Tribuna do Norte - 23/10/2011

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economia

Domingo | 23 de outubro de 2011

ANTOIR MENDES SANTOS [ Economista]

Negócios &Finanças LUIZ ANTÔNIO FELIPE laf@tribunadonorte.com.br

Um novo Brasil m estudo recente, divulgado pelo Ministério do Turismo, mostrou que, um em cada três turistas estrangeiros se surpreendem com o Brasil. Dos 39 mil entrevistados em 26 estados e no Distrito federal, 96% manifestaram o desejo de voltar ao Brasil. Serviços turísticos como hospitalidade (97,8%), segurança pública (82,5%) e transporte urbano (81,5%) são os mais bem avaliados pelos turistas, enquanto as piores avaliações foram para preços (60%), telefonia e internet (73,8%) e sinalização turística (76,6%). Diante dessa pesquisa pode-se argumentar que dentro de uma década o Brasil poderá ser um polo turístico importante no mundo.

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PERCENTUAL A maioria dos visitantes estrangeiros, cerca de 46%, são sul-americanos, 31% são europeus e 15% vêm da América do Norte. Segundo o estudo, só a Argentina e os Estados Unidos são responsáveis por quase metade dos visitantes estrangeiros, sendo a Argentina o país que mais tem enviado turistas no Brasil. Os principais motivos que trazem os turistas estrangeiros ao país são o lazer (46,1%), seguido de visitas a amigos e parentes (27%) e negócios e eventos (23,3%).

Cadastro

Estratégias

A população do Nordeste aprova Cadastro Positivo, segundo uma pesquisa da Boa Vista, ao mostrar que 80% aprovam o banco de dados com informações positivas de crédito na região. A grande maioria aprova o banco de dados em que são registrados os compromissos financeiros dos consumidores que estão em dia com seus pagamentos.

O Fórum Internacional de Gestão, Estratégia e Inovação, dias 26 e 27 (quarta e quintafeira), no Teatro Riachuelo, vai discutir ideias, conceitos, e práticas que poderão ser utilizados para o crescimento de empresas. Estarão em Natal, Robert Wong (Brasil), Tom Peters (EUA), Isabel Aguilera (Espanha) e Ingrid Betancourt (Colômbia).

PIONEIRO O Projeto de Assentamento Frutos da Paz, entre CearáMirim e Pureza, será o primeiro do Rio Grande do Norte e, provavelmente do Nordeste, a ter casas construídas dentro do programa Minha Casa Minha Vida. A Caixa Econômica confirmou o financiamento de 70 unidades. O Frutos da Paz é um projeto considerado hoje de viabilidade econômica.

Arrecadação x repasse A Receita Federal registra uma arrecadação de R$ 75,1 bilhões em setembro, resultado pouco superior aos R$ 74,6 bilhões registrados em agosto e R$ 5,2 bilhões superior ao arrecadado em setembro de 2010. No ano a arrecadação federal totalizou R$

705,6 bilhões - resultado 12,9% superior a igual período do ano passado, em termos reais. A grande dúvida é justificar o repasse do Fundo de Participação com tantas perdas, para estados e municípios, se a arrecadação nunca caiu?

CONSUMO A gigante americana Procter & Gamble (P&G) vai investir mais de R$ 1 bilhão no Brasil nos próximos dois anos. A multinacional de bens de consumo pretende dobrar de tamanho até 2015, no embalo do crescimento do consumo doméstico.

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O Conselho Regional de Administração do RN fará amanhã,um almoço com a Imprensa,para lançamento do 5º Congresso de Gestão Pública do RN,a ser realizado em novembro.Estará presente um dos palestrantes do congresso,o superintendente estadual do Banco do Nordeste,José Maria Vilar.

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Na próxima quarta-feira (26) será realizada a primeira eleição para o novo Conselho de Arquitetura e Urbanismo - CAU, via internet. Serão eleitos, nove conselheiros estaduais e seus suplentes e um conselheiro federal e seu suplente. Os arquitetos terão entidade própria.

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O Terceiro Setor concorre ao Conselho do Polo Costa das Dunas Ao todo,serão nove vagas para esse segmento.O conselho,coordenado pela Secretaria Estadual de Turismo e secretariado pelo Banco do Nordeste, está plena eleição dos seus 36 conselheiros. O processo seletivo será realizado dia 27 próximo,às 9h.

FRANQUIA Com um investimento entre R$ 60.000 e R$100.000, empreendedores interessados no segmento de cervejas e chopes já podem aderir à rede Kiosque do Chopp. É possível optar por dois formatos diferentes: Kiosque Rua ou Kiosque Móvel. O modelo Rua foi projetado para atender locais de grande movimento. Telefone: 0800-110-420 Site: www.choppgermania.com.br MUDANÇA O Bigi, restaurante italiano, na Praça das Flores em Petrópolis, fechou suas portas para reabrir em novembro, com uma nova proposta. A casa que terá mudanças no layout interno e na fachada, passará a funcionar apenas para jantares fechados, em especial, aniversários, bodas, confraternizações e eventos corporativos, atendendo uma demanda crescente em Natal por espaços para realização de eventos de pequeno porte (entre 20 e 50 pessoas).

PANETONES Com o fim do ano que se aproxima, as padarias das lojas Extra Shopping e Ponta Negra aumentam a produção dos panetones de fabricação própria, oferecidos praticamente todos os dias do ano. O período é responsável por 90% das vendas do bolo natalino, com expectativa de crescimento de 25% na comercialização dos produtos de fabricação própria e industriais em relação ao mesmo período de 2010. ANTECIPAÇÃO O Bompreço se antecipou à sazonalidade de Natal e começou a comercializar os primeiros panetones. Essa antecipação, desde setembro, gerou um crescimento de 80% na venda do produto, ante o mesmo período de 2010. O preço da versão de frutas, a mais vendida até agora, está a partir de R$ 4,96.

A ênfase no trabalho decente sociedade potiguar teve uma oportunidade impar de debater e contribuir para a formulação de políticas públicas para a consolidação, no RN e no país, de uma Agenda de Trabalho Decente, com a realização da I Conferência Estadual do Emprego e Trabalho Decente. Com o assessoramento da Organização Internacional do Trabalho – OIT, nosso estado foi a quarta unidade da federação a reunir entidades patronais, centrais sindicais, órgãos estaduais e municipais, ONG’s e entidades da sociedade civil organizada, todos voltados para a discussão de temas que compõem o ideário nacional do trabalho e emprego decente, os quais se identificam com a defesa dos princípios e direitos do trabalhador, com a proteção social desse trabalhador e sua família, com a geração de mais e melhores empregos e ainda com o fortalecimento do modelo tripartite, que reúne governo, trabalhador e empregador, através do diálogo social. Dentre as proposições formuladas no âmbito da temática princípios e direitos, podemos ressaltar a necessidade do reconhecimento das doenças ocupacionais adquiridas no trabalho como doença profissional; que ao trabalho doméstico seja assegurado os mesmos direitos dos demais trabalhadores; que se amplie as discussões entre governo e empregadores para a abertura do mercado de trabalho para pessoas com mais de 40 anos, além da necessidade da implantação de um processo de qualificação profissional do trabalhador, até porque advoga-se que a qualificação estaria muito restrita aos grandes centros urba-

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nos, não chegando ao interior do estado. Se é verdade que sem Contudo, a proposição mais enfaticaa existência de mente defendida, soempresas bretudo, pela classe sustentáveis não há trabalhadora foi a recomo se falar em dução da jornada de oferta de empregos trabalho de 44 para formais,também é 40 horas semanais, verdade que sem sem a redução de satrabalhador lários. adequadamente As discussões remunerado e com a com relação a proteproteção social do ção social do trabaEstado,não há como lhador produziram se falar em emprego e propostas que vão trabalho decente” da reconstrução da rede de proteção para a erradicação do trabalho infantil, através de instrumentos formais; a necessidade da centralização das denúncias do trabalho escravo e infantil no Ministério do Trabalho e Emprego, com a criação de ouvidoria; a potencialização dos programas sociais, com destaque para o Programa de Erradicação Trabalho Infantil – PETI; a realização de pesquisas para mapeamento e formação de banco de dados sobre o trabalho forçado, em nível municipal, além do fortalecimento da intersetorialidade entre as diversas políticas públicas (saúde, segurança, educação etc). No que se refere às proposições relativas ao tema trabalho e emprego, destacam-se a redução da carga tributária e encargos sociais sobre a folha de pagamentos para mi-

cros, pequenas e médias empresas; a oferta de crédito específico para a infraestrutura produtiva rural; o apoio a criação de conselhos municipais de trabalho e renda; a geração de benefícios fiscais para empresas que empreguem pessoas com alta vulnerabilidade social; o maior controle e transparência no gasto público, com a participação da sociedade na aplicação dos recursos e também mais investimentos em pesquisa, inovação e tecnologia. O debate para o fortalecimento do diálogo social indicou a necessidade da realização de estudos para repensar que programas de governo podem tornarem-se programas de Estado, para que se evitem a descontinuidade das ações e dos contratos de trabalho; e que seja assegurado que a legislação garanta os direitos básicos e princípios fundamentais do trabalhador, deixando que o diálogo social, através das negociações coletivas, contemplem as especificidades de cada setor, e ainda que o estado fortaleça a criação de comissões tripartites nos municípios. Certamente, a exemplo de outros estados, I Conferência do Trabalho e Emprego Decente do RN foi uma experiência inusitada, sobretudo, por reunir segmentos da sociedade que nem sempre estão alinhados em torno de objetivos comuns. Se é verdade que sem a existência de empresas sustentáveis não há como se falar em oferta de empregos formais, também é verdade que sem trabalhador adequadamente remunerado e com a proteção social do Estado, não há como se falar em emprego e trabalho decente.

TOMISLAV R.FEMENICK [ Autor do livro “Para Aprender Economia]

As Ciências m dos conceitos da história como ciência está sendo revisto: a civilização do ser humano não se iniciou isoladamente na Mesopotâmia, como se presumia até há poucos anos. Parece ter acontecido concomitantemente, ao mesmo tempo, na Mesopotâmia, na China e, provavelmente no Vale do Rio Indo, hoje território da Índia e do Paquistão. Entretanto esse desenvolvimento que estamos falando – embora comporte alguns elementos cognitivos, como conhecimentos técnicos, percepção, memória e raciocínio – não incorporava um saber capaz de analisar percepções, concatenar ideias, deduzir conceitos. As civilizações mesopotâmicas, chinesa e harappeana (do Vale do Indo) desenvolveram técnicas de fazer coisas e normatizaram alguns procedimentos administrativos, jurídicos, religiosos etc. As incursões que fizeram na arte do raciocínio lógico foram esporádicas e não tiveram grandes repercussões ao longo da historia. Foi na Grécia antiga que o processo civilizatório tomou forma com base na percepção, na dedução, na indução e, principalmente, na lógica. Os gregos foram os precursores em quase todos os campos do saber, tomando consciência dos elementos do meio ambiente através das sensações físicas, porém primordialmente por produzir representação intelectual da realidade; fazendo indagações e focando a razão. Foram tão profundas e amplas as incursos dos filósofos gregos que moldaram a forma de pensar do homem ocidental e, por decorrência, a forma de pensar da humanidade. Uma característica da filosofia grega é a multiplicidade de temas, de tal forma que incluía aquilo hoje não chamamos de filosofia: a religião e as ciências – pois o filosofo era o

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sábio “que refletia sobre todos os setores da indagação humana”. A religião era tratada como ética, história etc.; as ciências eram investigadas por conclusões lógicas. Ai estava o problema. Algumas ciências exigem testes empíricos, demonstrações práticas que comprovem seus postulados, impossíveis de serem realizadas com simples elementos de discussão, por mais racionais que sejam. Nas ciências exatas, as chamadas ciências duras – tais como a física, química, matemática – essas provas são obtidas em laboratórios, onde as experiências repetidas apresentam sempre o mesmo resultado. Tantas vezes se junte duas porções de hidrogênio a uma porção de oxigênio, tantas vezes sem obitem água. Todo esse preâmbulo é simplesmente para delimitar o comportamento dos pensadores das ciências humanas, ciências cujas teorias e leis não podem ser comprovadas em laboratórios. As ciências econômicas, contábeis e da administração encontram-se nesse caso. Como, então, procedem os pensadores dessas ciências? O trabalho desses cientistas é realizado com o uso do método construtivo, que utiliza uma cadeia de processos que se alimentam e se entrelaçam, com avanços e recuos constantes, até se encontrar a verdade do fato pesquisado. Esse sistema tem quatro etapas distintas. A primeira delas é a “Observação”, que consiste na coleta de dados a respeito de determinados fatos, sobre os quais se propõe fazer um estudo científico. Esses dados devem ser representativos da vida real. Em seguida vem a fase de elaboração da “Hipótese”. Isto é, de posse desses elementos formula-se um modelo, que nada mais é do que uma explicação provisória para o conjunto de fatos a ele relacionados. É um pressuposto teórico simples que ainda deverá ser comprovado.

As etapas seguintes são as decisórias. A terceira delas, a “Experimentação”, é a fase em que se testa a consistência da hipótese e se procura encontrar falhas em sua proposta, estrutura e conceito, bem como verificar se suas afirmações são aplicáveis, sempre que o fenômeno acontecer nas mesmas circunstâncias. A experimentação é o confronto da hipótese com o mundo real, quando há oportunidade de se fazerem alterações e correções. Quando suas afirmações não são comprovadas, a hipótese deve ser abandonada. A última é a aquela em que se constrói a “Teoria”. As teorias científicas são modelos que procuram representar a realidade de forma organizada. Uma teoria em particular é, então, uma abstração racional que explica um determinado fenômeno ou uma série de fenômenos. Para isso ela deve passar por todas as etapas anteriores e se basear em todos os conhecimentos necessários e disponíveis. As teorias são as bases lógicas e racionais de todas as ciências e fazem com que elas deem ao ser humano a possibilidade de conhecer a si mesmo e a natureza, bem como de fazer as coisas. Aqui está o bizarro da coisa toda. Para se confirma a integridade das teorias das ciências humanas, há que se voltar à filosofia, que se recorrer à epistemologia, um ramo da filosofia que analisa “cientificamente” as formulações teóricas dessas ciências. Também identificada como a teoria do conhecimento, ela tem como ferramentais, entre outras, a metafísica e a lógica, com o que valida ou não a consistência das premissas, dos métodos, das teorias e das leis dessas ciências. Os pressupostos das ciências econômicas, contábeis e da administração somente têm consistência, quando comprovados pela epistemologia.

FABIO EDUARDO MACEDO DE OLIVEIRA [ Executivo e engenheiro civil com experiência no mercado financeiro ]

Crédito para pequenas e médias empresas uitos são os motivos da dificuldade de crédito, como, por exemplo, ter pouco tempo de CNPJ, nome restrito ou não se enquadrar na política do banco, etc. A economia brasileira esta entre as dez maiores economias do mundo, entretanto, quando se fala em crédito nossa economia ainda tem muito a evoluir para se situar entre as maiores. O volume de crédito no país vem crescendo ano após ano chegando a aproximadamente 50% do PIB, só para se ter uma ideia, em países como Estados unidos e Japão o volume de crédito supera os 180% do PIB. Países europeus como Grã Bretanha e Suíça chegam a 160% do PIB e Itália e França 90% do PIB. Apesar da melhora na concessão de crédito no Brasil, a maioria dos pequenos e médios empresários encontra muitas dificuldades em localizar linhas de crédito com taxas e prazos competitivos. Muitos são os motivos desta dificuldade de crédito por parte dos pequenos, ou porque tem pouco tempo de CNPJ, ou porque tem

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algum tipo de restritivo em nome, ou não se enquadra na política do banco, etc. As dificuldades enfrentadas pelo pequeno empresário em administrar sua empresa hoje em dia é muito grande, a fome fiscal, em alguns casos, toma quase 40% da receita das empresas. A maioria das leis voltadas para conter a grande empresa, acaba contendo a média e pequena companhia. Com isso, os Bancos criam dificuldades na hora de conceder um capital de giro, um empréstimo, etc, pois ele sabe que o pequeno empreendedor precisa suar muito a camisa para conseguir gerar lucro para pagar toda sua estrutura, e os juros. Assim, este pequeno empreendedor precisa descobrir maneiras menos burocráticas para conseguir financiamentos, mesmo que seja indireto. Hoje em dia algumas instituições trabalham com linhas de financiamento do produto ou serviço final, ou seja, ele concede à pessoa física que deseja adquirir um bem ou serviço financiamento em até 36x e paga a

empresa à vista. Desta forma, este empreendedor passa a ter maior competitividade no mercado, conseguindo atingir um público maior, uma vez que consegue proporcionar um parcelamento em várias vezes. Passa a ficar mais capitalizado, pois recebe à vista pela venda de seu produto e, dependendo da linha de crédito, não assume mais risco de inadimplência. Alguns produtos disponíveis no mercado podem facilitar muito a vida do pequeno e médio empresário. Uma solução viável pode ser o correspondente bancário, que vem desempenhando muito bem este papel de ligação entre o empreendedor e o banco, pois consegue estar presente em todo o território nacional e dar um atendimento personalizado. O mercado para este correspondente atuar é muito grande, mais de 55% dos postos de trabalho do país e mais de 57% da massa de rendimento depende das pequenas empresas, que estão muito carentes no que se refere a soluções financeiras e atendimento personalizado.


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