Incertezas

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EDIÇÃO ESPECIAL Edição Informativa da CNT

Incertezas

Ano XXVI maio 2020

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Crise impõe um novo desafio para o setor de transporte. Apesar de o governo garantir que a agenda de concessões e projetos de infraestrutura está mantida, especialistas avaliam que atrair o capital privado será tarefa árdua

Entrevista

O Transporte Move o Brasil

Home office

Fernando Schüler comenta sobre o atual cenário do Brasil

CNT lança campanha institucional de valorização do setor

Os desafios enfrentados pelas empresas

www.cnt.org.br


Preservar a vida exigiu que aprendêssemos a lidar com o distanciamento. Assim, percebemos a importância de termos que vencer distâncias todos os dias. Para garantir que pessoas cheguem aonde precisam, os ônibus seguem em movimento cumprindo seus itinerários. O Brasil continua porque o transporte de passageiros segue em frente.

OTRANSPORTEMOVEOBRASIL.CNT.ORG.BR

As imagens foram produzidas antes da pandemia. Apoiamos e incentivamos todos os protocolos necessários à prevenção contra a covid-19.

ASIL BR

O TR AN S

O M E VE T R O PO


/// capa

Conselho Editorial Bruno Batista João Victor Mendes Myriam Caetano Nicole Goulart Valter Souza Edição Gustavo T. Falleiros - MTB 3792/DF Livia Cerezoli - MTB 42700/SP Natália Pianegonda - MTB 14695/RS Projeto Gráfico Gueldon Brito Diagramação Gueldon Brito Jorge A. Dieb Revisão Filipe Linhares Fale com a Redação (61) 3315-7142/7203 revista@cnt.org.br SAUS – Quadra 1 – Bloco J Edifício Clésio Andrade – 11º andar Brasília – DF – CEP: 70070-010 Atualização de endereço: revista@cnt.org.br Publicação da CNT (Confederação Nacional do Transporte), registrada no Cartório do 1º Ofício de Registro Civil das Pessoas Jurídicas do Distrito Federal sob o número 053.

Tiragem: 40 mil exemplares

Acesse a versão digital da revista www.cnt.org.br

Os conceitos emitidos nos artigos assinados não refletem necessariamente a opinião da CNT Transporte Atual

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Rota recalculada

pág. 17

Investir em infraestrutura é um dos pontos essenciais para a saída da crise. Mas como atrair investimentos no cenário atual do país? Governo federal afirma que projetos de concessões estão mantidos, mas especialistas acreditam em dificuldades para cumprir cronograma diante da crise.


/// Entrevista Fernando Schüler Cientista político e professor do Insper analisa o cenário atual

///Institucional

///Tendência

CNT lança campanha em defesa do setor de transporte

Empresas adotam medidas sanitárias para reconquistar clientes

pág. 24

pág. 30

///Expansão

///Mercado

O crescimento do e-commerce na contramão da crise

Mudanças no modelo de negócios trazem resultados positivos

pág. 32

pág. 35

pág. 07

/// Proteção

/// SEST SENAT

/// ITL

SEST SENAT reforça ações de enfrentamento à exploração sexual pág. 40

Atendimentos online são aprovados pelos usuários

Os desafios do home office nas empresas

pág. 43

pág. 46

/// Cartum

/// Editorial

///Tema do Mês

/// Transporte pelo Brasil

/// Opinião

pág. 05

pág. 06

pág. 50

pág. 54

pág. 56

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/// Cartum

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/// Editorial

Harmonia para o crescimento

A

discussão sobre como será o novo normal, o pós-covid-19, tem ganhado corpo. São muitas hipóteses. Contudo, ainda não há respostas precisas. Estou certo de que venceremos o vírus, embora não se saiba se será por meio de uma vacina, remédio ou até da imunização dos que sobreviverem à contaminação. Deixo o campo da saúde para médicos e cientistas, que muito têm trabalhado para responder às indagações. Já no campo da economia, as previsões têm mais chance de acerto. É fato que o PIB do Brasil e do mundo será negativo em 2020. Empresas estão queimando caixa para sobreviverem à retração. Nesse quadro, é indispensável a atuação do Estado, fornecendo linhas de crédito pagáveis para a manutenção e a recuperação de empresas e empregos. Em conversas com pessoas do governo, fica claro que elas estão cientes disso. O problema é a concepção liberal, que dificulta a intervenção na atividade econômica. Liberam-se linhas de crédito interessantes, mas a operacionalização é definida pelos banqueiros, que não querem correr riscos. Não estão errados, mas é preciso ter atitudes que permitam a sobrevivência saudável dos empregadores. Na infraestrutura, o discurso é de continuidade das concessões, caminho correto há anos defendido pela CNT. Há projetos atrativos, e muito se evoluiu na segurança jurídica. Mas o período que poderia ser o melhor para

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o crescimento sustentável do Brasil foi interrompido pela pandemia, acompanhada de incertezas políticas. A pandemia passará, porém ficará a instabilidade política. Precisamos disso? Não. Temos uma democracia amadurecida e uma Constituição que normatiza a atuação dos Três Poderes. O crescimento econômico não depende de remédios para a covid-19, mas, sim, de os titulares dos Poderes exercerem suas funções e prezarem pelo sucesso de seus pares. Com isso, a economia deslanchará. O presidente precisa incorporar a faixa presidencial e comandar o Executivo. Ele foi eleito para isso. Acredito que é isto que os brasileiros querem: um presidente trabalhando para o crescimento econômico e social do país. Eu sou parte da população que valoriza a ritualística, pois ela é importante para manter a ordem. Fará bem ao Brasil o presidente falar ao povo do Parlatório do Palácio do Planalto. Da mesma forma que os presidentes de tribunais falam com suas becas, e os presidentes das Casas Legislativas de suas mesas. A ritualística tem razões de ser e, se for observada, valoriza os que ocupam os cargos para os quais foram eleitos ou conduzidos. Cada um tem a sua função e deve se dedicar a exercê-la. A harmonia entre os Poderes é o que permitirá o crescimento econômico acelerado e sustentável do país.

A harmonia entre os Poderes é o que permitirá o crescimento econômico acelerado e sustentável do país.

Vander Costa

Presidente da CNT 6

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/// Entrevista | Fernando Schüler

Estado pequeno e forte para superar a crise por Natália Pianegonda

Fernando Schüler, cientista político e professor do Insper

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/// Entrevista | Fernando Schüler

É

mais de 90% do PIB (Produto Interno Bruto) até o fim do ano. Para o cientista político e professor do Insper Fernando Schüler, no Brasil, o momento não pede mais intervenção estatal. Há, além disso, reformas essenciais necessárias para reduzir a ineficiência do Estado e os custos da máquina pública. O desafio, contudo, é constituir um ambiente político favorável e seguro para elevar a participação da iniciativa privada, algo com o que nem o governo, nem a oposição, nem os estados parecem efetivamente comprometidos, na visão dele.

momento de repensar o papel do Estado. Em diferentes países do mundo, essa é uma reflexão que vem ocorrendo a partir da crise de saúde causada pela pandemia da covid-19 e da sua consequente crise econômica. No Brasil, antes mesmo de o novo coronavírus chegar, já remávamos para superar uma crise fiscal. Agora, o contexto se torna ainda mais delicado, uma vez que, somada à retração econômica, há a ampliação das demandas sociais e o aumento do endividamento do Estado. Estima-se que a dívida pública somará

Revista CNT | Antes da pandemia,

o Brasil avançava em uma agenda de liberalização da economia e em uma política de ajuste fiscal. Como acredita que se desenha o cenário daqui para a frente? Fernando Schüler | O projeto de liberalização e modernização econômica se torna ainda mais necessário. Sairemos da crise mais endividados e com uma enorme demanda social. Não será possível retomar o crescimento à base do investimento público. O país necessitará de reformas, abertura econômica e bom ambiente de negócios para atrair e mobilizar investimento privado. Daí surge a importância de se avançar com relação aos programas de parcerias público-privadas, às concessões e às privatizações. Penso que essa é a agenda que está na cabeça do ministro Paulo Guedes, mas tenho dúvidas sobre o nível de consenso que ele tem dentro do governo. Revista CNT | Nesse sentido, quais

seriam as reformas capazes de permitir ao país atravessar a crise econômica e social em decorrência da pandemia? Fernando Schüler | É preciso compartilhar adequadamente os custos

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da crise. O setor público precisa dar a sua parte. O congelamento dos salários do funcionalismo é uma parte, mas é muito pouco. É preciso revisar incentivos, aprovar a PEC dos fundos públicos (proposta de emenda à Constituição n.º 187/2019, que permite ao governo usar o dinheiro hoje retido em fundos infraconstitucionais e vinculado a áreas específicas para outras finalidades) e a PEC Emergencial (proposta de emenda à Constituição n.º 186/2019, que institui mecanismos de ajuste em caso de emergência fiscal na União, nos estados e nos municípios) e avançar na reforma administrativa. Essa última já era urgente; agora se tornou imperativa. Revista CNT | No cenário de crise que tende a se agravar, qual deve ser o papel do Estado, considerando, por exemplo, o aumento da pobreza e a situação financeira das empresas? Fernando Schüler | Tenho defendido que se retome, em larga escala, o projeto da reforma administrativa, na linha do que se iniciou nos anos 1990. O ponto básico da reforma é a ideia de que cabe ao Estado tão

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somente a execução direta das chamadas funções típicas ou exclusivas, isto é, aquelas que não podem ser executadas de modo concorrencial com o mercado e a sociedade civil. Entram, aí, defesa, segurança pública, fisco, diplomacia, regulação. Tudo o mais, da gestão da infraestrutura até as unidades de saúde e de educação, deve ser priorizado por meio da gestão compartilhada com a sociedade e o mercado. O país tem instrumentos para isso, e há ótimas

Não será possível retomar o crescimento à base do investimento público. O país necessitará de reformas, abertura econômica e bom ambiente de negócios. CLIQUE E ACESSE O ÍNDICE


/// Entrevista | Fernando Schüler

Uma sociedade civilizada deve eliminar a pobreza, mas isso não se faz com paternalismo estatal. Isso se faz integrando as pessoas ao mercado.

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experiências nessa direção. Alguns exemplos disso são: o Parque Iguaçu, no Paraná; os hospitais geridos por organizações sociais, em São Paulo; as rodovias concedidas, especialmente em São Paulo e também em outros estados. O país precisa avançar nessa direção, ao invés de apostar na burocracia pública. Revista CNT | Recentemente, em artigo, o senhor trouxe uma reflexão acerca do Estado que emergirá a partir da atual situação. Quais são as possibilidades que se desenham? E quais são as variáveis, na sua opinião, que podem definir isso? Fernando Schüler | Diria que corremos um risco bastante claro: em nome do combate à pandemia e dos seus efeitos sociais, tornar justificável toda e qualquer intervenção do Estado, desde o desrespeito às regras elementares de responsabilidade fiscal até a intervenção nas liberdades de expressão e de mobilidade. Em um ano eleitoral, como o que vivemos no Brasil, isso se torna ainda mais perigoso. Em dois meses, nosso déficit projetado para 2020 passou de algo em torno de R$ 100 bilhões para mais de

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R$ 700 bilhões. Com que critérios? Relaxamos nos sistemas de controles públicos e postergamos as reformas. É muito provável que não tenhamos a aprovação de nenhuma reforma importante em 2020. Penso que, no longo prazo, isso será corrigido, e é nisso que o setor privado deve focar. Revista CNT | Qual será o papel do setor privado na recuperação da crise? Fernando Schüler | A volta do crescimento será necessariamente feita a partir do investimento privado. Em um primeiro momento, as empresas terão que lidar com um ambiente de alta incerteza. Negociar prazos e contratos, preservar empregos e investimentos. Tudo isso está sendo feito Brasil afora. O outro ponto é pressionar para que a agenda de reformas não se perca. Se elas ocorrerem, poderemos ter uma forte retomada a partir de 2021. Há bons sinais apesar de tudo. Juros muito baixos, inflação sob controle, uma equipe econômica pró-abertura. O que precisamos é de um pouco de estabilidade política para que as reformas avancem.

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/// Entrevista | Fernando Schüler

Revista CNT | A burocracia, que se manteve apesar das reformas administrativas, encarece a máquina estatal e gera ineficiência. Esta crise - que tem acelerado muitas transformações - pode gerar mudanças? Fernando Schüler | Vemos, por exemplo, a flexibilização de regras adotadas por agências regulatórias. O estado é ineficiente e, por isso, penaliza os mais pobres, além de travar os negócios. Vamos observar o que está acontecendo com a educação. Quando surgiu a pandemia, o setor privado de educação logo reagiu. As aulas rapidamente migraram para o ambiente online, e os alunos seguiram seus programas de estudos. Enquanto isso, o setor público, que atende quase 85% dos estudantes do ensino básico, foi paralisado. Os estudantes simplesmente deixaram de ter aulas. Isso levou, dois meses após, ao adiamento do Enem (Exame Nacional do Ensino Médio). Tudo isso é responsabilidade da ineficiência do setor público, que não sabe se adaptar a novas tecnologias, não tem rapidez e privilegia os interesses

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da burocracia pública em vez dos cidadãos. Revista CNT | O crescimento da eco-

nomia e a própria ideia de desenvolvimento social eram pautados pela capacidade de consumo das famílias. Nessa linha, a ideia de renda mínima tem ganhado força no mundo. Esse é um caminho viável e sustentável? Fernando Schüler | A renda mínima ou básica (prefiro este último conceito) pode ser uma boa ideia caso ela respeite três condições: focalizada para os mais pobres; condicional, exigindo contrapartidas bastante claras do cidadão, como formação profissional e busca do emprego; e substitutiva, isto é, oferecida em substituição a programas sociais mais caros e ineficientes. Penso que uma sociedade civilizada deve eliminar a pobreza, mas isso não se faz com paternalismo estatal. Isso se faz integrando as pessoas ao mercado. O melhor caminho para superar a pobreza é o emprego, a educação e a facilidade para abrir negócios. A renda básica pode ser uma ponte, uma garantia transitória, mas não uma solução estrutural de longo prazo.

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Penso que se consolidou, no Brasil, a ideia de que não cabe ao Estado a gestão de infraestrutura, seja rodoviária, portuária ou aeroportuária.

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/// Entrevista | Fernando Schüler

Precisamos de um país com um Estado pequeno e forte, com segurança jurídica e estabilidade nas normas públicas.

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Revista CNT | Quais são as

Revista CNT | Quais podem ser os

consequências do atrito que tem se instalado entre os Três Poderes, agravado pelo contexto da pandemia? Como retomar o equilíbrio? Fernando Schüler | Isso mostra uma enorme imaturidade da liderança política brasileira, e aí incluo governo e oposição. Não era hora de apostar em mais polarização. Em meio à crise, você observa o presidente gerando conflito e a oposição tentando derrubar o presidente. Penso que o ativismo do STF (Supremo Tribunal Federal) não tem ajudado na estabilidade institucional do país, e isso ficou claro na própria proposta feita pelo ministro Marco Aurélio Mello para que as decisões do Supremo que interfiram em atos dos demais poderes sejam tomadas colegiadamente. Penso que o estilo agressivo do presidente Jair Bolsonaro não ajuda; faltou capacidade de coordenação do governo federal; e muitos governadores aproveitaram o momento para fazer política. Ou seja: uma sucessão de equívocos que o país precisa avaliar e superar.

impactos da dificuldade de entendimento entre as Unidades da Federação e a União? Fernando Schüler | Cada estado cria sua própria política de abertura controlada. Isso vale para a saúde e para a educação. O Peru aproveitou a pandemia para fazer um processo de digitalização massiva dos estudantes mais pobres. Nós ficamos parados. Na área da saúde, não vejo o governo federal liderando a formatação de protocolos de abertura controlada. Antecipamos um debate eleitoral que só deveria ocorrer daqui a dois anos. O dado positivo é que estamos iniciando a fase de abertura. São Paulo já está avançando, em muitas regiões; e estados como o Rio Grande do Sul e o Paraná já têm modelos bem estruturados, que nos permitem dizer que, até o final do ano, tendemos a voltar à normalidade. O setor privado tem sido estratégico nisso. Em muitos estados, é o setor privado que está liderando a formulação de protocolos. O ponto é preservar as empresas e voltar gradativamente à atividade plena. Isso vai ocorrer

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/// Entrevista | Fernando Schüler

no segundo semestre deste ano e ao longo de 2021. Revista CNT | O governo federal

vinha desenvolvendo um projeto ambicioso de privatizações e de avanço nas concessões de infraestruturas de transporte. O país tem condições, hoje, de viabilizar esses projetos com êxito? Fernando Schüler | Não tenho dúvidas disso. Acho que essa é a área que pode avançar mais rápido, no governo. O ministro da Infraestrutura, Tarcísio Gomes de Freitas, tem prestígio no governo e um bom alinhamento com essa pauta. Penso que se consolidou, no Brasil, a ideia de que não cabe ao Estado a gestão de infraestrutura, seja rodoviária, portuária ou aeroportuária. O mesmo vale para o saneamento básico, e há boas perspectivas de que o novo marco regulatório do setor seja aprovado ainda neste ano, no Congresso Nacional. Revista CNT | Este momento tem sido utilizado para repensar padrões, hábitos, culturas, processos.

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O que pode gerar uma transformação positiva no Brasil? Fernando Schüler | Diria que a primeira grande oportunidade é reafirmar o papel regulador, não executor, do Estado. O Estado se mostrou despreparado para lidar com a crise. A paralisia das escolas públicas, para mim, é o maior símbolo disso. A completa descoordenação entre a União e os estados é outro indicativo. A grande lição é a de que temos que reformar o Estado. Ele precisa ser mais enxuto e eficiente. Temos que aprovar a avaliação de desempenho dos servidores públicos e colocar em pauta a reforma administrativa. Outro ponto é a digitalização da economia e dos governos. Teleatendimento, na medicina; aulas em ambiente virtual; transferência de renda via aplicativos; home office. Precisamos de um país com um Estado pequeno e forte, com segurança jurídica e estabilidade nas normas públicas. Com um setor privado forte, tocando a infraestrutura e a gestão dos serviços, em um quadro de baixa burocracia e abertura econômica. Todos sabem qual a agenda que devemos seguir. O ponto é criar as condições para que isso aconteça. ◼

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Outro ponto é pressionar para que a agenda de reformas não se perca. Se elas ocorrerem, poderemos ter uma forte retomada a partir de 2021.

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Divulgação | URBS

/// Mais Transporte

Empresas realizam campanha de conscientização

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Divulgação | TUPi

Divulgação | Planalto Transporte

O setor de transporte tem atuado, de maneira direta, na prevenção da crise provocada pela covid-19, por meio da adoção de medidas de segurança sanitária, da realização de ações de solidariedade ou de campanhas de orientação e conscientização. No segmento do transporte de passageiros, que tem relação direta com a sociedade diariamente, isso se mostra claramente. Empresas têm investido em materiais informativos sobre a importância do uso de máscaras. Em muitas cidades, o uso desse material é obrigatório. As empresas de ônibus de Curitiba estão colando adesivos em formato de máscara na frente de 60 veículos. A campanha traz em destaque as hashtags #pensenocoletivo e #pensenasaúde. A ação é uma iniciativa das empresas de ônibus de Curitiba, em parceria com a URB (Urbanização de Curitiba) e a prefeitura da cidade. A Planalto Transportes, empresa que opera em linhas intermunicipais e interestaduais do Rio Grande do Sul e em outros estados da Federação, deu início, na Rodoviária de Porto Alegre, a uma campanha para incentivar passageiros e a sociedade em geral quanto ao uso das máscaras. Para isso, a empresa colocou uma máscara no ônibus e fez um book fotográfico. Em Piracicaba (SP), a TUPi (Transporte Urbano de Piracicaba) colou o adesivo que simula uma máscara em cinco coletivos. Avisos sobre a obrigatoriedade do uso do equipamento de proteção individual também foram colados em todos os veículos da empresa.

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/// Mais Transporte Arquivo Sistema CNT

Campanha de vacinação é prorrogada FOTO VACINAÇÃO

O Ministério da Saúde prorrogou a Campanha Nacional de Vacinação contra a Gripe até o dia 30 de junho. Caminhoneiros autônomos, motoristas profissionais do transporte rodoviário de cargas, motoristas do transporte rodoviário interestadual de passageiros, motoristas e cobradores do transporte coletivo urbano de passageiros e trabalhadores portuários podem se dirigir aos postos de saúde de qualquer cidade do país para receber a vacina. É importante levar documentação que comprove a atuação no setor de transporte. A inclusão desses profissionais na campanha foi um pedido da CNT e do SEST SENAT. Ao todo, foram disponibilizadas 2,7 milhões de doses a esses trabalhadores do transporte.

Brasil registra queda em roubo de cargas

Arquivo Sistema CNT

Levantamento anual da NTC&Logística (Associação Nacional do Transporte de Cargas e Logística) mostra que, em 2019, o número de ocorrências de roubos de cargas teve uma queda de 17% em relação ao ano anterior. Foram registradas 18.382 ocorrências de roubos contra 22.183 casos de 2018. No entanto, os prejuízos computados ao setor somam R$ 1,4 bilhão. A região Sudeste continua a ser a mais afetada, arcando com 84,26% das ocorrências. Em seguida, aparecem as regiões Sul, com 6,52%; Nordeste, com 6,29%; Centro-Oeste, 1,69%; e, por último, a região Norte, com 1,24%. Entre os produtos mais visados, estão os gêneros alimentícios, cigarros, eletroeletrônicos, combustíveis, bebidas, artigos farmacêuticos, autopeças, defensivos agrícolas, têxteis e confecções.

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/// Mais Transporte

Embarcando com heróis A ViaMobilidade, concessionária que opera na Linha-5-Lilás do metrô de São Paulo (SP), iniciou uma ação em homenagem aos profissionais da saúde. Imagens desses “verdadeiros heróis” farão parte da mostra que ficará em cartaz na Estação Brooklin, durante o mês de julho. Em agosto, a exposição será na Estação Santo Amaro e, em setembro, na Estação Campo Belo. As fotos dos profissionais de saúde podem ser enviadas até o dia 15 de junho, por email (sustentabilidade. viamobilidade@viamobilidade. com.br), com o nome completo, uma breve biografia e a descrição de momentos emocionantes presenciados durante o combate à covid-19.

Facilidades para conectividade aérea A Adam, empresa de mobilidade aérea, lança a primeira plataforma de conectividade aérea no país. A ferramenta tem o objetivo de viabilizar o transporte aéreo de passageiros e de cargas que necessitem de voos de ligação para os grandes centros, localidades remotas e conexões com os principais aeroportos brasileiros. A iniciativa faz parte do Movimento Conectividade Aérea, que conta com o apoio de instituições como a CNT, a Abag (Associação Brasileira de Aviação Geral) e o Sneta (Sindicato Nacional das Empresas de Táxi Aéreo). Um acordo firmado com a Adam permite que todas as empresas aéreas tenham isenção da taxa administrativa para uso da plataforma até 15 de julho. A isenção de encargos durante esse período também valerá para os consumidores.

Arquivo Sistema CNT

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/// Capa

Rota recalculada Governo federal mantém a agenda de concessões de infraestrutura de transporte apesar da crise causada pela pandemia; especialistas acreditam que queda de demanda e exigências sanitárias devem alterar a condução dos projetos por Carlos Teixeira

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/// Capa

J

volvimento do país e a retomada da economia? De um lado, o Ministério da Infraestrutura garante que a agenda de concessões está mantida e que os cronogramas seguem sendo cumpridos. De outro, especialistas alertam para o risco de atrasos e para a necessidade de revisão de modelagem, uma vez que os projetos podem já não ser tão atrativos devido à queda de demanda provocada pela crise. “O governo, até o final do ano, estará focado em vários incêndios que precisam ser apagados. Além disso, existem previsões que acendem o sinal de alerta”, afirma o coordenador de transporte da FGV (Fundação Getulio Vargas), Marcus Quintella, para quem o adiamento das concessões previstas será inevitável por questões de agenda. Entre as projeções, Quintella destaca que os aeroportos só devem voltar ao patamar de movimentação de 2019 em 2023 e alerta para queda na demanda no porto de Santos, com redução do número de navios vindos da China e da Europa, e nas rodovias, devido às regras de

aneiro de 2020. Reportagem de capa da revista CNT Transporte Atual detalha que o Estado brasileiro buscava, no setor privado, alternativas para expandir a infraestrutura de transporte e alavancar o desenvolvimento do país. A meta era atrair R$ 101 bilhões em projetos de concessão de aeroportos, portos, rodovias e ferrovias. Maio de 2020. O avanço da pandemia do novo coronavírus coloca em xeque a economia do país. O FMI (Fundo Monetário Internacional) estima a maior queda do PIB (Produto Interno Bruto) brasileiro – 5,3%. O real já acumula perda de quase 30% ante o dólar; e o banco Credit Suisse classificou a moeda brasileira como “tóxica”. A pandemia avança pelo país com 514.849 casos e 29.314 mortes confirmadas até o dia 31 de maio. Diante da nova realidade, como ficam os planos de investimentos? Quais os desafios para atrair o tão necessário capital privado e manter os projetos de infraestrutura de transporte essenciais para o desen-

distanciamento social que têm sido aplicadas. “Teremos que mudar e adaptar, principalmente, o estudo de demanda, que é a base de qualquer modelagem. Também podemos olhar as modelagens de forma de probabilidade”, diz ele. Em nota, o Ministério da Infraestrutura afirma que “existe a possibilidade de reequilíbrio dos atuais contratos, sobretudo no setor rodoviário, e que as situações serão analisadas caso a caso”. Além disso, a pasta destaca que, como se trata de empreendimentos com características de demanda distintas dentro do mesmo setor, os ajustes também serão feitos caso a caso. Insegurança Além da queda na demanda que provoca a necessidade de revisão da modelagem, as crises sanitária e política pelas quais o Brasil passa geram insegurança para investidores. Dados do Banco Central mostram que a saída líquida de recursos do país somou US$ 10,8 bilhões no acumulado do início do ano até o último dia 27 de março. Foi um salto de 145%

O Plano CNT de Transporte e Logística (2018) já estimava que é necessário R$

1,7

trilhão

em mais de 2.600 intervenções para todos os modais (rodoviário, ferroviário, aquaviário e aéreo)

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/// Capa

sobre o mesmo período de 2019. O Risco Brasil, medido pelo CDS (Credit Default Swap), subiu 220%. “O controle problemático da epidemia desfavorece a atração e a retenção de investidores; e ainda temos a crise política. Tudo isso é um fator complicador, pois precisamos do máximo de coorde-

Aposta no modelo híbrido e na taxa de retorno Para as rodadas de 2020, o governo aposta em um modelo de concessões híbrido, no qual o critério usado para o vencedor será a combinação entre o menor valor de tarifa e o maior valor de outorga fixa. Nas rodovias, o modelo já deve ser utilizado para as novas rodadas. Com relação à BR-163/230/ MT/PA, o estudo indicou o critério de menor tarifa em detrimento do novo modelo híbrido utilizado na BR-153/080/414/GO/ TO como sendo o mais adequado ao projeto, segundo o Ministério da Infraestrutura. Na visão de Leonardo Vianna, da CCR, a vantagem do modelo híbrido é limitar o investimento de curto prazo. “Esse limita, de alguma forma, a entrada de empresas com visão apenas de curto prazo, que, em muitos processos, oferecem descontos irreais e que, mais tarde, se mostram inviáveis.”

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nação para chegarmos às melhores respostas. Faltam respostas sanitárias e econômicas. Estamos em um coquetel bastante perigoso”, avalia o sócio-diretor da LCA - Soluções Estratégicas em Economia, Fernando Sampaio. Para Marcus Quintella, da FGV, a insegurança política tem

O governo federal também acena com mudanças na taxa de retorno (margem de lucros) para 2021. Com isso, será possível ter mínimos maiores para atrair investidores; e a taxa só é definida no momento do leilão. Geralmente, as rodovias possuem uma taxa de 9,2% e passariam para 10,2%. Projetos ferroviários possuem taxas que giram em torno de 12%; enquanto os aeroportos têm 7,5%. De acordo com o Ministério da Infraestrutura, atualmente, a taxa interna de retorno é indicada pelo Ministério da Economia, seguindo o risco de financiamento associado ao projeto e uma série temporal de vários anos. “A atratividade dos investimentos deve ser analisada em um contexto mundial. Nossas taxas de retorno ainda se mostram atrativas”, afirma nota do ministério. Para Vianna, mais do que taxas internas de retorno, as concessões precisam ter estabilidade e segurança jurídica. “É fundamental entender que uma concessão ou uma PPP (Parceria Público-Privada) deve ser gerida ao longo de 20, 25 ou 30 anos. Isso significa que os projetos cruzam vários governos. As

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um peso maior que a jurídica ou regulatória. “Muitas vezes, o investidor banca a questão econômica, mas a política, na matriz de risco, é uma situação muito cara para se precificar. Hoje, o problema é o cenário político de indefinição que estamos mostrando para os próximos dois anos.”

regras precisam ser claras e entendidas como de Estado, e não de governos. Não adianta haver taxas de retorno adequadas se não houver estabilidade ou segurança jurídica. A taxa é importante, mas há diversas outras questões relevantes que precisam ser consideradas.” No caso das ferrovias, o diretor-executivo da ANTF, Fernando Paes, avalia que é preciso manter os níveis acordados. “Estamos submetidos a uma taxa definida em 2017 e que está em fase de revisão pela ANTT. Com a pandemia, discutir taxa de retorno é um exercício de futurologia. Ela sairá distorcida para mais se considerarmos a pandemia; e, se não a considerarmos, será distorcida para menos. O mais cauteloso seria aguardar.”

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/// Capa

Aeroportos Um dos mais afetados pela pandemia, o setor aéreo registrou queda de 93,09% no transporte de passageiros dentro do Brasil, em abril, o pior resultado desde 2000, segundo dados da Anac (Agência Nacional de Aviação Civil). À queda de demanda, somam-se as novas exigências sanitárias que estão sendo colocadas para a operação da atividade. “O novo cenário exige um novo olhar sobre a modelagem das concessões, desenhadas antes da pandemia”,

avalia o engenheiro de infraestrutura aeronáutica Mozart Alemão. A expectativa do governo federal é atrair R$ 5 bilhões com o leilão de 22 aeroportos até 2022. “Qualquer nova exigência eleva os custos. Os dados devem ser revistos para verificar se vale a pena manter as concessões para este ano, ou deixar para o ano que vem, e avaliar a demanda”, destaca Alemão. O Ministério da Infraestrutura afirma que “os ajustes de custos para os leilões de aeroportos serão feitos” e que, como a previsão para o início das operações é 2021, provavelmente, “os protocolos serão diferentes dos atuais, e todas as regras da vigilância sanitária do Ministério da Saúde devem ser respeitadas pela operadora”.

Agenda do Ministério da Infraestrutura

AÉREO

22 aeroportos

» 7 no Norte (Boa Vista/RR, Manaus/AM, Tefé/AM, Tabatinga/AM, Cruzeiro do Sul/AC, Rio Branco/AC e Porto Velho/RO) » 6 no Centro (Goiânia/GO, Petrolina/PE, Palmas/TO, Teresina/PI, Imperatriz/MA e São Luís/MA) » 9 no Sul (Londrina/PR, Foz do Iguaçu/PR, Bacacheri/PR, Curitiba/PR, Joinville/SC, Navegantes/SC, Uruguaiana/RS, Bagé/RS e Pelotas/RS)

Investimentos previstos: R$ 5 bilhões Leilão: dezembro de 2020

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Rodovias O rebaixamento da nota do país “piora a performance de toda a economia”, avalia o presidente da CCR, Leonardo Vianna. O grupo venceu o leilão da BR-101, em Santa Catarina, e pediu o adiamento da assinatura do contrato em razão da pandemia. Nas rodovias concedidas, o índice de movimentação caiu 43,8% em abril, referente ao mesmo mês do ano anterior, segundo a ABCR (Associação Brasileira de Concessionárias de Rodovias). No entanto, mesmo diante da crise, Vianna enxerga possibilidades para novos investimentos não previstos inicialmente nos contratos atuais. “Esses investimentos são o mecanismo mais rápido e eficiente para permitir a criação de empregos e

a geração de renda para a população. Existem bilhões de reais de novos projetos identificados e necessários nas concessões que podem ser alavancados de imediato.” Sobre o interesse em novas concessões, ele diz que a intenção existe desde que se estabeleçam alguns critérios. “Precisam ser viáveis dos pontos de vista econômico-financeiro e socioambiental e é preciso que tenham regras claras para todo o período da concessão e gerem valor para os acionistas.” A previsão, segundo o Ministério da Infraestrutura, é que R$ 42,6 bilhões sejam investidos com os leilões de sete rodovias, todos previstos para este ano.

Agenda do Ministério da Infraestrutura

RODOVIÁRIO 7 rodovias

» BR-101/SC – 220 km - Div. SC/RS – Paulo Lopes/SC: leilão já realizado » BR-163/230/MT/PA – 970 km – Sinop/MT – Miritituba/PA: leilão no 2º trimestre » BR-153/080/414/GO/TO – 852 km - Anápolis/GO – Aliança do Tocantins/TO: leilão no 3º trimestre » BR-381/262/MG/ES – 672 km – Belo Horizonte/MG - Governador Valadares/MG – Viana/ES: leilão no 4º trimestre » BR-116/101/465/RJ/SP – 402 km - Rio de Janeiro/RJ – São Paulo/SP: leilão no 4º trimestre » BR-116/493/RJ - 711 km - Rio de Janeiro/RJ – Além Paraíba/MG - Gov. Valadares/MG: leilão no 4º trimestre » BR-040/495/RJ/MG – 180 km - Juiz de Fora/MG – Rio de Janeiro/RJ: leilão no 4º trimestre

Investimentos previstos: R$ 42,6 bilhões CNT TRANSPORTE ATUAL | MAIO / 2020

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Ferrovias Com a expectativa de gerar R$ 52,8 bilhões de investimentos entre leilões e renovações, o setor ferroviário de cargas é um dos menos impactados pela crise devido à natureza da sua operação e, após três meses de queda, mostrou um crescimento de 27% em abril, de acordo com a ANTF (Associação Nacional dos Transportadores Ferroviários). “As empresas já mostraram condições e apetite para investir. Quando falamos em obras em ferrovias, falamos em obras bilionárias”, destaca o dire-

tor-executivo da ANTF, Fernando Paes, considerando que, apesar do contexto econômico difícil, o setor tem respaldo de investimento nos leilões e nas renovações. Em maio, foi assinado o contrato de concessão da Malha Paulista. Os investimentos somam mais de R$ 6 bilhões em obras, com previsão de ampliação da capacidade de transporte de cargas de 35 milhões para 75 milhões de toneladas. Foram quatro anos de tratativas para viabilizar a renovação antecipada da linha. O contrato original, que venceria em 2028, foi renovado por mais 30 anos. A concessionária se comprometeu em investir em trilhos, vagões e locomotivas, entre outras melhorias. A União deve arrecadar R$ 2,9 bilhões com a renovação somente em outorgas.

Agenda do Ministério da Infraestrutura

FERROVIÁRIO

2 ferrovias + 4 renovações antecipadas » Renovação Rumo Malha Paulista (1.989 km): assinatura de contrato já realizada » Renovação Estrada de Ferro Carajás (892 km): assinatura de contrato no 2º trimestre » Renovação Estrada de Ferro Vitória a Minas (895 km): assinatura de contrato no 2º trimestre » FIOL (Ferrovia de Integração Oeste-Leste): Ilhéus/BA – Caetité/BA (537 km): leilão no 3º trimestre » Ferrogrão: Lucas do Rio Verde/MT – Sinop/MT – Miritituba/PA (1.142 km): leilão no 3º trimestre » Renovação MRS Logística S.A. (1.686 km): assinatura de contrato no 4º trimestre

Investimentos previstos: R$ 52,8 bilhões

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Portos No setor portuário (portos públicos e privados), a movimentação registrou queda de 1,1% em relação ao mesmo período do ano passado, segundo a Antaq (Agência Nacional de Transportes Aquaviários). Para aquecer o setor, foi aberta uma audiência pública para o leilão no porto de Santos (SP), com investimentos de R$ 1,2 bilhão. Além do terminal, a intenção é leiloar 15 terminais até o fim do ano - R$ 900 milhões de investimentos.

Apesar da queda no último mês, é possível que os portos ganhem novos clientes, avalia Marcus Quintella, da FGV. “Teremos um recorde da safra de soja, e isso pode ajudar o setor. Outra coisa é o crescimento do e-commerce nos mercados nacional e mundial. Isso poderá aumentar o transporte de contêineres.” ◼

Agenda do Ministério da Infraestrutura

AQUAVIÁRIO

9 terminais portuários » 1 em Fortaleza/CE (Terminal Marítimo de Passageiros de Fortaleza): leilão no 1º trimestre » 4 em Itaqui/MA (IQI03, IQI11, IQI12 e IQI13): leilão no 2º trimestre » 2 em Santos/SP (STS 14, STS 14A): leilão no 3º trimestre » 1 em Salvador/BA (ATU12): leilão no 4º trimestre » 1 em Paranaguá/PR (PAR 32): leilão no 4º trimestre

Investimentos previstos: R$ 900 milhões

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/// Institucional

Valorização do transporte A CNT, com o apoio de entidades do setor de transporte de todo o Brasil, inicia a campanha O Transporte Move o Brasil por Natália Pianegonda

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/// Institucional

A

disso, é valorizada a atuação de cada modal, dos transportadores e dos trabalhadores do setor. “O transporte foi recentemente reconhecido como atividade essencial e, nesta crise, exerce seu papel como nunca, apesar das dificuldades e da queda na demanda, que tem afetado o custeio das operações”, destaca o presidente da CNT, Vander Costa. “É necessário que haja esse reconhecimento e que sejam adotadas medidas cada vez mais efetivas para que o setor mantenha as atividades, fundamentais para o enfrentamento e para a superação desta crise”, complementa. Todo o material (peças para redes sociais e vídeos) está disponível para acesso e download na página otransportemoveobrasil.cnt.org.br. As peças poderão ser customizadas com a inclusão de marcas das instituições e das empresas que queiram aderir à campanha.

CNT (Confederação Nacional do Transporte) iniciou, em maio, a campanha nacional O Transporte Move o Brasil. A ação tem como objetivo chamar a atenção para a importância do setor na garantia do abastecimento e dos deslocamentos necessários, especialmente neste momento de crise de saúde em razão da pandemia da covid-19. A campanha, que tem início nas plataformas digitais, ressalta que a atividade transportadora abastece, conecta e torna possível o movimento que leva o Brasil para a frente. Além disso, traz a mensagem de que, quando se faz presente na vida de cada um, é capaz de mudar a realidade do país inteiro. No material, chama-se a atenção para como o transporte está presente no dia a dia dos brasileiros e para sua relevância a todos os demais segmentos da economia. Além

Veja aqui os materiais da campanha

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/// Institucional

Atuação destacada O lançamento da campanha nacional se soma ao trabalho protagonizado pela CNT, com o apoio de entidades associadas, na defesa do setor, a fim de mitigar os impactos da pandemia da covid-19 sobre a atividade transportadora.

Entre os destaques desse trabalho no último mês, estão: » Publicação da MP n.º 975, que institui o Programa Emergencial de Acesso a Crédito destinado a empresas que tenham auferido, no ano-calendário de 2019, receita bruta superior a R$ 360.000,00 e inferior ou igual a R$ 300.000.000,00. A medida atende à demanda realizada pela CNT em reuniões com o Ministério da Economia e o BNDES. » Atuação para prorrogação da desoneração da folha de pagamento na MP n.º 936/2020. » Articulação com parlamentares e equipes do governo federal em defesa do Sistema S e a contribuição de entidades como o SEST SENAT para o desenvolvimento do país. » Articulação para incluir pontos na MP n.º 927/2020. A CNT tem se reunido com parlamentares e representantes do governo federal para solicitar que sejam incluídos nove pontos na medida provisória: 1. correção dos débitos trabalhistas; 2. saque dos depósitos recursais; 3. participação nos lucros ou resultados e prêmios; 4. vale alimentação; 5. efeito interpretativo de parte dos temas aqui propostos; 6. segurança jurídica para o trabalho diferenciado; 7. acidentes de percurso não caracterizados como acidente de trajeto; 8. dupla visita orientadora; 9. requisitos para embargos e interdições.

A CNT também disponibiliza cartilhas com orientações sobre as medidas emergenciais do governo quanto ao enfrentamento da pandemia. Os guias são atualizados frequentemente e podem ser acessados aqui

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/// Tendência

Para transmitir segurança Passada a fase de distanciamento social, novas rotinas e tecnologias podem ser a resposta para o transporte reconquistar a confiança dos clientes por Gustavo T. Falleiros

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/// Tendência

A

pandemia da covid-19 espalha no ar um sentimento danoso ao setor transportador: o medo. Com a emergência de saúde, o fluxo de pessoas caiu bruscamente, puxado pelas medidas de distanciamento social. Para se ter uma ideia, no caso das companhias aéreas, a demanda por voos domésticos recuou 93% em abril, em comparação ao mesmo período de 2019, segundo a Anac (Agência Nacional de Aviação Civil). Números muito abaixo da normalidade também foram registrados nos modais rodoviário e metroferroviário de passageiros.

Agora que diversos estados brasileiros ensaiam a retomada gradual do comércio e da prestação de serviços, é natural que os sistemas de transporte sejam “reiniciados”. A operação com plena capacidade, no entanto, deve demorar a ocorrer. Será necessário quebrar a barreira psicológica do público com um misto de ações de marketing, adoção de protocolos de segurança sanitária e uso de novas tecnologias. Todos esses elementos compõem um ambiente de negócios que vem sendo chamado de low touch economy, ou seja, uma economia de baixo contato físico (leia mais nas páginas 40 a 45).

O ar que circula nos ônibus

de características urbanas para transporte coletivo de passageiros”. De acordo com o texto, os equipamentos de ventilação devem assegurar a renovação de ar no veículo de, pelo menos, 20 vezes por hora. Uma outra norma trata especificamente sobre a instalação de sistemas de ar condicionado: a ABNT NBR 16401/2008. Ambas as normas podem ser revistas no futuro.

Uma fonte de dúvidas em transportes coletivos é a circulação do ar. Será que ele é renovado de modo satisfatório? Engenheiros e outros técnicos se debruçam sobre a questão desde muito antes da pandemia do novo coronavírus. A ABNT (Associação Brasileira de Normas Técnicas) formulou uma norma para dirimir dúvidas, a ABNT NBR 15570/2011, que trata de “especificações técnicas para fabricação de veículos

ANTT recomenda janelas abertas A ANTT (Associação Nacional de Transportes Terrestres) ampliou, recentemente, o conjunto de medidas de enfrentamento à crise

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Muitos equipamentos vêm sendo testados com o objetivo de elevar o nível de biossegurança em pontos de embarque ou no interior de veículos. Uma das experiências mais promissoras vem de Nova York, onde a autoridade responsável pelo transporte público (The Metropolitan Transportation Authority) está utilizando um disparador de luz ultravioleta (UV-C) para livrar ambientes do novo coronavírus. Na primeira fase, foram instaladas 150 dessas maquininhas em ônibus, vagões do metrô e estações. A tecnologia já era usada com sucesso em alguns hospitais nos EUA.

sanitária causada pela covid-19. Na resolução n.º 5.893/2020, a autarquia faz a recomendação expressa de que, em veículos sem sistema de climatização, as janelas permaneçam abertas durante a viagem. Daqui para frente, empresas operadoras de serviços de transporte coletivo rodoviário

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interestadual de passageiros e dos serviços de transporte ferroviário de passageiros deverão aplicar as orientações do Guia Sanitário de Veículos Terrestres n.º 18/2019, da Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária). O guia descreve medidas e ações para limpeza e desinfecção dos veículos.

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/// Tendência

Recentemente, a Airbus anunciou que trabalha ao lado da Koniku para desenvolver sensores olfativos da covid-19. A aérea se interessou pelos experimentos em biotecnologia da startup californiana, que incluem a fabricação de microprocessadores a partir de neurônios biológicos. Até então, a técnica era aplicada, entre outros fins, na identificação de drogas ilícitas e na detecção de ameaças biológicas em atentados terroristas. Como a covid-19 é transmitida, principalmente, por partículas de saliva suspensas no ar, os neurônios podem ser programados para sentir esse cheiro específico e disparar um “alarme”. De acordo com o jornal The Financial Times, a Airbus pretende instalar esses sensores em aeroportos e nas aeronaves da sua frota. Outra startup, a israelense Adasky, fez o caminho contrário: migrou da tecnologia embarcada para a área hospitalar. Desenvolvedora de um sofisticado sistema de câmeras térmicas para automóveis, a empresa agora fornece scanners corporais capazes de detectar, em tempo real, indivíduos com febre em um raio de dez metros a partir do sensor. Trata-se de uma adap-

tação do mesmo dispositivo que, antes, servia para alertar motoristas quanto à proximidade de pedestres, animais e obstáculos na via. A invenção está sendo usada em hospitais, na indústria e no comércio. A preocupação com higiene e assepsia tende a acelerar a adoção de sistemas inteligentes e automatizados para diminuir a interação humana ou regular o distanciamento entre os indivíduos. Essas inovações serão de grande valia em serviços que demandam espera e formação de filas. No Brasil, a Azul faz uma experiência com uma ferramenta de realidade aumentada no aeroporto de Curitiba. Trata-se de um conjunto de monitores e projetores batizado de Tapete Azul. Ele “desenha” no chão um tapete virtual colorido e móvel que convida os passageiros a se posicionarem na fila de acordo com o número do assento no bilhete. Ao mesmo tempo em que induz uma distância de quatro metros entre os clientes, o mecanismo tem proporcionado uma economia de cerca de 25% no tempo de embarque, garante a companhia. A automação está presente, por exemplo, em estacionamentos

pagos, cada vez mais self-service, sem emissão de comprovantes em papel e aptos a aceitar pagamento wireless ou por apps de celular. A robótica, por sua vez, ajudará a criar interfaces simpáticas para os mecanismos de vigilância e controle. Hoje, no Aeroporto Internacional de Pittsburgh, nos EUA, um curioso faxineiro ronda os saguões: o robozinho criado pela Carnegie Robotics. Literalmente, ele varre o chão com luz UV-C e, o mais importante, transmite a mensagem de que a administração do espaço se preocupa com a saúde das pessoas. Desde que a eficácia seja comprovada, as soluções não precisam ser high-tech. Álcool em gel na concentração 70% ou simplesmente água e sabão servem muito bem para eliminar o vírus da covid-19 de superfícies e são parte da rotina de limpeza de diversas empresas de transporte. Por outro lado, há uma gama de métodos, como geradores de ozônio e sprays antimicrobianos de uso automotivo, que carecem de estudos científicos mais aprofundados e validação por parte da Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária).

Veja aqui a lista de saneantes que podem substituir o álcool em gel no combate à covid-19

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/// Tendência

Aviso aos passageiros Em meio a tantas preocupações despertadas pela pandemia, Romeo Busarello, vice-presidente de Marketing e Ambientes Digitais da Tecnisa e professor da ESPM, tem uma boa notícia para os transportadores: “O medo passa”. Por outro lado, o empresário pode estar certo de que terá um cliente muito mais vigilante daqui para a frente. “O mercado deverá se comunicar por meio de ações. O público vai senti-las no uso. Empresas vão ter que fazer e mostrar que estão fazendo”, argumenta. Ele imagina que a transformação dos hábitos não será feita por convicção, mas por força de regras e protocolos. “Os governos serão muito mais criteriosos. As empresas farão mudanças por uma forte obrigação com as autoridades sanitárias dos diferentes governos do mundo. Virá uma regulamentação top-down”, prevê. Segundo Busarello, até medidas corriqueiras, como a higienização de sanitários, poderão ganhar certificações de alto nível e que serão exibidas como um trunfo pelas companhias que as implementarem. Christian Tadeu de Souza Santos, presidente dos sindicatos das empresas de TI e presidente da Câmara de Inovação da Fecomércio-DF, não vê

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como retornar à “normalidade” sem “campanhas massivas de retirada do medo”. Segundo ele, “vamos precisar da ajuda da comunicação e do marketing para mostrar que os protocolos de segurança devem ser seguidos”. O comércio, assim como transporte, depende do fluxo de pessoas. “A não aglomeração vai ser um ponto primordial, além de campanhas que abordem tanto a questão educacional, sobre o uso dos EPIs, por exemplo, quanto a questão do ir sem medo”, ressalta. O fim do serviço de bordo? Modal fortemente prejudicado pela pandemia do novo coronavírus, o transporte aéreo de passageiros tem urgência em construir novos marcos para a atividade. Um grande passo nesse rumo foi dado pela Iata (Associação Internacional de Transporte Aéreo) em 19 de maio, data em que divulgou o documento significativamente intitulado como “Biossegurança para o transporte aéreo: um roteiro para recomeçar a aviação”. Trata-se de um chamado a empresas e governos do mundo todo para adotar protocolos adequados à nova realidade. Assim, a Iata unificou, em um só texto, medidas já conhecidas, mas implementadas de forma esparsa pelos países. Entre elas, estão: redu-

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ção de contato físico; uso de máscaras pela tripulação e por passageiros; limitações de bagagens de mão; mudanças nos serviços de bordo; e adoção de rotinas de limpeza. A entidade vai além e prevê a necessidade de os governos coletarem informações sobre a saúde dos passageiros, “como foi feito após o 11 de setembro”. Afirma, ainda, que o principal desafio é garantir que “a aviação não é um vetor significativo para a transmissão da covid-19”. O documento assevera que as recomendações são de caráter provisório e podem ser revisadas tão logo surjam alternativas melhores. Em sintonia com a Iata, a Anvisa divulgou novas medidas sanitárias a serem adotadas em aeroportos e aeronaves. Entre outros pontos, a agência pretende “intensificar a vigilância de casos suspeitos da covid-19”. A nota técnica chamou a atenção por recomendar a suspensão dos serviços de bordo em voos nacionais. Para as viagens internacionais, a agência sugere priorizar alimentos e bebidas em embalagens individuais, devidamente higienizadas. Seguindo na íntegra as recomendações da Anvisa, a Anac (Agência Nacional de Aviação Civil) atualizou seus protocolos.

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/// Tendência

Princípios para a retomada da aviação no mundo,segundo a Iata A aviação sempre colocará a segurança em primeiro lugar, com um regime de biossegurança baseado na ciência.

A aviação responderá, com flexibilidade, à medida que a crise e a ciência evoluírem, a fim de implementar novas soluções confiáveis, escaláveis e eficientes. Além disso, desenvolverá uma abordagem previsível e eficaz para gerenciar futuros fechamentos de fronteiras ou restrições de mobilidade e garantir que as medidas sejam apoiadas cientificamente, economicamente sustentáveis, viáveis operacionalmente e revisadas continuamente.

A aviação será um dos principais impulsionadores da recuperação econômica, trabalhando junto a governos e instituições para restabelecer a capacidade de atender à demanda para recuperação econômica o mais rápido possível e garantir que o transporte aéreo seja acessível.

A aviação operará de acordo com padrões globais harmonizados e mutuamente reconhecidos pelos governos e garantirá que as medidas acordadas sejam efetivamente implementadas.

A aviação cumprirá as metas ambientais e reduzirá as emissões de carbono para a metade dos níveis de 2005 até 2050, além de implementar, com sucesso, o Esquema de Redução e Compensação de Carbono para a aviação internacional.

Fonte: “Biosecurity for Air Transport: a Roadmap to Restarting Aviation”, Iata

Leia aqui o documento “Biosecurity for Air Transport: a Roadmap to Restarting Aviation”, produzido pela Iata

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/// Expansão

A vez do digital Na contramão da crise, e-commerce brasileiro registra crescimento de 40% em maio e traz novos desafios para a logística de entregas de mercadorias por Carlos Teixeira

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/// Expansão

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m um caminho inverso aos demais setores da economia, o e-commerce brasileiro vem registrando altas consecutivas. O distanciamento social fez muitas pessoas mudarem seus hábitos de consumo e utilizarem mais a internet para adquirir os mais variados produtos. Levantamento da ABComm (Associação Brasileira de Comércio Eletrônico), realizado em maio, mostra um crescimento de 40% sobre o mesmo período do ano anterior. Segmentos como o de eletrodomésticos, que cresceu 49%; produtos esportivos, 42%; e o de calçados, que aumentou 99%; além de farmácia e supermercado puxaram as vendas. “O setor fechou 2019 com um aumento de 23% em relação à receita obtida em 2018 e tem projeção de crescimento para 2020 na faixa de 30%. Aprendemos em crises passadas que temos vantagens, e o consumidor já possui uma percepção de que comprar online é mais barato. Acreditamos que o setor vá continuar crescendo, mesmo neste período de recessão. Se comparássemos a média de pedidos do final do mês de

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abril com a quantidade de pedidos feitos antes da pandemia, as compras diárias cresceriam 17%”, afirma o presidente da associação, Maurício Salvador. CEO da Jadlog, empresa de transporte de encomendas, Bruno Tortorello fala que, desde o final de março e o início de abril, a empresa vem operando com volumes da Black Friday de 2019. “Movimentamos cerca de 150 mil encomendas por dia. Esse pico que seria atingido em meados de julho acabou antecipado. Houve um crescimento de 30% a 35% nas movimentações, quando iniciaram as medidas de isolamento.” Entre os produtos mais entregues pela Jadlog, estão peças de vestuário e artigos para o lar, eletroeletrônicos, bebidas, brinquedos e artigos de higiene pessoal, além de encomendas do segmento de “faça você mesmo”, como peças e ferramentas para pequenos reparos e produtos para mini hortas caseiras. As entregas estão pulverizadas para todo o Brasil, mas a maior concentração é na região Sudeste. Para as transferências interestaduais, a empresa possui uma frota de 250 caminhões e carretas, além de 2.500

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veículos, entre vans e utilitários, para a última milha. Para atender às medidas sanitárias, a transportadora implementou um comitê específico de monitoramento e passou a adotar um protocolo rígido de prevenção. Além disso, as entregas passaram a ser feitas sem contato físico, com o intuito de preservar o entregador e o consumidor. “Ao receber a encomenda, o consumidor não precisa mais assinar o recibo. O entregador apenas coleta os dados (nome e RG) e, dessa forma, consegue dar baixa no sistema, evitando contatos com a caneta e os equipamentos”. Essas medidas acabaram impactando também o financeiro da empresa. “Investimos em segurança sanitária e não houve crescimento do faturamento na mesma proporção do crescimento das entregas, como ocorreria em situação normal”, afirma Tortorello. Dificuldades nas entregas De acordo com o professor do Observatório de Logística Urbana e Mobilidade da UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais), Ricardo Martins, apesar de o distancia-

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/// Expansão

mento social ter retirado quase 50% dos veículos das ruas em grandes centros, aos poucos, essa movimentação foi sendo retomada por conta das demandas do e-commerce, que passou a utilizar carros de passeio, vans e motos nas entregas. Além disso, a incorporação de novos clientes e a venda de novos produtos trouxeram para o setor um novo gargalo: a expectativa de entregas. O transporte de longas distâncias perdeu capacidade por

Cenário antes da pandemia A movimentação de cargas nos centros urbanos, relacionada ao abastecimento das cidades de forma geral, já convivia com dificuldades antes mesmo da pandemia. As restrições impostas à circulação de caminhões aumentam os prazos das entregas e os custos do serviço. O estudo da CNT intitulado como “Logística Urbana:

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dificuldade de operações, afirma Martins. “Empresas enfrentaram dificuldades nas fronteiras dos estados devido às restrições impostas como medida sanitária.” Essa dificuldade acabou impactando os prazos de entregas, que registraram crescimento. Para o presidente da ABComm, a pandemia pegou todo mundo de surpresa, mas a adaptação foi rápida. “Muitas lojas virtuais, em função da dificuldade de circulação das transportadoras,

Restrições aos Caminhões?” analisou as condições do transporte de cargas em sete regiões metropolitanas: São Paulo (SP), Belo Horizonte (MG), Curitiba (PR), Porto Alegre (RS), Goiânia (GO), Recife (PE) e Manaus (AM). Além disso, mostrou as dificuldades que a urbanização trouxe para o abastecimento das cidades. O levantamento constatou que, além das restrições, a deficiência da infraestrutura impacta a atividade transportadora. “Existe a necessidade

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tiveram que aumentar o prazo de entrega. Algumas estão com o prazo duplicado”, destaca ele. A média no estado de São Paulo, que era de quatro dias, passou para oito; no Rio de Janeiro, foi de seis para 12. “De qualquer forma, isso não chegou a ser um problema. O número de reclamações por causa de atrasos não aumentou significativamente. Então, eu considero que a logística no e-commerce brasileiro tem funcionado bem”, frisa Salvador.

de pontos de armazenamento melhor preparados geograficamente dentro das cidades. Atualmente, por exemplo, 80% da área de armazenagem que serve Belo Horizonte está em Contagem (cidade da Região Metropolitana de BH). É preciso ter condomínios logísticos posicionados em áreas marginais das cidades. Isso seria um facilitador para não haver grandes veículos dentro das cidades, assim, as lojas poderiam se tornar apenas pontos de entrega”, observa Ricardo Martins. ◼

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/// Mercado

O efeito fênix Como consequência da pandemia, empresas reavaliam o modelo de negócio e diversificam a operação. Tecnologia e feedback do usuário ajudam nesse processo por Gustavo T. Falleiros

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/// Mercado

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De acordo com o CEO, eles souberam identificar uma oportunidade logo no início da crise. “Sempre fomos uma empresa que transportava muito B2B (business to business), ou seja, de empresa para empresa. E tínhamos uma fração pequena nos nossos negócios de B2C (business to consumer, da empresa para o consumidor final). Ocorre que, quando houve o fechamento e as restrições do varejo no Brasil inteiro, o B2C tomou uma dimensão muito grande”, explica. A partir dessa constatação, foi montada uma nova estratégia. “Na nossa empresa, temos duas TIs (tecnologia da informação): uma de manutenção e outra de evolução. Assim, quase imediatamente, no período de uma semana, a nossa TI de evolução preparou, dentro da nossa plataforma digital, sistemas que pudessem suportar as operações B2C. Fomos ao mercado oferecer nossas opções B2C, e o nosso fluxo de cargas cresceu vertiginosamente. Hoje, temos majoritariamente uma operação B2C – e estamos indo muito bem”, revela.

s primeiras notícias pós-pandemia sobre o transporte eram desanimadoras. Mais de 90% do setor havia sido afetado negativamente; 71,1% das empresas estavam enfrentando problemas de caixa; 53,7% delas disseram que não suportariam mais do que um mês de operação sem socorro financeiro. Os dados foram coletados pela CNT (Confederação Nacional do Transporte) no início de abril e constam da primeira Pesquisa de Impacto no Transporte – Covid-19. Para alguns negócios, porém, a dificuldade ocasionada pela emergência sanitária funcionou como um freio de arrumação. Um exemplo desse redirecionamento de esforços vem da experiência de empresas do setor rodoviário de cargas e do setor aéreo. “Nós estamos sentindo muito pouco as restrições impostas pelo isolamento social, e tenho a impressão de que vamos sair fortalecidos desse processo”, avalia o diretor-presidente da transportadora Braspress, Urubatan Helou.

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/// Mercado

Nova vocação no setor aéreo A circunstância da pandemia exigiu capacidade de adaptação também por parte do transporte aéreo. O modal tem sido requisitado para a entrega de produtos e insumos hospitalares, tais como equipamentos de proteção individual, respiradores, álcool em gel e alimentos. Sintonizada com a demanda, a Anac (Agência Nacional de Aviação Civil) aprovou o transporte exclusivo de cargas na cabine de passageiros. A medida, de 4 de abril, tem caráter excepcional e terá vigência enquanto durar o estado de emergência decorrente da pandemia do novo coronavírus. A Latam é uma das companhias que tem feito esse tipo de operação cargueira. A estreia desse tipo de viagem foi em 9 de abril, quando a empresa fez o

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trecho Guarulhos-Recife com um Airbus A321 carregado com dez toneladas de medicamentos. “Neste momento difícil, nosso compromisso em contribuir com o abastecimento das cargas essenciais à população se torna ainda mais importante. Seguimos trabalhando fortemente nesse sentido, inclusive, inovando na nossa operação com a utilização de aeronaves de passageiros adaptadas para o transporte exclusivo de cargas, otimizando a frota e ampliando nossa capacidade de transporte de cargas no país”, informou o diretor da Latam Cargo Brasil, Diogo Elias. A autorização da Anac também incentivou a Azul a inovar. Pela primeira vez em sua história, a empresa realizou um voo com cargas em todo o espaço da aeronave. A rota era Campinas-Belém e ocorreu em uma aeronave

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A320Neo, que possui 174 assentos. Ao todo, sete toneladas de cargas foram transportadas no porão da aeronave, nos assentos e nos bins (compartimentos superiores) – o que exigiu supervisão da equipe de engenharia da companhia. “Estamos trabalhando intensamente para atender a pedidos de transporte de cargas, mesmo em meio ao momento difícil pelo qual o mundo passa. A Azul Cargo Express está pronta e preparada para continuar atendendo os clientes com as soluções customizadas que o nosso negócio oferece”, disse Izabel Reis, diretora da unidade de cargas da Azul. Como a demanda por transporte de passageiros diminuiu severamente desde o início da pandemia, o uso de aeronaves da linha comercial para levar cargas é, de certa forma, uma maneira de evitar a ociosidade dos equipamentos.

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/// Mercado

Uma nova era A jornada dessas empresas contém vários dos elementos sempre citados por especialistas de marketing e mercado para o reposicionamento bem-sucedido de uma marca: identificação de oportunidade; ação rápida e baseada em dados; uso da tecnologia; e foco no consumidor. Para muitas empresas com tino para a inovação, a pandemia será um gatilho. “Sim, a covid-19 veio para acelerar processos que já estavam acontecendo”, confirma Claudio Santos, que, além de ser professor da ESPM, é CEO da empresa de consultoria HS&E e empreendedor nas áreas de AI (inteligência artificial) e educação. “Entramos em uma nova era, que é a da sociedade conectada. Essa nova era tem uma forma de inovar, competir e servir os clientes”, define.

De acordo com Santos, o momento de transição traz em si um desafio triplo para os gestores, envolvendo inovação, entrada de novos competidores (outlanders) e o surgimento dos supercompradores ou superclientes. “Inovação é um pilar que virou 180 graus. O ciclo de inovação se inverteu: primeiro, você vai consultar o cliente. A partir daí, você vai cocriar, colaborar e coparticipar. O ciclo não começa mais pelo back office (retaguarda, gestão interna da empresa, setor administrativo). Quem já entendeu isso está fazendo do cliente um agente publicitário, um promotor da marca, um inovador de informação – e entra em um ciclo superpositivo”, detalha. Engajar o público demanda investimentos em front office (a linha de frente, que cuida de venda, pós-venda e relacionamentos) e delimitação clara do

propósito da empresa. É aí onde os gestores encontram maior dificuldade, alerta Claudio Santos. “Agora você tem superclientes, que são informados, exigentes e querem tudo no contexto. A gente fala que está na era do “im”: impaciente, infiel, implacável e instantâneo”, define. Por fim, é preciso estar ciente de que a concorrência ficou mais afiada, pois goza do mesmo acesso a informação. “Em resumo, a covid-19 chegou para dizer: ‘Nossa! Você tem escritório ainda? Você tem custo fixo? Você não faz reunião em webmeeting (reunião online)? Você não sabe gerenciar as pessoas com indicadores em tempo real? Você não trabalha com dados? Então, você virou um walking dead (zumbi)’”, conclui Santos, ressaltando que usa palavras fortes por um motivo – “Tento balançar as pessoas”.

Consulte o Painel Impacto no Transporte – Covid-19

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/// Mercado

Bem-vindos à economia de baixo contato físico Já existe uma tentativa de cunhar um termo para a “nova era” anunciada pela pandemia: low touch economy. Em tradução livre: economia de baixo contato físico. A expressão tem aparecido em diversas lives (transmissões ao vivo) do mundo corporativo e foi impulsionada por um relatório estratégico divulgado recentemente pelo Board of Innovation. Basicamente, os especialistas assumem que o distanciamento social ainda vai durar bastante e que o quadro de recessão mundial não se reverterá antes de 2022. Enquanto isso, o que as

companhias do mundo devem fazer? De acordo com o Board of Innovation, daqui para a frente, as operações devem se atentar para quatro movimentos. O primeiro é entender o impacto no seu ramo. Não confie em previsões genéricas. Em vez disso, tente mensurar as mudanças trazidas pela epidemia em toda a sua cadeia, incluindo fornecedores, consumidores e, por fim, a própria sociedade. O segundo é desenvolver uma estratégia, a partir do conhecimento acumulado em crises anteriores. O terceiro é ir para o ataque e “pivotar” (mudar de estratégia) o que for possível o quanto antes. Por último, é preciso fazer acontecer – no sentido de aproveitar o gás dado pelo trabalho remoto e experimentar novos modelos de negócios. ◼

O desenho de um negócio “low touch” Baseado em baixa interação física entre clientes e atendentes

+

Apto a operar com restrições de viagens e novos protocolos sanitários

+ +

Atento aos grupos de risco e sem promover aglomerações

Flexível o suficiente para navegar nas marolas da economia global

+

Apto a criar alto impacto via inovação e modelos evoluídos de negócios (Fonte: The Winners of the Low Touch Economy – Board of Innovation)

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/// Proteção

Cuidado essencial SEST SENAT participa de rede de enfrentamento à exploração sexual de crianças e adolescentes; ações de sensibilização são intensificadas durante o período de distanciamento social por Renata Ramalho

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/// Proteção

T

al qual uma moeda, o distanciamento social necessário devido à pandemia do novo coronavírus tem dois lados: um protege e o outro vulnerabiliza. Ao mesmo tempo em que a principal medida recomendada pelos órgãos de saúde tem potencial para reduzir os riscos de disseminação da covid-19, ela deixa famílias mais suscetíveis aos sérios prejuízos sociais e econômicos que já atingem parcela significativa da população. Guiado pelo seu compromisso social, o SEST SENAT participa, há 16 anos, de uma grande rede de enfrentamento à violência sexual contra crianças e adolescentes, um crime que continua a existir no país. As ações da instituição sobre esse tema integram o projeto Proteção, que já sensibilizou mais de 200 mil

pessoas em todo o Brasil. Agora, no período da pandemia, o SEST SENAT reforça a importância do cuidado, já que o distanciamento social não coibiu a exploração sexual de meninos e meninas. A subnotificação de denúncias dificulta a identificação das redes de aliciamento que comercializam programas sexuais com menores de 18 anos em pelo menos 2.487 pontos mapeados pela PRF (Polícia Rodoviária Federal). “Para inverter essa realidade, o SEST SENAT age para conscientizar que a exploração sexual é crime que precisa ser combatido e denunciado por toda a sociedade brasileira. Para isso, atuamos, de forma permanente, nas ações nacionais e nos atendimentos das 155 unidades operacionais da nossa instituição”, explica o diretor-adjunto do SEST SENAT, Vinícius Ladeira.

Mais unidades protetoras Para elevar a efetividade do projeto Proteção, o SEST SENAT formou uma rede com 30 unidades protetoras, definidas a partir do mapeamento dos pontos de maior vulnerabilidade à ocorrência de exploração sexual nas rodovias brasileiras. Elas vêm sendo preparadas para integrar ações junto ao poder público local e aos órgãos de defesa dos direitos das crianças e dos adolescentes e para dialogar com o setor privado. Em 2020, o projeto deve ganhar um reforço de mais 15 unidades operacionais do SEST SENAT.

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Ele participou de uma live promovida pelo SEST SENAT e pela Childhood Brasil em 18 de maio, Dia Nacional de Combate ao Abuso e à Exploração Sexual de Crianças e Adolescentes. A conversa teve a mediação do jornalista Pedro Trucão e trouxe uma questão importante: a preocupação ainda maior, em função do distanciamento social, com os menores abusados no ambiente familiar. A conversa online foi uma das ações realizadas pelo SEST SENAT para marcar a data. Além dela, a instituição tem atuado nas mídias sociais e levado as informações de sensibilização aos trabalhadores do transporte em todos os seus atendimentos. Segundo Eva Dengler, da Childhood Brasil, instituição parceira do SEST SENAT em ações socioeducativas, a cada 15 minutos, uma

Canais de denúncia As denúncias são anônimas e encaminhadas para as autoridades competentes.

Disque 100 Ligações gratuitas, de celular ou telefone fixo. Funciona 24 horas por dia, inclusive aos sábados, domingos e feriados.

APP Direitos Humanos Brasil e site ouvidoria.mdh.gov.br Denúncias recebidas via chat. O aplicativo foi criado em função da pandemia do novo coronavírus e está disponível na App Store e no Google Play.

Disque 191 O canal da PRF é mais adequado para denúncias de situações suspeitas nas rodovias.

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/// Proteção

criança ou um adolescente sofre algum tipo de violência sexual no Brasil e, em 77% dos casos, o agressor é um parente ou um conhecido da vítima. Ela explica que o abuso sexual ocorre quando a criança ou o adolescente é usado para satisfação sexual de um adulto sem a situação de comércio ou de gratificação. “Com o isolamento social e o fechamento das escolas em função da pandemia, esse panorama tende a se agravar”, afirmou a especialista, que também participou do bate-papo online. A importância de denunciar Eva Dengler ainda destaca a relação entre a perda de renda - como uma consequência da pandemia - e o aliciamento de menores de 18

anos. “As famílias podem buscar na exploração sexual uma forma de garantir a manutenção de recursos. Como o tráfego de veículos nas estradas não parou, reforçamos o alerta de que é preciso abrir os olhos e fazer a denúncia”, completa. “O Proteção tem parcerias com órgãos e instituições, como a Childhood Brasil, que trabalha na capacitação de agentes multiplicadores, como os caminhoneiros, considerados fundamentais no enfrentamento à exploração sexual de crianças e adolescentes”, explica o diretor-adjunto do SEST SENAT. Para corroborar a afirmação de Vinícius Ladeira, Eva Dengler cita que, de acordo com pesquisas, a percepção desses profissionais sobre o tema vem mudando. “Ao longo de 15 anos, houve uma mudança

na percepção desses profissionais, que hoje sabem que a exploração sexual é um crime e precisa ser denunciado. Em 2005, quatro de cada dez caminhoneiros entrevistados diziam ter se envolvido em uma situação como essa. Em 2015, esse número caiu para 1,2 caminhoneiro. Assim que a pandemia passar, vamos fazer um novo estudo, e a expectativa é chegar a menos de um caminhoneiro.” De acordo com Eva, isso significa que esses profissionais estão se tornando grandes parceiros no enfrentamento ao problema. Vinícius Ladeira ressalta ainda que, além dos caminhoneiros, todos os profissionais do transporte são estratégicos no enfrentamento ao problema, como os taxistas, os portuários e os motoristas de ônibus.

Veja aqui o vídeo da live

“Reflexos da pandemia do coronavírus no enfrentamento à exploração sexual de crianças e adolescentes”

SEST SENAT no Maio Amarelo

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Como acontece todos os anos, o SEST SENAT participou da campanha Maio Amarelo, cujo slogan foi “Perceba o risco. Proteja a vida”, que visa alertar a população para o alto índice de mortes e feridos no trânsito. Para isso, compartilhou, em suas mídias sociais, materiais educativos e informativos sobre a iniciativa, que é coordenada entre o poder público e a sociedade civil. Por conta da recomendação pelo distanciamento social, as ações presenciais do Maio Amarelo serão

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realizadas em setembro, durante a Semana Nacional de Trânsito. Mesmo assim, a mensagem sobre segurança no trânsito foi levada aos profissionais do transporte nos atendimentos presenciais realizados pelas unidades operacionais do SEST SENAT, seguindo as recomendações das autoridades de saúde. ◼

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/// SEST SENAT

Mais perto do trabalhador Com a oferta dos atendimentos online, o SEST SENAT se aproxima dos trabalhadores do transporte e garante a melhoria da qualidade de vida deles e dos seus dependentes da redação

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/// SEST SENAT

E

star presente no cotidiano dos trabalhadores do transporte, melhorando a qualidade de vida deles e contribuindo para o aprimoramento do desempenho profissional dentro das empresas, sempre esteve entre os objetivos dos trabalhos desenvolvidos pelo SEST SENAT. Com o uso da tecnologia, a instituição inovou na oferta de serviços e passou a disponibilizar atendimentos de saúde na modalidade online. Desde abril, estão sendo ofertados atendimentos de psicologia, nutrição e fisioterapia. Tudo com a segurança, a tranquilidade e a confidencialidade necessárias para os tratamentos. O novo serviço faz parte do conjunto de ações adotadas pela instituição para minimizar os impactos da crise de saúde causada pela pandemia do novo coronavírus, especialmente sobre o setor transportador. O projeto de assistência virtual já estava em andamento desde o ano passado no SEST SENAT, que está sempre em

busca das práticas mais modernas e inovadoras. Mas, com a eclosão da crise, foi antecipado para atender às necessidades mais urgentes das empresas. Com a modalidade a distância, os trabalhadores do transporte podem realizar os atendimentos e contar com o apoio do SEST SENAT em qualquer localidade. Quem está sendo cuidado aprova. Gestante, Anna Catarina Costa de Paiva, dependente de trabalhador do setor, viu no serviço online de nutrição a oportunidade para continuar o seu tratamento. “Se não fosse esse atendimento online, eu não estaria indo às consultas neste período de pandemia porque estou grávida e não quero sair de casa. No atendimento online, fico tranquila. O serviço tem qualidade igual ao presencial, só que com a segurança e o conforto da minha casa”, relata ela. Anna Catarina revela que, desde quando iniciou o acompanhamento no SEST SENAT, há pouco mais de um ano, conseguiu implantar novos hábitos na família e viu a sua

qualidade de vida melhorar. “Melhorei drasticamente a qualidade da minha vida. Saí do sedentarismo, perdi peso, zerei o meu problema de coluna. E o melhor é que implementei isso em minha família. Mudamos bastante nossos hábitos”, conta ela. Para o atendente de locadora de veículos Erick Ferreira Lima, a assistência virtual é algo que veio para ficar. “Para mim, praticamente não existem diferenças entre o atendimento presencial e o online. Eu me sinto muito à vontade no acompanhamento via internet, além de ser mais cômodo e mais prático, porque não preciso me deslocar. Ganho tempo na minha produtividade”, garante ele, que faz acompanhamento de psicologia desde o ano passado. Os novos serviços do SEST SENAT seguem as diretrizes dos conselhos federais das especialidades de saúde, que, recentemente, divulgaram comunicados relativos a atendimentos virtuais. Os atendimentos são gratuitos para profissionais do transporte e seus dependentes.

Webaulas interativas Uma das medidas também adotadas pelo SEST SENAT para reduzir o impacto da crise do novo coronavírus no setor de transporte é a oferta de webaulas interativas com os conteúdos dos cursos presenciais. Com a utilização de recursos digitais, as unidades de todo o país podem dar continuidade às aulas de capacitação e de qualificação profissional que estão suspensas em razão de decretos locais. Além disso, as unidades estão ofertando novas turmas nessa modalidade. As aulas são ministradas por instrutores do SEST SENAT e, ao longo do curso, as interações são feitas por meio da plataforma Moodle, em canais de chat e de fórum. Para conhecer a agenda de cursos disponíveis, é preciso entrar em contato com as unidades do SEST SENAT.

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/// SEST SENAT

Baixe gratuitamente o aplicativo Microsoft Teams

Como ter acesso aos atendimentos Para ser atendido, o interessado precisará baixar, em seu celular ou em outro dispositivo móvel, o aplicativo da Microsoft Teams, disponível, gratuitamente, nas plataformas App Store e Google Play Store. O acesso também pode ser feito por meio de um computador, pelo site teams.microsoft.com

Clique e faça o download App Store

Google Play Store

Para fazer o pré-agendamento da consulta: » Entre no Portal do Cliente para conhecer os dias e os horários disponíveis e escolher o que for melhor para você. » Posteriormente, o SEST SENAT entrará em contato, para dar orientações sobre os próximos passos. Saiba mais aqui:

Clique e veja aqui os contatos das unidades:

Aulas de esporte online Para oferecer ainda mais qualidade de vida aos trabalhadores do transporte e seus dependentes, o SEST SENAT oferece ainda as aulas das Escolas de Esporte das suas unidades operacionais em versão online. As aulas também são realizadas por meio da ferramenta Microsoft Teams. As modalidades ofertadas variam de acordo com cada localidade. Os encontros ao vivo obedecem à mesma periodicidade das aulas presenciais, com a mesma carga horária. A partir da demanda, novas turmas serão lançadas. Para obter informações sobre turmas, modalidades e horários, consulte a unidade operacional mais próxima de você. ◼

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/// ITL

Nova realidade corporativa A implantação de uma nova forma de trabalho impõe desafios para as empresas, seus líderes e seus colaboradores; preparo das equipes é um dos fatores para o sucesso do home office por Livia Cerezoli

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/// ITL

O

s termos home office, trabalho remoto e teletrabalho passaram a fazer parte do vocabulário corporativo brasileiro com mais frequência, após a chegada da crise do novo coronavírus. Embora muitas empresas já adotassem essa forma de trabalho, foi com a necessidade urgente de garantir o distanciamento social que as organizações tomaram a decisão de manter suas equipes em casa. A partir daí, os desafios surgiram. Da garantia da segurança da informação ao planejamento e à divisão de tempo entre as demandas profissionais e pessoais dentro do mesmo espaço, a verdade é que nem empresas, nem profissionais foram preparados para este momento. “Falamos que mudanças devem vir de dentro para fora, mas elas também são provocadas por fatores externos. Foi isso que aconteceu. A pandemia acelerou um processo de mudança na forma de trabalho que,

Fases de implantação do trabalho remoto

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por muito tempo, vinha sendo um ponto de resistência para empresas e colaboradores”, afirma Joyce Azuz Coelho, mestre em psicologia social e do trabalho e doutora em comunicação. Ela é professora de gestão de pessoas e liderança nos cursos ministrados pela FDC (Fundação Dom Cabral) e oferecidos pelo ITL e pelo SEST SENAT gratuitamente a gestores do transporte. Com o novo cenário imposto às empresas nos últimos meses, o home office passa a ser abordado nas aulas da Especialização em Gestão de Negócios e da Especialização em Recursos Humanos. Veja novas turmas no box ao lado. “Uma das grandes dificuldades é a particularidade do momento. O home office está sendo implantado nas empresas em meio a uma grande crise. Assim, é preciso haver um esforço ainda maior para aceitar essa nova modalidade”, destaca Joyce. Na visão dela, talvez, um dos grandes aprendizados que a pandemia vai trazer para o mundo corporativo seja

o estabelecimento de uma relação de confiança entre líderes e liderados, entre empresa e empregados. “A cultura empresarial brasileira sempre foi mais controladora. Quando você não tem mais os seus colaboradores no seu ângulo de visão, isso passa a ser um grande desafio. Acredito que essa é a hora de aprendermos a exercer uma liderança mais participativa e delegadora por parte dos líderes; e um trabalho com mais planejamento e focado nas entregas de qualidade por parte dos liderados.” Quem concorda com isso é Amélia Caetano, consultora especializada em trabalho remoto do Instituto Trabalho Portátil, para quem “a pandemia abriu um caminho para profundas transformações nas formas de trabalho”. De acordo com ela, é preciso entender que o trabalho é algo que se faz, e não um lugar para onde se vai. Para orientar as empresas sobre a implantação do home office, Amélia elenca três cuidados essenciais.

Nível 1

Nível 2

A empresa ainda não tem uma política de trabalho remoto, nem mesmo visualiza a sua implementação. A cultura digital ainda não é uma realidade, e as equipes são pouco encorajadas a iniciar um processo de transformação. A empresa já encontra sinais de dificuldade na atração e retenção de talentos, principalmente de equipes de tecnologia e jovens profissionais.

A empresa compreende a importância do trabalho remoto e passa a fornecer infraestrutura tecnológica para os times trabalharem remotamente. Porém, não realiza as transformações cultural e organizacional, fundamentais para adequar processos ao novo formato. A maioria das empresas que adota o trabalho remoto no Brasil ainda se encontra nesse nível.

Inércia

Improvisação

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/// ITL

O primeiro deles é a estrutura tecnológica, com acesso seguro a sistemas e documentos. “Aqui existem duas possibilidades, que vão depender da escolha de cada empresa. Uma é a utilização de notebooks com VPN e um ramal digital, por exemplo. A outra é o desktop virtual, onde cada empregado tem acesso a sua máquina com a segurança definida pela empresa.” O segundo está relacionado às ferramentas de comunicação.

Comunicação assíncrona Um dos grandes trunfos de sucesso do home office. Permite uma elasticidade temporal nas respostas. Existe uma flexibilidade para que cada profissional possa dar as respostas no melhor momento para eles, depois de pesquisar, avaliar e construir o melhor conteúdo.

De acordo com a especialista, é responsabilidade da empresa definir qual ou quais serão os canais oficiais. “É fundamental que exista essa definição. Não é produtivo ter cada colaborador usando a ferramenta que lhe for mais conveniente. Isso dificulta a comunicação e causa ruídos”, destaca ela. Um terceiro cuidado é a capacitação das pessoas. “Elas precisam ser preparadas para essa nova forma

de trabalho”, avisa Amélia. Para os líderes, é fundamental aprender a como gerenciar a equipe a distância, mantendo o engajamento e as entregas de qualidade. Para os colaboradores, é preciso prepará-los para a autogestão; o planejamento de demandas e as entregas; a comunicação virtual; e a negociação entre o trabalho e as demandas pessoais e familiares que passam a dividir o mesmo espaço.

Novas turmas Especialização em Gestão de Negócios Cidade Inscrições Início das aulas até 14/6/2020 17/8/2020 Belo Horizonte (MG) Porto Alegre (RS) até 2/8/2020 5/10/2020 São Paulo (SP) até 6/9/2020 9/11/2020 Florianópolis (SC) até 25/10/2020 8/2/2021 Salvador (BA) até 15/11/2020 15/3/2021 até 10/1/2021 Belém (PA) 12/4/2021 Certificação Internacional Aviation Management Inscrições até 26/7; previsão de início das aulas em 26/8

Nível 3

Nível 4

A empresa define e formaliza o uso das ferramentas de comunicação e gestão remotas, permitindo uma maior integração entre as equipes. Além disso, desenvolve uma nova forma de gestão, em que o líder se torna mais próximo, e as equipes ganham autonomia. O foco está no resultado; o ambiente é de confiança, com aumento da produtividade, melhoria do clima organizacional e uma maior qualidade das entregas.

É momento de implementar novas práticas de gestão e processos. A comunicação assíncrona aparece para favorecer a flexibilidade e permitir um fluxo de trabalho mais produtivo. A liderança situacional traz a evolução dos processos de gestão a distância, e as equipes autogerenciadas passam a assumir um papel de protagonismo dentro dos processos de trabalho. Há transformação na forma de trabalhar da organização, revisitando políticas e práticas de governança corporativa

Transformação cultural

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Transformação organizacional

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Nível 5

Consolidação A organização consolida a nova forma de trabalho, tornando-se totalmente portátil e flexível. Trabalha-se de qualquer lugar e a qualquer tempo. O foco e a finalidade estão nas entregas. As pessoas podem conciliar vida profissional e pessoal de forma fluida e altamente produtiva. ◼ Fonte: Instituto Trabalho Portátil

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A DISTÂNCIA NÃO NOS IMPEDE

de estarmos sempre perto de você.

A partir de agora, todos os trabalhadores do transporte e seus dependentes terão acesso a consultas online gratuitas nas áreas de psicologia, fisioterapia e nutrição. Essa é mais uma forma que o SEST SENAT encontrou para inovar e estar cada vez mais presente na vida dos trabalhadores, por meio da promoção da saúde e da qualidade de vida. Clique aqui para fazer o agendamento das consultas.

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/// Tema do Mês / A eficiência do apoio governamental às empresas de transporte durante a crise

O transporte coletivo na pandemia – justiça seja feita por Robson Rodrigues

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Robson Rodrigues Diretor de Novos Investimentos do Grupo Comporte

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ecentemente, em meio à pandemia do novo coronavírus, o setor de transporte coletivo foi surpreendido pela manifestação de uma autoridade municipal que declarou que “a covid-19 acelerou o futuro do transporte público, que era a falência”. A preocupante declaração demonstra, no mínimo, que a política setorial de transportes públicos de passageiros deve ser discutida por todos os atores envolvidos com inteligência e profundidade, evitando-se caminhos equivocados e de difícil remediação. A sociedade certamente deve ser melhor conscientizada sobre o papel da mobilidade por meio de transporte público, que, além de ser legalmente essencial, é sinônimo de qualidade de vida. Deve ainda participar dos debates para compreender o tema com mais amplitude. Obviamente, há limitações orçamentárias e tarifárias, mas o trabalho deve ser no sentido da evolução do transporte, do viário e dos equipamentos públicos, que viabilizam uma mobilidade de qualidade. Subsidiar um setor essencial deveria ser ponto pacífico, e não objeto de debates, exceto pela forma. Sem subsídios e outros auxílios (tais como desonerações), especialmente durante a pandemia, há risco enorme de desatendimento

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e desmontagem do setor. Assim, se há recursos e alternativas de desonerações e flexibilizações, que sejam urgentemente aplicados às operações, cuja sustentabilidade já vinha sendo debatida. O apoio governamental às empresas durante a pandemia, em todas as esferas de poder, seja reduzindo o ônus trabalhista, seja socorrendo financeiramente as empresas, é, assim como o serviço de transporte, essencial. As soluções existem e estão em debate. Mas já deveriam estar ocorrendo em larga escala. Todavia, vamos ter em mente que há inúmeras outras alternativas para a sustentabilidade do segmento, operacionais, contratuais ou de políticas, como o combate implacável ao nefasto transporte ilegal ou a adoção de subsídios e desonerações perenes, que permitam ofertar tarifas justas. Esses temas devem ser tratados sem preconceito, com urgência, transparência e, principalmente, considerando princípios e informações de qualidade. O setor de transporte coletivo deve atravessar a crise e se apresentar adiante com corpo e alma, e não apenas como lembrança de quando as coisas eram “normais”. Isso é possível com ações emergenciais somadas a medidas duradouras de melhor mobilidade para a população, proporcionada pelo transporte coletivo.

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/// Tema do Mês

Em busca de oxigênio por Renan Chieppe

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oucos setores empresariais do Brasil dispõem de números tão gigantescos como o do transporte de passageiros. Somente no modal terrestre, são cerca de 2.800 linhas regulares em operação, 2,2 milhões de viagens realizadas e 50 milhões de pessoas transportadas (dados da Abrati de 2018). A geração de impostos e o número de empregos igualmente impressionariam, mas vivemos meses em que as estatísticas relevantes vêm da covid-19. Estamos no meio de uma guerra e, sem a menor dúvida, nossa prioridade deve ser a busca por medidas que reduzam os trágicos efeitos da pandemia. O foco do momento é preservar vidas, e estamos todos empenhados nesse propósito, com o empresariado procurando contribuir das mais variadas formas, a exemplo da doação e do transporte de respiradores para hospitais, do transporte de medicamentos e da confecção de máscaras de acetato a instituições de saúde, entre outras colaborações. Contudo, uma outra forma de colaborar – e a considero tão importante e necessária quanto o engajamento em projetos de natureza social e/ou voltados à saúde – é a discussão, junto ao governo federal e aos estados, de ações que possam

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assegurar a sobrevivência do setor no momento em que o número de viagens, por exemplo, chegou a ter redução de 95%. E até de 100%, no caso de algumas empresas. Não é sem motivo, portanto, que temos insistido que o transporte de passageiros no Brasil, o único capaz de interligar nada menos que 100% dos municípios brasileiros, requer oxigênio. Precisamos registrar que temos encontrado sensibilidade junto às autoridades federais para a implementação de decisões importantes, a exemplo das medidas provisórias n.º 927 e n.º 936, fundamentais para que pudéssemos preservar o maior número possível de empregos. Outras MPs (928, 931, 932, 958 e 959), bem como portarias e decretos, igualmente, foram importantes neste momento e estão colaborando para que tenhamos condições mínimas de suportarmos esse gigantesco tsunami. Muitas discussões ainda estão em curso e são pautadas exclusivamente no interesse maior do país, que precisa não só implementar as medidas necessárias e imprescindíveis na área da saúde como, naturalmente, também, buscar meios que viabilizem a reativação dos negócios e a retomada de toda a engrenagem econômica.

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Renan Chieppe Presidente do Grupo Águia Branca

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/// Tema do Mês / A eficiência do apoio governamental às empresas de transporte durante a crise

Setor de transporte inspira cuidados por Ricardo Macedo

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Ricardo Macedo Economista e coordenador do Ibmec-RJ

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evido à pandemia do novo coronavírus, o transporte rodoviário, tal como as companhias aéreas, chamou a atenção das autoridades para um possível colapso do segmento em virtude da redução drástica da demanda. Com as medidas de distanciamento, usuários de baixa renda passaram a ter dificuldades de locomoção, visto que há grande dependência desses serviços, cuja normalidade da operação depende da erradicação da doença. Algumas ideias foram propostas: suspensão por seis meses da cobrança de PIS/COFINS, Cide e ICMS, além da desoneração da folha de pagamento. Cabe lembrar que, nessa crise, o transporte de cargas torna-se mais relevante devido ao abastecimento das cadeias de suprimento. Há responsabilidade social na continuidade da operação. Em março, o BNDES anunciou como auxílios: transferência de recursos do Fundo PIS-PASEP para o FGTS (Fundo de Garantia do Tempo de Serviço); suspensão temporária de pagamentos de parcelas de financiamentos diretos e indiretos para empresas; e ampliação do crédito para micro, pequenas e médias empresas, por meio dos bancos parceiros. Os objetivos são: possibilitar novos saques do FGTS e auxiliar na manutenção de empregos com aumento da capacidade financeira e preservação de empresas.

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O governo federal criou uma linha de crédito para assegurar o pagamento dos salários em empresas com receita anual entre R$ 360 mil e R$ 10 milhões, durante a crise, o chamado Programa Emergencial de Suporte a Emprego. Para acessá-la, prevê a MP nº 944/2020 que o empresário não demitirá empregados por 60 dias e que o prazo para o pagamento é de 36 meses, com carência de seis meses. O governo do Rio de Janeiro apresentou um projeto para socorrer as empresas concessionárias de transporte público que sofreram os impactos das medidas de isolamento social. O projeto indica: ressarcir as empresas no valor dos seus gastos operacionais básicos, antecipar o pagamento do subsídio do Bilhete Único Intermunicipal, antecipar a isenção tarifária. O pagamento será realizado com valores de transferências do PAC e da União. As medidas, nas duas esferas, servem para reforçar o capital de giro das empresas, manter as operações no curto prazo e garantir a continuidade da prestação de serviços. Porém, a situação inspira mais cuidados e, possivelmente, demandará mais tempo e mais ajuda em virtude da incerteza quanto ao relaxamento do distanciamento social e da péssima perspectiva para a atividade econômica em 2020.

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O Instituto de Transporte e Logística desenvolve pessoas e organizações. Turmas com inscrições abertas

Gestão de Negócios Certificação Internacional Aviation Management

Acesse www.itl.org.br e saiba mais


/// Transporte pelo Brasil

o Setcemg (Sindicato das Empresas de Transportes de Cargas e Logística de Minas Gerais) otimizou seus canais e investiu em novas formas de comunicação com seu público. O sindicato acrescentou ao seu portfólio as capacitações online. Turmas de variados temas já estão com as inscrições abertas. O Setcemg também criou uma alternativa para palestras e eventos. Em vez de presenciais, o sindicato tem realizado lives, transmissões ao vivo pelo YouTube. “As empresas e entidades precisam manter seus negócios vivos e se adaptar à nova realidade, e a tecnologia contribui ao unir pessoas de forma remota. Essa tendência veio para ficar”, conta o gerente do Setcemg, Renato Marques.

Novas formas de comunicação com os transportadores O avanço da pandemia do novo coronavírus e as medidas restritivas impostas pelas autoridades causaram um movimento nunca antes visto. Empresas de todos os portes e segmentos se viram obrigadas a mudar radicalmente seus modelos de negócios, comportamento e entrega de resultados. Negócios e tarefas foram forçados a passar por um processo de digitalização como alternativa para não ficarem parados. Para manter a conexão entre empresas, lideranças e demais integrantes do setor de transporte,

Nova presidência da Fetrancesc

• Segundo diretor-secretário: Genir Stormosk (Setplan) • Primeiro diretor financeiro: Wilson Steingraber Jr. (Setracajo). • Segundo diretor financeiro: Djonas Cidclei Fernandes (Seveículos). • Primeiro diretor políticoinstitucional: Clodomir Ribeiro Alves (Sintravir). • Segundo diretor políticoinstitucional: Vilmar José Rui (Sintravir). • Conselheiros fiscais: Eduardo Venson (Setransc); Ruy Hermes Gobbi (Sindicargas); e Carlos Augusto Rosa (Sindicargas). • Suplentes do Conselho Fiscal: Antonio Seriguelli (Sintravir); Marcos Rogério Pereira (Sindiplan); Valmir Schmidtke (Setccar).

Em assembleia realizada por videoconferência, foi definida a diretoria da Fetrancesc (Federação das Empresas de Transporte de Carga do Estado de Santa Catarina) para a gestão 2020-2024. Fundador da Aceville Transportes, Ari Rabaiolli, se mantém no cargo de presidente. Os vice-presidentes são: Dagnor Schneider (Conlog) e Riberto Lima (Setram). Também integram a diretoria: • Vice-presidentes regionais: Paulo Cesar Simioni (Setcom); Lorisvaldo Piucco (Setransc); Osmar Ricardo Labes (Setcesc); Ivanor Araldi (Sitran). • Primeiro diretor-secretário: Alex Albert Breier (Setracajo).

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/// Transporte pelo Brasil

Fetrabase dobra o número de ações do Despoluir em abril

O Despoluir é desenvolvido pela CNT e pelo SEST SENAT e tem como objetivo auxiliar empresas do transporte a reduzir os impactos ambientais, gerando ganhos de eficiência e redução de custos. Os veículos que estão dentro do limite aceitável de emissão de fumaça recebem um selo com validade de 90 dias. Caso seja reprovado no teste, o programa emite, para a empresa, um relatório com recomendações de manutenção do veículo. Ao final do serviço, os técnicos retornam para acompanhar os ajustes. O programa Despoluir funciona como uma ação preventiva. Com os resultados, as transportadoras conseguem identificar possíveis problemas mecânicos nos veículos, evitando prejuízos para os negócios e para o meio ambiente.

No mês de abril, mesmo em meio à pandemia do novo coronavírus, a Fetrabase (Federação das Empresas de Transportes dos Estados da Bahia e Sergipe) conseguiu dobrar o número de ações do Despoluir - Programa Ambiental do Transporte, por meio do projeto Avaliação Veicular Ambiental. Técnicos da federação realizaram 2.482 inspeções no período, nos dois estados. Em Sergipe, as avaliações foram feitas em veículos que transportam carga e, na Bahia, em veículos de cargas e de passageiros.

Comércio exterior por via marítima registra alta em meio à crise O comércio exterior brasileiro por via marítima dá sinais positivos apesar da crise. A balança comercial por via marítima apresentou superávit de US$ 19,7 bilhões nos quatro primeiros meses do ano, registrando aumento de 14,5% em relação a 2019. Os dados do Ministério da Economia mostram que a movimentação por via marítima teve alta nas exportações (+0,37%) e nas importações (+1,9%), quando comparada ao

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ano passado. “Ainda não podemos afirmar que há uma tendência de crescimento. A alta do dólar favoreceu a exportação, principalmente de soja, e o agronegócio ganhou destaque em meio à pandemia com resultados positivos”, avalia o diretor-presidente da ATP (Associação de Terminais Portuários Privados), Murillo Barbosa. Entre as mercadorias de destaque, estão sementes e frutos oleaginosos (+37,1%), como a soja; combustíveis minerais (+25,4%) e açúcar (+28,6%). Já nas importações, os destaques foram os produtos inorgânicos (+25,8%), tais como hidróxido de sódio e de potássio.

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/// Opinião

A covid-19 e os desafios para as empresas de transporte por Drauzio Varella

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novo coronavírus parou o mundo, mas não parou o caminhoneiro e toda a categoria dos motoristas profissionais. Eles precisam continuar em movimento para que não falte comida na nossa mesa, para abastecer as farmácias de remédios, fornecer gás, gasolina e tantas outras coisas indispensáveis à nossa sobrevivência. Esse fato impõe algumas demandas para as empresas de transporte, que precisam garantir a saúde da sua força de trabalho. Como o vírus circula facilmente, é decisivo para o controle da epidemia no nosso território que a parcela da população que precisa continuar transitando entre as regiões não se torne um agente transmissor. Ao contrário, os motoristas do Brasil podem se tornar agentes educadores, inspiradores de um comportamento socialmente responsável. A pandemia aqui, no Brasil, ainda está em sua fase mais grave. Não se deve relaxar na prevenção. Por isso, é preciso que as empresas do setor estejam engajadas no esforço de informação capaz de esclarecer os motoristas sobre como o vírus é transmitido – e o que pode ser feito para evitar o contágio. O vírus se espalha facilmente pelo ar. A sua permanência nas superfícies ainda é alvo de estudos.

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Mas, enquanto não tivermos informações conclusivas, as atitudes mais prudentes a se recomendar seriam: » Lavar bem as mãos com sabão comum. » Usar álcool 70%, quando não houver acesso a água. » Usar máscara o tempo todo e não tocar a mão no rosto, enquanto estiver de máscara. » É importante se manter hidratado para não ressecar a garganta. Oriente seu empregado para limpar sempre a cabine e os sapatos. Na carga e na descarga, é recomendado usar óculos e luvas, além de manter o distanciamento social de dois metros. O SEST SENAT mantém uma rede de pontos de atendimento espalhados pelas estradas do país. Lá, os motoristas podem encontrar informação e apoio para se manterem protegidos contra o novo coronavírus. É importante lembrá-los da família que os espera em casa e que também deve ser preservada. Você, empresário, pode procurar pelos conteúdos que produzi especialmente para os caminhoneiros neste momento que merece atenção. O SEST SENAT foi o idealizador do projeto e exibe essas informações nesses postos de atendimento e em seus canais na internet.

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Confira o material que o Dr. Drauzio produziu para o SEST SENAT

Drauzio Varella é médico, cientista e escritor brasileiro

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