Tribo Skate Edição 198

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DC KING OF SÃO PAULO Felipe Nery é o rei... duas vezes! JEAN DUARTE Pelas ruas de Santa Catarina ARACAJU História e lendas locais PEDRO BARROS Implacável!Pedro devasta a Oceania três vezes! NANO Artista brasileiro na americana Dwindle

Pedro Barros, 540, China. Ano 21 • 2012 • # 198 • R$ 8,90

www.triboskate.com.br












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// índice abril 2012

EspEciais> 044. Dc King of sp fElipE NEry é duas vEZEs rEi

052. aracaju História E lENdas loCais

062. jEan DuartE pElas ruas dE saNta CatariNa

076. nano

uM brasilEiro Na aMEriCaNa dwiNdlE

094. pEDro Barros três vitórias CoNsECutivas Na oCEaNia

sEçõEs> Editorial.............................................................014 Zap ..........................................................................022 Casa Nova ..........................................................082 Hot stuff ............................................................084 Áudio .....................................................................088 skatEboardiNg MilitaNt...........................090 MaNobra do bEM............................................092

Capa: O mundo parece estar pequeno para Pedro barros. Um dia, ele está na China, no outro nos EUa, na semana seguinte em casa, depois na Nicarágua… Depois de três vitórias consecutivas no circuito mundial de bowl, na Nova Zelândia e austrália e ter mostrado suas bases de street em nossa última edição, ganhou uma capa mais que merecida, nessa brilhante fase que está vivendo. backside 540 no monstruoso SMP da China. Foto: andré barros ÍndiCe: Essa ladeira mortal da ZN paulistana, a Cruz de Malta, foi desbravada por Willians indião que a dropou de samba-canção, descalço e com skate de speed. agora, Fernando Hiena presta sua homenagem ao eterno big rider do asfalto, com um pesado fakie 180 one foot ladeira abaixo. Foto: Shin Shikuma

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editorial //

O skate é plural

T

odo movimento que se preze para definir uma época, vem carregado de simbolismo, mas também de uma grande visibilidade. Não é à toa que tantos skatistas estão andando bem em transições nos tempos atuais. Isso não se deve apenas à construção de novas pistas redondas pra se andar, mas principalmente ao sucesso de tantos que circulam o mundo atrás da emoção de triturar bordas e voar sobre quaisquer condições e de tantos que colocam a mão na massa pra transformar suas realidades. Pedro Barros é um fenômeno mundial. Nesta mesma semana de fechamento editorial da Tribo Skate, me deparei com algo bem incomum, uma reportagem de 10 páginas com ele numa revista de surf, a Hardcore. É um sinal de que esse garoto continua quebrando paradigmas. Por mais que ele também seja surfista, são mais fotos de skate do que de surf! Se em nossa última edição o enfocamos no street skate para mostrar sua visão ampla sobre todos os terrenos, fomos levados a destacá-lo por suas três vitórias consecutivas no circuito mundial de bowl. Terceiro ano que ele “manda” na Nova Zelândia, também em Bondi Beach, na Austrália, com mais uma vitória de bônus em Manly. O tempo está fazendo muito bem para o skate. Cada vez mais, mais pessoas descobrem o simples prazer de deslizar em qualquer tipo de carrinho, independentemente do formato, da dureza das rodas, da largura dos eixos. Na busca pelo prazer, alguns acabam entrando em sintonia e descobrem seus talentos. Quando a motivação é verdadeira, sem interesses mesquinhos, o resultado é este boom que estamos vendo novamente. Cada vez mais completo, plural, social, esportivo. Cada vez melhor inserido na sociedade. Por grandes exemplos de humildade e respeito, de domínio e autoestima elevada, que uma simples foto de uma sessão no bowl do Arpex desperta tanta admiração. Vivemos esta época do skate bonito, veloz, técnico, acessível e reconhecido. (Cesar Gyrão)

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Jean Lucas Spinoza, o Pato, embalado por este movimento. Do street para o bowl do Arpoador, um salto de qualidade. Crailslide. Foto: Caetano Oliveira





MARCELO MUG

ANO 21 • ABRIL DE 2012 • NÚMERO 198

Editores: Cesar Gyrão, Fabio “Bolota” Britto Araujo Conselho Editorial: Gyrão, Bolota, Jorge Kuge Direção de Arte: Edilson Kato Redação: Marcelo Durigan de Freitas Almeida “Mug”, Felipe Minozzi “Fel” e Guto Jimenez Site: Felipe Minozzi “Fel” Editor de fotografia: Shin Shikuma Staff: Caetano Oliveira e Marcelo Mug Colaboradores: Texto e fotos: Antonio dos Passos Jr. “Thronn” Texto: Sandro Soares “Testinha”, Cid Sakamoto, Helinho Suzuki, Camilo Neres Fotos: André Barros, Josh Househam, Dean Tirkot, Fabio Cunha Ribeiro, Felipe Puerta, Robson Sakamoto, Wander Willian, Grazi Oliveira, Paulo Tavares, Rafael Santos

JB Pátria Editora Ltda Presidente: Jaime Benutte Diretor: Iberê Benutte Administrativo/Financeiro: Gabriela S. Nascimento Circulação/Comercial: Patrícia Elize Della Torre Comercial: Daniela Ribeiro (danielaribeiro@triboskate.com.br) Fone: 55 (11) 3583 0097 www.patriaeditora.com.br Empresa filiada à Associação Nacional dos Editores de Publicações - Anatec

Impressão: Ibep Bancas: Fernando Chinaglia Distribuidora S.A. Rua Teodoro da Silva, 907, Grajaú Rio de Janeiro/RJ - 20563-900

Distribuição Portugal e Argentina: Malta Internacional

Deus é grande! São Paulo/SP - Brasil www.triboskate.com.br E-mail: triboskate@triboskate.com.br

A Revista Tribo Skate é uma publicação da JB Pátria Editora. As opiniões dos artigos assinados nem sempre representam as da revista. Dúvidas ou sugestões: triboskate@patriaeditora.com.br





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(01) Capa da edição nº183 da revista Tribo Skate e após faturar o DC King of São Paulo desse ano, Felipe Nery fechou com a Element Skateboards. Nery foi enfocado na edição de maio de 2000, na matéria intitulada “O Futuro É Agora”, destacando a nova geração que estava surgindo naquele período. O futuro chegou para Nery • (02) O talentoso skatista pra qualquer terreno, Junior Pig, acaba de ser contratado para integrar o time da Vans no Brasil e pra agregar à equipe nesse ano de 2012, a Vans também integrou ao time, o profissional Danilo do Rosário e os amadores de Porto Alegre, Marlon da Rosa e Dhiego Correa. • Com loja nova e sempre com skate no pé da melhor qualidade, Fabrizio “Cara de Sapo” Santos, está com patrocínio da marca californiana Positiv. • Depois de comandar por mais de um ano o departamento comercial da distribuidora Plimax, Ari Bason não integra mais a empresa e está com novos vínculos que serão divulgados em breve. • A marca Drop Dead está com seu showroom novamente na cidade de São Paulo. Com sede em Curitiba e Florianópolis, a marca vai estar mais presente em SP, com seus títulos Drop Dead, Indy, Santa Cruz, etc. • (03) Saindo do forno, depois de fazer barulho com os models que lançou no ano passado, Antonio dos Passos Jr. “Thronn”, está lançando os novos models da Thronn Skateboards, fabricados na Cali-

fórnia… Logo mais, em uma loja perto de você! • (04) Evolution Skateboard é a marca do Nordeste do Brasil, mais precisamente, da cidade de Salvador/ BA, comandado por Gabriel Marques. Trabalha com vários models que são fabricados com maples na Califórnia e uma linha de marfim, produzidos pela fábrica da Eleven. Valorize também as marcas regionais… Acesse: http://evolutionskateboard.blogspot.com/ • (05) Em carreira solo na terra do Sol, o fotógrafo Fellipe Francisco lançou seu novo site, com muitas fotos realizadas em sua atual morada, a Califórnia. Visite: www.fellipefrancisco.com • (06) Um dos ollies mais potentes do Hemisfério Sul, Mario Marques está com patrocínio da Vextor. • Mantendo um time de peso, Mario Romário agora anda com os eixos Crail. • Agora em abril sai pela RCSSKT o model do novo pro de vert, Diego Bigode. • (07) O brasileiro Mauríco Bozo, abriu no dia 17 de março, a sua loja na Caifórnia. A loja chama-se Subspace Skateshop e fica na região de Orange County, próximo a Los Angeles. Na inauguração, skatistas locais e brasileiros compareceram pra prestigiar, entre eles Rodrigo “Gerdal” Petersen, André Genovesi, Lúcio Mosquito, Grazi Oliveira, Frederico Naroga, Febem, Ribeiro, Maurício Bozo (ao centro, de jaqueta camuflada), etc. O endereço é: 777 West 19st, Costa Mesa. Boa sorte e parabéns!

junior Pig

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Danilo do Rosário

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(06) graZi oliveira

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Fotos Paulo tavares e raFael santos

Premiere do Ame-o ou Deixe-o

Fotos Divulgação

Quem compareceu à premiere do vídeo da Capital Skateboard intitulado “Skateboard Ame-o ou Deixe-o” no dia 10 de março, pode entender o motivo pelo qual o vídeo da marca era tão esperado em todo o Brasil. O Museu Nacional da República, localizado na Esplanada dos Ministérios, um dos principais cartões postais da capital, ficou lotado e foi palco da festa de abertura do circuito de premieres que passaria também por Anápolis/GO, Goiânia/GO, Belo Horizonte/MG. Já as cidades de São Paulo, Rio de Janeiro, Curitiba e Porto Alegre serão confirmadas. Se a sua cidade não está entre as que foram citadas anteriormente, não precisa se preocupar. Antes de disponibilizar o vídeo para download, a Capital fará uma premiere on line para que todos possam ver o vídeo de onde estiverem. Agora é só ficar ligado! Acesse: www.capitalskateboard.com.br (Camilo Neres)

Lançamento no Bar BANX em Porto Alegre: Rafael Narciso, André Genovesi, Felipe Motillaa Mota e Gian Naccarato.

OÜS X Motillaa Em continuidade aos tênis exclusivos e com fortes diferenciais tanto na construção, como nos materiais utilizados, a marca Oüs acaba de lançar o modelo desenvolvido por Motillaa. Pra quem não sabe, Motillaa é o carioca, designer, skatista e artista, Felipe Motta, comandante do Petit Pois Studio (lê-se “peti poá”). A parceria com alguns nomes e personalidades do skate, já está se tornando característica da Oüs. No ano passado, lançou também o modelo em parceria com o músico Parteum, conhecido no skate como Fábio Luiz; fora os modelos assinados por skatistas patrocinados, como Gian Naccarato. Um dos lançamentos do tênis do Motillaa foi em Porto Alegre na Banx e no Rio de Janeiro, na Homegrow. Parabéns para os envolvidos! (FB)




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Até hoje eLe DeSPeRtA ADMiRAção PeLo DoMíNio DA BASe Do StReet SkAte que Se iMPLANtou NoS teMPoS AtuAiS. Não Se SABe quANDo A eXPReSSão “SkAte téCNiCo” Foi ReGiStRADA A PRiMeiRA vez, MAS CoM CeRtezA o ALê eStAvA Lá, tRADuziNDo eM DiFíCeiS FLiPS e BLuNtS, CoMBoS e LiNhAS CoMPLetAS e vARiADAS. Seu NoMe Foi CoNStRuíDo CoM GRANDe DeDiCAção, eStiLo e iNovAçõeS, NA viRADA DA DéCADA De 80 à 90 e Ao LoNGo DeStA. Foi uM DoS GRANDeS SkAtiStAS DA uRGh e uM DoS PRiMeiRoS A eMBARCAR PARA o eXteRioR e RePReSeNtAR o SkAte BRASiLeiRo. DeSDe que SAiu De São PAuLo PARA eStuDAR e Se toRNAR uM ReSPeitáveL PRoFeSSoR e MéDiCo veteRiNáRio, PouCo Se ouviu FALAR NeLe No Meio Do SkAte. FiCou MAiS A MíStiCA eM toRNo De SuAS CRiAçõeS CoM o CARRiNho. No eNtANto, ALê RiBeiRo CoNtiNuA o MeSMo: CRiAtivo e CRítiCo.

Fotos Fabio Cunha ribeiro

AleXAndre ribeirO

// POr CiD SAkAMoto Gostaria de iniciar essa conversa relatando um fato que me marcou muito: ver você nas sessões, com o skate cheio de fórmulas escritas na sua lixa, na época em que você estava estudando para o vestibular... Sei que você se formou em Medicina Veterinária. Conte-nos um pouco do seu cotidiano. E nos finais de semana, qual o seu lazer e com que frequência você ainda anda de skate? Bem, hoje em dia ando muito pouco de skate (faço umas 4-5 sessões ao ano). Meu dia a dia se resume em vir à Universidade Federal de Mato Grosso, dar aulas de técnica cirúrgica de pequenos animais, orientar os residentes e pós-graduandos relativamente aos casos clínico-cirúrgicos e às cirurgias de rotina. No mais, também atuo na rotina do hospital veterinário de cães e de gatos da UFMT, junto com os residentes e outros professores, atendendo e fazendo cirurgias relacionadas aos tecidos moles e à oftalmologia. No mais, fico na frente do computador fazendo trabalho burocrático e aquele relacionado à área de pesquisa em oftalmologia veterinária (correção de teses, artigos científicos, projetos, etc). Diariamente, saio da faculdade e vou nadar. Com certeza, se algum amigo me convidasse, daria um rolê nos finais de semana; apesar de ter esporão no calcâneo e acordar com dor no dia seguinte. Você assim como diversos pros, trazia novas tendências tanto na técnica como o switchstance, quanto simplesmente no estilo de se vestir como as barras das calças cortadas, etc e, hoje em dia, a nova geração tem tudo nas mãos com a era da internet. Qual a sua opinião a respeito disso? É, tive a oportunidade de viver onde o skate acontecia (SP) naquela época. Tínhamos acesso a vídeos, pistas, campeonatos, demos e revistas de fora. Além disso, fui um dos primeiros a sair em turnês para Europa. Dessa forma era fácil absorver as coisas. Vivi uma fase de transição do skate, que ocorreu no final dos anos 80. Aquela coisa da moda das calças largas, das rodas pequenas (capas de rolamento), nose maior que o tail e das manobras complexas... Estávamos tentando padronizar algo, para todo mundo seguir aquilo. Não foi realmente isso que aconteceu, né? Hoje o skt é uma coisa sem padrão! Você tem milhares de atletas e nichos de diferentes modas onde você pode se espelhar. Tem o estilo clássico, o rasga doido “dagger”, o bitolado em escada, corrimão e palquinho, os robóticos e aqueles que só usam o skt longboard para se loco-

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mover. Portanto, tudo está pronto: é só escolher o que você quer ser! Naquela época, tivemos que inventar, copiar e aperfeiçoar muitas coisas! Quais foram as suas grandes influências quando você era profissional? E hoje, existem skaters que você admira, gosta de ver andando? Para mim os gregos do skt são Tony Hawk, Natas Kaupas, Jason Lee, Mark Gonzalez, Eric Koston e Rodney Mullen. Atualmente é aquilo que falei. Já assisti um monte de vídeos com caras diversos andando de formas bem diferentes e tudo o que eles fazem parecem ser agradável aos olhos. Mas infelizmente não me lembro dos nomes de cabeça. Recentemente você viajou para os EUA com o skate. Qual foi a sensação de andar lá fora depois de algum tempo, já que você foi um dos primeiros pros brasileiros que se aventuraram por lá, inclusive sendo o primeiro brasileiro a sair no extinto video magazine 411? Sim, foi bem legal voltar aos USA depois de 19 anos. Meus amigos já estão estabilizados e muitos já ganharam a cidadania americana. É realmente diferente ir com algum conhecimento, mais dinheiro, sem a preocupação em se sair bem numa sessão e realmente só se preocupar com a diversão. Naquela época tudo girava em torno do skt, pelo menos para mim. Essa foi a terceira vez que fui aos USA e a primeira que realmente curti as coisas dentro e fora do skt, sem ter essa preocupação. Você foi um grande exemplo de determinação no esporte, com a preocupação desde a alimentação, materiais, vídeos e principalmente a organização nos eventos… Qual o conselho que você daria aos skaters de hoje em dia? É complicado... O skt não seguiu os modelos dos esportes clássicos! Lamento muito pela extinção das competições “estilo padrão” que ocorriam no passado. Acho um absurdo você arrepiar e não poder correr um campeonato porque não foi “convidado”! Portanto, não posso opinar... Considero o skate um esporte, pois realmente você se diverte, faz um monte de amigos e se exercita muito! Porém, quem entrar para esse meio, deve saber que para se dar bem, não basta ter a cabeça no lugar e ter talento. Tem que ser escolhido, preferido e coisas do tipo. Realmente o skt virou algo muito injusto para aqueles que vieram ao mundo com o dom de competir. Não se ganha mais a vida competindo, como na época dos pegas entre Hosoi e Hawk. Durante toda a sua carreira como skatista, qual foi o momento que mais mar-


cante? Você se arrepende de ter feito ou deixado de fazer algo? Certamente foi quando fui para fora do país no início dos anos 90 e tive a oportunidade de andar com os meus ídolos. Felizmente não me arrependo de nada! Fui onde tinha de ir, fiz o queria e o que conseguia fazer e sou realizado. Tanto que quando parei não senti nenhum remorso. E qual foi a sua última manobra, aquela que simplesmente te deu o mesmo prazer de ter voltado quando você começou a andar? E o Alexandre Ribeiro de hoje, como gosta de andar e com que tipo de som? Bom, eu parei de inventar ou de aprender manobras pouco depois que voltei dos USA. Umas das coisas mais legais que já acertei foi frontside flip to nose blunt slide na mini ramp. Hoje faço coisas de baixo risco e que não vão me lesionar: um blunt na rampa, um fs tail slide, um crooked, um flip, um ollie... Escuto os mesmos gêneros musicais daquela época: punk rock, jazz, guitar band... Ainda escuto Minuteman, Jonh Coltrane, Joe Satriani, Jamiroquai, várias bandas de punk rock antigas e modernas, Ed Motta... Para finalizar, qual o recado que você daria para os leitores da Tribo Skate, que tenho certeza que estão se divertindo com essa entrevista assim como eu… Muito obrigado pela honra! Apesar das modernidades e dos diferentes estilos existentes no meio do skt atual, a essência nunca muda! Andar com amigos, acertar manobras e linhas e se impressionar e aplaudir os amigos quando acertam uma boa linha! Valeu a oportunidade. Hugs from MT!

// AlexAndre ribeiro 38 anos (27/12/1973) “ComeCei a andar em abril de 1986. Tornei-me pro aos 16 anos (1990) e assim segui aTé 1998. Hoje, só “for fun” Com os amigos.”


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A famosa foto do Facebook, em que Rony apresenta sua cria.

infraestrutura de respeito.

isto mesmo, um belo crooked no roll in! Assinatura de Rony Gomes.

Apresente seu RG POr CeSAR GyRão // FOtOS FeLiPe PueRtA

Divulgação Zona De imPaCto

A primeira coisa que você lembra quando houve a abreviatura RG, é de tirar a sua carteira de identidade do bolso para mostrar para alguém. Agora, a sigla tem outro significado. E que significado! Os poucos afortunados que estão tendo o privilégio de andar na RG Skate House reconhecem bem a importância deste complexo para a evolução do skate vertical. As iniciais do nome Rony Gomes, agora são sinônimo desta nova etapa. Por mais que os half pipes de São Bernardo e Santo André continuem suas funções, o deslocamento da Grande São Paulo para Atibaia tem feito a cabeça do Rony e amigos, que em 2012 têm chance de elevar o rip (forma), tanto física quanto

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tecnicamente. Rony contou com a força do pai, Ronaldão, e também de um de seus patrocinadores, a TNT Energy Drink, para tornar este sonho realidade. Um investimento de R$ 150 mil apenas na construção da rampa, mais umas quatro vezes este valor em toda a infraestrutura! O half tem 4,30 m de altura, boa largura, um roll in e uma seção de transição mais apertada e menor altura para um aproveitamento animal. A construção foi pela LC Rampas, de Lécio Batista e Cácio Narina. Em poucos dias de sua abertura, a RG Skate House já foi importantíssima na elevação do nível do skate do Oi Vert Jam. Agora nossos principais skatistas de vertical chegarão mais afiados para as competições internacionais. Afinal, eles têm identidade própria e podem treinar na RG!

Mão na Massa A cidade maravilhosa do Rio de Janeiro, além de ser considerada uma das cidades mais lindas do mundo, sempre teve uma enorme tradição quando falamos de skate em suas terras. Com estilo peculiar e sempre apresentando skatistas de ponta, as pistas de skate do Rio são famosas. Essas, vão do bowl do Rio Sul, que já foi considerada uma das melhores do mundo pela revista Thrasher, à pista de Campo Grande, Arpoador, etc. Na Barra da Tijuca, um banks que foi construído na Praça do Ó há alguns anos, na orla da praia, sempre foi um pouco esquecido, devido às suas transições lentas e muito flat. Isso resultava em pegar pouco gás pra andar na cápsula. Agora, a pista ganhou novas extensões em várias partes do banks, graça aos esforços de skatistas locais. A galera colocou literalmente a mão na massa e locais como Cesinha Chaves, os campeões de vertical dos anos 80, os gêmeos Oscar e Osmar Latucca e diversos outros, agora reinam na pista que ganhou até um novo nome: Pista DuÓ! Bom trabalho galera! (FB)





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A ARte DA FotoGRAFiA iNuNDou AS ReDeS SoCiAiS CoM o APLiCAtivo iNStAGRAM. DiveRtiDo, FáCiL De uSAR e AMiGáveL, é A MANeiRA De CoMPARtiLhAR SuAS MeLhoReS FotoS CoM AMiGoS e tAMBéM CoM o MuNDo. SeGueM ALGuNS eXeMPLoS eXtRAíDoS Do iNStAGRAM De ALGuNS SkAtiStAS.

‘‘Solo session!’’ Chet ChiLDReSS, no instagram

five all ‘‘high day!’’

ANDRé GeNoveSi, no instagram

se lembra ‘‘quem desse lugar?’’ GiAN NACCARAto, no instagram

isso é um ‘‘ crooked, certo?’’ MARk APPLeyARD, no instagram

pra soltar as ‘‘Flippernas! ’’ RoDRiGo MAizeNA, no instagram

Gabriel no DC ‘‘ king... itaquera!’’ DAviSoN BoB, no instagram

are ‘‘Diamonds forever!’’

LuAN De oLiveiRA, no instagram

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Uma das mecas do skate nacional, o Parque do Ibirapuera, em São Paulo, está novamente sendo assombrada por uma possível proibição da prática do skate no local. Com a reforma da tradicional marquise, que já dura mais de um ano, as ruas do parque são as opções para se andar, o que levou centenas de praticantes a dividir o espaço com outros frequentadores. Isso tem gerado conflitos e desentendimentos, voltando o fantasma da famosa proibição do então prefeito Jânio Quadros, em 1988, quando proibiu o skate no parque e na cidade. O dia 3 de março marcou um encontro entre praticantes e a administração do parque, com o intuito de evitar o pior. Diversos representantes do skate, entre eles Paulo Folha, Hélio Greco, Edgard Corujito, Rogério Sammy, Fabio Bolota, pessoal do Quintal do Ipiranga, entre outros, conversaram com o diretor do parque, o Sr. Heraldo Guiaro. Contamos também com o respaldo de Thiago Lobo, coordenador da Secretaria de Esportes de São Paulo. Heraldo se mostrou bem propenso a chegar em um entendimento, pois como ele não é contra a prática do skate no parque, mas precisa existir uma conscientização que o Ibirapuera é de uso comum para todos e que o respeito entre skatistas e frequentadores tem que existir. Com essa ideia, foi feita uma divisão na Ladeira da Preguiça, onde é praticado o downhill slide, para isolar o público dos praticantes. Um dos problemas identificados, é que no final da laderia, a rua afunila e divide espaço também com a demarcação da cliclovia. Isso acaba resultando em terminar em 1/3 de espaço para o skate. Discutiu-se em realizar um remanejamento nessa ciclovia para outra rua, liberando mais espaço, entre outras ideias. Formou-se também um concenso de que falta uma área própria para a prática do skate, como a construção de uma pista e que alguns espaços estão sendo estudados para tal finalidade. Como trata-se de um parque tombado pelo patrimônio, deve ser em alguma área externa a ele. Muita coisa ainda vai ser discutida, mas em um quesito ficou outro concenso: deve-se ter respeito tanto do público com o skatista, como do skatista para com o público. Deve-se prestar mais atenção na hora de andar, principalmente aos domingos, quando o parque fica realmente muito cheio. Vamos manter a educação, para conseguir manter o local para a prática por muito mais tempo, como sempre foi.

Fotos Fabio bolota

ibirapuera Livre!

A divisão, a reunião, a galera.




FeliPe Puerta

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Devido ao cancelamento da final, Marcelo Bastos não marcou pontos nesta etapa.

Oi Vert Jam 2012

A ducha de água fria // POr CeSAR GyRão Ao completar 10 anos o Oi Vert Jam parece ter chegado à curva máxima de sua existência. Se for ultrapassada com a velocidade certa, abrindo e fechando no ângulo adequado, quem sabe o carrinho continue nesta estrada por mais tempo? Depois da ducha de água fria que foi esta edição, tudo indica que o tradicional evento terá que ser completamente repensado. A não realização da final, no domingo, tornou-se uma grande frustração. Depois de uma manhã com muita chuva de vento, que deixou o half pipe bem molhado, o sol reapareceu e ficou a pergunta: “Por que não se esperou um pouco mais para finalizar o campeonato?” A transmissão ao vivo pelo Esporte Espetacular, da Rede Globo, já havia sido perdida, mas os competidores e o público estavam lá e o “espírito esportivo” poderia ter sido levado mais em consideração. Com todo o circo montado, por que não esperar a rampa secar? A solução encontrada para que a etapa não fosse cancelada, foi dividir a premiação de cada semifinalista com Marcelo Bastos, que estava aguardando a final para andar e marcar seus pontos, pois era pré-qualificado direto para a final, por

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ser o campeão da edição de 2011. E ele também receberá pontos em dobro na próxima etapa do ranking WCS (World Cup Skateboarding) e o resultado da etapa do Rio ficou sendo o da semifinal. Sempre há questionamentos sobre o Vert Jam, mas é inegável a sua importância. O campeonato é uma tremenda força para o skate vertical, por ser tradicional, por ter uma boa estrutura, por abrir o circuito mundial, por dar grande visibilidade para a modalidade. Pesar os prós e contras não é uma tarefa difícil, por mais que os fatores ruins sejam bem relevantes (a baixa premiação é o maior deles). Mas não é por isso que a discussão deva acabar. Difícil é não prever problemas que possam acontecer. Muitos eventos terminam com os resultados das fases anteriores à final, mas não quando um pré-qualificado não teve a chance de defender seus pontos. Bom, agora que não se pode mais voltar atrás, é bom levantar pontos positivos deste campeonato. Por exemplo, o legado conquistado pelos skatistas locais da Praça do Ó, na Barra da Tijuca, onde foi realizado este evento. Depois de uma boa dose de reivindicações, aqueles skatistas que transformaram a praça criando obstáculos para o street e alterando as linhas originais do banks da


Fotos robson sakamoto

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Sandro Dias, huge bs 540.

Seca, seca.

o público não arredou, mesmo com a chuva.

área, conquistaram um valor em dinheiro da organização do Oi Vert Jam. Fala-se em R$ 40 mil que serão dedicados a melhorar o espaço. Dos 30 skatistas que se inscreveram, o streeteiro Raphael Indio representou a galera local. Como a organização banca os custos dos estrangeiros, desta vez as inscrições foram liberadas sem taxas para os profissionais brasileiros. Com a recente inauguração da RG Skate House, do Rony Gomes, em Atibaia, boa parte dos brasileiros que quebram no vertical, estavam mais afiados. Digo Menezes e Marcelo Kosake entre eles. Outro que se superou na base da garra foi o bicampeão mundial de bowl, Pedro Barros. Depois da série de conquistas de três eventos simultâneos do circuito mundial da modalidade (ver matéria a partir da página 94), mudou de terreno e se credenciou para a final com muita disposição. Quanto aos gringos presentes, praticamente todos fizeram rolês consistentes. Impressionante como o Andy Mac se mantém no rip. O inglês Paul Luck é bem basudo e anda alto, o australiano Renton Millar mescla bem as manobras nas 13 paredes, além do garoto Mitchie Brusco, que vem na febre para puxar o nível. Bob acabou levando a melhor neste evento com sua primeira volta da semi, quando conseguiu encaixar sua série de manobras complexas na sequência. No stand da urgh, revistas tribo Skate.

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digo menezes Se hoje o SkAte BRASiLeiRo é ReSPeitADo NoS quAtRo CANtoS Do MuNDo, uMA BoA PARCeLA DA “CuLPA” CAi NoS oMBRoS De DiGo MeNezeS, o PRiMeiRo SkAtiStA BRASiLeiRo A SeR CoRoADo CoMo CAMPeão MuNDiAL eM 1995, eM MÜNSteR, NA ALeMANhA. NeSteS MAiS De 15 ANoS que SeGuiRAM DePoiS Do títuLo MuNDiAL, A CARReiRA De DiGo PASSou PoR ALtoS e BAiXoS, MAS AGoRA eLe ReSSuRGe CoM FÔLeGo De uM MeNiNo, juStAMeNte APÓS uMA SéRiA CoNtuSão que o DeiXou AFAStADo Do SkAte PoR MAiS De DoiS ANoS. SiM, A ChAMA Do SkAteBoARD eStá MAiS Do que ACeSA NA MeNte De DiGo MeNezeS, o NoSSo eNFoCADo DeSte MêS No LiNhA veRMeLhA, CoM PeRGuNtAS eNviADAS PoR voCê NoSSo CARo LeitoR. teXtO MARCeLo MuG // FOtOS FeLiPe PueRtA • Um dos primeiros pro models de shapes com brasileiros em marcas internacionais foi o seu na Think, nos EUA. O shape era legal, pois tinha a bandeira do Brasil estampada e representava o país lá fora. Vendeu bem? Depois você estava na Globe e, recentemente, na H-Street. Ainda está ou saiu das marcas? Por que não continuou fazendo carreira internacional? (Thiago Albuquerque, Mogi, SP) – Ter feito um model Pela Think Skateboards foi um sonho realizado. A decisão dos donos da Think de lançar um model meu, veio através de um telefonema quando eu ainda estava na Europa, depois de ter vencido o Mundial. Eles me pediram pra ir pensando em um desenho para o model, e a primeira coisa que veio na cabeça foi a Bandeira do Brasil, pois nunca um brasileiro havia vencido um campeonato da importância que era o de Münster, na Alemanha. Nada mais justo do que colocar o desenho da nossa bandeira estampado em um shape norte-americano, o início de tudo onde os americanos se renderam ao talento dos brasileiros. Eu não tinha como ter certeza se o shape vendia bem na época, mas sei por muitas pessoas através do mundo que quando ele chegava nas lojas, na Europa, Ásia, etc, vendia muito rápido! Depois da Think ainda representei muitas outras marcas americanas até entrar na Globe, que não represento mais há muito tempo. Já na H-Street foi uma ideia do próprio Tony Mag, que tinha em mente voltar com a marca que já não existia mais. Em uma conversa entre eu, meu amigo Christiano Goulart e o Tony Mag na pista de Carmel Valley, ele disse que gostaria de voltar com a H-Street, e achou que seria muito bom se eu fosse um dos skatistas a representar a marca. Mas não foi por muito tempo, pois acredito que o Magnusson queria mesmo era continuar focado inteiramente na Osiris. Logo em seguida que eu entrei na H-Street eu voltei para o Brasil para competir no evento de Mega Ramp, onde me acidentei caindo no gap e quebrando meu calcanhar. Acabei ficando dois anos e meio sem andar de skate, foi a pior coisa que podia ter acontecido pois eu tinha // rodriGo meneZes 35 anos, 26 de sKaTe sÃo paulo, sp paTroCÍnio: psK, evoKe, TYpe-s apoio: TnT energY drinK

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acabado de assinar contrato com a TNT Energy Drink, etc. Foi também o fim de uma carreira não só internacional, mas achava que não fosse mais voltar a andar de skate. • O que você diria para quem está começando a andar de skate hoje? Qual seu conselho? (Daniela Ribeiro, 36 anos, São Paulo, SP) – O skate está sempre evoluindo, mudando. Hoje muitos começam a andar de skate por dinheiro, ou para serem reconhecidos como sendo “um skatista famoso brasileiro”. Eu quando comecei a andar de skate foi por pura diversão; e até hoje o principal motivo é a diversão, mesmo sabendo que dependo do skate para ganhar dinheiro, me sustentar. O skate se tornou há muito tempo meu ganha-pão, mas se eu não estiver me divertindo andando de skate, com certeza vou parar de evoluir e consequentemente não vou mais ganhar dinheiro com ele. Eu diria que a primeira coisa que o moleque tem que pensar quando começa a andar de skate é na diversão, no prazer de aprender novas manobras, etc. Tem que aprender a unir o útil ao agradável. • Primeiramente um salve a todos. É muita honra participar desse quadro de entrevista. O Digo, nessa semana retrasada, me fez voltar no tempo mandando aquele flip e um 720 na semifinal do Oi Vert Jam. Fiquei em casa esperando pra ver as voltas dele, pois depois de anos ele voltou com uma energia muito boa, de guerreiro, de cara que sabe onde está sua felicidade e vai em busca dela! Minha pergunta pro Digo é a seguinte: “Digo, quantas vezes você foi campeão no Brasil (circuito brasileiro)? Você se lembra com frequência desses fatos e das vezes que representou milhôes de brasileiros? Abraço forte rapaziada. Pra quem não me conhece, eu sou irmão mais novo do “Mad” (Oscar “Mad” Edinger). (David Edinger, Fortaleza, CE) – Valeu David e Mad, forte abraço! Respondendo sua pergunta: Até o momento atual sou pentacampeão brasileiro na modalidade vertical. Até agora ninguém me ultrapassou, mesmo porque, infelizmente, não temos mais um Circuito Brasileiro Pro de Vert, uma pena! Pois o circuito brasileiro motiva os skatistas brasileiros a treinar, se empenhar para as competições, evoluir. Uma sequência de eventos faz com que



zap //

digo menezes nós skatistas estejamos sempre preparados. Lembro sim com frequência da época em que tinha que treinar para o próximo evento; as sessions nas pistas eram frequentes com os amigos; era muito style! • Quando o Brasil vai parar de babar ovo para os gringos? Você não acha que já chegamos no nível de valorizar mais os nossos atletas? E, gringos para competir no Brasil, não deveriam enfrentar também uma eliminatória? (André Menezes, São Paulo, SP) – Acho, sim. Temos que valorizar muuuito mais os skatistas brasileiros, óbvio! Por exemplo: deixar de pagar a locomoção, estada, alimentação para brasileiros que tanto se esforçam para continuar andando; skatistas brasileiros que seguram o skate de pé, o mercado, para pagar para alguns gringos virem para o Brasil apenas pra curtir e sequer fazem um esforço para uma boa apresentação. Isso é piada, não pode acontecer! Não estou generalizando, mas sabemos que isto acontece com muitos gringos que vem para ficar reclamando e metendo o pau no evento, enquanto os brasileiros ficam se matando para fazer sua parte, e muito bem feita diga-se de passagem. Na questão de correr eliminatória ou não, isto já é uma questão de pontuações de campeonatos anteriores e tal, isso faz parte. • Gostaria de saber do Digo, depois de tantas vitórias e conquistas o que mais ele espera pra carreira dele? E quais os desafios que ele ainda quer enfrentar? Beijos, paz! (Raphella Pereira, Caraguatatuba, SP) – Ao longo destes 25 anos andando de skateboard, conquistei de tudo um pouco. Hoje minha carreira como skatista passa por uma mudança radical, novos patrocinadores estão por vir, novos planos, pessoas do bem de verdade estão me ajudando em todos os sentidos. A equipe PSK junto com a Faculdade Metodista de SBC estão me dando um novo horizonte para minha carreira no skate e na minha vida pessoal. As coisas estão caminhando pra frente, tenho andado de skate como nunca! Exatamente o que eu esperava pra minha carreira, só tenho a agradecer a todas estas pessoas: Denis, Edgard Vovô, Alê, Rony, Ítalo, Dan, Léo, Lécio, Geninho e outros. E agora o meu maior desafio que eu vou enfrentar com o maior prazer, voltar a andar na Mega Ramp! Hahahá, não vejo a hora! • Eu lembro que na época do Mundial de Münster você também ganhou um evento de bowl. Você está mais focado no vert hoje em dia ou continua na pegada dos carvings e pistas de concreto? (Rafael Martins, Maringá, PR) – Antes mesmo de começar a andar de vert eu não sabia fazer outra coisa a não ser andar em bowls, banks. De alguns anos pra cá que eu me foquei totalmente no vert; mas já ganhei, sim, duas vezes o evento de Münster naquele bowl style. É muito divertido andar ali! Fiz várias sessions em Carmel Valley, ou mesmo em Clairemont, nas pistas de cimento. É sempre muito bom! Quero poder me empenhar mais nos bowls, piscinas... e vou! • Muita gente não sabe, mas você começou no downhill slide. O que você guarda de lembrança dessa época? Você ainda anda de ladeira? Vai correr o próximo campeonato da Ladeira da Morte? (Fabiano Coelho, Guarulhos, SP) – É verdade, eu comecei andando de downhill slide e fui tricampeão brasileiro na Ladeira da Morte; as lembranças são as melhores! Era muito da hora andar com toda aquela galera, Alexandre Maia, Coruja, Marcola, Fernandinho, Miryan... putz, se eu for falar de todos aqui não vai caber! Hahahá.

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Foi uma das melhores fases da minha vida. Infelizmente não tenho andado na Ladeira da Morte, mas agora que estou bem fisicamente vou poder fazer umas sessions com os amigos, preciso combinar com eles. Vontade não falta! Saudades daquela época, putz! • Agora você tem um puta lugar pra andar, na casa do Rony em Atibaia. Como são estas sessions lá? (Luciano Mendes, Ubatuba, SP) – Luciano, a RG Skate House sem dúvida veio na melhor hora. Eu posso dizer sem medo que esta rampa é a melhor que já andei no Brasil, e uma das melhores que eu já andei no mundo! E olha que eu já andei em muitas rampas boas pelo mundo! Como eu disse anteriormente, mesmo com 35 anos de idade eu tenho feito duas sessions por dia. Acordar, andar, depois fazer outra session no final de tarde! Hahahá! Todo mundo na pegada forte, com uma rampa dessas, não tem como não querer andar, evoluir. Agradeço ao Ronaldo e ao Rony que tiveram a coragem de construir esta rampa style pra nós skatistas. Muuuito obrigado! • Como é a sua relação com a bebida hoje em dia? É verdade que você já correu alguns campeonatos bêbado? (Thiago Santos, Belo Horizonte, MG) Infelizmente sim, corria alcoolizado e ainda me achava o “rei da cocada preta”. Mas isso é passado, graças à Vila Serena de São João da Boa Vista (Dr. Cirineu, Dra. Dulce e toda a equipe da instituição), onde aprendi a estacionar meu problema. • A galera de Urussanga lembra muito de quando você vinha correr aqui. Podemos esperar uma volta sua aqui um dia? (Ricardo A. Souza, Urussanga, SC) – Pô, com certeza! Urussanga sempre foi demais nos eventos, nas demos; será um prazer poder voltar a este lugar que eu tenho o maior carinho e ótimas lembranças! Yeah! Aproveito e deixo aqui um grande abraço a todos vocês! • Qual skatista da nova geração você curte e se inspira ao ver andando no half pipe? (Marcos Jeselman, São Paulo, SP) – Putz, tem um grupo de skatistas da nova geração que está punk! Difícil dizer um nome apenas: Rony Gomes, Marcelo Bastos, Ítalo Penarrubia, Pedro Barros, Dan Cézar, Léo, Raul Roger, Diego Bigode, Martin. Eles estão evoluindo demais, skate no pé, constância, manobras cabreiras, tudo. E eu tenho “aproveitado” disto pra evoluir também, pois a vibe que eles passam pra mim não tem como ficar parado sem querer evoluir. Minha vontade de andar de skateboard hoje é a mesma ou maior de quando eu tinha meus 20 anos de idade, e ainda tenho muitas coisas em mente, manobras que quero aprender, etc. Enquanto eu tiver saúde, vontade de andar e skate no coração, não vou desistir assim fácil não! – * Queria deixar um beijo pra minha família, meus irmãos, meu sobrinho Matheus e um beijo especial no coração dos Guerreiros: Minha mãe Rosa e meu Pai Sr. Menezes. Obrigado Felipe Puerta pelas fotos e vídeos que você tem feito em nossas sessions diárias! próximo enfoCado: biAno biAnchin envie suas pergunTas para triboskAte@triboskAte.com.br, Com o Tema LiNhA veRMeLhA – biAno biAnchin. Coloque nome CompleTo, Cidade e esTado. abraço!


Flip transfer entre transições de um dos cantos da RG Skate house.

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A Praça da Estação Itaquera nunca mais vai ser a mesma depois da passagem do DC King of São Paulo 2012, seja pela novas cores do pico, pelos novos obstáculos construídos ou pelas marretadas dos skatistas. Frontside flip pelo “hard way”, cortesia de Vossa Majestade Felipe Nery.

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são paulo // dc king

Sim, ele é Rei novamente. Rei com “R”maiúSculo, afinal o título foi conquiStado depoiS de doiS diaS de áRdua batalha ao lado da nata do Skate amadoR bRaSileiRo. a pRafinha e a pRaça da eStação itaqueRa foRam oS campoS de batalha onde felipe neRy eSpancou bancoS, gapS, canoS, e todoS oS tipoS de obStáculo paRa manteR a coRoa SobRe a Sua cabeça, com uma miStuRa Refinada de técnica, dificuldade e muito eStilo. yuRi fachini, viniciuS doS SantoS, thiago lemoS, maRio RomáRio e tantoS outRoS nomeS podeRiam teR tomado a majeStade de neRy neSte ano de 2012, maS o olhaR cRiteRioSo e atento doS juízeS acabou coRoando felipe como o gRande vencedoR do dc king of São paulo 2012, pRovando que quem é Rei nunca peRde a majeStade. // TexTos e foTos maRcelo mug

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dc king // s茫o paulo

Base trocada, uma boa dose de pop, camiseta combinando com o pico: Herni贸genes Microfone pensou em tudo antes de soltar esse switch frontside heelflip.

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Felipe Gustavo foi a grande surpresa na demo que rolou entre as baterias do campeonato, e como sempre mostrou um controle fora do comum com seu skate. 360 flip nosegrind reverse na Prafinha. 2012/abril TRIBO SKATE | 47


O novo corrimão instalado especialmente para o DC King of São Paulo foi massacrado logo nos primeiros minutos de sua existência. Thiago Lemos, switch frontside bluntslide.

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s達o paulo // dc king

Multid達o em Itaquera.

Robson Reco.

Multid達o, parte 2.

Jornada dupla: Kamau narrou e cantou.

Paulinho Davi.

OGI comandou o show no final da festa. 2012/abril TRIBO SKATE | 49




viagem // nordeste skate legend

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DEPOIS DE 5 ANOS, ESTAMOS DE VOLTA À CAPITAL DE SERGIPE. DESTA VEZ, O CONVITE DE SÉRGIO GUERRA ERA PARA COMEMORARMOS OS 20 ANOS DE SUA VENICE SKATESHOP, NUM EVENTO BATIZADO DE NORDESTE SKATE LEGEND. O CARA DE SAPO SKATEPARK FOI O PALCO E PONTO DE ENCONTRO DE QUATRO DIAS INTENSOS DA AUTÊNTICA CULTURA DO SKATE LOCAL. ALGUNS ASTROS SE ALINHARAM NO CÉU PARA O RETORNO À SUA CASA, DEPOIS DE 8 ANOS SEM PISAR EM SOLO BRASILEIRO, DE LÚCIO MOSQUITO. ENTRE AS ESTRELAS DE PRIMEIRA GRANDEZA, ADELMO JUNIOR TAMBÉM ESTAVA VISITANDO A FAMÍLIA EM ARACAJU. UMA EXPOSIÇÃO DE FOTOS ANTIGAS E ALGUNS PRO MODELS DESTES E DE OUTROS GRANDES SKATISTAS, ERA APENAS MAIS UM PEQUENO DETALHE DA INTEGRAÇÃO DAS FORÇAS DO SKATE NORDESTINO. UMA RARA OPORTUNIDADE. POR CESAR GYRÃO // FOTOS MARCELO MUG

Nome artístico JN Charles. Nome de batismo: José Nivaldo. Ele mesmo, abrindo uma reportagem sobre sua cidade. F/s crooked.

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viagem // nordeste skate legend

A

ideia de juntar as várias gerações numa festa é um mérito do Sérgio. Ele conseguiu tirar o Lourival Primitivo, antigo vert rider baiano, de uma reclusão de quase 5 anos sem andar de skate. Aos 42 anos, o professor de MMA (Mixed Martial Arts), era um dos competidores entre os masters e legends da prova de banks. Em menos de 20 minutos de retomada do skate, o cara já estava mandando fs smiths, japan airs e pouco tempo depois, inclusive uns inverts! No final dos anos 80, Primitivo era muito respeitado por seus rolês nos halfs de Salvador e toda a região. Atualmente ele é caminhoneiro. Nas poucas horas que ficamos juntos, foram muitas histórias divertidas sobre seus anos de luta na estrada e nos ringues. Como estávamos todos misturados, posso falar sem ordem estabelecida dos skatistas atuais, da nova safra e dos mais velhos. Rever aqueles skatistas que participaram da minha ida com o Rodrigo K-b-ça em 2007 e saber que o ombro do Sandro Bico, ainda sai do lugar, depois de tanto tempo, é uma sensação de volta no tempo. JN Charles, o José Nivaldo, agora está com 26 anos e é um dos amadores mais respeitados do Nordeste, com muitos “serviços prestados” em outras regiões. Não foi proposital sua foto na abertura desta matéria, mas quem tiver a edição 139 na mão, vai ver a coincidência. Entre os novos valores do skate de Aracaju está o Rafael Ferreira, o Rafinha, um dos caras mais criativos que surgiram nos últimos tempos. Além de vencer na categoria open no street, repetiu a dose no banks. Muita manobra e combos diferentes. Anderson Neném continua com seus poderes, além de cuidar da escolinha de skate (projeto Vida Alegre) debaixo do Ponte Aracaju-Barra, num exemplo de recuperação do espaço público em área degradada da cidade. Impressionante aquele ollie imenso do Victor Bob na double set da pista! Ele foi um dos poucos que conseguiu encaixe nas poucas sessões de rua destes dias. Fomos até uma belíssima quebrada (favela) de Aracaju, levados pelo velho cangaceiro Julio Detefon, pro Bob tentar um fifty ou um grind num corrimão colado na parede. Ele acabou raspando feio o joelho contra o concreto, mas mesmo assim conseguiu correr o evento. Falando no Detefon, desta vez ele não pode participar mais com a galera por estar atuando como ator em um filme de cinema brasileiro gravado em Aracaju. Agora outro monstro que estava presente na matéria de 2007, está mais animal ainda: Franklin Morales. Seu apetite por skate beira a insanidade. Ele não para de se atirar e simplesmente quis fazer tudo que era possível na borda e nos corrimãos de uma prova de best trick. A trilha sonora do Nordeste Skate Legend não podia ser melhor, produzida por outro personagem incrível, que conheci nesta viagem: Jocélio “Jagunço” Belo. Todos os estilos musicais, todas as épocas, tudo sincronizado para dar aquela injeção de ânimo em quem estava correndo ou assistindo o campeonato. Incansável em agitar e outro skatista polivalente. Também participou da arte no bowl, junto aos grafiteiros locais e é ator de teatro e cinema. A primeira coisa que Jocélio me falou foi ter sido o primeiro leitor da revista a mandar uma carta de sua cidade, Juazeiro/BA, publicada em nossa edição número 2! Entre algumas das sessions de real street, a polícia local chegou para tesourar pouco depois da conclusão de um combo do Rafinha num dos bancos vermelhos, recém-pintados na orla da Praia de Atalaia e os mendigos engraçados que assistiram às muitas tentativas do Alex Cardoso de concluir um bs nollie heel no coreto de uma praça do Centro. Alex foi um dos protagonistas do Game of S.K.A.T.E. de 2007, ao lado do Albino Castro, mas este, desta vez, estava em um “outro lado” do skate, cuidando de fazer as imagens

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Lúcio Mosquito e Adelmo Junior e o museu.


As mesas da Orla de Atalaia n達o foram feitos para andar de skate. Charlinho Starrett, crooked.

Victor Bob, b/s flip sobre o v達o e o cano da Av. Santos Dumont.

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viagem // nordeste skate legend

Rafinha Ferreira tem muio recurso pra manobrar o skate como quiser. Gap fs lipslide to fs grind shovit.

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nordeste skate legend // viagem

Um lugar t贸rrido, onde o Sol insiste o dia inteiro. Sandro Bico, fs crooked sem deslocar o ombro.

Lourival Primitivo na 谩rea!

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viagem // nordeste skate legend

em vídeo do evento. Eu acho que pelo menos o André Lagartixa, deveria ter ficado melhor na prova de banks master/legends. Confesso que me senti esquisito a ser o último a ser chamado para a premiação. Mas os juízes tinham uma explicação, que eu havia andado mais como bowlriding. Marcelo Agra (ele mesmo, outro pro lendário do Nordeste, de Recife), Fabio Galinha (outro que integrou as duas matérias anteriores na Tribo Skate, local de Aracaju) e Jorge Medeiros (profissional e professor de educação física de Salvador), eram os juízes. Só posso falar “obrigado”. A festa no Cara de Sapo Skatepark contou também com um palco e shows de bandas locais, com destaque para a Snooze, uma banda muito boa que tem uma música numa parte de vídeo do Adelmo Junior. Pode perguntar também se não foi esquisito ver a metade do half pipe do Parque dos Cajueiros ter virado obra de arte tombada por causa da interferência de um falecido artista famoso local? Foi. Para finalizar, anotei três nomes para você pesquisar aí e conhecer suas histórias: A Jackeline, campeã da categoria feminina; o Joseval Tapó, amador estiloso de Salvador e o legend Cristovão, de Serrinha (BA), que anda direto com um dos mais antigos skatistas da região, o DJ Carlinhos, que começou a andar por volta de 74/75 e tem uma rampa em casa há cerca de 35 anos!

Franklin Morales é imparável. Na hora do best trick, ele tentou umas 20 manobras cascas diferentes na mureta e no corrimão. O backside smith, no mais puro estilo sangue nos olhos.

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(Agradecimento ao secretário de esportes de Aracaju, Mauricio Pimentel Gomes. Obrigado por apoiar o trampo do Sérgio. E também ao Hotel Mercure. Bela hospitalidade!)



entrevista pro // jean duarte

em plena rodovia federal, 360 flip to fakie.

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TexTo e foTos Caetano oliveira 2012/abril TRIBO SKATE | 63


entrevista pro // jean duarte

Ss fs crooks na escolinha de itajaí.

SaBe QUanDo voCÊ eStÁ eM UMa roDa De aMiGoS e De rePente CoMeÇaM a Falar De alGUÉM QUe É MUito SanGUe BoM? DaÍ toDoS olHaM UnS Para oS oUtroS e BalanÇaM a CaBeÇa ConCorDanDo e FalanDo QUe o Cara É aBSUrDo De Gente Fina? eSSe É o CaSo De Jean DUarte, UM Cara SiMPleS e enGraÇaDo QUe É reConHeCiDo Por toDoS verDaDeiroS. ele É DaQUeleS QUe QUanDo tÊM UMa ManoBra MoCaDa Dentro De UM vÍDeo, voCÊ FiCa inConForMaDo e volta a Fita Pra ver a triCK novaMente. Para toDoS QUe ainDa nÃo ConHeCeM oU ainDa nÃo DeraM o valor DeviDo, aQUi eStÁ SUa CHanCe. CoM voCÊS Jean DUarte! 64 | TRIBO SKATE abril/2012


C

onta como rolaram as suas duas recentes partes em vídeo, uma no Dorme Sujo Acorda Limpo, da Família Noname, e a outra do Simplesmente #3. Você está sempre viajando com os caras? São amigos? Ou foi tipo missão paras as partes? Nos dois vídeos são pessoas que ando de skate junto desde tempos. São meus amigos de sessão que tão pelo skate... E assim as partes fluíram, envolvendo também missões com compromisso de finalizar os vídeos.

O que você achou de sua ótima parte no Simplesmente, grande vídeo, sendo tão escassas as produçoes desse tipo de mídia no Brasa? Fiquei feliz com o resultado da parte e mais ainda com o vídeo todo. Toda a energia o foco que colocamos pra fazer o vídeo foi muito bom. SINTONIA é o subtítulo e a palavra que define muito bem todo o contexto, porque num projeto desses todos os envolvidos têm que estar de acordo, acreditando, sabendo pra onde querem ir; se não, fica mal sintonizado, com ruídos e chiados (risos).

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entrevista pro // jean duarte Qual o valor dos vídeos pra você e quão recompensados comercialmente deveriam ser os caras que têm partes cabreiras de vídeo? Pra mim, vídeo é a ferramenta de marketing mais importante do skate e, naturalmente, quando bem feita se eterniza, inspira pessoas, independente de época. Quem, de vez em quando, não vê vídeos antigos? É da hora ver os moleques novos se informando, vendo vídeos dos anos 90. Isso mostra um interesse verdadeiro e soma muito em conteúdo pra essa geração. E os “monstrinhos” que andam fazendo partes indescritíveis, não só recheadas de “frituras” e sim com uma rica combinação onde tudo se encaixa perfeitamente, merecem, no mínimo, um suporte digno para poder crescer mais. Com essas partes, eles levantam seus nomes juntos com o das marcas. Os envolvidos, mais o skate, ganham e crescem. Descreva a fórmula secreta para render uma boa parte em vídeo: Putz (risos), queria eu saber ela! Mas sair na sessão com quem você se sente bem, deve estar no topo dessa tal fórmula. Durante o tempo de captação de imagens você rendeu muito, praticamente todo dia, mesmo tendo que dividir seu tempo entre as responsabilidades da sua loja e das fotos. Como consegue conciliar o tempo de andar de skate como o de cuidar da Sangbon? Esse rendimento foi sorte rapaz (risos)! Tenho compromissos e me preocupo com os dois, e nessas vou dividindo as tarefas conforme preciso. Tem coisas da loja que posso resolver mesmo sem estar lá. O ano passado você foi pra Europa. Quais foram os frutos dessa trip? Experiência máxima, novos lugares, amigos, imagens, renovando o ciclo, realizando sonhos e construindo outros. Você tem uma ligação muito grande com a música. O que isso influencia no seu rolê de skate e no seu cotidiano? Aaaaah, a música (risos)! Música é uma necessidade básica. É preciso. Sem ela na vida, não tem como! Né?! Sentimento puro, não precisa de explicação. Só vai lá e coloca uma que você gosta muito, que te inspira e pronto.

Fs boardslide reverse em SP.

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jean duarte // entrevista pro

Jean sacou do pop nesse nollie shifty na descida sob o hidrante da Paulista.

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jean duarte // entrevista pro

Conta sobre os seus projetos de velejar: Cada vez mais admiro a ideia de velejar e, mesmo morando em Itajaí, que é uma cidade ótima pra se velejar, não tinha feito ainda. Só nessa última virada de ano (11/12) tive a oportunidade de velejar, e era o que eu esperava, muito louco! Quando ficar mais tiozinho, é bem certo de que vou fazer com mais frequência. Por enquanto vamos derreter as canelas (risos). O que você acha que é preciso fazer para um profissional de skate que não mora em grandes metrópoles ser reconhecido por patrocinadores? Apresentar trabalhos e aparecer frequentemente onde as coisas estiverem acontecendo, a ponto de nem perceberem onde você mora. Você é um cara que cuida muito da sua saúde. Sua alimentação ajuda na hora de sacar do pop? Kkkkkk, pop? Não me vejo como um cara tão cuidadoso assim. Mas, firmeza, procuro fazer uns alongamentos e quando consigo um fortalecimento também é nítida a ajuda que essas atividades dão na hora de andar de skate. Já, a alimentação é mais questão de gosto pela comida do que cuidado. Você anda filmando pra alguma parte? Como estão seus projetos futuros? Ando filmando, sim. Esse ano queremos lançar coisas novas pela Vegetal e os dois vídeos, tanto o Simplesmente como os da Família Noname, terão continuidade. O que você acha da cena de skate de Santa Catarina? Vem melhorando, mas poderia estar melhor, devido a vários fatores; entre eles o fato de pistas de skate bizzaras estarem sendo construídas em pleno 2012, o que é um enorme desperdício; e grandes marcas ignorando lojas que se preocupam com a cena; assim como grandes lojas sugando o skate, tipo grudando na jugular até deixar de ser interessante pra eles. Pior é que isso não é um problema só de SC.

Fakie flip antes dos tiras chegarem.

// Jean Duarte Da Silva 28 anos, 15 de skate Patrocínio: sangbon skate shoP e Vegetal skate 2012/abril TRIBO SKATE | 71


entrevista pro // jean duarte

em frente ao porto de itajaĂ­, Jean manda esse wallie sem entrada e sem massagem.

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arte // nano

Adriano Nobrega "nano" texto e fotos Antonio dos PAssos thronn // colaboRou FAbio bolotA

R

ecém formado na Universidade Mackenzie em São Paulo, no curso de Propaganda e Marketing, Nano seguiu nessa linha de profissão trabalhando para a Editora Abril, numa das maiores revistas de surf do país, a Fluir. Seguiu na profissão de assistente de fotografia, mas almejava um cargo maior na área de design. Essa ocupação lhe foi prometida, mas com a saída da revista da editora, nada se resolveu. Depois do trabalho de assistência na Fluir, conseguiu seu primeiro trabalho como designer em uma agência que desenvolvia embalagens. Com os estresses de estudo e emprego, decidiu jogar tudo pro alto e sair do Brasil rumo à Califórnia, pois é mais um aliado que vem da veia do skateboard e sabia para onde o vento o estava levando. Sua história no skate conta com sessões no Coreto no Parque Continental, zona oeste de São Paulo, junto com Jun, Akira, Skilo, Rui Muleque,Thronn, Hiegi, Jorge Caça Pulga, Maka, MikeyJunks e muitos outros naquela época. Com uma grana que tinha separado para fazer um curso de multimídia, investiu no seu sonho americano, se agitou, e, com visto no passaporte, partiu. Seu pai ficou “com a pulga atrás da orelha”, mas Nano disse que iria estudar inglês e fazer cursos na área de design. Com aquela base que todos aprendemos no Brasil (“the book is on the table”), e também nas músicas que cantava (pois é bom cantor) foi agarrado no seu sonho. Leia toda a entrevista de um visionário e lutador esperto nas melhores oportunidades que a vida oferece.

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E aí, cara! Depois de estudar, com diploma na mão, você decidiu sair do Brasil? O que o motivou? Cara, quando essa ideia surgiu, eu considerei toda aquela paixão que tinha pelos esportes radicais, tudo aquilo que via nos filmes sobre a Califórnia, e uma frase que li em um livro sobre a Cali e nunca esqueci até hoje. Fiz algumas conexões e parti! A frase? Dizia: “A Califórnia é o único lugar no mundo que, num só dia, se pode surfar de manhã, fazer um snowboard à tarde e andar de skate à noite”! (risos) Nossa, que maneiro! E como foi a chegada aqui? No hostel, conheci um cara que estava esculpindo o moicano em frente ao espelho e veio falar comigo, em português! Ele já tinha morado no Brasil por 2 anos... Saí do hostel e desci a calçada da Garnet de skate, dizendo: “Meu irmão, tô na Califórnia, não acredito!”. Depois, esse cara do moicano me apresentou o Pirata, surfista que faz pranchas de surf e já me deu uma de cara. Pirei de vez; com uma recepção destas, senti que aqui era meu lugar. E rolava muita balada? Babilônia geral? Sim, demais! Fiquei nessa de gandaia e baladas por um tempo e chegou uma hora que a ficha caiu e percebi que estava virando uma rotina e minha grana estava acabando. Aí comprei um jornal e achei um anúncio que dizia: “Faça mais de U$100 em 4 horas de trabalho, entregando almoço para reuniões executivas”. Fui lá, mesmo sem permissão de trabalho, e o gerente tinha


acabado de voltar do Brasil e acabou ficando meu amigo. No dia seguinte, estava trabalhando. Também foi lá que conheci minha ex-esposa. Com seu diploma da faculdade nas mãos, você estava pensando em ficar nessa vida de subemprego? Na verdade, me frustava demais! Tive dias de desespero... Foi aí que minha parceira na época fez parte em minha jornada. Me incentivou e me ajudou a mudar minha situação de visto para residente americano. Sim, nos casamos! Aí me joguei de cabeça... Os próximos dois anos foram de pura ralação... Cinco horas de trabalho em uma empresa de eventos, cinco horas como designer na Academy Snowboards, e finalizava o dia com cinco horas nas aulas de multimídia. Foi foda! E como você entrou na Dwindle? Fui pra Los Angeles e tentei empregos em três empresas, entre elas a Dwindle. Depois de ter visitado a Dwindle, estudar o histórico, aprender mais sobre sua grande estrutura e sobre o porquê era considerada a maior distribuidora de skate do mundo, ficou fácil decidir! Ao entrar na Dwindle, o que impressionou mais? A estrutura e a paixão com que eles tocam o business é alucinante! E, lógico, quando entendi que ali residiam marcas como a Almost, Blind, World Industries, Enjoy, Darkstar e Speed Demons... E também saber que minha função seria dar assistência de design a uma lenda do design do skate, o Marc Mackee, que foi parceiro do Steve Rocco e direcionava a revista Big Brother. Foi um "dream coming true". Fora isso, foi alucinante conhecer Rodney Mullen, Daewon Song, Chris Haslam, Jake Brown e outros que, praticamente, hoje fazem parte do meu dia a dia. Em qual conceito você encaixaria a World Industries nos anos 80? Foi uma marca muito forte e, ao mesmo tempo, imprevisível com seus lançamentos. Para mim, aquilo foi o harcore do skate. Eles faziam o que bem entendiam. Eles já me contaram que, nas antigas, pegavam um trailer com várias gatas e ficavam todos loucos e bêbados... Tudo isso saía nas revistas e trouxe o maior ibope pra marca. A marca cresceu tanto que chegou uma hora em que a World Industries teve que montar sua estrutura em seu próprio prédio, separada do resto da Dwindle. Falando da economia, Nano, você pode descrever como essa crise atual está afetando, ou afetou, a Dwindle? Esse último baque da economia abalou geral. Posso dizer que as vendas caíram mais de 50%! Muitas pessoas foram despedidas, até pessoas que tinham um ótimo histórico na empresa. Mas isso é normal em tempos de crise... Capitalismo, man… It is what it is! Mas a Dwindle se segurou bem, conseguiu se manter relativamente estável no mercado... Muita gente fechou as portas! O lado bom de uma crise, por pior que seja, é que ela dá uma boa peneirada no mercado, deixando somen-

te as empresas que são sérias em seus ramos. Com a venda da WI, como ficou sua função com as marcas da companhia? Eu tinha tanta fome que, enquanto fazia a WI, comecei a dar uma trabalhada na Speed Demons, marca que antes era focada, basicamente, em bearings. Depois de muita insistência, comecei a desenvolver gráficos pros decks. Minha primeira série de skate foi uma para a Copa do Mundo, usando os emblemas dos times de cada país. Foi legal, mas foi quando eu desenhei um linha com gráficos baseados em músicos como Kurt Kobain, 2Pac, Jim Morrison, entre outros, que eu realmente fui respeitado como diretor de arte lá, pois essa linha vendeu que nem água! Dali pra frente eu virei e sou, até hoje, gerente e diretor de arte da marca. Dos 600, 1.000 decks vendidos por mês, passamos a vender mais de 10 mil! E qual é sua posição atual dentro da empresa? Damn! Hoje sou basicamente o que eles chamam de "an army of one man"; faço tudo! Há pouco mais de um ano, lancei uma nova marca com eles, a Superior Skateboards. Ela é uma marca bem mais trendy, mais fresh! Meus gráficos, com a experiência adquirida durante esses sete anos, melhoraram muito e hoje saem quase que por osmose, e vendem muito bem. Acho que entendi qual é a sacada dos gringos, mas não perdi minha malícia de brazucão! Brinco com um pouco de moda, sexualidade, politicagem, etc., e acaba dando certo! A galera se amarra nos gráficos, e a qualidade dos boards é excelente! Garantia Dwindle, man! (risos) Além da Superior Skateboards, há alguns meses atrás criei minha terceira marca aqui na Califórnia. Essa se chama Dusters Califórnia; nela também atuo como Diretor de Criação e gerente da marca. Essa marca é uma parada que tá pegando até ladrão! Há! A real é que está bombando logo no começo! Com esse boom dos cruisers e longboards, resolvemos montar essa marca que busca as heranças do skate! É uma marca só desse ramo de cruisers, com uma pegada diferente, super vintage! Bem estilo Venice Beach dos anos 70, tipo old school, Z-Boys sabe? Na real, estou bem empolgado, pois meu background sempre foi dividido entre o skate e, com a Dusters, posso unir minhas duas maiores paixões. Para você ter uma ideia, hoje estou com grandes projetos na mão. Entre eles, produzir e dirigir um vídeo pra marca e outro grande projeto que estou fechando com o The Doors e Jimmy Hendrix… Ops, será que eu podia abrir essa? Você mencionou que desenvolveu três marcas já na Califórnia. Qual foi a terceira? A terceira foi algo que eu fiz fora da Dwindle. Não fala nada, hein! Fiz uma parceria com um camarada de Nova York, e criamos uma marca de roupas chamada Don Dante! A pegada não tem a ver com skate, é mais lifestyle, mais moda mesmo. A gente quis criar uma marca que unisse a moda com a arte de rua. O trabalho foi intenso, pois aí envolveu muito desenvolvimento de business. Mas a satisfação de ver seus produtos nas 2012/abril TRIBO SKATE | 77


arte // nano

ruas é gigantesca! Ainda temos muito que fazer para levantar a marca, mas se vocês estiverem curiosos, dá uma chegada em nosso site, www. dondanteclothing.com. Como está, hoje, a relação das marcas com os skatistas brasileiros? Excelente! Temos grandes profissionais representando nossas marcas mundo afora, e também exibindo a nossa bandeira verde e amarela! Entre eles, eu citaria Danilo Cerezini, Filipe Ortiz e Luan de Oliveira, que dispensam comentários. A molecada quebra e representa! Sempre que posso, vou ajudando e divulgando nossos talentos do Brasil. Acho importante dar essa força... E, se eu tive a oportunidade de me envolver tão a fundo na maior indústria de skate do mundo, a da Califórnia, porque não dividir essa dádiva com meus conterrâneos? O mundo dá voltas, man, e eu faço minha parte! Últimas palavras? Certamente! Agradeço demais essa oportunidade de participar de uma das maiores revistas de skate de nosso país, e de poder dividir um pouco de minha história com vocês! Espero que o leitor consiga captar algo aqui que venha adicionar e ajudar em seu desenvolvimento, seja profissional ou mesmo na paixão por esse esporte que une tanta gente numa Tribo só! Olha a propaganda, Bolota! (risos) Galera, grande abraço, e um "shout out" em especial pro nosso legendário Thronn e pra você, Bolota! Sigam suas paixões e seus sonhos na veia! Só você sabe o que é melhor pra sua vida! Peace! www.dwindle.com www.superiorskateboards.com www.speeddemonsskateboards.com www.dusterscalifornia.com www.dondanteclothing.com www.facebook.com/n.a.n.o.nobrega

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// AdriAno nobregA "nAno" • São PAulo - SP • loS ANgeleS - CA • FormAdo em ProPAgANdA e mArketiNg NA uNiverSidAde mACkeNzie - São PAulo • PóS grAduAção: multimediA - CAliFórNiA • Fluir - São PAulo • ACAdemy SNowboArdS - CAliFórNiA • dwiNdle diStributioN/ globe – CAliFórNiA • doN dANte ClothiNg - CAliFórNiA





casanova //

Mateus GoMes Guerreiro // Fotos Marcelo MuG Onde nasceu: Florianópolis, SC. Onde mora atualmente: Rio Tavares, Florianópolis, SC. Primeiro skate: Não lembro. Skate atual: Shape Drop Dead, truck Independent, rodas Bones e rolamentos Swiss Bones. Som para ouvir na sessão: Holiday in Cambodia, Dead Kennedys. Uma parte de vídeo de skate: Bob Burnquist, no Flip. Três amigos para compartilhar a sessão: Japinha, Pedro Barros e Vi Kakinho. Comida: Arroz e feijão. Bebida: Suco de manga. Balada: Hi Adventure quando vai até meia noite. Melhor pista: Half RTMF. Sonho: Andar na mega com Bob. Para ler: Revista de skate. Viagem: Para andar de skate. Um salve: Para todos os skatistas. // Mateus GoMes Guerreiro 9 anos, 3 de skate apoio: office comp, Grip, rtmf e curva de Hill

Frontside air.

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hot stuff // abril

// Hurley - moCHila “baCk to sCHool” A ideia de ter uma mochila prática para o seu dia a dia é o conceito desta linha de “volta às aulas”. Com tecido xadrez e padronagem Hurley para combinar com o seu jeito de se vestir, tem alta durabilidade e compartimentos para seus objetos de uso diário. Hurley – (11) 3226 2233 www.hurley.com.br

// Hurley - Camisa de botão flanela Uma boa camisa de flanela é peça obrigatória para aquela social, mas não dispensa uma boa sessão de skate. Da coleção Inverno 2012, tem tecido xadrez e padronagem exclusiva Hurley. 100% algodão. Hurley – (11) 3226 2233 www.hurley.com.br

// live – deCks Dos sete decks da nova coleção da Live, três são pro models: Edgard Vovô, Biano Bianchin e Marcio Tarobinha. Todos são feitos em lâminas de marfim selecionadas para melhor espessura, sendo duas tingidas, colocadas em pontos estratégicos e prensados em prensa quente de 70 toneladas. O concave é feito em CNC (Comandos Numéricos Computadorizados) para não ter aberturas e a furação é múltipla, com oito furos ao mesmo tempo. O acabamento é em verniz PU desenvolvido para o skate, para deslizar melhor em corrimãos e bordas. Live - 11 3227-3375 www.liveskateboards.com.br

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// NIKE SB – ERIC KOSTON A palmilha Lunarlon vem sendo usada há muitos anos em tênis de corridas e este é o primeiro modelo assinado da Nike SB a usar a tecnologia. Projetado para ser leve como um tênis de skate, mas com boa absorção dos múltiplos impactos sem impedir a conectividade entre seus pés e o board. Telefones: (11) 5504-6644 / 0800 703 6453 www.nikevoce.com.br

// BLACK LABEL – DECKS E RODAS Marca fundada em 1990 pelo skatista old school John Lucero. Conceito forte e autêntico valorizando o skate conteporâneo e moderno esse é o lifestyle da Black Label Skateboard. IOD Skateboard Parts www.iodskateboardparts.com.br

// SK8MAFIA - DECKS Com uma raiz fincada no street, a Sk8mafia tem entre seus fundadores Peter Smolik e um conceito urbano muito forte. IOD Skateboard Parts www.iodskateboardparts.com.br

// FURY - TRUCKS Projetado para um nível mais alto do que qualquer outro truck na história, Evo-2 leva o skate para um novo nível. Concebido para ser o truck mais estável no mercado. IOD Skateboard Parts www.iodskateboardparts.com.br

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áudio //

andrew, iggor, nick.

strife x Iggor Cavalera entre oS diaS 11 e 14 de fevereiro, o Strife uniu maiS uma vez aS forçaS com iggor cavalera, deSta vez para gravar o diSco novo banda, o primeiro em 11 anoS! dei uma paSSada no eStúdio para cobrir eSSa nova empreitada doS caraS e o reSultado você confere neSte entreviSta com andrew (guitarriSta do Strife), iggor cavalera e o produtor/ bateriSta do terror nick Jett. Por HelinHo Suzuki // fotos wander willian

V

amos começar pelas raízes. Como vocês se conheceram? Andrew - Sou amigo do Iggor faz muito tempo, desde 1995. Ele foi em um show da gente em Phoenix quando ele morava lá, viu a gente tocando; ele já curtia bastante hardcore. Um ano depois ele chamou a gente para fazer a Roots Tour com eles na Europa. Nós fizemos a útima tour com a formação original do Sepultura e tocamos o último show que o Max fez com a banda. Foram uns 30 shows, uma experiência incrível! Desde então sempre mantivemos contato e, depois dessa tour, ele gravou Overthrow, do álbum In This Defiance. Como ele morou uma época em San Diego a gente sempre se via. Iggor - Conheço o Strife faz muito tempo. Bem antes de a gente fazer a tour com os caras, eu fui a um show deles em Phoenix; na época que eu estava gravando o Chaos A.D., alguma coisa assim... Eu já curtia um monte de banda da gravadora deles, Snapcase, Earth Crisis, então fui ver o show deles e achei legal pra caralho. Eles eram diferentes dessa galera, mais do

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jeito assim do Andrew, mais loucão; não pagava muito assim de straight edge certinho, porque eu achava meio idiota os caras muito militantes, tipo que o cara não podia nem dar risada e tal... Depois disso fiquei em contato com os caras, chamei eles para fazer a tour do Roots na Europa. Foi legal pra caralho e desde então o Andrew virou um dos meus melhores amigos, que eu conto na mão; toda vez que eu vou em LA ele para tudo pra gente ficar junto e fazer um monte de coisa... A ideia do novo disco veio depois que a banda voltou à ativa? Andrew - No ano passado tocamos em diversos lugares como Japão, América do Sul, Europa e pensamos: “se quisermos continuar tocando, temos que fazer um disco novo.” Então ano passado começamos a escrever algumas músicas e, muito louco, estamos aqui no Brasil, terminando de gravar as baterias... Essa parceria com o Iggor já tinha rolado no disco "In this Defiance", onde ele gravou a faixa "Overthrow". 11 anos depois ele assume as baquetas e grava o novo cd do Strife. Como rolou esse convite? Andrew - Ano passado eu fui roadie dele em uma tour do Cavalera Cons-


piracy e um dia a gente estava sentado no ônibus e ele perguntou o que eu estava fazendo, daí falei que estava trabalhando nas demos do cd novo do Strife,. Ele pediu para ouvir e achou muito boas as músicas e perguntou quem ia gravar as baterias... Eu falei que seria legal se ele gravasse algo com a gente e começamos a falar mais sobre isso e chegou um ponto que ele perguntou se a gente queria que ele gravasse o disco, não tinha como dizer não para o Iggor Cavalera... (risos) Acertamos alguns detalhes e aqui estamos no Brasil, gravando o álbum, 14 músicas em 4 dias. Iggor - Um tempo atrás coloquei ele em uma roubada. O Guilherme (roadie e fiel escudeiro) não pode fazer uma tour do Cavalera nos EUA e daí não tinha ninguém pra ir, pois não dava tempo para tirar visto. Eu fiquei quebrando a cabeça, o Guilherme viu uns caras, tipo roadies do Korn, uns caras que eu nunca vi na vida... Foi então que eu tava no chat com o Andrew e ele disse eu vou, nunca fiz isso, mas eu acho que eu consigo fazer... Falei vamos embora então... Prefiro ter um amigo que não faz 100% do que ficar com um cara que eu nunca vi na vida um mês em turnê! Foi legal pra caralho e no meio da tour a gente trocando uma ideia, ele me falou: “Queria te convidar de novo para fazer uma participação, igual você fez da outra vez...” Eu falei, gravo na boa, você me manda a música, eu gravo em algum estúdio aqui e já era... Aí perguntei, quem vai gravar a batera? Ele disse: “Não tem ninguém...” Como ele quebrou esse puta galho pra mim eu falei: “Então eu faço mano, faço a batera do disco inteiro!!” Ou eu ia para LA ou eles viriam para cá gravar. Acabou que no meio dos planos, rolou uma tour do Cavalera na Austrália e um monte de loucura e ficou mais fácil eles virem para cá... Estamos finalizando o disco, tá legal pra caralho, como sempre... O Andrew faz umas bases absurdas de legal, o Rick também põe uns vocais muito fodas.. Eu tô bem feliz com o resultado; deu para botar umas coisas um pouquinho mais metal! Pela influência que ele teve na tour do Cavalera, ficava toda hora falando, vou copiar esse riff, essa palhetada do Vovô (Max), do Mark Rizzo... Então acho que no final foi uma troca legal. Por que vocês optaram por chamar o Nick Jett (baterista do Terror) para produzir o disco novo? Andrew - Quando decidimos gravar o novo álbum, eu realmente queria trabalhar com o Nick, ele vem há muito tempo produzindo um monte de bandas de hardcore, como Piece by Piece, Internal Affairs... Ele começou a trabalhar com o Matt Hyde, um famoso produtor e com ele acabou de gravar bandas como Backtrack e Lionheart; então eu queria muito trabalhar com ele; curto muito o estilo dele, ele escreve bastante coisa para o Terror... Então o chamei

para vir produzir o cd; conseguimos organizar as agendas para vir para o Brasil e gravar as baterias. Voltando para os EUA ele vai fazer uma tour com o Terror e em março voltamos a gravar o resto, guitarras, baixos e vocais no estúdio dele em LA e depois vamos mixar o disco com o Matt Hyde; acho que vai ser nosso melhor álbum! Mal posso esperar para ouvi-lo pronto! Fale um pouco de sua carreira como produtor Nick... Nick - Eu venho trabalhado muito, produzindo muitos discos no último ano e meio; então todo o projeto que eu trabalho eu aprendo algo novo e esta é uma perfeita oportunidade para aprender mais sobre produção. Eu só tento dar o melhor de mim e estou muito orgulhoso de poder trabalhar neste projeto! Como você se envolveu na produção deste disco? Nick - Eu sou amigo do Andrew faz muitos anos e recentemente ele me falou que tinha começado a escrever o novo cd do Strife. Quando ele finalmente acabou as músicas, ele me chamou para produzir o disco. Então nos encontramos algumas vezes, trabalhamos em alguns sons juntos, acertamos as datas e aqui estamos, no Brasil, gravando o disco! O que você achou da escolha de Iggor para assumir as baquetas neste disco? Nick - Muito louco, porque estávamos pensando quem ia tocar bateria neste disco. O Pepe, que toca bateria no Strife, faz muitas tours com sua outra banda e realmente tem um tempo vago muito limitado. Ele até falou para eu gravar este disco, mas achava legal ter outra pessoa tocando... Então ele me disse que estava em um tour com o Cavalera Conspiracy e falou que o Iggor se ofereceu para fazer... Quando eu ouvi isso pensei: "Muito foda, Iggor é um grande baterista, que levaria o disco para um outro nível!". Para mim, que sempre fui um grande fã de Sepultura, foi uma grande oportunidade de trabalhar com alguém que sempre foi uma influência para mim. Foi muito bom gravar com ele; ele tem a mente bem aberta para novas ideias; ele toca do jeito que ele quer, ouve minhas ideias, do Andrew... E o disco vai ser finalizado em seu estúdio certo? Nick - Vamos fazer o que falta em meu estúdio, que é muito mais confortável e fácil para fazer as coisas. O resto vai ser bem rápido; acho que vamos terminar tudo em uma semana... Vocês têm planos de voltar para América do Sul? Andrew - Definitivamente! Depois que o disco for lançado voltaremos com certeza! Curtimos bastante por aqui, temos muitos amigos como o pessoal do Questions... Conhecemos eles quando viemos para o Brasil ano passado e desde então mantemos contato! Esperamos voltar o mais rápido!

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skateboarding militant // por guto jimenez*

Erros & acertos Vamos comparar dois eventos de skate bem distintos entre si. • Uma etapa de abertura do circuito mundial de vertical, evento perto de uma praia na cidade que mais atrai turistas no país num lugar acessível a todos os que quiserem assistir, com farta oferta de transportes públicos que leva os espectadores ao local da disputa. A estrutura é fabulosa, com cobertura pro halfpipe, áreas distintas pra imprensa e Vips e tudo o que os competidores precisam pra terem o melhor desempenho possível. Esse evento tem três fatos como grandes atrativos: tem transmissão ao vivo pela maior emissora de televisão do país, coisa inédita em disputas do mesmo circuito mundial; patrocinadores de fora do mercado de skate, que pagam alto pra terem suas marcas expostas na rampa e plataforma; é realizado há mais de dez anos. Mesmo com tudo isso descrito acima, é preciso pagar cachê por fora pra que alguns dos maiores nomes da modalidade compareçam à disputa. • Um evento que se realiza num bairro em expansão de uma charmosa capital de estado, com acesso limitado tanto pela oferta de transporte público quanto pela localização da pista: no alto de um morro bem íngreme. Além disso, o acesso ao público é limitado devido ao espaço em si, construído no meio do que restou da Floresta Atlântica naquele estado. A estrutura é muito boa, mas sem separar muito os competidores da imprensa ou dos Vips, fazendo mais o estilo “tudo junto e misturado”. Os grandes atrativos são o bowl onde é realizado, um dos mais desafiadores em todo o planeta; a lista de competidores, incluindo três gerações dos melhores vert riders do mundo; patrocinadores que, na sua imensa maioria, são do mercado de skate e investem suas cotas racionalmente – como é praxe nos eventos patrocinados por essas empresas. Absolutamente NINGUÉM recebe cachê, incentivo ou qualquer outro tipo de benefício por fora do orçamento da premiação. Agora acredite: o evento # 1 paga MUITO MENOS premiação do que o evento # 2.

Os motivos são tantos que daria até pra escrever um livro a respeito. Eles vão desde a falta de comprometimento dos grandes patrocinadores com o cenário do skate, até o oportunismo de promotores e de alguns competidores e profissionais envolvidos na realização. Algo está MUITO ERRADO quando menos de 5% do orçamento final de um “super-evento” é destinado a premiar os protagonistas do espetáculo, ou seja, os competidores que fazem o show de tevê. Pior ainda é quando o evento é interrompido por motivos de chuva passageira e é feito o encerramento naquele mesmo momento, tudo pra não ficar de fora da programação do canal de tevê, ao contrário com que acontece com todos os eventos de skate que se tenha notícia. Em eventos feitos por skatistas, espera-se que a chuva passe pra que os competidores tenham a oportunidade de encerrar a disputa de maneira justa; é assim desde o início dos tempos, e assim o será em todos os eventos ao ar livre. Veja bem, não estou dizendo aqui que os “super-eventos” são dispensáveis, longe disso. Temos as disputas na megarrampa e o Maloof Money Cup que não me deixam mentir, e a diferença fundamental é que esses eventos respeitam a maneira peculiar dos skatistas de fazerem eventos. São sim shows de tevê, mas tendo os competidores como reais protagonistas do espetáculo e ganhando por isso. Nosso país é o segundo maior cenário de skate do planeta, e é aqui que tem o também segundo maior mercado do mundo. Já passou da hora de exigirmos um mínimo de respeito aos promotores que quiserem realizar disputas, respeito que passa pela premiação condizente com a importância do evento, pelo horário da disputa e pelo formato de competição. Não tem mais como aceitarmos essas imposições absurdas sob o argumento de que “se quer passar na tevê, é assim mesmo”... Repito: a megarrampa e o MMC desmentem esse conto da carochinha. Somos gigantes – não nos tratem como bebês.

APOIO CULTURAL * Guto Jimenez está no planeta desde 1962, sobre o skate desde 1975.

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manobra do bem // por sandro soares "testinha"*

Pedras no caminho FOTOS ARQUIVO PESSOAL

‘‘N

o meio do caminho tinha uma pedra; tinha uma pedra no meio do caminho”. Quando Carlos Drummond de Andrade apresentou este poema em 1928, eu nem nascido era e hoje, à frente de ações sociais com skate, jamais imaginaria que após 88 anos da publicação, os versos serviriam para retratar uma realidade que eu e a minha trupe estamos passando. É que no caminho das crianças que participam do projeto Manobra do Bem, infelizmente não foi uma única pedra que apareceu como nos versos de Drummond, e sim vários bloquetes tipo paralelepípedos, que vão pavimentar a Rua Rosa em Calmon Viana, onde se localiza a sede do nosso projeto; ou melhor, a casa de minha família; inviabilizando, de vez, a continuidade das aulas de skate que ali eram desenvolvidas desde 2010. Eu particularmente não sou contra a iniciativa da Prefeitura de Poá. Pelo contrário, sou a favor, porque o piso é ecologicamente correto e facilita o escoamento da água da chuva. Este é um tipo de pavimentação que evita enchentes e alagamentos. O que lamento é que agora não posso mais utilizar a rua para promover as aulas de skate. Este tipo de pavimentação com bloquetes faz as rodas dos skates travarem e consequentemente provocarem acidentes. Acho muito positivo a iniciativa porque mostra para as crianças a questão ambiental, mas o que eu questiono é a falta de uma área de lazer em todo o nosso bairro. No entanto, ao invés de protestar ou dizer que o poder público não gosta do skate fomos a busca de uma solução para a continuidade do trabalho da ONG Social Skate e nos reunimos com o poder público municipal para encontrar um local próximo para a continuidade das atividades. Apoio não faltou. Sensibilizado com a causa, o poder público sugeriu que as atividades do grupo passassem a ser realizadas em uma área na mesma rua do projeto, que contém três quadras poliesportivas pouco utilizadas, devido ao vandalismo frequente que o local sofre. Já começamos um trabalho de revitalização da área com a ajuda de grafiteiros amigos nossos e a prefeitura nos pediu um ofício contendo as melhorias no local para receber as atividades com skate e cidadania promovidas pelo projeto. O que eu gostaria de frisar aqui, é que antes de nos manifestarmos através de protestos, passeatas ou até mesmo ofensas contra o poder público, nós resolvemos nos reunir, sentar e conversar sobre uma solução para o problema enfrentado aqui. Algumas vezes, levados pela emoção ou indignação perante uma situação como a da retirada do asfalto em nossa rua, tomamos atitudes que na prática não irão resolver o problema e pode até mesmo nos afastar de quem pode e está ali para resolver. Sei também de diversos locais no Brasil que enfrentam problemas em relação a áreas para a prática do skate, e mais uma vez digo aqui: se organizem e façam valer seus direitos, porém cumpram com os seus deveres. É nas adversidades da vida que o ser humano encontra solução, superação, criatividade e esperança de melhorar sempre.

Como era.

Como está.

Como ficará.

* Sandro Soares “Testinha”, agora com 34 anos de idade e 20 junto do skate.

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APOIO CULTURAL



É fácil para o fotógrafo isolar o Pedro no céu. Fs air, Beach Bowl, Manly.

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Josh househam

pedro barros 3x // oceania

Por Cesar Gyr達o // Fotos Dean TirkoT e Josh househaM 2012/abril TRIBO SKATE | 95


Dean TirkoT

oceania // pedro barros 3x

e

le é o mais rápido no rolê e tem os aerials mais altos. Por mais que alguns experientes profissionais dominem técnicas diferentes e façam linhas pontuadas com várias tricks, o Pedro está passando como um furacão sobre eles. Suas manobras são esticaaadas, seu gás é insano e ele desafia os pontos críticos das pistas emendando uma atrás da outra. Assim tem sido o show do Pedro. Ao contrário das temporadas passadas, quando alguns resultados eram questionáveis, foram três etapas em que não houve dúvidas. Bowl-A-Rama de Wellington, Nova Zelândia; Australian Open Surfing Beach Bowl em Manly Beach e depois o Vans Bowl-A-Rama de Bondi Beach, também na Austrália. No primeiro, ele “ficou nervoso” com a liderança do americano Kelvin Kowalski e foi pra cima na final, sem chances para o outro reverter. Comemorou acompanhado do seu pai e amigos, entre eles os brasileiros Otavio Neto, Murilo e Caio Peres e Nilo Peçanha. No bowl de madeira de Manly, a batalha igualmente dura, com a presença do Bob (Burnquist), Rune Glifberg, Bucky Lasek, Josh Rodriguez e outros monstros do vert. Com 540 back to backs, além de suas manobras esticas e precisas, cativou o público e fez o locutor Sergie Ventura gritar muito. Em Bondi Beach o concreto azul podia esperar mais uma sessão de espancamentos. Tanto que Bucky Lasek soltou aquela frase que configura a dificuldade de superar o Pedro nestas condições: “Não vejo a hora de passar a correr entre os masters, pra não ter que enfrentar este cara.” Do jeito que o Pedro embalou este ano no circuito, sempre aproveitando ao máximo todas as oportunidades e viagens, é difícil não vê-lo com um terceiro título de campeão mundial de bowl. No entanto, não é isso que importa para ele. Ele quer é dar o seu máximo sempre. Mais difícil ainda é dissociar seu “máximo” de mais vitórias!

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Dean TirkoT

o azul de Bondi Beach fica mais colorido com stale fishes 540 como estes.

sinônimo de fs air alto: Pedro Barros na nova Zelândia.



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