Tribo Skate Edição 214

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Jay alves, ss fs noseslide ano 22 • 2013 • # 214 • r$ 8,90

www.triboskate.com.br










índice //

agosto 2013 // edição 214

especiais> 34. Lego pipes CustoMiZação dE tubos 40. Jay aLves skatE CoNsCiENtE 52. Jr. pig do jEito quE ElE é seções> Editorial ..................................................... 12 Zap .................................................................. 18 luZ .................................................................. 62 Casa Nova ................................................... 68 Hot stuff..................................................... 76 Áudio (vivENdo do ÓCio)........................ 78 MaNobra do bEM...................................... 80 skatEboardiNg MilitaNt ...................... 82

Capa: Ele representa a linha de frente do skate profissional de Minas Gerais no momento. Skate preciso, engajado, consciente. Seu nome é Jay alves e sua base pode ser conferida principalmente na nova área do Mineirão, em Belo Horizonte. Switchstance frontside noseslide. Foto: Rodrigo Kbça NEStaS páGiNaS: Na sua fase mais europeia de todas, algumas das poucas vezes que Rodrigo Leal dá as caras no Brasa, sempre tem os famosos espancamentos de picos de rua. Na área de Brasília, este nosegrind do chão, agora faz parte da lenda. Maizena style! Foto: paulo Macedo

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editorial //

É

hora do skate brasileiro colocar novamente na mesa uma série de assuntos que estão prejudicando o sono de tantos envolvidos. Numa época em que os negócios do segmento vão bem, com bastante dinheiro circulando, é inadmissível que tenha tantos skatistas profissionais e amadores passando dificuldades. Isso é apenas o começo. Skatista pro tem prazo de validade? Quando atinge 30 e poucos anos já não serve mais para a empresa? O que acontece com ele quando se envolve num acidente de trabalho, se machuca e tem que passar um tempo em recuperação? Vai continuar recebendo salário, direitos de imagem, tendo suporte médico para se levantar? Pode-se contar nos dedos quantos pros tiveram total respaldo de seus patrocinadores para enfrentar situações como esta. Por que existem tantos amadores que estão ficando maduros e não conseguem – ou não querem – atingir o status de profissionais? Seria o estágio natural para muitos aí que estão bombando, que fazem um trabalho digno de todos os méritos. Além destas questões mais que básicas que vigoram ao longo dos anos, outros fenômenos devem ser muito questionados, como a falta de investimento real de marcas que movimentam milhões de reais e pouco devolvem ao esporte. Devolvem migalhas, colhem o que não plantaram, enganam os consumidores. Utilizam ferramentas de autopromoção ao máximo, só querem vender produtos e encher os bolsos de dinheiro. Melhor ainda se forem marcas internacionais já estabelecidas, pois elas já vêm com suas imagens feitas pelos seus profissionais e amadores, eventos e ações de outras praias. Quantos “aviões” vimos passar no skate brasileiro desde os anos 1970, década do desembarque inicial do skate no país (temos relatos de que houve skate no Brasil na década anterior, inclusive do Cesinha Chaves, que teve seu primeiro contato com o carrinho em 1968, mas isto é outra história)? Aviões, paraquedistas, empresários, políticos e, por que não, skatistas aproveitadores, que visam benefício próprio e tão pouco se lixando com a comunidade, o segmento. Estes, vão sempre existir. Por mais que tenhamos construído um mercado tão forte, aqueles que representam o “núcleo duro” do skate, o “core”, têm que ser ouvidos para não vermos distorcidas tantas conquistas das gerações anteriores. Como disse o Otavio Neto em sua entrevista na edição de 21 anos da Tribo Skate, “Nós já conhecemos a cadeia alimentar do skate e sabemos que tudo é uma engrenagem. Se não tiver tudo equilibrado, todos caem.” Revistas, empresários, skatistas, lojistas, promotores de eventos, entidades esportivas, mídia no geral, todos têm que desempenhar seu papel e se retroalimentar, um empurrando o outro pra frente. Se não, entrega o boné e vai nadar em outra praia. O que não se deve mais admitir é um querendo puxar o outro pra baixo, ou ignorando a necessidade desta cadeia de negócios. Para discutir mais profundamente este assunto, promoveremos em outubro um encontro. Se quiser contribuir com a pauta deste evento, sinta-se à vontade para enviar um email para este editor: cesargyrao@triboskate.com.br. O nosso papel, será sempre dar voz ao skate. Vamos por os assuntos na mesa, não é mesmo, Diego Rufino? Fs grind, compondo parte das peças do grande xadrez da vida. Ah, ah…

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Jamie mosberg

ANo 22 • AGoSTo DE 2013 • NÚMERo 214

Editores: Cesar Gyrão, Fabio “Bolota” Britto Araujo Conselho Editorial: Gyrão, Bolota, Jorge Kuge Arte: Edilson Kato Redação: Chefe de redação: Junior Lemos Marcelo Mug, Guto Jimenez Fotografia: Marcelo Mug, Junior Lemos

Próxima edição 215

EspEcial 22 anos novas supEraçõEs dE BoB Burnquist

Colaboradores: Texto: Sandro Testinha, Fernando Gomes, Rodrigo Kbça Lima, Biano Bianchin Fotografia: Rodrigo Kbça Lima, Paulo Macedo, Allan Carvalho, Pablo Vaz, Adriano Kurosu, Raphael Kumbrevicius, Carlos Henrique dos Santos, João Brinhosa, Fernando Gomes, Emanuel Marinho Bilson, Diego Sarmento, Pedro Macedo, Diogo Groselha

JB Pátria Editora Ltda Presidente: Jaime Benutte Diretor: Iberê Benutte Administrativo/Financeiro: Gabriela S. Nascimento Circulação/Comercial: Patrícia Elize Della Torre Comercial: Daniela Ribeiro (daniela@patriaeditora.com.br) Eduardo Câmara (eduardo@patriaeditora.com.br) Cibele Alves (cibele@patriaeditora.com.br) Tiago Rezende (tiago@patriaeditora.com.br) Fone: 55 (11) 2365-4123 www.patriaeditora.com.br www.facebook.com/PatriaEditora Empresa filiada à Associação Nacional dos Editores de Publicações - Anatec

Impressão: Ipsis Gráfica e Editora Bancas: Fernando Chinaglia Distribuidora S.A. Rua Teodoro da Silva, 907, Grajaú Rio de Janeiro/RJ - 20563-900

Distribuição Portugal e Argentina: Malta Internacional

Deus é grande! São Paulo/SP - Brasil www.triboskate.com.br E-mail: triboskate@triboskate.com.br

A Revista Tribo Skate é uma publicação da JB Pátria Editora. As opiniões dos artigos assinados nem sempre representam as da revista. Dúvidas ou sugestões: triboskate@patriaeditora.com.br





zap //

[01] Segundo semestre com vários eventos profissionais, organizados pela CBSk. Depois de divulgadas as seis etapas do Circuito Banco do Brasil, modalidade vertical, a entidade também realizará o Circuito Brasileiro de Skate Street Pro 2013, chamado de Brasil Skate Pro, com cinco etapas passando por Sobral (5 a 8/9), Fortaleza (13 a 15/9), São Bernardo do Campo (27 a 29/9), Rio de Janeiro (25 a 29/10) e Manaus (22 a 24/11). Mais detalhes em cbsk.com.br • [02] A Future Skateboards é a distribuidora no Brasil dos exclusivos rolamentos R.A.S. Bearings, do profissional Adelmo Jr. facebook.com/future.skateboards • A equipe brasileira da Nike SB, formada pelos profissionais Luan de Oliveira, Rodrigo Gerdal, Cezar Gordo e Fabio Cristiano, recebe um reforço de peso de um skatista amador que representa a nova escola vinda de Curitiba/PR: Yuri Facchini. • E por falar na capital paranaense, também vem de lá o mais novo integrante do time internacional da Arnette. Filipe Ortiz agora protege os olhos sem perder o estilo com as lupas da marca. • [03] Já no Brasil, Vagner Preto (skatista old school), DJ Negrito, Ricardo Kafka (fotógrafo/skatista) e Alessandro McGregor (skatista) representam a Arnette por aqui. • Marcos Camazano, Murilo Peres e Iago Magalhães são os skatistas que fecharam com a loja online verdiskateshop.com.br. • [04] Se ainda resta alguma dúvida, a Alfa Skateboards, de propriedade do skatista Jesué Tomé, é a atual patrocinadora de shapes do skatista profissional Silas Ribeiro, destaque com entrevista e capa de nossa última edição, a 213. • E na Hocks a novidade é o lançamento do model de tênis ON, do profissional Otavio Neto, que certamente é sucesso de vendas nas skateshops em diversas cores diferentes. [05] E as notícias não param por aí: Marcelo Amador Formiguinha foi apresentado como novo integrante do time de profissionais da marca. Os dois reforçam a equipe formada pelos pros Danilo Dandi, Gui Zolin, Zezinho Martins e os amadores Alexandre Vaz, Heverton de Freitas, Marcos Dias Leko, Bruno Melão e Matheus Muniz. • [06] A Legends Skates (legendssk8.com) retoma as atividades da marca Charger Skateboards (facebook.com/ChargerSktbrds) com uma equipe respeitável formada por Bruno Brown, Álvaro Porque, Masterson Magrão e Ari Bason, lançando de cara pro models de rodas assinados por eles, contando ainda com Luis Formiga e Mad Dog (USA) como flow team. Ainda dentro da Legends, a distribuidora lança a marca Four Wheels, chegando junto com as rodas pro models dos profissionais Diego Oliveira (street) e Thiago Bomba (longboard). • Outra novidade no mercado é a marca Amount, do profissional Danilo do Rosário, que chega com seu pro model e shapes em fiberglass. facebook.com/amountskate • [07] Já Leo Giacon, profissional do interior paulista, chega pra somar com a equipe da loja online rettaskate.com.br • [08] A Boulevard Skateboards relembra a ‘idade de ouro’ do skate lançando uma série de decks inspirados nas capas de discos que fizeram e ainda fazem os ouvidos dos skatistas durante o rolê. facebook.com/boulevard.brasil • A Liga Trucks lança mais um pro model de eixos do Biano Bianchin, o 139 alto com tour pelo interior e litoral paulista. • A Planta Skate, de São Leopoldo/RS, anuncia Paulo Galera como skatista profissional da equipe lançando seu pro model de rodas. facebook.com/planta.skate • [09] A Pocket Pistols está muito bem representada também no Brasil. Distribuída por aqui pela Drop Family, a marca conta com as lendas Daniel Kim e Mauro Mureta para acrescentar ainda mais à linhagem de ídolos que fazem parte do time, que conta ainda com Duane Peters, Pedro Barros, Josh Mattson, Ben Schroeder, Jake Phelps, entre outros monstros extremamente influentes, renomados e formadores de opinião no mundo do skate. • [10] URB Trade Show é a nova feira brasileira de negócios com foco no mercado de skate, streetwear e sneakers. A primeira edição está marcada para acontecer nos dias 30 e 31 de outubro, no galpão da aeronáutica no Campo de Marte em SP. A URB servirá de espaço não só para o lançamento de últimas coleções, mas também como ponto de encontro para profissionais da indústria trocarem informações, anteciparem tendências e fazerem negócios. urbtradeshow.com

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Que os skatistas brasileiros estão conQuistando cada vez mais espaço no mercado mundial de skate todo mundo já sabe. mas para os Que não imaginam a proporção dessa conQuista, trazemos no talkshow desta edição alguns instas Que mostram a força do skate com sangue nacional.

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F A. @lrgskate: @fgustavoo doing his part. B. @dgkalis: Stoked that my current favorite skater met up with us in Frisco. If you don’t know yet you will. @carlosiqui C. @rodrigotx: #ILoveBarceloka. D. @chillrobgee: @dannycerezini @rpetersen80 on the boulevard. E. @atibaphoto: Good shooting with @ luanomatriz #obrigado #sorryforpartying F. @fave_la: @vitorsagaz #polejam #wallie #faveLA #vizors #chapoculos #homiesunidos #medicinaviva #streetlife #graciashermanos G. @mtorretta: #ollie #sembateotail #diversao @skateeterno.

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H. @caioperes: Pista insana! Fs tail bone @ muriloperes



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Pablo Vaz

rudy da silva

Rudy da Silva circula pela região metropolitana de Curitiba acompanhado de seu skate e de uma trilha sonora que na real é o suporte onde o profissional busca inspiração pra suas criações. E como a imaginação de skatista é ampla e sem limites, ele indica na coluna desta edição os 20 álbuns mais relevantes em seu player. Chico Science, Da Lama ao Caos Xis, Fortificando a Desobediência Criolo Doido, Ainda Há Tempo Emicida, Emicídio Kamau, Non Ducor Duco Ogi, Crônicas da Cidade Cinza Savave, Versão Extendida Karol Conka, Batuk Freak Doncesão, Bem-Vindo Ao Circo Jamés Ventura, Por Ventura Pallets, Independência ou Sorte? Curumin, Arrocha Chico Buarque, Carioca Kendrick Lamar, Good Kid Maad City Stalley, Lincoln Way Nights Tyler, Wolf Aloe Blacc, Good Things Kraftwerk, Tour de France Beck, Odelay Radiohead, Ok Computer Switch crooked.

“Quero parabenizar a revista Tribo Skate, que estará completando em setembro 22 anos de pura informação. É a publicação sobre skate mais duradoura do Brasil. Isso se explica na forma sincera que vocês sempre trabalharam, mostrando realmente nosso estilo de vida e tudo mais relacionado a ele, tendências, músicas, ícones do esporte, sempre respeitando a história do skate brasileiro. Tenho 34 anos e 20 de skate, graças a alguns amigos que me doaram as edições da Tribo de quando eu ainda não andava e hoje consegui reunir uma coleção pra lá de valiosa. Parabéns a todos que fizeram, fazem, e acredito eu, sempre farão da Tribo Skate a melhor revista do skate brasileiro. Vida longa aos verdadeiros!” Henrique HC (Picos e Pistas Skateboards)

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*Rudy da Silva (@___skateboards)



fotos João brinhosa

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Konig House, o rio vermelho cresce

Caique Silva é um dos skatistas do Rio Vermelho que se beneficiaram com a bowl: flip indy to fakie.

reProdução skatemoss.com

fotos emanuel marinho bilson

A Ilha da Magia vem respirando novos ares além da brisa vinda do mar. Tradicional pico de surf, Floripa acompanha nos últimos tempos uma leva de rampas de skate sendo cavadas em sua costa, tendo como principal expoente o bowl da família Barros e o da Hi Adventure, que ficam na área do Rio Tavares. Agora a ilha recebe mais uma pista que vai agradar principalmente os skatistas que moram na área do Rio Vermelho, pico onde fica o rancho da lenda JM (com seu bowlzinho). Trata-se da Konig House, de propriedade do Márcio, obra que foi construída pelos irmãos Kakinho (Gui e Leo) e que conta com estrutura como bar, escola de skate para a criançada e ainda obstáculos de street para esticar as pernas na plataforma. A Konig House fica na rua Servidão Maringá, 700, Rio Vermelho, Florianópolis; aberta de quinta-feira a domingo. (facebook.com/konig.house)

Parte da galera que criou o pico.

O solo sagrado onde o skatista carioca da Ilha aprende a manobrar.

a Praça é do skate Andar de skate na praia do Iate, Ilha do Governador, Rio de Janeiro, é um exercício que antes de tudo passa pela amizade e pelo senso de coletividade. Isso porque a galera de lá se uniu para reformar uma praça e é lá que o street skate daquela região carioca vem se desenvolvendo, no mais puro estilo do faça você mesmo. E entre os frequentadores da ‘Praça é Nossa’, o profissional Emanoel Enxaqueca é um dos que leva o nome da parada para todos os lugares onde estiver manobrando. Confira os vídeos e várias fotos no facebook.com/apracaenossaskateilha

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skate moss

Uma confusão ao falar o nome da top model Kate Moss e o assunto skate, durante conversa com um amigo, fez com que o artista gráfico Jeff Gaudinet desenvolvesse um projeto colaborativo chamado Skate Moss que usa shapes como plataforma de reproduções de imagens da modelo internacional. Inicialmente feito como experiência para uma marca de skate, a parada recebeu tantas contribuições, de artistas profissionais ou não, e também pedidos de compra das peças que Jeff acabou levando algumas delas para exposição. Tanto que no próximo mês rola uma Skate Moss Board Show em Genebra na Suiça. Achou interessante a ideia? Confira todas as artes ou colabore você também com o projeto Skate Moss (skatemoss.com)



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Pequeno cidadão // Por cesar gyrão Leitura obrigatória para skatistas crianças, mas também para os de todas as idades. O mais novo livro da Companhia das Letrinhas, Manual do Pequeno Cidadão Skatista, é assinado por um skatista profissional “mais ou menos” das antigas, o Vinicius “Cebola” Patrial, pai de dois moleques que já andam de skate, o Damião e o Tomé. Ilustrado por Jimmy Leroy, é uma rara preciosidade em se tratando de livros de skate, com a pegada certa, dicas reais, sem forçações de barra. Para dar ainda mais credibilidade para o ótimo conteúdo, este Manual tem consultoria de ninguém menos que Marcelo dos Santos, o presidente da Confederação Brasileira de Skate (CBSK), também skatista de longa data. Eu pirei quando o Cebola me convidou para o lançamento, pois não esperava ver assim de uma hora pra outra um projeto deste tomar forma. Pedi que ele enviasse os arquivos por internet, antes mesmo de ter o meu em mãos, para ilustrar esta nota e me certificar que veria uma bela obra literária. O texto é redondo, com informações preciosas sobre a história do carrinho, as modalidades, algumas manobras básicas e “os 10 princípios do skatista cidadão”. Como pano de fundo de tudo isso, uma boa história em quadrinhos dividida em dois blocos, é a cereja do bolo! Mais legal ainda é que uma das inspirações para o livro e que emprestou sua “marca” para seu batismo, é a banda Pequeno Cidadão, de músicos conhecidos como Edgard Scandurra, Taciana Barros e Antonio Pinto, que entre tantas músicas legais para crianças, compôs a faixa SK8. A banda já tem dois discos gravados, com enorme sucesso entre a garotada e seus pais. Com certeza este livro vai circular em escolas, parques e skate parks e vai dar ainda mais gosto andar de skate.

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thiago garcia ElE é nomE obrigatório para a história do skatE no CEntro dE são paulo. mEsmo sEndo do bairro da saúdE, thiago sEmprE foi um Cara prEsEntE nas ruas da partE mais antiga da mEtrópolE. podE-sE dizEr quE ConhECE Cada Canto dE logradouros Como a praça da sé, o ValE do anhangabaú E a VElha E noVa praça roosEVElt. strEEtEiro nato, é um dos CaçadorEs dE piCos para batizar Com manobras, mEsmo quE para isso tEnha quE aCordar mais CEdo, dormir mais tardE, EspErar os pouCos sEgundos do sinal fEChado, Essas Coisas quE prECisam sEr rEnoVadas Com o tEmpo E nunCa sE aComodar. thiago garCia foi Capa da tribo skatE 43, no distantE ano dE 1999 E Esta foi bEm marCantE Em sua CarrEira, tanto quE uma das pErguntas dEstE linha VErmElha foi justamEntE sobrE Ela. são muitos anos dE dEdiCação ao prazEroso ofíCio dE andar dE skatE, mas também dE dEfEsa pEla boa imagEm do skatista. (Gyrão) • O que faz uma skateshop ser boa? (João Ricardo, São Paulo/SP) – Salve, Joãozinho! No meu ponto de vista uma skateshop boa é a que tem bons produtos – o que é uma coisa óbvia (risos), - e preços acessíveis, principalmente nas peças de skate. Mas acho muito importante quando a loja tem consciência e faz um trabalho forte na região formando uma equipe de skatistas, realizando eventos, cedendo a sua estrutura para lançamento de produtos novos e movimentando a cena local. As skateshops são fundamentais para o mercado de skate! • Com quantos anos você começou a andar de skate e por quê? (Frederico Assis, Petrópolis/RJ) – Fala, Frederico! Ganhei meu skate com 9 anos de idade, era um de plástico e foi presente de Natal do meu pai. A região onde moro até hoje, entre Vila Gumercindo e Saúde, sempre teve grandes skatistas como Wilson Neguinho, Marcio Tarobinha, André Hiena e Nilton Urina, via esses caras andando em alguns picos perto de casa, quando eu podia ir pra rua, e achava alucinante. Mas no ano de 1991 eu assisti ao vídeo da Blind chamado Video Days, aí pensei: “isso que é ser skatista de verdade”. Foi assim que me despertou a vontade de andar, querer aprender todas as coisas do lifestyle do skate e estou aí até hoje, envolvido até o pescoço. (risos)

nesse mundo, no qual você tem o sonho de mandar uma trick. Qual a manobra? • Vi que pra você o preparo de fisioterapia e condicionamento físico tem muita relevância, qual a importância desses fatores na evolução do seu skate? • Que diferenças existe entre o Thiago Garcia skatista de “ontem”, desde quando começou, com o “atual” e como enxerga seu futuro no skate? (Felipe Caxito, Campo Grande/MS) – Fala, Felipe, tranquilo? Pico em especial, que eu me lembre agora, não tem. Mas todo pico novo ainda não explorado sempre se torna especial e a manobra tem que pensar na hora porque no skate, cada dia manobrando é de um jeito. – Na verdade só tive consciência disso depois de algumas lesões sérias no joelho e tornozelo, e o que agregou para o meu skate foi a parte física mesmo: mais resistência, mais explosão muscular e a consciência corporal. Agradeço o Neto Munhoz e o Leandro Xis por me ajudarem nessa parte. – A diferença do Thiago de ontem para o atual é ter aprendido a ser mais calmo. • Fala Thiago, beleza? Como é ser um skatista profissional e empresário no Brasil, no Centro de São Paulo, onde rola tanto comércio negro paralelo? O que você acha desta conduta de quem fomenta o mercado negro de sacoleiros? (Edgar Gonçalves, São Paulo/SP) – Beleza, Edgar! Cara, na real acho que esse tipo de comércio, tanto de sacoleiros quanto de caixa dois dos atletas, está incorporado há muito tempo na cultura do skate e dificilmente irá acabar. Vejo que sacoleiros trazem materiais que muitas vezes não são distribuídos por aqui e colocam o preço lá em cima, pelo fato de estarem trazendo algo novo, e também que não conseguem manter uma rotina de idas e vindas com as muambas. Pode até ser que atrapalhe quem trampa direito, mas em qual proporção? Ainda não consigo mensurar isso! Acredito que há espaço para todos.

• Depois de anos trabalhando profissionalmente com sua própria empresa, a Future, e como juiz na CBSk, você acredita que falta algo a conquistar no skate? • Qual a principal experiência que passaria para as novas gerações, onde novos skatistas com talento aparecem a cada dia? (André Hiena, São Paulo/SP) – Salve, André! Na real eu acho que sempre terá coisas para se conquistar no skate, seja em cima dele, manobrando ou trampando por trás dele. Sou extremamente apaixonado por skate e acho que o legal é a constante evolução. A principal experiência que passaria? Acho que é para cada um fazer o seu e não atrasar o lado de ninguém, pois há espaço para todos. • Queria saber se existe algum pico em especial

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Junior Lemos

// Thiago BarBosa garcia 33 anos, 22 de skate Patrocínios: Future e MetalluM aPoio: loja colex oFicial

nosso mercado, ‘‘apesar de não ser tão

novo, ainda tem muitas coisas a serem feitas.

’’


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Skate Seguro. Ande sempre com equipamento de segurança.

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tHiago garcia que conseguem fazer bem ‘‘ososdois (correr campeonatos e

aparecer na mídia), estão mais tranquilos e cada um sabe onde é melhor se dedicar.

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Nosso mercado, apesar de não ser tão novo, ainda tem muitas coisas a serem feitas. E em relação ao caixa dois de atletas, na minha visão ainda é um reflexo de um mercado que não consegue dar aos skaters as condições adequadas para que se dediquem somente em andar de skate. • Você foi da saudosa época dos campeonatos da Drop Dead e dos circuitos paulistas de skate, e hoje a garotada se empenha mais em vídeos, ainda mais com toda essa tecnologia de celulares que tiram fotos e filmam. Você acredita que faltam champs para essa nova geração, ou eles devem se empenhar mesmo em vídeos e fotos? • Sendo um dos proprietários da Future, qual a visão sobre esse mercado de skate que temos hoje aqui no Brasil? (Deda Mariano, Cotia/SP) – Fala, Deda! Nos dias de hoje talvez falte mais campeonatos de grande expressão e os que estão aí não têm o mesmo peso de antigamente. Porém, para aqueles moleques que querem tentar se projetar e arrumar algum patrocínio ou apoio, o campeonato ainda tem ajudado muito nesse sentido, além de movimentar a cena próxima onde eles acontecem. Mas, num contraponto, essa facilidade com a tecnologia fez todos começarem a ter uma visão de que aparecer em revistas e vídeos também tem um valor bem grande e que agrega muito pra carreira de cada skater. Os que conseguem fazer bem os dois (correr campeonatos e aparecer na mídia), estão mais tranquilos e cada um sabe onde é melhor se dedicar. Por isso volto a dizer que tem espaço pra todos que sabem andar com foco! – Como eu já disse, apesar de não ser um mercado tão novo, tem evoluído constantemente. Por exemplo: antigamente as peças nacionais tinham qualidade bem inferior, comparadas aos produtos importados, e hoje em dia são de qualidades compatíveis. Mas todos que trabalham no meio sabem que ainda tem muita coisa para ser feita pelo skate e pelo mercado. Aos poucos estamos conseguindo mudar e evoluir juntos! Perto do que era, já esta legal, mas pode ser bem melhor... • Lembro de você em uma capa antiga da Tribo Skate, quando ainda era amador, dando um flip de front em um gap. Como foi aquela sessão e o quanto você acha que uma foto em capa pode influenciar na carreira de um atleta amador que sonha em um dia ser profissional? (Vinicius Antunes, Jundiaí/SP) – Aquela sessão foi bem style! Na época filmava pro vídeo que o Anderson Tuca produzia, o Videofobia. Estávamos meio que numa missão perto do Ibirapuera e acabamos indo até lá. Estávamos eu, Tuca e o fotógrafo Flavio Samelo. Registramos e a foto acabou sendo capa da revista; fiquei felizão. Uma foto de capa pode influenciar muito, tem um peso bom na carreira de qualquer skatista. Nessa época tinha acabado de entrar na Drop Dead e até então não tinha mostrado meu skate pros caras; chegaram até mim por eu ser um skater de SP que andava na rua e era o que eles procuravam. Depois da capa começaram a sair várias outras fotos e eu pude mostrar serviço pras marcas que me patrocinavam na época.

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• Na sua opinião como profissional, o que acha sobre campeonatos milionários como a Street League e o Maloof Money Cup? Você acha que isso faz com que diminua aquele skate por amor e não por dinheiro, ou que isso vem pra somar e mostrar para o mundo que o skate não é crime e sim um esporte como qualquer outro? (Vinicius Vico, Jundiaí/SP) – Salve, Vinicius! Acho que esses campeonatos vieram pra mostrar o quanto o skate que está no pé da molecada evoluiu e o quanto pode ser interessante financeiramente pra tv e empresas de fora. Mas o skate é muito além disso, tem toda cultura que o envolve! Por isso acho que não diminuiu o skate por amor, pois quem é skater de verdade sempre será, independente de Street League ou Maloof. • Você foi um dos primeiros integrantes da equipe da Future? Ajudou na fundação da marca também? Atualmente quem são seus companheiros de time na marca? (Tiago Felipe, Mogi /SP) – Salve, Thiago! Não fui. Os caras que fundaram a marca, em torno de 1996, foram Kamau, Marcio Conrado, Marcelo Kyoshi e Fabio Brandão. Atualmente os meus companheiros de equipe são Bruno Aguero, Cezar Gordo, JN Charles, Henrique Crobelatti e Fabio Brandão. • Qual foi a sessão que você fez que achou a mais bizarra, e qual o melhor pico que já foi? Parabéns pelo seu skate! (Talison Policarpo, Taubaté/SP) – Fala, Talison! A sessão mais bizarra não me recordo e o melhor pico, apesar de conhecer vários, na minha opinião é o Museu do Ipiranga, quando dava pra andar nas bordas e no bronze, e o Vale do Anhangabaú. Muito obrigado pelo elogio ao meu skate! • Sua imagem está totalmente voltada ao street e raramente você é visto nos skateparks. Que pistas você costuma andar, qual você mais gosta? (Sandra Silveira, Campinas/SP) – Olá, Sandra! Realmente minha imagem está totalmente voltada pra rua pois é onde me sinto mais à vontade. A pista que costumo andar, de vez em quando, é a da Saúde pelo fato de morar duas quadras dela. • Thiago, curto muito suas fotos nas revistas e sua base autêntica de rua. Além da Future você está ligado à Metallum e já passou por outras marcas. O que teremos de novo com relação a produtos com seu nome? (João Carlos Martins, Volta Redonda/RJ) – Salve, João! Obrigado por curtir meu skate, meu trabalho e por reconhecer meu rolê. Está saindo uma linha de shapes pro models novos, tanto de maple quanto de marfim, pela Future. Logo mais sairão uns models de toucas pela loja Colex, que me apoia. Estamos pensando em algo pra Metallum, mas ainda sem previsão. *Ganhador do kit com prêmios da Future, Colex e Metallum: Vinicius Vico, Jundiaí/SP

PróxIMo enFocAdo: PAulo GAlErA envIe SuAS PerGuntAS PArA TriBoskATE@TriBoskATE.Com.Br coM o teMA linHA VErmElHA – PAulo GAlErA. coLoque noMe coMPLeto, cIdAde e eStAdo PArA concorrer Ao Produto oFerecIdo PeLo ProFISSIonAL.


adriano kurosu

// zap

Nosebluntslide na parte de dentro do banco da Roosevelt, sua casa.

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ensaio // full pipes

De tempos em tempos os pipes aparecem no caminho Dos skatistas, principalmente na Via Dutra, sempre em cima De carretas paraDas no acostamento. nem sempre, porém, eles estão acessíVeis. se não rolar um acorDo com o motorista ou o segurança, naDa De sessão.

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D

As três peças foram colocadas nestas posições para Biano lançar uma das suas: fs wallride fs grab out.

esta vez a coisa foi diferente: no caminho para o interior paulista, o nosso amigo e fotógrafo Raphael Kumbrevicius encontrou vários deles alocados num terreno na beira da estrada. Sua reação imediata foi me chamar para ver e dar o aval do que se poderia fazer com eles. Era um convite para uma sessão, mas quando chegamos lá tivemos a ideia de fazer uma matéria com mais skaters, por eles serem numerosos, de vários tamanhos e com muitas opções de transfers por dentro e por fora que eu nunca tinha ouvido falar e visto aqui no Brasil. O mais legal e interessante era que podíamos mexer com eles como brinquedos de Lego! Isso foi o mais louco: posicionamos do jeito que cada um queria andar e manobrar, mas também eram bem difíceis de andar, por serem um pouco menores do que estamos acostumados e muito rápidos. Chamamos nossos amigos de sessão, Noveline e Dexter, para fechar o time e fomos várias vezes para o local para acostumar e fazer render várias manobras e imagens. Foram dias muitos divertidos e de muitas risadas, como é sempre que andamos juntos. O resultado todos vão poder conferir aqui nestas fotos e no vídeo que rendeu dessas sessões entre amigos. Kumbrevicius garantiu as fotos e o video maker Alan, foi o encarregado do vídeo que vocês vão poder conferir no site. Lego Pipes, skate fun 4 life! #Daggerspipeslego

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ensaio // full pipes

Não é tão simples quanto parece, porque a parte de cima dos pipes é praticamente uma lâmina. Ricardo Dexter, ollie.

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Tem um calço aparente no lado esquerdo, onde a patada do fs boneless era bem cruel. Mas, não pense que o lado direito estava solto. Biano, sempre mestre.

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Ao anoitecer o que era sinistro fica mais sinistro. Marcos Noveline, fs crail grab no mรกximo de vert.

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full pipes // ensaio

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jay alves // entrevista pro

Jayalves:

Rolê consciente Faz algum tempo que conheci aquele moleque sorridente em uma viagem para Belo horizonte. ele andava de skate com sua irmã e amBos me impressionaram com o nível que apresentavam. o moleque acaBou virando meu amigo e um dos principais e mais ativos skatistas proFissionais da capital mineira. papel que conquistou com muito traBalho e, principalmente, amor ao skate. em sua primeira entrevista como proFissional, Jay alves Fala soBre a cena de Belo horizonte, a consciência de seu papel como skatista e de Família. após FotograFar e entrevistar esse grande skatista, além de ter o prazer de conviver um pouco mais com ele e a sua Família, posso dizer que, sem dúvida alguma, o skate Brasileiro precisa de mais “Jays”.

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R

ecentemente você ganhou o pico dos sonhos perto da sua casa… Que benefício a reforma do Estádio Mineirão trouxe para o skate de Belo Horizonte? O principal é ter um chão liso para manobrar, com muito espaço. É um pico onde não tem que marcar sessão pra colar. É como se fosse um ponto de encontro mesmo, tipo o Vale, Roosevelt, IAPI... Acho que isso é essencial para a cena de qualquer lugar. Um pico onde a rapaziada se encontre, manobre, troque ideia, onde se viva o skateboard mesmo. Faz um comparativo sobre a cena de BH quando você começou e a de hoje. Muita gente parou de andar? Quando comecei, conhecia só os moleques que andavam comigo no bairro Vera Cruz e tal. Tinha uma galera que andava ali no Nova Floresta, uma galera do Boa Vista. Eu andava com um amigo desde o início e ele era bem pivete também. A gente saía remando do Vera Cruz até o Nova Floresta pra ver os caras andarem (risos). Hoje em dia tem muita gente andando de skate

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em todo lugar, né? Daquele tempo pra hoje, se nota que o skate cresceu muito! Na época em que eu comecei, se você estivesse andando na rua e visse um mano com o tênis zuado ou com cola quente, você já cumprimentava, pois sabia que era da mesma raça! Tipo uma sociedade secreta! (risos) Hoje em dia, todo mundo é “skatista”, né? Tenho certeza que uma das coisas que você mais sente falta do seu “começo” no skate são as sessões com a Gabriela, sua irmã, né? Na real, quando minha irmã começou a andar, eu já andava uns dois, três anos... Mas porra, sinto falta das sessões com ela, sim! A Gabriela inspirava total e ainda inspira. Uma das primeiras matérias onde você apareceu foi aqui na Tribo Skate, justamente falando dessa relação com a sua irmã! De que forma aquela matéria impulsionou o seu skate para que ele fosse mais conhecido fora de BH? Já conhecia uma galera de São Paulo e tinha patrocínio de uma empresa deste estado e outra do Rio Grande do Sul. Sair na revista, principalmente

saiR na Revista, pRincipalmente na tRibo skate foi, e é, muito impoRtante pRa mim. lembRo que guaRdava o dinheiRo da passagem de iR pRa escola e andava uma caRa a pé, só paRa compRaR as Revistas de skate todo mês.”


jay alves // entrevista pro

Bs noseslide to crooked na praรงa da savassi, estourando pico novo na capital mineira.

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entrevista pro // jay alves na Tribo Skate foi, e é, muito importante pra mim. Lembro que guardava o dinheiro da passagem de ir pra escola e andava uma cara a pé, só para comprar as revistas de skate todo mês. E, sem imaginar, um dia, fazer parte de uma matéria nessas revistas é muito louco! Isso ajuda a divulgar o seu skate e suas ideias, por onde a revista passar. Você tem uma consciência muito forte do que é ser skatista profissional. O que acha que falta na molecada que está buscando isso como ideal de vida? Vejo muito guri sem noção achando que é só manobrar como louco... Mano, tenho essa consciência sim... Todo dia aprendendo algumas coisas novas com o skate, não só manobras, mas para a vida mesmo. Ser skatista profissional vai muito além de manobras e status. É uma responsa de mostrar o skate da melhor forma para quem está começando, pra quem não conhece, pra quem gosta e até pra quem não gosta. (risos) O que vejo hoje, com a grande facilidade da informação, é que neguinho está esquecendo de ser skatista e virando manobreiro. Dá várias, faz mó naipe com um kit pesado, mas está com as ideias todas erradas. Ser profissional, ter um bom patrocínio, é um sonho sim e isso é muito bom porque impulsiona o nível de todos e mantém o sonho vivo, mas a essência tem que estar em primeiro lugar, se não o sonho nunca vai acontecer! Você comentou que vê esse tipo de coisas acontecer muito na sua região, da falta de união… BH é uma potência nacional do skate, mas o que você acha que falta para melhorar? União, incentivo, atitude. Engraçado essa falta de união, a galera se conhece há bastante tempo... Qual pega? Círculo vicioso? Sem atitude, falta incentivo e isso deixa a galera desunida? Porque potencial existe, né? O potencial existe, o que falta é a rapaziada acreditar em si e se jogar de verdade no skate. Vejo que a galera não bota fé que realmente pode viver de skate e não vai pra cima realmente. Isso por falta de informação, de se jogar para os picos e ver como outras cenas funcionam, como é a cena em São Paulo, Curitiba, Porto Alegre... Quanto mais a gente sair e entender o skate como um todo, mais vai crescer. Quanto mais as marcas e os lojistas entenderem que o que eles vendem não é só material, mas sim uma ideologia, um estilo de vida, uma filosofia, um sonho, aí sim as coisas começarão a andar do jeito certo. Não só em Belo Horizonte e em Minas Gerais, mas no Brasa todo! O que acontece há muito tempo. Estamos no caminho e esse processo está cada vez mais forte e rápido! Vejo muito do que você é graças à batalha pessoal mesmo. Você conquistou as coisas por mérito próprio, sem dar desculpas como problemas pessoais, como muita gente faz. O que mais o ajudou a manter a cabeça erguida e no caminho correto? Pô mano, quem sou eu pra julgar qualquer um, né? Cada um, cada um! Só acho que na vida você tem que achar um “porquê”, tá ligado? O skate me salvou e salva uma raça nesse mundo afora. Minha família é de sangue forte, tá ligado? Nunca gostei de ficar chorando frente aos problemas. O negócio é ir resolver logo! Eu não tinha opção, a

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o que veJo hoJe, com a gRande facilidade da infoRmação, é que neguinho está esquecendo de seR skatista e viRando manobReiRo.”

Big ollie passando a calçada e o cano na avenida atlântida e ainda caindo na rampa.


Diogo groselha

o bom joelho voltando a encarar os gaps:Â nollie flip no Barreiro.

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jay alves // entrevista pro não ser fazer o certo pra ajudar em casa e evoluirmos sempre. Trampei pra poder andar de skate e não achava isso bom, mas também não achava ruim. Era o que eu tinha que fazer pra chegar onde eu queria! Agora pergunto: sua família foi base forte em toda sua trajetória. Que tipo de suporte você recebeu e que ajudou a manter sua família unida, firme e forte? Família é amor, né mano? Não recebi muito incentivo material não, mas sempre acreditaram que estava sabendo o que fazia e onde eu quero chegar. Isso é o mais importante: sua família de sangue acreditar em você e a minha família do skate também! O que mantém qualquer família unida é o amor! Hoje você faz parte de equipes de gente com muito caráter e personalidade. Seja na Converse, na Capital ou como flow de marcas como a Hagil e a Liga. Como é o convívio com essa galera e o que eles lhe ensinam? Só de conversar com você se nota sua admiração pelos caras. Porra, inspiração total! É ter a certeza de que você tá junto com pessoas que compartilham o mesmo sonho e que fazem com que o processo que eu citei antes evolua e aconteça. Na real, tem muita gente pelo skate, isso é muito bom! Fora que, além do suporte como os patrocínios, rola uma amizade forte, né? (risos) É família, né velho? Não tem nem como falar muito, é tipo irmão mesmo! Você é um cara que fica muito por Belo Horizonte. Como andam os planos de viagens? A última grande que você fez foi pra Barcelona, né? Internacional, sim. Pô, quero sair do Brasa de novo, conhecer outros países. Tenho muita vontade de ir para a China. Vou tentar colar! Infelizmente fiquei esse tempo sem viajar por causa das lesões que tive. Deixa esse papo ruim pra lá! Das lesões a gente passa longe! (risos) Hoje, qual seria o roteiro de viagem dos seus sonhos? Monta a tour, só que eu que irei fotografar! (risos) (risos) Iria para a Europa, Ásia e Estados Unidos. E quem vai junto? (risos) Porra! (risos) Não fica em cima do muro! Todos os caras das minhas equipes... (risos) O Maurício da SLG também! (risos) Muita risada! Falando em risada, você é um cara que passa uma imagem de nervoso, estressado, apesar de ser, no fundo, tranquilo

Bs ollie to fakie nosegrind na via expressa em Bh.

veJo que a galeRa não bota fé que Realmente pode viveR de skate e não vai pRa cima Realmente. isso poR falta de infoRmação, de se JogaR paRa os picos e veR como outRas cenas funcionam.” 2013/agosto TRIBO SKATE | 47


nollie 360 flip, lembranรงa da viagem a Barcelona.

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jay alves // entrevista pro

e divertido… Já aconteceu alguma situação engraçada por causa disso? Porra, eu passo essa imagem de nervoso e estressado? (risos) Acho que é cara feia mesmo! Quem me conhece sabe que sou sossegado! (risos) Mas será que é bom colocar isso na entrevista, mano? (risos) (risos) Acho que faz parte da sua personalidade, além disso é só imagem mesmo... Algum moleque já assustou quando você pira por não acertar uma manobra ou algo assim? (risos) Não que eu me lembre! (risos) Porra… corta meu barato! (risos) E uma carreira internacional? Nunca passou pela sua cabeça? Acho que não, mano! (risos) Sei lá, gosto de andar de skate e acho que temos que fortalecer o Brasa. Quando era mais novo sim, até pensava, mas hoje em dia quero conhecer os lugares e o que tiver que rolar, vai rolar. Não acho que seja uma ilusão porque tenho amigos que vivem isso, mas acho que tem um tempo para que isso aconteça. Cada um tem sua história, tá ligado? O cara pode

colar, desencanado, em um pico fora do Brasa e, de repente, acontecer. O foco tem que ser andar de skate que o resto acontece, se tiver que acontecer. Você tem alguns amigos que hoje em dia são donos de marca. Fazer alguma coisa desse tipo está nos seus planos? Você comentou que sente vontade de fazer algo em prol do mercado e do skate em BH. Totalmente! Tenho muita vontade, mas agora estou numa fase em que quero andar de skate o máximo e aproveitar. A minha contribuição, nesse momento, é fazendo isso, mas, com certeza, penso em fazer algo sim. Um dos seus patrocinadores está montando uma pista em Belo Horizonte Fale um pouco sobre o projeto. Tem seu dedo na pista? Dei alguns toques, sim! É uma pista legal e atual. Vai ter um bowlzinho com um bar no segundo andar, além de uma loja e escolinha. Vai ser muito da hora! Mais uma evolução pro skate de BH, fora que lugar pra andar em dia de chuva sempre é bem vindo. Pistinha de madeira, para pôr o skatinho no pé, pelas manhãs é uma beleza!

em toda a cidade que Rola um campeonato ou um bom evento de skate, uma semente é plantada. isso incentiva quem é daquele deteRminado lugaR a andaR!”

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faça o ceRto, faça o seu! seJa qual foR a situação, o que vai fazeR a difeRença é a sua atitude! paRa o bem ou paRa o mal...”

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Como amador você sempre participou muito de campeonatos. Hoje, como profissional, não existe um calendário definido. Como esses campeonatos o ajudaram e, de que forma, os campeonatos beneficiam o skate? Você acha que o skate ainda precisa de campeonatos? Sim, claro! Em toda a cidade que rola um campeonato ou um bom evento de skate, uma semente é plantada. Isso incentiva quem é daquele determinado lugar a andar! Não acho que exista um trabalho bem feito nesse sentido no Brasil. Não existem eventos profissionais aqui. Isso trava demais a evolução de todo o processo. Acho que as iniciativas nesse sentido são muito esporádicas, tipo, rolou um evento aqui em Belo Horizonte, mas faz um ano que não rola nada. Não existe um planejamento certo, um respeito necessário. Falemos de coisas mais positivas, então. Hoje você está focado em um projeto, uma video part para a internet. Como anda isso? Estou andando e tentando juntar o máximo de

material possível para fazer uma video part. É um trampo de dia a dia. Quero tentar lançar ainda esse ano. Como repercutiu sua parte no vídeo da Capital? Ficou como você queria? Não! (risos) A gente nunca está satisfeito, né? Me machuquei na época das filmagens, mas o vídeo todo ficou muito bom! Os caras sempre marretam demais! Fora que foi um trabalho feito de muito coração, né? Totalmente! Na guerreiragem pela evolução pessoal de cada um e pra somar com o skate em geral. Falamos muito da sua força de vontade pra conquistar as coisas e da importância da sua família na sua vida… Baseado nisso, que conselho você daria pra molecada mais nova? Faça o certo, faça o seu! Seja qual for a situação, o que vai fazer a diferença é a sua atitude! Para o bem ou para o mal...


jay alves // entrevista pro

gap to fs tailslide to switch crooked na avenida Brasil.

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entrevista am // jr. pig

Jr. Pig

Do Jeito que ele é AutenticidAde e dignidAde são itens rAros nos diAs de hoje. Muitos quereM ser o que não são e dAnçAM conforMe A MúsicA, eM trocA de quAlquer trocAdo Murcho. PArA nossA sorte, AindA existeM seres únicos coMo jr. Pig.

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Este viaduto na Zona Sul tem uns cinco picos que a galera já utilizou de diversas maneiras. Jr. Pig enxergou o que ninguém viu e subiu de grindão uma parte ainda virgem do local.

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entrevista am // jr. pig

o

que mudou em você desde quando começou a andar de skate lá em Diadema até hoje? A única coisa que mudou, foi que mudei de casa várias vezes! É a mesma coisa, o mesmo sentimento. Rolou uma evolução, né? Sai da minirrampa e conheci outros lugares, outras pessoas. A Espraiada, que é um lugar da hora, eu cresci ali na verdade; foi ali que deu uma alavancada. Uma alavancada no seu nível? Sim, como skatista! O que mudou foi isso, de resto sou o mesmo Pigones de sempre! Você tá triste com os boatos sobre o fim da Pista da Espraiada? Porra, pra caralho! Zuado! Você vai chorar? Pô, não vou chorar, mas vai ser uma perda, né? Vão destruir a Espraiada, Imigrantes, as duas pistas que eu mais ando, as duas na Zona Sul. Qual a importância de uma pista, principalmente como a AE, que é bem livre, dos skatistas mesmo? Faltam lugares assim em Sampa? Porra, com certeza! Vai sobrar na Zona Sul só a Saúde; o resto é cheio de norma, capacete aqui, documento ali. E na Espraiada não: quem faz as regras é a gente, quem constrói os obstáculos são os skatistas e rola melhor do que outras pistas que têm que usar equipamento obrigatório. Não é nada contra quem usa equipamento, mas liberdade é fundamental no skate. Estão tentando cercar, colocar muitas regras no skate? Tão, mano. Acho meio gay, muita baitolice isso. Não é de verdade, não é. Colocam um monte de regra, tem que andar do jeito que os caras querem. Skate não é isso, e nunca será. Por que você decidiu criar a Enemy? Na real a Enemy era uma ideia mais antiga que eu sempre tive vontade de fazer. Mais para usar mesmo, não uma parada pra vender ou coisa do tipo. Comecei a fazer umas camisetas, umas toucas, porque eu gosto de usar, queria fazer do meu jeito. Era mais uma parada pessoal. Mas parece que a galera gostou. É verdade que você postou uma foto de uma touca no seu Facebook e em meia hora já tinha gente no seu portão querendo comprar? Coloquei no Face e na hora já tinha gente me ligando perguntando quanto eram as paradas. Onze horas da noite e o cara batendo lá em casa pra comprar as toucas! Da hora! Fiz pra usar

e tem uma galera querendo. É da hora, a galera se identifica! Faltam paradas de skatista para skatista no mercado? Tem poucas que são assim mesmo, tipo a Ghardenal. Tá devagar, mas as coisas estão mudando. O que te incomoda no skate brasileiro? Nossa, essa eu não queria nem responder, mano. Não precisa citar nomes. Tem várias coisas que me incomodam. Muita pose pra pouca atitude? Porra, pra caralho! Todo mundo quer ser a porra do Paul Rodriguez; as marcas fazem umas paradas e querem que você use de qualquer jeito, se você não usar vai ser podado... acho mó bosta, mano! Eu faço o meu do jeito que eu gosto; você faz do jeito que você gosta, se o moleque quer fazer do jeito dele, deixa ele fazer. O que te motiva a sair de casa e andar de skate todo o dia, mesmo com esse cenário/mercado “estranho” que estamos vivendo hoje em dia? O bagulho tá na veia mano, é muito mais do que isso aí. Não é pensar na marca, que tal maluco tá andando muito e eu tenho que evoluir pra ser melhor. É muito mais que isso aí, não dá pra explicar; é uma parada que vem de dentro. Só quero andar! Não faço questão nenhuma de seguir o cara que tá andando pra caralho, de andar igual, de ser da mesma marca, de ir pra Tampa junto, nada. Que se foda; eu quero andar de skate e andar do meu jeito, do jeito que eu quiser, sem regra, é isso que me motiva. Eu sinto isso, não preciso seguir nada, quero ir lá e fazer as minhas manobras, independente se alguém vai falar bem ou mal. Se eu tô bem, tô sossegado. É um lance de estar em cima do skate, sabe? Andar, independente do que acontecer. A gente passa por várias paradas durante a vida, que vão desanimando, né; que chega uma hora que você só quer andar, sem seguir nada, sem precisar que alguém mande você fazer isso ou aquilo. Eu faço o que eu quero! Como as fotos pra essa entrevista, eu fiz o que eu quis. Não precisei ver o moleque dar um switch hardflip numa triple set e fazer igual. Eu fiz as manobras que eu quis, sem seguir tendências; eu segui a minha vontade, independente do que vão achar, foda-se! Fiz do jeito que eu quis e vai ser sempre assim. E você gostou do resultado da entrevista? Porra, gostei, tô satisfeito com toda a parada. Teve manobra que eu nem achei que ia voltar, tipo, vamos lá tentar? E saiu, foi

eu faço o meu do jeito que eu gosto; você faz do jeito que você gosta, se o moleque quer fazer do jeito dele, deixa ele fazer.

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A fonte da Praça do Congresso, em Buenos Aires, fica vazia poucas vezes ao ano, evidenciando as pequenas e perfeitas transições com “coping block natural”. Pigones aproveitou a seca temporária e lançou esse bluntslide to disaster.

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entrevista am // jr. pig

não é nada contra quem usa equipamento, mas liberdade é fundamental no skate.

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bem louco. Era o que eu queria fazer e consegui, fiquei feliz! De onde vem a base do blunt? Passa a receita pra galera aí! Nossa, a base do blunt vem das antigas, hein! O primeiro lugar que eu dei blunt foi no quarterzinho de São Bernardo que tinha nas antigas, sabe? Não tinha nem coping, era redondo. Era só encaixar e nem precisava dar ollie, era só deixar o peso que ele voltava. Depois comecei a pegar a manha na minirrampa de Diadema, das antigas, no camelódromo, que também não tinha coping. Depois comecei a mandar nuns picos mais difíceis, ou seja, em lugar com coping! Hahaha! Aí fui pegando a manha; é a manobra que eu gosto de mandar,

já chego mandando. Eu gosto! Blunt, switch blunt, noseblunt, halfcab blunt, blunt noseblunt. E no half, você já deu uns rolês? Já dei um rolê bem básico, uns fiftys, grinds. Tem vontade em se empenhar no half? Puts, não muito, não. De botar equipa e me empenhar mesmo, sem chance! O último half que andei faz uns três anos, lá na Tent Beach. Comecei a andar de boa e os caras ficaram me enchendo pra colocar os equipas: “Valeu, tô de boa, nem quero mais andar”. Um dia eu tentei botar uma joelheira e foi sem chance! Eu juro pra você: eu dava uns fiftys e tentava me jogar de joelho, mas não conseguia e saía andando. Fiz isso umas cinquenta vezes. No dia seguinte minhas bolas estavam inchadas, de


Que tal um blunt to noseblunt na parede da Aclimação?

tanto bater. Não consegui nem caminhar. Tem algum lugar que você quer viajar? Vários, né? Califórnia, no mínimo! Europa, né? Barcelona deve ser um lugar muito louco! Lá você anda de skate mesmo, sai remando. Você faz muito isso, né? De sair andando mesmo pela rua, de ir para um pico de skate mesmo. Eu vou pra qualquer lugar de skate! Saio andando mesmo. Teve um dia que eu saí do Jabaquara e fui até a Francisco Morato andando, cheguei lá e andei o dia inteiro. Sai de casa às seis, cheguei às nove da manhã e andei até as onze da noite. Fiz várias dessas. Da Vila Olímpia até o Jabaquara, da Saúde até Diadema.

Nada de cruiser, né? Você vai com o seu skate mesmo? De skate mesmo! O que você acha dessa moda dos cruisers e tal? Meio gay né, esse lance de cruiser? Meio baitolinha. As rodinhas dos cruisers às vezes salvam pra andar em um pico tosco, mas só as rodas. Tão na moda esses skates de plástico. Eu não sei nem o que eu acho sobre isso. Vários caras, minas, crianças, botam o Nike no pé e saem de cruiser por aí. É meio tosco tudo isso! É bom pros empresários, né? Pra quem é skate mesmo só atrapalha, fode todo mundo, em vários sentidos, até na prática mesmo, na pista. Você cola na pista e tem maluco de cruiser achando que tá surfando!

não faço questão nenhuma de seguir o cara que tá andando pra caralho, de andar igual, de ser da mesma marca, de ir pra tampa junto, nada.

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entrevista am // jr. pig

Pros empresários é lindo, vende pra caralho, não precisa investir em nada, em time, anúncio, nada. É só vender. Skate de plástico é foda. E os malucos de remo? Stand up skate? Que porra é essa? Você consegue viver do skate hoje? Não! Eu vivo o skate, mas não vivo do skate, não. Nunca vivi. Sobrevivi no máximo, por muito pouco tempo. Mas não dá nada, vou continuar assim. Tem que fazer o corre, tem que trampar. Já trabalhei em loja, restaurante, metalúrgica; hoje eu sou monitor de skate. Já trampou em metalúrgica pra andar de skate? Sim, pra andar de skate e pagar as contas. Trampava das sete da manhã até as cinco da tarde, saía correndo pra conseguir andar meia hora, uma horinha com luz. Isso quando eu ia, porque tinha dias que eu tava cansadão, desanimado. Imagina pegar peso o dia inteiro e andar depois? Uma vez eu lembro do Ragueb me falar: você tem que pelo menos andar uma hora por dia, você consegue. Depois desse dia eu sempre falava: dá pra ir, dá pra ir. Saía correndo do trampo, pegava o ônibus, passava em casa, trocava de roupa e corria pra pista pra andar meia hora, mas era meia hora na pegada! Essa época foi foda, tava me machucando direto. Comecei a trampar e dois dias depois quebrei um osso do pé. Era pra engessar e eu não podia trampar engessado, então eu tinha que trabalhar sem gesso, ninguém sabia que eu tava zuado no trampo. Chegava em casa e colocava a bota ortopédica, só dormia com ela, e no outro dia botava a botina de novo pra trabalhar. A botina era o meu gesso. Os caras me chamavam e eu tinha que ir pisando só com o calcanhar pra não sentir dor. Foram sete meses pegos! Acordava quatro e quarenta da manhã, pegava busão lotado. Mas normal, não pega nada! Porra, você tá com nível, já mostrou bastante serviço, teve uma boa parte de vídeo, essa é a sua segunda grande entrevista em revista. E aí, vai ser pro nesse cenário estranho? Não consigo pensar nisso não, já pensei pra caralho, sabia? Dois anos atrás eu pensava, poxa, acho que dá pra passar agora, pra ver se viram umas coisas melhores, mas hoje em dia tanto faz, viu? A cena tá daquele jeito, não sei se sou só eu que vejo desse jeito, mas a cena tá zuada. Tem vários bagulhos estranhos acontecendo e ninguém faz nada. Eu não me importo em passar pra pro não. Sou amador? Sou pro? Eu sou skatista, mano; ando de skate, não preciso me definir. Você tem algum sonho com o skate? Só viajar, mano. O máximo que eu conseguir viajar pra andar de skate. Acho que esse é um sonho que a maioria tem, né? A maioria quer passar pra pro e ganhar mó nota, né? Como você acha que vai estar daqui a dez anos? Gordinho e barbudo. Andando de skate! Só não vou tá andando de cruiser!

no dia seguinte minhas bolas estavam inchadas, de tanto bater. não consegui nem caminhar. 58 | TRIBO SKATE agosto/2013

O bairro de Puerto Madero, em Buenos Aires, concentra uma quantidade absurda de praças e parques para a população desfrutar. Pig ignora o gap e dá uma nova utilização para a lixeira: gap to grind a milhão.


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entrevista am // jr. pig

Você cola na pista e tem maluco de cruiser achando que tá surfando! Pros empresários é lindo, vende pra caralho, não precisa investir em nada, em time, anúncio, nada.

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E como você espera que o skate brasileiro esteja daqui a dez anos? Espero o melhor, né? Espero que esteja na mão de quem acredita na parada. Tanto as empresas, mídias, espero que estejam nas mãos certas. E a galera que anda mesmo, que quer alguma coisa com o skate no Brasil, saiba fazer a parada acontecer. Um monte de moleque só pensa em ter, mas não quer somar. Já me falaram isso: você quer sair? Eu boto quatro moleques no seu lugar pelo que você ganha e eles vão andar amarradaços, vão pular as escadonas e tal. Beleza, valeu e saí andando. Já manda um recado pros sanguessugas! Sanguessugas do caralho! Tem uns que eu até queria citar os nomes e tudo, mas deixa quieto. Tem filha da #$@* que me deve até hoje, safado, e tá aí suave, com filho estudando na China e o caralho. Já saí de umas três marcas porque eu quis. Se não tá dando certo, se eu tô passando raiva, pra que vou ficar? Saí mesmo. O cara até um dia depositava a sua grana. Quando você se fode o cara para de depositar. “Você não tá andando”. E aí,

mano? Vou pagar as minhas coisas como? “Vem aí pegar uns tênis”. Não preciso mano, deixa quieto, não quero mais, eu não como tênis. Vou trampar, não vou ficar pagando sapo não. Uma hora você cansa, só toma na cabeça, vai se foder! Quer agradecer alguém? Ou não tem nada pra agradecer? Quero agradecer o Mug, Niandra, Ragueb, Xuxa, Tribo Skate, Arena Skate, Fernando, D2, Dario, Gregório, Black Media, Caetano, Fel. A todos que acreditam que vai mudar esse mercado de bosta. Black Sheep, Julio, Rocha, Finha, Zion, os moleques da Espraiada, Fritex e pra toda a galera que acredita no skate de verdade, sem palhaçadinha.


Primeiro ele descobriu e estreou essa borda de rockão de front. Agora Jr. Pig parte para a ignorância com esse combo: rockão de front passando pra hurricane desviando da tampa na saída. POW!

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Luz Franklin Morales, Fs 50-50 eM Port達o, rio Grande do sul Foto dieGo sarMento

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Luz lucas diniz, 360 FliP tail Grab na Praรงa XV, rio de Janeiro Foto Pedro Macedo

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Luz

Jo達o Vitor, nollie FliP, uniVersidade Federal de Juiz de Fora, Minas Gerais Foto dioGo Groselha

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casa nova //

Bruno Melão // Fotos RodRigo Kbça Ser skatista: É viver. Quando não está andando de skate: Estudando ou praticando fingerboard. O porquê do apelido: Porque eu tenho um cabeção. Dificuldade em ser skatista na sua cidade: Aqui skatista é igual maloqueiro e maconheiro. Skatista profissional em quem se espelha: Luan de Oliveira. Skate atual: Shape Kronik, eixos Liga, rodas Hagil, lixa Hood e rolamentos Red Bones. Marca fora do skate que gostaria de ter patrô: Canon. Som pra ouvir na sessão: ASAP Rocky. Parceiros de rolê de skate: Paulo Krug. Melhor viagem: São Paulo. Melhor pico de rua: Roosevelt. Melhor pista: IAPI. Sonha alcançar com o skate: Viver só dele. Aquele salve: Pra todo mundo que me apoia no skate. // Bruno Silva 15 anos, 3 de skate Porto alegre/rs Patrocínios: Hocks, liga trucks, duelo skatesHoP, Banx, BoBB’s crew aPoios: suPer raMPa, kronik e Yázigi

Bs tailslide, Praça Roosevelt, SP.

‘‘cresça, independente do que aconteça.’’ 68 | TRIBO SKATE agosto/2013



casa nova //

Nollie fs tailslide, Passos, MG.

lelê // Fotos JR Lemos Ser skatista: É se divertir fazendo o que gosta e andar sempre que puder. Quando não está andando de skate: Ensino skate pros alunos do Skate Escola. O porquê do apelido: Vem da infância, é o diminutivo do meu nome. Dificuldade em ser skatista na sua cidade: Estar distante dos polos nacionais de skate. Skatista profissional em quem se espelha: Binho Hatman, Klebão Célula e Rodrigo Gerdal. Skate atual: Shape Cave, lixa Jessup, parafusos Element, eixos Venture P-Rod, rolamentos Red Bones e rodas Spitfire F1. Marca fora do skate que gostaria de ter patrô: Oakley. Som pra ouvir na sessão: Kamau, Offspring, Emicida e Racionais.

Parceiros de rolê de skate: Tilu, Éder e a rapaziada da LFS e SOS. Melhor viagem: Araraquara/SP. Melhor pico de rua: Parque de Exposição de Passos. Melhor pista: A primeira que fiz no quintal de casa. Sonha alcançar com o skate: O reconhecimento como profissional. Aquele salve: Alexandre Valério, Juruna, Éder Viana, Rodrigo Brandão, Jr Lemos, Binho, Maykell Elias (RIP), Orlando da Cave, pras crews, família e Deus. // ElEandro HEnriquE do naScimEnto 27 anos, 12 e Meio de skate Passos/Mg Patrocínios: cave e skate escola aPoios: Favela e as crews lFs, sos e colletividade

‘‘Fazer o melhor possível!’’ 70 | TRIBO SKATE agosto/2013



casa nova //

Fs noseslide.

rodrigo Fritex // Fotos CaRLos HenRique dos santos Ser skatista: É estilo de vida. Quando não está andando de skate: Estou tatuando. O porquê do apelido: Era mais dentuço quando criança e parecia o esquilo do salgadinho Fritex. Dificuldade em ser skatista na sua cidade: Falta de mercado de skate. Skatista profissional em quem se espelha: Todos os skatistas da Espraiada. Skate atual: Trucks Thunder, rodas Zion 51mm, shape Cheers e rolamentos Red Bones. Marca fora do skate que gostaria de ter patrô: InkID.

Som pra ouvir na sessão: Rick Ross. Parceiros de rolê de skate: Todos da Espraiada; Splinter e Paulo no dia a dia. Melhor viagem: Está por vir. Melhor pico de rua: Avenida Faria Lima (SP). Melhor pista: Espraiada. Sonha alcançar com o skate: Viver feliz, o skate me faz bem. Aquele salve: Amigos da Espraiada, Xuxinha, Splinter, Jr. Pig, Alemão, Paulo, Renan Vargas, Carlão, entre outros. Espra vive! // rodrigo HEnriquE martinS 27 anos, 13 de skate de são Paulo, Mora eM são Bernardo do caMPo

‘‘ande por amor, não por valores.’’ 72 | TRIBO SKATE agosto/2013


// shops! Elas mantêm a chama acesa O papel das skate shops não é apenas vender produtos. É oferecer um atendimento de qualidade, que satisfaça o cliente e alimente seu desejo de andar de skate, vestir-se bem, entender e viver esta cultura. Neste cenário, a informação é mais uma alavanca para o sucesso e é justamente aí que algumas lojas se sobressaem. Elas são pontos de convergência, investem no esporte e ajudam a construir a história do skate brasileiro. A partir desta edição, retomamos este campo iniciado pela Tribo Skate em 1991. Além da lista impressa aqui, teremos uma sempre renovada em nosso site. Afinal, o skate acontece em todas os cantos do país! > AmAzonAs - Manaus Sagaz Skate Shop Rua Ferreira Pena, 120, Centro (92) 3233-2588 > BAhiA - Salvador Zeroseteum Skate Shop Avenida Jorge Amado, 208, loja 5, Arabela Center, Boca Rio (71) 4101-7883 > Distrito FeDerAl - Brasília Freestyle Skate Shop SDS Bloco “E”, loja 8, Conic Asa Sul (61) 3322-9990 > minAs GerAis - Contagem Skateboard House Shop Rua Tiradentes, 2136, Bairro Industrial (31) 3361-4029 - Passos Cave Skate Shop Rua Dep. Lourenço de Andrade, 09, Centro (35) 3521-0909 > mAto Grosso Do sul - Campo Grande Rema Boardhouse Rua Pedro Celestino, 1387, Centro (67) 3213-2504 > PArAná - Curitiba Drop Dead Travessa da Lapa, 231, Centro - Guarapuava Atrito Board Shop Rua XV de Novembro, 7860, loja1, Centro

(42) 3623-6818 - Irati Skate Shop Irati Travessa Frei Jaime, 43, Centro (42) 3423-3989 > rio De JAneiro - Nilópolis Atos Skate Shop Rua Comendador Rodrigues Alves, nº 855 , Olinda - Paraty UnderHouse Avenida Roberto Silveira, 110, loja 3 - Rio de Janeiro Carma Skate Shop Rua Marques de Abrantes, 64, loja 4, Flamengo - São João do Meriti 2012 Skate Shop Avenida Salomão Erreira do Nascimento, 244, casa 4, Vila Rosali (21) 2755-5797 > sAntA CAtArinA - Criciúma Backdoor Skate Surf Rua Henrique Lage, 210, Centro (48) 3437-7988 - Florianópolis Curva de Hill Rua Laurindo Januário da Silveira, 5555

> são PAulo - Artur Nogueira Tateno Skate Shop Rua Ademar de Barros, 839, Centro (19) 8178-0172 - Barra Bonita Office Street Rua Prudente de Morais, 852, Centro (14) 3641-0511 - Bauru Arsenal Skate Shop Rua Virgilio Malta, 8014, Centro (14) 3227-9633 - Bragança Paulista Sandro Dias Skate Shop Rua Dr. Candido Rodrigues, 70, Centro (11) 4033-3367 - Campinas CT Culture Avenida Abolição, 161, PontePreta (19) 3579-1012 - Campo Limpo Paulista C-Vida Skate Shop Rua Nossa Senhora do Rosário, 176, Centro (11) 4039-1412 - Franca Oka Bambu Rua Tiradentes, 1577, Centro (16) 3026-8128

Pousada Hi Adventure Rua Sotero José de Farias, 610, Rio Tavares

- Guarulhos Christ Board Shop Av. Rosa Molina Pannocchia, 331, loja 122, piso 1, Shop. Pátio Guarulhos, Jardim Valéria (11) 2456-4924

- Joinville Grind Skate Shop Rua São Francisco, 40, Centro (47) 3026-3840

- Limeira Delfa Skate Shop Largo da Boa Morte, 34, Centro (19) 3704-4852

- Mogi Guaçu Alta Tensão Skate Shop Rua Sargento Oswaldo Aviador Fernandes, 36, Centro (19) 3019-6950 - Ribeirão Preto Switch Skate Shop Rua Marcondes Salgado, 580, Centro (16) 3235-6867 - Santos Evolution Skate Shop Avenida Floriano Peixoto, 44, loja 69, Gonzaga (13) 3289-1444 - São Paulo Bless Skateshop Rua Turiassu, 603 DaHora Skate Shop Rua 24 de Maio, 57, loja 18, Centro (11) 2745-6013 Red Beach Avenida Júlio Buono, 2070, Vila Medeiros Sk8net Rua Frei Caneca, 1407, Consolação (11) 2985-3920 Toobsland Rua Cerro Corá, 631, Alto de Pinheiros - Santo André Ratus Skate Shop Rua Dona Elisa Flaquer, 286, Centro (11) 4990-5163 Mantenha você também a chama do skate brasileiro acesa, leve a Tribo Skate para sua loja! Envie-nos email triboskate@triboskate.com.br

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casa nova //

Nollie flip, Florianópolis.

Yago Passos // Fotos João bRinHosa Ser skatista: É ter hombridade, saber chegar nos quatro cantos da cidade. Quando não está andando de skate: Estou com a família. Dificuldade em ser skatista na sua cidade: Pedra portuguesa pelo Centro. Skatista profissional em quem se espelha: Rafael Pingo, Alex Carolino, Rodrigo Petersen, Rodrigo Lima e Rodrigo TX. Skate atual: Eixos Venture, rolamentos Red Bones, rodas e shape Cisco. Marca fora do skate que gostaria de ter patrô: FAB (poder aéreo). Som pra ouvir na sessão: Mob Deep, Haikaiss, Shaw.

‘‘simplicidade.’’ 74 | TRIBO SKATE agosto/2013

Parceiros de rolê de skate: Meus amigos. Melhor viagem: Florianópolis com o mano Welligton ‘Gepeto’. Melhor pico de rua: Avenida Batel (Curitiba). Melhor pista: Plaza da PPMafia. Sonha alcançar com o skate: Meu ponto de equilíbrio. Aquele salve: A todos os meus manos de sangue e de rua; pros ‘real’ que fortalecem não só nos momentos bons, mas sim em todos os momentos. // Yago PaSSoS 21 anos, 10 de skate curitiBa/Pr Patrocínio: Bastard wear aPoio: cisco skate, PPMaFia



hot stuff // agosto

// Oakley

Com armação desenvolvida em O-Matter, que deixa o produto mais leve e confortável, o modelo Offshoot tem design robusto e marcante, com faixas metálicas, inspiradas nos microfones da década de 50. Os novos óculos são ideais para quem não tem medo de mostrar sua personalidade e ainda garantem proteção lateral contra o sol, contra o vento e contra impactos. (11) 4003-8225 / oakley.com

// rOdas alFa

A Alfa Skateboards lança uma nova linha de produtos: a Alfa Wheels, rodas de alta performance, em tamanhos variados, com dureza 101a. E dentro desta novidade está o primeiro pro model de rodas do profissional da marca, Silas Ribeiro, destaque na entrevista e capa de nossa edição 213. (48) 9601-3459 / alfaskateboards.com

// FOmO Vertical

O bowlrider legend Jorge Zunga lança com sua marca Fomo Vertical uma série de quatro shapes pro models de skatistas que desempanham muito bem em qualquer terreno, são eles: o próprio Zunga, Kauê Mesaque, Rafael Pingo (de Santos) e Luis Come Rato. (11) 98115-2996 / fomovertical@gmail.com

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// relógiOs X games

Nada como manter a atitude em cada detalhe! Por isso os relógios X Games são ideais pra galera de todas as idades que praticam esportes radicais e que não deixam de lado o estilo e a exclusividade mesmo na hora do relax. (11) 3049-7777 / orientnet.com.br/xgames

// Hang ten

Oito modelos de chinelos e sete de tênis, entre femininos e masculinos, que remetem ao espírito do surfe, do skate e ao lifestyle desses esportes. Essa é a novidade que a Hang Ten lança no mercado brasileiro. (51) 3222-0202 / domenicca.com.br

// Urban sUrF bOards

Testado e aprovado por longboarders do cenário nacional, incluindo Rafael Massucci “Massa”, Jonathan Borges, Diego Polito “Dilon” e Ana Beatriz “Thiz”, a marca brasileira Urban Surf Boards destaca entre seus produtos o USBoard pro model de 40 polegadas, trucks 160mm, rodas 70 mm 80A e rolamentos abec 5. (11) 5084-1813 / usurfboards.com.br

// UrgH

Shape de maple, boné five panel inspirado na cultura indígena Navajo e o pack composto por boné, cinto e carteira trabalhados com textura de pele de serpente, em homenagem ao Ano da Serpente da cultura chinesa. Estes são alguns dos lançamentos da Urgh para o Verão 2014 apresentados recentemente pela marca. (11) 3226-2233 / urgh.com.br

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Rafael Kent

áudio //

Contrariando o nome da banda, os baianos da ViVendo do ÓCio têm trabalhado bastante e Vêm Consolidando sua Carreira Com boas apresentações, diVersos VideoClipes, parCerias de peso e dois disCos lançados. o mais reCente, “o pensamento é um imã”, mostra uma grande eVolução musiCal, foi muito bem reCebido por públiCo e VeíCulos espeCializados e está Completando um ano de lançamento. formada por daVide bori (guitarra), dieguito reis (bateria), JaJá Cardoso (VoCal e guitarra) e luCa bori (baixo e VoCais), a ViVendo do ÓCio troCou uma ideia Com a tribo skate apÓs um grande show que realizou no pelourinho, em salVador/ba, loCal de onde há quatro anos saíram para ViVer Juntos em são paulo e mostrar sua músiCa pelo mundo. desde então, os riffs, Versos e melodias do roCk and roll feitos pela banda têm eCoado por diVersas Casas de shows e grandes festiVais Como lollapalooza, brazilian day londres e italia waVe.

O

que vocês acham que mudou na banda desde quando começaram até o momento atual? Musicalmente, com a estrada, a banda foi amadurecendo. Desde quando a gente começou até hoje, todos esses anos e os shows, fizeram com que ficássemos mais seguros do que estamos fazendo. O fato de morarmos juntos desde 2009, quando nos mudamos, também alterou a nossa rotina e com certeza isso refletiu em tudo que a gente faz, principalmente o fato de estarmos

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fazendo música perto um do outro. É uma comunicação que toda banda deveria ter, de juntar com seus amigos e fazer um trabalho que tem um pouco de cada um e no final se torna algo único. Isso fortaleceu mais a nossa identidade, hoje em dia o som da banda tem mais a nossa cara. Também tem o fato de que antigamente a gente levava a banda mais como brincadeira mesmo e hoje isso tomou uma proporção muito maior. Mesmo que a gente não faça as coisas com tanta pretensão, a banda se tornou maior do que a gente e tentamos

valorizar o que ela é, procurando fazer nosso trabalho direito. Mesmo sem ter premeditado isso, as coisas foram acontecendo de forma muito natural e a gente acabou virando músico, a música virou nossa profissão, nossa vida e agora nós levamos isso com mais seriedade. O fato de vocês residirem hoje em São Paulo afetou a banda de alguma forma? Primeiro, essa questão da nossa convivência, de aprender a se entender melhor, compor juntos e coisas do tipo. Também tem o fato de que em


feRnando Gomes

São Paulo existe uma quantidade maior de pessoas que vivem da música. Então, quando a gente chegou lá e viu toda essa galera trabalhando diretamente com a música mesmo, que era algo que em Salvador a gente ainda não vivenciava tanto, nosso aprendizado foi se tornando ainda maior, seja na forma de tocar, compor músicas ou outras questões como a movimentação das bandas, poder mostrar seu som em outras cidades. Não necessariamente por ser São Paulo, mas porque lá é o centro da comunicação do país, essas coisas acabam acontecendo mais facilmente lá. Qual a melhor e a pior parte de vocês serem uma banda-família? A melhor parte é que você acaba vivendo as coisas com mais verdade, mais intensamente, nada é de mentira. E a pior parte acaba sendo resultado disso também; tipo, você querer ficar só com sua mina e estão lá os caras da banda (risos). Nessa questão, a melhor e pior parte se parecem mesmo, que é você conhecer verdadeiramente a pessoa, o que lhe dá a liberdade de falar o que quiser e também ouvir o que a pessoa quiser falar. Esses conflitos acabam nos aproximando ainda mais. Hoje, na maioria dos casos, a vida de músico não se restringe só a tocar. Como a Vivendo

do Ócio trabalha com as demais atividades necessárias para fazer a banda acontecer? A internet é uma das coisas que a gente usa bastante, principalmente as mídias sociais. A gente trabalha o máximo que puder para que a banda continue acontecendo. Até os grandes artistas do mainstream hoje trabalham para além de só tocar. A gente faz parte da administração da nossa carreira, mas também existe uma equipe que nos ajuda, como Surabhi, Levi, Joe, Luiz, Zizi, Egon... e uma galera, que são pessoas que acreditam e que nos ajudam a fazer a banda acontecer. Mas a gente sempre trabalha junto nessas atividades e até produzimos shows de outras bandas, discotecando, tocando projetos paralelos e outras atividades ligadas à música. Comentem sobre o videoclipe mais recente que vocês lançaram e qual será o próximo clipe da banda? Nós somos uma banda que trabalha bastante com videoclipes, com a interatividade na internet e o mais recente foi da música Bomba Relógio, o quarto clipe do disco “O Pensamento é um Imã”, que está completando um ano de lançado. Esse trabalho foi dirigido por Alessandro Valenti, que é um diretor italiano e na verdade é o clipe de um filme, o Vive Le Rock, um mocumentário (ficção

apresentada como documentário) que participamos em 2011, quando fomos tocar no Italia Wave. Daí, o pessoal do filme aproveitou essas cenas que gravamos lá e fizeram esse videoclipe que se encaixou totalmente com a letra da música. O próximo será da música Radioatividade, que estamos gravando com o diretor baiano Diego Lisboa e estamos tentando mostrar uma Salvador diferente. Bolamos um roteiro e está sendo um trabalho um pouco complicado, já filmamos várias cenas, mas provavelmente vamos precisar da ajuda dos fãs. A ideia do clipe é desconstruir Salvador, temos alguns planos, entre eles invadir uma rádio... e será “Radioatividade em cinco atos”. Está sendo o clipe mais demorado que já gravamos, mas vem coisa boa por aí! Alguém na banda anda ou já andou de skate? Todo mundo na banda já andou de skate e recentemente Luca comprou um cruiser e voltou a andar, inclusive se locomovendo pela cidade com ele. Dieguito, quando era mais novo, sempre comprava as edições da Tribo Skate, recortava as capas dos skatistas que curtia mais, como Cara de Sapo (Fabrizio Santos), e colava nos cadernos. Hoje tem que ser um rolê mais de leve, porque se me machucar sério não dá pra tocar bateria (risos). 2013/agosto TRIBO SKATE | 79


manobra do bem // por sandro soares “testinha”*

Sem educação, sem solução!

* Sandro Soares “Testinha” é o cabeça da ONG Manobra do Bem, em Poá, SP.

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arquivo pessoal

A

o longo dos 21 anos que ando de skate, com certeza aprendi mais lições do que manobras; lições de amizade, respeito, valores, vitórias, derrotas e etc. Porém, uma das maiores lições que o skate me mostrou, surgiu nos últimos anos. Para ser mais exato, aprendi essa lição trabalhando com jovens na ONG Social Skate e nos eventos onde atuo como locutor. Na ONG chegamos à conclusão de que o pré-requisito de estar matriculado em uma escola, para uma criança ou jovem participar de nossas ações, não garante que essa criança/jovem esteja tendo um “compromisso” com a educação que lhe é oferecida (mesmo que ela seja ruim, como a da maioria das escolas públicas). Eu mesmo estudei a vida toda em colégios públicos e sempre tive um bom rendimento escolar pois, por incrível que pareça, gostava de vencer os desafios dados pelos professores, que olhavam um garoto que trazia a cultura do skate (estilo, música, vestimentas) para dentro da sala de aula. Eles me olhavam com um certo “ar” de reprovação, aí eu levava isso como um duelo e queria mostrar que mesmo parecendo um “maloqueiro” poderia estar entre os melhores alunos da sala de aula. O segundo fator que me levou a ficar preocupado com o nível escolar de jovens skatistas brasileiros foi durante um evento amador em São Paulo, quando um dos competidores se dirigiu a mim e me indagou o que era o campo ‘grau de instrução’, na ficha que ele teria que preencher. Pensei em como explicar o que o jovem garoto me perguntou, de uma maneira simples, e mandei: - Amigo, grau de instrução é a categoria na qual você pertence na escola: ensino fundamental, médio, superior e etc. É como se fossem as categorias da competição de skate: mirim, iniciante e amador. Ele me respondeu: - Entendi, mas o que eu coloco na minha ficha? (risos) Esse foi o estopim para criarmos e executarmos um evento onde os participantes teriam de mostrar, além de seu domínio no skate, o seu desempenho escolar. Surgiu daí o evento ‘Skate é bom, com educação é ótimo.’ A primeira edição foi realizada no Complexo Esportivo Renato Barbieri e contou com 30 participantes divididos nas categorias infantil, mirim, amador e feminino, que fizeram apresentações individuais de skate e depois responderam a um teste baseado no que estão estudando na escola. Para ser campeão era preciso ir bem nos dois quesitos.

Eduardo Felipe, Felipe Mendes e Matheus Arruda.

O resultado acabou não fugindo do esperado pela organização. Quem foi bem na pista acabou indo mal no teste e quem se saiu melhor no teste não caprichou tanto assim nas manobras. O fato mostra que esporte e educação não caminham tão juntos como deveriam. Na maior parte dos projetos basta o aluno apresentar um comprovante escolar mostrando que está matriculado em um colégio. Isso pra deixar claro que há a necessidade de um novo engajamento nos projetos que envolvem esporte e educação. Para Leila Vieira, pedagoga do projeto, a iniciativa foi um sucesso em despertar uma autoavaliação nos participantes. “Tenho certeza de que na próxima edição estarão prontos, tanto no skate como na prova”. O saldo positivo do evento é que pode estar surgindo a oportunidade de se fazer um circuito para percorrer ações sociais com skate nas periferias de São Paulo.

APOIO CULTURAL



skateboarding militant // por guto jimenez*

Nos cinco anos do Vibração, Cesinha foi enfocado na revista Overall.

Capa da Overall 14, de 1989. Bruno Brown no tubo e chamada sobre o programa.

30 anos de skate na TV

I

magine um cenário de skate inverso ao que temos nos dias de hoje: poucos praticantes, dois ou três eventos em todo o país por ano, mídia especializada inexistente, raríssimas marcas nacionais, importação quase impossível, preconceito da sociedade... Acredite, o skate já foi assim no Brasil. Pensando bem, somente um louco teria a ideia de fazer um programa na tv falando sobre skate, não é verdade? Bem, teve um cara que resolveu ousar e, contra toda e qualquer lógica que se pudesse ter, colocou o skate nas tevês brasileiras em 1983, ano em que o cenário descrito acima era a realidade em nosso país. Um cara que já tinha feito história com a primeira revista de skate nacional de todos os tempos, a Brasil Skate, e também organizando o primeiro campeonato de skate em pista no nosso país. Como se não bastasse, esse doido já tinha experiência internacional de ter trabalhado no meio do skate nos EUA, país criador e principal foco do carrinho no planeta. Esse cara se chama Cesinha Chaves e o programa que tinha skate chamava-se Realce. Era um programa semanal que era como uma “revista de variedades” voltado pro público jovem da época, e que falava sobre esportes de ação – principalmente o surf. A conexão com os esportes de prancha era feita através de Ricardo Bocão e Antônio Ricardo, produtores e apresentadores do programa e surfistas de alma. Bocão, inclusive, foi durante muito tempo o mais respeitado surfista de ondas grandes do país, tendo surfado a maior onda já pega por um brazuca em meados da década de 80. O módulo de skate rolava uma vez por semana e os temas eram as sessões filmadas pelo próprio Cesinha em pistas do eixo Rio-SP, principalmente. Fora isso, assim que surgiram os primeiros vídeos

de skate da Powell Peralta, lá estavam as imagens das façanhas dos ídolos da época nas telas das tevês de todo o Brasil. Não se pode esquecer dos clipes musicais, que traziam as melhores bandas de new wave, ska e punk rock internacionais e entrevistas com músicos brasileiros emergentes de então. Uma coisa precisa ser dita: nem nos EUA havia programa de tevê que sequer mencionasse o skate. Mais adiante, o programa ganhou um irmão de nome pra Vibração, agora de segunda a sexta com o Realce aos sábados. O formato do Vibração era quase o mesmo; e a quarta-feira era o dia exclusive do skate, bem de acordo com o início do crescimento do cenário, tanto no Brasil quanto no mundo todo. Somente quando foram pra MTV pra produzirem o Ombak (onda, em polinésio) é que o formato foi mudado um pouco, com menos inserções dos apresentadores e cada vez mais imagens. Cesinha continua trabalhando com Antônio Ricardo e Ricardo Bocão, os donos do canal Woohoo (o primeiro especializado em esportes de ação no país) e produtores de boa parte dos programas da emissora. Ele é um dos editores de imagens e ultimamente anda envolvido com diversos projetos envolvendo artes plásticas e fotografia conceitual. E, claro, continua a dar seus rolês de skate sempre que possível. Esse ano faz 30 anos que temos skate nas tevês brasileiras, tudo por causa desse doido que acreditou na sua intuição e desafiou o que parecia ser impossível. Não se deixe iludir pelo marketing feito por outras emissoras: o pioneiro nas transmissões de skate no Brasil foi, é e sempre será o Cesinha Chaves. Se hoje temos essa variedade de programas e canais, é porque ele deu os primeiros passos – e nós só temos a agradecê-lo e muito por isso. Muito obrigado, Cesinha!

APOIO CULTURAL * Guto Jimenez está no planeta desde 1962, sobre o skate desde 1975.

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