Jornal da ABI 361 - 60 Anos da TV no Brasil

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SILVEIRA SAMPAIO (1914/1964)

Autor, ator, diretor e empresário. Homem de teatro, foi criador de um estilo cômico intrinsecamente ligado à cultura carioca dos anos 50 e 60. Em meados dos anos 1950, envolve-se com a recém-inaugurada televisão brasileira, sendo considerado pioneiro do gênero talk show, programas de entrevistas e sátiras políticas. Em 1957, lança o SS Show, na TV Rio, logo seguido por Bate-papo com Silveira Sampaio, no qual, sozinho, diante de um telefone, inventava conversas de cunho cômico com políticos da época. O programa terminava com o antológico conselho, ‘Carlos, meu filho, não faça isso…’, numa jocosa referência aos atos do então Governador do Estado da Guanabara, Carlos Lacerda.

TEIXEIRA FILHO (1922/1984)

Começou a carreira como locutor de rádio. Conheceu Carmem Lídia, radioatriz, que veio a ser sua mulher. Teixeira Filho também se tornou radioator. Mudaram-se de Santos para a capital paulista e entraram para a Rádio Tupi. Ao mesmo tempo trabalharam no Rio de Janeiro. Foi lá que Teixeira Filho começou sua carreira de novelista, no que era, às vezes, ajudado pela mulher. Os dois escreveram inúmeras novelas de rádio. Quando a televisão foi implantada, passaram também para o novo veículo. Sua inclinação era por adaptações de obras de grandes dramaturgos. Foi assim que Teixeira Filho fez grande sucesso, quando, em 1964, escreveu em parceria com Talma de Oliveira a novela O Direito de Nascer. Após ser transmitida em rádios, essa novela foi para a televisão. Com Benedito Rui Barbosa, escreveu Meu Pedacinho de Chão, transmitida pela TV Cultura e TV Globo.

ARQUIVO GLOBO

personagem ‘Pacífico’, onde tornou famoso o bordão ‘Ô Cride, fala pra mãe...’. Foi seu primeiro grande sucesso. No cinema, Ronald Golias apareceu em 1957 na comédia Um Marido Barra Limpa, de Luis Sérgio Person. Continuou fazendo inúmeros quadros na tv, mas se destacou novamente quando, em 1967, criou o personagem ‘Bronco’. Ele estreou esse tipo no programa Família Trapo, da TV Record. Contracenava com Jô Soares, Otelo Zeloni, Renata Fronzi, Ricardo Corte Real e Cidinha Campos. O programa foi um estouro e Ronald Golias se tornou o mais aplaudido do seriado. Em mais de 50 anos de carreira, esteve em quase todas as emissoras do Brasil: Globo, Bandeirantes, Record e SBT, sua última casa, na qual fez A Praça é Nossa, de Carlos Alberto de Nóbrega, e Meu Cunhado, ao lado de Moacir Franco.

WALTER CLARK (1936/1997)

(1922/1999)

Começou a trabalhar aos 16 anos na Rádio Tamoio, do Rio. Em 1956, transferiu-se para a TV Rio, onde chegou a Diretor-Geral. Transformouse logo num grande produtor. Tinha idéias brilhantes. Em 1965 foi para a TV Globo, que ainda era uma emissora que vinha de dificuldades financeiras e sem identidade própria. Foi isso que o executivo Walter Clark lhe deu. Em primeiro lugar, formou uma grande equipe. Foi ele quem chamou José Bonifácio de Oliveira Sobrinho, o Boni, para estar ao seu lado. Além de outros importantes nomes. Walter e Boni montaram a famosa ‘grade’ de programação da Globo. E à dupla é dado o crédito pela criação do chamado ‘padrão Globo de qualidade’.

WALTER FORSTER TÚLIO DE LEMOS

(1917/1996)

(1911/1978)

Em 1935, aos 18 anos, Walter Forster começou a carreira como locutor na Rádio Educadora de Campinas, onde ficou até 1939. Foi um dos pioneiros da televisão brasileira, participando ativamente de sua inauguração em 1950. Como era Diretor-Artístico na Rádio Tupi, ajudou a formar o elenco para a tv do mesmo grupo. Foi dele a idéia de realizar a primeira novela para a televisão, Sua Vida me Pertence, na qual fazia um triângulo amoroso com a atriz Vida Alves e Lia de Aguiar e na qual aconteceu o primeiro beijo da televisão brasileira. Atuou, dirigiu e escreveu novelas e programas para o rádio e a televisão. Atuou também na TV Paulista. Ganhou cinco vezes o Prêmio Roquette-Pinto.

CHICO ALBUQUERQUE

Era um autodidata, pois cursou somente até o quarto ano primário. Com sua inteligência e carisma, escreveu e dirigiu inúmeros programas de sucesso na TV Tupi. Produtor e jornalista, era dele a produção do célebre programa O Céu é o Limite. Também eram dele Antarctica no Mundo dos Sons; Honra ao Mérito; Ora Direis Ouvir Estrelas; Os Grandes Condenados Fora das Grades. e outros. Foi um intelectual, devorador de livros e colecionador de arte. Foi várias vezes premiado como o ‘Melhor do Ano’ em sua especialidade, principalmente com o cobiçado Prêmio Roquette-Pinto, em rádio e tv.

WALTER D’ÁVILA (1911/1996)

YARA LINS

Começou no teatro e estreou na Rádio Sociedade Gaúcha de Porto Alegre, em 1952. Foi para a televisão em 1957, na TV Rio. Alcançou o sucesso no programa Praça da Alegria, comandado por Manuel de Nóbrega, na TV Record, como ‘O Sabichão’, um homem que trocava o nome e a história dos livros que lia. Trabalhou em vários programas de humor ao lado de Jô Soares, Renato Corte Real e Chico Anysio. Fez uma novela, Feijão Maravilha, na TV Globo. Seu último trabalho foi na mesma emissora, na Escolinha do Professor Raimundo, interpretando o Sr. Baltazar da Rocha.

(1930/2004)

Fez radionovelas por muitos anos. Na Excelsior, na Nacional e na Difusora. Até que veio a televisão. Começou na pioneira TV Tupi e foi seu o primeiro rosto a aparecer na tela pequena da televisão brasileira, no dia 18 de setembro de 1950. Depois foi para a TV Paulista. Yara Lins esteve em todas as principais emissoras. Fez novelas no SBT (Os Ossos do Barão; Sangue do Meu Sangue; Éramos Seis); Manchete (A História de Ana Raio e Zé Trovão; Kananga do Japão) e TV Globo (Selva de Pedra e a série As Noivas de Copacabana), além de produções na Bandeirantes e TV Cultura.

WANDA KOSMO

TICO-TICO José Carlos de Moraes foi um dos primeiros repórteres da televisão brasileira. Muito agitado e curioso, Tico-Tico enveredou por vários jornais e emissoras de rádio, onde logo se adaptou. Esteve nas Rádios Educadora Paulista, São Paulo, Panamericana, Record, Bandeirantes e Tupi Difusora. Era considerado o mais ‘furão’ dos repórteres, capaz de tudo. Entrevistou desde os papas da época, até Che Guevara, Fidel Castro, Kennedy e várias outra personalidades. Foi o primeiro a adaptar um pequeno teipe, para gravações inéditas. Ao lado de Mauricio Loureiro Gama, iniciou com sucesso os jornais vespertinos para a televisão. Fez por vários anos o jornal Edição Extra, na TV Tupi de São Paulo.

TV Tupi. Estudioso de cinema, foi o idealizador do tipo de teleteatro que a emissora implantou e ali reinou por muitos anos. Associou-se a Cassiano Gabus Mendes, que era o DiretorArtístico da televisão pioneira, a Dionísio Azevedo, a Silas Roberg, a Álvaro de Moya e a Lima Duarte, grupo que se tornou responsável pela teledramaturgia da TV Tupi. Walter George Durst, ao lado de Dionísio principalmente, fazia as adaptações dos grandes textos universais. Esteve na TV Bandeirantes, onde dirigiu Cacilda Becker. Foi para a TV Cultura, onde se destacou na criação do Teatro 2 e do núcleo de teledramaturgia. Foi para a TV Globo em 1975 e recebeu vários prêmios por suas novelas,

ACERVO PRÓ-TV

REPRODUÇÃO

SILVEIRA SAMPAIO

fazia parte do cast da emissora. Ainda fazia rádio e admirava os profissionais da época, tais como Túlio de Lemos, Walter George Durst, e Osvaldo Moles. Da TV Tupi passou para a TV Paulista, com Demerval Costa Lima. Fazia de tudo, até programas humorísticos. E ganhava prêmios. Como ator, fez Romeu e Julieta; Tristão e Isolda; Enio, O Matador, sempre com grandes personagens. Começou a escrever para tv e ganhou em 1959 um prêmio como adaptador, com Navios Iluminados. Sua carreira deslanchou quando foi para a TV Excelsior, onde estavam os maiores nomes e se fazia a melhor televisão. Lá, fez novelas como A Deusa Vencida, A Indomável, A Grande Viagem, e Minas de Prata. Passou pela TV Record e pela Bandeirantes. Voltou para a TV Tupi. Em 1972, passou para a TV Globo, na qual dirigiu novelas (Selva de Pedra, Saramandaia, Gabriela, O Grito), minisséries (Anarquistas, Graças a Deus; Grande Sertão–Veredas; Rabo de Saia; Memórias de um Gigolô) e especiais.

(1930/2007)

ZILKA SALABERRY

Em 1953, Wanda conheceu Olavo de Barros, um dos diretores da TV Tupi, no Rio de Janeiro. Na TV Tupi de São Paulo havia um teatro organizado pelas companhias, que se apresentavam sempre às segundas-feiras, às 21 horas. Grandes sucessos, grandes espetáculos. Foi ali que Wanda Kosmo começou a exercer sua grande função, a de diretora de espetáculos. E, logo na primeira, ganhou um prêmio de Aírton Rodrigues, Os Melhores da Semana. Dedicou-se ao trabalho com força total. Passou a dirigir o TV de Vanguarda. Com sua voz grave, com seu jeito forte e decidido, firmou-se também como atriz. Da TV Tupi foi para a TV Bandeirantes, para a Record e, por fim, para a TV Globo. Ali foi muito bem recebida por Boni, que a queria não só como atriz, mas também dirigindo. Participou de algumas novelas, mas não suportou o clima do Rio de Janeiro, pediu demissão e voltou para São Paulo. Num breve retorno à emissora do Rio, chegou a atuar em novelas como Amor Com Amor se Paga e Roque Santeiro.

(1917/2005)

Formada em Economia, não exerceu a profissão. Após seu casamento com Mario Salaberry, que era ator, foi para o teatro, adotando o sobrenome Salaberry. Estreou como atriz profissional no filme Cidade-Mulher (1936), de Humberto Mauro. Na televisão, estreou em 1956 na TV Tupi do Rio de Janeiro, no programa Câmera Um. No ano seguinte atuou na telenovela A Canção de Bernardete. Durante dez anos participou do Teatrinho Trol, programa que adaptava contos infantis, onde lhe davam sempre o papel de bruxa. Depois de passar pela TV Rio e voltar à Tupi, Zilka chegou à TV Globo em 1967, estreando na telenovela A Rainha Louca. Nessa emissora realizou seus trabalhos mais importantes, atuando em Irmãos Coragem, O BemAmado, O Casarão, Que Rei Sou Eu? e O Primo Basílio, além, é claro, da vovó ‘Dona Benta’, do Sítio do Pica Pau Amarelo. Seu último papel na tv foi em Esperança (2002), de Benedito Rui Barbosa.

FOLHAPRESS

WALTER AVANCINI

RONALD GOLIAS

(1935/2002)

WALTER GEORGE DURST

Em 1950, na inauguração da PRF3 TV Tupi, Walter, apesar de garoto, já acumulava experiência em rádio e

(1922/1997)

Estava na Rádio Tupi, emissora associada, quando do lançamento da

ZILKA SALABERRY, ROSANA GARCIA (NARIZINHO) E RENY DE OLIVEIRA (EMILIA)

Jornal da ABI 361 Dezembro de 2010

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