Jornal da ABI 386

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CALENDÁRIO 2013 - ESTE É UM ANO DE MUITAS COMEMORAÇÕES TV GLOBO/NELSON DI RAGO

Paulo Gracindo em O Bem-Amado: primeira novela a cores da televisão brasileira completa 40 anos de exibição. Ignorabus, a genial criação de Millôr Fernandes e Carlos Estevão, faz 65 anos. A primeira aparição de Mônica, de Maurício de Souza, foi numa tira do Cebolinha há 50 anos.

barino se deu o lançamento da campanha, em 4 de junho de 1948. Jornalismo impresso

Na área de jornalismo impresso, 2013 marca os 200 anos do jornal O Patriota (veja matéria nesta edição), 190 anos do Typhis, os 160 de O Constitucional, os 60 anos do semanário Flan e os 50 anos da revista Intervalo e do jornal Notícias Populares, e os 25 anos da revista Época. Vale uma rápida “passada d´olhos”, como se dizia antigamente, sobre cada um deles: No dia de Natal de 1823, começava a circular pelas ruas do Recife o Typhis Pernambucano, semanário de 21 x 30 cm criado e editado pelo Frei Joaquim do Amor Divino Caneca. Durou pouco, apenas 29 edições em menos de um ano (o número final é de 12 de agosto de 1824), mas em seu curto período de existência o Typhis defendeu a liberdade de imprensa, lutou contra a escravidão e criticou duramente o então “jovem príncipe, sem caráter, rodeado de lisonjeiros, inimigos encarniçados do Brasil”. Já O Constitucional, fundado pelo tipógrafo Joaquim Roberto de Azevedo, também tem vida curta, mas entra para a História como o primeiro jornal diário de São Paulo. Flan, lançado em abril de 1953, é o primeiro grande jornal semanário do Brasil. Editado pela Última Hora, de Samuel Wainer, Flan chega à significativa tiragem de 180 mil exemplares, e logo atrai a ira e a represália de poderosos adversários, como Chateaubriand, Adolpho Bloch e Carlos Lacerda. Não resiste e deixa de circular antes de completar seu primeiro ano de vida. Em janeiro de 1963, percebendo a grande popularização da televisão no Brasil, a Editora Abril lança a revista semanal Intervalo, trazendo informações, entrevistas, reportagens, fofocas e a programação de tv de todos os canais... que por sinal eram bem poucos na época. E em 15 de outubro do mesmo ano começa a circular o Notícias Populares, jornal do Grupo Folha que marcou época com suas fotos e manchetes sensacionalistas como “Bicha põe rosquinha no seguro” e “A morte não usa calcinha”. Circulou até 20 de janeiro de 2001. Com data de capa de 25 de maio de 1998, começa a circular a ousada aposta da Editora Globo (antiga RGE): a revista semanal Época, que teve uma gestação demorada (como informa a matéria publicada a partir da página 42). 16

JORNAL DA ABI 386 • JANEIRO DE 2013

Rádio, tv, cinema e música

Embora a primeira transmissão de rádio no Brasil tivesse acontecido no dia do centenário da independência (7 de setembro de 1922), a primeira emissora de rádio brasileira (na época falava-se “estação de rádio”) só seria inaugurada no ano seguinte, em 20 de abril. Era a Rádio Sociedade do Rio de Janeiro, fundada por Edgard Roquette-Pinto e Henrique Morize. A denominação “rádio sociedade” não era por acaso, já que se tratava de uma iniciativa educativo-cultural mantida por doações de sócios. As emissoras comerciais só surgiriam nos anos 1930. Assim, em 2013 serão comemorados os 90 anos do Rádio brasileiro, assunto que merecerá destaque em nossas próximas edições. Já na área televisiva, 2013 marca os 50 anos da criação de um gênero que viria a se transformar numa verdadeira “marca registrada” do Brasil: a telenovela diária. Foi em 1963 que a TV Excelsior exibiu 25499 Ocupado (sim, naquela época os números de telefone só tinham cinco dígitos), com Tarcísio Meira e Glória Menezes. Transmitida no horário das 19 horas, tem duração de três meses. Vinte anos depois, a Excelsior, extinta após o golpe militar de 1964, abre espaço para a TV Manchete, inaugurada há 30 anos. Às 19 horas do dia 5 de junho de 1983, um domingo, entra no ar a Rede Manchete de Televisão, empresa do tradicional Grupo Bloch. No discurso inaugural, Adolpho Bloch homenageia o pioneiro Assis Chateubriand, saúda as redes concorrentes e promete “uma programação de alto nível”. O primeiro programa transmitido pela Manchete foi o show de variedades Mundo Mágico, su-

cedido pelo filme Contatos Imediatos do Terceiro Grau, então inédito na televisão brasileira. Na Tupi, a data de 4 de novembro de 1968 (portanto, há 45 anos) marca a estréia da revolucionária telenovela Beto Rockfeller, de Cassiano Gabus Mendes e Bráulio Pedroso, que prega a adoção de temas e estilo brasileiro ao gênero, em contraposição à excessiva “mexicanização” vista nas emissoras concorrentes. A Globo entende o recado e lança, em 24 de janeiro de 1973 (40 anos atrás), O Bem-Amado, de Dias Gomes, novela que discute em tom de humor e farsa assuntos que normalmente não seriam tolerados pela ditadura então existente no País. E para não dizer que não falamos de Jornalismo na tv, comemoram-se em 2013 os 15 anos da versão televisiva de O Observatório da Imprensa, numa ação conjunta da TVE do Rio de Janeiro e da TV Cultura de São Paulo. O ano de 1973 se mostraria pródigo também no campo musical brasileiro. O que teria acontecido com a água que os compositores da MPB tomavam há 40 anos? Ou talvez a questão não fosse exatamente a água? O fato é que o ano marcou o lançamento de vários álbuns que não apenas marcaram como até mudaram os rumos da música popular brasileira. Entre eles, Krig-ha, bandolo! (de Raul Seixas), Pérola Negra (de Luiz Melodia), Eu Quero é Botar Meu Bloco na Rua (de Sérgio Sampaio), e o bombástico lançamento do grupo Secos & Molhados (produzido pelo jornalista de Últi-

Raul Seixas surge para a fama em 1973 com Krig-ha, bandolo!.

DIVULGAÇÃO/RAUL SEIXAS - O INÍCIO, O FIM E O MEIO

ma Hora Moracy do Val), que em plena ditadura militar escandalizou os conservadores ao apresentar um cantor de voz e trejeitos andróginos e com quase todo o corpo à mostra: Ney Matogrosso. No cinema, é importante lembrar de O Cangaceiro. A única Palma de Ouro do Festival de Cannes conquistada pelo Brasil, até hoje, continua sendo a do filme O Pagador de Promessas, de 1962. Mas nem todos se lembram que anos antes, em 1953, O Cangaceiro, de Lima Barreto, ganha no mesmo evento os prêmios de Melhor Filme de Aventura e Melhor Trilha Sonora, com a inesquecível canção Olê Muié Rendeira, interpretada pela atriz Vanja Orico. Quadrinhos, um capítulo à parte

Fãs de histórias em quadrinhos também terão muito a comemorar em 2013. Completa-se este ano o centenário da tira norte-americana Bringing Up Father, que trazia os personagens Maggie e Jiggs. Nunca ouviu falar? Talvez seus nomes brasileiros, Pafúncio e Marocas, soem mais familiares aos nossos ouvidos. Criados por George McManus, Pafúncio e Marocas formavam um casal de imigrantes irlandeses que enriquece repentinamente nas corridas de cavalos e passa a brigar como nunca, pois Pafúncio prefere manter os velhos hábitos de sua época de pobreza, enquanto Marocas se torna uma mulher esnobe. O ano marca ainda meio século da Mônica, criação de Maurício de Souza baseada em sua própria filha, e também dos personagens X-Men, criados por Stan Lee e Jack Kirby. Ignorabus, a criação de Millôr Fernandes e Carlos Estêvão, completa 65 anos, mesma idade do cowboy Tex, criado por Giovanni Luigi Bonelli e Aurelio Gallepini. Sim, Tex é um personagem italiano. Já O Amigo da Onça, criação de Péricles de Andrade Maranhão, foi publicado pela primeira vez na revista O Cruzeiro de 23 de outubro de 1943. Completa agora então 70 anos de constrangedoras situações que provocava em seus interlocutores. Também em 1943 estréia nos Estados Unidos o filme Alô, Amigos, e com ele o personagem Zé Carioca, capítulo brasileiro da Política de Boa Vizinhança implantada nos Estados Unidos na época da Segunda Guerra Mundial. Em 2013 SuperHomem faz 75 anos; Mickey Mouse, 85. Várias destas (e outras) efemérides merecerão matérias e destaques nas próximas edições do Jornal da ABI. Já que os maias estavam errados, mãos à obra!


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