Twissst Issue #3 PT Edition

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Manuel Alves Photo : Artur Cabral @ The New Vega Studio





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IS IT NEW YORK THE NEW PARIS?







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ร conversa com

Manuel Alves

alves /gonรงalves Norberto Lopes Cabaรงo Fotografia: Artur Cabral

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manuel alves Nacionalidade: Portuguesa Profissão/ Ocupação: Designer de Moda Marca: Alves/Gonçalves Target de Cliente: “cliente de alto poder aquisitivo” A diário não sai de casa sem: “sem cheirar bem” Esboça um sorriso com: “os meus cães” O que não suporta: “locais onde não possa fumar” Uma cidade: “Lisboa” Website: http://www.alvesgoncalves.com

Colaborações: Criação do Vestuário do filme “Tráfico” de João Botelho) Criação do Vestuário da peça “Os Gigantes da Montanha” e “Raízes Rurais, Paixões urbanas”, com encenação de Ricardo Pais) Criação do Vestuário para o Bailado (“Chansons de Femmes, Companhia de Dança Paulo Ribeiro com encenação de Giorgio Corsetti). Criação de uniformes para a Vodafone, a Galp, os Hotéis Altis, a Fundação Calouste Gulbenkian e a TAP. Prémios: Globo de Ouro “Personalidade de Moda 1998” Nomeações: Troféu Nova Gente Melhor Criador de Moda; Prémio Look Elite Melhor Colecção 2009 São eleitos Homens Fora de Série 2009 pelo Jornal Económico. 21


C

onvidámos o Manuel Alves par a um novo desafio .

Ser a capa da Twissst para a edição de Maio e para uma conversa distendida sobre o homem, o criador e observador do rosto mais conhecido da dupla Alves/Gonçalves.Ainda com uma agenda preenchida, Manuel Alves, encontrou um espaço para nós.São as 14:30h, Manuel Alves chega ao The new VEGA SEL modelo Viker. Que quando não estão disponíveis, com uma chamada telefónica… passam a estar!

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Este era o Manuel Alves que queríamos retratar na Twissst, o único, o purista, clean, effortless, verdadeiramente contemporâneo e chic de “per si”! Porque muito desta imagem é transportada a cada estação, compreender a Alves/Gonçalves é, de igual Moda durante horas, ouvir de viva voz por parte de um embaixador do design de moda português, parte da História da Moda contada na primeira pessoa, é como tudo

1-M.A, nasce-se por defeito, criador de Moda? “ Não , acho que até não é um defeito é um feitio ( risos ). Nasci num zona onde nada indicava havia algo em mim que me dizia que caminho seguir, por isso considero que se nasce com um destino”

eu quem escolhia os meus fatos, era muito cuidadoso nesse aspecto, embora o entorno não fosse propício para a tomada de consciência efectiva, era como se algo estivesse cristalizado em mim à espera de ser revelado. Foi aos 23, 24 anos que me impulsionei para o sistema, de fazer parte

“Completamente, eu considero-me um auto-didacta, por aquela altura não haviam escolas e eu vista da volumetría, eu sentia que sabia, o que não sabia era como fazer. Quando comecei a trabalhar em Moda, quando abri uma loja no Porto em 1978, começo a trabalhar com etiqueta própria (Cúmplice) com design de autor, em que eu chegava a uma pequeo que pretendia. Sempre tive a noção de entender o que é um corpo e quais as possibilidades para o cobrir, do modo como posso fazer uma manga, a forma como posso juntar os tecidos, as tempo dedico-o em volta do manequim, do busto, a encontrar soluções desde o ponto de vista da estrutura, de como uma peça cai sobre o corpo”. “A mudança do Porto para Lisboa, ainda que a Cúmplice tenha tido um sucesso enorme, o Porto Lisboa era o sonho e a materialização de um novo projecto, a Alves/Gonçalves”. “Assim foi, até ao ano 87 fazíamos apenas colecção de Homem.A Moda na década de 80 era sobre moda era reduzida ou praticamente nula.A informação que nos chegava era através do cinema e especialmente da música.Foi uma década, um período de movimentações intelectuais, de novas estéticas que impulsionaram as nossas realizações como criadores de moda.Havia clientes, adquiriam algo que os demais não entendiam…nem queriam, não se vendia muito, mas vendia-se para as pessoas correctas, que usavam as peças por prazer e hoje… é por qualquer outra razão”

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dade ao atelier, para a construção das peças, o acompanhamento de moldes sou eu que faço.

de nós pode fazer sob o ponto de vista correcto e adequado, o trabalho que o outro realiza”

“É aquilo que nos move, são os sinais que a sociedade nos vai facilitando, são as obsessões do quotidiano, no nosso caso, a decoração de interiores, a arquitectura, a fovezes inconsciente e que no nosso caso deriva num processo evolutivo da colecção anterior, uma marca tem que praticar um discurso absolutamente coerente, seja sob o ponto de vista conceptual ou até de um desvinculação integral frete a um trabalho

dos e depois tratamos de encontrar o tecido exacto que queremos para essa peça. Contamos com fornecedores com amplio espectro de possibilidades, mas por vezes também acontece que não tenham disponível o tecido com as propriedades exactas que nós buscamos.Nesse caso optamos por seleccionar o que melhor possa representar essa peça em concreto, mas ainda nesta situação, o rigor e a qualidade que exigimos é elevadíssimo.’’ -

“ Assim é, verdadeiramente não tenho inconveniente em assim o dizer, a pequenez do nosso país, leva a que o nosso discurso não tenha eco. Hoje o sistema não aguenta discursos que não estejam associados ao grande capital, a industria é poderosíssima, e é requerida para uma associação ao grande capital para estimular uma marca.Historicamente Portugal não contemplou estes procesos de negócios, de igual forma que o não faz agora.

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“Nós para sermos bons lá fora temos que ser muito bons cá dentro .’’ 25


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“Não…a couture pressupõe um consumidor com alto poder aquisitivo, um consumidor mente regressar a Portugal como o guarda-roupa para a estação.A Alta-costura tornouse exorbitantemente cara e a dinâmica ultrapassa a realidade,é o extravasar do sonho, em todos os sentidos, desde o ponto de vista confecção, aos materiais, às artes aplicaainda que forneça respostas, essas apenas são requeridas por um nicho de algumas pessoas em todo o mundo…é uma ideia que me agrada profundamente.Na couture o tecidos com uma leveza e uma graciosidade que não se obtem no prêt-a-porter” -

“Claro que sim, o presente e o futuro tem que estar alinhado a este discurso. Têm que ser preparados para uma nova tipologia não só que aplique confecção mas de igual forma à comercialização, sobretudo na comercialização, é um dos factores mais relevantes na industria da moda hoje em dia.

“Assim é, o ideal é que a gestão esteja dissociada da criacção mas que trabalhem em uníssono, a gestão tem que saber em todo o momento o que o criador faz, tem que ha-

que aporta alguma côr à vida, não obstante também comporta alguns dissabores. Não gosto de gestores à minha volta (risos) mas…hà muita necessidade deles na verdade “Acredito que esteja relacionado com o público e com os consumidores da marca, são

materia, por exemplo e usó acredito na crítica quando as pessoas têem conhecimento -

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“ É uma mulher sem exibição, altiva, formal e feminina. O corpo é o interprete fundamental do

corpo, pequenas janelas que convidam à descoberta, sem mais.Assimetrias que promovem o altiva, formal e muito feminina,vista de uma perspectiva platónica”

“Muito feminina, urbana, cosmopolita, temos as saias de dança com muita volumetría, longas, talvez com um look ligeiramente anos 50 mas com processos de construção diferentes, casacos pesados em lã e caxemira e enriquecidos com bordados, trabalhamos uma dualidade a nível dos materiais, baço/brilho, pesado/leve, encontramos também uma doçura nas calças que depois se transforma numa forma ligeiramente masculina, um dialogo perpetuo porque a mulher é composta de muitos eus que requerem distintas respostas”

gum tempo e é uma decisão que apenas aguarda a que acorde um dia e diga para mim muito interessante, e cada criador tem uma visão e um cliente “tipo” para quem trabalha, eu gostaria que os meus clientes que comprem uma peça Alves/Gonçalves, o façam , porque essa peça lhes faz falta, que evidentemente gostem da peça e que a vão repetir muitas vezes, vezes complicado encontrar algo simples de excelente qualidade e de corte contemporâneo, penteado de óptima qualidade…sem acessórios” “Gostava de ter outro projectos diferentes dos que tenho actualmente (risos), por exemplo goscidade e também da simplicidade com que os americanos por vezes pensam sobre determimas que de momento ainda não estou em condições de revelar …”

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Entrevistamos a Artur Cabral o fotógrafo humanista, assim o apelidamos na redacção da TWISSST, pelo trabalho intimista que desenvolve no continente africano. Mas é mais do que isso, enamorado pelo retrato, e mestre no tratamento da cor, Artur Cabral mostra-nos o seu lado mais empreendedor, conhecemos o seu mais recente projecto, o “The New Vega Studio”, situado em Lisboa, apresenta-se como um espaço funcional y multidisciplinar que inauguramos com a realização da capa desta edição com o criador de moda Manuel Alves. Artur Cabral, o fotógrafo outrora arquitecto, tem muito para nos contar...

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Cortesia da imagem de leica

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ARTUR Entrevista a

CABRA 32


AL

Norberto Lopes Cabaรงo 33


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Nome : Artur Cabral Nacionalidade: portuguesa Profissão/ Ocupação: Fotógrafo e Arquitecto Marca: ARTURCABRAL PHOTOGRAPHER Tipo de Cliente: “De géneros diferentes, Editoriais de Moda, Backstage, Books Fotográficos, Exposições, Festivais de Verão…entre outros” A diário não sai de casa sem: “O telemóvel” Esboça um sorriso com:“ A beleza no estado mais puro’’ O que não suporta: “o fumo de tabaco” Uma cidade: “Lisboa” Um livro: “ Nem por isso” Um filme: “Cidade de Deus” Um disco: “Ten, dos Pearl Jam” 35


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I LOVE TWISSST 48


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Texto: Noberto Lopes Cabaรงo

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fashion designer katarzynakrolak.com 61


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Okakuejo, Etosha, National Park Photo: Artur Cabral

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Moooi

Milan =

=


Salone del

Mobile 2013 Texto: Ewa Wilkos

= Design


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m Abril, Milão converte-se, durante uma caótica semana, no epicentro da criatividadedo design de interiores. A efervescência em redor do Salone del Mobile, a feira de decoração de design de interiores e móveis mais importante do mundo, ultrapassa a dinâmica de qualquer uma das suas prestigiosas edições das semanas de moda.

É o LUGAR onde qualquer designer e amante do design têm 66

de estar, el lugar que inspira y que marca

las tendencias futuras, o local que inspira e marca as tendências futuras. E aqui partilhamos alguns dos highlights desta edição:

“Quem tem olho, encontra o que procura mesmo de olhos fechados”, assim recitava um aforismo, do escritor italiano Italo Calvino, numa parede do interior do Temporary Museum for New Design. E sem dúvida era a mensagem certa, dirigida


Vitra Missoni home

Moooi a milhares de compradores e visitantes que chegaram à cidade para admirar as últimas propostas dos já conceituados mestres e das novas promessas do design.

no Espacio Prada, atraiu o interesse muito antes de que começara, enquanto outras exibições jogaram inteligentemente com o efeito surpresa.

Além do mais, nos espaços da Feira de Rho, cidade situada nos arredores de Milão, decorreram centenas de eventos paralelos espalhados por toda a cidade; desde os imaculados showrooms de Brera às vibrantes ruas da zona de Tortona.

Foi o caso do happening, organizado pela empresa holandesa Moooi “The Unexpected Welcome,” que oferecia aos participantes uma experiência do universo Moooi. O cofundador e director artístico Marcel Wanders convidou alguns amigos e colaboradores da empresa para que reinterpretassem a suas peças originais.

Algumas das exposições, como a nova colecção Knoll de Rem Koolhaas exposta

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The Wood Ceramic Furniture

O

amplo showroom em Via Savona foi dividido em várias “salas de estar”, cada uma com um produto icónico: a lâmpadas “Set up Shade” de Wander, os sofás “Cloud”, as cadeiras “5 O’ Clock” de Nina Zupanc e o “Paper Collection” do Studio Job.

porém capazes de juntos criar tensões e harmonias surpreendentes.

“Here to create an environment of love, live with passion and make our most exciting dreams come true”; la frase de Wanders resume

Rico em excêntricos detalhes, vimos exemplos de taxidermia e móveis com formas de animais do grupo sueco Front ao lado de lâmpadas “bucket” de Studio Job, composto por uma dupla de designers holandeses de renome que atingiram a fama pela sua irónica releitura do modernismo, da tradição e dos seus objectos de uso comum.

perfeitamente o objectivo da exposição – criar um espaço muito pessoal para clientes exclusivos. Para consegui-lo, Moooi (que combinar 68

vários

elementos

contraditórios,

Com grandes imagens artísticas de Erwin Olaf como pano de fundo e com manequins avermelhados de Hans Boodt dispostos ao longo da exposição, o espaço dá ilusão de ser habitado por pessoas reais.

Estes opõem-se energicamente ao design de interior low cost e de massas, desenhando peças únicas para museus, galerias e


coleccionistas particulares. Para a exposição de Moooi apresentaram uma serie “Altdeutsche” inspirada nos tradicionais móveis pintados à mão, ainda que reinterpretados por uma decoração estilo “cómic”. A meio caminho entre uma apresentação e uma performance, “The Unexpected Welcome” pode ser considerado um perfeito e pós-moderno ninho de amor em que diferentes estilos e gostos se complementam entre si: nas antípodas do tédio e das limitações das próprias soluções de massas estilo Ikea. Este ano assistimos a uma viagem desde a opulência neo-barroca a um estilo – rústico, cru e contemporaneamente primitivo. Promissores designers como Olivia de Jong (Goats on Furniture Elias Maurizi e Francesco Pepa (Teste di Legno Fabio Targhino combinaram madeira com peles, metais, plástico e pedras para criar cadeiras, bancos, armários e estantes. A madeira converte-se no material chave e também na fonte de inspiração de empresas italianas como Cassina e Living Divani que apresentaram estantes realizadas com peças de madeira em bruto. A qualidade eco-friendly da madeira é perfeita para um design ecosustentável e não convencional. Já que ao dia de hoje, a ideia dos móveis de “segunda mão” de cartão reciclado não representa qualquer novidade, a marca italiana Riva 1920 intentou elevar a um patamar superior o conceito de eco design; sua mesa “Venice” está produzida com vidro e madeira de robles extraída da Lagoa de Veneza, e para a sua junção foram ainda utilizados materiais exclusivamente naturais. A moda eco-friendly também esteve presente no Salone Satellite, um evento paralelo para jovens designers, alguns provenientes,do ponto de vista de uma perspectiva de design,de países exóticos como Coreia ou no Egipto.

Moooi

Moooi 69


A

marca coreana Wooden Furniture Ideun apresentou móveis e acessórios para a casa, incluído relógios produzidos com madeira descartada enquanto o estudio egípcio Design for Humanity há optado por cadeiras acolchoadas de Platex, um tecido produzido com sacos de plástico reciclados.

Slamp

Enquanto, por um lado alguns dos objectos apresentados em madeira pudessem estar mais adequados ao ambiente campestre de uma quinta rural, por outro lado, foram diversas a referências ao estilo retro-chique dos anos 50 e 60, de linhas limpas e design geométrico. Este ano, foram apresentados na Expo, dois projectos clássicos de Jean Prouvé – a cadeira “Standard” e a mesa “EM” –reinterpretados por Vitra numa nova paleta de cores.

Quanto aos amantes do design futurista, estes não ficaram defraudados face às últimas propostas em iluminação- formas abstractas, materiais techno e cores psicadélicos foram as características dos candeeiros e candelabros apresentados por vários arquitectos. Lasvit, da Républica Checa, usa cristal tradicional SDAA- Ana Zaragoza

feito à mão, na apresentação do novo Brans Constellation; formas orgânicas de cristal fundido criadas em colaboração com Michael Young, Ross Lovegrove e Mauricio Galante. A secção de Euroluce acolheu novos projectos da Slamp, tais como os candelabros de Zaha Hadid; ou como, a “Etoile” de Adriano Rachele, que recreou os movimentos de um tutu de bailarina. Um ecrán negro com a “Cindy Collection Lamps” do estúdio Fuksas assemelhou-se mais a uma instalação de arte contemporânea numa uma galeria, que a um showroom. A profunda interconexão entre arte, design e moda tornam extremamente inspirador o diálogo que se realiza constantemente entre estas disciplinas.

Fuksas Studio - Candy Lamps 70


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ntre todas as marcas de Moda que apresentaram sua colecção de decoração de interiores e casa, Missoni distingue-se, sem hesitação, pela sua qualidade artesanal e seus padrões de zigzagues, desde sempre, a sua referência de marca.

Este ano a empresa familiar celebrou os seus 60 anos de actividade com a exposição interactiva “Zigzagging”, criada peladupla de artistas Camovsky. Uma serie de coloridas projecções adornaram o chão e as paredes do showroom de Missono, lançando uma nova luz pelos icónicos símbolos da marca. O projecto foi apresentado justamente algumas semanas antes da morte de Ottavio Missoni, o co-fundador da marca e um dos personagensmais importantes do design italiano. Sua herança é a prova, já evidente na Salone, de que o design de qualidade nasce do amor e da criatividade.

Missoni Showroom 71


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CFM, Maputo Photo: Artur Cabral

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a obra social de

ARAVENA A D E M O C R AT I Z A Ç Ã O D A A R Q U I T E T U R A Testo: Mauro Parisi Traduçao: Rute Martins

“Interessava-me solucionar os problemas que poderiam ser de interesse para qualquer cidadão, seja a sua casa, um bairro ou problemas de segregação e violência. Estudei uma disciplina que me deu fórmulas para traduzir em formas essas questões intangíveis que preocupam qualquer um.”

Alejandro Aravena.

Quinta Monroy, Iquique - Chile 75


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esde sempre que o trabalho do Arquiteto se moveu, como um pêndulo, entre a visão, “organicista e social” dos urbanistas e a visão puramente artística, por vezes auto referencial, do arquiteto criador de peças únicas.Dois enfoques completamente distintos. Desta vez quisemos abordar o trabalho e a personalidade de um arquiteto contemporâneo que, ainda jovem, vê reconhecida, de forma cada vez mais internacional, o seu trabalho, análise e solução de alguns dos problemas com mais impacto nas sociedades atuais.

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St. Edward University, Johnson Hall Foto: KL Parll


A L E J A N D R O

A R AV E N A Nasceu há 46 anos em Santiago do Chile, estudou arquitetura na Universidade Católica de Santiago, onde é professor, além de também professor convidado em Harvard. Desde 2009 que é membro do júri do prémio Pritzker e membro do Royal Institute of British Architects. A sua “obra” mais importante é, sem dúvida, a sua empresa de arquitetura, Elemental, ou melhor, a ideia por detrás desta.Ter construído, através da Elemental, mais de um milhar de habitações para os setores mais desfavorecidos do Chile e ao mesmo tempo contar com o diretor executivo da COPEC – Companhia Chilena de Petróleo – no conselho de administração é tudo uma prova da capacidade deste arquiteto de olhos tristes e cabelo desgrenhado à Wolverine, de levar avante as suas ideias e conseguir os apoios necessários para levá-las a cabo.Admirador do arquiteto português Souto de Moura e da sensibilidade social do também português Álvaro digna desses setores da sociedade incapazes de a obter por si mesmos, e isso a partir de uma perspetiva mercantilista, de negócio, sem cair na retórica do humanitarismo.

St. Edward University, Exterior Residência estudantil. Foto: Candy Chan

Como o próprio reconhece, a sua solução arquitetónica não representa nenhuma novidade, sobretudo na realidade latino-americana, onde já nos anos ’50 em Cuba ou na Venezuela sur-

As casas desenvolvidas que Aravena e a Elemental ergueram no Chile, dentro dos programas sociais do governo nacional, partem da constatação de que é necessário o melhor compromisso possível entre as necessidades do povo e os limitados recursos económicos que um governo pode dedicar a um projeto em concreto e ao mesmo tempo garantir a “rentabilidade” dessas casas no futuro para as suas habitações.

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«Todos nós, quando compramos uma casa, esperamos que aumente o seu valor com o tempo. Pelo contrário, na maioria dos casos das habitações sociais, parecem-se mais aos carros: diminuem o seu valor com o tempo.» A chave era, na prática, dedicar os fundos governamentais para a construção das casas em partes que os habitantes não puderam construir por si mesmos; basicamente a estrutura, o teto, a cozinha e os serviços, deixando a possibilidade que a casa pudesse crescer sucessivamente segundo as necessidades dos próprios habitantes. E tudo isto garantindo qualidade e elegância no desenho e capacidade de revalorização no futuro. E isso deve-se ao segundo modelo de filosofia da Elemental: as habitações sociais não têm que concentrar-se nos subúrbios da cidade mas sim no seu interior para que a sua conexão com a rede de serviços – de oportunidades segundo a visão de Aravena – própria de uma cidade, garantisse o futuro desenvolvimento dos seus habitantes e com eles, dos mesmos bairros.

Sobre a arquitetura disse que “o seu

Estas ideias ganharam vida no mais icónico projeto realizado pela Elemental, as casas da Quinta Monroy de Iquique. Em 2003, nessa cidade do norte do Chile, construíram-se 100 habitações numa parcela em pleno tecido urbano para um grupo de cidadãos que logo conseguiram “personalizá-las” e expandi-las segundo as suas necessidades e que se transformaram num emblema de particular enfoque para a arquitetura social. A sua arquitetura é simples, linear, muito racional, focada mais nas necessidades que se preconstruir edifícios mas sim solucionar problemas, servindo a sociedade”. E que o erro de muito arquitetos é a excessiva importância que dão ao choque que as suas obras supostamente têm

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St. Edwar University, Patio interior Residência estudantil Foto: Óscar Amos

limitado a desenhar para a clássica tipologia de clientela que recorrem a arquitetos. Chalets e casas exclusivas, restaurantes, bares e lojas de desenho foram os seus primeiros encargos que o levaram, desiludido, a deixar de lado a arquitetura e a dedicar-se a gerir um bar. Tiveram que passar uns anos até que, graças à Universidade onde estudou, pudesse voltar a exercer arquitetura, quando o encarregaram da construção da Faculdade de Matemática, com a qual ganhou vários prémios, a qual procedeu uma das suas obras mais conhecidas: as Torres Siamesas do departamento de Investigação tecnológica da mesma Universidade Católica de Santiago.

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Torres Siamesas Foto: Gustavo Manuel

Ainda que conhecidas como torres, na realidade trata-se de um único edifício cuja parte superior se separa, dando a sensação de duas torres siamesas. Essa solução, obrigatória devido à reduzida superfície de construção que impossibilitava uma única torre proporcionalmente aceitável, permitiu um edifício imponente e ao mesmo tempo não invasivo com o ambiente graças à base revestida de madeira na qual se apoia. A torre está coberta por uma cobertura dupla, de de isolador térmico. senvolvimento dos seus projetos urbanísticos foi, sem dúvida, a sua etapa em Harvard onde conheceu o arquiteto libanês Harhim Sarkis que, como ele, procurava uma forma de desviar os arquitetos dessa autossuficiência intelectual que os condena a tratar temas que lhes interessam apenas a eles.

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como a sua empresa Elemental foi, de forma cada vez mais frequente, a responsável por oferecer soluções a problemas sociais. Depois do terrível terremoto e maremoto que em 2010 assolou parte do Chile, foram-lhe encomendas as reconstruções da cidade de Constituição onde, além de aplicar as soluções experimentadas na Quinta Monroy, colocou em prática os estudos realizados sobre a conveniência de usar árvores e espaços verdes como barreira contra a força destrutora do tsunami. Assim, de energia em caso de novos maremotos. E, enquanto a Elemental segue obtendo cada vez mais obras de reconstrução urbana, Aravena enfrentou sozinho novos projetos internacionais de natureza completamente distinta.

postos limitados e projetos governamentais a clientes particulares, com expetativas completamente distintas. O desejo do diretor em seguir o estilo do maciço edifício central da universidade foi conseguido com uma estrutura que exteriormente, pelo ladrilho elegido como revestimento e pelas suas estreitas janelas que vão desde o chão ao teto, lembra uma fortaleza medieval. noso e gracioso, centro da vida comunitária da residência.E logo surgiram um chalet na cidade chinesa de Ordos, de nova construção, e um centro para educação infantil no campus Vitra, ao lado de obras de Gehry e Hadid. Porque, como nos relembra, a arquitetura não é um simples ato cultural senão, e ainda mais, um ato social.

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THE ROOM by Joey Ho


Un mundo Upside Down Texto: Angelica Tinazzi Tradução: Elis Porfirio

Metrópole e potência económica do Oriente, Hong Kong, converte-se num mix de atracção e intriga para arquitectos e designers A elevada densidade da população conduziu à construção de espaços pequenos, hábitos inusitados no ocidente. E será circunscrita a tão poucos metros quadrados que a capacidade do decorador se atesta. Inovar e criar um estilo será sinónimo de uma meticulosa escolha de cores e linhas.

Na China moderna surge um jovem talento: o arquitecto taiwanês Joey Ho. Graduado em arquitectura na Universidade de Hong Kong e na Universidade Nacional de Singapura, em 2008 foi reconhecido como um dos dez melhores arquitectos e designers do país. Hoje está à frente do prestigiado atelier de arquitectura, o “Joey Ho Design Limited” em Hong kong, com o qual ganhou mais de 50 prémios internacionais e estabeleceu uma rede de

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De entre algumas das suas criações mais importantes, em solo nacional, encontram-se o Pavilhão Hong Kong na Expo 2010, em Pequim e o Café de Hangzou Arthous.

A arquitectura deve criar espaços que comportem uma melhor qualidade de vida para os que os frequentam.

Aproveitando um espaço desfavorável Joey criou uma obra-prima, o restaurante The Room; em trinta metros quadrados criou um lugar excêntrico e linear.

A exuberância surge no tecto estilo “quarto”; não é um lugar físico, senão uma visão onírica “traçada” de janelas e escadas em homenagem ao artista Maurits C. Escher. Clássico na eleição das cores com predomínio do branco,

reequilibra as sensações.

Sua localização acrescenta aporta o charme, está localizado na Olimpic City Center, na Península de Kowloon, uma faixa de terra em frente à ilha de Hong Kong, com vistas espectaculares sobre a baía disseminada por edifícios e arranha-céus que iluminam a noite com luzes psicadélicas.

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ROBERTA GONZALEZ La grande desconhecida. Texto: José Manuel Delgado Ortiz Traduçao: Rute Martins

Filha de uma das personagens mais subvalorizadas da época dourada da arte, mulher rebelde e distinta das da sua geração que conseguiu elogios dos maiores metres, essa era Roberta Nasce em França, em Paris, no ano de 1909. Passa toda a sua vida rodeada de criatividade. O seu pai, Julio González, entre escultura e escultura, elogia os desenhos que a engenho e soltura. Uma ciência, a pintura, que não fazia parte das suas habilidades como artista, com muita pena sua. Foi uma menina gravemente doente e passou uma infância difícil, internada no hospital para crianças. Durante este tempo aprendeu a estar sozinha, dando mais importância ao seu mundo interior e a sua timidez aumentou. Cinco dias por semana recolhida “numa cela”, no hospital, e dois dias ravilhas. Esta dualidade converte Roberta numa artista sem controlo sobre a criatividade, uma vez que passou vários dias afastada desta.

“O melhor amigo do meu pai era Picasso” 86


Sans Titre

A

saída do hospital coincide com os seus 18 anos e ingressa numa academia artística onde, em pouco tempo, compreende e critica que não existem melhores mestres que os amigos do seu pai. Passou os anos seguintes sendo o orgulho do seu pai, que contemplava nela o sonho da sua vida não cumprido, que sempre o acompanhou. Conheceu aquele que seria o seu futuro marido, Hans Hartung, ícone do movimento conhecido como o informalismo, e

as dos homens que apoiam. No âmbito artístico, Roberta é uma delas e como é bem sabido “por detrás de um grande homem está sempre uma grande mulher”. Mas o que tem Roberta que não têm os seus homens? Poderíamos dizer que uma sensibilidade que normalmente é negada ao sexo masculino. É uma mulher que desde tenra idade teve a seu cargo dois homens de grande personalidade e geniais mas também difíceis de lidar e aos quais Roberta dava todo o seu apoio e carinho, baseando-se numa persopara passar a ser a sombra do seu marido. Sem- nalidade forte e positiva, apoiada em vivências pre entre homens, como essa grandes primei- pessoais duras e na religião. ras-damas cujas qualidades podem até superar

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A

sua obra é em si, própria e coletiva. Mais empenhada em gastar o seu tempo promovendo e ajudando o seu pai e marido do que na sua própria produção, Roberta dedicou-se, entre outras artes, à música, faceta que desde pequena foi desenvolvida pelo seu pai Julio, que a inscreveu em aulas de violino. A música tem um papel fundamental na sua obra.Podemos dividir a sua obra em três etapas. Na primeira, destacam-se as paisagens

Entramos nos anos sessenta, o seu pai faleceu há quase 20 anos. Começando a superar a sua perda, Roberta começa uma fase de maduração artística, baseada no símbolo, sem renunentre todas as etapas. Encontra um espaço ilu-

suas cenas que roçam o metafísico, algo que seria impossível ser representado 20 anos antes pelo seu pai, utilizando o metal como suporte e elemento criativo. Cria um universo poético incluído. Seriam desta época obras como “Sin único que se nutre da sua experiencia pessoa, título”, de 1952. Na segunda etapa, produz um da experiencia dos seus familiares e do seu exgrande número de desenhos de pássaros, possi- marido Hans Hartung. velmente partilhando o seu gosto por aves com o seu amigo Brancusi. Representa os pássaros do mesmo uma espontaneidade mais própria fase, produz uma evolução artística que serve e próprio que veremos na fase seguinte.

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U

ma artista deve-se às suas referências, aos seus mentores mas cada um elige o seu caminpode aproximar-nos ou afastarnos das nossas raízes criativas mas e único, já que ninguém “usa o pincel” da mesma forma. Roberta aprendeu esto mas teve a intenção de separar-se e começar um caminho próprio mas sem a ambição de sobressair-se, de ser vre. Roberta libertava-se usando os símbolos, as cores vivas e o misticismo para rompes os grilhões que ela própria impôs. Nasceu rodeada de modernidade, numa família dedicada por completo à arte e a tolerância era o mais praticado no seu ambiente. Em troca, rodeada de modernidade, de mudanças sociais e de reivindicações da mulher, dedicou a obra do seu pai e do seu ex-marido, promovendo e enaltecendo Fê-lo por amor ou por um dever natural que algumas pessoas têm desde o seu nascimento e desenvolvem ao longo da sua vida. Provavelmente esta aspiração do dever, da responsabilidade familiar levou-a a ser praticamente desconhecida e esquecida atualmente, reconhecida apenas em exposições temporais, nas quais o génio do seu pai está presente. Picasso comentou uma vez, “Quem bem que desenha esta menina. sido este o único elogio que lhe chegou ao coração, vindo de um génio alheio à sua família? Nunca o saberemos mas eu, na minha humilde opinião, penso que sim e que além do mais, foi um reconheesposa e por último, grande artista.

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É Pra Poncha: design, diversão, exclusividade Cores e formas da noite portuense Texto: Angelica Tinazzi

O mundo da noite procura incessantemente entretenimentos únicos em cada cidade. Cor e exclusividade encontram-se na fronteira da Europa, em Portugal, no barÉ Pra Poncha. Localizado numa das áreas mais exclusivas do Porto, É Pra Poncha é um dos mais recentes bares da Rua Galeria de Paris. 90


C

onstruído num antigo edifício,com

recria no interior uma caverna multicolor. O tecto e as paredes reproduzem estalactites e formas naturais das rochas. funcional, permitindo criar uma zona de bar, uma copa, uma casa de banho e

É Pra Ponchanos submerge num mundo paralelo à naturalidade da terra. realidade. Para criar diferentes ambientes durante a noite, instalaram-se luzes LED’s que mudam de cores. O design é moderno e vanguardista. Através de um estudo cuidado procura reinterpretar a natureza e as cavernas

É PRA PONCHA NOS SUBMERGE NUM MUNDO PARALELO À NATURALIDADE DA TERRA. UMA COMBINAÇÃO DE IMAGINAÇÃO E REALIDADE.

personalidade e a ideologia do seu criador, o arquitecto António Fernandez. Depois de estudar na Universidade do Porto e obter um mestrado em

de materiais modernos e industriais. A

de LED.

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abre o seu ateliê na mesma cidade onde desenvolve projectos de arquitectura, de design de interior e urbanismo.


do velho conceito de “viver” à procura o design alternativo. Ele remonta ao mundo para desenvolver novas e modernas ideias. Na maioria dos seus projectos vemos óbvias referências à natureza e à terra. No entanto, é um pensador de linhas

futuristas, cores, estudos inovadores e uso de materiais modernos. É Pra Poncha, nome que invoca uma bebida tradicional da ilha da Madeira, aponta para a sua singularidade nas jovem e fresco, de grande impacto e

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Backstage PEDRO PEDRO @ ModaLX TRUST Photo: Artur Cabral

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Serengueti National Park Photo: Artur Cabral

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Rhinocerors - Department of Theatre, York University


O “perigo” de querer aprender inglês … at r av é s d e u m l i v ro d e conversação básica! Texto: Eleonora Maggioni Tradução: Elis Porfírio


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segunda guerra mundial decretou um antes e um após em diversos âmbitos. As sociedades renascidas deste acontecimento tiveram que reinventar novos códigos e o Teatro não foi excepção. Uma das correntes que começa a ter êxito a princípios dos anos 50, e que se proclama até aos nossos dias,como uma das mais cruas formas de fazer Teatro, é o Teatro do absurdo. Nasce da necessidade de dar um novo impulso à literatura e da perplexidade que a violência da guerra causou, este novo Teatro surge com a intenção de expressar o absurdo das dinâmicas nas relações da nova sociedade pós-guerra.

O Rei está morrendo- Natalia Lama

manifestos, que os dramaturgos da época No entanto, existe uma necessidade comum de ultrapassar o Teatro convencional, uma falta de envolvimento social e politica e uma ausência de interesses para descrever o dia-a-dia. Facto é que, a vida não se pode compreender nem explicar, as personagens destas novas obras são seres angustiados, pessoas que, sem sucesso, as suas vidas, que esperam e sonham com uma saída que não encontram. Movem-se sem avances, falam sem comunicar e sem compreensão. A linguagem substitui a acção, onde os novos dramaturgos jogam com as palavras, as distorcem edesconstroem,

Ionesco - The Chairs - Theatre sfsu

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O absurdo das palavras e das frases acompanha os gestos das personagens, ao ponto de deixar desorientados os espectadores. Quando pensamos no Teatro do absurdo, o primeiro nome que nos vem à memória é o de Samuel Beckett, cuja obra “Esperando Godot”, se torna o símbolo desta nova corrente teatral. Sem querer desvalorizara obra e a capaci-


Ionesco - The Chairs - Theatre sfsu

dade do seu autor de criar uma história em que nada parece acontecer, mas que deixa o espectador colado à cadeira até ao último minuto, se me pedirem para escolher uma dúvidas em eleger “A Cantora lírica careca” de Eugene Ionesco; obra que antecede a obra de Beckett, estreia em 1950 em Paris e deixa, como sucede acontecer comas obrasespectáculo.

Tiveram de passar 5 anos para voltar a ser reposto na mesma cidade e volta a obter o êxito, um sucesso que continua a surpreender o espectador até aos dias de hoje, graças as numerosas adaptações que continuam a surgir. Desde esta primeira obra, se reconhece o carimbo de Ionesco que, professor em Bucareste, que se aproxima do Teatro por casualidade.

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Rhinocerors - Department of Theatre, York University

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O próprio Ionesco contava como nasce a ideia da sinopse de “A cantora lírica careca”,

“Comprei um manual básico de tradução de francês para inglês. Comecei a estudar e conscientemente copiei para aprender de memória as frases do livro. Relendo-as atentamente compreendi então, não o inglês, senão algumas verdades assombrosas: que há sete dias na semana, por exemplo, coisa que já conhecia! Ou, que o chão está por baixo e o tecto por cima (…). Com grande surpresa, a senhora de Londres, que seu apelido era Smith, que o Sr. Smith era um empregado (…) Eu dizia a mim mesmo que o Sr. Smith tinha que já saber tudo isto, mas, nunca se sabe, porque há gente muito distraída. ...”

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A

ssim, Ionesco decide que quer que o espectador conheça as verdades essenciais, mas desmonta-as e retira-lhes todo e qualquer sentido lógico, utiliza-as como ferramenta para transformar completamente a realidade de um casal, os Smith, presos ao dia-a-dia de uma

existe, afoga-se numa tempestade de palavras e estereótipos que não nos levam a qualquerprofundoconhecimento. Os “Smith” são a imagem de um casal normal, que vive numa normais.São o símbolo do homem comum, e como tal sua amargos e trágicos nos espectadores. Como em todas as obras de Ionesco, o espectador chega a sorrir durante a maioria da comédia, ri pela incoerência dos diálogos, diverte-se pelo inovador que resulta ser o espectáculo. Porém, pouco a pouco, o ambiente altera-se, a fachada de cartão dos personagens de aparência feliz se desmorona, começam a surgir os primeiros avisos de desespero por viver uma vida sem qualquer sentimento real. Desta forma, na obra da “Cantora lírica careca”, a educação estereotipada dos dois casais que habitam a burguesa casa dos Smiths, dá lugar, no último acto, ao instinto animal, as personagens perdem o controlo. Deixam de falar educadamente sobre o nada, e gritam, no inicio cada um por si, e posteriormente, juntos, gritam a mesma frase “Não por aqui, senão por aí”. Rapidamente, tudo se interrompe e a comédia termina com a mesma imagem do inicio, mas desta vez, serão os Martins a interpretar o papel dos Smiths.

os espectadores, talvez sejam a característica de maior importância no Teatro de Ionesco, a alteração de uma situação de normalidade onde o espectador se sente confortável e pode sorrir devido à ironia com que se conta a história, e o desfecho da fachada perspectiva que enfatiza a terrível angustia que os personagens carregam em palco. Mais que o trabalho de Beckett, as obras de Ionesco têm inícios divertidos, irónicos e dolorosos; a acção é rápida e ainda que sem sentido, o espectador não se aborrece. Rimo-nos, relaxamo-nos, colocamo-nos cómodos e exactamente nesse instante, eis quando surge um grito inesperado aos 102

acontecimentos que deixa o espectador sem alento. Quando a cortina baixa, antes de sairmos da sala de teatro, necessitamos de tempo para nos recompormos e podermos enfrentar outra vez a realidade que o autor tão dolorosamente esquartejou. Acontece exactamente o mesmo com “As Cadeiras”, ondeum casal de idosos,durante os preparativos para receber uma multidão de convidados invisíveis (só vislumbrados por ambos idosos) termina com a trágica constatação da impossibilidade de conhecer a verdade sobre o sentido da vida. A espera e a excitação do casal pela chegada de uma personagem que poderá revelar os segredos da humanidade se desvanecem


Na obra de Ionesco o Homem move-se como uma marioneta que não se consegue revoltar com quem lhe puxa as cordas; é como um peixe fora da água, que não pode fugir ao destino.

A cantora lírica careca- Banci Malinverno

com a entrada em palco de um orador que começa a falar …, sendo surdo-mudo! Os murmúrios da multidão fazem-se sentir cada vez mais fortes, até que a cortina baixa e deixa o espectador sozinho perante a ausência de respostas à grande pergunta sobre a existência. Em “A lição” assiste-se há mesma fórmula narrativa. Um professor converte-se pouca a pouco num assassino psicopata de estudantes felizes e ignorantes. Entre um jogo de poder, uma rapariga submete-se ao professor e a prova disso é a linguagem que se converte na ferramenta para exercer o poder. Também na obra de “O Rei está morrendo”, Ionesco enfatiza que o destino é mais forte

que qualquer outra coisa, inclusive que um Rei. A única coisa que podemos fazer perante a impotência do ser humano e da morte é assumir os limites do tempo e a incapacidade de ser lembrado. Na obra deIonesco o Homem move-se como uma marioneta que não se consegue revoltar com quem lhe puxa as cordas; é como um peixe fora da água,que não pode fugir ao destino. O absurdo não é ridículo e somente o inicio das obras poderão parecer divertido. Uma vez que se compreenda a dinâmica das obras, a ironia torna-se pungente e a desarmonia deixa-nos perplexos. 103


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Rhinoceros - Helms Theatre

o Teatro de Ionesco, caiem todos os pilares da existência: a segurança de podermos entender através da linguagem, a sensação que podemos explicar o mundo pela sua existência, a segurança de que sempre há soluções racionais para o que vivemos.

Ionesco,as suas personagens vivem e movemse por mera casualidade, não por vontade própria.

Todos estes axiomas lógicos, se desmoronam dando lugar ao vazio, à incapacidade de comunicar, de seguir em frente, de desejar ser realmente feliz. Nos cruéis destinos que envolvem as obras de 104

E pensar que tudo isto aconteceu, à semelhança dos casuais destinos das personagens do Teatro do absurdo, pela mera casualidade de querer aprender inglês através de um livro de conversação básica!

O pensamento do Maestro do Absurdo ultrapassa os limites físicos do Teatro para humana.


PINK IS THE NEW BLACK MARISA GONÇALVES @HADJA MODELS ANGOLA 1 Photo: Artur Cabral

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Image courtesy of MATC


PRINTEMPS + ÉTÉ =

CÔTE D’AZUR Texto: Rute Martins Foto: Lloyd Ator

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O nome não engana e Côte d’Azur é isso mesmo: uma magnífica linha azul que as cidades costeiras de França têm para nos oferecer. Com um enorme fluxo de visitantes e considerada uma “zona de moda” na década de 50 e 60, a Côte d’Azur nunca deixou de ser sinónimo de elegância, alta sociedade e bonitas paisagens. Sempre frequentado por diversas celebridades, inicialmente, era apenas um resort de inverno devido ao clima ameno nessa altura do ano. Hoje, é o destino de verão de milhares de pessoas que se dirigem à Riviera Francesa para dias de sol, festas e luxo. Com paisagens típicas de postais, uma arquitectura admirável e um passado dominado por gregos e italianos, insere-se na região administrativa de Provence-Alpes-Côte d’Azur. É banhada pelo Mar Mediterrâneo e vai de Toulon a Menton, passando por famosas cidades como St.Tropez, Cannes, Nice e Mónaco. Quem percorre a costa de carro presencia um contraste geográfico, atravessando vinhas e pitorescas vilas situadas em altas colinas mas rapidamente se deparando com curvas e descidas que nos levam a um mar brilhante e sem fim. Afinal Paris não é o único centro das atenções e a Riviera Francesa é uma excelente aposta para um Verão que espreita já ao virar da esquina, não só para os mais abastados mas também para quem tem um orçamento limitado. A Cotê d’Azur tanto tem hotéis e restaurantes luxuosos como ofertas mais modestas. Toda a região oferece o melhor e isso passa pela degustação de ótimos vinhos, por desportos aquáticos ou golf, pela gastronomia mediterrânea, que inclui diversos tipos de marisco de fazer crescer água na boca e pelas belíssimas praias de água azul-turquesa.

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NICE

Foto: Natalia Romay

Nice é a quinta maior cidade de França e, apesar de não ser

tão exclusiva como Cannes, tem tudo para Nice possui uma localização bem central, a poucos minutos de Cannes e Mónaco, com aeroporto a 6km do centro da cidade e uma longa extensão de praias que se prolonga pela Promande des Anglais, transformando-se num deslumbrante passeio até ao porto de Nice. Apesar de a temperatura da água ser agradável, esqueça as praias de areia branca com que sonhou porque aqui o que encontramos são seixos, mas nem isto impede a lotação das praias. A cidade tem ainda uma faceta histórica que contém diversos estilos como o barroco, a belle epoque e o modernismo.

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Foto: Viman

Foto: Atila Yumusakkaya

Pode espreitar o Musée Matisse, dedicado ao pintor, o Musée d’Art Moderne et d’Art Contemporain ou mesmo o local arqueológico Terra Amata, com vestígios da era Paleolítica. Em Nice encontramo s actividades de lazer que preenchem os dias de ócio de qualquer um. Pode experimentar as actividades aquáticas que a Riviera Francesa tem para oferecer como canoagem, vela, jetski, actividades de grupo, entre outros. Ou pode assistir ao Nice Jazz Festival, o primeiro festival de jazz no mudo em 1948. Ao longo dos anos, por lá passaram músicos como Ray Charles ou Miles Davis e, todos os anos, durante oito dias em Julho, a cidade enchese de música.Os principais atractivos de Nice não são apenas as praias e a beleza natural mas também a vida nocturna e os museus.

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Nice é grande e se não quer perder tempo em transportes, apesar de possuir uma boa rede de transportes, podemos alugar uma das muitas bicicletas azuis que se encontram espalhadas pela cidade e que se revelam o transporte perfeito para conhecer a cidade. Quando achar que já se deleitou com o que Nice tem para oferecer, é só seguir a placa “Mónaco/Menton” a meio da Promenade des Anglais e seguir à descoberta.

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Foto: Paul Totti


MÓNACO

Foto: Rute Martins (acima) y Tomoyoshi (abaixo)

Fundado pela casa de Grimaldi em 1297 o Mónaco é conhecido pelo casino e ópera de Monte Carlo, pelo seu circuito de Fórmula 1, que percorre a cidade, e pelo seu exuberante e caro estilo de vida. Demarcada por encostas íngremes e estreitas estradas de cortar a respiração, a cidade não é propriamente grande mas seduz qualquer um com uma arquitectura luxuosa e a sua atmosfera envolco, turístico e imobiliário, pode ser percorrida a pé, o que nos permite vaguear calmamente entre as ruas cheias de esplanadas, espreitar as montras da Cartier ou Gucci e passar pela entrada do casino Monte Carlo. Na Place du Casino estão estacionados alguns dos melhores e mais caros carros do mundo e é normal muitos terem matrícula italiana, cuja fronteira menores de 50eur. Lá dentro não faltam amplas salas, decoradas a dourado e mulheres de elegantes vestidos mas existem também outros casinos, como o Casino Café de Paris com slot machines e mesas de apostas a preços mais razoáveis. Quando se fartar de apostar a sua sorte, contemple a noite quente e espreite o Mar Mediterrâneo, pode ser que algum enorme cruzeiro esteja de passagem. As praias não têm um grande areal e no que toca aos hotéis, a escolha é variada, contando com luxuosos e opulentos lugares como Hotel e cosmopolita. E para os mais distraídos, uma noite assim requer um dress code a rigor.

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CANNES

Cannes é passagem obrigatória e está à altura da sua reputação:

é chic, luxuosa e agitada. Inicialmente uma cidade de pescadores, sofreu uma transformação ciedade londrina. Contudo, quando pensamos em Cannes pensamos na passadeira vermelha em frente ao Palais des Festivals et des Congrès, construído em 1949, junto à marina Le Vieux Port, que aloja ostentosos iates. Este é o local do Festival de Cannes, o famoso festival anual de cinema que atribui prémios e que se tornou um importante ponto de partida para a exportação do cinema europeu. Exemplo de que a cidade respira cinema é o enorme mural ao pé da Gare Autobus, na rua

Mas há mais 14 murais espalhados por Cannes, à espera de serem encontrados.Um ponto de en-

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Foto: Fabio Miami

Foto: Rute Martins

Foto: Emil de Jong

taurantes e hotéis mais caros. Pode aproveitar a frescura da manhã e visitar um dos mercados da cidade, na rua Marché Forville, que nos cativa com perfumados sabores mediterrânicos. Ou pode dar um mergulho nas praias de areia dourada, geralmente lotadas.A mistura de um estilo de vida tradicional e moderno dá vida e elegância a Cannes, fazendo-se através das grandes avenidas mas também pela encruzilhada de ruas sinuosas, típicas de cidades do sul da Europa. Não tenha medo de se perder pelas pequenas ruas, cheias de lojas e restaurantes que o levam a passear pela parte antiga da cidade. Ao subir pelas ruas aprecie os pitorescos restaurantes com primitiva de vários continentes e pinturas do século 19. A vista panorâmica da colina, o berço da cidade, não o vai deixar desiludido após a subida. À noite, pode tentar apostar no glamoroso casino Croisette, onde pode encontrar um enorme aquário na entrada e salas que fazem jus à elegância da cidade

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MARSELHA 116


Foto: Jeremy Rowland

Não faz parte da Côte d’Azur mas é a segunda maior cidade francesa e a capital administrativa da região de Provence-Alpes-Côte d’Azur. Longe do glamour de Cannes ou Mónaco, é uma cidade autêntica, que exibe telhados cor de trigo ao pôr-do-sol. Contudo, oferece muita cultura devido à presença humana desde a pré-história. Um “ must see” é o Châteu d’ If, localizado numa pequena ilha, tendo sido um forte e uma prisão desde o século 16. O castelo foi imortalizado na obra o Conde de MonteCristo, de Alexandre Dummas, que se inspirou no mais famoso prisioneiro, José Custódio Faria. No cimo da colina temos o Cours Julien, o bairro dos artistas, e o mais dinâmico de Marselha. É marcado pela história de décadas de imigração para o sul de França e encontramos culturas de África ou do Médio Oriente. Pode contar com muitos cafés ao ar livre, áreas de lazer para crianças e ruas pedestres que se coda cidade e antigo porto, para onde convergem todas as avenidas principais e onde encontramos diversos lugares para provar o pastis, uma bebida alcoólica do sul de França com sabor a anis. Cheia de factos e curiosidades históricas, Marselha foi eleita a Capital Europeia da Cultura de 2013, num programa de eventos culturais não só pela cidade mas desta vez estendidos à região de Provence, uma edição inédita da iniciativa eventos gastronómicos, a cidade irá estar em festa. E isto faz de 2013 o ano perfeito para umas férias repletas de actividades para todos os gostos, história, comida e repouso na colorida e saborosa região do sul de França.

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SS13 - DESTINATION

Áfr 118


rica Fotografia artur cabral/Hotel Flamingo, Barra, Inhambane

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M

uitas páginas se escreveraM e Muitas ainda faltaM por escrever, o cinema e a Moda inspiraram-se em multiplas ocasiões, África é um mix se sensações, de emoções, de cores e sabores. As suas gentes e as suas paisagens rompem os estereótipos da sociedade actual, e como não, todas estas razões resultaram mais que suficientes para que ocupe um lugar de destaque na lista de locais a visitar. Pelos olhos de Artur Cabral, a Twissst recorre a Tanzânia, a Namíbia, o Quénia e Moçambique.Praias idílicas, savanas selvagens e o calor das suas gentes oferecem uma beleza práticamente inenarrável.

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Okakuejo, Etosha, Parque Nacional. Namibia 121


tanz창nia Parque Nacional Serengueti

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Datoga, Lagoa Eyasi 125


Monte Meru, Arusha 126


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Massai Oldonyo, Sambu, Arusha 128


Massai Ngorongoro, Área de conservação 129


naMĂ­bia Himba, Etosha, Parque Nacional

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Okakuejo, Ethosa, Parque Nacional 133


MoรงaMbiqu Lagoa de Bilene

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ue 135


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Baixa de Maputo 137


CFM, Maputo 138


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Praia de Barra, Inhambane 141


Costa do Sol, Maputo 142


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Quissico 144


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CALENDÁRIO CULTURAL Egon Schiele, o desenho (26 Junho - 29 Setembro / Museu de Belas Artes, Budapeste, Hungria) Após a exposição sobre Klimt, o Museu de Belas Artes de Budapeste, passa à geração seguinte e oferece uma visão da obra do artista mais destacado da sua época: Egon Schiele. A 70ª obra procedente do Museu Leopold de Viena, a maior colecção do mundo de Schiele, complementa-se com desenhos e pinturas procedentes de outras colecções de prestígio, além das obras de Oscar Kokoschka e Carol Moll. Viena é a capital do Art Nouveau do princípio do sec. XX e as relações artísticas com Budapest são muito próximas e frutíferas nesse período; prova disso é a profunda conexão que os irmãos Klimt, Schiele e os demais artistas do momento tinham com a capital húngara. Os irmãos Klimt são a “M” da modernidade. Schiele portador de um estilo mais selvagem e rebelde gera contradições entre entusiastas e críticos.A exposição está centrada em Egon Schiele, representada com 50 obras, de uma

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curta carreira de apenas uma década. O seu Toulouse-Lautrec, Munch, Moll e Kolo Moser. Enquanto os nus femininos de Klimt se caracterizam por um erotismo adoçado e velado, os de Schiele são, incluso ao dia de hoje, angustiados desenhos de linhas atormentadas, muito surpreende que a autoridade pública da época se tenha interessado pelas suas obras, chegando ao ponto de ser preso por promulgar o imoral e o impudico. A exposição apresenta obras de outros integrantes do Neukunstgruppe como Oskar KokosVon Faistauer. Digna de um Império já desaparecido trata-se de uma exposição “must see” para quem esteja de passagem por Budapeste.


Anish Kapoor in Berlin haus, Berlín, Alemanha)

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Anish Kapoor, nascido em Bombay em 1954, é do Reino Unido, com obras exposta na Tate Museum de Amesterdão, Depois de ter exposto no Royal Academy de Londres chegou a vez de Berlim, eleita pela sua forte comunidade artística e por ser um centro impulsionador de arte alternativo. Cerca de 3000 m² de um andar do Martin muitas das quais expressamente criadas para o evento. A peça central chama-se Symphony for a beloved Sun: sob uma ampla clarabóia, elevase, suspendida pelas paredes e pelo chão através de cabos, uma enorme estrutura metálica com um disco vermelho que no centro verte cera como se de um ser vivo se tratasse. Uma obra enigmática, como muitas de Kappor que deixa que as mesmas transmitam a cada espectador, sua própria interpretação e significado.

Krakow Photomonth Festival 2013 (16 Maio – 16 Junho / Bunkier Sztuki, Cracóvia, Polónia) Nascido em 2002, o Krakow Photomonth, rapidamente escalou no ranking dos festivais demais respeitados da Europa, capaz de concentrar não só novos talentos como também os mestres já reconhecidos a nível mundial. O tema deste ano é a Moda, “FASHION”, no amplo sentido do termo, não só pretende abordar o glamour e as imagens de semana de moda, senão tudo o que envolve o conceitos paralelos que durante este mês transforco em “plein air“.

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ROBERT MOTHERWELL: COLLAGES, o princípio heim Collection, Veneza, Itália)

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Exposição centrada exclusivamente nas obras de papiers collés e nas décadas de 1940 e 1950.Pode-se observar as origens estilísticas do artista e o seu revelador encontro com a como “a maior descoberta artística.” como puras abstracções ao longo dos anos listas começam a prevalecer nas primeiras obras que deram lugar ao seu característico mo abstracto. A exposição contará com aproximadamente 60 obras precedentes de colecciones públicas e privadas dos Estados Unidos e do estrangeiro. Um catálogo da exposição completamente ilustrado oferece uma reavaliação fundamental da obra de Motherwell. Uma exposição que os amantes do collage não devem perder!

(19 Maio - 15 Setembro /Ara Pacis, Roma, Itália) Comissariado por Lélia Wanick Salgado, mulher do conhecido fotógrafo brasileiro, a expoao longo das suas viagens à volta do mundo. colhem paisagens humanas em 5 distintas secções: Planeta Sul, África, o Norte, a Amazónia, o Pantanal, e os Santuários da Natureza. A exposição tem como foco e cariz formativo a tomada de consciência da fragilidade em que cada um se encontra, uma vez que cada legenda complementa todas as informações

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O MoMA apresenta a sua primeira grande exposição sobre a obra de Le Corbusier, onde abrange o seu trabalho como arquitecto, designer de interiores, artista, urbanista, escritor e fotógrafo. A Exposição transita das primeiras aguarelas de viagens formativas e aos modelos dos seus projectos de grande escala. Todas estas variantes estão presentes na maior exposição produzida nos Estados Unidos sobre este genial e carismático arquitecto.

ALTA MODA dro de Osma, Lima, Perú)

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Mario Testino, seguramente um dos fotógrafos de moda mais relevantes do mundo, aproximanos do seu pais natal, o Peru, sem deixar de lado o seu campo de interesses. Jogando com a irónica duplicidade da leitura do título, esta exposição apresenta-nos os trajes típicos da região de Cuzco, antiga capital Maya situada a 3400 m de altitude, através da objectiva do fotógrafo que como poucos soube consolidar o seu nome tamanho natural outros tantos trajes tradicionais, cujos detalhes e contrastes cromáticos são a chave da interpretação. Para a exposição, Testino, desenvolveu um longo trabalho de preparação, com o objectivo de desdobrar a perfeita fusão de clássico e moderno, do tradicional e da vanguarda e, que é conseguida por um trabalho tributo ao seu país natal, tal como a publicação da Vogue Paris, do passado mês de Abril, onde representou al-

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Japonismo. O fascínio da arte japonesa lona, Espanha)

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Pela ocasião do ano dual entre Espanha-Japão, os amantes de país do Sol Nascente podem aproveitar as exposições centradas na aproximação do país, e da sua cultura, ao grande público. Em Barcelona, no Caixa Fórum, pode-se assistir a uma exposição inteiramente dedicada ao Japonismo, o movimento artístico à exaltação do recém-descoberto estilístico mundo Japonês. Em Espanha fundiu-se com a corrente do Modernismo e está presente em numerosas obras, tão distintas como as de Maria Fortuny, de Joan Miró, dos ilustradores Xaudaró, ou de Baldrich.

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No Museo del Prado de Madrid, de 12 de Junho a 6 de Outubro, estarão expostas duas obras procedentes do Museu Seikado Bunko e do junto a um riacho. Trata-se de dois biombos tradicionais de pintura sobre papel de arroz, pertencente ao período Edo, de total e absoluta clausura do Império do Sol Nascente em relação ao resto do mundo.Aproveitando a presença das obras convidadas serão também exibidas obras de uma selecção de estampas japonesas, propriedade do Prado nunca antes expostas ao público, de um período entre o séc. XVII e XIX. A não perder!


Backstage NUNO BALTAZAR @ ModaLX TRUST 1 Photo: Artur Cabral

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