Tribuna do Norte - 20/05/2012

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geral

Domingo | 20 de maio de 2012

Tribuna do Norte | Natal | Rio Grande do Norte |

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[ AUGUSTO SEVERO ] Explosão da turbina causou tensão aos passageiros. O avião precisou sobrevoar a cidade por cerca de uma hora antes de aterrissar porque havia risco de incêndio

Gaudêncio Torquato gaudenciotorquato@tribunadonorte.com.br

A nova ordem e a força social aquiavel dizia: “nada é mais difícil de executar, mais duvidoso de ter êxito ou mais perigoso de manejar do que dar início a uma nova ordem de coisas”. E o cardeal de Richelieu lembrava em seu testamento político: “o que é apresentado de súbito em geral espanta de tal maneira que priva a pessoa dos meios de fazer oposição, ao passo que quando a execução de um plano é empreendida lentamente a revelação gradual do mesmo pode criar a impressão de que está sendo apenas projetado e não será necessariamente executado”. Entre as trilhas abertas por esses dois grandes formuladores da ciência política, caminha o Brasil. Quem garante que o país não tem se esforçado para abrir uma nova ordem de coisas pode estar acometido de cegueira partidária, essa que confere aos adversários (momentâneos) dos governos a capacidade de enxergar apenas por um olho, o da oposição. E quem defende a tese de que o edifício das reformas já está construído – e que tudo anda às mil maravilhas – é um habitante passional do condomínio governamental. Por sua lupa de lentes grossas, os feitos batem nas alturas. Nem uma coisa nem outra. O país faz consertos, sim, nas estruturas, mas o trabalho é lento. Os avanços não seguem o modelo “arrombar a porta” da blitzkrieg. Por aqui, a estratégia lembra mais a do general Quintus Fabius (275 a.C – 203 a.C), conhecido por fustigar o cartaginês Aníbal Barca, nas guerras do sul da Itália, nunca recorrendo ao confronto direto, mas “comendo pelas bordas”. Faz mais nosso estilo. Quem não se lembra da angustia provocada pelo abrupto confisco da poupança na era Collor?

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A mudança, a inovação, a renovação são processos que começam a inspirar a sociedade em sua caminhada. Um Brasil racional, mais justo e ético, está sendo plasmado nos fornos sociais.

Nas últimas duas décadas, avançamos no terreno da racionalidade. Implantaram-se sistemas, métodos e programas voltados para o aprimoramento da gestão pública, da moralização dos padrões da política, da defesa dos direitos humanos, da igualdade entre classes e gêneros. Nossa democracia foi bastante lapidada. Nesta semana mesmo, o país instalou a Comissão da Verdade com o objetivo de investigar crimes perpetrados por agentes públicos e ganhou a Lei de Acesso à Informação, pela qual os cidadãos tomarão conhecimento do que se passa nos municípios, Estados e União, na esfera de todos os poderes. No rol de mecanismos para moralizar a gestão pública, vale destacar a lei de responsabilidade fiscal, de maio de 2000, que condiciona gastos de Estados e municípios à capacidade de arrecadar tributos. É mecanismo central para barrar a “gastança” de administradores que tentam se pendurar na gangorra eleitoral. Mesmo assim, não é pequeno o número de entes federativos que levantam dificuldades para aplicar na plenitude aquele dispositivo, sob o argumento de que os orçamentos têm se estreitado. Como se vê, por aqui a cultura moralizante baixa a conta gotas. E sob muita lentidão. Ainda na trilha dos Direitos Humanos e da Cidadania, podese apontar um conjunto normativo de muita significação como a lei Maria da Penha, contra agressões à mulher no ambiente doméstico e familiar; a lei da Ficha Limpa, que torna inelegíveis candidatos e governantes às voltas com a justiça; o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA); a lei das cotas, que garantem reservas em vestibulares para negras e negros; o dispositivo que pune empresas por estabelecer menor remuneração para as mulheres que exercem a mesma função dos homens; a lei para o refugiado, considerada uma das mais avançadas do mundo no gênero, e que deverá ampliar os direitos dos imigrantes. O acervo de instrumentos legais, como se pode concluir, é vasto e contempla as mais variadas esferas, categorias e núcleos. Ao longo das legislaturas, vão ganhando reparos, passando por ajustes e se incorporando às culturas administrativa e política. Moldam-se, paulatinamente, às pautas cotidianas e mesmo as leis que rece-

bem protestos de setores organizados – no caso a Lei Seca – acabam sendo aplaudidas. Chama a atenção o fato de que a nova ordem que se esboça resulta de uma forte ação social. Essa é a boa novidade. O país alarga o caminho do aperfeiçoamento das instituições sob o empuxo de uma efervescente democracia participativa, como se vê na mobilização de caravanas que comparecem às Audiências Públicas no Congresso e às sessões do STF, cuja sintonia com a sociedade nunca foi tão afinada. O movimento centrípeto – das bases para o centro da política tradicional – sinaliza horizontes promissores, eis que abre a perspectiva de uma sólida democracia participativa. Ou seja, funcionando como aríete contra os vetustos bastiões dos exércitos que tomam assento no Congresso, os pólos de poder que nascem nas vanguardas sociais forçam partidos a assumir posições inovadoras e a desconcentrar a velha política. O Estado oxigena suas estruturas e a Nação passa a ganhar altas taxas de civismo. Exemplo dignificante dessa força centrípeta é a vassoura ética simbolizada pela lei da Ficha Limpa. Construída nas oficinas sociais, foi transportada ao Parlamento com o registro de mais de 1,3 milhão de assinaturas. A conclusão emerge: o Brasil não é mais um gigante dormindo em berço esplêndido. Está despertado. Uma bandeira reformista tremula por todos os espaços. É claro que a representação política faz a sua parte. Daí se aduzir que vivemos, hoje, sob o signo de uma feliz interação entre a macropolítica, sob as cúpulas do Parlamento, e a micropolítica, sob o império dos novos circuitos de representação (organizações, núcleos, grupos etc). Outra hipótese floresce. A mudança, a inovação, a renovação são processos que começam a inspirar a sociedade em sua caminhada. Um Brasil racional, mais justo e ético, está sendo plasmado nos fornos sociais. Ao contrário do que alguns ainda verberam, as massas não desejam apenas pão e circo. Querem serviços de qualidade. Se a democracia representativa não atende ao seu clamor, levantarão com vigor a bandeira da democracia supletiva. Uma leitura dos eventos de nossa política mostra que o aviso é para valer.

GAUDÊNCIO TORQUATO jornalista, é professor titular da USP e consultor político e de comunicação.Twitter: @GaudTorquato

Avião tem problema em turbina e faz pouso forçado s 166 passageiros do vôo JJ-3317 da companhia aérea Tam, que sairia de Natal às 7h36 deste sábado, com destino a São Paulo, foram surpreendidos com uma explosão ocasionada por problemas na turbina, no momento da decolagem no Aeroporto Internacional Augusto Severo. O comandante da aeronave iniciou os procedimentos para aterrizagem quando identificou que a placa que envolve o motor havia sido parcialmente destruída e provocou prejuízos na fuselagem do avião. Os passageiros, apavorados, tiveram ainda que aguardar um sobrevôo de aproximadamente uma hora em volta da capital potiguar para que fosse desperdiçado parte do combustível da aeronave. O comandante teria optado por não aterrizar de imediato porque o avião estava pesado e com o tanque cheio poderia ocasionar incêndio. Em um primeiro momento, a tripulação foi informava que o problema tinha sido gerado por uma ave, que havia batido na turbina esquerda e o estrago obrigaria o retorno ao Aeroporto. Depois, avisou que a carceragem do motor havia se soltado. O pânico era geral, principalmente por parte de muitos idosos que viajavam rumo a São Paulo. A Tam acomodou os passageiros em um vôo que saiu às 12h15 do Augusto Severo com destino a São Paulo. O casal de empresários paulistas Andrea Carvalho e Uberdan Tavares estavam em Natal em viagem de lua-de-mel e disseram que o problema no vôo abalou a ambos emocionalmente. “Estamos em segurança, não houve maiores transtornos, mas um problema como esse provoca um questionamento sobre a manutenção dessas aeronaves. Será que esse problema poderia ter sido evita-

ALBERTO LEANDRO

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Técnicos da companhia estavam averiguando o que ocorreu com a aeronave durante a partida ALBERTO LEANDRO

do?”, indagou Uberdan. Na fila de check in os passageiros reclamavam as condições adversas, muitos deles como João Silva lamentavam que perderiam compromissos já agendados em São Paulo. A Tam emitiu nota informando que a aeronave que faria o vôo JJ3317, partindo de Natal com destino ao Aeroporto de São Paulo – Guarulhos, teve o capô de um dos motores desprendido durante a decolagem, mas garantiu que a ocorrência não afetou o desempenho do motor. “Seguindo os procedimentos de segurança, o comandante retornou ao Aeroporto Internacional Augusto Severo, em Natal, para a manutenção do equipamento”, atestou a nota. A assessoria da companhia disse também que às 8h42, o pouso foi realizado em segurança e os passageiros a bordo desembarcaram

Andrea e Uberdan Carvalho estavam voltando para São Paulo

normalmente. “Em terra, os clientes receberam toda assistência necessária e às 12h15 prosseguirão viagem no voo JJ9354, com des-

[ INVERNO ] Com a chuva que caiu pela madrugada e começo da manhã

de ontem, alguns pontos crônicos de alagamento voltaram a aparecer ADRIANO ABREU

tino ao Aeroporto de São Paulo – Guarulhos. A TAM lamenta os transtornos experimentados pelos clientes”, disse ainda a nota.

[ RONDA ]

Agressão em saída de boate vai parar na DP ma diversão na madrugada deste sábado virou caso de Polícia para três primos que se divertiam na boate Medievo, em Petrópolis. Segundo Taliane Santos, de 24 anos e Thiago Augusto, de 26, três jovens de classe alta, que chegaram ao local em um veículo Hyundai Veloster, Placas NOH 9320/Natal, fizeram agressões físicas a eles e a outro amigo quando deixavam o local, por volta das 5h. Eles registraram um boletim de ocorrência na Delegacia de Plantão da Zona Sul (DPZS). Taliane afirma que levou dois socos no rosto e foi xingada pelos jovens de maneira preconceituosa por ser de uma classe social menos favorecida. “Vocês sabem quem nós somos? Nós andamos de Veloster. Não queira saber de quem somos filhos”, esbravejavam os rapazes. No momento em que registravam o BO na DPZS, Thiago Augusto ainda tinha a roupa ensanguentada. Taliane afirma que a discussão teve início quando ela e os primos retiravam o carro do estacionamento. Como o espaço onde estavam os veículos o automóvel se aproximou ao dos rapazes a ponto de quase encostar na porta. “Íamos sair pacificamente, mas eles foram logo no tapa e nas agressões verbais”, disse ela, para em seguida enfatizar: “eles estava alterados, tanto que os seguranças da boate não saíam de perto”.

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Na avenida Engenheiro Roberto Freire alguns carros ficaram impedidos de passar por causa da água

Fim de semana com chuva atal deve amanhecer o dia com sol e céu nublado hoje, domingo, com previsão de pancadas de chuvas na parte da tarde e à noite, segundo a meteorologia. Já amanhã, o dia aparece com sol e algumas nuvens, mas não estão previstas chuvas, que no acumulado do ano chegou a apenas 406,5 milímetros, quando o normal é chover mais que o dobro. Com a chuva que caiu pela madrugada e começo da manhã de ontem, alguns pontos crônicos de alagamento voltaram a aparecer, incomodando, principalmente o trânsito e a paciência dos motoristas. Na avenida Roberto Freire uma lagoa pluvial se formou em frente

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à Universidade Potiguar (UnP), obrigando os veículos a andarem lentamente ou tentarem desviar a rota rumo à Ponta Negra ou às praias do litoral sul por duas adjacentes à antiga estrada de Ponta Negra. Outro ponto de alagamento voltou a aparecer na rua Norton Chaves, em frente ao quarte do 7º Batalhão de Engenharia de Combate, do Exército, em Nova Descoberta. No local, a prefeitura já realizou obras de drenagem, mas o volume de água de chuva, misturado à rede de esgotou, transbordou as galerias, provocando um mal cheiro na passagem dos carros. Em Ponta Negra, o calçadão que havia arriado em consequên-

cia de uma ressaca do mar, agora em maio, não sofreu com as chuvas, porque em dois locais já foram recuperados os muros de contenção e outro já começaram as obras, que continuarão depois com a recuperação da calçada propriamente dita. O setor de meteorologia da Empresa de Pesquisa Agropecuária do Rio Grande do Norte (Emparn) informa que a semana começa com a predominância de céu parcialmente nublado com ocorrência de pancadas de chuvas na faixa leste do litoral potiguar, “devido formação de instabilidades de origem oceânica”. Nas demais regiões, regiões predominará a condição de céu parcialmente nublado a claro.


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