Informativo - N°6 - Ano3 - Julho de 2015

Page 1

Publicação da Universidade Federal do Recôncavo da Bahia, nº 6, ano 3, julho 2015


PET 03

Índice A participação social nos 10 anos da UFRB 10 anos da Federal do Recôncavo Qualidade acadêmica com foco regional Do acesso a excelência acadêmica Extensão que ultrapassa fronteiras

04 06 10 12 14

Editorial O informativo UFRB apresenta a edição comemorativa aos 10 dez anos da instituição. Nesta edição, o periódico faz um panorama histórico da UFRB em sua primeira década, focando as conquistas no ensino, pesquisa, extensão e inclusão social. Aborda a evolução da oferta de vagas na instituição e apresenta a consolidação dos programas de permanência e inclusão social. Também destaca os projetos de extensão desenvolvidos pela universidade. Boa leitura! Equipe Assessoria de Comunicação

Expediente Reitor: Silvio Luiz Soglia Assessoria de Comunicação Jornalista Responsável: Fernanda Braga (MTb 2243/BA) Textos: Fernanda Caldas, Larissa Molina, Thacio Machado e Renato Luz. Fotos: Renata Machado, Larissa Molina,Thacio Machado e arquivo ASCOM. Projeto Gráfico: Renata Machado End: Rua Rui Barbosa, nº 710, Centro - Cruz das Almas - Bahia CEP: 44.380-000. Tel: (75) 3621-4015. E-mail: ascom@ufrb.edu.br ufrb.edu.br

ufrb.edu

@ufrb

@ufrb_edu

ufrb


04 Opinião

Opinião 05

A participação social nos 10 anos da UFRB: entre Chronos, Kairós e Aion

“É tempo não apenas de colher, mas de semear uma gestão pública universitária com uma boa qualidade”

Na mitologia grega a relação entre os sujeitos e o tempo foram demarcadas pela qualidade do que é vivido e percebido, por meio das divindades Chronos, Kairós e Aion. Graças a Kairós que a UFRB foi criada, no tempo de expandir e interiorizar o ensino superior. Este é o tempo que gera a vida, que é mais subjetivo, qualificável, jovial, veloz, mutável, ousado e que agarra as oportunidades. Agora, passados dez anos, vivemos muito mais o Chronos que consome a vida de modo calculável e cronometrável, emergindo a necessidade ética de avaliar o quanto este pôde ultrapassar Kairós e/ou fortificar Aion. Este último, o “não tempo”, o imensurável, que alcança o eterno e, que, por isso, exige a humildade. Tal avaliação pode ser feita mais pela intensidade da vivência institucional de modo prazeroso e rápido, que necessariamente pela irredutível presença cronológica. É fato que a “menina” ou “jovem” UFRB nasceu agindo como gente grande

na “janela de oportunidades” do Reuni (Programa de Apoio a Planos de Reestruturação e Expansão das Universidades Federais), buscando incluir, valorizar a diversidade, deselitizar, dar outros tons na interiorização e expansão do ensino superior público. Criou estruturas organizacionais diferenciadas, numa tentativa de menor hierarquia e maior distribuição de poder. Buscou inovar em cursos e percursos formativos desejando a interdisciplinaridade, multicampia e ampliação do acesso e permanência. O tempo do Reuni foi consumido pelo Chronos evidenciando conquistas e alguns desafios que requerem a humildade de Aion, para que não sejamos destruidores da própria criação. Diante da nossa virtuosa expansão é tempo não apenas de colher, mas de semear uma gestão pública universitária com uma boa qualidade burocrática, mas acima de tudo democrática. Temos, assim, um campo fluído de conflitos no qual a participação direta nos processos

de gestão se coloca como imperativo não apenas para a eficiência e eficácia. Mais que fazer as coisas certas e da melhor maneira, precisamos de efetividade no sentido de conseguir transformações sociais, de modo participativo, no tempo certo e que sejam para além de mensuráveis, sustentáveis. Precisamos efetivar instrumentos de participação com distribuição de poder, não apenas nos processos de planejamento e tomada de decisão, mas de implementação das ações. Do contrário, teremos rituais vazios e espaços esvaziados. Cabe ressaltar que se a participação direta na gestão universitária é um pré-requisito para a democracia enquanto processo de aprendizagem e não apenas como “jogo”, a condição indispensável para a democracia é o republicanismo, enquanto forma de gerir e fazer política na universidade que tenha como primazia o bem comum, a virtude cívica ou “o interesse bem compreendido”. Ser burocraticamente eficiente e democraticamente republicano na UFRB quer dizer que se vivam associações livres em tor-

no de interesses comuns cuja finalidade seja a UNIVERSIDADE. Isso dá trabalho! Requer o temporal engajamento das comunidades acadêmica e local na condição de pensar e analisar os problemas públicos, as demandas, a formação e o papel da UFRB no desenvolvimento das pessoas e territórios no Recôncavo da Bahia. Requer também lidar com a ambivalência das demandas por participação por um lado, com as mais diversas formas de intolerância e (des)engajamento, por outro. Não basta clamar ou escutar sem o comprometimento do fazer acontecer! Isso resvala inclusive no tempo presente, no engajamento e participação efetiva na revisão da nossa estatuinte, nossa certidão de nascimento que se transforma em carteira de identidade. Que nestes dez anos de reflexão e ação, Aion, o Deus Tempo ou Iroko, transformem as “velhas formas do viver” e, ensinai-nos na UFRB, “o que nós ainda não sabemos”! Edgilson Tavares de Araújo Professor Adjunto do CAHL/UFRB Coordenador do Colegiado de Gestão Pública Doutor em Serviço Social


06 Capa

Capa

Universidade da expansão

10 anos da Federal do Recôncavo UFRB comemora conquistas no Ensino, Pesquisa, Extensão e Inclusão Social 10 anos de história. Esta é a marca que a Universidade Federal do Recôncavo da Bahia (UFRB) alcança no dia 29 de julho de 2015. Criada a partir da Lei Nº 11.151, a primeira universidade federal do interior da Bahia já nasceu grande: com cinco centros de ensino em quatro cidades do Estado. Um resultado da ampla mobilização da sociedade baiana e em especial da população do Recôncavo. Os números da evolução da UFRB surpreendem. Sua trajetória é marcada por conquistas no Ensino, na Pesquisa, na Extensão e, principalmente, vem ganhando destaque no cenário nacional pela sua política de Inclusão Social, sendo a primeira universidade do país a ter uma Pró-Reitoria de Políticas Afirmativas. Foi o sucesso do programa de

inclusão da UFRB, que teve início já no primeiro ano da universidade, que levou o ex-reitor Paulo Gabriel Soledade Nacif a assumir em 2015 a Secretaria de Alfabetização, Educação Continuada, Diversidade e Inclusão (SECADI) do Ministério da Educação (MEC). “Não tenho dúvidas que hoje, todos, mesmo aqueles que se colocaram sistematicamente contrários a qualquer expansão, consideram que os campi e centros da UFRB, com suas conquistas e desafios, constituem-se em patrimônios inestimáveis para o Recôncavo e para o Brasil”, disse Nacif, em sua mensagem de despedida, após ter ocupado o cargo de reitor pro tempore e ter sido eleito reitor por duas vezes consecutivas desde a criação da universidade.

Segundo dados do Programa de Apoio a Planos de Reestruturação e Expansão das Universidades Federais (REUNI), a UFRB cresceu mais de 200% em área construída em dez anos de existência. A instituição conta hoje com sete centros de ensino em seis cidades do Recôncavo, onde circulam mais de 10.800 estudantes, dos quais mais de 90% são da Bahia. Só neste ano, foram ofertadas mais 2.340 vagas na graduação, com reserva especial para estudantes surdos, indígenas aldeados e remanescentes de comunidades quilombolas. Para a estudante de Psicologia e integrante da gestão do Coletivo Central de Estudantes (CCE), Alanie Ramos, os discentes dispõem de um sentimento de pertencimento. “Uma característica forte da UFRB é o seu compromisso com a comunidade do Recôncavo. Nossos processos de aproximação com a lógica acadêmica se dão em imersão na cultura e nas referências do lugar, isso é a prova do respeito da instituição pela comunidade do entorno. Eu me orgulho profundamente de fazer parte dessa história. A UFRB é sem dúvidas a minha segunda casa”, conta. A universidade já conta com 16 convênios internacionais e mais de 130 grupos de pesquisa, sendo premiada pela inserção de egressos do Programa de Bolsas de Iniciação Científica (PIBIC) na pós-graduação. Foi a primeira instituição de ensino superior da Bahia a ganhar em 2013 o Prêmio Destaque do Ano na Iniciação Científica e Tecnológica, categoria Mérito Institucional, do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) e mantém pelo 4º ano consecutivo a nota 4 no Índice Geral de Cursos (IGC), pontuação que a coloca entre as melhores do Brasil.

07


08 Capa

“Não tenho dúvidas que hoje, todos, mesmo aqueles que se colocaram sistematicamente contrários a qualquer expansão, consideram que os campi e centros da UFRB, com suas conquistas e desafios, constituem-se em patrimônios inestimáveis para o Recôncavo e para o Brasil”

Dívida histórica Segundo a pró-reitora de Graduação, professora Luciana Alaíde, com esta trajetória de conquistas e preparada para novos desafios, a UFRB tem cumprido seu objetivo de garantir educação pública, inclusiva e de qualidade aos moradores do Recôncavo e à sociedade brasileira. “Considero que a UFRB foi uma conquista para o interior da Bahia e hoje representa o maior investimento federal no Recôncavo, com impacto importante no fomento da economia, cultura, educação”, afirma. O técnico-administrativo, ex-militante do movimento estudantil e membro da seção local do sindicato de sua categoria, Elielson Aquino, também destaca o impacto da UFRB na interiorização do ensino superior. “Nestes 10 anos da UFRB, aqueles que tiveram oportunidade de acompanhar seu crescimento, reconhecem que ela representa a possibilidade de mais acesso ao ensino superior para

a população do interior de nosso Estado, que tanto sofreu com a falta de instituições deste tipo”, disse.

Consolidação Sobre os desafios para os próximos 10 anos, o novo reitor da UFRB Silvio Soglia cita pelo menos três: continuar garantindo um padrão de qualidade acadêmica compatível com as exigências da contemporaneidade e com a dinâmica do conhecimento, de modo que as inovações pedagógicas sejam aprofundadas; ampliar o acesso de cidadãos do interior da Bahia, em especial, da região do Recôncavo e do Vale do Jiquiricá ao ensino superior e, por fim, vincular-se profundamente à sociedade civil organizada, a fim de produzir conhecimento capaz de contribuir para a solução de problemas locais, regionais e nacionais urgentes e a interferir efetivamente na superação de distintas modalidades de exclusão.


10 Capa

Cursos da UFRB CAHL

Qualidade acadêmica com foco regional Cursos de graduação e pós-graduação da UFRB apostam no potencial do Recôncavo “Escolhi permanecer na instituição pela possibilidade de crescimento pessoal, intelectual e científico oferecido pela UFRB aos moradores do Recôncavo”

Construída em modelo multicampi, a UFRB iniciou suas atividades ofertando 620 vagas entre 15 cursos de graduação e um curso de pós-graduação. Após sua primeira década de existência, a instituição já oferece mais de 2 mil vagas em 50 cursos de graduação e 22 de pós-graduação, sendo 2 programas de pós-graduação com doutorado, 7 mestrados acadêmicos, 5 mestrados profissionais, 7 especializações e uma residência clínica. Desmembrada da Universidade Federal da Bahia (UFBA), a UFRB herdou os cursos de Zootecnia, Engenharia Florestal, Engenharia de Pesca e Agronomia. Já no ano de sua fundação, em 2005, foram criados os cursos de Ciências Biológicas, Engenharia Sanitária e Ambiental, Física, Matemática, Pedagogia, Comunicação, História, Museologia, Psicologia, Nutrição e Enfermagem. Desde então, toda oferta tem como principal objetivo explorar o potencial socioambiental de cada espaço do Recôncavo, bem como servir de polo integrador. A instituição conta hoje com mais de 10 mil estudantes, sendo cerca de 50% deles oriundos da região do Recôncavo. Para a coordenadora de Políticas e Planejamento da Pró-Reitoria de Graduação (PROGRAD), Janete dos Santos, o Recôncavo sofreu durante anos com a ausência de uma instituição federal de

educação superior para a formação de seus cidadãos. “A única alternativa era seguir para a capital ou sair do Estado. A criação da UFRB veio para resgatar a condição social do Recôncavo e dos filhos dessa região”, disse. O crescimento da instituição também priorizou a qualidade no ensino. Atualmente, a UFRB conta com 95% dos professores com qualificação de mestrado e doutorado. Segundo a coordenadora da PROGRAD, a qualidade da instituição pode ser medida pela inserção dos discentes egressos no mercado de trabalho e em cursos de pós-graduação. Ela acrescenta: “também pode ser usada como parâmetro de qualidade a participação da UFRB em projetos de graduação como o Programa de Educação Tutorial (PET), o Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência (PiBid), entre outros”. Para Rafael Mota, doutorando em Ciências Agrárias pela UFRB, a Universidade oferece boa estrutura, docentes qualificados e propicia desenvolvimento regional. “Sou formado em Agronomia, fiz mestrado em Microbiologia Agrícola e estou doutorando pela UFRB. Escolhi permanecer na instituição pela possibilidade de crescimento pessoal, intelectual e científico oferecido pela UFRB aos moradores do Recôncavo”, revela.

• • • • • • • •

Artes Visuais Ciências Sociais Cinema e Audiovisual Comunicação Social Licenciatura em História Museologia Serviço Social Tecnologia em Gestão Pública

Pós graduação • História da África, da Cultura Afro-brasileira e Africana • Mestrado em Ciências Sociais: Cultura, Desigualdades e Desenvolvimento • Mestrado Profissional em História da África, da Diáspora e dos Povos Indígenas

• • • •

Engenharia Agrícola Microbiologia Agrícola Recursos Genéticos Vegetais Solos e Qualidade de Ecossistemas

• Residência em Nutrição Clínica com Ênfase em Pediatria e em Terapia Intensiva

Mestrado Profissional: • Defesa Agropecuária • Gestão de Políticas Públicas e Segurança Social

• Bacharelado em Ciências Exatas e Tecnológicas • Bacharelado em Matemática • Engenharia Civil • Engenharia de Computação • Engenharia Mecânica • Engenharia Sanitária e Ambiental • Licenciatura em Matemática EaD

Doutorado Acadêmico: • Ciências Agrárias • Engenharia Agrícola

CETEC

Pós graduação • Mestrado Profissional em Matemática

CETENS

CECULT

• BI: Bacharelado Interdisciplinar em Energia e Sustentabilidade • Licenciatura em Educação do Campo com Habilitações em Matemática e Ciências Naturais

• Bacharelado interdisciplinar em cultura, linguagens e tecnologias apliçcadas – BICULT • Tecnologias do Espetáculo ( Cenografia, Figurino, Iluminação e Caracterização) Música Popular Brasileira Produção Musical Design Digital Política e Gestão Cultural

CCAAB • • • • • • • •

Agronomia Biologia- Bacharelado Biologia - Licenciatura Engenharia Florestal Engenharia de Pesca Medicina Veterinária Tecnologia em Agroecologia Tecnologia em Gestão de Cooperativas • Zootecnia Pós graduação • Programa de Pós-Graduação Lato-Sensu em Sociedade, Inovação e Tecnologia Social Mestrado Acadêmico: • Ciência Animal • Ciências Agrárias

CFP

CCS • Bacharelado Interdisciplinar em Saúde • Enfermagem • Nutrição • Psicologia • Medicina Pós graduação

• • • • • • •

Física Química Matemática Pedagogia Filosofia Letras Educação Física

Pós graduação: • Mestrado Profissional em Educação do Campo


Inclusão 13

12 Inclusão

UFRB com as políticas de permanência e de sua importância para formação acadêmica, foi anunciado também o reajuste dos valores das bolsas, que tem início neste mês de julho. O último ocorreu em 2012. “Vimos a necessidade de atualizar esses valores para qualificar a possibilidade de permanência e para que os alunos pudessem realmente cumprir as atividades acadêmicas”, diz o pró-reitor de Políticas Afirmativas e Assuntos Estudantis, professor Fabrício Andrade.

Apoio a inclusão

Do acesso a excelência acadêmica Auxílios promovem a permanência e inclusão de estudantes na UFRB Associada às políticas de acesso por meio da reserva de vagas e à excelência nas atividades de ensino, pesquisa e extensão, a trajetória da UFRB revela também a atenção às políticas de permanência e inclusão voltadas aos estudantes de graduação Entre as principais, destaca-se o Programa de Permanência Qualificada (PPQ), que através da concessão de auxílios mensais para alimentação, deslocamento, moradia, creche e projetos institucionais, busca assegurar e qualificar a formação acadêmica dos discentes. Os auxílios referem-se a vagas nas residências universitárias, refeições no restaurante universitário e apoios financeiros. Somente no ano de 2014 foram concedidos 2.131 auxílios entre todas as modalidades do PPQ. No início do progra-

ma, em 2006, quando existiam apenas o auxilio alimentação e o auxílio moradia, foram 147. Acompanhando as demandas e crescimento da instituição, foi criada em 2007 a modalidade de apoio à participação em projetos institucionais e, em 2010, o auxílio deslocamento e o auxilio creche. A UFRB também disponibiliza outros auxílios como medicamentos, aparelho corretivo e apoio para apresentação de trabalhos em eventos. A partir de 2013, além destes, passaram a ser concedidos auxílios pelo programa Bolsa Permanência do MEC. No geral, entre 2006 e 2014, foi contabilizado o total de 8.438 auxílios. E este número deve aumentar a partir dos novos auxílios do ano de 2015, ainda em andamento. Reafirmando o compromisso da

Para garantir a permanência de estudantes com deficiência ou necessidades educativas especiais se destacam as ações de apoio do Núcleo de Políticas de Inclusão (NUPI), ligado a Pró-reitoria de Graduação (PROGRAD). Atualmente, o NUPI acompanha oito discentes. Desde sua criação, em 2011, o núcleo forneceu suporte para outros 12, principalmente na aquisição de equipamentos de auxílio e na seleção de bolsistas que atuam na adaptação de material didático para estudantes com deficiência visual. De acordo com Aline Matos, chefe do NUPI, as ações favorecem o acesso e a autonomia na realização das atividades acadêmicas: “diminuindo as barreiras que os impedem de estar incluídos no

ensino superior e favorecendo que estes estudantes participem mais ativamente da vida na universidade”, comenta. Uma das estudantes atendidas é Ariana Lima, 8º semestre do curso de Medicina Veterinária, que possui baixa visão. O NUPI disponibilizou para a aluna alguns recursos que auxiliam na aprendizagem, como televisores instalados nos laboratórios para ampliar a imagem de microscópios e um celular com o aplicativo Scanner Leitor Portátil, que converte fotos de textos em áudios. “Sem esse apoio, eu teria dificuldades na minha formação, mas agora me sinto incluída, participando e acompanhando melhor as aulas”, diz. A estudante também é bolsista do PPQ. A UFRB ainda conta ainda com 11 servidores que são Tradutores e Intérpretes de Libras (TILS): seis deles atuam no Centro de Formação de Professores (CFP), desenvolvendo atividades acadêmicas com estudantes e professores surdos, e cinco estão vinculados ao NUPI. Todos participam da tradução e interpretação de aulas, eventos acadêmicos, reuniões, seleções, notícias, dentre outras ações. Além disso, o núcleo também promove eventos sobre educação inclusiva, cursos de formação e orientações didáticas para servidores docentes e técnicos.

“Sem esse apoio, eu teria dificuldades na minha formação, mas agora me sinto incluída, participando e acompanhando melhor as aulas”


Extensão

14 Extensão

Extensão que ultrapassa fronteiras Projetos da UFRB unem mundo acadêmico com o saber popular O intercâmbio de conhecimento entre a sociedade e a universidade é um dos principais focos da Extensão na UFRB. As regiões do Recôncavo, Nordeste e Sul da Bahia são os palcos de atuação dos projetos e programas extensionistas desenvolvidos pela universidade, em áreas como direitos humanos e justiça, trabalho, saúde e educação, cultura e arte, tecnologia e produção, meio ambiente e comunicação. Em dez anos de UFRB, o pró-reitor de Extensão, Jean Adriano Barros, destaca a institucionalização de políticas extensionistas como um importante feito da universidade. “Hoje, a nossa comunidade já entende o que é extensão, não tem mais aquela percepção de algo assistencialista voltado às comunidades do entorno”. De acordo com ele, a universidade já tem entendido a extensão como uma mão de via dupla: “colaboramos com a comunidade, mas a comunidade colabora muito com a UFRB”, aponta. “É de fundamental importância a aproximação entre universidade e co-

munidade, uma vez que permite a troca de saberes e de experiências”, ressalta a gestora de Extensão do Centro de Ciências Agrárias, Ambientais e Biológicas (CCAAB) e membro da equipe da Incubadora de Empreendimentos Solidários (INCUBA), professora Tatiana Pacheco. Para ela, as ações de extensão contribuem para a formação profissional e social do discente. “Este aprendizado vai além dos saberes acadêmicos e ainda hoje é escasso na atual forma do sistema educacional”. O crescimento em relação à atuação da Pró-Reitoria de Extensão (PROEXT) da UFRB pode ser medido em números. Em 2011, quando a PROEXT deu início as suas atividades, eram cerca de 60 mil pessoas atingidas pelos projetos e programas que envolvem estudantes, professores e técnico-administrativos. Hoje, são cerca de 100 mil pessoas de diversas comunidades da Bahia, de acordo com dados disponíveis na universidade. Para atingir esse público, 188 projetos estão em execução.

Interação com a comunidade Entre os projetos, o Bom Carroceiro atinge 40 famílias da cidade de Cruz das Almas, pessoas que têm como principal fonte de renda o serviço prestado na condução de Carroças. O desenvolvimento de ações que buscam a valorização dos carroceiros do município, utilizando metodologias participativas para inclusão da categoria no mercado formal, é o principal objetivo do projeto. George William, bolsista do programa em 2014, explica que a capacitação dos Carroceiros é baseada em princípios do associativismo, estimulando atividades agropecuárias e promovendo a defesa dos seus interesses junto aos órgãos municipais e empresas locais. “A aproximação da equipe executora do projeto e o envolvimento dos estudantes da UFRB com esses trabalhadores abriu chance para novos diálogos e a oportunidade de convidá-los para palestras e cursos relacionadas à participação de maneira associativa”, declara William.

Prática multidisciplinar A comunhão de diferentes áreas também é marcante nos projetos de extensão da UFRB. O projeto Equoterapia,

ao abordar a inserção do cavalo em atividades terapêuticas e educacionais com seres humanos, traz um forte caráter multi e interdisciplinar, de acordo com a coordenadora e professora Ana Paula Peixoto. “A proposta do trabalho é de atender inicialmente pessoas com deficiências da Associação Pestalozzi de Cruz das Almas, com ênfase para pessoas com Síndrome de Down e, a médio e longo prazo, com a consolidação do serviço, atender também pessoas com outras deficiências, alterações motoras e/ou psíquicas, a exemplo de sequelas de acidente vascular cerebral, ou com processos depressivos”, explica Ana Paula. Em sua opinião, o projeto traz um novo e promissor campo para estágios e pesquisas no campo da fisioterapia, psicologia, educação física e veterinária e profissionais equestres. Vista como uma prática acadêmica científica interdisciplinar, política e de inclusão social, a extensão interliga atividades de ensino, pesquisa e ações afirmativas. Todos os campi da UFRB possuem Núcleos de Gestão de Extensão. Qualquer membro da comunidade acadêmica pode propor ações extensionistas. As informações sobre os projetos de extensão da UFRB encontram-se no site da Pró-Reitoria de Extensão.

15

“É de fundamental importância a aproximação entre universidade e comunidade, uma vez que permite a troca de saberes e de experiências”



Issuu converts static files into: digital portfolios, online yearbooks, online catalogs, digital photo albums and more. Sign up and create your flipbook.