EM PAUTA - O Jornal da UENP - Ano 1 - Edição 01

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dezembro de 2012

Projeto Fisioterapia Domiciliar atende população carente de Jacarezinho; extensionistas aliam pesquisa à prática em terapias para as quais levam amor e carinho e recebem experiências de vida TIAGO ANGELO

Passa um pouco das oito da manhã de uma quinta-feira de dia quente e sol forte. O calor incomoda, mas não tira a disposição de três acadêmicas de Fisioterapia e da professora Lívia Gimenez que partem do Centro de Ciências da Saúde (CCS) de Jacarezinho para mais um dia de atendimento domiciliar na cidade. Os passos que acompanhei naquelas primeiras horas da manhã se repetem também à tarde por outro grupo de estudantes todas as semanas durante o ano inteiro. As quartas e quintas-feiras, extensionistas do projeto Fisioterapia Domiciliar auxiliam pessoas carentes com atendimento em suas residências e também em abrigos especializados do município.

Convivo com várias realidades e aprendo a ser mais humana e ter ainda mais amor pela profissão. LETÍCIA FAGUNDES DO NASCIMENTO

Uma das visitas daquela manhã foi feita à casa de dona Tereza Augustin Aladir, 58, mãe de Lucinéia Ledi, 32, que sofre de esclerose múltipla. Os trabalhos fisioterápicos na casa simples de madeira levam cerca de meia hora. A acadêmica Francyelle Sanches atende Lucinéia que teve a doença agravada após a segunda gravidez. Ela comenta que “O projeto Fisioterapia Domiciliar me permitiu estar mais próxima dos pacientes. Conhecer as necessidades e as dificuldades do dia a dia. A maioria dos pacientes são idosos, possuem grande experiência de vida. Aprendo muito com eles, a cada sessão levo uma lição de vida”. Todos os acadêmicos trabalham voluntariamente no projeto este ano.

Desde que comecei a participar, percebi a necessidade das pessoas, não só do atendimento e orientações, mas também de atenção e carinho. KARINA DOS SANTOS RODRIGUES

Extensão

Muito além dos muros

Tiago Angelo

Uma paciente muito querida no projeto é a dona Maria Conceição da Silva, 106 anos, mais conhecida como ‘Maria dos Cem Anos’. Chegamos à casa dela perto das 11h da manhã. Muito lúcida e comunicativa, enquanto recebia o atendimento, dona Maria contava um pouco de sua história de vida. Mineira e mãe de cinco filhos, a senhora de cabelos grisalhos e voz rouca contou que trabalhava na lavoura de café e que a vida era muito difícil e diferente de hoje. “De primeiro era os ‘home’ e as ‘muié’ que trabalhava, agora é os motor, é as máquina”. Durante a conversa em que falou do trabalho, da vida no campo, das criações, da natureza e da dureza dos tempos passados e das doenças que teve, dona Maria pontificou: “O começo

Alunos se adaptam a realidades, muitas vezes, adversas para levar atendimento

de nossa vida todo mundo sabe, mas o fim você não sabe. Nem eu, nem ninguém”. O projeto, idealizado pelo vice-reitor da UENP, Rinaldo Bernardelli Junior, quando diretor do CCS, e Fábio Antonio Néia Martini, então coordenador da Fisioterapia, em 2006, atende atualmente 36 pacientes semanalmente, mas, comenta Gimenez, coordenadora do Home Care, que a lista de espera é grande. O Fisioterapia Domiciliar realiza uma série de ações que busca a prevenção de agravo à saúde e sua manutenção, assim como auxiliar na recuperação de uma doença ou sequelas. Gimenes salienta que a atividade possibilita aos acadêmicos o dia a dia da Fisioterapia e mais. “Esse projeto é enriquecedor para os que participam. O trabalho é desenvolvido para pessoas carentes, em ambientes que são muitas vezes inadequados, e eles têm de ter a criatividade para se adequar a realidade e desenvolver o trabalho. E acabam por criar uma vivência maior da vida pessoal. É uma grande experiência de vida”. Fazem parte ainda do projeto neste ano os extensionistas: Pablo Aguirra, Karina dos Santos Rodrigues, Mariana Linhares Ferreira da Silva, Letícia Fagundes do Nascimento, Letiele Domingues Cunha e Camila Vilela.


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