parte das
rupção ao nível do governo, o desemprego
sociedades contemporâneas, o que con-
em massa e a falta de perspetivas de futuro
tribuiu para o alargamento do espaço tempo-
para os jovens, em 2011, e os demais pro-
ral da mesma, pelo que essa “promiscuidade
testos impulsionados por jovens, um pouco
intergeracional” torna a definição de juven-
por todo o continente africano, entre 2011 e
tude bastante complexa, principalmente
2012, têm sido destacados pela nova socio-
quando ser jovem passa a ser um objetivo
logia da juventude africana e representam,
permanente (Raposo, 2013).
para Honwana (2013), expressões do des-
Daí
pertar africano protagonizado pela geração
complexidade,
waithood, caracterizada por jovens que hoje
a uma inovação concetual que permita
vivem em suspenso entre a adolescência e
construir um campo analítico que delimite as
a idade adulta porque lhes falta o emprego,
dimensões e variáveis para tornar mais evi-
que lhes concederia autonomia e liberdade,
dente o conhecimento empírico dessa cama-
assim como a possibilidade de constituição
da populacional e que sirva de suporte à for-
de família.
mulação de políticas públicas adequadas a
ser
necessário,
devido
a
essa
proceder, neste estudo,
Expectativas, problemas e aspirações dos jovens e adolescentes. São Tomé e Príncipe
15
esses sujeitos.
em três faixas etárias: jovem adolescente
Embora, logicamente, a categoria etária não
(15 a 18 anos); jovem (19 a 24 anos); adulto
seja por si só suficiente para uma análise
jovem (25 a 29 anos). Por outro lado, a CAJ
sociológica desta categoria populacional,
considera que a juventude abarca a popu-
tomamos a delimitação etária de 10 a 24
lação entre os 15 e 35 anos (UA, 2006).
anos como ponto de partida, mas não como
De forma a contornar os constrangimentos
alternativa única. Caso contrário, correr-se-
acima apontados, optamos por proceder a
ia o risco de ter uma análise amputada, que
uma divisão etária entre a população ado-
poderia condicionar a orientação adequada
lescente e a população juvenil, considerando
de políticas públicas que se querem inclusi-
na primeira categoria as pessoas que estão
vas.
situadas na faixa etária dos 10 a 17 anos e a
Sendo assim, convém ter-se em conta que
segunda categoria as que estão situadas na
os parâmetros da definição dos conceitos de
faixa etária dos 15 a 35 anos.
adolescência e juventude têm sido objecto
Esta divisão etária, para além de respeitar
de diferentes classificações, em função da
as orientações da CAJ, baseia-se nos da-
abordagem privilegiada. Para a Organização
dos censitários do INE (2014), que consid-
Mundial da Saúde, por exemplo, a faixa
era pessoas economicamente ativas a partir
etária da adolescência vai de 10 a 19 anos,
dos 10 anos, restringindo a população de
considerando a juventude a faixa etária entre
crianças e adolescentes aos 17 anos, as-
os 15 e 24 anos. A Organização Internacional
sim como considera como população juvenil
do Trabalho subidvide o contingente popula-
pessoas com idade inferior a 36 anos.
cional entre os 15 e 29 anos, subdividindo-o
Jovem mãe com o seu filho recém-nascido.
16
Expectativas, problemas e aspirações dos jovens e adolescentes. São Tomé e Príncipe
PRIMEIRA PARTE Abordagem conceptual e metodológica
Nota metodológica
3.
Este estudo pretende, como sugere a CAJ,
(tendo em conta também os adolescentes
ter um carácter participativo e, portanto,
em idade escolar, mas fora da escola), uso
foi pensado e executado utilizando o diag-
de comunicação e NTICS, álcool e outras
nóstico participativo que é um importante
drogas, lazer e desporto;
instrumento metodológico de dinamização e
3. Identificar as suas expetativas,
consciencialização juvenil, visto que assen-
problemas, dificuldades e aspirações;
ta na compreensão do carácter sistémico
4. Conhecer as atitudes e práticas dos ado-
da realidade e envolve uma relação de
lescentes e jovens em relação ao consumo
causalidade linear numa primeira fase
de álcool e drogas;
(identificação dos problemas juvenis e suas
5. Inventariar os programas que já se en-
causalidades), sendo mais global e integra-
contram em curso para os jovens e consoli-
do numa segunda fase, quando o conheci-
dar as informações, no contexto do país;
mento das dinâmicas sociais juvenis surge
6. Formular recomendações em relação às
de forma mais interativa.
necessidades exprimidas pelos jovens que
Tomando como referência as cinco com-
possam servir para:
ponentes pré-estabelecidas no TdR1 pelo
i. Elaborar um plano nacional de desenvolvi-
Comité Técnico do estudo, organizado pelo
mento dos adolescentes e dos jovens;
Ministério da Juventude e pela UNICEF,
ii. Definir uma resposta eficaz para a situ-
procura-se, com o estudo, alcançar os se-
ação de pobreza socioeconómica atual.
guintes objetivos:
Para a consecução desses objetivos, recor-
1. Conhecer as principais características so-
reu-se a duas abordagens metodológicas:
ciodemográficas dos adolescentes e jovens;
a extensiva-quantitativa e a intensiva-quali-
2. Analisar as performances e as lacunas
tativa, sendo que esta última teve a função
dos serviços existentes para os jovens (es-
de assegurar o carácter participativo, como
colarizados ou não) em domínios tais como:
estabelecido nos TdR.
saúde reprodutiva, emprego, educação
1 1) Identificação e caracterização dos adolescentes e jovens; análise das situações socioeconómicas desse segmento populacional; 3) identificação dos programas e iniciativas viradas para essa população e elaboração de uma proposta de intervenção que se adeque às condições de vida desses adolescentes e jovens; 4) análise do nível de participação juvenil no processo de desenvolvimento; 5) recomendações relativas à gestão dos assuntos ligados a essa população.
Expectativas, problemas e aspirações dos jovens e adolescentes. São Tomé e Príncipe
17
3.1 Abordagem extensiva-quantitativa
18
A primeira estratégia, que ficou a cargo do
de dados teve uma duração de 15 dias e foi
consultor nacional, consistiu numa aborda-
assegurada por uma equipa de 16 inquiri-
gem extensiva-quantitativa que teve como
dores sob assistência de 4 supervisores; na
principal foco a realização de inquéritos aos
Região Autónoma do Príncipe (RAP) foram 3
adolescentes e jovens através de um ques-
dias de inquérito assegurado por uma equipa
tionário estandardizado.
de 3 inquiridores e 1 supervisor. Todos os in-
Tratando-se de um estudo de CAP, a uni-
tervenientes foram submetidos a uma ses-
dade inquirida foi o indivíduo, selecionado
são de capacitação, tal como detalhado no
de acordo com as contingências alusivas à
Anexo 3.
representatividade e o tamanho da amostra
A informatização de dados - através de um
foi suportado por 3 “variáveis-chave”: sexo,
módulo informático concebido em ACCESS
idade, local de residência dos inquiridos. Com
- foi progressiva e quotidiana, após codifi-
efeito, os discriminantes Meio de residência,
cação/controlo/validação dos questionários
Escolaridade, Profissão/ocupação, Família
provenientes do terreno, pela equipa de
(nível socioeconómico) foram abordados no
coordenação. A digitação completa dos da-
âmbito do estudo a título de “variáveis de
dos foi efetuada em três computadores por
controlo” particularmente pertinentes para a
3 digitadores dentre os quais um técnico in-
análise cruzada dos dados.
formático, responsável pela equipa.
O inquérito abrangeu todo o território
Foi efetuada uma formação aos inquiridores
nacional, logo, as 7 unidades territoriais da
e supervisores selecionados, com vista
divisão político-administrativa, a partir de
a capacitá-los na metodologia e técnicas
uma amostra representativa de 1805 adoles-
adequadas à abordagem das inquirições, de
centes e jovens, desagregados por sexo e
acordo com os conteúdos do questionário
três grupos etários (10-13 anos; 14-17 anos
e com os principais objetivos do inquérito.
e 18-24 anos) e residentes em 44 locali-
A sessão de formação teve lugar nas insta-
dades selecionadas (10% do total nacional)
lações da FONG, no sábado, dia 15 de ou-
(ver Anexo 1).
tubro de 2016, das 9:00 às 13:30, tal como
O inquérito foi suportado por um questionário
espelhado no Anexo 3.
estruturado (anexo: ficheiro Excel), desagre-
Realizou-se um inquérito piloto no dia 17 de
gado em 6 Módulos, contendo cada um 8
outubro, em três localidades do Distrito de
perguntas em média, na larga maioria, de
Água-Grande, junto a 35 inquiridos, com a
natureza fechada.
participação de 5 inquiridores e 1 supervisor.
No terreno (na ilha de São Tomé) a recolha
Os resultados obtidos não orientaram para
Expectativas, problemas e aspirações dos jovens e adolescentes. São Tomé e Príncipe
ajustamentos relevantes na versão inicial do
que os dados recolhidos fossem de quali-
Questionário.
dade almejada.
Na ilha de São Tomé, os 16 inquiridores tra-
A recolha dos dados teve lugar no período
balharam em dupla (2 indivíduos) nos arre-
compreendido entre 21 de outubro e 4 de
dores de uma mesma localidade sendo que
novembro em São Tomé e nos dias 11, 12
esta, em função do número de inquiridos,
e 13 de novembro na RAP. A recolha de da-
poderia constituir área de jurisdição de vári-
dos foi agrupada por distritos e realizada na
os pares de inquiridores. Por sua vez, cada
seguinte ordem e duração: Água-Grande -
supervisor tinha como atribuição inspecio-
6 dias; Mé-Zóchi - 4 dias; Caué-Cantagalo
nar, apoiar, corrigir e validar os questionários
- 2,5 dias; Lembá-Lobata - 2,5 dias; RAP -3
preenchidos diariamente por 2 inquiridores.
dias. A técnica de recolha de dados utilizada
A supervisão dos questionários e do inquéri-
foi a abordagem face a face que, no que res-
to também foi assegurada pela equipa de
peita aos inquiridos com menos de 18 anos,
coordenação que permitiu, entre outros, que
foi efetuada com o consentimento prévio da
os procedimentos e métodos recomendados
criança e, sobretudo, do seu encarregado de
para a recolha de dados fossem seguidos e
educação.
3.2 Abordagem intensiva-qualitativa A segunda estratégia, que ficou a cargo
− Diretor da Federação das Organizações
do consultor internacional, consistiu numa
Não Governamentais;
abordagem intensiva-qualitativa que serviu
− Responsável da juventude na Câmara
de aprofundamento à abordagem exten-
Distrital de Cantagalo;
siva-qualitativa.
− Assessor de Cooperação do Ministério da
Durante 22 dias de trabalho de campo (de
Educação;
2 a 12 de outubro, na primeira missão, e de
− Presidente da Associação Rumo ao Tra-
24 de novembro a 6 de dezembro) foram en-
balho de Cantagalo;
trevistadas as seguintes individualidades:
− Promotora do Projeto Wake Up Africa;
− Diretor do Instituto da Juventude;
− Presidente do Conselho Nacional da Ju-
− Diretora do Instituto da Droga e Toxide-
ventude;
pendência;
− Responsável da estrutura juvenil da ASPF;
− Presidente do Sindicato dos Motoqueiros
− Presidente da Associação Juvenil de Água
(Moto-táxi);
Grande;
Expectativas, problemas e aspirações dos jovens e adolescentes. São Tomé e Príncipe
19
− Diretora do Instituto para a Igualdade e
• 15 adolescentes e jovens da cidade de
Equidade de Género;
Neves, no Distrito de Lembá;
− Presidente da Associação dos Deficientes
• 18 adolescentes e jovens na Roça Porto
de São Tomé e Príncipe.
Alegre, no Distrito de Caué;
O agendamento das entrevistas foi feito pela
• 9 alunos do 12º ano da Escola Secundária
UNICEF e na RAP o trabalho de terreno
da cidade de Santo António;
teve acompanhamento de funcionários do
• 24 adolescentes e jovens na Roça Nova
Governo Regional. No total, foram feitas 13
Estrela, na RAP.
entrevistas formais a entidades nacionais e
Foram igualmente consideradas conversas
comunitárias, com alguma responsabilidade
informais, em formato de grupo focal, o diálo-
junto a adolescentes e jovens, assim como
go estabelecido com alunos em 2 turmas do
se conversou, de forma informal, sobre vários
11º ano (45 minutos por cada turma, num to-
setores da vida juvenil do país, com 69 pes-
tal de aproximadamente 120 alunos) no Li-
soas (ver em Anexos 4 e 5), dentre as quais
ceu Nacional, em Água Grande, e cerca de
jovens, responsáveis nacionais e distritais.
45 pessoas, entre jovens e adultos, na Roça
Convém salientar que, se nas entrevistas
Porto Real, na RAP.
formais se seguiu um guião previamente
De forma a melhor se ter uma visão global
construído (ver anexo 6), nas conversas in-
sobre os projetos, programas ou iniciativas
formais focou-se em determinados pontos
direcionadas aos adolescentes e jovens
considerados cruciais no entendimento da
são-tomenses bem como sobre a situação
situação dos jovens do país, conforme o in-
desta camada populacional, em determina-
terlocutor ouvido.
dos setores tratados no estudo, fez-se uma
As entrevistas e conversas informais foram
análise de 23 documentos, incluindo planos
completadas com 8 grupos focais que con-
setoriais e relatórios de estudos, existentes
taram com a participação de 124 pessoas,
desde 2005.
divididas da seguinte forma: • 13 alunos do 10º e 11º ano do Liceu Nacional; • 16 jovens moto-taxistas das praças do Parque Popular e da Igreja Conceição; • 13 adolescentes e jovens, representando os bairros de São Gabriel, Campo de Milho, Água Porca, Riboque, São João, Bairro do Aeroporto, Vila Maria, Água Arroz e Bairro Verde, no Distrito de Água Grande; 16 na Roça de Monte Café, no Distrito de Mé-Zóchi; 20
Expectativas, problemas e aspirações dos jovens e adolescentes. São Tomé e Príncipe
SEGUNDA PARTE Expectativas, problemas e aspirações dos jovens e adolescentes. São Tomé e Príncipe
21
Análise situacional sobre as condições e os estilos de vida dos adolescentes e jovens
Expectativas, problemas e aspirações dos jovens e adolescentes. São Tomé e Príncipe
22
SEGUNDA PARTE Análise situacional sobre as condições e os estilos de vida dos adolescentes e jovens
4.
Dados socio-demográficos da população infanto-juvenil são-tomense Segundo o INE (2014), do ponto de vista de-
com diferenças importantes entre os sexos
mográfico, em 2012 residiam em São Tomé
porque a idade média dos homens corre-
e Príncipe 187.356 pessoas, sendo 49,8%
sponde a 18,7 anos e a das mulheres a 19,2
homens e 51,1% mulheres. Esta população
anos.
encontrava-se distribuída geograficamente
A população de 0 a 17 anos corresponde a
de forma heterogénea pelo país, com os dis-
48% da população total e a população dos 14
tritos de Água Grande (38,9%) e Mé-Zóchi
a 35 anos corresponde a 38% da população
(25%) a albergar perto de 2/3 (63,9%) da
total. Se no que toca à distribuição espacial
população total. O distrito de Caué (3,4%) e
das crianças e adolescentes não há mui-
a (RAP) (4,1%) possuem menos população
ta diferença entre o meio urbano e o rural,
residente.
no que toca à população juvenil, podemos
Os dados apontam para uma população pre-
constatar que ela é superior no meio urbano
dominantemente urbana, uma vez que, ao
(68%), o que mostra que, conforme se vai
nível nacional, 67% da população reside no
atingindo a idade legalmente considerada
meio urbano, com exceção dos distritos de
maior, as pessoas tendem a deslocar-se para
Mé-Zóchi, Lobata e RAP, onde existe maior
o meio urbano, tendo em conta que o distri-
concentração de população a residir no meio
to de Água Grande cresceu, em termos de
rural. A explicação para este fenómeno pren-
densidade populacional, 1,33 vezes de 2001
de-se com o facto de grande parte das an-
a 2012. Aliás, a cidade de São Tomé, capital
tigas roças estarem concentradas nesses
do país, e a cidade de Trindade, no distrito
distritos e as suas sedes continuarem, ain-
de Mé-Zóchi, são as localidades onde se en-
da hoje, quase que intactas, com estruturas
contra a residir a maior parte da população
mais bem organizadas do que nos restantes
juvenil do país.
distritos.
Os dados gerais da população apontam para
Do ponto de vista da estrutura etária da
a existência de uma taxa de dependência
população, ela é relativamente jovem, vis-
global de 63%, o quer dizer que, por cada
to que o efetivo com menos de 20 anos
10 pessoas em idade ativa, existem 6,3 pes-
corresponde a 52,1% da população to-
soas dependentes, sendo 5,8% jovens e
tal. A idade média do país é de 18,9 anos,
0,5% idosos. É de salientar que a população
Expectativas, problemas e aspirações dos jovens e adolescentes. São Tomé e Príncipe
23
com deficiência também se enquadra nes-
e Água Grande (cerca de 4%). Nos restantes
ta categoria, uma vez que a maior parte da
distritos, as taxas são mais baixas do que ao
população ativa de 15 anos ou mais com
nível nacional, sendo 3,1% em Caué e quase
deficiência se encontra inativa (58,8%) e, dos
3% em Lembá, Mé-Zóchi e RAP.
que estão em idade ativa, apenas 31% está
Em relação ao tipo de deficiência, os maiores
empregada. Cerca de 39% da população
valores encontram-se na deficiência mental
com deficiência encontra-se em agrega-
(1,5%), seguida da deficiência visual (1,2%),
dos familiares constituídos por seis ou mais
motora (1%) e auditiva (0,5%). Cerca de
pessoas. Existem, igualmente, 12% dessas
31,3% dessa população nunca frequentou
pessoas a viver sozinhas, das quais 8% tem qualquer tipo de estabelecimento escolar, idade compreendida entre 10 e 29 anos.
20% frequentava algum no ano do inquérito
Ao todo existem no país 6.274 pessoas com
e 48,9% no ano anterior.
deficiência, o que corresponde a 3,5% da
Cerca de 37,2% dessa população é anal-
população total dos quais 3,2% são homens
fabeta, sendo o distrito de Caué aquele em
e 4% mulheres. A taxa de incidência é ligei-
que a taxa de analfabetismo é mais eleva-
ramente mais elevada no meio urbano (3,8%
da (57,5%), seguido de Lembá (47,6%) e
contra 3% no rural) e, ao nível dos distritos,
Cantagalo (44,1%). A taxa mais baixa de
Lobata (5,3%) é onde se encontram os va-
analfabetismo regista-se no distrito de Água
lores mais altos, seguido de Cantagalo (4,1%)
Grande (30,4%).
Com quem mora
Inquiridos
Percentagem
Sexo do chefe de família
Inquiridos
Percentagem
Aus. Resposta
4
0,2%
Aus. Resposta
4
0,2%
PAIS
551
30,5%
Homem
1060
58,7%
Mãe
477
26,4%
Mulher
741
41,1%
Pai
174
9,6%
Total
1805
100,0%
Familiar
305
16,9%
Sózinho
88
4,9%
Inquiridos
Percentagem
Parceiro
192
10,6%
Idade com que teve o 1º filho
Outra
14
0,8%
Aus. Resposta
600
33,2%
10-13 anos
2
0,1%
Total
1805
100,0%
14-17 anos
65
3,6%
18-24 anos
119
6,6%
Não lhe concerne
1019
56,5%
Total
1805
100,0%
Vive com parceiro (idade)
Inquiridos
Percentagem
Aus. Resposta
5
2,6%
0-13 anos
3
1,6%
14-17 anos
82
42,7%
18-24 anos
102
53,1%
Total
192
100,0%
Diagrama 1 Principais características do grupo doméstico da população-alvo
24
Expectativas, problemas e aspirações dos jovens e adolescentes. São Tomé e Príncipe
Os inquiridos neste estudo, na sua maioria
anos (102 jovens) ao passo que ela começou
relativa (57%), declararam viver com os pais
entre os 14 e os 17 anos para 82 jovens. No
(30,5%) ou com a mãe (26,4%). Para os 192
universo da amostra, a maioria (6,6%) teve o
jovens que vivem com o parceiro(a), a vida
seu primeiro filho entre os 18 e os 24 anos e
marital começou, sobretudo, entre os 18 e 24
3,6% o teve entre os 14 e os 17 anos. Rendimento familiar em 1000 Dbs
Inquiridos
Percentagem
Aus. Resposta
888
49,2%
<=1.100
373
20,7%
1. 100 - 2. 500
304
16,8%
2. 500 - 5. 000
162
9,0%
>= 5. 000
78
4,3%
Total
1805
100,0%
1,3%
O que mais falta faz à famíla
Inquiridos
Percentagem
373
20,7%
Total
Aus. Resposta
127
7,0%
1805
100,0%
Energia
222
12,3%
Nível de instrução do chefe de família
Água potável
447
24,8%
Inquiridos
Percentagem
116
6,4%
Aus. Resposta
560
31,0%
Alimentação + Refeição
Não freq. Escola
47
2,6%
Melhor Emprego
479
26,5%
Primário
342
18,9%
88
4,9%
Secund 1 (5ª-8ª)
473
26,2%
Melhor acesso Saúde
185
10,2%
Secund 2 (9ª-12ª)
352
19,5%
Transporte + deslocação
Curso Professional
8
0,4%
Outros
141
7,8%
Total
1805
100,0%
Universitário
23
1,3%
Total
1805
100,0%
Profissâo do chefe de famíla
Inquiridos
Percentagem
Aus. Resposta
71
3,9%
Pequenos negócios
248
13,7%
Empresário
45
2,5%
Artesão + Pequenos Serviços
331
18,3%
Agricultura + Pesca
215
11,9%
Trab. Empresas
277
15,3%
Funcionário Estado
221
12,2%
Executivo / Consultor
24
8: Outros
Diagrama 2 Perfil socioeconómico da família dos inquiridos
Os chefes de família têm um nível de instrução
como artesão/pequenos serviços (18,3%);
que varia sobretudo entre a 5ª e a 8ª classe
pequenos negócios (13,7%) ou, ainda, tra-
(26,2%) e o ensino primário (18,9%), sendo
balhador de empresas (15,3%). Estes dados
que quase metade (47,4%) exerce profissões
apontam para a situação socioeconómica
Expectativas, problemas e aspirações dos jovens e adolescentes. São Tomé e Príncipe
25
precária das famílias, visto que a maioria
(53,2%) trabalha fora de casa e tem rendi-
(20,7%) usufrui dum rendimento mensal ig-
mento inferior a 1 milhão de dobras; 20,6%
ual ou inferior a 1 milhão de dobras, contra
entre 1 milhão e 2,500 milhões e 5,3% entre
apenas 4,3% que tem um rendimento men-
2,500 e 5 milhões. Apenas 2,3% dos inquiri-
sal superior ou igual a 5 milhões de dobras.
dos tem rendimento superior a 5 milhões.
Em relação ao salário dos adolescentes e jovens, os dados revelam que mais de metade Rendimento familiar em 1000 Dbs
ÁguaGrande
Cantagalo Caué
Lembá
Lobata
Mé-Zóchi
RAP
Aus. Resposta
366
110
18
76
82
231
5
<=1.100
136
27
15
28
42
115
10
1. 100 - 2. 500
95
26
18
22
39
66
38
2. 500 - 5. 000
66
7
8
18
22
30
11
>= 5. 000
33
5
3
5
9
16
7
Total
696
175
62
149
194
458
71
O que mais falta faz à famíla
ÁguaGrande
Cantagalo Caué
Lembá
Lobata
Mé-Zóchi
RAP
Aus. Resposta
75
7
4
4
10
21
6
Energia
79
18
14
21
16
65
9
Água potável
125
56
9
45
63
142
7
Alimentação + Refeição
40
12
2
17
11
28
6
Melhor Emprego
205
47
21
41
55
109
1
Melhor acesso Saúde
46
7
1
4
7
22
1
Transporte + deslocação
83
17
8
12
23
40
2
Outros
43
11
3
5
9
31
39
Total
696
175
62
149
194
458
71
Diagrama 3 Repartição das respostas consoante distritos de residência
Em termos do cruzamento das variáveis rendimento familiar, privações e distritos de residência, verificamos que é no distrito de Caué que as famílias têm maiores carências. 5ª - 8ª classe
51,3%
9ª - 12ª classe
36,2% Não escolarizados
Primário
Curso Profissional
0,8%
9,8%
0,3%
Gráfico 1 Inquiridos por níveis de escolaridade 26
Expectativas, problemas e aspirações dos jovens e adolescentes. São Tomé e Príncipe
Universitário
1,7%
O Gráfico 1 revela que a percentagem de in-
e segunda posição (24,3% e 10% respeti-
queridos não escolarizados é insignificante,
vamente) na lista do que mais falta faz aos
o que indica que, a nível da taxa de escolari-
adolescentes e jovens. A família (8,1%) vem
dade básica e secundária, São Tomé e Prín-
em terceira posição, precedendo os bens co-
cipe conseguiu atingir os seus objetivos: ape-
muns e a habitação (6%) e o transporte (3%).
nas 0,8% da população-alvo não se encontra
Em termos de pertença a organizações ou
escolarizada. A maioria (51,3%) encontra-se
grupos socioculturais, cerca de 80% dos in-
associada ao nível de ensino secundário,
quiridos declararam não pertencer a qualquer
que vai de 5ª à 8ª classe. É também no ensi-
tipo de organização ou grupo. Dos que
no secundário (entre a 9ª e a 12ª classe) que
responderam de forma afirmativa (17,6%),
se concentra a outra parte representativa da
27,1% evocaram grupos culturais, 16,1%
amostra (36,2%), perfazendo assim 87%, o
grupos desportivos, 10,7% grupos de cariz
que corresponde a 1578 inquiridos.
social, 9,2% organizações da sociedade civil
O emprego e a formação surgem na primeira
e 4,4% organizações comunitárias.
Homem tocando acordeão
Expectativas, problemas e aspirações dos jovens e adolescentes. São Tomé e Príncipe
27
5.
SEGUNDA PARTE Análise situacional sobre as condições e os estilos de vida dos adolescentes e jovens
Educação, formação e emprego
Como evidenciado anteriormente, em São
este tem de suportar para a formação supe-
Tomé e Príncipe a taxa de escolarização no
rior feita essencialmente no estrangeiro, es-
nível básico e secundário é bastante eleva-
timados na ordem de 44,55% das despesas
da. Contudo, tal não se reflete no acesso ao
do Ministério da Educação (MECF, 2012).
mercado de trabalho nem no prosseguimen-
O ensino superior em São Tomé e Príncipe
to dos estudos numa instituição de ensino
é caro e seletivo traduzindo-se, para o alu-
superior ou formação profissional.
no, na frustração de ter de parar os estudos
No que respeita às questões relacionadas
não só devido devido à deficiente situação
com a desigualdade de género, tanto ao
financeira das famílias (Ver diagrama 3) mas
nível do ensino básico como do secundário
também devido aos problemas da oferta for-
e universitário, não existem diferenças
mativa das 3 instituições de ensino superior
significativas. Verifica-se apenas, no que se
(1 pública e 2 privadas) a operar no país, to-
refere à população não escolarizada, que
das com limitações no que toca à oferta de
as raparigas apresentam um efetivo ligeira-
cursos existentes.
mente superior ao dos rapazes: 10 contra 4,
As entrevistas, as conversas informais e as
o que em termos percentuais corresponde a
discussões em grupo indicam que, anual-
valores insignificantes: 1,1% para raparigas
mente, sai da 12ª classe um número con-
e 0,4% para rapazes.
siderável de potenciais candidatos a uma
Os dados estatísticos indicam que, embora
formação superior mas que, pelas razões já
exista uma alta taxa de escolarização, so-
apontadas, não conseguem prosseguir os
bretudo na faixa etária dos 14 a 17 anos,
estudos.
essa taxa é inferior na faixa etária dos 18 a
Nalgumas situações, a frustração advém de
24 anos. Este indicador, quando confronta-
ter de escolher cursos de que não gostam de
do com as informações qualitativas, sugere
antemão ou para os quais não têm vocação.
que, até 2012, ano em que se elaborou a
A inexistência dum gabinete de orientação
Carta Educativa, a planificação do setor não
vocacional tem também contribuído para o
conseguiu prever os possíveis bloqueios que
aumento da frustração entre os alunos, na
esta alta taxa de escolarização no ensino
medida em que, na maioria das vezes, aca-
básico e secundário poderiam trazer em ter-
bam por escolher uma área de estudo por
mos de acesso ao ensino superior.
modismo de certos cursos ou , simples-
As consequências desta situação para o Es-
mente, por influência dos amigos.
tado têm a ver com os elevados custos que
28
Expectativas, problemas e aspirações dos jovens e adolescentes. São Tomé e Príncipe
Distrito
Total
5ª-8ª classe
9ª-12ª classe
RAP
90,1%
54,9%
35,2%
Lobata
89,7%
50,0%
39,7%
Água-Grande
88,4%
48,9%
39,5%
Lembá
86,6%
56,4%
30,2%
Mé-Zóchi
86,5%
48,9%
39,5%
Cantagalo
85,7%
60,6%
25,1%
Caué
80,7%
56,5%
24,2%
Tabela 1 Escolaridade secundário por distrito
Em termos do cruzamento da taxa de esco-
dades de acesso à 12ª classe, uma vez que
larização e distrito de residência, verifica-se
os transportes escolares apenas se deslocam
que a RAP (90,1%), Lobata (89,7%) e Água
até essa cidade. Afirmam que a solução pas-
Grande (88,4%) são os distritos onde essa
sa por irem estudar em Água Grande, mas
taxa é superior, enquanto em Caué (80,7%)
sem a garantia de prosesseguir os estudos,
ela é menor.
pois a maioria dos seus familiares não pos-
Nos distritos onde não existe a 12ª classe
suem capacidade financeira para lhes cus-
(Lembá, Caué, Cantagalo e Lobata), caso
tear as deslocações diárias, como pode ser
queiram continuar os estudos secundários,
comprovado pelo Diagrama 3.
terão de se deslocar às escolas dos distritos
No caso da RAP esta questão apenas se co-
de Água Grande ou Mé-Zóchi. Constatou-se
loca em relação ao acesso ao ensino superi-
que alguns alunos do distrito de Lembá se
or: para a situação económica dos familiares
deslocam ao distrito de Lobata para es-
ali residentes, é muito elevado o custo para
tudarem a 11ª classe, embora haja casos de
manter um aluno a estudar na cidade de São
alunos que se deslocam a distâncias maiores
Tomé ou no estrangeiro.
para estudarem nos dois maiores centros ur-
Notamos desencontros discursivos entre o
banos do país. Visto que o Liceu de Lobata
representante do Governo e elementos da
ainda acolhe alunos até à11ª classe, estando
população com que fomos conversando e
um liceu maior a ser construído nesse distrito,
discutindo as questões pertinentes do estu-
uma vez terminada a obra, receberá alunos
do no que respeita ao pagamento das bolsas
até à 12ª classe, o que irá facilitar, de forma
de estudo dos alunos a estudar quer em Por-
significativa, os alunos residentes em Lembá.
tugal quer em São Tomé. Enquanto o repre-
Dos alunos de Caué com os quais conversa-
sentante do Governo regional afirma que tem
mos, os que residem em localidades fora da
pago a totalidade das bolsas desses alunos,
cidade de São João dos Angolares, capital
os mesmos afirmam que o que o Governo tem
do distrito, queixam-se da falta de oportuni-
feito nessa matéria é pagar apenas uma parte
Expectativas, problemas e aspirações dos jovens e adolescentes. São Tomé e Príncipe
29
das bolsas, cabendo às respetivas famílias a
A questão da escolaridade (ou da falta dela)
responsabilidade de custear o restante.
torna-se ainda mais complicada quando se
Se, por um lado, podemos considerar jus-
trata dos adolescentes e jovens com defi-
ta esta prática, por outro, se se tiver em
ciência, uma vez que as escolas não levam
conta o fraco rendimento de uma boa par-
em consideração estas questões, o que
te da população da ilha, que mal consegue
pode ser verificado pela falta de condições
assumir os custos da totalidade das propinas
de acessibilidade e pela inexistência de ma-
mais os custos da deslocação, então os mais
teriais pedagógicos adaptados a essas pes-
pobres poderão ver automaticamente veda-
soas.
do o acesso a uma formação superior. Como
No caso do ensino pré-escolar, segundo os
alternativa, existe a formação profissional
entrevistados, são as próprias escolas que
que, segundo os representantes do Governo,
bloqueiam a matrícula das crianças com defi-
tem sido cada vez mais procurada pelos jo-
ciência, argumentando que não sabem lidar
vens, mas as pessoas com quem conversa-
com a situação.
mos mostram-se insatisfeitas com algumas
Como indicado anteriormente, do que a
ofertas de formação profissional, sobretudo
população inquirida sente mais falta é o em-
na ilha de São Tomé. Dizem que a falta de
prego e a formação, sobretudo no seio dos
materiais e laboratórios dificultam a apren-
rapazes. As raparigas dizem sentir mais falta
dizagem do saber-fazer, pois a maioria dos
de uma família, bens comuns e habitação,
cursos fica meramente no âmbito teórico.
conforme o gráfico seguinte:
Masculino
Média
Feminino
40 35 30 25
Gráfico 2 Necessidades/privações
20
consoante o sexo
15 10 5 0
30
Emprego
Formação
Família
Bens de 1ª Transporte +habitação
Expectativas, problemas e aspirações dos jovens e adolescentes. São Tomé e Príncipe
Outras
A falta de emprego é substancial (63,8%) na
campo político”. Para esse entrevistado, “o
faixa etária dos 18 a 24 anos. Estes dados
que se tem verificado no país é uma substi-
corroboram os dados do INE (2014), que
tuição familiar de gerações, tanto no campo
indicam que os jovens são os mais afeta-
político como no campo profissional”. Esta
dos pelo desemprego, uma vez que 69% da
visão foi compartilhada por uma boa parte
população desempregada do país está con-
dos entrevistados e grupos focais.
centrada na faixa etária dos 15 a 34 anos.
Num contexto de segregação das oportuni-
Destes, são os jovens pertencentes à faixa
dades, como indicado pelos dados, evocar
etária dos 15 a 24 anos os mais afetados
a afirmação de Pais (2005), segundo a qual
(32,7%).
encontrar trabalho é uma lotaria, faz todo o
Os dados do INE indicam que a taxa de de-
sentido, ainda mais quando se é jovem, o
semprego diminui à medida que aumenta a
mercado de trabalho apresenta característi-
idade, sendo maior no escalão das pessoas
cas de lotado, isto é, “encontra-se retalhado
com idade igual ou superior a 65 anos, o que
em lotes, sujeito a uma crescente segmen-
transforma o problema do desemprego em
tação” (Pais, 2005: 19).
São Tomé e Príncipe num conflito geracional,
Os dados do INE (2014) revelam igualmente
uma vez que, nas palavras dum entrevista-
um desequilíbrio em relação ao género, uma
do, “um dos grandes problemas do país foi
vez que a taxa de mulheres desempregadas
não se ter efetuado, em nenhum momento,
é 2 vezes superior à dos homens.
uma substituição da geração, sobretudo no O que sente que mais falta lhe faz
Emprego
Formação Família
Bens / Transporte Outras habitação
Total
Água-Grande
32,9%
14,8%
10,2%
8,4%
4,6%
29,1%
100%
Cantagalo
36,1%
18,4%
10,2%
9,5%
4,1%
21,8%
Caué
25,0%
30,0%
20,0%
2,5%
5,0%
17,5%
Lembá
33,1%
12,4%
11,6%
9,1%
0,8%
33,1%
Lobata
37,3%
11,3%
14,7%
7,3%
4,0%
25,3%
Mé-Zóchi
35,1%
10,9%
9,5%
6,0%
2,9%
35,6%
RAP
13,4%
7,5%
11,9%
17,9%
11,9%
37,3%
Tabela 2 Necessidades/privações por distrito de residência
Ao nível dos distritos de residência, as
O estudo revela que há um reconhecimento
diferenças registadas em relação ao que
implícito de muitos jovens de que é preciso ter
mais se sente falta são, de um modo geral,
sorte para se conseguir um trabalho em São
pouco expressivas, salvo para a RAP e para
Tomé e Príncipe, o que faz com que a vida
o distrito de Caué, cada um com as suas par-
de ‘’desenrascanço’’ seja a alternativa encon-
ticularidades, como indica a Tabela 2.
trada por uma boa parte dos jovens, mesmo Expectativas, problemas e aspirações dos jovens e adolescentes. São Tomé e Príncipe
31
32
com uma formação superior, nalguns casos.
estudos secundários depois de terem ficado
As informações qualitativas indicam que o
grávidas.
fenómeno da segregação das oportunidades
O moto-táxi tem sido o maior escape ao
em São Tomé e Príncipe está intimamente
desemprego dos jovens são-tomenses e
ligado à lógica político-partidária em que, a
esta atividade vem ganhando cada vez
partir do momento em que um jovem é asso-
mais espaço em todos os distritos do país,
ciado a uma determinada força partidária, ele
afigurando-se como alternativa principal aos
vê a sua sorte limitada na bolsa das oportuni-
transportes públicos, num contexto em que
dades laborais caso se trate dum partido da
estes não existem. Entre os jovens, sobretu-
oposição. Esta prática, que não é exclusiva
do entre os que possuem baixa escolaridade
deste país, tem como consequência a repro-
e não conseguem ingressar noutros setores
dução de uma cultura de clientelismo e, por
de trabalho esta atividade é bem reconhe-
conseguinte, de mediocridade, em detrimen-
cida até porque, para se ser moto-taxis-
to de uma cultura de mérito que é necessária
ta, é necessário apenas saber dirigir uma
para que a AdT seja realmente executada.
motorizada, mesmo não possuindo carta de
Para os jovens que se encontram fora des-
condução.
ta lógica, a solução de emprego passa pelo
Estima-se que existem em todo o país mais
mercado informal. A maioria deles, essencial-
de dois mil moto-taxistas, divididos em várias
mente do sexo masculino, busca na atividade
“praças”, em todos os distritos de São Tomé
de moto-táxi a forma de se “desenrascarem”.
e Príncipe. Ao contrário do que se pode pen-
Além disso, uns lavam viaturas em pontos
sar, a maioria desses moto-taxistas não pos-
específicos das cidades do país - existem
sui motorizada própria e trabalham, portanto,
quatro pontos fixos de lavagem informal de
por conta de outrem.
viaturas na cidade de São Tomé; outros de-
Sendo certo que a maioria deles não possui
ambulam pelas ruas a vender medicamentos,
carta de condução, o que explica comporta-
artesanato, produtos alimentícios, enquanto
mentos de risco nas estradas por parte dos
outros se dedicam ao câmbio de moedas ou
mesmos, considerar a sua existência como
à venda de recargas para telemóveis, ativ-
algo negativo parece-nos exagerado. Estu-
idade que, não sendo exclusivamente prat-
dos noutras paragens (Horta & Calvo, 2014)
icada por raparigas, patenteia, pelas ruas
indicam que, embora perdurando na vida de
da cidade de São Tomé, inúmeras raparigas
muitos jovens, este tipo de ocupação surge
que o fazem, acompanhadas de crianças
como uma alternativa provisória, como fon-
que, segundo informações do terreno, são,
te de rendimento das respetivas famílias em
na sua grande maioria, jovens que aban-
contextos de alta taxa de desemprego.
donaram ou foram obrigadas a abandonar os
Observações
Expectativas, problemas e aspirações dos jovens e adolescentes. São Tomé e Príncipe
no
terreno
e
conversas
informais indicam que os moto-taxistas têm
35,1% entre os 18 e 24 anos e 20,0% en-
facilitado a mobilidade urbana e distrital em
tre os 10 e 13 anos o que, de certa forma,
São Tomé e Príncipe e, por conseguinte,
confirma a existência de trabalho infantil no
acreditamos que seria necessário reconhecer
país (UNICEF, 2015, 2007; OIT, 2014; MTSF/
e enaltecer a função social, regional e urba-
UNICEF, 2010).
na dos mesmos, o que passará, quiçá, pela
Sendo o peso da segregação das oportuni-
formalização desta profissão.
dades na bolsa do emprego acima referida
Os dados revelam que a maioria dos ado-
uma realidade, convém salientar que o aban-
lescentes e jovens que trabalham iniciaram
dono escolar é também um importante fator
a vida laboral prematuramente, visto que
explicativo da dificuldade em se conseguir
39% começaram entre os 14 e 17 anos,
determinados empregos.
Ainda é aluno/estuda?
Inquiridos
Percentagem
Aus. Resposta
36
2,0%
Sim
1250
69,3%
Gravidez
66
3,7%
Condições financeiras
237
13,1%
Escola distante
20
1,1%
Concluiu Estudos
23
1,3%
Outras
173
9,6%
Total Geral
1805
100,0%
Deixou de estudar
Tabela 3 Frequência escolar e principais razões do abandono escolar
Em São Tomé e Príncipe, mais de 2 terços
A distância casa-escola foi citada apenas por
(69,3%) da população inquirida ainda estu-
1,1% dos inquiridos, como pode ser visto na
da, como já foi referido mas, todavia, há os
Tabela 3.
que tiveram de abandonar os estudos e, den-
A RAP (6%) e o distrito de Água Grande (9%)
tre eles, 13,1% evocaram condições finan-
são os locais onde menos se abandona a es-
ceiras. De salientar que esta percentagem é
cola por motivos financeiros enquanto Caué
quase 4 vezes superior ao abandono escolar
(27%) e Mé-Zóchi (24%) são os distritos onde
motivado pela gravidez, que surge na segun-
a aspiração de terminar o ensino secundário
da posição, agregando 3,7% dos inquiridos.
é maior.
Expectativas, problemas e aspirações dos jovens e adolescentes. São Tomé e Príncipe
33
10-13 anos 106
14-17 anos 235 21%
Ausência de resposta 43
45%
8% 26%
18-24 anos 135
Gráfico 3 Idade/faixa etária que deixam a escola
Por outro lado, o Gráfico 3 revela que 45%
manifestam, sobretudo, o desejo de realizar
dos adolescentes e jovens que declararam
um curso superior: 18,2% a licenciatura;
ter abandonado a escola fizeram-no quando
17% o doutoramento; 9,9% o mestrado. Uma
tinham idade compreendida entre os 14 e 17
análise desagregada por itens revela que
anos.
os inquiridos preferem cursos profissionais
Em relação às aspirações dos adolescentes
(30%), ou terminar o ensino secundário
e jovens, verifica-se que os inquiridos
(20,6%).
40 35 30
Curso profissional
30,3% Terminar secundário
25
20,6%
20
Licenciatura
18,2%
Doutoramento
17,0%
15
Mestrado
9,9%
10 5
Gráfico 4 Nível máximo de escolaridade pretendido
0
50% Executivo 7 Consultor 40%
30%
20%
10%
Trabalhador de Empresa Pequenos negócios
0,0% Funcionário de Estado
34
Artesão + Pequenos Serviços
Agricultura + Pesca
Empresário
Expectativas, problemas e aspirações dos jovens e adolescentes. São Tomé e Príncipe
Outros
Tabela 4 Profissão que o adolescente/ jovem aspira exercer
Se, por um lado, muitos jovens mostram
como garantia dalguma estabilidade laboral,
preferência em relação a cursos profissionais,
num país onde o emprego escasseia.
o que vai de encontro ao objetivo da AdT, em
As informações da pesquisa qualitativa são
termos de aspirações profissionais (Tabela
confirmadas pelos dados estatísticos da
4), a preferência vai para o curso de Direito.
pesquisa quantitativa, na medida em que
Como ficou patente nas conversas e dis-
42,4% dos inquiridos têm a ambição de vir
cussões em grupos focais, com adolescentes
a trabalhar num cargo executivo/consultor
e jovens, essa formação representa um veí-
ou como funcionário do Estado (315). Profis-
culo de acesso a um cargo de poder e rendi-
sões como trabalhador numa empresa ou
mentos elevados - notou-se que a ambição
outras similares não são apetecíveis para os
da maioria dos jovens com quem falamos é
adolescentes e jovens inquiridos.
vir, de futuro, a trabalhar na política ou ter um cargo na função pública, sendo esta vista Rendimentos que aspira
Inquiridos
Percentagem
Aus. Resposta
194
10,7%
< 5 Milhões
614
34,0%
5 M - 10 Milhões
485
26,9%
10 M - 20 Milhões
301
16,7%
>= 20 Milhões
211
11,7%
Total Geral
1805
100,0%
Tabela 5 Rendimento mensal individual pretendido
Em termos de rendimento mensal que aspira
qual usufrua um rendimento mensal igual
usufruir, a preferência está ilustrada na Tabe-
ou superior a 5 milhões de dobras, com as
la 5 que indica que apenas cerca de 34% dos
seguintes particularidades: 26,9% aspira ter
inquiridos aspira ter um rendimento mensal
um rendimento entre 5 e 10 milhões; 16,7%
inferior a 5 milhões de dobras sendo que a
entre 10 e 20 milhões e 11,7% mais de 20
maioria aspira conseguir uma profissão na
milhões.
Pergunta
Profissão que deseja/aspira exercer
Redimento mensal que aspira usufruir no exercício da profissão
< 5 Milhões >= 20 Milhões
Rendimento pessoal mensal
Com que idade começou a trabalhar
Sim
≤1.100 ]1.100[2500
14-17 anos
Exerce habitualmente alguma actividade for a de casa
Resposta
Funcionário de Estado
Masculino
22%
30%
15%
34%
17%
8%
15%
Feminino
39%
38%
9%
14%
9%
2%
4%
Tabela 6 Repartição das respostas em função do sexo
Expectativas, problemas e aspirações dos jovens e adolescentes. São Tomé e Príncipe
35
Como indica Tabela 6, as raparigas (39%)
melhor no país”.
são as que mais aspiram trabalhar na função
A relação aspiração profissional e distrito
pública, mas são os rapazes (38%) que aspi-
residente põe em evidência que é no distri-
ram ter um rendimento mais elevado, superi-
to de Caué (55%) e na RAP (49%) que os
or ou igual a 20 milhões de dobras.
adolescentes e jovens mais desejam ser fun-
Saliente-se que estes dados mostram que,
cionários do Estado, enquanto Lobata (48%),
para além da reprodução de aspirações
Água Grande (46%) e Mé-Zóchi (42%) são
relacionadas com o género, por questões
os distritos onde ser executivo/consultor as-
que têm a ver com a desigualdade das opor-
sume maior relevância.
tunidades de género, as raparigas tendem a
A explicação destes dados, a nosso ver,
contentar-se, de forma quase natural, com
prende-se com a questão da distância espa-
salários mais baixos do que os rapazes, con-
cial em relação ao poder central - nos locais
firmado, simultaneamente o conflito geracio-
mais próximos da capital, residência oficial do
nal apontado anteriormente, pois os rapazes
poder central, deseja-se ter um cargo político
almejam salários equiparados aos dos mais
ou de influência política, ao passo que nos
velhos e com cargos executivos. Como foi
locais mais distantes da capital, nos distritos
salientado nas discussões de grupo, com es-
em que o mercado laboral é praticamente
pecial destaque para a realizada no Parque
inexistente ou quase exclusivamente estatal,
Popular, ‘’em São Tomé e Príncipe quando
o desejo prende-se com ser funcionário do
se observa a dinâmica socioprofissional e
Estado o que, como já referido, constitui uma
política, percebe-se que são os políticos e os
garantia de estabilidade profissional.
grupos que os rodeiam quem se têm safado
Casal de trabalhadores
36
Expectativas, problemas e aspirações dos jovens e adolescentes. São Tomé e Príncipe
SEGUNDA PARTE Análise situacional sobre as condições e os estilos de vida dos adolescentes e jovens
6.
Saúde sexual e reprodutiva A Política Nacional de Saúde de São Tomé
sanitária com departamentos específicos
e Príncipe (MSAS, 2012a) coloca grande
de prestação de serviços de SSR para este
ênfase na SSR, apresentando-a como um
segmento populacional.
instrumento que visa contribuir para o desen-
Sendo assim, para além das estruturas da
volvimento nacional, com plena participação
saúde viradas para adolescentes e jovens,
da mulher, em igualdade no processo de
tendo em conta a alta taxa de escolarização
tomada de decisões e no engajamento dos
no país, a escola deve ser percebida como
homens na partilha das responsabilidades
uma das janelas de oportunidade de maior
sobre todos os aspetos relativos à família, à
pertinência para as ações no âmbito da SSR.
conduta sexual e reprodutiva e à prática de
O estudo do IJ (2014a, 2014b) revela as fa-
planeamento familiar.
cilidades de acesso aos serviços de SSR
De igual modo, visa contribuir para a
em São Tomé e Príncipe, o que traduz uma
eliminação de todas as formas e efeitos da vi-
certa mudança em termos de práticas de in-
olência contra as mulheres, crianças, jovens
tervenção, para atrair os adolescentes e jo-
e homens adultos, tendo em conta os efeitos
vens para esses serviços pois o estudo de
nefastos da mesma sobre o bem-estar físico
avaliação das estruturas de SSR, elaborado
e mental das vítimas.
há 6 anos (INPG, 2010), tinha evidenciado
O documento considera, igualmente, que
algumas lacunas na política da promoção
a evolução dos hábitos sexuais dos adoles-
da SSR o que, de certa forma, explica o
centes veio aumentar os riscos da gravidez
desconhecimento de questões relacionadas
indesejada e a prevalência das IST, o que
com o tema apontado no estudo do IJ.
implica a necessidade de melhoria da oferta
Contudo, embora se reconheça a existência
dos serviços do setor da saúde, em estreita
de CEA nas escolas secundárias, o estudo
coordenação com os setores da educação,
do IJ indica que, na maior parte deles, com
trabalho, cultura, desporto e religião.
exceção do distrito de Mé-Zóchi, não havia
Para além disso, salienta que se deve ter
condições aceitáveis para o aconselhamen-
em atenção a proteção e a promoção dos
to, pondo em evidência deficiências ao nível
direitos dos adolescentes em matéria de
de materiais didáticos e audiovisuais que, de
informação e serviços de SSR, o que ex-
certa forma, acabavam por afastar os ado-
plica a existência, no país, duma cobertura
lescentes e jovens dos serviços.
de 97,4% de serviços de SSR para jovens,
Igualmente apontou lacunas na capacidade
mesmo existindo apenas uma estrutura
estrutural dos CS pois, com exceção do CS Expectativas, problemas e aspirações dos jovens e adolescentes. São Tomé e Príncipe
37
do distrito de Água Grande, os outros não
mente, não existe qualquer tipo de gabinete
estavam preparados para acolher adoles-
de orientação da SSR em qualquer escola,
centes, sobretudo do sexo feminino uma vez
constatando-se que os veículos de divul-
que estes normalmente partilham o mesmo
gação dos assuntos relacionados com a SSR
espaço de espera com a população adulta, o
têm sido, nos últimos anos, os meios formais
que gera algum desconforto.
de comunicação (rádio e televisão), a inter-
Estes
constrangimentos
são
apontados
net e o boca-a-boca, no seio dos grupos de
como responsáveis pelo afastamento das
pares, não existindo, em caso de dúvidas,
raparigas desses serviços como se confir-
qualquer estrutura vocacionada para o efeito.
ma nas discussões de grupos e entrevistas
Apesar de alguns adolescentes dizerem ter
e conversas informais com adolescentes e
algum tipo de conversa a respeito da SSR
jovens.
em casa, a maioria não o tem e considera
Embora o documento sinalize e existência
que uma das causas da existência da gravi-
de CEA nas escolas secundárias, o trabalho
dez entre as raparigas prende-se com a falta
de pesquisa qualitativo revela que, atual-
deste tipo de diálogo, em casa ou na escola.
Sexualidade na Escola
Inquiridos
Percentagem
Ensino Primário
303
16,8%
5ª Classe
584
32,4%
7ª Classe
417
23,1%
9ª Classe
359
19,9%
Nunca
41
2,3%
Ausência de Resposta
101
5,6%
Total
1805
100%
Tabela 7 Sexualidade nas escolas
38
No entender dos adolescentes e jovens in-
acham que não se deve abordar este tipo de
quiridos, a escola é o lugar onde este tipo de
assunto nas escolas, havendo alguns jovens
assunto deve ser abordado e, para a maioria,
ativistas associativos, com os quais conver-
a questão da sexualidade deve ser aborda-
samos, que acham que o facto de haver pre-
da entre a 5ª classe (32,4%) e a 7ª classe
servativos nas escolas incentiva os alunos
(23%). No entanto, 20% defendem que ela
ao ato sexual.
deve ser abordada numa fase escolar mais
À pergunta a partir de que idade os jovens
avançada, ou seja, na 9ª classe, opondo-se
iniciam o ato sexual, cerca de metade da
a uma parte significativa dos inquiridos (17%)
população alvo considera que é entre os 18
que considera que ela deve ser abordada no
e 24 anos, tanto para rapazes (48,1%) como
ensino básico. Apenas 2,3% dos inquiridos
para raparigas (49,6%).
Expectativas, problemas e aspirações dos jovens e adolescentes. São Tomé e Príncipe
Total
≤ 11 anos
502
2%
27,8% dos
2%
3%
4%
8%
14%
17%
22%
inquiridos
10
15
19
40
69
86
112
12 anos
13 anos
14 anos
15 anos
15%
16 anos
17 anos
18 anos
72%
19 anos ≥ 20 anos
8%
4%
19%
8%
4%
93
39
19
Tabela 8 Idade de início do Ato Sexual
No entanto, ao se perguntar a idade em que
institucionais, verifica-se que a gravidez na
iniciou o ato sexual, a maioria (72%) respon-
adolescência aparece como a questão que,
deu que foi na idade compreendida entre os
em matéria de SSR dos adolescentes e jo-
15 e 18 anos. De realçar que 15% dos in-
vens, mais desafios tem imposto ao Estado
quiridos afirmaram ter iniciado a vida sexual
são-tomense.
com a idade compreendida entre os 12 e 14
Estes atores institucionais e alguns órgãos
anos, enquanto 12% tê-lo-iam feito após os
associativos falam de “promiscuidade sexu-
18 anos. Por sua vez, 2% declararam ter ini-
al”, “estilos de vida irresponsáveis” de ado-
ciado o ato sexual com menos de 12 anos,
lescentes e jovens, orientados por “compor-
tendo sido registadas 6 respostas com 10
tamentos sexuais de risco”, como a tendência
anos e 1 com 9 anos.
das raparigas, hoje em dia, para uma certa
Um estudo da UNICEF (2010) revela que o
libertinagem e vida fácil. Para estes atores
fenómeno da gravidez na adolescência em
- a maioria homens mas também mulheres,
São Tomé e Príncipe se deve ao desconhe-
a explicação desse tipo de comportamento
cimento, por parte das raparigas, dos méto-
tem a ver com a perda ou crise dos valores
dos contracetivos que 52% declararam não
tradicionais, encarada como uma das princi-
conhecer.
pais razões da existência de casos de gravi-
As entrevistas por nós realizadas indicam
dez na adolescência no país, fenómeno que
que, muitas vezes, esse desconhecimen-
se afigura, cada vez mais, como um verda-
to é mais significativo em localidades mais
deiro problema social.
afastadas onde, por falta de energia elétrica,
Hoje é consensual, entre as várias aborda-
a informação veiculada pelos meios de co-
gens teóricas sobre a sexualidade, que ela
municação social não chega de forma eficaz,
não se limita apenas às capacidades reprodu-
embora haja um intenso trabalho comunitário
toras, mas também ao prazer. No entanto, no
porta-a-porta efetuado por algumas ONG quotidiano, os adolescentes e os jovens tême associações, dentre as quais se destaca
se confrontado com duas visões antagónicas
a ASPF e a sua estrutura associativa juve-
sobre a sexualidade: uma, que remete para
nil, na divulgação e promoção de uma SSR
os desejos e prazeres que exigem satisfação
saudável e positiva.
e outra que privilegia a repressão e o contro-
Das entrevistas realizadas a responsáveis
lo social sobre a expressão dos desejos, proExpectativas, problemas e aspirações dos jovens e adolescentes. São Tomé e Príncipe
39
40
movendo o sentimento de medo, a vergonha
afeto e consideração têm importância, pois
e o risco (ICIEG, 2010).
representam a possibilidade de reconheci-
A pesquisa qualitativa evidencia que abordar
mento e status social. Neste caso, o relacio-
a questão sexual e reprodutiva e os riscos
namento implica, via de regra, um adulto com
a ela inerentes, a partir de uma perspetiva
boas condições económicas ou ocupação de
conservadora e moralista, apostada na re-
cargo destacado em instituições públicas ou
produção do pânico moral, facto percecio-
privadas.
nado pelos adolescentes e jovens entrevis-
Evidentemente que este tipo de transação
tados, para além de legitimar e reproduzir a
sexual só acontece perante a existência da
desigualdade de género, torna desadequado
figura “papoite”, normalmente representada
qualquer tipo de política de saúde sexual e
por homens mais velhos, com algum capital
reprodutiva a eles direcionada.
económico, simbólico ou social que lhe con-
Contudo, há cenários que, não sendo total-
cede algum poder.
mente novos, trazem novos desafios. Destes,
Embora se tenha falado numa suposta di-
destaca-se o fenómeno “papoite”, idêntico
minuição de casos de abuso e exploração
aos sinalizados noutros contextos africanos
sexual, para a Polícia Nacional (PN), o que
de língua oficial portuguesa (Pinho, Sampaio
tem acontecido é que ela tem sido menos
& Serrano, 2011; Vasconcelos, 2010; An-
falada por causa do endurecimento das leis e
jos, 2005), designados comumente nestes
há indicações de que ela será, predominan-
países com o fenómeno das “catorzinhas” e
temente, de caráter intrafamiliar. A pesquisa
pela literatura antropológica de sexo transa-
qualitativa na RAP aponta para casos de ex-
cional.
ploração sexual de adolescentes por parte
Antropologicamente, este tipo de fenómeno
dos chamados “papoites”.
tem sido definido em oposição à prostituição,
Várias pessoas com quem conversamos,
embora com algumas similaridades. Para
sobretudo nas roças, relacionam a suposta
alguns autores (Pinho, Sampaio & Serrano,
elevada taxa de existência de gravidez na
2011), a diferença com a prostituição reside
adolescência na ilha com o fenómeno “pa-
no facto de as raparigas e homens envolvi-
poite”, o que nos remete para o estudo da
dos neste tipo de relacionamento serem
UNICEF (2005), quando aponta a crescen-
considerados “namoradas” ou “namorados”,
te prática do assédio sexual de adultos em
sendo comum a oferta de presentes em tro-
relação a adolescentes, situação essa muito
ca ou em retribuição implícita ao sexo, cuja
salientada nas discussões de grupo realiza-
transação envolve dinheiro ou não.
das na RAP, mas também nalguns contextos
Ao contrário do sexo comercial, a identidade
da ilha de São Tomé.
social, as características pessoais do “com-
Algumas entrevistas e conversas infor-
prador” do serviço e suas expressões de
mais vão de encontro ao cenário apontado
Expectativas, problemas e aspirações dos jovens e adolescentes. São Tomé e Príncipe
pelo estudo da UNICEF, de que a violência
de encontro ao relatório da UNICEF (2005),
sexual, que vem sendo registada com algu-
é a de que o fenómeno da gravidez na RAP
ma frequência, não tem tido tratamento judi-
só não se torna mais evidente por causa do
cial célere devido à morosidade da Justiça no
constante recurso ao aborto ilegal, através
Príncipe, por um lado, e pelo medo de per-
da ingestão de medicamentos e intervenções
der o emprego, por outro. Para a população
nada recomendáveis. Na ilha de São Tomé
das roças da RAP e também para algumas
também foram várias as referências ao
pessoas com as quais interagimos sobre o
aborto clandestino, sobretudo através da in-
assunto, tal situação acontece devido ao
gestão de produtos medicinais tradicionais
status das pessoas envolvidas e à influência
ou medicamentos adquiridos no mercado in-
dos mesmos no mercado de trabalho.
formal, no distrito de Água Grande
Uma outra constatação de campo, que vai Total 156 / 260
≤ 14 anos
3,8%
14 anos
15 anos
16 anos
12,8%
17 anos
18 anos
53,2%
19 anos
20 anos
20,5%
≥ 21 anos
9,6%
60% das
6
7
13
20
30
33
14
18
15
raparigas
3,8%
4,5%
8,3%
12,8%
19,2%
21,2%
9,0%
11,5%
9,6%
Tabela 9 Idade com que ficou grávida pela 1ª vez
A maioria das inquiridas (53,2%) declarou ter
que se deve fazer para evitar uma gravidez
tido a primeira gravidez quando tinha idade
indesejada, o uso do preservativo é coloca-
compreendida entre 16 e 18 anos (sendo
do na primeira posição (61,7%). Seguem,
esta última idade a mais representativa, com
em segunda e terceira posição, a toma-
21,2%).
da de pílulas e de injeções, com 12,2% e
À pergunta o que acha que se pode/deve
9,8% respetivamente, precedendo assim a
fazer para reduzir o número de casos de
abstinência periódica, citada por 6,9% dos
uma gravidez indesejada, 17,6% dos que
inquiridos.
responderam acreditam que passa pela re-
Estes dados indicam que, apesar do discur-
alização de campanhas de comunicação/
so negativo dos adultos e de alguns jovens
sensibilização, 14,3% pela tomada de pílu-
ligados a certas instituições, os adolescentes
las e apenas 8,9% pela utilização de outros
e jovens são-tomenses estão bem informa-
métodos contracetivos. A educação recebida
dos em relação às formas de se protegerem
dos pais e a abstinência periódica também
duma gravidez indesejada.
foram citados, respetivamente por 3,7% e
Em relação à prática do aborto, não
2,5% dos inquiridos.
existem dados quantitativos ou qualitativos
Entretanto, quando se pergunta o que acha
substanciais que nos permitam afirmar a sua Expectativas, problemas e aspirações dos jovens e adolescentes. São Tomé e Príncipe
41
ocorrência e prática.
e 19% dos pais da criança). Embora tenham
Embora haja a reprodução dum pânico moral
abandonado os estudos, 64% das inquiridas
quando o assunto é a gravidez na adoles-
pensam retomá-los, contra 34% que afirma-
cência, os dados estatísticos disponíveis e
ram o contrário.
uma análise histórica da SSR do país apon-
A constatação do terreno é que, ao engravidar,
tam para uma significativa redução da mes-
a rapariga adolescente é convidada a trans-
ma sendo a ocorrênciados casos existentes
ferir-se para o período noturno, mesmo em
explicada pela questão da afirmação da
casos onde não existem cursos noturnos,
feminilidade, por um lado e, por outro, pela
como o distrito de Caué, por exemplo e quan-
dominação simbólica masculina exercida
do assim é, a adolescente fica automatica-
pelo namorado, como ficou patente nas dis-
mente fora do sistema educativo.
cussões de grupo em que estiveram rapari-
Mesmo nos distritos onde existe o curso no-
gas em maior número. Muitas raparigas afir-
turno, o acesso das raparigas à escola, à
maram que, às vezes, consentem no não
noite, fica bloqueado porque, por um lado, a
uso do preservativo por parte do namorado
adaptação à noite é mais difícil visto que os
quando este exige sexo desprotegido como
conteúdos lecionados são diferentes e, por
prova de amor.
outro, porque não existe transporte escolar
Normalmente, é a partir destas práticas
no período noturno, o que as coloca numa
que surge uma gravidez indesejada, que
situação de exposição ao perigo de violação
leva forçosamente ao abandono dos estu-
sexual e outros tipo de violência, caso de-
dos pelas raparigas. Segundo o estudo da
cidam ou tenham capacidade financeira para
UNICEF (2010), cerca de 75% das raparigas
pagar diariamente um meio transporte para
inquiridas e 14% dos seus parceiros dizem
frequentar a escola à noite.
ter abandonado os estudos, 55% no ensino
Para o Ministério da Educação, esta medida,
básico e 45% no secundário.
isto é, a transferência para o curso noturno,
Em ambos os níveis de ensino, a taxa de
permite evitar a “contaminação” de outras
abandono revela-se mais alta no sexo
adolescentes pelas colegas grávidas no es-
feminino do que no masculino (pai da cri-
paço de ensino. A nosso ver, para além de
ança). A razão do abandono do pai da criança
essa argumentação não ter qualquer funda-
tem a ver, sobretudo, com a necessidade de
mento científico, ela configura-se como uma
este se dedicar ao sustento da nova família
grosseira violação dos direitos humanos.
(49% dos pais da criança e 6% das rapari-
Mesmo que a medida permita que essas jo-
gas), ao contrário das raparigas que aban-
vens possam voltar depois a frequentar os
donaram por opção própria (56% das rapari-
estudos no período diurno ou que voltem à
gas e 33% dos rapazes). Algumas dizem, no escola depois da gravidez, estudos noutras entanto, terem sido forçadas (38% raparigas 42
Expectativas, problemas e aspirações dos jovens e adolescentes. São Tomé e Príncipe
paragens (ICIEG, 2010) mostram que apenas
uma minoria delas regressa, o que contribui
da Educação, com vista a mudar a política
ainda mais para aumentar a desigualdade de
vigente.
oportunidades de género no país.
Mesmo nas situações em que os rapazes
Estranhamente, o documento da Estraté-
também são expulsos, como como acontece
gia Nacional de Igualdade e Equidade de
na RAP, medidas do tipo, mais do que pre-
Género (MSAS, 2012b) considera tal medida
venir, estão indiretamente a contribuir para
positiva, uma vez que entende que elas não
colocar mais adolescentes e jovens fora do
são expulsas de forma definitiva.
sistema de ensino e para a perda de pos-
Na Política/Estratégia Nacional da Juven-
síveis talentos que poderiam vir a dar um
tude (PENJ) (IJ, 2014c) esta situação nem
importante contributo ao processo do desen-
sequer é tomada como prioritária, em ter-
volvimento do país, caso não fossem blo-
mos de uma advocacia junto do Ministério
queadas as suas oportunidades.
100
92,2%
80
60
40
24,4% 20
20,9%
16,0% 5,9%
5,7%
Candidíase
Clamídia
0 SIDA
Sifílis
Gonorreia
Herpes Genital
Gráfico 5 Identificação das ISTs
Em relação ao conhecimento das IST, o VIH/ IST abordadas, a maioria (52%) soube idenSIDA é a doença mais conhecida pelos in-
tificar apenas 1, o que denota um conheci-
quiridos (92%), seguido da sífilis (24,4%),
mento ainda relativamente limitado sobre o
gonorreia (21%) e herpes genital (16%). Das
assunto.
Duas situações em se pode apanhar VIH/SIDA
Média
1ª Resposta
2ª Resposta
Relação sexual não protegida
40,1%
45,4%
Doação de Sangue
29,4%
34,8% 46,0%
Mãe / filho durante gravidez
13,9%
26,3%
Beijar pessoa contaminada
8,1%
Suor de alguém
1,4%
Ausência de Resposta
7,0%
Total
100%
1,6% 14,1% 0,5% 3,0% 100%
12,9% 2,1% 2,2% 11,1%
100%
Tabela 10 Duas situações em que se pode apanhar o vírus do SIDA Expectativas, problemas e aspirações dos jovens e adolescentes. São Tomé e Príncipe
43
Em média (primeira e segunda escolha),
contaminada foram as menos escolhidas.
apenas 40,1% dos inquiridos sabem que
Os dados indicam que se os adolescentes
se pode apanhar o VIH/SIDA numa relação
e jovens estão relativamente bem informa-
sexual não protegida. A doação de sangue
dos no caso da gravidez indesejada, no caso
foi eleita em segunda posição por 29,4% dos
das IST o desconhecimento é preocupante,
inquiridos, uma opinião que revela a per-
o que põe em evidência a necessidade duma
sistência de alguns preconceitos/suspeitas
maior intensidade de trabalho sobre estas
sobre as reais probabilidades de transmissão
questões.
da doença. A transmissão vertical (mãe/filho)
Em relação à diferença de opinião entre
foi, em média, citada por 13,9% dos inquiri-
rapazes e raparigas, em larga medida, tan-
dos, mas com a particularidade de ter sido
to os rapazes como as raparigas partilham
muito pouco apontada na primeira escolha.
globalmente a mesma opinião sobre as
As duas respostas erradas propostas - suor
questões alusivas à SSR colocadas no ques-
humano ou através do beijo de uma pessoa
tionário.
Campanha de sensibilização para o uso de preservativo Créditos da imagem: Instituto da Juventude
44
Expectativas, problemas e aspirações dos jovens e adolescentes. São Tomé e Príncipe
SEGUNDA PARTE Análise situacional sobre as condições e os estilos de vida dos adolescentes e jovens
7.
Novas tecnologias de informação e comunicação, lazer, desporto, consumo de substâncias psicotrópicas e delinquência infanto-juvenil As discussões de grupo e as conversas infor-
cosias insignificantes como são os casos de
mais indiciam que inexistência de espaços
jovens usarem calças apertadas nas pernas
de lazer e de programas de utilização de
(yuki1), cabelos altos ou em formato punk, ou
tempos livres faz com que os adolescentes
ainda raparigas com maquiagens. Por outro
e jovens sintam-se ociosos. Queixam-se de
lado, os alunos das escolas secundárias de
não ter muita opção em matéria de ocupação
Água Grande queixam-se das constantes in-
dos tempos livres a não ser praticar algum
timidações e humilhações físicas que ainda
tipo de desporto nos fins-de-semana com os
persistem por parte dos militares que circu-
amigos, mais concretamente o futebol.
lam no interior das escolas secundárias.
Muitos jovens queixam-se de não haver es-
Alguns dizem sentirem-se injustiçados, vis-
paço para outro tipo de modalidades que
to que os professores estão isentos destas
não seja o futebol, mais concretamente o
regras e, sobretudo, existem casos em que
basquetebol e o andebol, assim como alguns
por não respeitarem este código são impedi-
desportos de combate como por exemplo o
dos de assistir às aulas, o que com o tempo
karaté. Por outro lado, gostariam de ter mais
contribui para o abandono precoce do siste-
infraestruturas desportivas no país, mas com
ma de ensino, assim como alguns castigos
melhores pisos que no entender de muitos
em que são submetidos, como as práticas
jovens não têm muita qualidade.
abusivas de alguns professores que rasgam
A juntar a estas frustrações, o excessivo rigor
publicamente as suas calças yuki, ignoran-
das escolas em matéria do traje dos alunos é
do por vezes o enorme esforço que os seus
também apontado como fonte de frustração
pais fazem em poder comprá-las.
e responsável por um mal-estar provocado
No que toca à utilização das Tecnologias de
por um sentimento de opressão institucional.
Informação e Comunicação (TIC), os da-
Para eles, o mais importante nessa fase
dos mostram para sua baixa utilização, uma
etária é ter a possibilidade de viver em pleno
vez que cerca de metade dos adolescentes
o estado juvenil. No entender desses jovens,
e jovens (48%) não possuem telemóveis/
estas práticas institucionais (verificados em
smartphone ou tablet. Dentre os que pos-
todos os distritos, embora em Água Grande
suem estes mecanismos de comunicação, a
exista a perceção de ser mais rigorosa) blo-
sua utilização são na maior parte das vezes
queia a criatividade juvenil, visto pegar em
1 Estilo de calças apertadas debaixo do joelho, muito popularizado pelos adolescentes globalizados.
Expectativas, problemas e aspirações dos jovens e adolescentes. São Tomé e Príncipe
45
em chamadas (28%), pesquisas pela inter-
discussões de grupos com adolescentes e
net (9%), redes sociais (6%) ou jogar e ouvir
jovens indicam uma fraca utilização nas es-
músicas (6%).
colas por falta de computadores em número
Se usam ou não as TIC nas escolas, 41%
suficiente que possibilita acesso a todos os
afirmam terem a usado na 7ª classe, 29%
alunos, embora surgiram casos de alunos
na 5ª classe, 18% no ensino básico e 10%
que declararam terem acesso a serviço wire-
no pré-escolar. As conversas informais e as
less aberto na escola.
Física individual
Colectiva com bola Intelectual-táctica 4% 1% 9%
28% Nenhuma
Organização de competições
praticadas
4% 6%
57% Futebol
Gráfico 6 Modalidades Desportivas regularmente
Promoção do Desporto Escolar
16% Criação de infraestruturas
20% Sensibilização
Gráfico 7 Como incentivar a juventude à prática Desportiva
Sobre a prática desportiva mais corrente,
seguida 8%;
como indicada anteriormente, o futebol
4. Ver Televisão (nomeadamente bonecos
destaca-se (57%) em reação às demais
animados, novelas e filmes): 9% e em segui-
modalidades desportivas.
da 15%;
Perante a inexistência de espaços de lazer,
5. Estar em casa (dormir, descansar e ajudar
as atividades de lazer/descanso que mais
nos trabalhos diários): 13% e sem seguida
apontadas foram as seguintes:
9%; 6. Jogar jogos de vídeo ou estar na internet:
1. Ler/Estudar, citado por 25% e 20% dos in-
7% e em seguida 8%.
quiridos respetivamente na primeira e segun-
46
da escolha;
O cenário da ociosidade poderá possibilitar o
2. Futebol ou outros desportos com Bola:
uso de substâncias psicotrópicas, num con-
16% e em seguida 9%;
texto em que o acesso ao álcool, tabaco e
3. Caminhar, passear e ir à praia: 14% e em
drogas é relativamente fácil.
Expectativas, problemas e aspirações dos jovens e adolescentes. São Tomé e Príncipe
Já bebeu bebidas Alcóolicas
Inquiridos
Percentagem
Ausência de Resposta
17
0,94%
Sim
941
Não
Bebida que mais gosta
Inquiridos
Percentagem
Ausência de Resposta
71
7,55%
52,13%
Cerveja
435
46,23%
847
46,93%
117
12,43%
Total
1805
100,00%
Vinho (tinto/ branco) Vinho de palma
270
28,69%
Porquê não bebe
Inquiridos
Percentagem
Cacharamba
8
0,85% 2,87%
26
3,07%
Outras Espirituosas
27
Ausência de Resposta
Todo tipo
13
1,38%
Não tem idade
230
27,15%
Total
941
100,00%
Alcóol faz mal à saúde
340
40,14%
Religião não permite
32
3,78%
Idade que bebeu pela 1ª vez
Inquiridos
Percentagem
Educação dos seus pais
203
23,97%
Ausência de Resposta
113
12,01%
Outras
16
1,89%
10-13 anos
240
25,50%
Total
847
100,00%
14-17 anos
348
36,98%
18-24 anos
240
25,50%
Total
941
100,00%
Diagrama 4 Principais informações sobre consumo de bebidas Alcoólicas
Uma maioria relativa dos inquiridos (52%)
diferença de consumo entre rapazes (55%) e
afirmou já ter consumido bebidas alcoólicas,
raparigas (50%) é pouco relevante.
com destaque para a cerveja (46%), vinho de
Dos que não consomem nenhum tipo de
palma (29%) e vinho tinto ou branco (12%).
bebida alcoólica, a razão de destaque para
Estes dados são bastante superiores aos
a abstinência deve-se ao facto de acharem
apresentados pelo estudo do IJ (2014a;
que o álcool faz mal à saúde (40%), segui-
2014b) e vão de encontro aos dados apre-
do de ter pouca idade (27%) e educação dos
sentados pelo IDT (2016) assim como das
pais (24%). A religião como razão do não uso
informações qualitativas, que apontam o
de bebidas alcoólicas é insignificante (ape-
consumo de bebidas alcoólicas como um
nas 4%). Em termos de consumo de bebi-
dos maiores problemas do país. Em termos
das alcoólicas por distrito, Cantagalo (62%)
de idade de consumo, os inquiridos declar-
e Lembá (60%) são os distritos em que os
aram que a idade não constitui um fator de-
inquiridos mais declararam consumir álcool.
terminante para se começar a beber, embora
Os distritos de Caué (48%) e Água Grande
se registe uma percentagem mais elevada
(46%) são os lugares em que os inquiridos
(37%) na faixa etária dos 14 a 17 anos. A declararam consumir menos álcool.
Expectativas, problemas e aspirações dos jovens e adolescentes. São Tomé e Príncipe
47
Pergunta
Respostas
Masculino
Feminino
Que modalidade
15%
41%
73%
43%
regularmente?
Nenhuma Futebol Modalidade Física - Individual
7%
12%
Como incentivar a juventude à prática
Criação de infraestruturas
19%
13%
Desportiva
Organização de competicções
7%
5%
Sim
55%
50%
Não tem idade
32%
25%
Educação dos seus pais
23%
26%
Desportiva pratica
Já bebeu bebidas Alcóolicas Porque razão não bebe?
Tabela 11 Repartição das respostas em função do sexo
A análise cruzada dos dados indica que a
emprego a longo prazo conduz a um senti-
prática do futebol é uma modalidade mas-
mento de frustração e, por conseguinte, ao
culina, embora 43% das raparigas inquiridas
stress de não conseguir planear a sua vida, a
tenham declarado praticar este desporto. Um
explicação para o consumo das substâncias
número insignificante de inquiridos conside-
psicotrópicas na camada juvenil deverá ser,
ra que a criação de infraestruturas e orga-
em parte, percebida como uma manifestação
nização de competições poderia incentivar a
dessa frustração coletiva.
prática desportiva no seio dos adolescentes
Partilhamos a ideia de Bordonaro (2010)
e jovens.
em relação ao envolvimento dos jovens ca-
Tal como referido anteriormente e exposto
bo-verdianos no crime e no uso de drogas. O
na Tabela 12, a falta de emprego e o con-
trabalho de terreno em alguns bairros tidos
sumo de álcool são percecionados como
como problemáticos na cidade de São Tomé,
os maiores problemas da juventude e prin-
a análise das conversas com alguns jovens e
cipais domínios prioritários de intervenção
as discussões de grupo indicam que, embora
do Governo. Se, por um lado, a segunda
possa aparecer uma importação de modelos
situação poderá estar ligada à falta de ocu-
explicativos forçados, o envolvimento desses
pação e de lazer dos adolescentes e jovens,
jovens com bebidas alcoólicas (normalmente
uma vez que muitos se queixam de não lhes
de fabrico caseiro) ou com drogas (mais es-
restar nada de interessante a não ser beber, pecificamente liamba), para além de servir
48
por outro lado, há que ponderar a existên-
como um descarregamento de uma certa
cia de uma relação entre o desemprego e o
frustração, para satisfazer as suas necessi-
consumo excessivo de álcool ou mesmo de
dades básicas, esquecer a sua realidade e
liamba.
os seus problemas do quotidiano, a razão
Se aventarmos a hipótese de que a falta de
dessa escolha vai para além disso.
Expectativas, problemas e aspirações dos jovens e adolescentes. São Tomé e Príncipe
Tanto a delinquência como a violência e os
pessoal e económico) ambicionado que, de
flashes de drogas “são instrumentos para au-
outra forma, dificilmente poderiam conseguir,
mentar o seu poder, a sua pertença social,
visto se encontrarem impregnados da estru-
para ampliar o seu self e proclamar a sua
tura da segregação e da marginalização que
identidade” (Bordonaro, 2010: 177). É, por-
os aprisiona.
tanto, uma forma de empoderamento (social,
Maiores problemas com os quais confrontam a juventude
1º Escolha
Domínios prioritários para a intervenção do Governo
1º Escolha
Falta Emprego
30%
Falta Emprego
30%
Droga
15%
Droga
15%
Álcool
10%
Álcool
10%
Roubo/Violência
10%
Roubo/Violência
10%
Gravidez Precoce
8% 7% 6% 13% 100%
Gravidez Precoce
8% 7% 6% 13% 100%
Cigarro Sexo: Precóce / Violência Diversos
Total Percepção do nível de delinquência no seio da juventude
1º Escolha
Aus. Resposta
1,33%
Insignificante
1,05%
Vem diminuindo
8,53%
Vem aumentando
66,54%
Muito alto
22,55%
Total Geral
100,00%
Cigarro SEXO: Precóce/Violência Diversos
Total
Tabela 12 Opiniões sobre os principais problemas da Juventude e pistas para sua mitigação
Portanto, a existência de um alto índice de
mente referido nas entrevistas e discussões
perceção dos comportamentos delinquentes
de grupos.
(23%) que vem aumentando (67%), segundo
Algumas entrevistas e o discurso comum ten-
a perceção dos inquiridos, das pessoas com
dem a relacionar a crescente criminalidade
quem conversamos e da própria PN, deve
juvenil, sobretudo na cidade de São Tomé
também ser associada à falta de ocupação
(nos outros distritos as perturbações da or-
dos adolescentes e jovens, à inexistência
dem pública prendem-se mais com o roubo
de um circuito cultural e de lazer saudável
de animais e produtos agrícolas), com o uso
assim como à dificuldade de se conseguir
de liamba - o que se percebe no terreno é
algum tipo de rendimento num contexto em
que esta criminalidade está mais relaciona-
que o empobrecimento da população devido
da com um sentimento de mal-estar juvenil,
ao aumento do custo de vida foi recorrente-
que tem remetido alguns jovens à incerteza Expectativas, problemas e aspirações dos jovens e adolescentes. São Tomé e Príncipe
49
que varia entre aspirações e frustrações ad-
turistas “brancos”, constituídas em grupos de
vindo essa frustração da incapacidade dos
2 ou 3 elementos e orientadas por adultos
mesmos em controlar o acesso a um mer-
cadastrados. As atividades em que normal-
cado de trabalho cada vez mais segmenta-
mente estão envolvidos são furtos na via
do e muitas vezes controlado por uma rede
pública e roubo em residências, estabeleci-
de compadrio, de familiares e de militância
mentos comerciais e automóveis;
político-partidária. O que estudos noutras paragens (Pureza,
• Delinquência juvenil organizada protago-
Roque & Cardoso, 2012) mostram é que
nizada por deportados da Europa (Portugal,
este sentimento, quando aliado ao uso de
França, Inglaterra e Espanha) e do continen-
substâncias psicotrópicas, poderá trazer re-
te africano (Angola e Gabão), que participam
sultados inesperados e alguma situação de
em assaltos ou tentativas de assalto à mão
violência grupal, sobretudo num contexto
armada, a bombas de combustível, bancos e
como o da cidade de São Tomé em que já se
automóveis de valores;
notam estruturas embrionárias de gangues de rua possivelemente inspirados em estilos
• Delinquência juvenil desorganizada protag-
de vida dos jovens dos guetos norte-ameri-
onizada por motoqueiros que se fazem pas-
canos e bairros sociais europeus.
sar por moto-taxistas à noite, posicionados
Observa-se, na cidade de São Tomé, a mes-
nalguns espaços de diversão noturna, onde
ma dinâmica juvenil ligada à cultura do gang-
oferecem serviço de transporte preferencial-
sta rap1 e à pertença territorial de bairros
mente a mulheres para depois as assaltar e,
tidos como problemáticos, observada na ci-
nalguns casos, violá-las, havendo também
dade da Praia, em Cabo Verde, nos anos de
relatos de assaltos nas estradas fora da ci-
2000 (Lima, 2015, 2012).
dade, em que esses indivíduos simulam ac-
Como nos descreveu o representante da PN,
identes de motorizadas, aproveitando-se de
confirmado, em parte, por uma criança em
uma possível solidariedade para fazer as-
situação de rua e por alguns jovens associa-
saltos à mão armada;
dos a comportamentos delinquentes e desviantes, atualmente, os fenómenos criminais
• Delinquência nos distritos rurais traduzidos
que envolvem adolescentes e jovens carac-
em roubos de animais e produtos agrícolas.
terizam-se da seguinte forma:
Para a PN, a partir de 2010, começou-se a perceber o aumento da criminalidade no
• Delinquência infantil protagonizada por cri-
país, embora se tenha verificado uma ligei-
anças em situação de rua, posicionadas em
ra diminuição de casos no terceiro trimes-
locais de forte concentração e circulação de
tre do ano de 2016 em relação ao mesmo
1 É um subgénero do rap que tem como caraterística a descrição do dia-a-dia violento dos jovens negros desafiliados das grandes cidades norte-americanas
50
Expectativas, problemas e aspirações dos jovens e adolescentes. São Tomé e Príncipe
período de 2015. O relatório sobre a popu-
lação carcerária mundial de 2015 (ICPR,
uma dimensão preocupante, pela existência
2015) coloca São Tomé e Príncipe em quin-
de episódios de alguma violência, surgidos
ta posição na sua sub-região, em relação
nos últimos anos, fica-se com a perceção de
à taxa da população carcerária1 , pelo que,
que, caso não sejam tomadas medidas pre-
se não houver uma política de inserção efi-
ventivas, o cenário poderá vir a complicar-se
caz e uma política de divisão dos presos por
num futuro muito próximo.
faixa etária e por tipo de gravidade de crime,
Uma das habituais explicações para estas
rapidamente a prisão poderá transformar-se
questões é a perda ou crise de valores. O
numa academia do crime, situação aliás já
trabalho de terreno aponta, na verdade, para
observada - segundo a PN, a maioria dos
um conflito de valores decorrente da con-
reincidentes voltam à prisão por crimes mais
vivência dos valores tradicionais, passados
graves.
pela geração anterior, com os valores global-
Ainda que o fenómeno criminal em que estão
izados, adquiridos através dos meios de co-
envolvidos adolescentes e jovens não tenha
municação social e das redes sociais.
1 Atrás do Gabão, Guiné Equatorial, Camarões e Angola.
Expectativas, problemas e aspirações dos jovens e adolescentes. São Tomé e Príncipe
51
8.
SEGUNDA PARTE Análise situacional sobre as condições e os estilos de vida dos adolescentes e jovens
Jovens e participação em associações juvenis
52
Nascimento (2008) considera que, em São
sonalidades tutelares, o que faz com que os
Tomé e Príncipe, o colonialismo e o regime
partidos pouco ou nada tenham contribuído
de partido único revelaram-se avessos ao
para a renovação do espaço político.
associativismo e à organização da socie-
Esta visão de Nascimento foi confirmada,
dade civil e que após a liberalização política,
logo de início, nas conversas com as pes-
consumada em 1990, com a adoção do mul-
soas e revelou-se pertinente quando se
tipartidarismo, a aversão do poder político
procura entender o atual cenário de asso-
relativamente às associações autónomas de
ciações juvenis em São Tomé e Príncipe.
cidadãos não foi pronta nem imediatamente
Nas entrevistas e conversas de grupo houve
arredada. Afora isso, prossegue o autor, os
unanimidade relativamente a este legado na
esforços da “elite” são-tomense visaram a
prática associativa dos jovens que, muitas
ação política e, acima de tudo, a apropriação
vezes, a encaram como um trampolim para
do poder, durante os anos precedentes per-
a entrada na vida política.
cebida como o mais poderoso mecanismo
Esta forma de encarar a vida associativa faz
de enriquecimento e de ascensão social.
com que, não obstante a existência de muitas
As energias e os esforços dirigiram-se para a
associações no país, a maioria rapidamente
constituição de novos partidos, alguns deles
enfraqueça, uma vez que muitos jovens lá
de escassa representatividade social. Mes-
entram com o intuito de tirar algum tipo de
mo assim, e no círculo partidário, denota-se
dividendo pessoal.
o peso de algumas personalidades políticas
Nas primeiras entrevistas efetuadas aos
com poder bastante para intervir na estru-
responsáveis institucionais e das ONG,
turação do espetro político e, dessa forma,
foi passada a ideia de que as associações
para condicionar a disputa de posições e a
são incompetentes. No entanto, a conver-
barganha de recursos.
sa com algumas estruturas associativas ju-
Defende o autor que, neste quadro políti-
venis fizeram-nos perceber a existência de
co fulanizado, as divergências reportam-se
questões estruturantes que explicam a situ-
mais às personalidades tutelares do que a
ação. Segundo alguns entrevistados, o que
ideologias ou a modelos de desenvolvimen-
realmente falta em São Tomé e Príncipe é
to económico e social, assim como impera
uma política nacional de acompanhamento
a perceção da importância do assalto ao
das associações, o que poderá evitar a sua
Estado, tal o objetivo dos partidos que se
fácil instrumentalização político-partidária,
movem frequentemente a reboque de per-
assim como a descontinuidade que tem
Expectativas, problemas e aspirações dos jovens e adolescentes. São Tomé e Príncipe
caraterizado a sua atuação. Por
outro
lado,
ainda
através dos programas, tirar algum tipo de segundo
os
dividendo pessoal”.
entrevistados, com a adoção duma tal políti-
Conforme argumentam alguns líderes as-
ca, poder-se-ia igualmente evitar a falta de
sociativos entrevistados, apesar dos con-
transparência existente na gestão de mui-
strangimentos que normalmente surgem,
tas associações que, não raras vezes, são
sobretudo quando a associação está fora
criadas para satisfazer o interesse imedia-
da lógica político-partidária e da falta de
to de determinados indivíduos ao invés de
uma cultura associativa e de voluntariado,
resolver os problemas dos adolescentes e
denota-se uma enorme vontade de alguns
jovens não só a nível particular mas também
jovens em trabalhar em prol do desenvolvi-
comunitário, a nível mais amplo.
mento comunitário ou nacional. Contudo, a
Reforçando esse ponto, nas palavras de um
situação de pobreza estrutural do país (INE,
responsável da pasta da juventude distrital
2010) impede que muitos jovens possam
entrevistado, “muitas vezes os programas
participar no trabalho associativo e praticar o
direcionados para a população juvenil não
voluntariado como desejariam, uma vez que
encontram uma real ou total engajamento
têm de ajudar a família através de trabalho
dos mesmos, visto haver uma tendência de
fora do período escolar.
envolvimento apenas quando se consegue, Que avaliação faz do seu próprio contributo/participação
Percentagem
Agrupamento
1º Escolha
Aus. Resposta
14,96%
Cultura
20%
Nenhum
45,60%
Desporto
17%
Ainda limitado
16,12%
Trabalho
13%
Eficaz
11,36%
Modilização Social
13%
Importante e decisivo
11,97%
Religioso
11%
Total
100%
Estudo-Leitura
8%
Plestra-Debate
6%
Diversos
12%
Total
100%
Tabela 13 Autoavaliação e domínios de fraca participação Jovem
Expectativas, problemas e aspirações dos jovens e adolescentes. São Tomé e Príncipe
53
Os dados quantitativos vão nesse sentido.
poderá levar à desistência dos membros. Ob-
Ao pedir que os adolescentes e jovens se
viamente que a ilação que se pode tirar deste
autoavaliam em termos da sua participação
tipo de argumento é que as associações, na
no processo do desenvolvimento do país,
sua maioria, buscam apenas o seu momen-
46% afirmam não ter dado nenhum tipo de
to de fama, quiçá o do seu líder, visto que,
contributo nesse sentido. 15% nem sequer
apesar de se falar de associações, a análise
responderam à questão e 16% dizem que o
das entrevistas e das discussões do grupo
seu contributo tem sido limitado. Apenas 23%
realçam que o que existe realmente é ape-
dos inquiridos fizeram uma autoavaliação
nas um jovem rapaz, ou um grupo de jovens,
positiva e destes, 12% afirmam que o seu
maioritariamente rapazes, a dar a cara por
contributo foi importante e decisivo enquanto
uma estrutura que raramente existe.
11% dizem que foi eficaz.
Queixam-se de lhes faltar capacidade técni-
Em relação aos domínios em que a par-
ca e, sobretudo, capacidade de liderança. No
ticipação juvenil tem sido fraca, a maioria
entanto, isto não impede que algumas asso-
dos inquiridos não responderam e, dos que
ciações com as quais falamos tenham, para
responderam, embora o domínio cultural
além de vontade de se envolver no processo
apareça com maior percentagem (20%), não
de desenvolvimento do país, bons recursos
existe muita diferença em relação a outros
técnicos suscetíveis de realizar projetos sus-
domínios, como se pode ver na Tabela 13.
tentáveis, inclusivos e empreendedores.
Nota-se que as associações existentes não
O trabalho de terreno, sobretudo a partir da
possuem um domínio específico de atuação.
abordagem qualitativa, revela que, pela for-
Ao perguntarmos sobre o domínio de atu-
ma como as associações se apresentam, na
ação respondem sempre o mesmo: desporto,
sua generalidade, o desafio maior, a nível
cultura, educação e social. Das associações
estrutural, será ultrapassar os conflitos at-
que sinalizamos, apenas a ASPF tem um
ualmente existentes entre as duas maiores
domínio específico de atuação. Contudo,
estruturas da juventude do país (o IJ e o
como todas as outras, baseia a sua atuação
CNJ) e que, do ponto de vista da tomada de
numa perspetiva meramente assistencialista
posições, têm afetado, subrepticiamente, as
e de sensibilização.
demais associações juvenis.
As associações reconhecem que quanto maior é a abrangência dos domínios de atuação, menos impacto se pode esperar, mas argumentam que esta prática visa, sobretudo, garantir a sua sobrevivência porque, ao se limitarem a atuar apenas num domínio específico, haverá pouca eficiência e isso 54
Expectativas, problemas e aspirações dos jovens e adolescentes. São Tomé e Príncipe
SEGUNDA PARTE Análise situacional sobre as condições e os estilos de vida dos adolescentes e jovens
9.
Avaliação dos projetos e programas de intervenção juvenil existentes tendo em conta a relevância/adequação, eficácia, eficiência e valor acrescentado O trabalho de terreno revelou que pouco
juvenil existentes no país, durante a real-
ou nada se tem feito no país em matéria de
ização do estudo, ouvimos falar apenas do
projetos e programas de intervenção juve-
programa de empreendedorismo jovem que
nil. E que as poucas iniciativas existentes
nas entrevistas, conversas informais e dis-
são dispersas, com pouca coordenação e
cussões de grupo é mencionado como pouco
articulação, existindo uma certa tendên-
transparente, pela forma como foi colocado
cia para serem estatizadas, com o risco de
em prática. Nas localidades mais afastadas,
provocar desengajamento por parte de or-
os jovens queixam-se de ter sabido tardia-
ganizações juvenis vinculadas a estruturas
mente do programa, o que indica que, fora
associativas tidas como da oposição.
dos círculos próximos do poder, a divulgação
De possíveis programas para a população
foi quase nula.
1º Nome
2º Nome viva show
viva show
Espaço / Programa Infantil
Espaço / Programa Infantil
TVS clip
ASPF - gravidez na adolescência Planeamento familiar
TVS desporto ASPF - gravidez na adolescência Planeamento familiar
TVS desporto
Tarde na TVS
TVS clip
0
10
20
30
Gráfico 8 Nomes de iniciativas e Programas, mais citados - 1ª Resposta
0
10
20
30
Gráfico 9 Nomes de iniciativas e Programas, mais citados - 2ª Resposta
Os dados quantitativos indiciam que o
fundidos na televisão nacional, todos dire-
conhecimento que os jovens têm das inicia-
cionados para a juventude. Em matéria de
tivas, programas e estruturas destinadas a
programas de sensibilização, sobretudo a
eles é muito fraco. Questionados sobre as
nível da SSR, o que este estudo verifica é
mesmas, apenas apontam programas di-
que eles têm sortido os efeitos pretendidos. Expectativas, problemas e aspirações dos jovens e adolescentes. São Tomé e Príncipe
55
Pergunta
Resposta
ÁguaGrande
Cantagalo
Caué
Lembá
Conhece ou ouviu falar de programas/iniciativas para a Juventude?
Sim
44%
39%
53%
33%
44%
46%
36%
Contributos para a Juventude das Iniciativas e Programas
Importante e decisivo
24%
36%
12%
27%
31%
18%
14%
Nenhum
43%
48%
42%
57%
52%
48%
13%
Vem aumentando
64%
68%
63%
69%
79%
68%
48%
Que avaliação faz do seu próprio contributo/ participção? Percepção do nível de delinquência no seio da Juventude
Lobata Mé-Zóchi
Tabela 14 Repartição percentual das principais respostas dos Inquiridos por distrito de residência
As raparigas (46%) são as que mais afirma-
indicador traduz um certo bloqueio da ilha
ram conhecer ou ter ouvido falar de inicia-
por parte das entidades do Governo central,
tivas, programas e estruturas destinadas a
como indicam as conversas tanto com os
jovens e em termos de local de residência,
dirigentes políticos como a população com
a RAP é a região onde as percentagens são
os quais conversamos, por outro lado, indi-
mais baixas no que respeita ao contributo
ca que, ao nível de políticas regionais para
ou participação dos jovens em termos asso-
jovens, pouco ou nada se tem feito de forma
ciativos como mostra a Tabela 14 sendo de
estruturante, podendo dizer-se o mesmo em
realçar as percentagens de Caué e Lembá
relação a outros distritos.
nesta dimensão de análise.
Os CIJ e os CD são importantes portas de
Estes dados reforçam a ideia de que quanto
entrada para se chegar aos jovens e ótimas
mais afastados os adolescentes e jovens es-
janelas de oportunidade para se conse-
tiverem em relação ao poder central, menos
guir incentivar a criatividade juvenil mas as
oportunidades têm de participar no processo
visitas a estas estruturas permitem observar
de desenvolvimento do país.
que, não obstante o nome que o CIJ ostenta,
As entrevistas na Roça Porto Alegre, em
a sua estrutura arquitetónica e de funciona-
Caué, e na cidade de Neves, em Lembá, são
mento não convida à interação juvenil.
prova disso. Em relação ao primeiro caso,
56
a queixa principal é que toda a informação
Constatamos que existem várias boas in-
relativa a iniciativas para os jovens fica blo-
tenções e projetos, como prova a PENJ (IJ,
queada na cidade capital e, no segundo
2014c), mas contudo, na prática, na maio-
caso, que fica tudo bloqueado na cidade de
ria das vezes, por causa de constrangimen-
Neves, capital distrital de Lembá.
tos financeiros, o que se pode depreender
Em relação à RAP se, por um lado, este
é que as iniciativas, projetos e programas
Expectativas, problemas e aspirações dos jovens e adolescentes. São Tomé e Príncipe
RAP
salientados têm tido pouca relevância/
são-tomenses quer sejam do sexo feminino
adequação1, eficácia2 e eficiência3, e têm
quer do sexo masculino, sendo a situação
trazido pouco valor acrescentado4 às reais
ainda pior no que diz respeito à população
necessidades dos adolescentes e jovens
juvenil deficiente.
Paísagem piscatória
1 Referida à capacidade de resposta, identificando em que medida esses projetos e programas correspondem às necessidades da população juvenil, especialmente dos adolescentes e jovens mais afastados do centro. 2 Relativa ao alcance dos resultados em relação ao proposto, e da contribuição dos resultados alcançados para a concretização das propostas contidas nestes projetos e programas. 3 Refere-se à relação entre as ofertas à população (informação, serviços, insumos) e os recursos aportados para a sua realização (financeiros, humanos, materiais). 4 Refere-se à análise dos eventuais benefícios acrescentados aos resultados obtidos com a oferta desses projetos e programas.
Expectativas, problemas e aspirações dos jovens e adolescentes. São Tomé e Príncipe
57
10.
SEGUNDA PARTE Análise situacional sobre as condições e os estilos de vida dos adolescentes e jovens
Considerações finais O estudo aponta para 4 desafios estruturantes
so à habitação. Do mesmo modo, criam di-
a enfrentar pela população jovem são-
ficuldades de prossecução da formação de
tomense: 1) conflito geracional derivado da
raparigas que, por um infortúnio, ficam grávi-
não substituição geracional no mercado de
das. Embora estas dificuldades afetem os
trabalho, que faz com que a população juve-
dois géneros, afetam com maior incidência
nil se veja obrigada a concorrer, em situação
as raparigas que se veem obrigadas a arran-
de desvantagem, com uma população adul-
jar um homem como forma de sobrevivência
ta já estabelecida e detentora dos capitais
numa sociedade marcadamente machista.
económicos, simbólicos e político-partidários
Este cenário faz com que as expetativas
bem definidos; 2) conflito de género devido
dos jovens sejam bastante baixas ou nulas
aos processos de desigualdade de género
em relação ao futuro, o que pode torná-los
institucionalmente reproduzidos que recaem
presas fáceis para as atividades ilegais ou
sobre as raparigas e que se encontram dire-
consideradas imorais, nomeadamente ativi-
tamente relacionados com o primeiro conflito,
dades criminosas e uso de substâncias psi-
visto que a falta de recursos traz desvanta-
cotrópicas ou de álcool - principalmente entre
gens também para os rapazes quando o que
os rapazes, e prostituição ou o sexo transa-
está em causa são as condições necessárias
cionado - sobretudo no caso das raparigas.
para avançar para o casamento; 3) conflito
Tendo em conta que a classe percebida
de valores, espelhado na sobreposição entre
como a que melhor tem conseguido viver em
os valores ditos tradicionais e os valores glo-
boas condições no contexto de contingência
balizados que, de certa forma, se reflete no
são-tomense são os políticos, a aspiração
comportamento da camada juvenil e a torna
dos jovens é alcançar um cargo político ou
um alvo fácil de culpa de qualquer situação
numa instituição do Estado por via da for-
tida como negativa; 4) conflito partidário en-
mação superior ou por via do clientelismo
tre as duas maiores estruturas juvenis do
político-partidário.
país o que, direta ou indiretamente, afeta a vida associativa dos jovens. As desigualdades de oportunidade existentes derivam destes desafios estruturantes e são expressas em matéria de dificuldade de acesso ao emprego, dificuldade de acesso ao ensino superior e dificuldade de aces58
Expectativas, problemas e aspirações dos jovens e adolescentes. São Tomé e Príncipe
SEGUNDA PARTE Análise situacional sobre as condições e os estilos de vida dos adolescentes e jovens
11.
Orientações e propostas de políticas públicas inclusivas para a elaboração do Plano Nacional direcionada a adolescentes e jovens Este estudo visa complementar o PENJ,
Inicialmente, prevista a sua implementação
elaborado em 2014, por uma equipa nacio-
no horizonte de 2019, propõ-se que o prazo
nal constituída por técnicos do IJ e da DGP
para a sua implementação seja alargado para
que, não ignorando a CAJ, pretende ser um
5 anos, a contar de 2017, de modo a criar
documento coerente com as pretensões da
condições propícias para a sua conciliação
juventude, respeitando os seus interesses e
com a AdT, que tem como horizonte o ano
potencialidades.
2030.
11.1 Orientações gerais Sendo assim, visto que este estudo parte de
social, o que quer dizer que, qualquer pla-
uma análise situacional da adolescência e
no nacional da juventude que se queira que
da juventude são-tomense, o que faltou na
tenha êxito, terá de levar em consideração
elaboração da PENJ, propomos que ele seja
não só a dimensão económica, mas também
apropriado como um documento orientador
as dimensões sociais, políticas e, especial-
na implementação de uma política da juven-
mente, discursivas.
tude (e não para juventude) que se quer, aci-
Constata-se que quando se fala de adoles-
ma de tudo, inclusiva.
centes e jovens em São Tomé e Príncipe,
O
diagnóstico
situacional
sugere
que
tende-se a usar um discurso normativo/re-
qualquer plano de intervenção dos jovens
pressivo, tomando-os particularmente como
em São Tomé e Príncipe, nesta conjuntura,
um problema (e um grupo homogéneo) que
deve ter em consideração, em primeiro lu-
necessário será moldar pelos adultos, o que
gar, o seu caráter estruturante, de modo a
faz com que os jovens se sintam oprimidos e
combater a situação socioeconómica atual-
obrigados a viver uma vida que não é deles.
mente vivida pelos adolescentes e jovens
Defendemos a subliminar necessidade de
e as desigualdades de oportunidade obser-
uma mudança de discurso. Em vez de falar
vadas.
de problema juvenil, institucionalizar, no seu
Por outro lado, o plano deverá ser transver-
lugar, os termos questão juvenil e/ou desafi-
sal, uma vez que a juventude não vive num
os juvenis. Estes conceitos têm a particulari-
mundo isolado, mas sim faz parte do todo
dade de evitar a estigmatização das pessoas Expectativas, problemas e aspirações dos jovens e adolescentes. São Tomé e Príncipe
59
pertencentes a uma certa faixa etária como
mo, principalmente entre os jovens, uma vez
potenciais problemas, enaltecendo assim as
que tanto a problemática da droga como a do
suas potencialidades.
álcool não são casos de polícia/justiça, mas
Por outro lado, termos como gravidez pre-
sim de saúde pública, o que significa que as
coce, crianças de rua ou na rua, entre
respostas mais eficazes para este tipo de de-
outros, para além de carregar intenções
safios se colocam ao nível da Saúde e ao
normativas, encontram-se desatualizados.
nível social.
É necessário atualizar estes conceitos e
Em relação à questão da delinquência, al-
institucionalizá-los, substituindo-os por con-
guns estudos realizados em contextos
ceitos mais próximos da sua realidade, como
próximos da realidade são-tomense (Pureza,
são os casos de gravidez na adolescência e
Roque & Cardoso, 2012; Bordonaro, 2010)
crianças em situação de rua.
mostram que, por mais que se possa investir
De igual forma, de modo a contribuir para
em medidas repressivas, caso tais medidas
uma real mudança de atitude e mentalidade
não sejam acompanhadas por respostas so-
dos adolescentes e jovens, é necessário, pri-
ciais, a situação do banditismo tende a pio-
meiro, que os adultos, sobretudo os deten-
rar.
tores de poder, mudem as suas práticas, uma
Por fim, como anteriormente referido, este
vez que os dados, tanto quantitativos como
documento deve ser encarado como o ponto
qualitativos, mostram que os adolescentes
de partida para a construção de uma política
e jovens não fazem outra coisa senão imitar
nacional de juventude (e, portanto, um tra-
as práticas das pessoas estabelecidas com
balho em construção) e, para que se chegue
mais idade.
a bom porto, é necessário que ele sirva de
Há necessidade de substituir a visão re-
documento de trabalho das estruturas ju-
pressiva que dela se tem, focando-se num
venis formais e informais existentes, o que
discurso inclusivo, caso se queira, de facto, pode ser feito através de um circuito de dister uma resposta mais eficaz em relação à
cussão e promoção descentralizada.
questão da toxicodependência e do alcoolis-
11.2 Propostas estruturantes
60
De forma a combater a situação de pre-
dade das oportunidades, propomos que
cariedade socioeconómica atual dos jovens
a curto/médio/longo prazo sejam criadas
são-tomenses e a consequente desigual-
condições para 4 ações:
Expectativas, problemas e aspirações dos jovens e adolescentes. São Tomé e Príncipe
A curto prazo: Criação do Observatório do
vocacional e de referência com os serviços
Adolescente e do Jovem, tomado como um
de SSR, bibliotecas e espaços de formação,
importante instrumento de sistematização de
convívio e de atividades artísticas. A trans-
dados e informações sobre a população ju-
ferência financeira para esta nova estrutura
venil. Ou seja, no estudo e análise das juven-
dar-se-ia a partir da apresentação de um
tudes são-tomenses e um suporte de apoio
Plano de Ação Distrital para a área da ju-
à definição das políticas, assentes em linhas
ventude. Esta ação poderá contribuir para a
de orientação estratégica, com objetivos e
resolução do ODS 16;
medidas, que o reforcem e o tornem apto para vender os desafios. Este projeto será
A médio prazo: Criação de uma estrutura
desenvolvido pelo Ministério da Juventude
que terá o papel de promover o desenvolvi-
através do IJ e do INE e terá como parceiros
mento empresarial e a inovação virada para
a CNJ, a UNICEF e as instituições do en-
os jovens e orientada para a AdT na qual,
sino superior. Será um sistema permanente
através de uma rede nacional de incubado-
e atualizado que integra dados parcialmente
ras, articulada com as ONG e associações
dispersos, elabora estatísticas globais e es-
juvenis estabelecidos, se promova, apoie,
pecíficas, formula análises e projeções so-
forme, financie, se faça o seguimento e
bre a questão juvenil nacional, em forma de
avalia os projetos de empreendedorismo,
artigos e relatórios científicos, que servirao
sobretudo de empreendedores potenciais in-
de subsídio para as tomadas de decisão
dividuais ou coletivos, de maneira coerente
política;
com as potencialidades de desenvolvimento de cada distrito. Convém que se crie, nes-
A curto prazo: Municipalização dos CIJ, em
sa rede, programas start up que envolvam
que os mesmos passem a ser geridos pe-
o sistema educativo (escolas secundárias e
las CD e implementados por um Conselho
instituições do ensino superior) e um circuito
Distrital da Juventude formado pelas asso-
de encontros de partilha de conhecimentos
ciações distritais e presidido pelo gabinete
entre figuras nacionais e internacionais que
da câmara que tutela a juventude, a ser cria-
obtiveram sucesso fora da lógica partidária
do. Caberá ao IJ o papel de regular e seguir,
ou familiar e os jovens, nos quais se eviden-
e ao CNJ o papel de fiscalizar. Transformar
ciem boas práticas. Esta estrutura será inde-
os CIJ em centros multiusos, onde poderão
pendente e o processo de seleção dos pro-
funcionar espaços multimédia, de orientação
jetos será feita por uma equipa que deverá
Expectativas, problemas e aspirações dos jovens e adolescentes. São Tomé e Príncipe
61
ter como elementos o IJ, a CNJ, a FONG e as câmaras distritais. Esta ação poderá contribuir para a resolução dos ODS 1, 8, 9 e 14; A longo prazo: Investimento na recuperação das roças (sobretudo nas principais sedes em cada distrito) de forma a transformá-las em polos de promoção de um turismo rural e cultural, o que poderá criar condições para integrar São Tomé e Príncipe no circuito das “Rotas dos Escravos” da UNESCO, diversificando, assim, a oferta de turismo, co-gerido com as associações comunitárias, visto que o país passaria a atrair turistas afro-americanos com algum capital económico. Esta ação, para além de contribuir para o desenvolvimento local/distrital, irá igualmente contribuir para a criação de empregos, resolvendo assim a questão do desemprego juvenil e da habitação, descongestionando a cidade e fixando a população juvenil no campo, promovendo, simultaneamente, a economia local o que poderá contribuir para a resolução dos ODS 1, 8 e 9.
62
Expectativas, problemas e aspirações dos jovens e adolescentes. São Tomé e Príncipe
SEGUNDA PARTE Análise situacional sobre as condições e os estilos de vida dos adolescentes e jovens
12.
Recomendações Como complemento da PENJ, sinalizamos aquelas que consideramos como ações prioritárias deste documento e introduzimos as que ressaltaram da análise da situação. Deste modo, para a questão da educação, formação e emprego, consideramos prioritárias as seguintes ações do PENJ: • Criação de critérios de vulnerabilidade que suportem a concessão da bolsa-família para apoiar as famílias mais carenciadas; • Reforço do programa de atividades extraescolares; • Reforço do programa de alimentação escolar; • Melhoria das condições de acesso ao ensino noturno; • Descentralização e melhoria do acesso ao ensino; • Criação duma política de formação técnico-profissional e superior descentralizada; • Reforço do sistema de inspeção escolar; • Promoção da elaboração dum estudo de viabilidade para construção de residências para estudantes secundários e universitários; • Fortalecimento do sistema de atribuição de bolsas internas para o ensino secundário e superior; • Melhoraria e expansão da rede de transporte escolar; • Criação dum centro de alfabetização para os jovens fora do sistema escolar; • Definição de uma política de habitação nacional que priorize as necessidades da camada juvenil; • Criação de incentivos para os jovens mais ativos, interventivos e que apostem na inovação, agricultura, pesca e pecuária; • Incentivo à criação do Instituto de emprego; • Promoção da criação/adoção e implementação de uma política de emprego; • Criação de mecanismos para a inserção profissional; • Aumento do valor do Orçamento Geral do Estado para o setor da juventude. E recomenda-se: • A elaboração dum estudo sobre as possibilidades de abertura dum pólo Universitário na
Expectativas, problemas e aspirações dos jovens e adolescentes. São Tomé e Príncipe
63
RAP; • A criação de condições para que institutos de ensino superior tenham não só a vertente educação, mas também as vertentes extensão e investigação; • A promoção de ações de sensibilização nas escolas, direcionadas às famílias, através de ciclos de conversas abertas, com vista ao seu maior engajamento e participação no processo de aprendizagem dos estudantes e a proporcionar uma maior interação entre a escola, os pais/encarregados de educação e estudantes; • A adoção de medidas que favoreçam o empoderamento dos jovens e, em particular, das raparigas; • A adoção de medidas conducentes à institucionalização da atividade dos moto-taxistas, num período de 5 anos, dada a sua importância na mobilidade urbana e na criação e dinamização da economia urbana; • A institucionalização das atividades informais em espaços específicos da cidade; • A criação duma rede de guias turísticos profissionais a trabalhar em parceria com os hotéis; • A criação dum selo de identificação de guias turísticos e artesões; • A criaçãoduma página nas redes sociais de divulgação e de venda online de produtos confecionados pelos jovens artesãos. Para o setor da saúde sexual e reprodutiva, recomenda-se: • Que seja revista a medida de transferência de adolescentes grávidas para o período noturno; • Que sejam criados gabinetes de orientação vocacional e de SSR com ênfase na questão do género e que não reproduza a dominação masculina em todas as escolas secundárias existentes; • Que se promova a elaboração dum estudo quantitativo e qualitativo sobre o abuso e a exploração sexual. Para o setor das TIC, lazer e comportamentos desviantes e delinquentes consideramos prioritárias as seguintes ações do PENJ: • Promoção de investimentos destinados ao lazer dos jovens; • Promoção de investimentos destinados ao desporto para os jovens; • Reforço do programa do desporto escolar, em todos os níveis de ensino; • Incentivo à implementação de programas culturais para a juventude; E recomenda-se: • Incentivo a criação da casa das ciências nas escolas; 64
Expectativas, problemas e aspirações dos jovens e adolescentes. São Tomé e Príncipe
• A promoção da cultura digital (edições de vídeo, produção de música e criação de conteúdos multimédia); • A atribuição de prémios e certificados de mérito aos jovens mais criativos e com ideias inovadoras ao nível da arte e cultura e desporto; • A criação de uma escola de arte; • A melhoria das condições sociais e de reinserção social dos jovens nos serviços prisionais; • Incentivo à criação do Instituto da Infância para a promoção dos direitos de crianças em situação de risco; • A elaboração dum estudo quantitativo e qualitativo sobre a delinquência envolvendo adolescentes e jovens; • A criação de centros de atendimento para jovens toxicodependentes e alcoólicos tutelados pelo Ministério da Saúde; • A elaboração de programas de formação cidadã no exército e criar políticas de inserção dos jovens que concluem o serviço militar obrigatório; • A elaboração de programas e ações específicas direcionadas aos jovens portadores de deficiência. Para o setor do associativismo e voluntariado priorizar a seguinte ação do PENJ: • Criação da lei do associativismo e voluntariado e adoção dum programa de promoção do associativismo e voluntariado jovem; E recomenda-se: • A criação dum programa de formação sobre a liderança e construção de projetos de intervenção – empreendedorismo social e comunitário.
Expectativas, problemas e aspirações dos jovens e adolescentes. São Tomé e Príncipe
65
TERCEIRA PARTE 66
Expectativas, problemas e aspirações dos jovens e adolescentes. São Tomé e Príncipe
Análise situacional sobre as condições e os estilos de vida dos adolescentes e jovens
Expectativas, problemas e aspirações dos jovens e adolescentes. São Tomé e Príncipe
67
ÍNDICE LISTA DE TABELAS, GRÁFICOS E DIAGRAMAS
i
RESUMO EXECUTIVO
vi
1.
Capítulo I: INTRODUÇÃO
1
1.1
Considerações gerais
1
1.2
Metodologia
1
1.2.1 População e grupos-alvo do estudo
1
1.2.2 Amostragem: identificação das localidades e repartição da população-alvo
2
1.2.3 Técnica de recolha de dados e a organização do estudo no terreno
2
1.2.4 Registo informático, compilação e validação dos dados 2.
Capítulo 2: REALIZAÇÃO DO INQUÉRITO
2.1
Acções preliminares
3
2.1.1 Formação de Inquiridores e Supervisores
3
2.1.2 Realização do Inquérito Piloto
3
2.2
3
Inquérito no terreno (realização das entrevistas)
2.2.1 Constituição/Repartição das Equipas de Inquirição / Supervisão 2.2.2 Realização das Entrevistas
4
3.
Capítulo 3: ANÁLISE DOS RESULTADOS
4
3.1
MÓDULO 1: Dados individuais e sociodemográficos
4
3.1.1 Caracterização dos inquiridos (estatística uni-variada)
6
3.1.2 Analise Cruzada dos dados individuais e sociodemográficos
8
3.2
8
MÓDULO 2: Família, Nível e Qualidade de vida
3.2.1 Dados globais (estatística uni-variada) (estatística uni-variada)
9
3.2.2 Analise Cruzada de dados 9
12
3.3
MÓDULO 3: Educação, Formação e Emprego
12
3.3.1 Caracterização dos inquiridos (estatística uni-variada)
12
3.3.2 Analise Cruzada de dados do Módulo 3 com Perguntas-chave dos Módulos 1 e 2 3.4
15 MÓDULO 4: Saúde Sexual e Reprodutiva
17
ÍNDICE 3.4.1 Dados globais sobre os inquiridos (estatística uni-variada SR_01 a SR_08)
17
3.4.2 Analise Cruzada de dados
21
3.5
MÓDULO 5: Novas tecnologias de informação e comunicação, Lazer, Desporto,
e Consumo de Substancias Psicotrópicas
22
3.5.1 Dados globais (estatística uni-variada)
23
3.5.2 Analise Cruzada de dados
26
3.6
MÓDULO 6: Opiniões e percepções sobre iniciativas, programas e estruturas
para jovens e adolescentes do País
28
3.6.1 Dados globais (estatística uni-variada)
29
3.6.2 Analise Cruzada de dados
32
ANEXOS
35
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
40
Lista de tabelas, gráficos e diagramas LISTA DE TABELAS 1 Tabela 3.1.1 – Outras características da população-alvo (Módulo 1)
5
2 Tabela 3.1.2a – Escolaridade “SECUNDÁRIO” por Distrito
6
3 Tabela 3.1.2c – Necessidades / Privações por Faixa etária
7
4 Tabela 3.1.2d – Necessidades / Privações por Distrito de residência
7
5 Tabela 3.2.2 a: Módulo 2 - Repartição das respostas em função do SEXO
8
6 Tabela 3.3.1 a: Frequência escolar e principais razões do abandono escolar
9
7 Tabela 3.3.1d: Profissão que o adolescente/jovem aspira exercer
12
8 Tabela 3.3.1c.1: Rendimento mensal individual pretendido
14
9 Tabela 3.3.1c.2 – Outras características dos inquiridos (Módulo 3)
14
10 Tabela 3.3.2 a: Módulo 3 - Repartição das respostas em função do SEXO 11 Tabela 3.3.2c: Módulo 3 - Repartição das respostas em função do DISTRITO DE RESIDÊNCIA 12 Tabela 3.4.1a: Sexualidade nas escolas
15 16 17
13 Tabela 3.4.1c: Idade de início do Acto Sexual
18
14 Tabela 3.4.1d: Idade com que ficou grávida pela 1ª vez
18
15 Tabela 3.4.1e: Como reduzir Gravidez precoce
19
16 Tabela 3.4.1f: Como evitar uma Gravidez não desejada
19
17 Tabela 3.4.1g: Duas situações em que se pode apanhar o vírus do SIDA
20
18 Tabela 3.5.2 a: Módulo 5 - Repartição das respostas em função do SEXO
26
19 Tabela 3.5.2b - Módulo 5: Repartição das respostas em função da IDADE / FAIXA ETÁRIA
27
20 Tabela 3.5.2c: Módulo 5 - Repartição das respostas consoante DISTRITO DE RESIDÊNCIA
27
21 Tabela 3.6.1b: Importância dos contributos para Juventude das Iniciativas e Programas
29
22 Tabela 3.6.1c: Auto-Avaliação e domínios de fraca participação Jovem
30
23 Tabela 3.6.1d: Opiniões sobre os principais problemas da Juventude e pistas para sua mitigação 24 Tabela 3.6.2b: Módulo 6 – Efeitos da Idade/faixa etária nas respostas dos Inquiridos
31 33
25 Tabela 3.6.2c: Repartição percentual das principais respostas dos Inquiridos por Distrito de residência i
Expectativas, problemas e aspiracoes dos jovens e adolescentes. São Tomé e Princípe
33
LISTA DOS GRÁFICOS 1 Gráfico 3.1.1 c: Inquiridos por DISTRITO DE RESIDÊNCIA
4
2 Gráfico 3.1.1 d: Inquiridos por NÍVEIS DE ESCOLARIDADE
5
3 Gráfico 3.1.2b – Necessidades / Privações consoante SEXO
7
4 Gráfico 3.2.2b: Interferência da Faixa etária nas respostas a pergunta F_10
10
5 Gráfico 3.3.1 b: Idade/Faixa etária que deixam a escola
12
6 Gráfico 3.3.1 c: Nível máximo de escolaridade pretendido
13
7 Tabela 3.3.1d: Profissão que o adolescente/jovem aspira exercer
13
8 Gráfico 3.4.1 b: Idade/Faixa etária para início da sexualidade
18
9 Gráfico 3.4.1g: Identificação das ISTs
20
10 Gráfico 3.5.1b.1: Modalidades Desportivas regularmente praticadas
23
11 Gráfico 3.5.1b.2: Como Incentivar a juventude à prática Desportiva
23
12 Gráfico 3.5.1b.3: Actividades de Lazer / descanso, na 1ª Escolha
24
13 Gráfico 3.5.1b.4: Actividades de Lazer / descanso, na 2ª Escolha
24
14 Gráfico 3.6.1a.1: Nomes de iniciativas e Programas, mais citados: 1ª Resposta
29
15 Gráfico 3.5.1a.2: Nomes de iniciativas e Programas, mais citados: 2ª Resposta
29
16 Gráfico 3.6.1b: Como esclarecer e incentivar a participação da Juventude
29
LISTA DOS DIAGRAMAS 1 Diagrama 3.2.1a: Principais características do núcleo familiar da população-alvo
8
2 Diagrama 3.2.1b: Perfil Socioeconómico da Família dos Inquiridos
9
3 Diagrama 3.2.2c: Módulo 2 - Repartição das respostas consoante DISTRITO DE RESIDÊNCIA 4 Diagrama 3.4.2 a: Módulo 4 - Repartição das respostas em função do SEXO 6 Diagrama 3.4.2c: Módulo 4 - Repartição das respostas consoante DISTRITO DE RESIDÊNCIA 7 Diagrama 3.5.1a: Conhecimento/utilização das Novas Tecnologias de Informação de Comunicação 8 Diagrama 3.5.1c: Principais informações sobre consumo de bebidas Alcoólicas
11 21 22 23 25
Expectativas, problemas e aspiracoes dos jovens e adolescentes. São Tomé e Princípe
i
Resumo executivo O presente relatório de abordagem quantitativa é parte integrante do estudo Expectativas, problemas e aspiracoes dos jovens e adolescentes. São Tomé e Princípe que tem como principais objectivos: (i) Identificar e caracterizar a população alvo; (ii) Analisar as situações socioeconómicas desse segmento populacional; (iii) Identificar os programas e iniciativas viradas para essa população e elaborar uma proposta de intervenção que se adequa às suas condições de vida; (iv) Avaliar o nível de participação juvenil no processo de desenvolvimento; (v) Formular de recomendações em relação às necessidades exprimidas pelos jovens e que possam servir tanto para a elaboração de um Plano Nacional de Desenvolvimento dos adolescentes e dos jovens como para a definição de uma resposta eficaz para a situação de pobreza socioeconómica actual. A abordagem quantitativa exaustiva centra-se muito particularmente na análise multivariada dos dados forjados através de um inquérito de cobertura nacional realizado junto a população-alvo, visando assim dar resposta de maneira tão objectiva quanto possível, entre outros, aos seguintes objectivos específicos do estudo: 1. Identificação / caracterização da população-alvo; 2. Suas principais características socioeconómicas (família, nível e qualidade de vida) 3. Opiniões e aspirações dos inquiridos em matéria de Educação / Formação / Emprego; 4. Conhecimentos e práticas em matéria da saúde sexual e reprodutiva 5. Conhecimentos, comportamentos e práticas em relação ao uso de NTICS, Lazer, Desporto e Substâncias Psicotrópicas 6. Conhecimentos, opiniões e expectativas em relação as performances, lacunas dos programas, estruturas e iniciativas existentes e/ou serem criados para a juventude santomense Metodologia O inquérito foi realizado nas 7 unidades territoriais da divisão político-administrativa, a partir de uma amostra representativa de 1805 adolescentes e jovens, desagregados por local de residência (44 localidades seleccionadas, ou seja 10% do total nacional), por sexo e por idade (grupada em três faixas etárias: 10-13 anos; 14-17 anos e 18-24 anos), tal como apresentado no Anexo 1.
vi
Expectativas, problemas e aspiracoes dos jovens e adolescentes. São Tomé e Princípe
O tipo de amostragem utilizada para a selecção das localidades é a designada amostragem empírica por quotas, efectuada de forma aleatória com probabilidade proporcional à dimensão da população. O erro relativo de amostra, para um grau de confiança de 95%, foi de 2,3% para uma população de 1800 indivíduos. O estudo foi suportado por um questionário estruturado (Anexo: ficheiro Excel), desagregado em 6 Módulos contendo cada um, em média, 8 perguntas na larga maioria de natureza fechada. No terreno (na ilha de São Tomé) as entrevistas tiveram uma duração de 15 dias e foram asseguradas por uma equipa de 16 inquiridores sob assistência de 4 supervisores; na RAP foram 3 dias de inquérito assegurado por uma equipa de 3 inquiridores e 1 supervisor. Todos os intervenientes foram submetidos a uma secção de capacitação, tal como detalhado no Anexo 3. A informatização de dados - através de um módulo informático concebido em ACCESS - foi progressiva e quotidiana, após codificação / controlo / validação dos questionários provenientes do terreno, pela equipa de coordenação. A digitação completa dos dados foi efectuada em três computadores por 3 digitadores dentre os quais um técnico informático (responsável pela equipa). Síntese dos resultados Importa frisar que os dados (absolutos e relativos) que sustentam os resultados das análises apresentadas neste relatório encontram-se disponíveis sob forma de Tabelas (Anexo: Ficheiro Excel) constituindo assim um documento complementar da Abordagem Quantitativa. a) Identificação / caracterização da população inquirida - Módulo 1 • No universo dos 1805 adolescentes e jovens inquiridos 896 (49,6%) são rapazes e 909 (50%) raparigas dentre os quais 31% são da faixa etária 10-13 anos, 28% da faixa intermediária (14-17 anos) e 41% têm a idade compreendida entre 18 e 24 anos. Um pouco mais de 87% têm o nível do ensino secundário (51% entre 5ª - 8ª classe e 36% entre 9ª - 12ª classe) e 64% residem nos dois distritos mais populosos do país, Água-Grande (39%) e Mé-Zóchi (25%), em oposição à RAP e à Caué com 4% e 3% respectivamente • A quase totalidade dos inquiridos, ou seja 97% sentem-se Santomenses (apenas 1,4% se consideram Cabo-Verdianos ou 0,4% Angolanos), 93% não são portadores de qualquer tipo de Deficiência e cerca de 80% declararam NÃO pertencer a qualquer tipo de organização / grupo. Na lista relativamente longa do que mais falta faz aos adolescentes e jovens o Expectativas, problemas e aspiracoes dos jovens e adolescentes. São Tomé e Princípe
vi
destaque vai para o Emprego e a Formação (1ª e 2ª posição: 24% e 10%, respectivamente) precedendo Família (8%;) e Bens Comuns + Habitação (6%). b) Família, Nível e Qualidade de vida - Módulo 2 • Os Inquiridos (57%) declararam sobretudo viver com os Pais (31%) ou com a Mãe (26%) ou ainda com Familiares (17%); os mesmos vivem em agregados familiares em que o chefe de família têm um nível de instrução que varia sobretudo entre 5ª-8ª classes (26%) e ensino primário (19%) sendo que 47% exercem profissões temerárias como Artesão / Pequenos Serviços (18%), Pequenos negócios (14%) ou ainda Trabalhador de Empresa (15%). • Trata-se de igual modo de famílias de baixo rendimento mensal (38% com montante inferior a 5 milhões de dobras, dentre os quais 21% igual ou inferior a 1.100.000 dobras) que se encontram sobretudo privadas, na opinião dos inquiridos, de Emprego (27%), Água potável (25%), Energia (12%) e Transporte/deslocações (10%). c) Educação, Formação e Emprego – Módulo 3 • Cerca de 70% dos adolescentes e jovens ainda prosseguem seus estudos contra 27% (496 ocorrências) que abandonaram a Escola, sobretudo na faixa etária 14-17 anos (45%); os dois principais motivos evocados são: “falta de condições financeiras” (237 inquiridos) e “Gravidez” (67 raparigas). • Exercer uma actividade laboral fora de casa é uma prática de 436 (24%) jovens que afirmaram ter começado a trabalhar sobretudo entre 14-17 anos (170 =39%) ou entre 18-24 anos (153 = 35%); dentre eles (i) 157 (36%) trabalham na vertente artesão/pequenos serviços; (ii) 68 (16%) em pequenos negócios (iii) ou ainda 60 (14%) na agricultura / pesca, actividades sobretudo de frequência quotidiana (57% dos respondentes) com um rendimento mensal, na essência, inferior à 1.100.000 dobras. • Em termos de aspirações os inquiridos manifestaram sobretudo o desejo de (i) concluir um “Curso Superior” (45%); (ii) de exercer uma profissão tal como “Executivo / Consultor” (42%) ou “Funcionário do Estado” (31%); (iii) usufruir de um rendimento mensal igual ou superior a 5 milhões de dobras (55%). d) Saúde Sexual e Reprodutiva – Módulo 4 • A Sexualidade - tema que poderá/deverá ser abordado nas escolas em especial entre 5ª classe (32% dos inquiridos) e 7ª classe (23%) - deveria ser praticada, na opinião de cerca de 49% de raparigas e rapazes, sobretudo à partir dos 18 – 24 anos; e é esta a faixa etária mais citada por 72% (361) dos 502 inquiridos (28% da amostra) que responderam a pergunta SR_03: Com que idade você iniciou o Acto Sexual? vi
Expectativas, problemas e aspiracoes dos jovens e adolescentes. São Tomé e Princípe
• Tratando-se da 1ª Gravidez (pergunta SR_04) apenas 156 raparigas (60% das que responderam à pergunta anterior: SR_03) declararam a idade com que ficaram grávida: entre 16-18 anos, para 53% das respondentes. Ainda sobre a Gravidez (na adolescência e indesejada) a sua prevenção, segundo os respondentes, passa nomeadamente: 1.
Pela Comunicação/Sensibilização (18%), Tomada de Pílulas (14%) ou ainda pela Uti-
lização de outros Métodos Contraceptivos (9%), para Gravidez na Adolescência 2.
Pelo Uso do Preservativo (62%) Tomada de Pílula (12%) ou de Injecções (10%) para
Gravidez Indesejada • No que toca as infecções sexualmente transmissíveis e o VIH/SIDA em especial, os resultados apurados apontam para um nível de conhecimento relativamente satisfatório dos inquiridos; constata-se no entanto, por um lado, que os jovens têm um conhecimento ainda limitado sobre a diversidade das ISTs e, por outro lado, que sobre o VIH/SIDA ainda persiste alguns preconceitos/suspeitas sobre as reais probabilidades da sua transmissão, nomeadamente através da doação do sangue. e) Novas tecnologias de informação e de comunicação, Lazer, Desporto, e Consumo de Substancias Psicotrópicas – Módulo 5 • Dentre os 902 (50%) dos adolescentes e jovens que afirmaram possuir Telemóvel / Smartphone ou Tablet 503, ou seja mais de metade (56%) utilizam-no para efectuar Chamadas (28%); a Internet é a segunda utilização mais citada por 272 (30%) respondentes, neste caso para efectuar Pesquizas (17%) ou para trocas nas Redes Sociais (13%). De salientar que uso do Computador é de conhecimento da maioria (55%) dos adolescentes e jovens que são de opinião que a abordagem das Novas Tecnologias de Informação e Comunicação nas Escolas deveria acontecer desde (i) 7ª classe (41%); (ii) 5ª classe (29%); (iii) ensino primário (18%); (iv) ou ainda na pré-escolar (10%) • No domínio do Desporto e Lazer o Futebol destaca-se como a prática desportiva mais corrente, citada por 57% dos inquiridos enquanto 28% outros afirmaram não praticar nenhuma modalidade desportiva; neste caso a sensibilização (20% de opiniões favoráveis) e a criação de infraestruturas desportivas (16%) poderiam constituir duas medidas a serem tomadas para incentivar a juventude à prática Desportiva. • No que se refere ao consumo de Bebidas Alcoólicas e de Substâncias Psicotrópicas, verifica-se que um pouco mais de metade dos inquiridos (52%), e independentemente da idade, afirmaram já ter consumido bebidas alcoólicas, com destaque para Cerveja (46%), Vinho de palma (29%) e Vinho (tinto ou branco) 12%. Tal já não sucede com o consumo de Substâncias Psicotrópicas em relação ao qual foram registadas apenas duas categorias similares de respostas (1: Não lhe Concerne e em alguns casos 2: Ausência de resposta) para as duas Expectativas, problemas e aspiracoes dos jovens e adolescentes. São Tomé e Princípe
vi
perguntas colocadas: T_11: Você FUMA? Se SIM, quantos cigarros ou maços de cigarro pode fumar por dia? T_12: Dentre as substâncias abaixo alistadas, quais são aquelas que já teria experimentado? f) Opiniões e percepções sobre iniciativas, programas e estruturas para jovens e adolescentes do País – Módulo 6 • Muito pouco são os jovens que afirmaram conhecer / ter ouvido falar de iniciativas e programas para jovens: foram no total 705 inquiridos (39%) dos quais apenas metade ou seja 353 citaram alguns nomes, relacionados com os Programas difundidos na TVS e direccionados para a juventude santomense. No entanto as opiniões encontram-se divididas em relação aos reais contributos destes Programas na resolução dos problemas e aspirações dos jovens: 28% admitem-no “Importante e decisivo” enquanto os outros 20% entendem que o mesmo é “Ainda Limitado ou Nulo”; 75 inquiridos (11%) não responderam a questão colocada; • “Nenhuma” é resposta predominante (46% da amostra) à pergunta sobre os contributos/ participação dos inquiridos (auto-avaliação) na resolução das expectativas, problemas e aspirações da juventude; neste caso a Informação / sensibilização” (citado por 60% dos respondentes) seguida muito distante de “Apoios / incentivos” (16%) e “Iniciativas / Criatividades” (13%), seriam as pistas mais indicadas para esclarecer e incentivar a participação da juventude nos programas e iniciativas existentes. • Por sua vez o “Emprego”, a associação “Álcool/Droga/ Substâncias psicotrópicas”, a “Delinquência” (muito alta e/ou em progressão para 90% dos respondentes) ou ainda a “Violência” foram apontados ao mesmo tempo como os maiores problemas da juventude e os principais domínios prioritários de intervenção do Governo em prol da melhoria geral da situação dos adolescentes e jovens santomenses. g) Efeitos ligados às variáveis-chave do estudo Na larga maioria dos temas abordados as opiniões, percepções, aspirações e alternativas apresentadas pelos adolescentes e jovens contêm diferenças relevantes (significativas, em várias ocasiões) consoante cada uma das três variáveis-chaves do estudo: SEXO, IDADE/FAIXA ETÁRIA e DISTRITO DE RESIDÊNCIA. Assim relativamente ao SEXO constata-se que rapazes e raparigas não partilham da mesma opinião nomeadamente sobre: • As principais necessidades e privações tanto individuais como as das famílias • As aspirações profissionais e rendimentos mensais vi
Expectativas, problemas e aspiracoes dos jovens e adolescentes. São Tomé e Princípe
• Algumas questões relacionadas com a saúde sexual e reprodutiva • Na prática desportiva e no consumo de bebidas alcoólicas • No conhecimento / participação nos programas e iniciativas-jovem A IDADE/FAIXA ETÁRIA interfere, entre outros, nos temas seguintes: • Nas principais necessidades individuais e familiares • Na continuação/conclusão dos estudos e nas aspirações profissionais • Em questões relacionadas com a saúde sexual e reprodutiva • Em alguns aspectos alusivos ao consumo de bebidas alcoólicas O DISTRITO DE RESIDÊNCIA constitui manifestamente principal factor de diferenciação dos conhecimentos, opiniões e aspirações dos inquiridos, na maioria dos temas abordados. As diferenças observadas colocam, de um modo geral, em patamares opostos os distritos de Água-Grande e Caué ou Água-Grande e Caué/RAP sendo que em algumas situações também se regista alguma aproximação entre Água-Grande e RAP. São os seguintes os factos mais relevantes constatados: • O distrito de Caué singulariza-se, entre outros, com maior proporção de adolescentes e jovens no destaque (i) do Emprego e da Formação como sendo as suas principais necessidades/privações; (ii) de Famílias nos dois escalões mais baixos de rendimento; (iii) de famílias com necessidades acrescidas em matéria de Energia, Emprego e Transporte; (iv) de Condições financeiras como principal factor de abandono escolar; (iv) de Funcionário de Estado como profissão que jovens mais aspiram exercer. De igual modo Caué encontra-se associado às mais baixas taxas de jovens (i) no ensino Secundário; (ii) com conhecimentos actualizados em matéria de saúde sexual e reprodutiva; (iii) no consumo de bebidas alcoólicas; (iv) na avaliação positiva “importante e decisivo” dos contributos das iniciativas e programas para juventude. • De um modo geral estas constatações ocorrem de maneira inversa Água-Grande e em certas circunstâncias em Lobata e na RAP onde, por exemplo, a percentagem de inquiridos no ensino secundário é superior a média nacional. A RAP evidencia-se de igual modo em matéria de conhecimento da população-alvo sobre a saúde sexual e reprodutiva ou ainda com as mais baixas taxas de avaliação pela positiva da maioria dos temas abordados no Módulo 6. Sobre este último particular regista-se tendencialmente o inverso em Lobata, distrito que também se destaca (i) pelas aspirações dos seus inquiridos em termos de profissão (48% aspira ser “Executivo… Consultor”); (ii) com maior percentagem de inquiridos (37,3%) no item “Emprego” considerado como o que mais falta lhes faz na vida.
Expectativas, problemas e aspiracoes dos jovens e adolescentes. São Tomé e Princípe
vi
1.
CAPÍTULO 1
Introdução
1.1 Considerações gerais A abordagem quantitativa-extensiva das ex-
qualitativa intensiva.
pectativas, problemas e aspirações da juven-
Assim os eventuais aspectos superficial-
tude santomense (dos 10-24 anos) tem como
mente abordados e/ou omissos no pre-
principal foco a realização de entrevistas in-
sente relatório poderão ser elucidados com
dividuais junto a uma amostra representati-
as informações decorrentes da abordagem
va da população-alvo, o que propicia maior
qualitativa, pelo que instamos à uma leitura
consistência e objectividade ao conjunto dos
tão sincronizada quanto possível das prin-
resultados, análises, lições, conclusões e
cipais constatações destas duas vertentes
recomendações alvejados.
complementares e que no entanto foram
É em todo caso nesta perspectiva, e em
agregadas num único relatório final. E neste
conformidade sobretudo com os principais
relatório final encontram-se detalhados os
objectivos específicos detalhados nos tdrs
objectivos (gerais e específicos) e os resulta-
que foi realizada esta vertente quantitativa
dos esperados com o estudo, o que explica a
do estudo em destaque que tem como com-
sua presente omissão.
plemento uma segunda vertente: abordagem
1.2 Metodologia 1.2.1 População e grupos-alvo do estudo
1.2.2 Amostragem: identificação das localidades e repartição da população-alvo
O inquérito foi realizado ao nível nacional,
1
ou seja nas 7 unidades territoriais da divisão
Constitui base de amostragem as 439
político-administrativa, a partir de uma amos-
localidades
tra representativa 1805 inquiridos obedecen-
7 unidades territoriais da divisão políti-
do as seguintes características:
co-administrativa do país, a partir das quais
- Perfil Global: adolescentes e jovens da faixa
foram extraídas 44 locais de residência. O
etária dos 10-24 anos
tipo de amostragem utilizada para a selecção
-Perfil Específico: (i) Sexo: Rapazes e
das localidades é a designada amostragem
Raparigas; (ii) Idade (Faixa Etária): 10-13
empírica por quotas, efectuada de forma
anos, 14-17 anos e 18-24 anos; (iii) Local de
aleatória com probabilidade proporcional à
residência: 44 localidades seleccionadas de
dimensão da população. O erro relativo de
acordo com a Amostragem
amostra, para um grau de confiança de 95%,
Expectativas, problemas e aspirações dos jovens e adolescentes. São Tomé e Príncipe
distribuídas ao nível das
foi de 2,3% para uma população de 1800
intervenientes foram submetidos a uma
indivíduos. O ficheiro em Anexo 1 contém a
secção de capacitação, tal como detalhado
repartição teórica dos inquiridos por sexo,
no Anexo 3.
faixa etária e por local/distrito de residência. 1.2.4 1.2.3 Técnica de recolha de dados e a orga-
Registo informático, compilação e
validação dos dados
nização do estudo no terreno A informatização de dados - progressiva O estudo foi suportado por um questionário
e quotidiana, após codificação / controlo /
estruturado (Anexo: Ficheiro Excel), de-
validação dos questionários provenientes do
sagregado em 6 Módulos contendo cada um, terreno - foi efectuada através de um móduem média, 8 perguntas na larga maioria de
lo informático concebido em ACCESS, em
natureza fechada; o guião de preenchimento
três computadores por 3 digitadores dentre
das respostas é apresentado no Anexo 2.
os quais um técnico informático (responsável
No terreno (na ilha de São Tomé) as
pela equipa). Os dados digitados foram
entrevistas tiveram uma duração de 15 dias
regularmente (de 3 em 3 dias) submetidos a
(entre 21 de Outubro e 4 de Novembro) e
depuração / análise coerência seguidos de
foram asseguradas por uma equipa de 16 in-
validação e compilação (criação de base de
quiridores sob assistência de 4 supervisores;
dados). A fase seguinte consistiu na “con-
na RAP foram 3 dias de inquérito (11, 12 e 13
versão” deste conjunto de informações em
de Novembro) assegurado por uma equipa
tabelas de dados (absolutos e relativos) que
de 3 inquiridores e 1 supervisor. Todos os
sustentaram as análises efectuadas.
Expectativas, problemas e aspirações dos jovens e adolescentes. São Tomé e Príncipe
2
2.
CAPÍTULO 2
Realização do inquérito
2.1 Acções preliminares 2.1.1 Formação de Inquiridores e
2.1.2 Realização do Inquérito Piloto
Supervisores A formação visava muito particularmente ca-
O Inquérito Piloto foi realizado no dia 17 de
pacitar os Inquiridores e Supervisores selec-
Outubro em três localidades do Distrito de
cionados na metodologia e técnicas adequa-
Água-Grande junto a 35 inquiridos, com a
das as abordagem das entrevistas de acordo
participação de 5 inquiridores e 1 supervisor;
com os conteúdos do Questionário e com
os resultados obtidos não orientaram para
os principais objectivos do inquérito. A ses-
ajustamentos relevantes na versão inicial do
são de formação teve lugar nas instalações
Questionário.
da FONG, no Sábado dia 15 de Outubro de 2016 das 09h as 13h 30, tal como espelhado no Anexo 3
2.2 Inquérito no terreno (realização das entrevistas) 2.2.1 Constituição/Repartição das Equipas
alvejada.
de Inquirição / Supervisão
2.2.2 Realização das Entrevistas
Em São Tomé os 16 inquiridores trabalharam em dupla (2 indivíduos) nos arredores
As entrevistas tiveram lugar no período com-
de uma mesma localidade sendo que esta,
preendido entre 21 de Outubro e 4 de No-
em função do número de inquiridos, pode-
vembro em São Tomé e nos dias 11, 12 e 13
ria constituir área de jurisdição de várias
de Novembro na RAP; elas foram agrupas
pares de inquiridores. Por sua vez cada su-
por distrito e realizadas na seguinte ordem
pervisor tinha como atribuição inspeccionar,
e duração: Água-Grande (6 dias), Mé-Zóchi
apoiar, corrigir e validar os questionários
(4 dias); Caué-Cantagalo (2,5 dias); Lem-
preenchidos diariamente por 2 inquiridores.
bá-Lobata (2,5 dias); RAP (3 dias). A técnica
A supervisão dos questionários e do inquéri-
de recolha de dados utilizada foi a entrevista
to também foi assegurada pela equipa de
face a face, que – no que concerne os in-
Coordenação que permitiu, entre outros, que
quiridos com menos de 18 anos - foi efectua-
os procedimentos e métodos recomendados
da com o consentimento prévio da criança e
para a recolha de dados fossem seguidos e
sobretudo do seu encarregado de educação.
que dados recolhidos fossem de qualidade 3
Expectativas, problemas e aspirações dos jovens e adolescentes. São Tomé e Príncipe
CAPÍTULO 3
Análise dos resultados
3.
3.1 MÓDULO 1: Dados individuais e socio-demográficos Objectivo Geral: Determinar as principais características sociodemográficas dos adolescentes e jovens santomenses dos 10 – 24 anos, através da sua distribuição (simples e cruzada) por Sexo, Faixa Etária, Escolaridade, Descendência, Distrito de Residência, Deficiência e Privações (versus principais necessidades declaradas) 3.1.1 Caracterização dos inquiridos (estatística uni-variada) a) Perfil dos inquiridos segundo SEXO: I01_Sexo I_01: Sexo
Inquiridos
Percentagem
1: Masculino
896
49,64%
2: Feminino
909
50,36%
O inquérito abrangeu um universo de 1805 adolescentes e jovens, com uma repartição equilibrada por sexo: 896 (49,6%) Rapazes e 909 (50,4%) Raparigas
b) Perfil dos inquiridos por FAIXA ETÁRIA: I02_ Faixa Etária I_02: Faixa etária
Inquiridos
Percentagem
1: 10-13 anos
554
30,7%
2: 14-17 anos
510
28,3%
3: 18-24 anos
741
41,1%
A amostra obedeceu à seguinte distribuição: • 30.7%: população mais jovem, ou seja faixa etária 10-13 anos; • 28.3%: adolescentes da faixa etária intermediária: 14-17 anos; • 41.1%: jovens de idade compreendida entre 18 e 24 anos Esta distribuição está conforme a estrutura da população-alvo a nível nacional, de acordo com os dados disponibilizados pelo INE: 10 -13 anos = 31%; 14-17 anos = 28%; 18-24 anos = 41%
c) Distribuição dos inquiridos por DISTRITO DE RESIDÊNCIA: Q02_ Distrito 7: RAP 4: Lembá 71; 4% 149, 8%
8: Caué 62; 3%
2: Cantagalo 175; 10% 5: Lobata 194; 11%
1: Água-Grande 696; 39% 6: Mé-Zóchi 458; 25%
A repartição dos Inquiridos por Distrito de residência (Gráfico 3.1.1 c) está conforme a estrutura da população nacional; os distritos mais representativos são os mais populosos, ou seja Água-Grande e Mé-Zóchi que agregam 64% da população-alvo (39% e 25%, respectivamente). Lobata e Cantagalo vêm a seguir, com respectivamente 11% e 10% contra apenas 4% para a Região Autónoma de Príncipe e 3% para Caué
Gráfico 3.1.1 c: Inquiridos por DISTRITO DE RESIDÊNCIA
Expectativas, problemas e aspirações dos jovens e adolescentes. São Tomé e Príncipe
4
d) Perfil dos inquiridos por NÍVEIS DE ESCOLARIDADE: I03_ Escolaridade
5ª - 8ª
Os dados do gráfico 3.1.1 d revelam que a perclasse centagem de inquiridos NÃO ESCOLARIZADOS 51,3% 9ª - 12ª classe é insignificante: apenas 0,8% da população-al36,2% vo, cuja maioria (51,3%) encontra-se associada ao nível de ensino Secundário que vai de 5ª à 8ª Não Curso Primário Universitário escolarizados classe. É também no ensino Secundário (entre Profissional 1,7% 9,8% 0,8% 0,3% 9ª e 12ª classe) que se concentra a outra parte representativa da amostra (36,2%) perfazendo assim 87,4% ou seja 1578 inquiridos. Gráfico 3.1.1 d: Inquiridos por NÍVEIS DE ESCOLARIDADE
Os dados da Tabela 3.1.1 a seguir resumem as principais características dos inquiridos em função de quatro outras variáveis do Módulo 1.
Outras Variáveis do Módulo 1
Resultados Apurados
1
I_08: O que sente que mais falta lhe faz na sua vida?
O Emprego e a Formação surgem na 1ª e 2ª posição (24,3% e 10,0%, respectivamente) na lista do que mais falta faz aos adolescentes e jovens. A Família (8,1%;) vem em 3ª posição precedendo Bens Comuns + Habitação (6,0%) e Transporte (3,0%). Para 22,0% dos inquiridos essas necessidades são Outras enquanto 26,5% não responderam questão colocada.
2
I_04: Você se considera como: (1) Santomense; (2) Cabo-verdiano; (3) Angolano ou (4) de uma outra origem / nacionalidade
A quase totalidade (1742 = 96,5%) dos adolescentes e jovens inquiridos sentem-se Santomenses. Apenas 25 (1,4%) se consideram Cabo-Verdianos, 8 (0,4%) Angolanos contra 25 para Outra origem / nacionalidade. A Ausência de Resposta: 5 = 0,3%
3
I_07: Pertence a algum tipo de organização / grupo? Se SIM precisar CARIZ / NATUREZA
Cerca de 80% dos inquiridos declararam NÃO: pertencer a qualquer tipo de organização / grupo. Dentre os 317 (17,6%) que responderam pela afirmativa 257 (81%) evocaram os seguintes grupos: (1º) Músico-Cultural: 86 = 27,1%; (2º) Desportivo: 51 = 16,1%; (3º) Cariz Social: 34 = 10,7%; (4º) Sociedade Civil: 29 = 9,2%; (5º) Comunitário: 14 = 4,4%
4
No total 104 inquiridos (5,8%) declaram ser portadores de algum tipo I_06: É portador de algum de Deficiência; o NÃO representa 93% (1675). São as seguintes as tipo de Deficiência? Se deficiências apontadas: (1º) Visão: 41 = 39.4%; (2º) Locomoção SIM, qual (membro inf.): 10 = 9.6%; (3º) Audição: 4 = 3.9%; (4º) Locomoção (membro Sup.): 4 = 3.9% Outros: 16 = 15.4%
Tabela 3.1.1 Outras características da população-alvo (Módulo 1)
5
Expectativas, problemas e aspirações dos jovens e adolescentes. São Tomé e Príncipe
3.1.2 Analise Cruzada dos dados individuais e socio-demográficos Análise do perfil dos Inquiridos (Sexo, Faixa Etária e Escolaridade) consoante Distrito de Residência, Privações…
a) Nível Escolaridade por Sexo, Faixa Etária e Distrito de residência - Tanto a nível do Ensino Primário como no Secundário e no Universitário não existem diferenças significativas ligadas a género; constata-se apenas, no que se refere a população não escolarizada, que as raparigas apresentam um efectivo ligeiramente superior ao dos rapazes: 10 contra 4 ou seja, o que em termos percentuais corresponde a valores insignificantes: 1,1% para raparigas e 0,4% para rapazes. - Os níveis de escolaridade estão de modo geral em consonância com as faixas etárias da população-alvo. No entanto constata-se, facto inesperado, que no Ensino Primário os inquiridos mais idosos (18-24 anos) encontram-se em proporção superior a dos seus pares um pouco mais jovens (14-17 anos): 7,42% e 4,31% respectivamente - Embora o Secundário seja o nível de ensino predominante a sua repartição por Distrito de residência apresenta diferenças significativas, como se pode constatar na tabela a seguir:
Distrito
Total
5ª-8ª classe
9ª-12ª classe
RAP
90,1%
54,9%
35,2%
Lobata
89,7%
50,0%
39,7%
Água-Grande
88,4%
48,9%
39,5%
Lembá
86,6%
56,4%
30,2%
Mé-Zóchi
86,5%
48,9%
39,5%
Cantagalo
85,7%
60,6%
25,1%
Caué
80,7%
56,5%
24,2%
Tabela 3.1.2a Escolaridade “SECUNDÁRIO” por Distrito
Da Tabela 3.1.2a depreende-se, entre outros, o seguinte: • Água-Grande, Lobata e sobretudo RAP apresentam taxas de escolaridade no Secundário superior a média nacional; o inverso sucede com Caué • Água-Grande e Lobata são de igual modo os dois distritos com a maior proporção de jovens no “Secundário 2” ou seja 9ª-12ª classe em oposição a Caué e Cantagalo • Em contrapartida estes dois distritos (Caué e Cantagalo) apresentam maiores proporções de inquiridos no “Secundário 1” ou seja 5ª-8ª classe
Expectativas, problemas e aspirações dos jovens e adolescentes. São Tomé e Príncipe
6
b) Necessidades / Privações por Sexo, Faixa Etária e por Distrito de residência Em relação a pergunta colocada “O que sente que mais falta lhe faz na sua vida“ as opiniões de rapazes e raparigas não se sobrepõem, em termos de repartição percentual; é o que revela o gráfico 3.1.2b a seguir: Masculino
Média
Feminino
Com efeito em relação as duas primeiras necessidades apontadas (Emprego e Formação) bem como sobre a falta de Transporte a proporção dos rapazes é sempre superior tanto a Média quanto a das raparigas. O inverso sucede com Família, Bens comuns + Habitação e Outras necessidades, categorias que que foram proporcionalmente mais citadas por raparigas. Constata-se no entanto as necessidades invocadas obedecem a mesma ordem de prioridade para os inquiridos de ambos os sexos.
40 35 30 25 20 15 10 5 0
Emprego
Formação
Família
Bens de 1ª Transporte +habitação
Outras
Gráfico 3.1.2b Necessidades / Privações consoante SEXO
As necessidades e privações dos inquiridos variam significativamente em função da idade / faixa etária (Tabela 3.1.2c a seguir) • A falta de Emprego é substancialmente (63,8%) uma preocupação dos inquiridos mais idosos (18-24 anos): 63,8% contra 13,4% para os da faixa 14-17 anos e apenas 2,4% para os mais jovens (10-13 anos); • A segunda privação (Formação) foi proporcionalmente mais evocada pelos inquiridos da faixa 14-17 anos (20,8%) e os da faixa 10-13 anos (14,9%); de resto são estes dois grupos etários que mais citaram a Família, como sendo o que mais falta lhes faz; • As diferenças registadas a nível de Bens comuns + Habitação e Transporte são pouco relevantes.
I_08: O que sente mais falta lhe faz
10-13 anos
14-17 anos
18-24 anos
138
122
108
1: Bens 1ª + habitação
30
34
44
2: Família
72
43
31
3: Emprego
9
47
383
4: Formação
56
73
52
5: Transporte
20
18
16
188
136
74
0: Aus. Resposta
6: Outras (em branco) Total
41
37
33
554
510
741
Tabela 3.1.2c Necessidades / Privações por Faixa etária
A nível dos distritos de residência as diferenças registadas são, de um modo geral, pouco expressivas salvo para a Região Autónoma de Príncipe e CAUÉ e, cada um com as suas particularidades (Tabela 3.1.2d a seguir) I_08: O que sente que mais falta lhe faz
Emprego
Formação
Família
Bens / Transporte Outras habitação
Total
Água-Grande
32,9%
14,8%
10,2%
8,4%
4,6%
29,1%
100%
Cantagalo
36,1%
18,4%
10,2%
9,5%
4,1%
21,8%
Caué
25,0%
30,0%
20,0%
2,5%
5,0%
17,5%
Lembá
33,1%
12,4%
11,6%
9,1%
0,8%
33,1%
Lobata
37,3%
11,3%
14,7%
7,3%
4,0%
25,3%
Mé-Zóchi
35,1%
10,9%
9,5%
6,0%
2,9%
35,6%
RAP
13,4%
7,5%
11,9%
17,9%
11,9%
37,3%
Tabela 3.1.2d Necessidades / Privações por Distrito de residência
7
Expectativas, problemas e aspirações dos jovens e adolescentes. São Tomé e Príncipe
• Com efeito Caué evidencia-se com as percentagens mais elevadas de inquiridos nas categorias Formação (30%) e Família (20%) uma situação que concerne a RAP nas categorias Bens/Habitação (17,9%) e Transporte (11,7%). • De igual modo são nestas duas unidades territoriais em que a falta de Emprego foi proporcionalmente menos citada pelos inquiridos: 25% e 13,4% respectivamente. • De salientar a Família é uma privação evocada em maiores proporções em Caué (20%) e Lobata (14,7%) e em seguida na RAP (11,9%)
3.2 MÓDULO 2: Família, Nível e Qualidade de vida Objectivo Geral: Identificação / caracterização dos Inquiridos consoante o núcleo familiar (Composição, Nível e Qualidade de vida). Análise cruzada dos principais dados individuais / sociodemográficos (Sexo, Faixa Etária, Escolaridade e Distrito de Residência - Módulo 1) com os dados sobre a Família 3.2.1 Dados globais (estatística uni-variada) (estatística uni-variada) a) Principais características do núcleo familiar: perguntas F_01 a F_06 F_03: Vive com parceiro (idade)
Inquiridos Percentagem
0: Aus. Resposta
5
2,6%
1: 10-13 anos
3
1,6%
30,5%
2: 14-17 anos
82
42,7%
477
26,4%
3: 18-24 anos
102
53,1%
2: Pai
174
9,6%
Total
192
100,0%
3: Familiar
305
16,9%
4: Sózinho
88
4,9%
5: Parceiro
192
10,6%
6: Outra
14
0,8%
Total
1805
100,0%
F_01: Com quem mora
Inquiridos
Percentagem
0: Aus. Resposta
4
0,2%
1: PAIS
551
2: Mãe
Diagrama 3.2.1a Principais características do núcleo familiar da população-alvo
F_04: Idade com Inquiridos que teve o 1º filho
Percentagem
0: Aus. Resposta
600
33,2%
1: 10-13 anos
2
0,1%
2: 14-17 anos
65
3,6%
3: 18-24 anos
119
6,6%
1019
56,5%
1805
100,0%
F_06: Sexo do chefe de família
Inquiridos
Percentagem
4: Não lhe concerne
0: Aus. Resposta
4
0,2%
Total
1: Homem
1060
58,7%
2: Mulher
741
41,1%
Total
1805
100,0%
Os Inquiridos, na sua maioria relativa (57%), declararam sobretudo viver ou com os Pais (30,5%) ou com a Mãe (26,4%) ou ainda com Familiares (17%) ou com Parceiro(a): 10,6%. Trata-se, de um modo geral, de núcleos familiares no qual o Chefe de família é um Homem (58,7%) excepto, obviamente, para os inquiridos que encontram sob a responsabilidade exclusiva da Mãe. Para os 192 jovens que vivem com parceiro (a) a vida marital começou sobretudo entre 1824 anos (102 respondentes) enquanto 82 começaram na faixa 14-17 anos. No universo da amostra, 63 jovens (3,6%) tiveram o primeiro filho na faixa 14-17 anos e 119 (6,6%) o tiveram entre 18 – 24 anos. Expectativas, problemas e aspirações dos jovens e adolescentes. São Tomé e Príncipe
8
b) Perfil Socioeconómico da Família dos Inquiridos F_08: Nível de instrução do chefe de família
Inquiridos
Percentagem
0: Aus. Resposta
560
31,0%
1: Não freq. Escola 47
2,6%
F_010: O que mais Inquiridos falta faz à famíla
Percentagem
3,9%
2: Primário
342
18,9%
0: Aus. Resposta
127
7,0%
13,7%
3: Secund 1 (5ª-8ª)
473
26,2%
1: Energia
222
12,3%
4: Secund 2 (9ª-12ª)
352
19,5%
2: Água potável
447
24,8%
116
6,4%
8
0,4%
11,9%
5: Curso Professional
3: Alimentação + Refeição
6: Universitário
23
1,3%
277
15,3%
Total
1805
100,0%
221
12,2%
Inquiridos
Percentagem
7: Executivo / Consultor
24
1,3%
F_09: Rendimento familiar em 1000 Dbs 0: Aus. Resposta
888
49,2%
8: Outros
373
20,7%
1: <=1.100
373
20,7%
Total
1805
100,0%
2: ] 1. 100 - [2. 500
304
16,8%
3: ]2. 500 - [5. 000
162
9,0%
4: >= 5. 000
78
4,3%
Total
1805
100,0%
F_07: Profissâo do chefe de famíla
Inquiridos
Percentagem
0: Aus. Resposta
71
1: Pequenos negócios
248
2: Empresário
45
2,5%
3: Artesão + Pequenos Serviços
331
18,3%
4: Agricultura + Pesca
215
5: Trab. Empresas 6: Funcionário Estado
4: Melhor Emprego 479
26,5%
5: Melhor acesso Saúde
88
4,9%
6: Transporte + deslocação
185
10,2%
7: Outros
141
7,8%
Total
1805
100,0%
Diagrama 3.2.1b Perfil Socioeconómico da Família dos Inquiridos
Os chefes de família têm um nível de instrução que varia sobretudo entre 5ª-8ª classes (26,2%) e o ensino primário (18,9%) sendo que quase metade (47,4%) exerce profissões temerárias como Artesão / Pequenos Serviços (18,3%), Pequenos negócios (13,7%) ou ainda Trabalhador de Empresa (15,3%). São dados que corroboram o registo de um baixo rendimento familiar (inferior a 5 milhões de dobras) concernente 38% das famílias dentre as quais 21% usufruem de um rendimento mensal igual ou inferior a 1.100.000 dobras. Desde logo as privações / necessidades básicas das famílias são manifestas e concernem em primeira instância, segundo os inquiridos, o Emprego (27%) e a Água potável (25%) seguida de Energia (12,3%) e Transporte/deslocações (10,2%).
3.2.2 Analise Cruzada de dados Análise das principais respostas consoante Sexo, Faixa Etária e Distrito de Residência a) GÉNERO e as respostas dos Inquiridos
F_01: Com
quem
mora
Pais
Pai
Sozinho
Masculino
33%
13%
Feminino
28%
7%
SEXO
F_03: Vive com Parceiro (Idade) F_10: O que mais 14-17 anos
18-24 anos
Água potável
Transporte + deslocação
7%
8%
88%
22%
12%
3%
48%
48%
27%
8%
Tabela 3.2.2 a Módulo 2 - Repartição das respostas em função do SEXO
9
falta à Família
Expectativas, problemas e aspirações dos jovens e adolescentes. São Tomé e Príncipe
As respostas dos rapazes e raparigas diferem substancialmente a nível de alguns itens relacionados com três perguntas (Tabela 3.2.2a): F_01: Com quem mora Os rapazes são proporcionalmente mais numerosos nas respostas: Pais, Pai e Sozinho F_03: Tinha quantos anos quando começou a viver o seu parceiro pela 1ª vez? A larga maioria dos respondentes do sexo masculino (88%) encontra-se na faixa 18-24 enquanto a faixa 14-17 anos encontra-se sobretudo associada ao sexo feminino (48%), não obstante esta proporção ser a mesma para a faixa 18-24 anos. F_10: O que mais falta faz à Família Rapazes e raparigas não têm a mesma opinião sobre a importância da Água potável e de Transporte / Deslocação para as famílias: para as raparigas o foco das necessidades é a Água potável (27% contra 22% para rapazes) enquanto estes últimos destacam Transporte / Deslocação (12% contra 8% para o sexo feminino).
b) Respostas dos inquiridos por IDADE / FAIXA ETÁRIA 40 1: Energia
4: Melhor Emprego
30
20
10
0
10 - 13 anos
14 - 17 anos
18 - 24 anos
Gráfico 3.2.2b Interferência da Faixa etária nas respostas a pergunta F_10
Nas respostas às perguntas do Módulo 2: Família, Nível e Qualidade de vida a idade/faixa etária interfere unicamente em dois itens da pergunta F_10 (o que mais falta faz à Família): Emprego e Energia. Neste particular, constata-se que o Emprego, que constitui uma preocupação de todos os inquiridos, encontrara-se sobretudo associado aos respondentes da faixa 18-24 anos; por sua vez a Energia foi ligeiramente mais indicada pelos mais jovens (10-13 anos). Expectativas, problemas e aspirações dos jovens e adolescentes. São Tomé e Príncipe
10
c) Repartição das respostas dos Inquiridos consoante DISTRITO DE RESIDÊNCIA F_09: Rendimento familiar em 1000 Dbs
ÁguaGrande
Cantagalo Caué
Lembá
Lobata
Mé-Zóchi
RAP
0: Aus. Resposta
366
110
18
76
82
231
5
<=1.100
136
27
15
28
42
115
10
1. 100 - 2. 500
95
26
18
22
39
66
38
2. 500 - 5. 000
66
7
8
18
22
30
11
>= 5. 000
33
5
3
5
9
16
7
Total
696
175
62
149
194
458
71
F_10: O que mais falta faz à famíla
ÁguaGrande
Cantagalo Caué
Lembá
Lobata
Mé-Zóchi
RAP
Aus. Resposta
75
7
4
4
10
21
6
Energia
79
18
14
21
16
65
9
Água potável
125
56
9
45
63
142
7
Alimentação + Refeição
40
12
2
17
11
28
6
Melhor Emprego
205
47
21
41
55
109
1
Melhor acesso Saúde
46
7
1
4
7
22
1
Transporte + deslocação
83
17
8
12
23
40
2
Outros
43
11
3
5
9
31
39
Total
696
175
62
149
194
458
71
Diagrama 3.2.2c Módulo 2 - Repartição das respostas consoante DISTRITO DE RESIDÊNCIA
As variações relevantes de resposta consoante Distrito de residência estão mais patentes nas perguntas F09 e F_10 F_09: RENDIMENTO Familiar em 1000 Dbs O distrito de Caué singulariza-se nesta (e em várias outras situações) com uma das maiores percentagens de Famílias nos dois escalões mais baixos de rendimento (média = 26,5%). No entanto as percentagens mais elevas concernem a RAP (54% para o 2º escalão 1.1002.500) e Mé-Zóchi (25% para o escalão mais baixo: ≤ 1.100). F_10: O que mais falta faz à Família A dispersão de valores percentuais revela a diversidade/associação de privações das famílias, de um distrito a outro. Da síntese das diferenças espelhadas destaca-se, entre outros, o facto que Caué é o distrito que encontra-se mais associado a três das quatro privações apontadas enquanto na RAP se regista o inverso.
11
Expectativas, problemas e aspirações dos jovens e adolescentes. São Tomé e Príncipe
3.3 MÓDULO 3: Educação, Formação e Emprego Objectivo Geral: Abordagem da situação actual da população-alvo em relação a Educação (nível e frequência escolar), Formação e Emprego bem como as expectativas e aspirações que os mesmos têm sobre a matéria. Análise cruzada das principais informações provenientes do Módulo 3 com as perguntas-chave dos Módulos 1 e 2. 3.3.1 Caracterização dos inquiridos (estatística uni-variada) a) E_01 – Identificação das possíveis causas de abandono escolar
E_01: Ainda é aluno/estuda?
Inquiridos
Percentagem
Aus. Resposta
36
2,0%
Sim
1250
69,3%
Gravidez
66
3,7%
Condições financeiras
237
13,1%
Escola distante
20
1,1%
Concluiu Estudos
23
1,3%
Outras
173
9,6%
Total Geral
1805
100,0%
Deixou de estudar
Tabela 3.3.1 a Frequência escolar e principais razões do abandono escolar
Mais de dois terços (69,3%) da população inquirida ainda estuda; os que deixaram de estudar mencionam como principal motivo para abandono escolar as condições financeiras (13,1%), uma percentagem quase quatro vezes superior a de gravidez que surge em segunda posição agregando 3,7% dos inquiridos. A distância casa-escola foi citada por apenas 20 respondente (1,1%) contrariamente aos 173 (9,6%) que optaram pela resposta outros motivos (tabela 3.3.1a, acima).
10-13 anos 106
14-17 anos 235 21%
Ausência de resposta 43
45%
8% 26%
18-24 anos 135
Os dados do gráfico 3.2.1b revelam que 45% dos adolescentes/jovens que na pergunta anterior afirmaram ter deixado a escola, fizeram-no sobretudo quando tinha entre 14-17 anos. Os que deixaram a escolar na faixa 18 – 24 anos representam 26% do efectivo contra 21% para a faixa 10 – 13 anos. Consta, por outro lado, que 43 inquiridos (8%) não responderam a questão colocada.
Gráfico 3.3.1 b Idade/Faixa etária que deixam a escola
Expectativas, problemas e aspirações dos jovens e adolescentes. São Tomé e Príncipe
12
c) Principais aspirações dos adolescentes/jovens E_03 – nível máximo de escolaridade que pretende atingir 40 Curso profissional
35
30,3%
30
Terminar secundário
25
20,6%
20
Licenciatura
18,2%
Doutoramento
17,0%
15
Mestrado
9,9%
10 5
Gráfico 3.3.1 c.1 Nível máximo de escolaridade pretendido
0
No âmbito de uma análise desagregada (por itens) constata-se que os adolescentes e jovens inquiridos manifestaram sobretudo o desejo de realizar cursos profissionais (30%) ou terminar o ensino secundário (20,6%). Mas na realidade os respondentes na sua maioria relativa (45,2%) pretendem / pretenderiam concluir um curso superior: ou Licenciatura (18,2%) ou Doutoramento (17%) ou Mestrado (9,9%) E_04 – Profissão que o adolescente/jovem aspira exercer durante a vida activa 50% Executivo 7 Consultor 40%
30%
20%
10%
Trabalhador de Empresa Pequenos negócios
0,0% Funcionário de Estado
Artesão + Pequenos Serviços
Agricultura + Pesca
Empresário
Outros
Tabela 3.3.1c.2 Profissão que o adolescente/jovem aspira exercer
Em termos de aspirações profissionais, os inquiridos pretendem essencialmente ser Executivo / Consultor (42,4%) ou Funcionário do Estado (31%). Muito menos representativas das aspirações dos adolescentes/jovens são as profissões como trabalhador de empresas (8,8%), ser artesão dedicar-se a pequenos serviços (6,1%) ou ainda as outras profissões mencionadas em proporções insignificantes, tal como pode constatar no gráfico 3.3.1c.2.
13
Expectativas, problemas e aspirações dos jovens e adolescentes. São Tomé e Príncipe
E_05: Rendimento mensal que aspira usufruir no exercício da profissão E_05: Rendimentos que aspira
Inquiridos
Percentagem
Aus. Resposta
194
10,7%
< 5 Milhões
614
34,0%
5 M - 10 Milhões
485
26,9%
10 M - 20 Milhões
301
16,7%
>= 20 Milhões
211
11,7%
Total Geral
1805
100,0%
Tabela 3.3.1c.1 Rendimento mensal individual pretendido
Cerca de 34% dos adolescentes/jovens inquiridos aspiram ter um rendimento mensal inferior a cinco milhões de dobras (34,0%): Certo é, no entanto, que mais de metade dos respondentes (55,2%) pretendem usufruir de um rendimento igual ou superior a 5 milhões de dobras, com as seguintes particularidades. (i) 26,9% aspiram ter entre 5-10 milhões (ii) 16,7% entre 10-20 milhões e (iii) 11,7% mais de 20 milhões. Outras questões relacionadas com actividade laboral dos adolescentes e jovens Outras Variáveis do Módulo 1
Resultados Apurados
Outras Variáveis do MóduResultados Apurados lo 3 E_06: Exerce habitualmente alguma actividade fora de casa (pago ou não pago)
A maioria (1315 = 72,9%) dos adolescentes e jovens inquiridos afirma não exercer qualquer actividade laboral fora de casa com ou sem remuneração contra 436 (24,2%) que afirmaram o contrário; os restantes (54=3%) não responderam a essa questão.
2
E_07: Que actividade / profissão exerce?
Dos 436 que afirmaram exercer uma profissão fora de casa, 157 (36,01%) realizam-na na vertente artesão/ pequenos serviços; 68 (15,6%) em pequenos negócios; 60 (13,8%) na agricultura e a pesca e 52 (11,9%) trabalham em empresas. As outras profissões agregam 49 (11,2%) dos inquiridos enquanto 50 outros (11,5%) não responderam.
3
E_08: está satisfeito com a profissão que exerce?
A maioria (273=62,6%) dos adolescentes e jovens que exerce actividade profissional fora de casa manifestou-se satisfeita com a profissão exercida contra 145=33,3% que afirmam não estar satisfeitos e 18 = 4,1% não responderam.
4
Dos 436 adolescentes/jovens que exercem actividade profissional fora de casa 251 (57,6%) realiza-as todos os dias contra 116 (26,6%) que E_09: Com que frequência as executa de modo irregular e ainda 38= 8,7% e 22 = 5,0% que as exerce esta profissão? realiza os fins-de-semana e durante as férias, respectivamente. A não resposta representa 2,1% (9).
5
E_10: Qual é o seu RENDIMENTO mensal (em Milhões de Dobras)?
Os dados revelam que mais de metade (232=53,2%) dos adolescentes e jovens que trabalham fora de casa têm rendimentos inferiores a 1 100 000; 90 (20,6%) entre 1 100 000 e 2 500 000 e 23 (5,3%) entre 2 500 000 e 5 000 000. Apenas 10 (2,3%) dos inquiridos têm rendimentos superiores a 5 000 000.
6
E_11: Com que idade começou a trabalhar?
Os dados revelam que 170 (39%) dos adolescentes e jovens começaram a trabalhar entre os 14 – 17 anos; 153 (35,1%) começaram as suas actividades entre 18 - -24 anos; 87 (20,0%) começaram com idade entre 10 – 13 anos e 26 (6%) não responderam.
1
Tabela 3.1.1c.2 Outras características dos inquiridos (Módulo 3) Expectativas, problemas e aspirações dos jovens e adolescentes. São Tomé e Príncipe
14
3.3.2 Analise Cruzada de dados do Módulo 3 com Perguntas-chave dos Módulos 1 e 2 Análise das opiniões e aspirações dos inquiridos consoante Sexo, Faixa Etária e Distrito de Residência a) GÉNERO e as respostas dos Inquiridos
Pergunta
Profissão que deseja/aspira exercer
Redimento mensal que aspira usufruir no exercício da profissão
< 5 Milhões >= 20 Milhões
Exerce habitualmente alguma actividade for a de casa
Sim
Rendimento pessoal mensal
Com que idade começou a trabalhar
Resposta
Funcionário de Estado
≤1.100 1.1002500
14-17 anos
Masculino
22%
30%
15%
34%
17%
8%
15%
Feminino
39%
38%
9%
14%
9%
2%
4%
Tabela 3.3.2 a Módulo 3 - Repartição das respostas em função do SEXO
Rapazes e Raparigas não partilham da mesma opinião em alguns itens de respostas referentes a cinco perguntas seguintes: E_04: Profissão que deseja/aspira exercer o mais tempo Ser Funcionário de Estado é sobretudo um desejo das raparigas: 39% contra 22% para rapazes E_05: Rendimento mensal que aspira usufruir As expectativas das raparigas são mais moderadas: o montante mais baixo inferior a 5 milhões de dobras lhes concerne a 38% contra 30% para rapazes enquanto o inverso sucede com o rendimento mais elevado superior ou igual a 20 milhões de dobras. E_06: Exerce habitualmente alguma actividade fora de casa (pago ou não)? Os rapazes são proporcionalmente mais numerosos na resposta pela afirmativa: 34% contra 14% para as raparigas E_ 10: Qual é o seu RENDIMENTO mensal (em Milhões de Dobras)? Nos dois escalões mais baixos de rendimento ou seja ≤ 1.100 e 1.100 - 2.500 a percentagem de rapazes é superior a de raparigas E_11: Com que idade começou a trabalhar? Em dados absolutos constata-se que dentre os 170 inquiridos que decalcaram ter começado a trabalhar na idade compreendida entre 14-17 anos, 136 são do sexo masculino contra apenas 34 do sexo feminino.
15
Expectativas, problemas e aspirações dos jovens e adolescentes. São Tomé e Príncipe
b) Respostas dos inquiridos por IDADE / FAIXA ETÁRIA A Idade (faixa etária) intervém na diferenciação das opiniões e aspirações dos inquiridos nos temas seguintes: E_01: O Abandono Escolar Recorda-se que 519 inquiridos (29%) declararam ter deixado a Escola; dentre as razões evocadas destaca-se a falta de condições financeiras que foi mencionada por 25% dos respondentes da faixa etária 18-24 anos contra 8% (14-17 anos) e 2% (10-13 anos). E_03: Nível máximo de Escolaridade e E_04: Profissão que deseja/aspira exercer Terminar o Ensino Secundário (25%) e Ser Funcionário de Estado (38%) constituem duas aspirações sobretudo dos inquiridos mais jovens (10-13 anos) enquanto os seus pares dos 14-17 anos são proporcionalmente mais numerosos a pretender atingir o nível Doutoramento (20%) e exercer a profissão de Executivo… Consultor. E_06: Exerce habitualmente alguma actividade fora de casa (pago ou não)? Dentre os 436 inquiridos que responderam pela afirmativa a questão colocada 318 (73%) são da faixa etária 18-24 anos contra 85 (19%) e 33 (8%) respectivamente para as faixas 14-17 anos e 10-13 anos. c) Repartição das respostas dos Inquiridos consoante DISTRITO DE RESIDÊNCIA Pergunta E_01: Abandono Escolar E_03: Escolaridade máxima a atingir E_04: Profissão que deseja/ aspira exercer E_11: Com que idade começou a trabalhar
Resposta
ÁguaGrande
Cantagalo Caué
Lembá
Lobata
Mé-Zóchi
RAP
Condições financeiras
9%
15%
24%
20%
13%
16%
6%
Terminar secundário
19%
15%
27%
23%
21%
24%
10%
Funcionário de Estado
24%
43%
55%
38%
32%
29%
49%
Executivo / Consultor
46%
33%
23%
39%
48%
42%
39%
14-17 anos
7%
8%
5%
9%
9%
14%
13%
Tabela 3.3.2c Módulo 3 - Repartição das respostas em função do DISTRITO DE RESIDÊNCIA
Observa-se diferenças relevantes de opiniões e aspirações dos inquiridos em função do distrito de residência nas seguintes situações: E_01: O Abandono Escolar A RAP (6%) e Água Grande (9%) são os “Distritos” de residência menos afectos pelas situações de abandono escolar devido “falta condições financeiras” E_03: Nível máximo de Escolaridade “Terminar o Ensino Secundário” é uma aspiração sobretudo dos inquiridos dos distritos de Caué (27%) e de Mé-Zóchi (24%).
Expectativas, problemas e aspirações dos jovens e adolescentes. São Tomé e Príncipe
16
E_04: Que profissão deseja/aspira exercer “Ser Funcionário de Estado” é um desejo manifesto sobretudo pelos adolescentes e jovens de Caué (55%) e da RAP (49%) enquanto exercer a profissão de “Executivo… Consultor” concerne sobretudo os que residem em Lobata (48%) e Água-Grande (46%). E_ 11: Com que idade começou a trabalhar? Os inquiridos que começaram a trabalhar na idade compreendida entre 14-17 anos são ligeiramente mais numerosos em Mé-Zóchi e na RAP. 14-17 anos e 10-13 anos.
3.4 MÓDULO 4: Saúde Sexual e Reprodutiva Objectivo Geral: Avaliar o nível de conhecimentos bem as atitudes e práticas dos adolescentes e jovens em relação as questões que se prendem com a Saúde Sexual e Reprodutiva incluindo a Gravidez na adolescência e as Infecções Sexualmente Transmissíveis (+ VIH/SIDA). Análise cruzada das principais informações do Módulo 4 com as perguntas-chave dos Módulos 1 e 2 3.4.1 Dados globais sobre os inquiridos (estatística uni-variada SR_01 a SR_08) a) SR_01: Nas Escolas a Sexualidade pode/deve ser abordada à partir de que classe? SR_01: Sexualidade na Escola
Inquiridos
Percentagem
Ensino Primário
303
16,8%
5ª Classe
584
32,4%
7ª Classe
417
23,1%
9ª Classe
359
19,9%
Nunca
41
2,3%
Ausência de Resposta
101
5,6%
Total
1805
100%
Tabela 3.4.1a Sexualidade nas escolas
17
Expectativas, problemas e aspirações dos jovens e adolescentes. São Tomé e Príncipe
Para a maioria dos inquiridos a Sexualidade nas escolas pode/deve ser abordada entre 5ª classe (32,4%) e 7ª classe (23%). Mas para os 20% outros o tema só pode/deve ser abordado à partir da 9ª classe, opondo-se assim aos 17% que admitem que o mesmo possa ocorrer desde o ensino primário. Apenas 2,3% dos inquiridos não são favoráveis a abordagem da sexualidade nas escolas.
b) SR_02: A partir de que idade os Jovens iniciam o Acto Sexual? Rapaz
Para cerca de metade da população-alvo a sexualidade poderá ser iniciada entre os 18 – 24 anos, tanto para RAPAZES (48,1% dos inquiridos) como para RAPARIGAS (49,6%). No entanto a faixa etária 14-17 anos também seria a mais indicada para RAPAZES, na opinião de 17,8% dos inquiridos contra 13,6% para RAPARIGAS. A faixa etária 10-13 anos foi de igual modo citada, mas numa proporção sem expressão e com a particularidade das RAPARIGAS serem quase duas vezes mais apontadas: 6,5% contra 3,9% para RAPAZES.
Rapariga
50
40
30
20
10
0
10 - 13 anos
14 - 17 anos
18 - 24 anos
Não responde
Gráfico 3.4.1 b Idade/Faixa etária para início da sexualidade
c) SR_03: Você iniciou o Acto Sexual, com que idade? Total
≤ 11 anos
502
2%
27,8% dos
2%
3%
4%
8%
14%
17%
22%
19%
8%
4%
inquiridos
10
15
19
40
69
86
112
93
39
19
12 anos
13 anos
14 anos
15 anos
16 anos
15%
17 anos
18 anos
72%
19 anos ≥ 20 anos
8%
4%
Tabela 3.4.1c Idade de início do Acto Sexual
As idades compreendidas entre 15 e 18 anos foram as mais citadas, agregando 361 (72%) das 502 respostas apuradas; este último efectivo representa 27,8% do efectivo total dos inquiridos. De realçar que 15% dos respondentes afirmaram ter iniciado a sexualidade entre os 12-14 anos enquanto12% tê-lo-iam feito após os 18 anos. Por sua vez 10 inquiridos (2%) alegaram ter iniciado o acto sexual com menos de 12 anos, tendo sido registado 6 casos com 10 anos e 1 com 9 anos.
d) SR_04: Com que idade ficou grávida pela 1ª vez? Total 156 / 260
≤ 14 anos
14 anos
3,8%
15 anos
16 anos
12,8%
17 anos
18 anos
19 anos
53,2%
20 anos
≥ 21 anos
20,5%
9,6%
60% das
6
7
13
20
30
33
14
18
15
raparigas
3,8%
4,5%
8,3%
12,8%
19,2%
21,2%
9,0%
11,5%
9,6%
Tabela 3.4.1d Idade com que ficou grávida pela 1ª vez
Expectativas, problemas e aspirações dos jovens e adolescentes. São Tomé e Príncipe
18
Apenas 156 raparigas (60% das respondentes à pergunta anterior: SR_03) declararam a idade da sua primeira gravidez. Dentre elas 53,2% ou seja a maioria afirmou ter ficado grávida pela 1ª vez quando tinha entre 16 – 18 anos (esta última idade é a mais representativa: 21,2%). Cerca de 30% das respondentes alegaram ter tido a 1ª gravidez com mais de 18 anos contra 12,8% entre 14115 anos. Seis raparigas (3,8% deste efectivo) afirmaram ter ficado grávida pela primeira vez com menos de 14 anos. e) SR_05: O que acha que se pode/deve fazer para reduzir o nº de casos de Gravidez na Adolescência? SR_05: Como Reduzir Gravidez Precoce
Inquiridos
Percentagem
Comunicação / Sensibilização
317
17,6%
Tomar Pílulas
259
14,3%
Outros métodos contraceptivos
161
8,9%
Abstinência
45
2,5%
Educação dos PAIS
67
3,7%
Outros
33
1,8%
Ausência de Resposta
923
51,1%
Total
1805
100%
Destaca-se em primeiro lugar o facto que um pouco mais de metade, 51,1% dos inquiridos não responderam a questão colocada. A redução de casos de gravidez precoce passa, na opinião de 41% dos respondentes, ou pela Comunicação/ Sensibilização (17,6%), pela Tomada de Pílulas (14,3%) ou ainda pela Utilização de outros Métodos Contraceptivos (8,9%). A Educação dos Pais e a Abstinência periódica também foram citados respectivamente por 3,7% e 2,5% dos inquiridos
Tabela 3.4.1e Como reduzir Gravidez precoce
f) SR_06: O que acha que se deve fazer para não ter filhos ou evitar uma Gravidez não desejada? SR_06: Evitar Gravizez Indesejada
Inquiridos
Percentagem
Utilizar Camisinha
1114
61,7%
Tomar Pílulas
221
12,2%
Tomar Injecções
177
9,8%
Coito interrompido
6
0,3%
Colocar DIU
22
1,2%
Abstinência periódica
125
6,9%
Outros
32
1,8%
Ausência de Resposta
108
6,0%
Total
1805
100%
O uso do Preservativo é considerado por 61,7% da população da amostra como o meio mais apropriado para não ter filhos ou evitar uma Gravidez não desejada. Seguem em 2ª e 3ª posição a tomada de Pílula e de Injecções com 12,2% e 9,8% respectivamente precedendo assim a Abstinência periódica citada por 6,9% dos respondentes. Os valores percentuais associados aos outros métodos de prevenção são pouco expressivos (inferiores à 1,5%.)
Tabela 3.4.1f Como evitar uma Gravidez não desejada
19
Expectativas, problemas e aspirações dos jovens e adolescentes. São Tomé e Príncipe
g) SR_07: Identificação das Infecções Sexualmente Transmissíveis 100
92,2%
80
60
40
24,4% 20
20,9%
16,0% 5,9%
5,7%
Candidíase
Clamídia
0 SIDA
Sifílis
Gonorreia
Herpes Genital
O SIDA é manifestamente a IST mais conhecida da larga maioria (92%) dos inquiridos. A Sífilis (24,4%) e a Gonorreia (21%) surgem em 2ª e 3ª posição seguidas de Herpes genital (16%). Muito pouco conhecidas são as Candidíases e as Clamídias, cada uma citada por cerca de 6% dos inquiridos Dentre as seis ISTs propostas 494 respondentes (29%) souberam identificar duas (2), 268 (15%) identificaram três (3) e apenas 62 (4%) souberam identificar mais do que três. Conclui-se assim que a maioria (52%) identificou apenas uma (1) IST, sinónimo de um conhecimento ainda relativamente limitado sobre o tema.
Gráfico 3.4.1g Identificação das ISTs
h) SR_08: Duas situações em que se pode apanhar o vírus do SIDA
Duas situações em se pode apanhar VIH/SIDA
Média
1ª Resposta
2ª Resposta
Relação sexual não protegida
40,1%
45,4%
Doação de Sangue
29,4%
34,8% 46,0%
Mãe / filho durante gravidez
13,9%
26,3%
Beijar pessoa contaminada
8,1%
Suor de alguém
1,4%
Ausência de Resposta
7,0%
Total
100%
1,6% 14,1% 0,5% 3,0% 100%
12,9% 2,1% 2,2% 11,1%
100%
Tabela 3.4.1g Duas situações em que se pode apanhar o vírus do SIDA
Em Média (1ª e 2ª resposta) 40% dos inquiridos sabem que se pode apanhar o VIH/SIDA numa Relação sexual não protegida. A Doação de Sangue foi eleita (surpreendentemente) em 2ª posição por 29,4% dos respondentes, uma opinião que revela a persistência de alguns preconceitos/suspeitas sobre as reais probabilidades de transmissão da doença. A transmissão vertical (Mãe/filho) foi em média citada por 13,9% dos inquiridos, mas com a particularidade de ter sido muito pouco apontada na 1ª escolha: apenas por 1,6% da amostra. As duas respostas erróneas propostas Suor de alguém e Beijar pessoa contaminada foram as menos escolhidas; salienta-se todavia o facto que na 1ª escolha Beijar pessoa contaminada foi indicada por 254 inquiridos (14,1% do efectivo).
Expectativas, problemas e aspirações dos jovens e adolescentes. São Tomé e Príncipe
20
3.4.2 Analise Cruzada de dados Análise das opiniões, conhecimentos e percepções dos inquiridos sobre a saúde sexual e reprodutiva nomeadamente consoante o Sexo, Faixa Etária e Distrito de Residência a) GÉNERO e as respostas dos Inquiridos Na larga maioria das questões colocadas e alusivas a SAÚDE SEXUAL E REPRODUTIVA, rapazes e raparigas partilham globalmente da mesma opinião, não obstante algumas diferenças (pouco expressivas) a nível da repartição percentual das respostas apuradas. Dentre as diferenças relativamente relevantes registadas destacam-se as espelhadas no diagrama 3.4.2a abaixo. SR_01: Abordagem da sexualidade nas Escolas
Masculino
Feminino
SR_05: Como reduzir Gravidez Precoce
Masculino
Feminino
A partir da 9ª classe
22,3%
17,5%
Tomar Pílulas
15,8%
12,9%
SR_02b: Idade com que as Raparigas iniciam o Acto Sexual
Masculino
Feminino
SR_06: Como evitar Gravidez Indesejada
Masculino
Feminino
Entre 18-24 anos
46,8%
51,6%
Utilizar Camisinha
68,9%
54,7%
Tomar Pílulas
9,6%
14,9%
SR_03: Iniciou o Acto Sexual com que idade?
Masculino
Feminino
Tomar Injecções
7,1%
12,4%
Abstinência periódica
5,7%
8,1%
Com mais de 18 anos
7,9%
15,0%
Diagrama 3.4.2 a Módulo 4 - Repartição das respostas em função do SEXO dos inquiridos
SR_01: Abordagem da sexualidade nas escolas: Para 27,6% dos inquiridos mais jovens (10-13 anos) o assunto deve ser abordado à partir da 9ª classe contrariamente aos seus pares mais velhos (18-24 anos) que admitem tratar-se de uma matéria de aprendizagem desde o ensino primário; SR_05: O que se pode/deve fazer para reduzir o nº de casos de Gravidez na Adolescência? As três faixas etárias apresentam valores percentuais (cor vermelha, em especial) significativamente diferentes para cada uma das três medidas indicadas: Comunicação / Sensibilização; Tomar Pílulas; Utilizar outros métodos contraceptivos; SR_06: O que acha que se deve fazer para não ter filhos ou evitar uma Gravidez não desejada? As opiniões dos inquiridos mais jovens (10-13 anos) e as dos mais velhos (18-24 anos) divergem sobra a importância a ser acordada a Pílulas e Injecções na prevenção da Gravidez não desejada; 21
Expectativas, problemas e aspirações dos jovens e adolescentes. São Tomé e Príncipe
SR_08: Duas situações em que se pode apanhar o vírus do SIDA: A Relação sexual não protegida foi citada por 39,7% dos inquiridos da faixa 18-24 anos contra 28,3% para os mais jovens (10-13 anos). Inversamente estes últimos são proporcionalmente mais numerosos a indicar uma das respostas erróneas (Beijar pessoa contaminada):25,6% contra 8,1% para a faixa 18-24 anos.
c) Repartição das respostas dos Inquiridos consoante DISTRITO DE RESIDÊNCIA O distrito de residência afirma-se uma vez mais como principal factor de diferenciação dos conhecimentos, opiniões e percepções dos inquiridos, na maioria das questões colocadas, como revela os dados-síntese apresentados no diagrama 3.4.2c a seguir. Nota: a cor vermelha destaca os valores percentuais mais altos enquanto a cor azul refere-se aos mais baixos SR_01: Abordagem da Sexualidade na Escola
ÁguaGrande
Cantagalo
Caué
Lembá
Lobata Mé-Zóchi
RAP
Ensino Primário
18,5%
20,1%
10,2%
21,0%
12,2%
13%
SR_03: Iniciou o Acto Sexual com que idade?
ÁguaGrande
Cantagalo
Caué
Lembá
Lobata Mé-Zóchi
< 15 anos
18,0%
16,9%
0,0%
8,6%
SR_05: Como reduzir Gravidez Precoce
ÁguaGrande
Cantagalo
Caué
Lembá
Lobata Mé-Zóchi
Comunicação / Sensibilização Tomar Pílulas
42,6%
42,9%
28,0%
34,9%
31,5%
22,0%
47,0%
20,6%
15,4%
32,0%
42,9%
37,8%
35,5%
45,5%
23,0%
18,9%
9,6%
RAP 18,2% RAP
SR_06: Como evitar Gravidez Indesejada
ÁguaGrande
Cantagalo
Caué
Lembá
Lobata Mé-Zóchi
Tomar Pílulas
11,0%
14,7%
10,2%
15,1%
13,0%
12,9%
27,1%
30,5%
13,7%
9,2%
11,7%
0,0%
RAP
Tomar Injecções
7,3%
15,3%
SR_08a: Pode-se apanhar VIH/SIDA
ÁguaGrande
Cantagalo
Caué
Lembá
Lobata Mé-Zóchi
Relação sexual não protegida Beijar pessoa contaminada
41,0%
29,8%
19,3%
32,4%
24,5%
31,8%
81,2%
11,4%
25,1%
33,3%
12,8%
14,6%
15,2%
1,4%
RAP
Diagrama 3.4.2c Módulo 4 - Repartição das respostas consoante DISTRITO DE RESIDÊNCIA dos inquiridos
3.5 MÓDULO 5 Novas tecnologias de informação e comunicação, Lazer, Desporto, e Consumo de Substancias Psicotrópicas Objectivo Geral: Por rum lado, conhecer os principais focos de ocupação (extra-escolar, nomeadamente) dos jovens e relacionados com o uso das NTIC, Lazer e Desporto e, por outro lado, avaliar as suas práticas em matéria de consumo de substâncias psicotrópicas
Expectativas, problemas e aspirações dos jovens e adolescentes. São Tomé e Príncipe
22
3.5.1 Dados globais (estatística uni-variada) a) Novas Tecnologias de Informação e Comunicação: perguntas T_01, T_02 e T_03
T_01: Telemóbel… para quê?
Inquiridos
Percentagem
Ausência de Resposta
43
2,38%
Não possui
860
47,65%
Chamadas
503
27,87%
Mensagens (SMS)
22
1,22%
Internet (redes sociais)
115
6,37%
Internet (pesquiza)
157
8,70%
Jogar, ouvir músicas
105
5,82%
Total
1805
100,00%
Diagrama 3.5.1a Conhecimento/utilização das Novas Tecnologias de Informação de Comunicação
T_02: Sabe usar COMPUTADOR
Inquiridos
Percentagem
Ausência de Resposta
17
0,94%
Sim
989
54,79%
Não
799
44,27%
Total
1805
100,00%
T_03: Quando usar COMPUTADOR
Inquiridos
Percentagem
Ausência de Resposta
29
1,61%
Pré-escolar
183
10,14%
Ensino Primário
332
18,39%
5ª Classe
525
29,09%
7ª Classe
736
40,78%
Total
1805
100,00%
• Cerca de metade ou seja 860 (48%) dos adolescentes e jovens não possuem Telemóvel / Samartphone ou Tablet. Dentre os que os possuem a utilização feita com maior frequência refere-se a: Chamadas (28%); Pesquizas na NET (9%); Redes Sociais na NET (6%) ou Jogar e ouvir músicas (6%): Respostas à Pergunta T_01 • Uma maioria relativa (55%) da população da amostra sabe fazer uso de um COMPUTADOR: (Respostas à Pergunta T_02) • Tratando-se da abordagem das Novas Tecnologias de Informação e Comunicação nas Escolas (pergunta T_03) as opiniões variam entre: (i) 7ª classe:41%; (ii) 5ª classe:29%; (iii) ensino primário:18%; (iv) pré-escolar:10%. b) Desporto e Lazer: perguntas T_04, T_05 e T_06
Física individual
Colectiva com bola Intelectual-táctica 4% 1% 9%
28% Nenhuma
57% Futebol
Gráfico 3.5.1b.1 Modalidades Desportivas regularmente praticadas
23
Expectativas, problemas e aspirações dos jovens e adolescentes. São Tomé e Príncipe
Organização de competições
Promoção do Desporto Escolar 4% 6% 16% Criação de infraestruturas
20% Sensibilização
Gráfico 3.5.1b.2 Como Incentivar a juventude à prática Desportiva
• Pergunta T_04: O Futebol é a prática desportiva mais corrente, citada por 57% dos inquiridos; em segunda posição, muito distante, encontra-se a modalidade física individual (9%) seguida do desporto colectivo com Bola (4%) e 1% para a modalidade desportiva intelectual-táctica (individual). Um pouco mais de um quarto dos entrevistados ou seja 28% afirmaram não praticar nenhuma modalidade desportiva (Gráfico 3.5.1b.1) • Por sua vez o Gráfico 3.5.1b.2 espelha as opiniões dos inquiridos sobre as possíveis medidas a serem tomadas para incentivar a juventude à prática Desportiva (pergunta T_05): neste particular a sensibilização e a criação de infraestruturas desportivas destacam-se com 20% e 16% de opiniões favoráveis. • Pergunta T_06: De acordo com os dados dos gráficos 3.5.1b.3 e 3.5.1b.4 a seguir, as seis principais actividades de Lazer / descanso dos adolescentes e jovens são as seguintes:
2º Escolha
1º Escolha
Ler - Estudar
Ler - Estudar
Futebol + Jogos com Bola
Futebol + Jogos com Bola
Caminhar - Passear - Praia
Caminhar - Passear - Praia
Em casa - Dormir - Descansar
Em casa - Dormir - Descansar
Ver TV
Ver TV
Jogos Video - Internet - TIC
Jogos Video - Internet - TIC
Mùsica - Dança
Mùsica - Dança
Brincar
Brincar
0
5
10
15
20
25
Gráfico 3.5.1b.3 Actividades de Lazer / Descanso, na 1ª Escolha
30
0
5
10
15
20
25
Gráfico 3.5.1b.4 Actividades de Lazer / Descanso, na 2ª Escolha
1. Ler / Estudar – citado por 25% e 20% dos inquiridos respectivamente na 1ª e 2ª Escolha 2. Futebol ou outros desportos com Bola: 16% e em seguida 9% 3. Caminhar, Passear ir à Praia: 14% e em seguida 8% 4. Ver Televisão (nomeadamente Bonecos, Novelas, Filmes): 9% e em seguida 15% 5. Estar em casa (Dormir, Descansar, ajudar nos trabalhos diários): 13% e sem seguida 9% 6. Jogar jogos Vídeo, Estar na Internet…NTIC: 7% e em seguida 8%
Expectativas, problemas e aspirações dos jovens e adolescentes. São Tomé e Príncipe
24
c) Consumo de Bebidas Alcoólicas e Substâncias Psicotrópicas: perguntas: T_07 -T_12 T_07: Já bebeu bebidas Inquiridos alcoólicas
Percentagem
Ausência de Resposta
17
0,94%
T_09: Tipo de bebida alcoólica mais consome
Inquiridos
Percentagem
Sim
941
52,13%
Cerveja
435
46%
Não
847
46,93%
Vinho de palma
270
29%
Total
1805
100,00%
Vinho (tinto branco)
117
12%
T_10 :Porque razão não Inquiridos bebe?
Percentagem
T_08: Idade quando bebeu pela 1ª vez
Inquiridos
Percentagem
Ausência de Resposta
26
3,07%
10-13 anos
240
26%
Não tem idade
230
27,15%
14-17 anos
348
37%
Alcóol faz mal à saúde
340
40,14%
Religião não permite
32
3,78%
18-24 anos
240
26%
Educação dos seus pais
203
23,97%
Outras
16
1,89%
Total
847
100,00%
Diagrama 3.5.1c Principais informações sobre consumo de bebidas Alcoólicas
Consumo de Bebidas Alcoólicas Uma maioria relativa (52%) dos inquiridos afirmou já ter consumido bebidas alcoólicas (pergunta T_07), com destaque para Cerveja (46%), Vinho de palma (29%) e Vinho (tinto ou branco) 12% (pergunta T_09). Segundo os respondentes a Idade não constitui factor determinante para se começar a beber, embora se regista uma percentagem mais elevada (37%) para a faixa etária 14-17 anos. No tocante a razão para não consumir bebidas alcoólicas o destaque vais para “Álcool faz mal a saúde” citado por 40% dos inquiridos, seguido de “Não tem idade” (27%) e “Educação dos pais” 24%; 4% dos respondentes evocaram “religião não permite”. Consumo de Substâncias Psicotrópicas Foram colocadas duas perguntas: T_11: Você FUMA? Se SIM, quantos cigarros ou maços de cigarro pode fumar por dia? T_12: Dentre as substâncias abaixo alistadas, quais são aquelas que já teria experimentado? Para ambas perguntas foram rigorosamente registas apenas duas categorias similares de resposta: 1: Não lhe Concerne e em alguns casos 2: Ausência de resposta
25
Expectativas, problemas e aspirações dos jovens e adolescentes. São Tomé e Príncipe
3.5.2 Analise Cruzada de dados Análise das opiniões, conhecimentos e práticas dos inquiridos nomeadamente consoante o Sexo, Faixa Etária e Distrito de Residência a) GÉNERO e as respostas dos Inquiridos Respostas
Masculino
Feminino
Nenhuma
15%
41%
Futebol
73%
43%
Modalidade Física - individual
7%
12%
T_05: Como incentivar a juventude à prática Desportiva
Criação de infraestruturas Organização de competições
19%
13%
7%
5%
T_07: Já bebeu bebidas Alcoólicas
Sim
55%
50%
Não tem idade
32%
25%
Educação dos seus pais
23%
26%
Perguntas
T_04: Que modalidade Desportiva pratica regularmente?
T_10: Por que razão não bebe?
Tabela 3.5.2 a Módulo 5 - Repartição das respostas em função do SEXO
Rapazes e Raparigas não partilham da mesma opinião sobretudo sobre os seguintes temas: T_04: Na prática de Desporto 1. O Futebol revela-se sobretudo como uma “modalidade masculina”, praticada 73% dos rapazes contra 43% das raparigas 2. Por sua vez as raparigas são proporcionalmente mais numerosas tanto no desporto físico individual (12% contra 7%) e sobretudo na ausência da prática de qualquer tipo de modalidade desportiva (41% contra 15% para rapazes) T_05: Como Incentivar a juventude à prática Desportiva 1. As duas propostas Criação de Infraestruturas e Organização de competições apresentam valores percentuais relativamente baixos; mas o suficiente para evidenciar uma proporção de rapazes um pouco mais elevada do que a das raparigas, nas duas situações
Expectativas, problemas e aspirações dos jovens e adolescentes. São Tomé e Príncipe
26
T_07: Já bebeu bebidas Alcoólicas 1. Os rapazes são proporcionalmente mais numerosos na resposta pela afirmativa (55% contra 50%) e logicamente verifica-se o inverso com o Não T_10: Por que razão Não bebe? 1. Dentre as razões evocadas duas apresentam percentagens diferenciadas por sexo: Não tem idade (32% para rapazes contra 25% para raparigas) e Educação dos pais (23% para rapazes contra 26% para raparigas)
b) Respostas dos inquiridos por IDADE / FAIXA ETÁRIA T_07: Já bebeu bebidas Alcoólicas
10-13 anos
14-17 anos
18-24 anos
Sim
26%
42%
80%
T_09: Tipo de bebida alcoólica que mais consome
10-13 anos
14-17 anos
18-24 anos
Cerveja
26%
36%
61%
Vinho (tinto/branco)
8%
15%
14%
Vinho de palma
60%
44%
20%
A Idade (faixa etária) intervém significativamente em duas questões sobre ao consumo do álcool: T_07 - Já bebeu bebidas Alcoólicas, na qual os valores percentuais aumentam com a idade T_09: Tipo de bebida alcoólica que mais consome: os inquiridos mais velhos (18-24 anos) preferem a Cerveja enquanto os mais novos citam sobretudo o Vinho de palma.
Tabela 3.5.2b Módulo 5 - Repartição das respostas consoante IDADE/FAIXA ETÁRIA
c) Repartição das respostas dos Inquiridos consoante DISTRITO DE RESIDÊNCIA T_07: Já bebeu bebidas Alcoólicas
ÁguaGrande
Cantagalo
Caué
Lembá
Lobata Mé-Zóchi 58%
55%
RAP
Sim
16%
62%
18%
60%
T_08: Idade quando bebeu pela 1ª vez
ÁguaGrande
59%
Cantagalo
Caué
Lembá
14-17 anos
40%
21%
30%
36%
43%
37%
50%
18-24 anos
27%
34%
30%
17%
18%
26%
24%
T_10 :Porque razão não bebe?
ÁguaGrande
Cantagalo
Caué
Lembá
Não tem idade
28%
15%
19%
32%
25%
24%
72%
Alcóol faz mal à saúde
37%
48%
56%
47%
42%
42%
14%
Educação dos seus pais
24%
29%
19%
13%
22%
28%
14%
Lobata Mé-Zóchi
RAP
Lobata Mé-Zóchi
RAP
Tabela 3.5.2c Módulo 5 - Repartição das respostas consoante DISTRITO DE RESIDÊNCIA
27
Expectativas, problemas e aspirações dos jovens e adolescentes. São Tomé e Príncipe
As respostas dos inquiridos contém variações significativas em função do distrito de residência a nível de três perguntas: T_07: Já bebeu bebidas Alcoólicas? Os distritos de Cantagalo (62%) e Lembá (60%) destacam-se com as maiores percentagens de SIM, opondo-se a Caué e Água Grande com as percentagens mais baixas 48% e 46%, respectivamente. T_08:IDADE -quando bebeu pela 1ª vez? Não se pode falar de um perfil tipo idade / distrito em função ao consumo do álcool pela 1ª vez. Constata-se todavia que as maiores percentagens de inquiridos que iniciaram o consumo do álcool com a idade compreendia entre os 14-17 anos são sobretudos os residentes nos “distritos” onde se encontram as duas principais capitais do país, ou seja Água grande (40%) e RAP (50%). Os que iniciaram este consumo entre 18-24 residem em Cantagalo (34%) e Caué (30%) T_10: Por que razão Não bebe? Existe uma grande dispersão de valores percentuais, sinónimo de uma certa indefinição na relação principal razão de não consumir álcool e distrito de residência. No entanto os valores extremos são significativamente diferentes sobretudo entre: 1. RAP e os seis outros distritos do país (Cantagalo e Caué em particular) em relação a resposta Não tem idade 2. Cantagalo e RAP em relação tanto a resposta Álcool faz mal à saúde como a resposta Educação dos pais
3.6 MÓDULO 6 Opiniões e percepções sobre iniciativas, programas e estruturas para jovens e adolescentes do País
Objectivo Geral: Avaliar os conhecimentos, opiniões e percepções bem como as aspirações dos inquiridos sobre as INICIATIVAS, PROGRAMAS E ESTRUTURAS para adolescentes e jovens. De igual modo obter dos inquiridos opiniões sobre os principais problemas com os quais a juventude santomense se confronta actualmente bem como as possíveis pistas conducentes a sua resolução
Expectativas, problemas e aspirações dos jovens e adolescentes. São Tomé e Príncipe
28
3.6.1 Dados globais (estatística uni-variada) a) Pergunta OP_01 e OP_02- Caso conheça ou já tenha ouvido falar de iniciativas, programas e estruturas destinadas a jovens e adolescentes santomenses, cite apenas três nomes. No total 705 inquiridos (39%) afirmaram ter ouvido falar / conhecer estes dispositivos para jovens (pergunta OP_01); mas apenas cerca de metade ou seja 353 responderam, em parte, as solicitações da pergunta OP_02 (citando um ou dois nomes). Constata-se o entanto (Gráficos 3.6.1 a1 e a2 abaixo) que os nomes mencionados evocam muito particularmente os Programas difundidos na TVS, mas que de facto estão mais direccionados para a juventude santomense 1º Nome
2º Nome viva show
viva show
Espaço / Programa Infantil
Espaço / Programa Infantil
TVS clip
ASPF - gravidez na adolescência Planeamento familiar
TVS desporto ASPF - gravidez na adolescência Planeamento familiar
TVS desporto
Tarde na TVS
TVS clip
0
10
20
30
Gráfico 3.6.1a.1 Nomes de iniciativas e Programas, mais citados: 1ª Resposta
0
10
20
30
Gráfico 3.5.1a.2 Nomes de iniciativas e Programas, mais citados: 2ª Resposta
b) Contributos das iniciativas e programas existentes e possíveis incentivos à uma maior participação dos adolescentes e jovens santomenses: Perguntas OP_03 e OP_04)
OP_01: Contributo para a Juventude das inicia- Inquiridos tivas e programas
Percentagem
Aus. Resposta
75
10,64%
Nenhum
143
20,28%
Ainda limitado
143
20,28%
Eficaz
150
21,28%
Importante e decisivo
194
27,52%
Total Geral
705
100,00%
Tabela 3.6.1b Importância dos contributos para Juventude das Iniciativas e Programas
29
Expectativas, problemas e aspirações dos jovens e adolescentes. São Tomé e Príncipe
Iniciativa / Criatividade
Aconselhamento
13% Apoio / Incentivo
16%
4% 60% Informação / Sensibilização
Gráfico 3.6.1b Como esclarecer e incentivar a participação da Juventude
OP_03: Qual é a sua opinião global sobre os contributos deste conjunto de Dispositivos (Programas / Iniciativas / Estruturas) na resolução dos problemas e aspirações da juventude STP? As opiniões encontram-se divididas em relação ao assunto em destaque; é em todo o caso que se depreende da tabela 3.6.1b em que as percentagens dos respondentes variam entre 20% e 28%! O valor mais baixo concerne os itens “Nenhum e Ainda Limitado” enquanto “Importante e decisivo” associa-se ao valor mais alto. De realçar que 75 inquiridos (11%) não responderam a questão colocada. OP_04: O que deve ser feito para esclarecer e incentivar a participação dos adolescentes e jovens Santomenses nos Programas / Iniciativas / Estruturas existentes? Para a questão colocada a “Informação / sensibilização” constitui a melhor resposta, na opinião de 60% dos respondentes (gráfico 3.6.1b). Seguem-se depois, muito distantes, “Apoios / incentivos” e “Iniciativas / Criatividades” respectivamente com 16% e 13% das opiniões e “Aconselhamento” com apenas 4%. Registou-se no entanto 44 (6%) outras respostas diferenciadas que foram agrupadas na categoria “Diverso”.
c) Auto-avaliação e domínios de fraca participação da Juventude (perguntas OP_05 e OP_06) Que avaliação faz do seu próprio contributo/participação
Percentagem
Domínios de muita pouca participação Jovem
Percentagem
Aus. Resposta
14,96%
Cultura
20%
Nenhum
45,60%
Desporto
17%
Ainda limitado
16,12%
Trabalho
13%
Eficaz
11,36%
Modilização Social
13%
Importante e decisivo
11,97%
Religioso
11%
Total
100%
Tabela 3.6.1c Auto-Avaliação e domínios de fraca participação Jovem
OP_05: Que avaliação faz do seu próprio contributo/participação na resolução das expectativas, problemas e aspirações da juventude STP? “Nenhum” contributo é a resposta predominante envolvendo 46% da população total da amostra. E acresce o facto que, por um lado, 15% dos inquiridos não responderam a questão colocada e, por outro lado, a segunda percentagem mais alta (16%) concerne o contributo “ainda limitado”. Fica assim patente que apenas 23% dos inquiridos fazem uma auto-avaliação positiva do seu contributo/participação na resolução das expectativas, problemas e aspirações da juventude santomense: “Importante e decisivo” = 12% e “Eficaz” = 11% Expectativas, problemas e aspirações dos jovens e adolescentes. São Tomé e Príncipe
30
OP_06: Indica dois Domínios relacionados com a Juventude em que você acha existir muita pouca Participação dos adolescentes e jovens Santomenses. Esta pergunta associa-se à uma das mais altas taxas de ausência de resposta; com efeito apenas 675 inquiridos (37,4%) responderam a preocupação colocada. Seja como for, facto é que os valores percentuais da tabela 3.6.1c sugerem que os respondentes têm uma opinião relativamente dividida sobre os domínios de fraca participação da Juventude: Cultura = 20%; Desporto = 17%; Trabalho =13% e Mobilização Social =13%
d) Percepções, opiniões sobre os principais problemas da Juventude e possíveis pistas para sua mitigação (perguntas OP_07, OP_09 e OP_08)
OP_07: Maiores problemas com os quais confrontam a juventude
1º Escolha
Falta Emprego
30%
Droga
15%
Álcool
10%
Roubo/Violência
10%
Gravidez Precoce
8% 7% 6% 13% 100%
Cigarro Sexo: Precóce / Violência Diversos
Total OP_09: Percepção do nível de delinquência no seio da juventude
1º Escolha
0: Aus. Resposta
1,33%
1: Insignificante
1,05%
2: Vem diminuindo
8,53%
3. Vem aumentando
66,54%
4: Muito alto
22,55%
Total Geral
100,00%
OP_08: Domínios prioritários para a intervenção do Governo
1º Escolha
Falta Emprego
30%
Droga
15%
Álcool
10%
Roubo/Violência
10%
Gravidez Precoce
8% 7% 6% 13% 100%
Cigarro SEXO: Precóce/Violência Diversos
Total
Tabela 3.6.1d Opiniões sobre os principais problemas da Juventude e pistas para sua mitigação
Principais respostas às perguntas OP_07 e OP_08 O “Emprego” uma vez mais e a associação “Álcool/Droga/ Substâncias psicotrópicas” constituem, para mais de metade dos inquiridos, ao mesmo tempo os maiores problemas da juventude e principais domínios prioritários de intervenção do Governo. A “Violência” também é citada nas duas situações mas em percentagem relativamente baixa tal como sucede para os outros problemas e domínios prioritários assinalados.
31
Expectativas, problemas e aspirações dos jovens e adolescentes. São Tomé e Príncipe
Pergunta OP_09: Qual é, na sua percepção, o nível da delinquência no seio da juventude santomense? Atendendo o valor percentual registado (90% da amostra total) com apenas duas categorias de respostas, não seria exagero falar de convergência de opiniões. Conclui-se, desde logo, que a percepção que tem os inquirido sobre o nível da delinquência no seio da juventude santomense é que ela se encontra num patamar elevado (23% dos respondentes) e sobretudo ela vem aumentando (67%).
3.6.2 Analise Cruzada de dados Análise das opiniões, conhecimentos e práticas dos inquiridos nomeadamente consoante o Sexo, Faixa Etária e Distrito de Residência Para o Módulo 6, a análise cruzada de dados não obedecerá os princípios até então observados por, pelo menos, três razões essenciais: 1. O Módulo singulariza-se com a predominância de perguntas abertas que, em muitos casos, apresentam efectivos de respostas relativamente reduzidos o que não garante consistência as desagregações nomeadamente por Distrito de residência e por faixa etária; 2. Para as perguntas colocadas regista-se, uma dispersão de respostas e, com alguma frequência, em itens com valores percentuais residuais; 3. O essencial das respostas dos inquiridos centra-se em um ou dois itens onde as diferenças são geralmente ofuscadas pelas opiniões consensuais
a) GÉNERO e as respostas dos Inquiridos Os efeitos ligados ao Género foram observados em apenas em duas situações e em ambas, a percentagem das raparigas é superior a dos rapazes: • Na pergunta OP_01, 46% das raparigas (contra 39,4% dos rapazes) afirmaram conhecer / ter ouvido falar de iniciativas, programas e estruturas destinadas a jovens • Na pergunta OP_03 o item NENHUM agrega 21% de raparigas contra 14,5% de rapazes.
Expectativas, problemas e aspirações dos jovens e adolescentes. São Tomé e Príncipe
32
b) Respostas dos inquiridos por IDADE / FAIXA ETÁRIA
De acordo com os dados apurados a faixa etária não tem um papel de relevo nas respostas às perguntas deste módulo incluindo nas perguntas OP_03 e OP_05, não obstante a aproximação do perfil da distribuição das respostas para os itens “Ainda limitado” e “Eficaz” (tabela 3.6.2ba seguir) 10-13 anos
14-17 anos
18-24 anos
26%
18%
22%
Eficaz
18%
14%
21%
Ainda limitado
12%
16%
20%
Eficaz
10%
9%
14%
Pergunta
Respostas (intens)
OP_03: Contributo para a Juventude das iniciativas e programas
Ainda limitado
OP_05: Que avaliação faz do seu próprio contributo/ participação
Tabela 3.6.2b Módulo 6 – Efeitos da Idade/faixa etária nas respostas dos Inquiridos
c) Repartição das respostas dos Inquiridos consoante DISTRITO DE RESIDÊNCIA Neste módulo 6, os efeitos do Distrito de residência são muito pouco notórios, como se pode constatar na tabela 3.6.2c a seguir, na qual a tónica é colocada precisamente nas respostas associadas a valores percentuais mais representativos. No entanto a RAP constitui excepção, estando nas quatro ocasiões associada às percentagens mais baixas (percentagem em cor azul).
Pergunta
Resposta
ÁguaGrande
Cantagalo
Caué
Lembá
OP_01: Conhece / ouviu falar de iniciativas, programas para a Juventude
Sim
44%
39%
53%
33%
44%
46%
36%
OP_03: Contributos Importante para a Juventude das e decisivo iniciativas e programas
24%
36%
12%
27%
31%
18%
14%
OP_05: Que avaliação faz do seu próprio contributo/ participação
Nenhum
43%
48%
42%
57%
52%
48%
13%
OP_09: Percepcção do nível de delinquência no seio da Juventude
Vem aumentando
64%
68%
63%
69%
79%
68%
48%
Lobata Mé-Zóchi
RAP
Tabela 3.6.2c Repartição percentual das principais respostas dos Inquiridos por Distrito de residência 33
Expectativas, problemas e aspirações dos jovens e adolescentes. São Tomé e Príncipe
ANEXOS
Expectativas, problemas e aspirações dos jovens e adolescentes. São Tomé e Príncipe
34
ANEXO 1 Amostragem: Repartição teórica dos inquiridos por sexo, faixa etária e por local/distrito de residência
Distrito Agua Grande
Localidades
10 - 13 Anos Total
M
14 - 17 Anos F
18 - 24 Anos
Total
M
F
Total
M
2
2
3
2
2
5
1
Pema-Pema
12
4
2
Santo António
94
29
15
15
26
13
13
3
Água Bobô
74
23
12
12
20
10
4
Água Porca
42
13
7
7
12
5
Atrás do Estádio
12
4
2
2
6
Bobo Forro (Agua Grande)
16
5
3
F 2
2
39
19
19
10
30
15
15
6
6
17
9
9
3
2
2
5
3
3
3
5
2
2
7
3
3
7
Chácara
29
9
4
4
8
4
4
12
6
6
8
Fundação Popular
20
6
3
3
6
3
3
8
4
4
9
Madre Deus
47
15
7
7
13
6
6
19
10
10
9
3
1
1
3
1
1
4
2
2
4
4
6
3
3
10
5
5
15
15
26
13
13
39
20
20
10
Potó-Potó
11
Praia Gamboa
23
7
12
Riboque
96
30
13
São Gabriel
30
9
5
5
8
4
4
12
6
6
14
São Marçal
60
19
9
9
17
8
8
25
12
12
15
Vila Maria
54
17
8
8
15
8
7
22
11
11
Oque del Rei
71
22
11
11
20
10
10
29
15
15
Total
690
215
108
108
191 96
94
16
35
Faixa Etária / Sexo (M / F)
Inquirir
Expectativas, problemas e aspirações dos jovens e adolescentes. São Tomé e Príncipe
284 143 141
Distrito
Localidades
Cantagalo
1 2 3 4
Cidade SantanaCentro Picão Velho Musseque Água Izé Total
Caué
Faixa Etária / Sexo (M / F)
Inquirir
1 2
Beira-mar Ribeira Peixe Total
10 - 13 Anos Total
M
41
13
25
14 - 17 Anos F
18 - 24 Anos
Total
M
F
Total
M
6
6
11
6
6
17
9
8
8
4
4
7
4
3
10
5
5
42
13
6
7
11
6
6
17
9
9
67
21
10
10
18
9
9
28
14
14
175
55
27
27
48
24
24
72
36
36
32
10
5
5
9
4
4
13
7
7
31
10
5
5
9
4
4
13
6
6
63
20
17
9
9
26
10
10
F
13
Lembá
1 2 3 4
Rosema Água Tomá Praia de Ponta Figo Ribeira Funda Total
1
Lobata
2 3 4 5
Cristo Rei Vila de CondeCentro Agostinho Neto Changra Maianço-Roça Total
13
83
26
13
13
23
12
11
34
17
17
50
16
8
8
14
7
7
21
10
10
7
2
1
1
2
1
1
3
1
1
8
2
1
1
2
1
1
3
2
2
148
46
41
21
20
61
31
30
53
17
8
8
15
7
7
22
11
11
36
11
6
6
10
5
5
15
7
7
45
14
7
7
12
6
6
18
9
9
49
15
8
8
13
7
7
20
10
10
10
3
2
2
3
1
1
4
2
2
193
60
53
27
26
79
23
30
23
30
40
40
Expectativas, problemas e aspirações dos jovens e adolescentes. São Tomé e Príncipe
36
Distrito
Localidades
1 2 3
Mé-Zóchi
4 5 6 7 8 9 10 11
Cola Grande Filipina Obô Izaquente Praia Melão Ubá Flor Vila de Bombom Centro Belém Piedade Monte Café Cova Barro Bobo Cativo
RAP
Total
1 2
Budo-Budo Porto Real Azeitona Total
37
Faixa Etária / Sexo (M / F)
Inquirir
10 - 13 Anos
14 - 17 Anos
Total
M
F
65
20
16
18 - 24 Anos
Total
M
F
Total
M
F
10
10
18
9
9
27
13
13
5
2
2
4
2
2
7
3
3
33
10
5
5
9
5
5
14
7
7
120
37
19
19
33
17
16
49
25
25
24
7
4
4
7
3
3
10
5
5
24
8
4
4
7
3
3
10
5
5
33
10
5
5
9
5
5
14
7
7
61
19
9
9
17
8
8
25
13
12
32
10
5
5
9
4
4
13
7
7
39
12
6
6
11
5
5
16
8
8
14
4
2
2
4
2
2
6
3
3
461
144
63
190
56
17
8
23
16
5
71
22
Expectativas, problemas e aspirações dos jovens e adolescentes. São Tomé e Príncipe
72
9 2 11
72
9 2 11
127 64
15
8
4
2
2
6
20
10
10
29
95
94
11
11
3 15
3 15
ANEXO 2 Guião para preenchimento do questionário / codificação das respostas
INQUIRIDORES, atenção: NÂO PREENCHER os Quadradinhos (cor cinzenta)
NOTA: As Perguntas que não constam da Lista abaixo, são as que não requerem instruções específicas para seu preenchimento (Foco da formação dos Inquiridores) Pergunta
Resposta / Codificação MÓDULO 0: (IDENTIFICAÇÃO DO QUESTIONÁRIO)
2. Distrito 3. Localidade 4. Questionário 5. Inquiridor 6. Supervisor
1 - Água Grande; 2 – Cantagalo; 3 – Caué; 4 – Lembá; 5 – Lobata; 6 - Mé-Zóchi; 7 – RAP (Região Autónoma de Príncipe) De acordo com o nº da Localidade, indicado na Folha de Quota (dois dígitos) Sequência lógica do Questionário preenchido pelo Inquiridor Nº (três dígitos) Ex: 009 Nº individual atribuído a cada Inquiridor (dois dígitos) Ex: 05 Nº individual atribuído a cada Inquiridor (dois dígitos) Ex: 02 MÓDULO 1: (IDENTIFICAÇÃO DO INQUIRIDO)
I_02
I_03
IDADE OU ANO DE NASCIMENTO (este último transformado em idade) convertido em Faixa Etária
(0 = Não Responde): 1 = 10-13 anos; 2 = 14 -17 anos; 3 = 18 -24 anos CLASSE OU NÍVEL DE ESCOLARIDADE mais alto atingido (0 = Não Responde): 1 = Não frequentou a Escola; 2 = Primário; 3 = Secundário 1 (5ª – 8ª Classe); 4 = Secundário 2 (9ª – 2ª Classe); 5 = Curso Professional; 6 = Universitário
I_06 I_07 I_08
Portador de DEFICIÊNCIA (0 = Não Responde): 1 = Audição; 2 = Visão; 3 = Locomoção 1 (membro inferior); 4 = Locomoção 2 (membro superior); 5 = Outros Que tipo de ORGANIZAÇÃO (0 = Não Responde): 1 = Comunitária; 2 = Sociedade Civil; 3 = Músico-Cultural; 4 = Desportiva; 5 = Caris Social; 6 = Outros O que MAIS FALTA LHE FAZ NA SUA VIDA (0 = Não Responde): 1 = Bens comuns / habitação; 2 = Família (qualquer elemento); 3 =Emprego; 4 = Formação; 5 = Transporte; 6 = Outros MÓDULO 2: (FAMÍLIA, NÍVEL e QUALIDADE DE VIDA)
F_03 F_04 F_05 F_07 F_08
Faixa etária (0 = Não Responde): 1 = 10-13 anos; 2 = 14 -17 anos; 3 = 18 -24 anos; 4 = 99 / Nunca Nº de FILHOS (0 = Não Responde): 1; 2; 3 ou 4 = mais do que 3; 9 = Nenhum Faixa etária: 0 = Não Responde; 1 = 10-13 anos; 2 = 14 -17 anos; 3 = 18 -24 anos; 4 = 99 / Nunca
RPROFISSÃO (por domínio): (0 = Não Responde): 1 = Pequenos Negócios; 2 = Empresário; 3 = Artesão / Pequenos Serviços; 4 = Agricultura / Pesca; 5 = Trabalhadores de Empresas (Púb ou Prv); 6 = Funcionários de Estado; 7 = Executivo, Legislativo, Consultores; 8 = Outros
NÍVEIS (0 = Não Responde): 1 = Não frequentou a Escola; 2 = Primário; 3 = Secundário 1 (5ª – 8ª Classe); 4 = Secundário 2 (9ª – 2ª Classe); 5 = Curso Professional; 6 = Universitário
Expectativas, problemas e aspirações dos jovens e adolescentes. São Tomé e Príncipe
38
NOTA: As Perguntas que não constam da Lista abaixo, são as que não requerem instruções específicas para seu preenchimento (Foco da formação dos Inquiridores) Pergunta
Resposta / Codificação MÓDULO 3: (EDUCAÇÃO/FORMAÇÃO/EMPREGO)
E_02 E_04 E_05 E_07 E_11
IDADE OU ANO (este último transformado em idade) convertido em Faixa Etária (0 = Não Responde): 1 = 10-13 anos; 2 = 14 -17 anos; 3 = 18 -24 anos; 4 = 99 / Nunca
RPROFISSÃO (por domínio): (0 = Não Responde): 1 = Pequenos Negócios; 2 = Empresário; 3 = Artesão / Pequenos Serviços; 4 = Agricultura / Pesca; 5 = Trabalhadores de Empresas (Púb ou Prv); 6 = Funcionários de Estado; 7 = Executivo, Legislativo, Consultores; 8 = Outros
RENDIMENTO (0 = Não Responde): 1 = inferior à 5 Milhões); 2 = de 5 à menos de 10 Milhões; 3 = de 10 à menos 20 Milhões; 4 = Igual ou superior a 20 Milhões
RPROFISSÃO (por domínio): (0 = Não Responde): 1 = Pequenos Negócios; 2 = Empresário; 3 = Artesão / Pequenos Serviços; 4 = Agricultura / Pesca; 5 = Trabalhadores de Empresas (Púb ou Prv); 6 = Funcionários de Estado; 7 = Executivo, Legislativo, Consultores; 8 = Outros IDADE convertido em Faixa Etária (0 = Não Responde): 1 = 10-13 anos; 2 = 14 -17 anos; 3 = 18 -24 anos; 4 = 99 / Nunca MÓDULO 4: (SAÚDE SEXUAL REPRODUTIVA)
SR_01 S_02, 03 e 04
PORQUÊ: Atenção AINDA NÃO CODIFICAR IDADE convertido em Faixa Etária (0 = Não Responde): 1 = 10-13 anos; 2 = 14 -17 anos; 3 = 18 -24 anos; 4 = 99 / Nunca / Não lhe diz respeito
SR_05
(0 = Não Responde); 1 = Comunicação / Sensibilização; 2 = Uso de Preservativo; 3 = Outros métodos con-
SR_07
Pergunta com RESPOSTA MÚLTIPLA - Codificação: Vários Números linha / linha, mas sempre em ORDEM CRESCENTE (Um único 0 no caso de Ausência de resposta)
traceptivos; 4 = Abstinência; 5 = Educação/Responsabilidade dos PAIS; 6 = Outros
MÓDULO 5: (NTICS, LAZER, DESPORTO e CONSUMO DE SUBSTÂNCIAS PSICOTRÓPICAS)
T_04
MODALIDADE DESPORTIVA (0 = Não Responde); 1 = FUTEBOL; 2 = Outras Modalidades COLECTIVAS COM BOLA; 3 = Modalidade Física de Performance INDIVIDUAL; 4 = Modalidade Intelectual e/ou Táctica de performance INDIVIDUAL; 5 = Outros
T_05
INCENTIVAR A PRÁTICA DESPORTIVA (0 = Não Responde); 1 = Criação de Infraestruturas; 2 = Promoção do Desporto Escolar; 3 = Sensibilização à prática de desporto; 4 = Organização de competições; 5 = Outros
T_06.1 e 6.2 T_08
39
ACTIVIDADE DE LAZER/DESCANSO: Atenção AINDA NÃO CODIFICAR IDADE convertido em Faixa Etária (0 = Não Responde): 1 = 10 - 13 anos; 2 = 14 -17 anos; 3 = 18 -24 anos ; 4 = 99 / Nunca / ou Não lhe diz respeito
Expectativas, problemas e aspirações dos jovens e adolescentes. São Tomé e Príncipe
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS Anjos, J.C. (2005). “Sexualidade juvenil de classes populares em Cabo Verde: os caminhos para a prostituição de jovens urbanas pobres”. Revista Estudo Feministas, vol. 13, n. 1, p. 163-177. Bordonaro, L. (2010): “Semântica da violência juvenil e repressão policial em Cabo Verde”, Revista Direito e Cidadania, n. 30, p. 169-190. Bourdieu, P. (2003). Questões de sociologia. Lisboa: Fim do Século. Ferreira, V. (2011). “Dar corpo à juventude: o corpo jovem e os jovens nos seus corpos”. In: Pais, J.M.; Bendit, R.; Ferreira, V. (Orgs.), Jovens e Rumos. Lisboa, Imprensa de Ciências Sociais, p. 257-275. Honwana, A. (2013). Youth and revolution in Tunisia. London and New York: Zed Books. Honwana, A. (2012). The time of youth: work, social change, and politics in Africa. Sterling: Kumarian Press. Horta, G.; Calvo, D.M. (2014). Hiace. Antropologia de las careteras en la isla de Santiago (Cabo Verde). Barcelona: Pollen. ICIEG (2010). Avaliação do impacto da medida de suspensão temporária das alunas grávidas do ensino secundário. Praia: ICIEG. ICPR (2015). World Prison Population List. London: ICPR, IDT (2016). Estudo sobre a prevelência de consume de substâncias psicotrópicas em adolescentes e jovens nas escolas secundárias do distrito de Água-Grande, Mé-Zóchi, Lembá e a Região Autónoma do Príncipe. Sáo Tomé: MJDH. IJ (2014a). Estudo sobre o conhecimento, atitude e prática de adolescentes e jovens nas comunidades em relação à saúde sexual e reprodutiva em São Tomé e Príncipe. São Tomé: MJD. IJ (2014b). Estudo sobre o conhecimento, atitude e prática de adolescentes e jovens nas escolas em relação à saúde sexual e reprodutiva em São Tomé e Príncipe. São Tomé: MJD. IJ (2014c). Estratégia Nacional da Juventude em São Tomé e Príncipe. São Tomé: MJD. INE (2014). IV Recenseamento Geral da População e Habitação – 2012. São Tomé: INE. INE (2010). Profil de la pauvrete a São Tomé et Principe. São Tomé: INE. INPG (2010). Avaliação das estruturas de saúde sexual e reprodutiva destinados a jovens. São Tomé: PNUD/UNICEF. Lima, R.W. (2015). “A imprensa escrita e a cobertura dos conflitos entre gangues de rua em Cabo Verde”. In: Bussotti, L.; Barros, M.; Grätz, T. (Eds.), Media freedom and right to infor-
Expectativas, problemas e aspirações dos jovens e adolescentes. São Tomé e Príncipe
40
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Expectativas, problemas e aspirações dos jovens e adolescentes. São Tomé e Príncipe
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43
Expectativas, problemas e aspirações dos jovens e adolescentes. São Tomé e Príncipe
44
Expectativas, problemas e aspirações dos jovens e adolescentes. São Tomé e Príncipe