Revista Travel3 - Edição 48

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ENTREVISTA

política, de estado, pensando no seguinte: quais são as melhores práticas de turismo do mundo? São essas que devemos seguir, adaptadas evidentemente à nossa realidade e ao nosso contexto.

Parques temáticos

Como um parque temático, pagando 120% de imposto sobre seus equipamentos, consegue sobreviver? Aí você vê parques da Disney construídos em várias partes do mundo e nenhum projeto visando ao Brasil. Enquanto isso, assistimos a nossos parques temáticos tendo de pagar 120% sobre um equipamento que não é bem de consumo, é bem de capital.

Estratégias

Conseguimos liberar a entrada, sem necessidade de visto, dos norte-americanos, canadenses, australianos e japoneses. Já havíamos vencido essa batalha durante os Jogos Olímpicos e, agora, pedimos uma extensão de mais um ano. O ministro Padilha entendeu a necessidade e foi além, estendendo a permissão pelos próximos dois anos. Entendemos que devemos dar um tratamento especial à China. O país fez uma parceria com a Argentina, que receberá 1 milhão de turistas chineses com expectativa de faturar US$ 1 bilhão. Nossos vizinhos aboliram o visto para os turistas dos Estados Unidos, o que fez aumentar Embratur/Divulgação

em 25% o fluxo de norte-americanos. O presidente Macri retirou os impostos dos hotéis, uma evolução importante dentro da corrida do turismo, porque, volto a dizer, os empregos surgirão dessas áreas de serviço. No caso da Embratur, é prioritária a transformação institucional que já estamos fazendo e recursos para promover o país no exterior, que significa trazer dólares para o Brasil. Internamente, desburocratizar – em todos os níveis – é a prioridade. Precisamos dessacralizar as cidades históricas, as marinas e os cruzeiros; construir experiências sólidas e entender que a saída para o desenvolvimento econômico do Brasil passa pelo setor de turismo e viagens. Será esse o segmento que vai conferir competitividade para toda a economia, melhorando a qualidade de vida nos centros urbanos, mediante melhores hotéis e centros de convenções, porque o preparo para o turismo automaticamente melhora as condições de uma cidade, assim como o conjunto dos receptivos, dos aeroportos, mudanças que já estão acontecendo, com as privatizações e concessões. Tudo isso confere competitividade à economia como um todo. O turismo é muito mais sério do que a imagem lúdica que se tem dele. No Brasil, o setor já responde por 9% da economia e por 9 milhões de empregos, se somados os diretos, indiretos e induzidos – e o setor pode fazer muito mais. O turismo será o grande companheiro do agronegócio no Brasil do futuro.

O turismo sob a visão dos políticos

Eu acho que a ficha está caindo. Cada vez mais, vemos manifestações da classe política sobre a pujança e a força do turismo, de um lado; e do sentimento de frustração, dos próprios políticos, que recebem de suas bases registros sobre a impossibilidade de instalar um resort à beira de um rio ou dentro de um parque natural. Precisamos derrubar as “igrejas do atraso”, que são contra o desenvolvimento econômico e se alimentam de ideias antigas. É uma cultura atrasada, hipócrita e da negação. Porque o mundo tem bons exemplos a serem seguidos. Aliás, o mundo nos fez muitos favores, e o maior deles, recentemente, veio da Venezuela, ao mostrar como não fazer as coisas. Na política, o interesse público é mãe e pai de todos os outros interesses e, no Brasil, as pessoas acham que o seu interesse, sua visão pessoal, principalmente de caráter dogmático e ideológico, é, sim, aquele ao qual o mundo inteiro tem que se conformar. O Brasil, no mundo, é o país das maiores oportunidades potenciais, e negá-las é a maior hipocrisia e irresponsabilidade. As classes empresariais e políticas precisam enfrentar isso de forma muito crítica, aberta e verdadeira. O desenvolvimento sustentável é ambiental, mas fundamentalmente social e econômico, que, ao fim, é o que pagará a conta. No Brasil, acostumou-se a pensar que o estado paga a conta. O estado não paga nada, não cria nada. Aliás, o estado está devendo e aumenta sua dívida pública, anualmente, em R$ 600 bilhões, só em juro, tamanha a irresponsabilidade que se comete em nome dessa quase, eu diria, “patifaria ideológica” que temos no Brasil.

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