Revista INSPIRA UCDB 2018A

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INSPIRA REVISTA

Ano 03 • 2018 • Nº 4

PESQUISAS DA UCDB IMPULSIONAM AGRONEGÓCIO EM MS 1 INSPIRA | JULHO 2018


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SUMÁRIO

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Base econômica de MS, o agronegócio tem foco especial na UCDB, que desenvolve pesquisas em diferentes áreas visando ao aumento da produtividade

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CARTA DE NAVEGAÇÃO

24 CRIANÇA ATIVA

40 SALESIANIDADE

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UNIRILA

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INOVAÇÃO

PESQUISA

DESAFIO UCDB

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SOBRE OMBROS DE GIGANTES

INSTAGRAM

ARTIGO


CARTA AO LEITOR

Mato Grosso do Sul é um Estado com origens e vocação agropecuária — é inegável a participação desse setor na economia, na cultura e na sociedade. A Universidade Católica Dom Bosco reconhece essa importância e se dedica, em muitos de seus projetos de graduação e pós-graduação, ao aprimoramento dos sistemas de produção, tecnologias, infraestrutura, formação de pessoas e tudo que possa contribuir para o fortalecimento das cadeias produtivas. Além dos três cursos de graduação na área de Ciências Agrárias — Agronomia, Medicina Veterinária e Zootecnia —, três programas de Mestrado e Doutorado desenvolvem pesquisas diretamente relacionadas ao campo: Ciências Ambientais e Sustentabilidade Agropecuária, Biotecnologia e Desenvolvimento Local. Um pouco desses trabalhos está na reportagem principal desta 4ª edição da Revista Inspira. Acreditamos que é assim que a sociedade vai se apropriando do conhecimento produzido na universidade. As pesquisas precisam ser aplicáveis, isto é, que as ideias saiam do papel e sejam de fato utilizadas em benefício da população. Outras matérias desta edição mostram exatamente isso. Discutindo novos meios de escoamento da produção

Pe. Ricardo Carlos - Reitor da Universidade Católica Dom Bosco

com a Rota de Integração Latino Americana (Rila) ou até mesmo fomentando novos empreendimentos, como é o trabalho realizado pela Agência de Inovação e Empreendedorismo S-Inova, cujo objetivo maior é sempre incentivar o desenvolvimento social e econômico do Estado. Na vertente institucional, dois momentos vividos pela UCDB merecem destaque. Entrou em vigor neste semestre a nova Carta de Navegação, instrumento de planejamento das ações para os próximos cinco anos. E, da mesma forma com que planejamos as futuras ações, também olhamos para o passado: documentário Sobre ombros de gigantes resgata a história de transformação das Faculdades Unidas Católicas de Mato Grosso (FUCMT) em UCDB e torna-se um registro histórico para as próximas gerações. Boa leitura a todos!

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Ano III, Julho/2018. Edição 4 Universidade Católica Dom Bosco Chanceler: Pe. Gildásio Mendes dos Santos Reitor: Pe. Ricardo Carlos Pró-Reitor de Administração: Ir. Herivelton Breitenbach Pró-Reitor de Desenvolvimento Institucional: Ir. Gillianno Mazzetto Pró-Reitor de Pastoral: Pe. João Marcos de Araújo Ramos Pró-Reitora de Graduação: Rúbia Renata Marques Pró-Reitor de Pesquisa e Pós-Graduação: Cristiano Marcelo Espínola Carvalho Pró-Reitora de Extensão e Assuntos Comunitários: Luciane Pinho de Almeida

Revista Inspira UCDB - Elaborada pela Diretoria de Comunicação da Universidade Católica Dom Bosco - UCDB, por meio da Assessoria de Imprensa Diretor: Jakson Pereira Jornalista responsável: Silvia Tada (DRT 33/17/13) Repórteres: Gilmar Hernandes (082 MTB/MS) e Natalie Malulei (MTE 1145/MS) Estagiários: Carine Ferrari e Marina Romualdo Projeto gráfico: Jeferson Wolff Diagramação: Agência Bebop Fotos: Junner Schmidt Revisão: Maria Helena Silva Cruz Tiragem: 1.000 exemplares Telefone: (67) 3312-3300 ou 3312-3353 E-mail: noticias@ucdb.br

Site: www.ucdb.br Facebook: UCDB MS Twitter: @UCDBoficial Entidade filiada à: IUS - Instituições Salesianas de Educação Superior ANEC - Associação Nacional de Educação Católica Brasileira ABRUC - Associação Brasileira das Universidades Comunitárias Endereço: Avenida Tamandaré, 6.000 – Jardim Seminário CEP: 79117-900 – Campo Grande – MS- Brasil

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ENTREVISTA

A UCDB sempre foi um ponto de apoio para o desenvolvimento da rede IUS

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oordenador Mundial das Instituições Salesianas de Ensino Superior (IUS), Pe. Marcelo Alfonso Farfán Pacheco esteve no Brasil durante os meses de abril e maio e realizou visitas de animação nas instituições de educação. Na UCDB, esteve nos dias 2 e 3 de maio e participou de diversos momentos e reuniões com o Conselho de Reitoria, acadêmicos, professores da educação presencial e a distância, colaboradores administrativos e conheceu algumas das principais áreas da Instituição. Comandando uma rede formada por 90 instituições, com uma diversidade de status institucional (universidades, faculdades, centros de estudos, institutos, colleges), Pe. Marcelo Farfán tem o desafio de educar e qualificar cerca de 150 mil acadêmicos. Para isso, as IUS organizam-se por continentes e regiões (América, África, Europa, Ásia Sul, Ásia Leste e Oceania) e fazem reuniões periódicas para que o trabalho siga a identidade da Congregação. Nascido em Cuenca (Equador), o salesiano, de 54 anos, é licenciado em Ciências de Educação, especialista em Antropologia, mestre em Cultura Religiosa e em Desenho Curricular. Já ocupou os cargos de diretor da universidade Politécnica Salesiana de Quito, foi provincial dos Salesianos no Equador e está no cargo atual desde outubro de 2016. Em entrevista à Revista Inspira, o salesiano fez um panorama da presença da Congregação no Brasil e os desafios da educação dos jovens. Leia, a seguir, os principais trechos.

Revista Inspira: O Sr. teve a oportunidade de visitar as IUS no Brasil. Como foram essas visitas e qual a avaliação que o Sr. faz da educação salesiana no País e na América Latina? Pe. Marcelo Farfán: Nestas seis semanas no Brasil, pude conhecer a realidade das instituições salesianas no País. Primeiro, há uma diversidade muito grande delas em várias cidades. Temos a UCDB, que é uma universidade, centros universitários importantes (Vitória, São Paulo, Araçatuba e Lins) e temos algumas faculdades (Porto Alegre, Manaus), além de experiências interessantes em Belo Horizonte, que têm responsabilidade com outras congregações. Há uma diversidade de propostas universitárias. Logo, pude ver 6

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A presença salesiana é muito rica que está dando aporte nos diferentes territórios em que estão presentes, sobretudo na formação de profissionais, com qualidade e valores

que a educação superior nasce como uma resposta às demandas de um tipo de formação para os jovens que têm de unir qualidade acadêmica ou formação humana inspiradas em valores do evangelho. Os salesianos buscam dar uma resposta prática e formativa, muito pensada em uma educação de contexto de território, e são respostas pertinentes socialmente. Pude verificar também que, apesar da crise que afeta a educação no Brasil (econômica, políticas de financiamento, incorporações da educação superior), causando uma certa diminuição de estudantes, precisamos pensar uma gestão cada vez mais eficiente, que não passa somente pelos recursos humanos, financeiros, mas também uma revisão dos modelos educativos e projetos pedagógicos.


A UCDB é uma referência para as demais universidades por essa realização interna, pelo desenvolvimento acadêmico, pelo trabalho de anos que vem sendo feito com seriedade

Um trabalho muito importante, com uma proposta de formação com forte identidade. Isso tem levado a pensar que tipo de proposta é nossa e o que mercado não está oferecendo. Temos de ser mais claros. Um grande destaque que posso citar é que as presenças universitárias nasceram a partir da experiência no ensino médio. E, desde então, foram se diferenciando e sendo reconhecidas pela sociedade em que estão. Nesse sentido, criaram comunidades acadêmicas consistentes, com identidade. Por outro lado, as exigências de avaliação externa têm obrigado as instituições a criarem processos de qualidade, e isso é um elemento muito importante. Finalmente, vejo uma preocupação com tema da sustentabilidade: seja pela crise ou certa diminuição do número de alunos, pela concorrên-

cia nem sempre leal — tudo isso tem levado a esse tema da sustentabilidade econômica, dos recursos da educação e a uma reorganização interna. Esse é um pouco do panorama que pude ver. É uma presença muito rica que está dando aporte nos diferentes territórios em que estão presentes , sobretudo na formação de profissionais, com qualidade e valores; as instituições têm seu prestígio sabendo que a experiência na universidade é recente. Estamos falando de 50, 60 anos de presença. Estão alicerçando o trabalho para um desenvolvimento importante Revista Inspira: A UCDB está entre as maiores universidades salesianas do mundo. Há algum projeto especial para a instituição? No que a UCDB pode contribuir para INSPIRA | JULHO 2018

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ENTREVISTA

melhorar a educação superior? Pe. Marcelo: A UCDB é uma das universidades com maior tradição na América Latina e na Congregação Salesiana. Das 11 universidades salesianas no mundo, nove estão na América Latina e, destas, a de Campo Grande é uma das que têm maior desenvolvimento acadêmico, que é possível ser visto pela capacidade de oferecer doutorado. Isso significa que há um desenvolvimento acadêmico, uma capacidade institucional que está instalada e que está realizando, sobretudo, pesquisas importantes, com docentes capacitados. A UCDB é uma referência para as demais universidades por essa realização interna, pelo desenvolvimento acadêmico, pelo trabalho de anos que vem sendo feito com seriedade. Vemos que a universidade conta com uma infraestrutura física, tecnológica, laboratórios, o que dá seriedade à proposta. Sobretudo, conta com equipe acadêmica de professores mestres e doutores, que estão assegurando a qualidade dos processos acadêmicos. Tem também uma equipe diretora interessante, constituída por salesianos, religiosos e leigos, que também estão trabalhando em conjunto. Isso é um exemplo. A UCDB sempre foi um ponto de apoio para o desenvolvimento da rede das IUS; tivemos o primeiro curso de formação salesiana a distância, e isso foi se fortalecendo. A UCDB é uma referência importante no processo de trabalho em conjunto como IUS.

vendo mudanças culturais importantes. Seja pelas mudanças tecnológicas, o mundo digital. Além disso, eles vêm de experiências diversas de família, a crise de família está afetando muito, mas estão vivendo um tipo de crise antropológica. Os jovens vêm com todos esses elementos, mas

condições educativas de base muito melhores. A partir da situação dos jovens, devemos estar atentos para com eles fazer um processo formativo, com acompanhamento. Este é um ponto chave que Dom Bosco vivia: aceitar os jovens tal como vêm, para fazer um caminho com eles. Em termos de universidade, necessitamos conhecer com que jovens estamos trabalhando. Qual o perfil, em todos os campos e, a partir daí, podemos definir um modelo de docência. O exercício da docência tem de responder a uma realidade específica dos jovens. Não é o mesmo trabalhar com jovens que vêm de classes mais altas e com jovens que vêm de setores populares. São situações muito diversas a que temos de responder. Também os projetos pedagógicos precisam responder às situações dos Revista Inspira: Qual o maior também vemos grandes valores nos jovens. A partir daí, podemos propor desafio na educação dos jovens, jovens. Os salesianos são sempre um processo formativo durante os atualmente? As universidades es- otimistas em relação aos jovens: são anos que estão na universidade. Esse tão preparadas para receber esses muito mais criativos, sensíveis aos é um grande desafio para os salesiajovens acadêmicos? temas da vida, meio ambiente, diver- nos: como acompanhamos um proPe. Marcelo: Os jovens estão vi- sidade e inclusão; diria também, com cesso de crescimento pelos jovens na

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Este é um ponto chave que Dom Bosco vivia: aceitar os jovens tal como vêm, para fazer um caminho com eles


experiência universitária — através dos currículos, das propostas pastorais, experiências acadêmicas propriamente, de maneira que possamos assegurar um processo de crescimento. Sempre, ao longo da história, os jovens têm grandes potencialidades e também são filhos do tempo, e isso não nos assusta. Importante são quais respostas educativas e pastorais podemos ter para eles no mundo da universidade.

Pastoral é uma dimensão que atravessa a totalidade da universidade (...) O projeto universitário, em si mesmo, deve ser um projeto evangelizador

o assunto. A chave é uma intuição da própria Igreja: a Pastoral é uma dimensão que atravessa a totalidade da universidade. Passa de um conceito de Pastoral como apêndice, um serviço religioso, uma capelania, para dizermos: o projeto universitário, em si mesmo, deve ser um projeto evangelizador. Como tanto, isso deve aumentar como entendemos as grandes funções da universidade de maneira que responda a critérios de que tipo de docência, de pesquisa e de extensão são mais evangelizadores. Então, uma docência que não somente transmita conhecimento, mas transmita e forme valores, por exemplo, é uma docência em pastoral. Uma pesquisa que reflita sobre linhas prioritárias evangélicas, que assegure a dignidade e o respeito pela pessoa humana, que contribua para o desenvolvimento da sociedade, é uma pesquisa em pastoral. Uma extensão que se realiza em um horizonte de ética, em uma concepção de serviço para a comunidade e sobretudo com os mais pobres, é

evangelizadora. Entendemos que as principais opções de uma universidade deve estar em sua Carta de Navegação. Ali está plasmado o tipo de universidade que queremos — e que deve ser inspirado em valores do evangelho. Agora, diretamente nós salesianos temos feito uma releitura desde uma perspectiva universitária das dimensões que asseguram uma proposta educativa integral. As quatro grandes dimensões de uma pastoral salesiana — a da fé, cultural, associativa e vocacional — têm sido revistas para educação superior. Nos perguntamos: o que significa educar para a fé na educação superior? Que significa uma proposta que te ajude no desenvolvimento educativo e pastoral? Como entendemos o associativo e o vocacional em uma universidade? Estes têm sido os elementos chaves que nos levam a pensar a pastoral universitária. Temos já um documento com essa reflexão e temos agora o processo de aplicação.

Revista Inspira: Um dos diferenciais das universidades salesianas é a presença muito forte da Pastoral. Como essa área pode estar mais presente e contribuir para a formação integral dos jovens? Pe. Marcelo: Pensar em uma Pastoral Universitária Salesiana é um tema muito debatido nas IUS nos últimos anos e em todos os contextos culturais. Como IUS, temos elaborado e sistematizado um documento que se denomina “Orientações para uma Pastoral nas IUS”, que define a concepção que queremos ter sobre

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CAPA

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DA UNIVERSIDADE PARA O CAMPO Desenvolvimento de pesquisas e criação de novas tecnologias ajudam a impulsionar o agronegócio em Mato Grosso do Sul Natalie Malulei

Como uma alternativa para reduzir o uso de agrotóxicos nas lavouras, um grupo de pesquisadores da Católica aposta na utilização do controle biológico — técnica baseada no conceito de inimigo natural que utiliza organismos vivos para diminuir a incidência de doenças e pragas. A pesquisa, desenvolvida por cinco acadêmicos de Agronomia e três alunos do Programa de Pós-Graduação em Biotecnologia, identificou que um fungo do gênero Trichoderma, presente no solo, seria capaz de combater outros fungos causadores de doenças como mofo branco, podridão de raízes e fusariose, que atingem vários tipos de culturas. “Este tipo de fungo também possui outras funções importantes para agricultura, além de ser um agente de controle natural; por exemplo, ele atua como um promotor de crescimento da planta, pois estimula o enraizamento, sem falar que induz os mecanismos de defesa do vegetal aos patógenos, no momento em que há a interação entre ele e o microrganismo”, pontuou o professor da Universidade Federal de Goiás (UFG), Dr. Cirano José Ulhoa, que é vinculado ao Programa de Pós-Graduação em Biotecnologia da UCDB. O docente dá suporte ao estudo junto com a professora da UCDB Dra. Fran-

10,96 litro/dia

12,66 litro/dia

12,97 litro/dia Grão de soja

Uso de recursos naturais em prol da agricultura

Semente de girassol

Carosso de algodão

cilina Araújo Costa. De acordo com os pesquisadores, a eficácia do fungo em relação ao combate daqueles que causam as doenças ainda está sendo testada, contudo sabe-se que as condições nas quais ele melhor se desenvolve varia de acordo com as características do solo do qual foi retirado, por isso foram colhidas amostras de 11 municípios de Mato Grosso do Sul. “Se desenvolvermos um produto a partir de um fungo retirado do solo de uma região, pode ser que ele não seja tão eficiente se for utilizado por um produtor de outro local, por ser um ambiente com um tipo de solo e condições climáticas diferentes daquele em que se desenvolveu, por isso a necessidade da seleção. Queremos criar algo personalizado para cada região para que haja o controle efetivo das doenças”, esclareceu Francilina. No futuro, o intuito é criar uma biofábrica que possa atender aos agricultores do Estado. “Podemos fazer um produto líquido ou em pó para a venda; a melhor parte é que, além de ser uma alternativa sustentável, irá gerar a redução de custos na produção de alimentos, pois o preço é bem mais acessível do que o que é cobrado pela compra de agrotóxicos”, comentou o professor Cirano.

11,96 litro/dia

P

roduzir mais em menos espaço e aumentar a qualidade do que é oferecido no mercado tem sido dois dos principais desafios enfrentados por quem vive da produção de alimentos e de matéria-prima. Para aqueles que investem no agronegócio, ter o controle total da indústria a céu aberto é fundamental, e cada aposta precisa ser certeira: esse é um dos poucos caminhos que garantem lucro e a expansão dos parceiros comerciais. Diante desse cenário, a criação de novas tecnologias e o desenvolvimento de pesquisas tornaram-se o braço direito do produtor e atuam como uma ferramenta para alcançar índices cada vez maiores. Um desses estudos foi desenvolvido por uma equipe multidisciplinar formada por acadêmicos de Medicina Veterinária, Zootecnia e Agronomia da Universidade Católica Dom Bosco (UCDB). O grupo faz parte do Programa Institucional de Bolsas de Iniciação Científica (Pibic) e trouxe melhoria para a produção leiteira, ao apostar no uso de grãos na alimentação das vacas. Foram testados o caroço de algodão, a semente de girassol e a soja (veja quadro). “Cada amostra de leite retirada foi analisada em laboratório. Os resultados mostram que, em dois casos (soja e girassol), a produtividade dos animais superou a apresentada quando receberam a suplementação padrão, geralmente utilizada nas fazendas, que é composta por farelo de soja e milho”, explicou o orientador do

Suplementação

(Farelo de soja/milho)

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CAPA projeto e coordenador do curso de Zootecnia, Dr. Rodrigo Gonçalves Mateus. Mais do que o crescimento na produtividade, há indícios de que a qualidade do produto tenha aumentado. Se possuir um alto índice da gordura insaturada, considerada boa para o organismo humano, o leite pode ser nutracêutico — alimento capaz de

trazer benefícios à saúde, prevenir e combater doenças. “Por ter maior qualidade, o produtor vai poder cobrar um preço maior pelo litro na hora da venda e aumentar os lucros”, concluiu o acadêmico de Medicina Veterinária, Lucas Gomes da Silva. Além dessa pesquisa, há outros 65 planos de trabalho ligados ao agrone-

gócio sendo desenvolvidos por graduandos da Católica que integram a iniciação científica no ciclo 2017/2018. Muitos desses estudos são feitos em parceria com os Programas de Pós-Graduação em Ciências Ambientais e Sustentabilidade Agropecuária, em Biotecnologia e em Desenvolvimento Local

Criação de novas tecnologias Na UCDB, há pesquisadores que buscam criar novos equipamentos e tecnologias para permitir aos produtores rurais monitorar de perto a produção e ter acesso a dados precisos. O Grupo de Pesquisa e Desenvolvimento Tecnológico e Inovação em Visão Computacional (Inovisão) faz isso por meio da imagem e da fotografia: criam itens que permitem a captação desse material e desenvolvem softwares inteligentes capazes de analisar o conteúdo automaticamente.

Segundo o professor da UCDB que lidera os trabalhos, Dr. Hemerson Pistori, a visão computacional ganhou espaço no agronegócio nos últimos cinco anos e chegou para trazer vantagens para o produtor. “A partir do monitoramento, é possível reduzir custo, agredir menos o meio ambiente, diminuir o estresse do animal e aumentar a qualidade do que se produz”, orientou o docente. Atualmente, 21 alunos, da graduação e dos programas de mestrado e doutorado, formam

equipes multidisciplinares e desenvolvem seis projetos em parceria com estudantes da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS) e do Instituto Federal de Mato Grosso do Sul (IFMS) nas áreas de pecuária, agricultura e piscicultura. Para o desenvolvimento dos trabalhos, o Inovisão conta com o apoio da Fundect e de outras duas agências de fomento: a Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes) e o Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq).

Contador de alevinos

Rumicam

Drones

Na área da piscicultura, a contagem dos alevinos para a venda era feita manualmente, levava horas, envolvia diversos colaboradores da produção e, o pior: não existia a certeza de que a quantidade solicitada estava correta. Diante desse cenário, o Projeto Pacu — uma das empresas pioneiras no Estado no setor de aquicultura — procurou a UCDB e expôs a necessidade de automatizar o processo. Foi montada uma estrutura física para que os alevinos passassem por uma rampa iluminada com uma câmera na parte superior e, em seguida, caíssem em um tanque. Conforme a imagem dos peixes é capturada, um software faz a contagem. O projeto é desenvolvido desde 2016 e está na fase de aprimoramento; o acadêmico de Engenharia Mecânica da Católica Eduardo Quirino Arguelho de Queiroz desenvolve um terceiro protótipo, mais compacto e de fácil locomoção. Já o mestrando em Ciências da Computação pela UFMS, que ingressou no projeto ainda quando era acadêmico de Engenharia da Computação na UCDB, Adair da Silva Oliveira Júnior, tem a missão de adicionar ao software mais uma função: pesar os alevinos para que o produtor possa identificar a curva de crescimento de cada um.

Uma espécie de canga pantaneira com duas câmeras acopladas, uma que permite registrar imagens da lateral da mandíbula do bovino, e a outra que grava a parte frontal — esse é o “Rumicam”, um equipamento desenvolvido com o intuito de monitorar o rúmen do animal. A confecção do item começou em março de 2017 e, por enquanto, há um protótipo que já faz a captura das imagens e as armazena em um hardware. Também existe a possibilidade de que a gravação seja acompanhada em tempo real pelo celular ou computador, caso haja uma conexão com o dispositivo pela internet. “Com o material gravado pelo Rumicam, vai ser possível saber a respeito do comportamento do animal: como ele seleciona a pastagem, a quantidade de fibra que ingeriu, se ele mastiga normalmente e se possui o ciclo de rúmen dentro do padrão. Essas informações podem facilitar o manejo, identificar se o animal está doente e também o nível de aproveitamento alimentar”, esclareceu o integrante da pesquisa Gilberto Luciano de Oliveira, mestrando em Desenvolvimento Local pela UCDB. Para que todas essas informações sejam identificadas automaticamente, está sendo desenvolvido um software baseado em inteligência artificial. O trabalho é feito pela acadêmica de Engenharia de Computação Milena dos Santos Carmona

Como uma ferramenta eficiente para monitorar grandes produções agrícolas, os drones são bastante utilizados, contudo, muitas vezes, faltam recursos para que o material capturado seja analisado automaticamente. No projeto desenvolvido na Católica, desde 2014, foi criado um software capaz de mapear, a partir de fotografias, as áreas da lavoura afetadas por ervas daninhas. Além de utilizar o drone tradicional que possui uma câmera na parte inferior, os pesquisadores desenvolveram uma haste com uma câmera na ponta para ser acoplada ao equipamento, o que permite registrar a imagem da folha por baixo com o intuito de identificar doenças. O próximo passo da pesquisa agora é fazer com que o software consiga reconhecer também patologias e indicá-las na imagem. Sete pessoas participam do projeto entre pesquisadores da UCDB e UFMS, duas delas são: o doutorando Gilberto Astolfi e o mestrando Gabriel Kirsten Menezes. “Testamos diferentes maneiras de treinar o software para que ele reconheça os diferentes sintomas que as doenças causam nas plantas, com isso, ao identificá-los, conseguirá apontar com precisão para o produtor”, esclareceram.

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Acadêmicos e docentes estudam fungo que pode ser usado como ferramenta de controle de pragas.

que, juntos, trazem pelo menos outras 40 pesquisas na área. Formação Por ser Mato Grosso do Sul um estado forte na produção agropecuária, com aproximadamente 28,2 milhões de hectares divididos em 80 mil propriedades, de acordo com o levantamento feito pelo Instituto de Meio Ambiente do Estado (Imasul) com base no Cadastro Ambiental Rural (CAR), as pesquisas, além de trazerem melhorias para o produtor, ajudam a alavancar o desenvolvimento da região como um todo. “A UCDB tem um grupo forte de pesquisa que, há muito tempo, trabalha em prol da agropecuária. São profissionais de diversas áreas do conhecimento com alta capacidade e reconhecimento nacional e, com isso, percebo que estamos desempenhando um bom papel não só na produção de material técnico, mas também na formação de recursos humanos. Esse é o nosso grande diferencial: trabalhamos para que os alunos saiam daqui aptos para ajudar ainda mais, no desenvolvimento da nossa região”, comentou o Pró-Reitor de Pesquisa e Pós-Graduação da UCDB, Dr. Cristiano Marcelo Espínola Carvalho. Para o desenvolvimento do traba-

lho, a UCDB tem feito diversas parcerias com outras instituições de ensino e pesquisa com o intuito de promover a troca de conhecimento entre os profissionais de diferentes áreas. Além disso, também há a participação do Governo de Mato Grosso do Sul, por meio da Fundação de Apoio ao Desenvolvimento do Ensino, Ciência e Tecnologia (Fundect), e do Governo Federal — juntos, eles viabilizaram, por exemplo, a criação do primeiro Instituto Nacional de Tecnologia (INCT) no Estado voltado para desenvolver estudos com o foco na agropecuária, localizado no campus Tamandaré. De acordo com Cristiano, as parcerias firmadas são importantes, pois alinham interesses e promovem o crescimento do conhecimento científico em Mato Grosso do Sul: “Os projetos de pesquisa são desenvolvidos, geralmente, a partir de uma ne-

cessidade do setor detectada pela Fundect e repassada para nós. A partir daí, unimos forças para iniciar o estudo. A ciência cresce dessa maneira: com os pesquisadores e as instituições trabalhando juntos em prol do avanço do Estado”. Segundo o governador de Mato Grosso do Sul, Reinaldo Azambuja, esse trabalho desenvolvido pela UCDB e demais instituições tem um papel preponderante no desenvolvimento do Estado e do país. “Muito do aumento da produtividade e da estabilidade do setor produtivo se deve às pesquisas feitas, por isso enxergamos a Universidade como uma ferramenta fundamental e extremamente positiva para auxiliar no crescimento das regiões. Uma das prioridades é incentivar esses estudos e, principalmente, difundi-los, isso é muito importante para que avancemos”. Pioneirismo Um dos marcos na pesquisa de Mato Grosso do Sul deu-se com o funcionamento do Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia (INCT) liderado pela UCDB que tem como proposta desenvolver medicamentos para uso veterinário a partir de partículas encontradas na fauna e na flora brasileira. Esse é o primeiro instituto em Mato Grosso do Sul, resultado de uma parceria entre os governos federal e estadual, e ao todo, engloba um investimento de R$ 10 milhões. Desde 2015, quando o Instituto foi criado, estudos são desenvolvidos por mestrandos, doutorandos e pós-doutorandos que integram os Programas de Pós-Graduação em Biotecnologia e em Ciências Ambientais e Sustentabilidade Agropecuária da UCDB, com o apoio de acadêmicos da iniciação científica. Além disso, o INCT con-

Pesquisadores do primeiro INCT de Mato Grosso do Sul desenvolvem medicamentos de uso veterinário.

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CAPA

Cadeia produtiva e preservação cultural ta com a participação de 220 pesquisadores associados, de 22 instituições em 18 países diferentes. Há seis projetos de pesquisa em execução atualmente. Um deles identificou, na toxina do escorpião amarelo (Tityus serrulatus), uma proteína com atividade contra bactérias. Em laboratório foi feita uma mudança na estrutura físico-química dessa partícula que lhe potencializou o efeito. Com isso, os pesquisadores acreditam que ela pode ser eficiente no combate de doenças que atacam equinos, bovinos, aves e suínos. O trabalho desenvolvido pelo mestre em Biotecnologia Lucas Bianchi é o que dá suporte para essa pesquisa. Sob a orientação do professor Dr. Ludovico Migliolo, primeiro a proteína foi testada contra seis bactérias que causam doenças em seres humanos. “A molécula foi eficaz, principalmente, contra três tipos de bactérias: Escherichia coli e a Enterococcus faecalis, responsáveis por causar infecções urinárias e intestinais, e também contra a Staphylococcus aureus, uma das principais causadoras de infecção hospitalar, além de ser responsável por provocar infecções na pele e intoxicação alimentar”. Agora, o próximo passo é verificar se a mesma molécula é eficiente para combater doenças que atacam os animais, como mastite, brucelose, tuberculose bovina, diarreia aviária e salmonelose. “Com essa segunda etapa da pesquisa, se tivermos um bom resultado, vamos conseguir trazer novas alternativas para os produtores, pois, quando essas doenças ocorrem, causam grandes perdas na produção”, explicou Ludovico.

Além de criar novas tecnologias que auxiliem na produção de culturas já estabelecidas, algumas pesquisas têm como objetivo estimular a formação de novas cadeias produtivas. Duas delas vêm para incentivar a produção de guavira — um fruto do Cerrado, rico em vitamina C, considerado em novembro de 2017, conforme a Lei Estadual 5.082, símbolo de Mato Grosso do Sul. Com base na quantidade de frutos que são comercializados no Estado na época da safra — concentrada basicamente em final de outubro e início de janeiro — observa-se que 90% deles vêm do extrativismo, pois existe um número extremamente reduzido de plantio de guavira. Segundo o professor Dr. Denilson Guilherme, um dos docentes que dá suporte aos estudos na área, esse é o principal problema enfrentado, porque existe o risco de que o fruto se acabe. “Há duas situações que podem trazer a extinção da guavira: a primeira é que planta pode ser simplesmente dizimada das propriedades, e a outra é uma questão genética. Quando as pessoas vão colher a guavira, escolhem sempre os frutos maiores e mais bonitos e deixam no pé aqueles mais feios e menores. Como não há o plantio, os frutos que caem no solo e geram as novas plantas possuem menor qualidade, o que causa um empobrecimento genético. Com o passar do tempo, isso pode culminar no desaparecimento da planta”, esclareceu Denilson. Para driblar esse cenário, as pesquisas desenvolvidas em parceria com a Agência de Desenvolvimento Agrário e Extensão Rural de Mato Grosso do Sul (Agraer) vêm para estabelecer uma cadeia produtiva por meio da produção de muda. Um estudo feito pelos acadêmicos de Agronomia da UCDB Uesley da Costa Barbosa e Sérgio Andrade dos Santos, por exemplo, identificou uma forma de fazer com que a muda se desenvolva melhor com o uso de fertilizante de libera-

ção lenta e correção do solo. Outro desafio que os pesquisadores buscam vencer é a produção da muda por outros métodos, além da semeadura. Cada espécime leva de quatro a cinco anos para dar a primeira carga de frutos, um tempo grande, que pode ser reduzido por meio de diferentes formas de plantio. Há duas técnicas que são testadas pela doutoranda em Ciências Ambientais e Sustentabilidade Agropecuária da UCDB India Mara Sgnaulin, e a grande expectativa está no método de enxertia: “Produzimos mudas a partir da semeadura e, quando o tronco delas atingirem de 8 a 10 cm de diâmetro, será feito o processo com plantas adultas. A enxertia consiste basicamente em cortar o caule da muda mais nova e acoplar no lugar um pedaço do caule da planta adulta, dessa forma as características do espécime mais velho se mantém e alcançamos um processo de enraizamento precoce e também reduzimos o tempo de produtividade”, explicou. Outro braço da pesquisa desenvolvida por India é identificar um padrão de fruto para agregar valor à cadeia. De acordo com o professor Denilson, é preciso padronizar a venda: “Em algumas regiões do Estado, temos, em um litro, quase 200 frutos e, em outras, o mesmo litro pode ter 70; então há uma discrepância muito grande, e não há uma agregação de valor”. O primeiro passo desse estudo foi feito pelo acadêmico de Agronomia, Diego Moraes Mello, que identificou que, apesar de ter alteração no tamanho do fruto no decorrer da safra, há uma média. “Selecionei dez pés de guavira e fiz a colheita por quatro vezes; no final, identifiquei que o padrão médio do fruto é de 15 milímetros de diâmetro. Acredito que, com isso, o produtor vai poder identificar se o fruto dele está dentro do padrão esperado e ter um cuidado maior de selecionar as guaviras na hora da colheita”, explicou Diego.

Equipe da UCDB que busca estimular a cadeia produtiva da guavira

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da educação!

MKT BCG

Missão Salesiana de Mato Grosso

serviço

ANUNCIO

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CARTA DE NAVEGAÇÃO

Silvia Tada

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onde queremos chegar? Qual o melhor caminho a percorrer? Seja em uma viagem ou em um projeto, o planejamento é fundamental para o sucesso. E, quando se pensa em uma instituição como a Universidade Católica Dom Bosco, que envolve cerca de 1.000 colaboradores e mais de 10 mil alunos, os objetivos têm de ser claros e definidos. E foi assim que foi desenvolvida a mais nova edição da Carta de Navegação - como é chamado o planejamento estratégico institucional, que terá vigência pelos próximos cinco anos. Nela constam os objetivos, projetos e ações estratégicas que a universidade tem adotado para desenvolver sua missão de formar integralmente os acadêmicos. “O trabalho de atualização da Carta, que está na terceira versão (a primeira durou de 2008-2012 e a segunda, de 20132017), envolveu todo o corpo docente e administrativo, que pensou aonde quere-

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mos chegar e como faremos isso. Foi um exercício intenso e que resultou em projetos muito práticos e factíveis”, ponderou o Reitor da UCDB, Pe. Ricardo Carlos. Líder do grupo gestor da Carta de Navegação, o Pró-Reitor de Desenvolvimento Institucional, Ir. Gillianno Mazzetto, destacou os principais pontos do documento: “Entre as principais questões, estão o fortalecimento da gestão buscando a cooperação entre as partes, o pensamento sistêmico e a gestão focada em resultado. Além disso, temos a busca da excelência nos processos de ensino, pesquisa, extensão e pastoral, tendo como meta a consolidação da posição da UCDB como referência intelectual do Mato Grosso do Sul, o fortalecimento do relacionamento entre a universidade e a sociedade, a internacionalização e também o reforço da universidade em Pastoral”. A implantação da Carta já teve início,

com a reorganização do processo da gestão, a ampliação dos convênios com outras universidades do mundo buscando construir acordos de cooperação e mobilidade e a reorganização da forma de ensinar visando à formação integral e de excelência.


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UCDB recebe certificação de excelência na gestão Jakson Pereira

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rimeira universidade brasileira a receber a certificação “Compromisso com a Excelência” do MS Competitivo e Fundação Nacional de Qualidade (FNQ), a UCDB inicia o ano colocando em prática os projetos apresentados que garantiram a honraria à Instituição. Esta certificação foi responsável por nortear alguns dos principais projetos prioritários da Carta de Navegação. “Durante o processo de certificação foram levantados pontos importantes com relação ao modelo de gestão que queremos e que entendemos como ser de excelência. Por isso, para alcançarmos nosso objetivo de ser a referência intelectual de Mato Grosso do Sul, foi um passo tão significativo nesse processo de desenhar o rumo da Universidade para

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os próximos anos da UCDB”, ressaltou o Pró-Reitor de Desenvolvimento Institucional, Ir. Gillianno Mazzetto. Para conseguir a certificação, a UCDB foi auditada por um profissional vindo da Fundação Nacional de Qualidade que trabalhou em conjunto com uma equipe do MS Competitivo. Para que o resultado aparecesse, foram montados grupos de trabalho com gestores administrativos e pedagógicos da Instituição que trabalharam vários meses para alcançar as metas para certificação. Assim, a partir de agora, todos os processos de gestão da universidade serão acompanhados para uma melhoria contínua dos serviços. Esse modelo de gestão tem como foco o desenvolvimento humano e a inovação, com indicadores,

metas e objetivos claros que facilitam o trabalho de todas as equipes, desde os administrativos até os professores e coordenadores de cursos de graduação, mestrados e doutorados. Mas apesar da certificação ter sido um passo importante, o Reitor da UCDB, Pe. Ricardo Carlos, frisa que se trata de um processo contínuo: “Temos de ter claro que esse processo não termina com a certificação. Para se manter uma organização devidamente reconhecida com qualidade, buscando a excelência, mas apesar de a certificação é preciso continuar trabalhando. Queremos continuar com esse empenho para que possamos sempre oferecer a comunidade acadêmica e a sociedade o que temos de melhor: a educação”.


ANUNCIO

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UNIRILA

UCDB integra Rede Universitária da Rota da Integração Latino-Americana Gilmar Hernandes

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Universidade Católica Dom Bosco integra a Rede Universitária da Rota da Integração Latino-Americana (UniRila), constituída em 2017 em Campo Grande (MS), durante o seminário, na qual reuniu representantes de Instituições de Ensino Superior de quatro países: Argentina, Brasil, Chile e Paraguai. Como resultado do primeiro seminário, foram elaborados três eixos de trabalhos – internacionalização e mobilidade acadêmica, impactos sociais e desenvolvimento local e turístico, incluindo pesquisadores da UCDB em todos eles, e o terceiro eixo que é coordenado pela Pró-Reitora de Extensão e Assuntos Comunitários, professora Dra. Luciane Pinho de Almeida. Os participantes assinaram uma Carta que firmou a importância da Rota e reconheceu o trabalho da Rede Universitária. Com o trabalho nos três eixos, está sendo formada uma rede que envolve pesquisadores – doutores, mestres, doutorandos e mestrandos. “A ideia do grupo que coorde-

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Um dos encontros foi realizado no Congresso de ensino, pesquisa e extensão da UCDB

no (Impactos Sociais) é discutir quais serão os impactos positivos e negativos, dentro do âmbito social. Quais são os impactos para as comunidades locais? O que essa rota, sendo aberta, vai trazer de saldo positivo e negativo dentro das comunidades?”, destacou a profes-

sora Luciane Pinho. Os primeiros resultados da participação dos pesquisadores da UCDB, que integram a UniRila, na qual analisaram os aspectos econômicos e ambientais dos 14 municípios brasileiros que irão integrar a Rota Bioceâ-


Parcerias

Pesquisadores reunidos para tratar o tema na Universidade Católica Dom Bosco

nica, foram entregues ao superintendente regional do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (DNIT), Thiago Carim Bucker, em junho deste ano. “Demos um passo importante e queremos continuar trabalhando de maneira que o conhecimento

possa transformar realidades. Essa pesquisa traz a tona a nossa filosofia no sentido de contribuir com o desenvolvimento das regiões”, comemora o Reitor da UCDB, Padre Ricardo Carlos. Ela ainda reforçou que os integrantes de

Além da UCDB, aqui no Brasil também fazem parte da UniRila a Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul (UEMS), Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS), Universidade Federal da Grande Dourados (UFGD), Uniderp e Instituto Federal de Mato Grosso do Sul (IFMS). Essas instituições compõem o Conselho de Reitores das Instituições de Ensino Superior de Mato Grosso do Sul (CRIE-MS). A UniRila conta ainda com instituições estrangeiras: a Universidade Nacional de Jujuy e a Universidade Nacional de Salta (Argentina); Universidade de Antofagasta e Universidade Católica do Norte do Chile (ambas do Chile); e a Universidade Nacional de Assunção (Paraguai).

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UNIRILA

cada país farão a própria pesquisa, consultando órgãos governamentais, empresários, verificando a realidade social. “Com esse trabalho, faremos um levantamento da realidade social de cada país que integra o Rila. Esse primeiro trabalho, estamos chamando de diagnóstico das condições e vulnerabilidades sociais, pois são aspectos vivenciados pela população que reside ao longo do território que forma o corredor bioceânico – Brasil, Paraguai, Argentina e Chile. Para traçar um quadro geral da Rota, segundo a Pró-Reitora, a expectativa é que os projetos de pesquisa sejam concluídos em dois anos, mas o trabalho pode se estender à medida que aparecerem novas questões a serem trabalhadas ao longo do território. Já estão programadas uma videoconferência e uma reunião na Argentina. O segundo seminário do UniRila está agendado para outubro deste ano. O professor Michel Constantino, vice coordenador do Programa de Pós-Graduação em Desenvolvimento Local da UCDB, que liderou o grupo Desenvolvimento Local e Turismo, formado no primeiro seminário do Rila, reforça que essa iniciativa tem efeitos multiplicadores, pois, com a expansão do eixo exportador, o aumento de renda, emprego, infraestrutura, novas oportunidades surgem naturalmente — uma delas é o turismo. “Estamos realizando estudos preliminares sobre todos os efeitos da Rila em relação ao processo de desenvolvimento, contando com um grupo multidisciplinar e, principalmente, coletando dados e informações para análises mais profundas. O trabalho desenvolvido tem uma peculiaridade importante, os agentes econômicos (empresas, governo, universidades) estão se abrindo para escutar a academia, e a academia está se abrindo para auxiliar a sociedade. Nesse contexto, o trabalho tem uma avaliação muito positiva, e está sendo fundamental para garantir a transparência e o suporte técnico necessário para obter os melhores resultados para todos os envolvidos”, explica. “É uma responsabilidade muito grande, mas é um campo de pesquisa amplo. Estamos em um território aberto com todas as perspectivas. O que vem pela frente a gente não sabe. Campo de pesquisa aberta para mil possibilidades, de desenvolvimento, de infraestrutura, mobilidade, acessibilidade, entre outras”, destaca a professora Arlinda Dorsa, que integra o eixo Desenvolvimento Local e Turístico. Estima-se que a nova rota reduza em 30%

os custos com transporte. Além dos trabalhos que já estão sendo realizados, são aguardados recursos solicitados à Fundação de Apoio ao Desenvolvimento do Ensino, Ciência

Carta Campo Grande

“Desafios sociais, turísticos, econômicos e potencialidades acadêmicas” 1 - Internacionalização e Mobilidade Acadêmica • Elaborar a regulamentação de funcionamento da UniRila; • Constituir um comitê responsável pela gestão da UniRila, formado por representantes de cada universidade; • Mapear as potencialidades de ensino, pesquisa e extensão das universidades participantes da UniRila. 2 - Impactos Sociais • Constituir um observatório social da UniRila com coordenação geral e coordenações institucionais; • Elaborar o diagnóstico sobre as reais condições e os possíveis impactos sociais; • Desenvolver o plano estratégico de medidas eficazes especialmente dedicadas ao impacto na exploração sexual infanto-juvenil, assim como questões relacionadas às atividades produtivas indígenas. 3 - Desenvolvimento Local e Turismo • Desenvolver um aplicativo para dispositivos móveis para impulsionar o turismo; • Realizar pesquisas para identificar potencialidades e fragilidades das comunidades originais e tradicionais; • Mapear as potencialidades dos atrativos turísticos da Rota (Análise de potencialidades / produtos para turismo de experiência “slow cities”, diagnóstico de produtos formatados)

Unirila reúne diversas instituições de ensino superior

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e Tecnologia do Estado de Mato Grosso do Sul (Fundect), para auxiliar na execução dos projetos de internacionalização, impacto social e desenvolvimento local e turístico proposto pela Rede.


Equipe da UCDB entregou estudo para diretor do DNIT

CAMINHO À ÁSIA Rota de MS a portos do Chile O corredor bioceânico criará importante conexão viária entre o Centro-Oeste brasileiro e o Pacífico, reduzindo o tempo de trânsito e o custo do serviço de transporte, além de estimular o desenvolvimento de projetos, a integração produtiva e a agregação de valor nos países de origem e de destino, assim como nos países de trânsito. Em Mato Grosso do Sul, vai fornecer ao agronegócio uma saída para o Pacífico, permitindo tanto o escoamento da produção quanto a importação direta de insumos a preços mais competitivos para tomar parte no mercado da Ásia. No Chile, irá incrementar o comércio com os países da região, consolidando o país como importante plataforma logística. Na Argentina, visa fortalecer a implementação do Plano Belgrano, que prevê investimen-

tos em infraestrutura da ordem de US$ 15 bilhões. Para o Paraguai, o corredor melhorará a infraestrutura e integrará a região do “Chaco” ao resto do país. A rota sairá de Porto Murtinho (MS), cruzando o território paraguaio por Carmelo Peralta, Mariscal Estigarribia e Pozo Hondo; atravessando o território argentino, nas cidades de Misión La Paz, Tartagal, Jujuy e Salta; ingressando no Chile pelo Passo de Jama, até alcançar os portos de Antofagasta, Mejillones e Iquique. O início da construção da ponte para ligar Brasil/Paraguai depende de processo licitatório, uma obra cuja metade será custeada pelo governo federal. A expectativa é que a construção tenha início ainda neste ano.

Nova opção de trajeto reduz em 30% custos com transporte

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CRIANÇA ATIVA

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Projeto de extensão estimula leitura, escrita e práticas esportivas

Alunos de seis a 14 anos são atendidos gratuitamente no campus Tamandaré Natalie Malulei

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por meio do brincar que crianças de seis a 14 anos aprendem a gostar de ler, escrever e também praticam esportes. As atividades lúdicas são proporcionadas pelo projeto de extensão Criança Ativa, desenvolvido pela Universidade Católica Dom Bosco, que atende a comunidade gratuitamente, há 15 anos, e tem transformado a realidade dos pequenos. “Alguns chegam aqui com aquela ideia do ‘não gosto’, mas, a partir do momento que partici-

pam, querem fazer, pois é algo diferente da oportunidade que eles têm na escola ou em casa”, comentou a acadêmica de Letras e extensionista do projeto, Gabriele Burgo. Parte das atividades é desenvolvida na sala de leitura, onde as crianças têm contato com a arte plástica, literatura e escrita. Em uma das propostas, por exemplo, cada um fez um desenho que representasse o quadro de Cândido Portinari “O menino e a pipa” e, após traçarem o papel, os alunos

foram divididos em grupos para escreverem uma história relacionada à gravura. O conto escrito por Marim Félix, de 11 anos, era sobre um menino que sonhava em fazer uma pipa que voasse: “Ele pegou saco plástico de lixo, alguns gravetos e fez a pipa. Em seguida, foi testá-la, correu e a descarregou, quando percebeu que ela estava voando ficou muito feliz!”. Mais do que atividades como esta, as crianças que participam do projeto também

Três vezes por semana, crianças das comunidades próximas à UCDB participam do projeto no contraturno da escola

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CRIANÇA ATIVA

têm contato com o esporte por meio de aulas de judô e de natação. As duas modalidades são ensinadas no complexo poliesportivo da Católica e vêm para estimular o desenvolvimento dos pequenos, junto com as brincadeiras interdisciplinares. Segundo a coordenadora do projeto, professora Cláudia Diniz, como a extensão reúne os cursos de Letras, Pedagogia e Educação Física da UCDB, em 2018, foram criadas atividades que misturam as três áreas do conhecimento. Uma delas é o pega-pega das palavras — no pátio, cada participante precisa fugir do outro e carregar no bolso um bilhete com uma palavra escrita; quando ele é “pego” por alguém, a pessoa lê em voz alta e diz o que significa, para que todos aprendam. “Por meio dessas brincadeiras desenvolvidas no projeto, a criança aprende a lidar com as diferenças de outras crianças, a respeitar as regras, os princípios e valores. Além de tudo isso, a parte física e motora dos pequenos é estimulada o tempo todo, junto com o aprendizado cognitivo”, esclareceu Cláudia. Formação de profissionais Ao proporcionar o desenvolvimento das crianças, o trabalho feito pelo projeto Criança Ativa ajuda na formação de profissionais competentes. Como todas as atividades são aplicadas pelos extensionistas — acadêmicos de Letras, Pedagogia e Educação Física da Católica —, sob a supervisão dos professores, eles têm a oportunidade de vivenciar o dia a dia da profissão e prepararem-se para o mercado de trabalho. “É um grande crescimento para mim, já que antes eu tinha que me preocupar em criar atividades apenas relacionadas à minha área (Educação Física) e, agora, temos um novo desafio: a proposta da interdisciplinaridade. Mas nós estamos conseguindo, e eu estou aprendendo muito, acredito que, quando me tornar profissional, isso será de grande uso pra mim”, comemorou o extensionista Daniel dos Santos.

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Crianças atendidas Atualmente, 60 crianças estão matriculadas no projeto, mas há capacidade para atender mais de 100 alunos.

Atividades esportivas, como judô e educativas, como leitura, fazem parte do projeto

Horários de Atendimento O projeto Criança Ativa é desenvolvido três vezes por semana — segunda-feira, quarta-feira e sexta-feira —, no complexo poliesportivo da UCDB, localizado na Avenida Tamandaré, nº6000, Bairro Jardim Seminário. As crianças são atendidas no contraturno da escola, durante a manhã, das 7h30 às 11h, e à tarde, das 13h30 às 16h30. Para obter mais informações sobre o projeto, entre em contato por meio do número (67) 3312-3324.


ANUNCIO

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INOVAÇÃO

Empresa ENG funciona no campus da Universidade Católica desenvolvendo soluções tecnológicas e da oportunidade para acadêmicos e egressos

S-Inova gradua duas empresas e abriga outros oito projetos Silvia Tada

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ncubadora. O termo pode parecer estranho quando trazido para o mundo empresarial, mas, muitas vezes, pequenos negócios precisam exatamente desse período de “formação” para ingressar no mercado de maneira segura. A incubação, nesse caso, envolve fomento, orientação, conhecimento de outras experiências para ter sucesso. Foi assim com a Anna Mattos Cosméticos e a Eng Soluções Tecnológicas,

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duas empresas incubadas em 2016 pela Agência de Inovação e Empreendedorismo, S-Inova, da Universidade Católica Dom Bosco (UCDB), as quais agora, após um processo de desenvolvimento e crescimento, recebem a graduação. Outras duas empresas continuam o processo de incubação: LabDoc e Kratos (veja box pág. 31). São processos bem distintos e consolidados. A empresa chega até a S-Inova em

estágio inicial — às vezes é só uma ideia inovadora que precisa ser lapidada. Em treinamentos, palestras e atendimento personalizado são oferecidas ferramentas de gestão e orientações que vão desde os processos gerenciais até a operacionalização e comercialização do produto. Essas informações contribuem para o crescimento da empresa que, quando está “pronta”, é promovida — o que é chamado de graduação.


Para Ana Helena Mattos, médica ginecologista que criou uma linha de cosméticos a partir do barbatimão (Stryphnodendron), a atual fase é de expansão. Seus produtos estão em vários pontos de venda de Campo Grande, e a empresa avalia a exportação e prepara uma linha de produtos pet. Chegar a esse estágio não foi fácil, mas o caminho ficou mais claro com a ajuda da S-Inova: “A experiência de estar incubada foi fundamental. Foi um divisor de águas na minha vida como um todo. Eu tinha uma ideia, um protótipo, mas só — estava perdida. Foi quando procurei a S-Inova e tive toda orientação: criei a empresa, montamos o plano de negócios, o planejamento, fomos atrás de melhorar processos, fornecedores adequados, estruturamos tudo. Se eu tivesse esses ensinamentos todos há 24 anos, quando me formei em Medicina, minha vida profissional teria sido escrita de forma diferente”, avaliou a incubada. Hoje, a Ana Mattos Cosméticos tem planos mais altos: aumentar o número de venda de produtos e lançar a linha de higiene animal, a San Pet Saúde Animal, também baseada no extrato de barbatimão. “Outro ponto importante é a estruturação da cadeia produtiva com mulheres da comunidade Monjolinho, que fazem a coleta da casca da árvore de forma sustentável. Os trabalhos que a gente desenvolve hoje com diversos cursos da UCDB estão rendendo pesquisas, projetos, e essa parceria está se desenvolvendo cada vez mais”. Prêmios Colecionando prêmios — e reconhecimento de um bom trabalho — os sócios da Eng, Lucas Aguirre e João Carlos Siqueira, egressos do curso de Engenharia da UCDB, acumulam experiência e bons projetos. Recentemente, ganharam destaque como a única empresa de Mato Grosso do Sul a ser finalista no Programa Conexão Startup

Campo Grande debate Lei de inovação Em tramitação na Câmara de Vereadores de Campo Grande, Lei Municipal de Inovação pode promover o incentivo à ciência, tecnologia e empreendedorismo. O autor da proposta é o vereador Otávio Trad, que explica que o projeto autorizativo será um marco inicial na legislação de inovação na Capital. “Antes de elaborar a proposta, houve um amplo debate entre universidades, como a UCDB, integrantes da prefeitura, sociedade civil e vereadores. Sinto uma grande mobilização dos cidadãos campo-grandenses; a cidade se adequa exatamente ao perfil empreendedor e inovador, já que está em crescimento, é planejada, e Mato Grosso do Sul está muito bem localizado, próximo aos estados de São Paulo, Paraná, Mato Grosso, e de acesso fácil ao Rio de Janeiro, entre outros pontos importantes do Brasil”, ponderou o parlamentar. Conforme explicou, a lei estabelecerá regras para parcerias público-privadas, estipulando como será a inovação na Capital. A proposta tramita nas comissões pertinentes e pode ir à votação neste ano.

Indústria, selecionada pela gigante da área de alimentos, a BRF S.A, e recentemente escolhida pela Aceleradora Baita, de Campinas, umas das mais proeminentes do Brasil. “A S-Inova nos deu sempre um suporte muito grande na questão da formalização da empresa; também utilizamos o espaço para a sede da Eng, além de contratarmos estagiários que, depois, se tornam funcionários”, enumerou Lucas. O projeto principal é uma balança de gado automatizada, instalada junto ao bebedouro dos mangueiros. Com um chip no brinco do animal, o produtor recebe, em tempo real, as informações sobre ganho de peso e condições gerais de saúde do rebanho. A diretora de Inovação da UCDB, Neila Farias Lopes, analisa a mudança de entendimento sobre empreender no Brasil. A crise política e financeira serviu para despertar ainda mais o empreendedorismo no país e, na UCDB, não foi diferente. “A S-Inova teve início em 2015 e, nesses três anos, houve um aumento da procura interna da UCDB por informações e orientações para projetos de empreendimentos. Isso significa que a própria comunidade

acadêmica está despertando para a necessidade de empreender. E temos recebido propostas inovadoras, com potencial, e, o mais importante, as pessoas estão percebendo que o projeto pode ser bom, mas precisa ser amadurecido — tudo isso com a ajuda da S-Inova”, afirmou. Uma mudança importante ocorrida na S-Inova foi a implantação do edital em fluxo contínuo. Isso significa que, a qualquer momento, um empreendedor pode submeter seu projeto à agência — e não precisa mais aguardar o lançamento de um edital específico. Mas, o maior destaque, reforça Neila, é a cultura do empreendedorismo sendo disseminada no meio acadêmico. “Mesmo que o aluno não tenha a intenção de iniciar um negócio, de ser um empresário e tenha outro perfil, no trabalho que ele desenvolve em uma empresa, com certeza, ele precisa ter atitudes de empreendedor , isto é, propor soluções criativas, focar em resultados, ser assertivo, cooperar, estar atualizado; só assim esse profissional vai gerar valor em seu trabalho e em sua vida. É um diferencial importante”, afirmou. INSPIRA | JULHO 2018

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INOVAÇÃO

Passo a passo da incubação na S-Inova Tem interesse em participar da S-Inova? Veja os caminhos a percorrer dentro da Agência de Inovação e Empreendedorismo da UCDB:

Edital

Anualmente, a S-Inova lança edital em fluxo contínuo para seleção de novos empreendimentos

Capacitação

Os inscritos no edital participam da semana de iniciação empresarial, com oficinas, palestras e elaboração de um plano de negócios

Banca de seleção

Todos os modelos de negócios são avaliados por uma banca, recebem uma nota e um feedback

Pré-incubação

Durante seis meses, os empreendedores são acompanhados para desenvolver o modelo de negócio e validá-lo no mercado

Incubação

Com duração de dois anos, é a fase de se constituir a empresa, prospectar mercado e buscar parcerias. Período em que os empreendedores são auxiliados, através de mentorias, na gestão das empresas para seu desenvolvimento

Graduação

Após o processo de inubação, a empresa torna-se graduada e parceira da S-Inova, mantendo o foco de pesquisa e desenvolvimento de inovações e as ações em parceria com a UCDB

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Utilizando o barbatimão, a médica Ana Mattos desenvolve linha de produtos de higiene pessoal; empresa foi uma das primeiras a ser incubadas na UCDB

Empresas incubadas da S-Inova ENG

ENG é uma empresa que trabalha com soluções tecnológicas de projetos inovadores com capacidade para atuar em várias áreas, mas, nesse momento, com foco em agronegócios, facilitando o acompanhamento dos processos pelo cliente, reduzindo o tempo de desenvolvimento de produtos e ampliando a produtividade.

LabDoc

Empreendimento de desenvolvimento de pesquisas e prestação de serviços na área de elaboração de kits para exames veterinários bem como análises clínicas e, ainda, realização de exames de animais de pequeno e grande porte, vindos de clínicas externas e do HOVET -Hospital Veterinário da UCDB.

Anna Mattos

Indústria de cosméticos, fragrâncias, higiene pessoal e núcleo de inovação da sociobiodiversidade de Mato Grosso do Sul. Resultado de dez anos de pesquisas e do encantamento pelos extratos do Cerrado sul-mato-grossense, a Anna Mattos Cosméticos traz uma linha completa de cosméticos, baseada nos bioativos do Cerrado brasileiro. Todos os produtos são naturais, sem corantes ou conservantes, eliminando os impactos negativos para a pele e os cabelos.

Zymbro

A empresa Zymbro desenvolve pesquisas com plantas para produzir seus chás, que são considerados alimentos de forma simples ou combinado com outras plantas ou especiarias, frios, gelados, quentes. Chás que minimizam celulite, eliminam radicais livres após uma refeição, combatem o envelhecimento celular, queda dos cabelos, insônia, estresse, memória fraca, reduz massa corporal, medidas e peso, síndromes metabólicas (obesidade, diabetes, colesterol, bulimia). Ressalta-se a importância das plantas, já que todas têm algumas substâncias de grande valor nutritivo e curativo. Países europeus, China e Índia já sabem disso há séculos e, por isso, são os maiores consumidores de chá do mundo, com baixos índices de síndromes metabólicas.

Kratos

Kratos é um sistema de gestão na nuvem feito para organizar sua empresa e dar mais tempo para você, para que gerencie o seu negócio de qualquer lugar. O Kratos descomplica a tributação brasileira. Nosso objetivo é o pagamento ideal de impostos por meio da parametrização tributária simplificada e automatização das vendas.

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PESQUISA

Proteína híbrida criada a partir da goiaba pode ser matéria-prima para novo antibiótico Pesquisa foi liderada por professor da UCDB e ganhou destaque mundial Natalie Malulei

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stá na semente da goiaba, uma das frutas mais populares do Brasil, uma proteína que pode ser a chave para a produção de um novo antibiótico. A descoberta foi feita por meio de uma pesquisa liderada pelo professor da Universidade Católica Dom Bosco, Dr. Octávio Luiz Franco. Em laboratório, criou-se a Guavagnina 2 — a molécula retirada da goiaba

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com o efeito de combate a superbactérias, potencializado por meio da bioinformática. “Criamos um algoritmo genético, ou seja, um programa de computador chamado Joker — do inglês, coringa. Com ele foi possível separar características ruins dessa molécula e inserir, no lugar delas, características positivas retiradas de outras partículas presentes na natureza que serão

mais potencialmente antibióticas, criando assim uma proteína híbrida”, esclareceu Octávio. Esse foi o resultado de um trabalho de mais de 10 anos. Segundo Octávio, a molécula presente na goiaba com atividade contra superbactérias foi identificada em 2007 e, a partir daí, iniciou-se uma pesquisa para baratear o custo do processo


S-Inova Biotech O laboratório é a integração de três alas, que permitem o desenvolvimento de pesquisas nas áreas de microbiologia, bioinformática, biotecnologia e bioquímica. O espaço atende os alunos que integram os Programas de Pós-Graduação da UCDB, principalmente, em Biotecnologia e em Ciências Ambientais e Sustentabilidade Agropecuária. Além disso, também é aberto para acadêmicos que participam de programas de iniciação científica.

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PESQUISA

Liderados pelo professor Dr. Octávio Luiz Franco (centro), pesquisadores desenvolveram uma proteína híbrida que mostrou-se eficiente no combate a infecções

e aumentar a potência da proteína. Na UCDB, a pesquisa foi desenvolvida no laboratório S-Inova Biotech, e o professor teve o apoio de aproximadamente 40 pesquisadores do Programa de Pós-Graduação em Biotecnologia e, principalmente, da pós-doutoranda e professora da Católica Suzana Meira Ribeiro. Ela mencionou que o uso do algoritmo genético, além de potencializar a atividade contra bactérias, trouxe outras vantagens: “A gente pode diminuir os efeitos colaterais que esse composto poderia, porventura, causar, ou seja, pode dar origem a um futuro medicamento, menos tóxico e mais eficaz”. Segundo Suzana, durante os testes em laboratório, a Guavagnina 2 mostrou-se muito eficiente. “Esse composto pode atuar contra diferentes tipos de bactérias como Escherichia coli, que causa infecções urinárias, e a Staphylococcus aureus, responsável por provocar infecções na pele. Além disso, ele conseguiu combater até mesmo algumas bactérias que são popularmente conhecidas como KPC (Klebsiella pneu-

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moniae Carbapenemase), preocupantes por serem super-resistentes à maior parte dos antibióticos”, pontuou. Outro ponto positivo da proteína híbrida destacado por Octávio é que ela apresentou também uma atuação eficiente contra biofilme, que são agregados de bactérias que as tornam até dez vezes mais resistentes. Com os resultados positivos, a Guavagnina 2 tem chances de chegar até as farmácias e ser acessível à população. Porém, de acordo com o pesquisador, esse ainda é um longo caminho a ser percorrido. Por enquanto, a proteína está em processo de patente: “Tudo o que a gente já descobriu vamos patentear para proteger e trazer benefícios para o nosso próprio país; após as várias etapas que estão por vir, vamos correr atrás de parcerias para criar um

desenvolvimento em conjunto com empresas e instituições interessadas”.


Parcerias internacionais Para obter os resultados do estudo, o professor da UCDB contou com a parceria de diversos programas de pesquisas no exterior, entre eles o Instituto MIT — especializado em tecnologia. Junto com o instituto americano, também apoiaram o estudo a Universidade da Colúmbia Britânica, no Canadá, por meio do Centro de Doenças Microbianas e Pesquisa de Imunidade, e a Universidade Paris-Sorbonne, na França. Já no Brasil, participaram da pesquisa a Universidade Federal de Goiás (UFG) e a Universidade Católica de Brasília (UCB). Segundo o professor Octávio, esse tipo de parceria foi fundamental para a elaboração da pesquisa: “Nós somos experts em desenvolvimento de antibióticos, mas hoje não se faz ciência sozinho, foi preciso reunir especialistas qualificados em diferentes áreas para poder auxiliar no processo. Recorremos aos pesquisadores do Canadá, pois eles possuem tecnologias que permitem testes em grandes quantidades, já o pessoal do MIT é especialista em testes com biofilme e microscopia e, por fim, os pesquisadores franceses são experts em trabalho com membranas. Aqui no Brasil, a UCB desenvolveu parte computacional e a UFG atuou na parte de estrutura de proteína. Esse trabalho integrado foi fundamental para os resultados obtidos”.

Fruta popular no Brasil, a goiaba e seus efeitos são estudados há mais de dez anos pelos pesquisadores da UCDB

Laboratórios da S-Inova Biotech são ocupados por estudantes de graduação e pós-graduação

Nature Communications Pela relevância do tema e eficácia no desenvolvimento da Guavagnina 2, a pesquisa teve uma repercussão internacional por meio da publicação de um artigo científico pela Revista Nature Communications — a mais conceituada do mundo na área da Ciência da Vida. Com o tema “In silico optimization of a guava antimicrobial peptide enables combinatorial exploration for peptide design”, o artigo recebeu o aceite em fevereiro e foi publicado em abril. De acordo com o professor Octávio, a publicação é uma conquista muito importante e demonstra a qualidade do trabalho desenvolvido,

já que mais de 99% dos materiais que a revista recebe são rejeitados. “A gente ficou muito feliz porque a Nature Communications aceitou rapidamente e não fez muitas críticas. Provavelmente esse é o primeiro artigo publicado de Mato Grosso do Sul e um dos poucos do Brasil que conseguiram esse espaço. Além do reconhecimento pelo nosso trabalho, fico mais satisfeito ainda por ser um reconhecimento da ciência brasileira”, comemorou. “Para qualquer pesquisador é um sonho realizado; publicar na Nature significa muito na carreira científica, sem falar que, com isso, a gente consegue atrair os olhares do mundo para o Brasil”, comentou Suzana Meira Ribeiro. INSPIRA INSPIRA || JULHO JULHO 2017 2018

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DESAFIO UCDB

10 anos de Desafio UCDB: Oportunidade que transforma vidas

Rafaela Flores Ruff foi uma das vencedoras do Desafio UCDB; ela optou pelo curso de Admnistração

Natalie Malulei

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eguir a área da pesquisa é o caminho que a acadêmica de Administração da Universidade Católica Dom Bosco (UCDB) Rafaela Flores Ruff, de 20 anos, pretende percorrer após pegar o diploma: “Falta um semestre para eu me formar, durante toda a minha trajetória acadêmica participei de projetos de extensão, grupos de iniciação científica e pude conhecer melhor essa área, por isso, assim que concluir a graduação, quero entrar no mestrado em Desenvolvimento Local pela Católica e depois o doutorado”. Escolher esse futuro hoje, segundo Rafaela, só foi possível após abraçar uma oportunidade única que teve há quatro anos, antes de morar em Campo Grande. Em 2014, ela conquistou uma bolsa integral para cursar a graduação por meio do Desafio UCDB — foi a melhor aluna do terceiro ano do ensino médio da Escola Estadual Antônio Valadares, em Terenos (MS). “Sempre considerei estudar na Católica, por conta da

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qualidade e estrutura, mas sem a bolsa seria difícil fazer essa opção diante do custo. Sou muito grata à Universidade por tudo; o Desafio é uma grande chance dada aos alunos, eles só precisam empenhar-se e estudar para a prova”, expôs Rafaela. Assim como a futura administradora, estudantes de vários municípios de Mato Grosso do Sul têm a possibilidade de fazer a graduação na Católica com descontos de 50% até 100% nas mensalidades ao destacar-se no Desafio UCDB. Considerado o maior programas de bolsas de estudo do Estado, a cada ano, são oferecidas por meio dele, em média, 80 oportunidades para estudar com a isenção ou abono nas parcelas do curso. “Essa iniciativa é bem interessante, porque sem a bolsa muitas pessoas não iriam conseguir fazer a graduação, por isso eu indico o Desafio, foi algo bom para mim e pode ser também para os outros”, comentou o acadêmico do primeiro semestre de Engenharia de Controle e Automação, Luiz


Como funciona o Desafio UCDB? Otávio Facchini Miozzo, de 17 anos. O aluno cursou o terceiro ano do ensino médio no Colégio Bionatus e foi destaque do polo UCDB em 2017 — fez a prova no campus Tamandaré e, ao concorrer com estudantes de várias escolas diferentes, alcançou a melhor pontuação. Como universitário, Luiz está empolgado e afirmou que, a partir dessa trajetória, espera conquistar um espaço importante no mercado de trabalho: “Estou curtindo bastante o curso e pretendo usufruir de tudo que a Instituição tem para me oferecer. Ao integrar projetos de extensão e pesquisa, além da sala de aula, tenho certeza que terei boas oportunidades no futuro”. Já foram realizadas nove edições do Desafio UCDB, ao todo, passaram pelo processo aproximadamente 60 mil alunos de 13 municípios do estado. Cerca de 130, como Luiz, ainda cursam a graduação, mas muitos outros já conquistaram o diploma. Agora, em 2018, na décima etapa do programa, que será realizada em outubro, outros alunos poderão concorrer a novas bolsas para 2019. “No início do programa, a ideia era fazer uma espécie de simulado para o vestibular, mas depois a nota alcançada pelo aluno passou a valer para o processo seletivo da Universidade, e não era mais necessário fazer duas avaliações. A partir daí, pensamos: por que não dar uma bolsa para os alunos que se destacassem? Por isso, instituímos esse prêmio por mérito. Fazemos questão de ter os melhores na nossa Instituição”, esclareceu a gestora da área de marketing da Católica, Natalli Meneguetti Idalgo Zayas. Só que não basta alcançar a melhor pontuação entre os concorrentes. Após ingressar na Universidade, o estudante precisa continuar a se dedicar nos estudos para manter a bolsa. O benefício é renovável a cada semestre, e são toleradas apenas quatro disciplinas com dependências. Essa exigência é uma maneira de estimular, ainda mais, os bolsistas e transformá-los em profissionais competentes. Um exemplo é João Alcim Souza João Neves, de 25 anos. Após conquistar a bolsa de estudos por meio do Desafio UCDB, em 2010, como o melhor aluno do Colégio Militar de Campo Grande, João fez Direito e, hoje, tornou-se assessor jurídico no Ministério Público Estadual. “Além de o diploma da UCDB pesar bastante, só trabalho na área atualmente, pois aproveitei as oportunidades que tive: fiz estágio supervisionado e construí um bom networking. Diante de todas as minhas conquistas, só tenho a dizer que a chance que o Desafio traz é fantástica. Sou um apoiador da meritocracia, pois é um meio de auxiliar aquele aluno bom, que, assim como eu, talvez não tivesse condições de fazer a graduação”, elogiou João.

O Programa é voltado para alunos regularmente matriculados no terceiro ano do ensino médio de escolas públicas e privadas de Campo Grande e de cidades vizinhas, conveniadas com a UCDB. Também é permitida a participação de alunos de cursinhos preparatórios para vestibulares das escolas conveniadas, desde que estes tenham concluído o ensino médio. O desafio consiste em uma prova com 62 questões de múltipla escolha nas disciplinas: Língua Portuguesa, Literatura, Química, Biologia, Física, História, Geografia, Conhecimentos Gerais, Matemática, Língua Estrangeira - Inglês/Espanhol e uma Redação, que é eliminatória. Na data da avaliação, o estudante disputa a bolsa de estudo com os alunos do mesmo polo que ele, ganha quem acertar o maior número de questões e obtiver a pontuação mais alta.

Transforme sua escola em um polo As escolas interessadas no Desafio UCDB, devem participar do Dia de Campus — iniciativa que traz os estudantes do ensino médio até a Universidade para que eles conheçam a estrutura e os cursos oferecidos. Após a visita, o colégio pode transformar-se em um polo se, pelo menos, 50 alunos fizerem a inscrição para a prova. Isso dá aos estudantes do local o direito de disputarem uma bolsa integral entre si para um curso de graduação à escolha. Se a escola tiver mais de 101 inscritos, duas bolsas serão disponibilizadas, uma integral e a outra de 50% de desconto, respectivamente para o primeiro e segundo colocados. Caso não tenha o número mínimo de alunos exigidos, existe a opção de os colégios se unirem e se transformarem em um polo em um acordo formal. Já os estudantes de escolas que não consideraram essa opção e possuem número de inscritos insuficiente para serem um polo, podem fazer a prova no polo da UCDB, localizado na Avenida Tamandaré, número 6000, em Campo Grande. Nessa situação, os alunos vão concorrer a três bolsas — uma integral, uma de 70% de desconto nas mensalidades e a outra de 50%.

Municípios contemplados Aquidauana / Anastácio Bandeirantes / Jaraguari Bela Vista / Jardim Bodoquena / Miranda Bonito / Guia Lopes / Porto Murtinho Camapuã Campo Grande

Corguinho / Rochedo Coxim / Rio Verde Maracaju Ribas do Rio Pardo / Água Clara São Gabriel D’oeste Sidrolândia Terenos

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SALESIANIDADE

Pós em Salesianidade: formando especialistas em Dom Bosco A vida, a obra e a pedagogia do Pai e Mestre da Juventude a partir da perspectiva histórico-crítica e contemporânea Silvia Tada

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pedagogia salesiana é reconhecida mundialmente pela sua eficácia na educação de jovens e crianças. Conhecer e analisar essa pedagogia, desde as experiências embrionárias às desafiadoras aplicações ao contexto do mundo moderno, constitui momentos privilegiados deste curso de Pós-graduação lato sensu em salesianidade, oferecido pela Universidade Católica Dom Bosco. “O curso é um serviço ousado, corajoso e pioneiro, em termos de Brasil, que a UCDB realiza em prol da Família Salesiana”, avaliou o coordenador Brasdorico Merqueades. O inspetor da Missão Salesiana de Mato Grosso e um dos professores da pós-graduação, Pe. Dr. Gildásio Mendes dos Santos, analisa: “Quando a gente olha para Dom Bosco, como ele viveu e como fez as coisas, a gente sempre tem um olhar mais teológico e espiritual, mas precisamos olhar diferente. Dom Bosco conseguiu criar um método educativo fascinante para ensinar matemática, literatura, arte, música, dança. E como ele fez isso? Como ele conseguia? O que Dom Bosco tinha que fascinava as pessoas? Como pode um padre educador fazer uma experiência no norte da Itália e conseguirmos aplicar isso em mais de cem países? Ele tinha algo mais. Então, o

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É um curso muito original pelos conteúdos, que têm como objetivo fazer um diálogo com as ciências modernas, um diálogo com homem e a mulher de hoje a partir de uma linguagem nova. O objetivo desse curso é dizer que o Sistema Preventivo foi importante para ontem, hoje e para o amanhã. Fiquei muito feliz com a profundidade, atualidade e com o interesse dessas pessoas pelo curso de Salesianidade. Primeiro é que hoje temos um interesse pelo conteúdo, e vivemos em uma era com muita informação e muita interação e, com certeza, o Sistema Preventivo de Dom Bosco pode dialogar com as novas tecnologias

Pe. Dr. Gildásio Mendes dos Santos, inspetor da Missão Salesiana de Mato Grosso

questionamento é: o modo como ele trabalhou não nos inspira hoje? Dom Bosco é um grande mosaico, é um gênio que não descobrimos ainda. Ele é tão profundo, que ainda não descobrimos tudo”. Também fazem parte do corpo docente pesquisadores e escritores, dentre

os quais, Pe. Dr. Marcos Sandrini (SDB), Pe. Dr. Afonso de Castro (SDB), Pe. Dr. Gildásio Mendes (SDB), Ir. Gillianno Mazzetto (SDB). “O material histórico acerca da vida de São João Bosco é extremamente vasto e rico e jamais é suficientemente estudado e

analisado, mesmo por aqueles que o admiram. O que queremos, nessa especialização, além de retomar importantes aspectos históricos, é refletir sobre uma nova forma de aplicar esses conhecimentos, com essa juventude que não é a mesma dos tempos do oratório de Valdocco. Acreditamos que as INSPIRA | JULHO 2018

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SALESIANIDADE

pessoas vão se motivar, arejar seus conceitos e atualizar os conhecimentos”, destacou o mestre em educação Brasdorico, que é filósofo, pós-graduado em Metodologia do Ensino Superior, Educação a Distância e em Salesianidade. Experiência Para os alunos que participam da especialização, a experiência tem sido transformadora. “É um curso que todos deveriam fazer, no qual fazemos uma reflexão diária das nossas relações profissionais, que justificam a prática na UCDB. São argumentos que nos mostram sobre o que é ser salesiano e nos propõem uma reflexão para a vida”, analisou a discente Fabiane Macedo, que é coordenadora do curso de Educação Física da Católica. “Estou encantada com o curso”, diz Ir. Maria Rodrigues (Jesus Adolescente). A primeira turma conta com 113 alunos. A nova turma tem início previsto para julho/2018. O curso é oferecido na modalidade on-line, ao longo de 15 meses, num total de nove disciplinas. Sete módulos são disciplinas específicas, como Dom Bosco e o seu tempo, Elementos Histórico-críticos da evolução da ação de Dom Bosco como educador, Gramáticas Juvenis, Salesianidade e Contemporaneidade, entre outras, além de duas disciplinas de metodologia científica e Técnicas de Produção Científica Informações e inscrições pelo site virtual. ucdb.br/salesianidade. Especialização promove reflexão sobre a pedagogia de Dom Bosco

A UCDB Virtual está com inscrições abertas para 46 cursos de pós-graduação a distância. As opções abragem áreas do conhecimento como ciências agrárias, matemática, ciências sociais, computação, comunicação, direito, saúde, educação e gestao. Saiba mais em www.virtual.ucdb.br.

Dom Bosco era um homem rígido, mas que educava com o coração.

Fabiane Macedo, discente da pós em Salesianidade

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SOBRE OMBROS DE GIGANTES

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Memória viva: Documentário retrata história de criação da UCDB Estreia contou com duas exibições no cinema e presença VIP dos colaboradores

Gilmar Hernandes

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transformação da antiga Faculdades Unidas Católicas de Mato Grosso (Fucmt) em Universidade Católica Dom Bosco (UCDB) foi retratada em 50 minutos no documentário “Sobre ombros de gigantes”, realizado pela Pró-Reitoria de Desenvolvimento Institucional (Prodi), com produção e direção da agência 8020 Marketing. A exibição, no mês de fevereiro, aconteceu no cinema do Shopping Bosque dos Ipês. “O intuito deste documentário foi relembrar a história da Universidade para que pudéssemos ver que foi um processo a longo prazo. A Universidade foi sendo construída aos poucos e envolveu muito esforço e dedicação. Existem umas dinâmicas dentro da história da Universidade que são importantes, como a inovação, o esforço, o

empreendedorismo, a coragem de se lançar a projetos novos, que está no DNA. É importante relembrar tudo isso para que as pessoas consigam perceber que aquilo que propomos hoje e estamos fazendo, na verdade, faz parte da nossa origem”, destacou o Pró-Reitor de Desenvolvimento Institucional, Ir. Gillianno Mazzetto. A história traz diversas curiosidades que ocorreram no início da Universidade, por meio de depoimentos feitos por aqueles que presenciaram essa transformação, como o depoimento do ex-Reitor, Padre José Marinoni, do atual Reitor da UCDB, Padre Ricardo Carlos, da ex-Pró-Reitora de Graduação, Conceição Butera, do ex-Pró-Reitor de Pesquisa e Pós-Graduação, Hemerson Pistori, da Pró-Reitora de Extensão e Assuntos

Comunitários, Luciane Pinho de Almeida, e muitos outros. “Enquanto produzia matérias para a UCDB, fui conhecendo cada vez mais a Universidade e as pessoas que a fazem. O que me chamou a atenção foi como a história da Instituição se mistura com a vida das pessoas, a dedicação dos primeiros salesianos e como, muitas vezes, pensar grande é a única opção para os que buscam feitos que mudem realidades. Atualmente, a UCDB tem o projeto Conecta, que pode parecer algo muito ousado, mas quando você conhece a história e a epopeia que foi chegar até aqui, vai notar que é mais um feito do tamanho que a UCDB sempre escolheu fazer”, disse o diretor do documentário, Denis Feliz.

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SOBRE OMBROS DE GIGANTES

Pe. Ricardo Carlos Reitor da UCDB

“Queremos agradecer a todas as pessoas que contribuíram com a formação e consolidação desta Instituição, sejam os salesianos, sejam os leigos. Como é agradável trabalhar nessa instituição. Como é agradável ter as pessoas aqui felizes e realizando sonhos!”

Professor Roberto Figueiredo Coordenador do curso de História

“A Fucmat e as faculdades anteriores à Fucmat funcionavam no prédio que era do Colégio Dom Bosco. Durante o dia, era Colégio Dom Bosco e, à noite, funcionavam os cursos de História, Pedagogia, Letras, Geografia, todos os cursos de licenciatura. No bloco A da UCDB, funcionava tanto a graduação, cursos de licenciatura, quanto o setor administrativo, depois chegou o bloco B. O último curso a vir pra cá (sede Tamandaré) foi o curso de Direito.

Professora Arlinda Canteiro Dorsa

Coordenadora do Programa de mestrado e doutorado em Desenvolvimento Local “Falar da Fucmat é lembrar de uma série de jovens adolescentes, os alunos que vinham do colégio estadual e que tinham uma formação brilhante e nós, as jovens, recém-saídas do curso Normal, Normalistas, não era ainda o Magistério, e que estávamos neste curso. Os professores marcaram a nossa vida”

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Pe. José Marinoni Ex-reitor da UCDB

“Coube a mim iniciar os trabalhos de transformação de Faculdades Unidas Católicas de Mato Grosso em Universidade. Foi um trabalho árduo. No dia 3 de outubro de 1993, o Conselho Federal de Educação avaliou documentos em uma sessão noturna, - me lembro muito bem, e realmente, naquele instante, o Conselho, por unanimidade, aprovara a transformação das Faculdades Unidas Católicas de Mato Grosso em Universidade. Isso no dia 4 e, no dia 27 (outubro de 1993), é que foi assinado o decreto. O ambiente que vemos hoje aqui no campus da UCDB, era apenas um cerrado. Não havia nada”.

Ir. Gillianno Mazzetto

Pró-Reitor de Desenvolvimento Institucional “É muito bonito ver que, cada vez mais, a UCDB está se descobrindo como uma Universidade que não tem fronteiras. Que o mundo está cada vez mais disponível em nossa mão. Cada vez mais está se entrelaçando, se conectando, e as pessoas querem fazer experiência desse mundo. Aí é muito forte aquilo que se constitui o sangue da Universidade, que é o ensino, a pesquisa, a extensão e, no nosso caso, a Pastoral. Cada vez mais, temos de olhar a Universidade por esse ângulo, não buscar só formar pessoas que tenham respostas técnicas para a sociedade, mas pessoas que de fato sejam agentes de transformação”

Professora Conceição Aparecida Butera Ex-Pró-Reitora de Graduação da UCDB

“A transferência da Universidade para este local foi na época muito discutida, tivemos muitas resistências, da parte dos docentes e também dos alunos, pois saíamos do Centro da cidade e vínhamos para uma local muito longe, onde não havia quase residências. Imagine que, quando vínhamos para o trabalho no período matutino, tínhamos que sair dos nossos carros para tentar tirar as vacas da rua, para que pudéssemos chegar à universidade no horário”

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ARTIGO

Se a notícia for falsa, não é jornalismo! Inara Silva

coordenadora do curso de Jornalismo da UCDB

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á fatos tão surreais que parecem mentiras. Há boatos com alto grau de verossimilhança que são confundidos com a verdade. Aqueles eventos que mais comovem e geram identificação são propagados naturalmente pelas redes sociais na internet. Mesmo sem estarem relacionadas com fatos reais, as mentiras ganham vida, são debatidas, repercutidas, geram estresse, polarizam as redes e as conexões estabelecidas nela. Contadas repetidas vezes, são capazes de alterar o destino de pessoas e de nações. A chamada pós-verdade é um termo novo que se alastra pelo mundo para se referir às notícias falsas, as famosas fake news. O verbete tornou-se tão popular que foi inserido no Dicionário de Oxford, em 2016. Nele, a pós-verdade (post-truth) é definida como substantivo “que se relaciona ou denota circunstâncias nas quais fatos objetivos têm menos influência em moldar a opinião pública do que apelos à emoção e a crenças pessoais”. Nesse caso, o que está em questão não é o conceito – filosófico ou ontológico – de verdade, mas a falta de importância dos fatos e a maior relevância dos sentimentos, sejam eles paixão, amor ou ódio. O resultado é a disseminação em massa de boatos, prática que não é nova na sociedade, mas que tem sido significativamente ampliada pelas redes sociais. Durante a II Guerra Mundial, o ministro da Propaganda nazista, Joseph Goebbels, fez uma declaração que entrou para a história: “Uma mentira repetida mil vezes se transforma em verdade”. Goebbels, considerado um dos homens fortes de Hitler, usou intensamente a propaganda para disseminar que os judeus eram responsáveis por todos os males da sociedade naquele período. A frase atribuída a Goebbels pode ser aplicada ainda hoje, já que as mentiras continuam a ser criadas e repetidas. Investigações jornalísticas e policiais já provaram que as notícias falsas “surgem” intencionalmente: podem ser produzidas por empresas contratadas para difamar adversários ou para monetizar conteúdo junto à empresa Google, que remunera sites em função de audiência gerada. Nesse caso, quanto mais chamativo for o conteúdo, quanto mais surpreendente ou comovente for a história, mais terá cliques e compartilhamentos. Porém, como estes sites que produzem pós-verdade conseguem tanto engajamento? Simples, eles publicam os links da fake news em grupos do Facebook e, depois, é só contar com

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o trabalho voluntário de internautas que compartilham espontaneamente. No caso da eleição presidencial de 2016, nos Estados Unidos, por exemplo, um grupo de jovens da Macedônia criou diversos jornais on-line e distribuiu nas redes notícias mentirosas desfavoráveis à candidata à presidência, Hillary Clinton; uma delas afirmava que Hillary tinha envolvimento com pedofilia. Os eleitores do candidato adversário, Donald Trump, encontraram a postagem na rede e não questionaram, mas engajaram-se em propagar a notícia falsa pelo Facebook. O resultado é que a audiência do site macedônico subiu, e os autores foram remunerados pela Google. Posteriormente, os jovens foram identificados e garantiram não ter interesse político, mas que apenas buscavam uma forma de lucratividade. Toda essa polêmica envol-

Investigações jornalísticas e policiais já provaram que as notícias falsas “surgem” intencionalmente

vendo as eleições norte-americana fez com que as duas empresas de tecnologia se manifestassem e assumissem o compromisso com a adoção de medidas para coibir as fake news. Mas por que, em um momento histórico em que temos acesso a tanta informação, de diversas origens, existe espaço para a propagação de tanta mentira? Um dos fatores de influência dessa polarização da rede são as empresas de tecnologia, como o Facebook. Elas querem rentabilidade e garantia de que o usuário passe o máximo de tempo no seu ambiente. Para tanto, colocam em ação os filtros bolhas, ou seja, robôs que atuam para que o usuário veja informações que estejam de acordo com o seu perfil e sejam de seu interesse. Nesse caso, nas buscas de internet ou na navegação na linha do tempo da rede social, os conteúdos visualizados são aqueles que interessam diretamente ao receptor, o que faz parecer que todos concordam com o mesmo ponto de vista. Sendo assim, o internauta fica cada vez mais afastado de assuntos diversos ou opiniões

diferentes das suas, sem possibilidades de conhecer outras versões sobre o mesmo fato. Jesús Martín-Barbero, um dos mais importantes teóricos latino-americanos da comunicação, ressalta que a comunicação não é um processo simples, pois envolve um aspecto muito importante: a mediação. É a mediação que coordena o caminho da informação, envolvendo o emissor, o receptor, o canal utilizado e a mensagem em contextos culturais. Na relação entre a imprensa e o público, existem os profissionais especializados para fazer essa mediação. O jornalista é especialista em conteúdos noticiosos e tem a função de garantir a publicação de informação de qualidade, com interesse público e com responsabilidade. Já nas redes sociais, não existe esse crivo profissional, e a mediação é realizada por pessoas sem o compromisso com o conteúdo, mas motivadas por emoções, e que, muitas vezes, disseminam informações verossímeis, mas totalmente falsas. Embora empacotados como notícias, os boatos podem ser desmascarados, isto porque toda publicação jornalística é rastreável, já que o texto é construído com base em dados – nomes de personagens, lugares, horários, histórias que foram vistas e testemunhadas, registradas. Todo o trabalho é respaldado nos critérios de noticiabilidade, checado com as técnicas de reportagem e de entrevista e muita verificação. O jornalismo trabalha exclusivamente com fatos verdadeiros, logo a notícia não pode ser classificada como falsa – a fake news. Se for falsa, não é jornalismo! A pós-verdade, então, não passa de um eufemismo para a mentira, é o uso despudorado de sites, com aparência de jornais on-line, para disseminar falsidades e gerar lucro. Daí a importância de se ter uma educação para o consumo de mídia, na qual o sujeito aprenderia a identificar o que é um fato, o que não é fato, o que é uma opinião. O acesso a fontes múltiplas é fundamental para não ser afetado pelo avanço das mentiras. E este trabalho depende da disposição do usuário da rede, pois demanda vontade de buscar outras fontes de informação, comparar autorias, suas reputações, origem das informações, versões diversas e tirar suas próprias conclusões. Mas o poder das redes sociais é tamanho, que tem sido mais cômodo simplesmente acreditar naquilo que convém para reforçar suas próprias teses e opiniões.


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