Tribuna do Norte - 12/08/2012

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política

Domingo | 12 de agosto de 2012

Cientista político aponta que circunstâncias sociais e econômicas devem ser consideradas na análise das dificuldades para o Partido dos Trabalhadores no Rio Grande do Norte, ter desempenho semelhante ao nacional [ ELEIÇÕES 2012 ]

Analista vê necessidade de renovação cientista político e professor da Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Antônio Spinelli, observou que o PT necessita de uma renovação nos quadros locais - desde sempre protagonizados pela deputado Fátima Bezerra e pelo deputado Fernando Mineiro -, mas observou que o desempenho do partido historicamente à margem do cenário nacional é mais complexo do que se pensa. Ele enfatizou que essa minimização local talvez tenha a ver com o ambiente, com a realidade socioeconômica de cada município, acostumados com práticas e discursos mais tradicionais. “O PT de qualquer forma ainda é um partido do meio urbano. Onde há uma economia mais desenvolvida, um núcleo de trabalhadores de classe média também mais denso”, assinalou Spinelli. Ele exemplificou, contudo, que há localidades como o Alto Oeste e Mossoró, onde há presença de indústria sólida, como a do petróleo, e mesmo assim há clã político muito forte, “dos Rosados”, que predominam politicamente na área. Para Spinelli, o PT potiguar perdeu a oportunidade de protagonizar um embate mais contundente no segundo colégio eleitoral do estado, com a candidatura do reitor da Universidade Federal do SemiÁrido (Ufersa), Josivan Barboza, mas optou por apoiar a candidatura da deputada Larissa Rosado. Sobre a renovação necessá-

JÚNIOR SANTOS

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Antônio Spinelli destaca que o PT é um partido com presença da militância e certa “expressão no movimento sindical “

ria à legenda, Spinelli ponderou que essa pode não ser uma fórmula definitiva, uma vez que muitos partidos mantém as lideranças tradicionais a décadas, e mesmo assim a população dá sinais de que concorda com essa situação posta. “Não é uma característica não só do PT. Mas o que eu me indago é que o PT é um partido de militância e tem inserção muito forte no movimento sindical. Na capital o PT tem uma certa expressão, não tenha dúvida. Agora no interior é muito fraco. Essa análise precisa de muito aprofundamento”, pontuou o cientista político.

Tendência diverge na escolha local Mais uma vez o Rio Grande do Norte dá sinais de que caminha com as próprias pernas em relação à política que vem sendo formatada pelo eleitorado país afora. Apesar de ter dado uma vitória acachapante à presidenta Dilma Rousseff, o Estado é um dos únicos no país a continuar a oxigenar o DEM, partido presidido nacionalmente pelo senador José Agripino, e que tem como uma das principais lideranças a governadora Rosalba Ciarlini. Ao contrário do PT e PSB, que perderam espaço, os democratas

ganharam novo fôlego no RN. E passaram de 31 candidaturas a prefeito em 2008 para 49 este ano. Claro que nada se compara ao PMDB, que pulou de 77 concorrentes a prefeito na eleição passada para 98 nesta, mas o partido do deputado Henrique Alves e Garibaldi Alves, sempre desponta como a legenda com o maior número de candidaturas em eleições municipais. Para o professor Antônio Spinelli, o progresso do DEM potiguar, ao contrário do que vem ocorrendo no país, está diretamente ligado à liderança do senador José Agripino, um

político dos mais conhecidos no Senado, e ao Governo Rosalba. Spinelli lembra que a eleição majoritária vencida pelo DEM antes de 2010 - considerando o Governo e a capital - foi em 1990. “Houve um renascimento do Democratas. E o fato de ter um senador que consegue trabalhar um marketing de parlamentar de oposição ético e uma governadora ajudou”. Para o professor, com a máquina governamental na mão e um trabalho de divulgação dos representantes da legenda eficiente, o DEM deve ser forte candidato a um êxito eleitoral neste ano.

“Candidaturas não são único parâmetro” A deputada Fátima Bezerra (PT) afirmou que o crescimento de um partido a nível municipal não pode ser medido somente pelo número de candidatos a prefeito. Ela destacou que o PT dispõe para 2012 de um número de concorrentes a vice-prefeitos e a vereadores consideravelmente maior que na eleição passada. Ela acrescentou também que a disputa para os petistas está inclusive mais viável que em anos anteriores. “O PT tem uma participação neste pleito municipal muito mais expressiva do que muita gente pensa”, assinalou a deputada. Fátima ressaltou que a legenda da qual é parlamentar elegeu a deputada mais bem votada do Rio Grande do Norte, em 2008, o que demonstra que a população do estado tem confiança nos ideais do partido. O deputado Fernando Mineiro (PT), que é um dos candidatos petistas a prefeito disse que para medir o desempenho e aceitação de um partido é necessário analisar não somente o número de candidaturas, mas também o percentual de eleitoral para o qual a legenda se dirige. “Você se dirige a quantos por cento do eleitorado?”, questionou o parlamentar candidato. Ele faz referência ao fato de o PT disputar majoritariamente a prefeitura da capital, o maior colégio eleitoral do estado. “Muitos não concorrem em grandes cidades. Mesmo assim são maiores e nós somos pequenos?”, interrogou.


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