Uma década de Despoluir

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EDIÇÃO INFORMATIVA DA CNT

ANO XXIII NÚMERO 261 JULHO 2017

UMA DÉCADA DE DESPOLUIR Com mais de 2 milhões de avaliações veiculares, programa ambiental da CNT e do SEST SENAT reduz emissões de poluentes e melhora a qualidade de vida dos trabalhadores do transporte


SĂŠrgio Reis Amigo do trabalhador do transporte


TRABALHADOR DO TRANSPORTE

Por meio do Serviço Social do Transporte (SEST) e do Serviço Nacional de Aprendizagem do Transporte (SENAT), a instituição ultrapassou a marca de 100 milhões de atendimentos aos trabalhadores do transporte do Brasil. O SEST SENAT é referência no desenvolvimento profissional e na qualidade dos serviços prestados nas áreas de odontologia, nutrição, psicologia e fisioterapia, além de oferecer atividades esportivas, culturais e de lazer. Com Unidades Operacionais em todo o país, a instituição possibilita que os profissionais do transporte contribuintes e seus dependentes tenham atendimentos 100% gratuitos onde quer que estejam. Procure a Unidade mais próxima a você!

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CNT TRANSPORTE ATUAL

JULHO 2017

REPORTAGEM DE CAPA Criado há 10 anos, o Despoluir – Programa Ambiental do Transporte ultrapassa a marca de 2 milhões de avaliações veiculares. Ações desenvolvidas têm contribuído para mudança de cultura no transporte, redução da emissão de poluentes e melhoria da qualidade de vida dos trabalhadores do setor Página 18

­­­­T R A N S P O R T E A T U A L ANO XXIII | NÚMERO 261 | JULHO 2017 ENTREVISTA

Ex-ministro da Fazenda, Maílson da Nóbrega avalia cenário econômico do país página

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WORKSHOP STANFORD

UMA DÉCADA DE DESPOLUIR CAPA CONCESSIONÁRIA RAPOSO TAVARES

Integrantes do Fórum de Inovação do Transporte debatem transformações tecnológicas página

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FERROVIÁRIO

Leilão da Norte-Sul deve garantir direito de passagem página

32 RODOVIÁRIO

Transporte perde 25 mil passageiros no início de 2017

EDIÇÃO INFORMATIVA DA CNT CONSELHO EDITORIAL Bruno Batista Helenise Brant João Victor Mendes de Gomes e Mendonça Myriam Caetano Nicole Goulart Olívia Pinheiro edição

Cynthia Castro - MTB 06303/MG Livia Cerezoli - MTB 42700/SP diagramação

Débora Shimoda

FALE COM A REDAÇÃO (61) 3315-7000 SAUS, Quadra 1 - Bloco J - entradas 10 e 20 Edifício CNT • 10º andar CEP 70070-010 • Brasília (DF) esta revista pode ser acessada via internet:

www.cnt.org.br | www.sestsenat.org.br atualização de endereço:

atualizacao@cnt.org.br Publicação da CNT (Confederação Nacional do Transporte), registrada no Cartório do 1º Ofício de Registro Civil das Pessoas Jurídicas do Distrito Federal sob o número 053. Tiragem: 40 mil exemplares

Os conceitos emitidos nos artigos assinados não refletem necessariamente a opinião da CNT Transporte Atual

página

INTERNACIONAL

Brasil reivindica revisão de mais de US$ 12 mi em multas página

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CNT TRANSPORTE ATUAL

REFORMA TRABALHISTA

Nova lei moderniza as relações de trabalho e contribui para a geração de empregos página

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AMAZÔNIA

Antaq lança campanha contra descarte de lixo nos rios página

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AÉREO

Primeiro dirigível da América Latina tem voo inaugural em SP página

50 SEST SENAT

Seções Duke

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Editorial

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Mais Transporte

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Boas Práticas

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Boletins CNT

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Boletins SEST SENAT

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CIT

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Tema do mês

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Alexandre Garcia

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Dia do Motorista é comemorado nas unidades de todo o país página

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BASTIDORES

Conheça como é realizada a Pesquisa CNT de Rodovias página

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ITL

Projeto é aplicado na empresa Sete Lagos página

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Duke

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“O setor transportador tem a expectativa de que os esforços do governo, ao lado da iniciativa privada, criem condições para a retomada imediata de fortes investimentos em infraestrutura” EDITORIAL

CLÉSIO ANDRADE

O Brasil está avançando

O

Brasil está caminhando para superar a recessão econômica e voltar a crescer. A aprovação da Reforma Trabalhista foi um grande avanço. A modernização da legislação incentiva o investimento produtivo e a geração de empregos. A liberdade de negociação entre patrões e empregos criará um mercado de trabalho mais dinâmico, com maior produtividade, com novos tipos de contratos, jornadas e horários mais adequados a cada atividade e às demandas do nosso tempo. Essa flexibilidade tornará as empresas brasileiras mais competitivas e, portanto, mais sólidas e rentáveis. Ao mesmo tempo, o novo mercado que está nascendo abre inúmeras oportunidades para os trabalhadores, especialmente para os jovens e para os quase 14 milhões de desempregados. O teto de gastos, a Reforma do Ensino Médio, a terceirização da mão de obra e a nova lei trabalhista estão modernizando o Estado brasileiro e alinhando o Brasil com o que há de mais eficiente e inovador na economia mundial. Essas primeiras mudanças foram suficientes para que a economia iniciasse a espiral de recuperação que estamos registrando, com melhora de vários indicadores. Crescimento do PIB, geração de empregos, queda da inflação, redução das taxas de juros, retomada da produção industrial, melhora nas vendas do varejo e na prestação de serviços são alguns dos sinais de que a economia saiu do vermelho. Governo e Congresso Nacional devem, por-

tanto, persistir nas reformas estruturais do Estado brasileiro, realizando as reformas previdenciária, fiscal e política com a mesma celeridade e coragem demonstradas até agora. Esse processo de reformas e os bons indicadores econômicos dão mostras de que o Brasil amadureceu, de que nossas instituições estão sólidas e de que somos uma nação capaz de superar as adversidades. O setor transportador tem a expectativa de que os esforços do governo, ao lado da iniciativa privada, criem condições para a retomada imediata de fortes investimentos em infraestrutura. A despeito das dificuldades fiscais enfrentadas nos três níveis da Federação – municipal, estadual e federal–, o Brasil precisa investir pesadamente em infraestrutura para voltar a crescer. Com recursos públicos escassos, o país precisa contar, cada vez mais, com o investimento estrangeiro. Mas, para isso, será necessário recuperar a imagem do Brasil no mercado internacional a partir da criação de um ambiente que ofereça segurança jurídica e condições atraentes para o investidor. As bases desse novo ambiente já estão assentadas. Agora é prosseguir na modernização do Estado, com as reformas estruturais e com a estabilização econômica e institucional. A chance de voltar a crescer e de reposicionar o Brasil no rol das nações mais promissoras do mundo está em nossas mãos. O rumo está dado. É só seguir em frente.


“Poucos olham a longo prazo, mas eu diria que há razões para continuar acreditando que o Brasil possa viver um novo ciclo de transformações” ENTREVISTA

MAÍLSON DA NÓBREGA SÓCIO DA TENDÊNCIAS CONSULTORIA INTEGRADA

Sinais de recuperação por DIEGO

O

Brasil já dá mostras de que sua economia superou o período de desaquecimento, mesmo enfrentando uma de suas mais agudas crises políticas. Essa é a avaliação de Maílson da Nóbrega, ex-ministro da Fazenda no governo de José Sarney (1988-1990). Em entrevista à CNT Transporte Atual, ele reafirma que alguns indicadores vêm crescendo de maneira contínua, como o crédito à pessoa física, a renda habitual dos trabalhadores, o fluxo de veículos pesados nas rodovias, a produção de papel ondulado e as vendas a varejo. Segundo Nóbrega, a equipe econômica do atual governo fez muito mais do que o esperado – diante de um cenário pós-impeachment. Além disso, ele destacou a baixa da inflação, o que, na sua visão, abre espaço para a

manutenção da linha de queda da taxa de juros, contribuindo para aumentar a demanda e a oferta de crédito. “Ainda é uma recuperação lenta e medíocre, mas é um sinal inequívoco de que deixamos para trás os maus momentos de 2015 e 2016.” Sócio da Tendências Consultoria Integrada, Maílson da Nóbrega considera que o governo vem tocando reformas estruturais acima das melhores expectativas. Para ele, a legislação trabalhista brasileira é obsoleta: “A reforma dá o grande passo de estabelecer que o acordado entre empresas e trabalhadores prevaleça sobre a lei.” Ele defende urgência na continuidade dos debates sobre a questão previdenciária, a fim de sanar o deficit gigantesco, que, nes-

GOMES

te ano, já está na casa dos R$ 300 bilhões. Também exalta a Lei da Terceirização, que permite que as empresas se dediquem ao que fazem melhor, terceirizando o restante. Celebra ainda as medidas para impulsionar o setor de infraestrutura, como a MP das Concessões e as ações do PPI, e a aprovação da PEC que estabelece um teto para os gastos públicos. O ex-ministro defende, porém, a retomada das discussões acerca de uma reforma tributária, de modo a criar um novo e moderno paradigma de tributos no país. Como avalia o atual momento sociopolítico do país? Acredita que a onda de otimismo para um ciclo de mudança e crescimento se dissipou?

O momento é ruim. As pessoas estão cansadas por causa do que leem e veem. A crise afeta negativamente decisões de consumir e investir, o que pode desacelerar o ritmo de recuperação em curso na economia. Poucos olham a longo prazo, mas eu diria que há razões para continuar acreditando que o Brasil possa viver um novo ciclo de transformações a partir da escolha do novo presidente no próximo ano. O senhor compôs um governo que também passou por dificuldades institucionais e econômicas. Pela sua experiência, como o país poderá contornar esse período? Há poucas semelhanças entre o período atual e aquele que o país viveu no último ano do


ARQUIVO PESSOAL

“O Brasil tem reservas internacionais superiores à dívida externa, o que nos transformou em credores externos”

governo Sarney. Não há hiperinflação, moratória da dívida externa, bancos estaduais quebrando ou empresas estatais insolventes. A maioria expressiva foi privatizada e está melhor fora do controle do governo. O Brasil tem reservas internacionais superiores à dívida externa, o que nos transformou em credores externos. O Banco Central se fortaleceu institucionalmente, fruto de reformas daquela época, e age com autonomia nas decisões de política monetária. A sociedade amadureceu. As crenças melhoraram. As instituições são sólidas. A despeito da crise política, considera que a economia já dá sinais de recuperação? Há vários sinais de recuperação. Alguns indicadores

– crédito a pessoa física, renda habitual dos trabalhadores, fluxo de veículos pesados nas estradas, produção de papel ondulado, vendas a varejo e outros – crescem continuadamente há mais de seis a sete meses. A queda da inflação abre espaço para a queda da taxa de juros, que contribui para aumentar a demanda e a oferta de crédito. Ainda é uma recuperação lenta e medíocre, que pode resultar em crescimento de 0,3% do PIB em 2017 e pouco mais de 2% em 2018, mas é um sinal inequívoco de que deixamos para trás os maus momentos de 2015 e 2016.

fez muito mais do que o esperado, e eu duvidava de que conseguisse avançar após o trauma de um novo impeachment. Em pouco mais de um ano, eles mudaram a regra da Petrobras nos leilões, aprovaram uma lei sobre governança das estatais, acabaram com aquela regra de não poder haver terceirização para a atividade-fim, mexeram na DRU (Desvinculação de Receitas da União). O governo conseguiu montar uma boa equipe para avançar na infraestrutura. Basta olhar para os leilões de aeroportos, em que os principais grupos do mundo se interessaram em investir nos terminais do Brasil. Como avalia a atuação da Nem mesmo a longa crise ecoequipe econômica nesse pri- nômica conseguiu diminuir o meiro ano? interesse estrangeiro por fazer A equipe do governo atual negócios no país.

Nesse sentido, de que maneira a PEC (Proposta de Emenda à Constituição) que criou um teto para os gastos públicos poderá auxiliar o Brasil nos próximos anos? A PEC interrompeu uma trajetória suicida. Os gastos públicos vinham crescendo ao ritmo de 6% ao ano nos últimos 25 anos. Em algum momento, isso nos levaria à insolvência fiscal e à volta da inflação sem controle. O teto contribuiu para restabelecer a credibilidade na política fiscal, mas o cumprimento do limite para o gasto depende de reformas estruturais difíceis e impopulares. Isso inclui não apenas a da Previdência, mas também outras para enfrentar a rigidez das despesas determinada pela vinculação de re-


ARQUIVO CNT

Reformas estruturais são essenciais para alavancar o desenvolvimento do país

ceitas a despesas (educação e cultura), indexação do salário mínimo ao valor das aposentadorias, e a estabilidade e a irredutibilidade de salários do funcionalismo público. O governo enfrenta o desafio de criar um ambiente favorável aos negócios para atrair o capital privado e retomar o crescimento. Há segurança jurídica no país, hoje, para quem está interessado em investir, especialmente no setor de infraestrutura? A segurança jurídica no Brasil tem melhorado e, agora, vai ficar mais forte com

a Reforma Trabalhista, que eliminará milhões de causas movidas pelo oportunismo e que contam com a condescendência de juízes. Nesse quesito, estamos muito melhores do que outros países emergentes. Considera positivas as medidas adotadas pelo governo visando impulsionar os investimentos em infraestrutura, como a MP das Concessões (já convertida em lei), o programa Avançar e as ações do PPI? Sem dúvida. No caso da infraestrutura, o atual governo melhorou muito os respectivos marcos regulatórios.

Após a aprovação da Reforma Trabalhista, ainda há capital político para a manutenção da agenda das demais reformas? O governo Temer realizou reformas acima das melhores expectativas. A da Previdência é a mais difícil, mas não seria surpresa se pelo menos a regra da idade mínima fosse aprovada. Ninguém pode esperar mais. Ainda que Temer tenha falado em reforma tributária, as chances de ela passar são mínimas, a menos que se diga que algumas mudanças burocráticas aqui e ali possam receber essa denominação. O

Brasil precisa de uma reforma tributária digna desse nome, o que implica substituir os atuais impostos sobre o consumo por um sistema moderno, na linha adotada por mais de 150 países – basicamente um IVA (Imposto sobre Valor Agregado) nacional, arrecadado pela União e distribuído automaticamente pelas demais Unidades da Federação. Iriam para o lixo o ICMS, o ISS, o PIS, a Cofins e o Super Simples. Levando em consideração a nova legislação trabalhista recém-sancionada, e que entrará em vigor em novem-


“A legislação trabalhista é obsoleta. A reforma dá o grande passo de estabelecer que o acordado entre empresas e trabalhadores prevaleça sobre a lei”

bro, como classificaria o atual modelo de relações de trabalho? A legislação trabalhista é obsoleta. É do tempo da máquina de escrever mecânica. Estamos na era do computador, da revolução digital e da inteligência artificial. O mundo e o mercado de trabalho mudaram. A forma de organizar a produção, cada vez mais baseada nas cadeias mundiais de valor, não será viável no Brasil com o arcaísmo da legislação trabalhista. A reforma dá o grande passo de estabelecer que o acordado entre empresas e trabalhadores prevaleça

sobre a lei. O fim do imposto sindical é um grande avanço, que precisa ser complementado pelo fim da unidade sindical, ambos fontes de sindicatos sem legitimidade. Acredita que a reforma aprovada é paradigmática em relação à atuação da Justiça do Trabalho? Em algum momento, é preciso ter a coragem de questionar a própria Justiça do Trabalho, um resquício da era Vargas e fonte de conflitos. São pouquíssimos os países que têm Justiça trabalhista. O Brasil é o único caso em que esse ramo

do Judiciário pode fazer leis. A queda brutal que se espera nas ações trabalhistas será um fator adicional para discutir esse espinhoso tema. Como fica a estrutura sindical brasileira com o fim do imposto obrigatório? O Brasil tem hoje mais de 16 mil sindicatos. É o efeito mais negativo da combinação do imposto sindical com a unicidade sindical. Em outros países, os sindicatos contam-se em poucas dezenas ou centenas. Creio que muitos sindicatos vão desaparecer. Outros vão se fundir. Nascerá um sindicalismo mais forte e legítimo. Os trabalhadores ganharão. Os perdedores serão os pelegos e os que criam sindicatos para proveito próprio, de amigos e familiares. O governo anuncia, a cada ano, um rombo maior nas contas da Previdência. A Anfip (Associação Nacional dos Auditores Fiscais da Receita Federal do Brasil) sustenta, porém, que a Seguridade Social é superavitária. Qual a sua visão quanto a essa divergência? Essa afirmação é ridícula. Não passa de uma tolice sesquipedal, um desserviço ao país. Qualquer principiante na questão previdenciária aprende que o deficit é gigantesco. Ele passa de R$ 300 bilhões neste ano, quando se considera o conjunto dos deficits da Previdência e dos servidores públi-

cos da União, dos Estados e dos municípios. O erro elementar é considerar que os recursos da Seguridade Social se destinam apenas às aposentadorias e pensões. Eles devem cobrir também os gastos de saúde e outros do campo social. Sancionada no primeiro semestre deste ano, a Lei da Terceirização já surte algum efeito no mercado de trabalho? O Procurador-Geral da República entrou com uma ação contra essa lei por considerar inconstitucional a terceirização irrestrita da atividade-fim. O que o senhor tem a dizer a respeito? A terceirização tem evoluído desde os anos 1920 nos países desenvolvidos e chegou por aqui nos anos 1990. Ela contribui para o aumento da produtividade e, assim, para a geração de emprego e renda. Além disso, permite que as empresas se dediquem ao que fazem melhor, terceirizando o restante. A súmula do TST (Tribunal Superior do Trabalho) que proibiu a terceirização em atividades-fim é uma enorme estupidez, com o devido respeito pelos juízes que a construíram. Foi fonte de incertezas e custos. Há casos ridículos como o das fazendas onde a pulverização aérea de lavouras é recomendada. Pela regra, cada fazenda, grande ou pequena, era obrigada a ter aviões, hangares e pilotos. É ou não é uma estupidez?


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MAIS TRANSPORTE Caudas estilizadas NORWEGIAN/DIVULGAÇÃO

Freddie Mercury na cauda de um avião. A homenagem é da companhia aérea norueguesa Norwegian, que anunciou que terá o cantor em sua lista de tributos a figuras icônicas, chamada de “Heróis das caudas estilizadas”. Em breve, duas aeronaves estilizadas com a imagem do cantor estarão em operação. A primeira delas ganhará os céus em setembro, mês em que o cantor completaria 71 anos de idade. A empresa justificou a homenagem por Freddie Mercury ter inspirado gerações de fãs da música ao redor do mundo.

Cobrança por quilômetro em rodovias O governo federal estuda a possibilidade de os novos editais de concessões de rodovias federais introduzirem o chamado "free-flow". O

mecanismo de arrecadação por quilômetro percorrido sem cancela física iria substituir as praças de pedágio por um sistema de uso de radiofrequência e

vídeo para registrar a passagem dos veículos. O formato do "free-flow" foi adotado nas duas últimas concessões de rodovias do governo do Estado de São

Paulo: a dos Calçados, que liga Itaporanga a Franca, e a do Centro-Oeste Paulista, que faz a ligação de Florínea até Igarapava.


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Integração Latino-Americana Marcada para sair no dia 25 de agosto de Campo Grande (MS), a II Expedição da Rota de Integração LatinoAmericana integrará uma grande comitiva composta por empresários e autoridades brasileiras com destino aos portos do Chile. Eles farão o trajeto de 2.220 quilômetros definidos após estudos técnicos que compreende as cidades de

SETLOG/DIVULGAÇÃO

Porto Murtinho (MS), Loma Plata, Mariscal Estigarribia (Paraguai), Tartagal (Argentina), San Salvador de Jujuy, San Pedro do Atacama e Antofogasta (Chile). A expedição será formada por 30 caminhonetes Amarok que deixarão Campo Grande (MS) no dia 25 de agosto com retorno previsto para 3 de setembro.

Elétrico brasileiro com energia solar ITAIPU/DIVULGAÇÃO

A Itaipu Binacional entregou, no fim de junho, o primeiro veículo elétrico brasileiro totalmente abastecido por energia solar. O Zoe elétrico, como é chamado, é autossuficiente em energia e dispõe de uma central fotovoltaica própria em sua sede, no centro de Cascavel (PR), que tem capacidade para gerar até 13 kW, em horários de pico. O carro será 100% abastecido pela central fotovoltaica. Os dados serão

transmitidos em tempo real para a Itaipu, por meio do sistema do veículo, e serão aproveitados para a pesquisa do Programa Veículo Elétrico. Abastecido, a autonomia do Zoe é de 170 km. Em dez anos de programa, os mais de 100 veículos elétricos da Itaipu rodaram aproximadamente 836 mil km e evitaram a emissão de 87 toneladas de CO2. A economia gerada no período soma R$ 240 mil.

está integrado ao programa Porto Sem Papel e deve ser homologado pela Marinha, em agosto, reúne, em uma única plataforma tecnológica, as informações procedentes de

diferentes sistemas tanto das instalações portuárias como das embarcações. Sensores, marégrafos, radares e câmeras de última geração fazem parte da estrutura.

Plataformas unificadas O porto de Vitória, no Espírito Santo, é o primeiro do Brasil a inserir o VTMIS (Sistema de Gerenciamento de Informações do Tráfego de Embarcações). O projeto foi orçado em

R$ 22,9 milhões e contempla a implantação do sistema, que contribui para melhorar a segurança marítima e aumentar a eficiência das operações portuárias. O sistema, que


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MAIS TRANSPORTE CNH digital A partir de fevereiro de 2018, os motoristas poderão utilizar uma versão eletrônica da CNH (Carteira Nacional de Habilitação), que terá o mesmo valor jurídico do documento em papel. A CNH-e foi aprovada pelo Contran (Conselho Nacional de Trânsito). A validade do documento poderá ser comprovada pela assinatura com certificado

JOSE CRUZ/AGÊNCIA BRASIL/DIVULGAÇÃO

digital do emissor ou com a leitura do QRCode, como já é realizado com a CNH impressa. Agentes de trânsito poderão consultar os dados dos documentos por meio de um aplicativo de celular, que está em fase de testes. A CNH de papel continuará sendo emitida normalmente pelos Detrans (Departamentos Estaduais de Trânsito).

De Xangai a Pequim em menos tempo DIVULGAÇÃO

A China inaugurou, no mês de junho, mais uma geração de trem-bala. Batizado de "Fuxing", ele fará a rota entre as cidades de Pequim e Xangai. O trem circulará 50 km/h mais rápido que o modelo anterior, chegando a uma velocidade

Portal simplifica exportações O Portal Único do Comércio Exterior já está à disposição para os exportadores que embarcam cargas por meios marítimo e rodoviário. O serviço pode ser utilizado para exportações sujeitas exclusivamente a controle aduaneiro realizadas no Porto de Santos, responsável por um terço das exportações marítimas, e nas unidades aduaneiras em Uruguaiana (RS) e Foz do Iguaçu (PR), que respondem por mais de 50% do total exportado pelo Brasil por meio rodoviário. A expectativa

é que, até o final do ano, 100% das exportações possam ser feitas por meio do portal único. A estimativa do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior é que, ao final da implantação, seja possível tornar os processos de exportação e importação, em média, 40% mais ágeis, reduzindo os tempos médios das exportações brasileiras de 13 dias para 8 dias, e das importações, de 17 dias para 10 dias. O serviço está disponível em www.portalsiscomex.gov.br.

média de 350 km/h, podendo chegar a até 400 km/h. A China tem a rede ferroviária mais extensa do mundo, com um total de 22 mil Km, alcançados no final de 2016, cerca de 60% do total mundial.

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Empresas recebem prêmios por boas práticas ambientais

A

s boas práticas ambientais desenvolvidas por empresas do transporte rodoviário de cargas e de passageiros foram premiadas por federações representantes dos setores. Nesse último mês, pelo menos três federações reconheceram as iniciativas das transportadoras na busca pela sustentabilidade ambiental. As premia-

ções têm como objetivo estimular a adoção de medidas que reduzam o impacto ambiental do setor de transporte, além de divulgar e disseminar ações bem-sucedidas das empresas que participam do Despoluir - Programa Ambiental do Transporte, desenvolvido pela CNT e pelo SEST SENAT. Veja abaixo as empresas premiadas:

Fetrans (Federação das Empresas de Transportes de Passageiros do Ceará, Piauí e Maranhão) Prêmio Melhoria da Qualidade do Ar

Fetcemg (Federação das Empresas de Transportes de Carga do Estado de Minas Gerais) Prêmio Melhor Ar

» Vencedora no Ceará · Empresa Vitória » Vencedora no Piauí · Expresso Santa Cruz » Vencedora no Maranhão · Vix Logística

» Categoria: Maior número de testes de opacidade · José Herculano da Cruz e Filhos S/A · Lenarge Transportes e Serviços Ltda. · Cocal Cereais Ltda.

Fetergs (Federação das Empresas de Transportes Rodoviários do Estado do Rio Grande do Sul) Troféu Gaúcho Despoluir » Empresas urbanas - de 01 a 70 veículos · Expresso Assur Ltda. » Empresas urbanas - de 71 a 150 veículos · Viação Teresópolis Cavalhada Ltda. » Empresas urbanas - acima de 150 veículos · Viação Santa Tereza de Caxias do Sul Ltda. » Empresas metropolitanas · Soul Sociedade de Ônibus União Ltda. » Transporte rodoviário - de 01 a 70 veículos · Empresa Santa Luiza de Transportes Ltda. » Transporte rodoviário - de 71 a 150 veículos · Expresso Embaixador Ltda. » Transporte rodoviário - acima de 150 veículos · Viação Ouro e Prata S/A

» Categoria: Mérito ambiental · D’granel Transportes e Comércio Ltda. · Expresso Alvorada Ltda. · Expresso Nepomuceno S/A · NSA Locação e Serviços Ltda. · JM Locação e Logística de Juiz de Fora Ltda. · Supermercado Bahamas Ltda. · Transporte Almeida Simas · Transpes · Transportadora Santa Maria Ltda. · Tora Transportes Industriais » Categoria: Empresas que atenderam a todos os critérios · Confins Transportes Ltda. · Empresa de Transportes Trans Aguiar Ltda. · Expresso TS Transportes e Empreendimentos Ltda. · Repel Cargas S/A · Repelub Revendedora de Petróleo e Lubrificantes S/A · TG Transportes Gerais e Distribuição Ltda. · Transrios Ltda. · Transexcedente - Transpeciais (Leia mais sobre o assunto na reportagem de capa)

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BOAS PRÁTICAS - GESTÃO

Um bom lugar para trabalhar Considerada uma das melhores empresas para se atuar no Brasil, a mineira Transpes aumentou sua produtividade investindo em projetos voltados aos profissionais e às famílias por

A

qualidade dos recursos humanos é, indiscutivelmente, uma das principais razões do sucesso de uma organização. Especialistas afirmam que as pessoas são o principal ativo de uma instituição e, por isso, investir no bem-estar e na qualificação delas é fundamental para garantir qualidade na prestação dos serviços. Na empresa de logística Transpes, especializada em movimentar cargas com tamanhos, pesos e

DIEGO GOMES e NATÁLIA PIANEGONDA

volumes especiais, o desenvolvimento de projetos voltados aos colaboradores é questão prioritária e estratégica, o que vem aumentando a eficiência operacional e diminuindo consideravelmente o nível de absenteísmo (ausência e afastamento de funcionários). Com uma frota de 2.000 caminhões, a companhia tem uma média anual de 30 mil embarques, 1,3 milhão de toneladas transportadas e 35 milhões de quilômetros percorridos. São

20 filiais e atuação em todo o Mercosul. O mercado já percebe que o aumento de produtividade compensa o investimento na seleção cuidadosa e no treinamento dos funcionários. A Transpes foi eleita, em 2016, a “Empresa do Ano” e a “Melhor Empresa do Setor de Logística e Transporte” pelo Guia Você S/A – As 150 Melhores Empresas para Você Trabalhar. Segundo o presidente da organização, Sandro Gonzalez, em 50 anos de existência, a companhia

sempre teve como valor o cuidado com os profissionais. “Isso está impregnado no nosso DNA. A gente procura traduzir esse valor em políticas estratégicas em conjunto com o nosso departamento de RH (Recursos Humanos), que é bem atuante”, diz Gonzalez que também foi considerado o CEO mais admirado do Brasil, pela mesma revista em 2016. Para se ter uma ideia da relevância com a qual o tema é tratado, a área de gestão de pes-


ES/DIVULGAÇÃO

FOTOS TRANSP

soas é ligada diretamente à presidência e funciona como um RH estratégico. Gonzalez explica que a empresa desenvolve ações de cuidado direcionados às pessoas e às famílias, como é o caso do Projeto Acolhimento, implementado há cerca de cinco anos. “A maioria do quadro de funcionários é formada por motoristas, ou seja, pessoas que viajam muito. Então, identificamos que, se tivéssemos um cuidado com a família, principalmente esposa e filhos, isso traria um conforto e um bem-estar muito grande enquanto o profissional está longe.” De acordo com ele, foi justamente essa iniciativa que chamou a atenção da revista Você S/A, já que a empresa também faturou o prêmio dos melhores lugares para se trabalhar em 2014. Essa relação de apoio e suporte às famílias dos motoristas, a propósito, é tradição na companhia. “Promovemos uma aproximação com a empresa. No Dia da Mulher, trazemos as esposas dos motoristas para cá, temos palestras, mostramos o que o marido faz, como ele trabalha, colocamos elas para conversarem com eles no sistema de rastreamento do veículo. O motorista se sente muito enobrecido com essa atitude.” Além disso, os programas Jovem Aprendiz e de trainee priorizam a contratação dos filhos dos funcionários. A companhia, no Dia das Crianças, também promove a integração entre os trabalhadores e seus filhos de até 12 anos. “Eles andam de caminhão, conhecem o trabalho dos pais, partici-

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FREEPIK

.COM

Empresa acredita que funcionário feliz produz mais

pam de brincadeiras. São ações simples que trazem bem-estar aos profissionais. Eles se sentem mais integrados, engajados, valorizados”, explica. No campo do desenvolvimento profissional, a Transpes mantém, na sua área de gestão de pessoas, o PDI (Plano de Desenvolvimento Individual do funcionário). “A gente checa as competências, faz uma avaliação individual e dá um feedback. Se existem pontos que precisam ser melhorados, vamos trabalhar para que os empregados se transformem em profissionais melhores.” O presidente da empresa avalia que esse investimento estratégico nos recursos humanos configura um importante diferencial. “As grandes organizações são destacadas pela inteligência, pela gestão, pelos processos, pela execução dos serviços, tudo isso

realizado pelas pessoas.” Para alcançar os objetivos, a companhia também investe em tecnologia. “Procuramos implementar técnicas inovadoras, capacitando a nossa turma, com modelos de telemetria, gestão dos ativos e, principalmente, treinamento. Fazemos o desenvolvimento do pessoal para o uso da tecnologia embarcada nos veículos.“ Alternativas Atenta ao momento financeiro por que passam os brasileiros, a Transpes lançou, recentemente, mais um projeto de apoio ao funcionário. A empresa identificou que há um endividamento muito forte e muitas pessoas não têm o conhecimento necessário para uma negociação ou mesmo para elaborar um orçamento doméstico. “Como uma pessoa endividada fica ansiosa, sofre com insônia,

com depressão, procuramos uma forma de ajudá-los: colocamos a equipe financeira da empresa para fazer consultoria individualizada com nossos profissionais.” Segundo Gonzalez, a equipe ensina a criar desde um orçamento familiar, uma planilha do que se gasta e do que se ganha, até como negociar uma dívida com consórcio, operadora do cartão de crédito, banco, agente financeiro. O presidente da Transpes celebra o fato de essas iniciativas estarem agregando valor aos processos, contribuindo para a melhora em todos os indicadores estratégicos. “Acreditamos que um funcionário feliz produz mais, trabalha com energia e desempenho diferentes. A gente tem identificado que os nossos índices de desempenho têm melhorado: os acidentes têm reduzido e a rotatividade de l funcionários também.”


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REPORTAGEM DE CAPA - SUSTENTABILIDADE

Despoluir

inova o transporte Programa ambiental da CNT e do SEST SENAT ultrapassa 2 milhões de avaliações veiculares; iniciativa muda cultura do setor, reduz emissões e melhora qualidade de vida dos trabalhadores por

O

transporte, como um dos principais indutores do desenvolvimento, vem assumindo o protagonismo na busca por alternativas sustentáveis de crescimento socioeconômico. E foi à luz dessa perspectiva que a CNT e o SEST SENAT desenvolveram e implementaram o Despoluir - Programa Ambiental do Transporte – único desse porte no país –, que, no mês de julho, completou dez anos de existência. A iniciativa deu início a um profundo processo de

DIEGO GOMES

transformação no setor de transporte brasileiro. Há uma década, o programa incentiva os transportadores a adotarem práticas ambientalmente responsáveis e a diminuírem os impactos na natureza e na saúde das pessoas, com foco especial na qualidade de vida dos trabalhadores. Também em julho, o programa ultrapassou a marca de 2 milhões de avaliações ambientais de caminhões e de ônibus. No período, foram aproximadamente 19 mil empresas e cerca de 21 mil autônomos atendidos.

O presidente da CNT, Clésio Andrade, celebra o fato de o programa ter contribuído para a redução da emissão de poluentes pelos veículos de cargas e de passageiros. “O setor transportador foi pioneiro ao assumir sua parcela de responsabilidade socioambiental. Temos orgulho de constatar que o Despoluir se tornou a maior ação empresarial de gestão ambiental em curso no Brasil e uma das maiores do mundo. As ações de conscientização garantem benefícios diretos para o meio ambiente e para a saúde dos trabalhadores, além de

aumentar a eficiência e contribuir para a redução dos custos operacionais das empresas”, declara. Na avaliação de Clésio Andrade, a atuação da CNT e do SEST SENAT confere a abrangência em escala nacional ao programa e a capilaridade necessária para alcançar todos os transportadores e a sociedade brasileira. Para o diretor-executivo da CNT, Bruno Batista, o Despoluir deixou de ser visto apenas como um programa que realiza avaliações veiculares. “Desde a implantação do Despoluir, há 10 anos, nossa busca sempre foi


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CONCESSIONÁRIA RAPOSO TAVARES/DIVULGAÇÃO

mobilizar os transportadores para a incorporação da temática ambiental. Hoje, com as diversas ações em andamento, alcançamos um patamar em que temos uma iniciativa ampla e sistêmica de gestão ambiental, que vem impactando a cultura organizacional e transformando o transporte brasileiro.” A redução da emissão de poluentes está diretamente relacionada à saúde dos trabalhadores do transporte. Segundo o médico patologista e professor da Faculdade de Medicina da USP (Universidade de São Paulo), Paulo Saldiva, estudos recentes da OMS (Organização Mundial da Saúde) revelam que as partículas emitidas pela queima do diesel são responsáveis pelo aumento do número de casos de câncer de pulmão. Saldiva explica que oito horas de exposição às emissões de poluentes é o mesmo que consumir quatro cigarros.

“É urgente também que se tenha um grande programa de renovação de frota, já que o diesel continuará sendo, por muito tempo, a alternativa mais viável para veículos pesados, e é sabido que os novos emitem menos poluentes atmosféricos”, afirma. Uma das bandeiras defendidas pelo Despoluir é a instituição de um programa nacional que permita a renovação da frota de caminhões e a destinação correta dos veículos em final de vida útil. Dois seminários internacionais sobre o tema já foram realizados na sede da CNT. Agenda mundial A representante da Confederação no Conama (Conselho Nacional do Meio Ambiente) e consultora do Despoluir, Patrícia Boson, esclarece que o setor tem muito a contribuir com os compromissos climáticos. Segundo ela, os pro-

blemas ambientais adquiriram uma dimensão que excede a preocupação em esfera local, requerendo atuação em nível global na busca pela sustentabilidade. Exemplo disso é que, no final de 2015, foi assinado o Acordo de Paris na 21ª Conferência das Partes - COP21. “O setor transportador pode contribuir significativamente para o alcance dos compromissos nacionais, com medidas de eficiência energética, expansão do consumo de biocombustíveis, melhorias na infraestrutura e melhor aproveitamento dos modais de transporte”, explica. As propostas do setor transportador estão sendo elaboradas pela CNT e foram enviadas ao governo federal no final de julho. Na atuação para incentivar a adoção de sistemas de gestão ambiental, a CNT, o SEST SENAT, o Natural Resources Canada – NRCan (Ministério dos Recursos Naturais

do Canadá) e o International Council on Clean Transportation – ICCT (Conselho Internacional de Transporte Limpo) assinaram um Acordo Internacional de Cooperação Técnica para o desenvolvimento e a implementação de cursos relacionados à eficiência energética. Segundo o coordenador das atividades do ICCT, Cristiano Façanha, é imprescindível que o país invista em políticas de eficiência energética. “Apesar de os veículos pesados representarem menos de 5% da frota rodoviária, eles são responsáveis por quase 50% dos gases de efeito estufa e por mais de 70% do material particulado. Assim, o investimento na redução do consumo e de emissões para veículos pesados é muito efetivo”, diz. O Despoluir é dividido em dois grandes grupos, com diferentes linhas de trabalho. Leia mais nas páginas 20 a 23.


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MELHORIA DO DESEMPENHO DO SETOR Linhas de ação: avaliação veicular ambiental, tecnologias e energias limpas, gestão ambiental

Avaliação veicular como padrão

Uma das principais linhas de ação do Despoluir, as avaliações veiculares ambientais são realizadas pelas federações afiliadas à CNT por meio de unidades móveis. Presidente da Fetcemg (Federação das Empresas de Transportes de Carga do Estado de Minas Gerais), Sergio Pedrosa explica que, “além de contribuir para a melhoria da qualidade do ar, com destaque às áreas urbanas, o programa melhora a imagem da empresa e do autônomo perante o mercado”. O veículo que estiver dentro dos padrões de emissão de poluentes recebe o Selo Despoluir, que é nacionalmente reconhecido e atende à legislação.

O uso de tecnologias e energias limpas, como novos componentes veiculares e biocombustíveis, por parte das transportadoras é permanentemente incentivado pelo Despoluir. O presidente da Fetram (Federação das Empresas de Transporte de Passageiros no Estado de Minas Gerais), Waldemar Araújo, explica que o Despoluir ainda fornece orientações técnicas para os transportadores sobre as fases do Proconve (Programa de Controle de Poluição do Ar por Veículos Automotores). “O Despoluir contri-

Inovação na gestão ambiental

Desde 2016, o Despoluir realiza testes de qualidade do óleo diesel em veículos de mais de 60 transportadoras. Os mais de cem testes aplicados registraram média de 61% de aprovação. Além disso, o programa ouve empresários do setor para produzir publicações como a Sondagem CNT de Eficiência Energética no Transporte Rodoviário de Cargas, Sondagem CNT de Gestão Hídrica - Transporte Rodoviário Coletivo de Passageiros 2017 e Sondagem Ambiental do Transporte. Outra linha de ação está relacionada à implantação de um modelo sustentável de desenvolvimento, por meio da melhoria da gestão ambiental no setor de transporte. Na transportadora Confins, essa máxima é levada a sério. O CEO da companhia, Henrique Almeida, explica que a adoção de práticas socioambientais tem que ser verti-


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ILUSTRAÇÕES FREEPIK.COM

ESTRUTURA

RESULTADOS

Federações participantes Avaliações ambientais (até julho/2017) 2.016.783 24 Aprovação no período 84,68% Unidades de atendimento Empresas atendidas 92 Caminhoneiros autônomos atendidos

18.838 21.268

* Dados preliminares, sujeitos a alterações.

bui para mudar a mentalidade dos transportadores. Já estamos com mais de 180 empresas cadastradas em Minas Gerais, e queremos, cada vez mais, intensificar as ações.” A preocupação com o meio ambiente é o carro-chefe da Rouxinol Turismo, empresa mineira que presta serviços de fretamento para transporte rodoviário de passageiros. Segundo o proprietário e diretor da companhia, Julio Diniz, “a responsabilidade socioambiental tornou-se instrumento fundamental para qualquer tipo de negócio”. Ele afirma que as unidades da empresa são dotadas de sistemas de separação de água e óleo, captadores de águas pluviais, recicladora de água da limpeza dos veículos, correta destinação dos resíduos, controle de opacidade e utilização de biodiesel.

calizada. “A atividade de transporte é poluidora por natureza e, portanto, monitorar isso não é apenas uma questão de bandeira, porque interfere diretamente no desempenho. Toda essa conscientização deve ser de cima para baixo.” Além das sondagens, o programa prepara materiais para auxiliar os transportadores, como o Manual CNT de Gestão Hídrica - Transporte Rodoviário Coletivo de Passageiros. De acordo com o presidente da Fetergs (Federação das Empresas de Transportes Rodoviários do Estado do Rio Grande do Sul), Pedro Teixeira, o setor é amplamente beneficiado com tais práticas, reduzindo custos e aumentando a eficiência operacional. “Também é possível identificar novas oportunidades de negócios e aumentar a credibilidade junto aos órgãos fiscalizadores e à sociedade.”

Estímulo à tecnologia e às energias limpas

MANUAL CNT DE GESTÃO HÍDRICA TRANSPORTE RODOVIÁRIO COLETIVO DE PASSAGEIROS


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CIDADANIA PARA O MEIO AMBIENTE Linhas de ação: educação ambiental, informações ambientais, prêmios ambientais

Educar para disseminar

Para instituir uma nova cultura de responsabilidade ambiental, a educação exerce papel fundamental. Por isso, o programa também busca conscientizar motoristas de ônibus, caminhoneiros e taxistas de modo a transformá-los em disseminadores de boas práticas na sociedade. O autônomo Marcio Diniz, 53 anos, comenta que, desde que passou a realizar as avaliações veiculares periodicamente no seu veículo, não somente mudou seus hábitos em relação à direção econômica, mas também percebeu que seus colegas de trabalho estão mais conscientes. “Tem aumentado o número de autônomos preocupados com essa questão.” O Despoluir, por meio do SEST SENAT, também promove cursos da Série Amigos do Meio Ambiente aos taxistas, caminhoneiros e trabalhadores do setor. O presidente da Fetronor (Federação das Empresas de Transporte de Passageiros do

BOLETIM DESPOLUIR BOLETIMDOAMBIEN TAL CONSUMO DE COMBUSTÍVEIS NO BRASIL CONSUMO TOTAL POR TIPO DE COMBUSTÍVEL (em milhões de m3)* TIPO

2012

2013

2014

Óleo Diesel

55,90

58,57

60,03

Gasolina Comum**

39,69

41,42

44,36

41,14

43,01

9,85

11,75

12,99

17,86

14,58

Etanol Hidratado

2015 57,21

2016

2017 (até maio)***

54,27

Gasolina 41,4% Diesel 48,0%

Etanol 10,6%

* Inclui consumo de todos os setores (transporte, indústria, energia, agricultura, etc). ** Obtida da mistura de gasolina e etanol anidro combustível, nas proporções definidas pela legislação em vigor. *** Dados atualizados em 30 de junho de 2017.

CONSUMO DE ÓLEO DIESEL POR MODAL DE TRANSPORTE (em milhões de m3) CONSUMO DE ÓLEO DIESEL - 2011 A 2016 45 40 35 30 25 20 15 10 5 0

2012

2011 Rodoviário

2013

2014

2015

Ferroviário

2016 Hidroviário

MODAL

2011

2012

2013

2014

2015

2016

Rodoviário

36,38

38,60

40,68

41,40

40,20

38,77

Ferroviário

1,18

1,21

1,20

1,18

1,14

1,12

Hidroviário

0,14

0,16

0,18

0,18

0,18

0,18

37,70

39,97

42,06

42,76

Total

41,52 40,07

MONITORAMENT0 DA QUALIDADE DO DIESEL NÃO CONFORMIDADE POR NATUREZA NO ÓLEO DIESEL - BRASIL (maio/2017) Teor de Enxofre 7% Ponto de Fulgor Teor de 11% Biodiesel 61% Destilação 13% Outros 8%* * Em "Outros" estão incluídas as características cor, aspecto, teor de água, teor de água e sedimentos e contaminação total.

BIODIESEL PRODUÇÃO ANUAL DE BIODIESEL - B100 (em milhões de m3) * 4,50 4,00 3,50 3,00 2,50 2,00 1,50 1,00 0,50 0

2,72

2,92

2012

2013

3,42

3,94

3,80

2015

2016

PRINCIPAIS MATÉRIAS-PRIMAS - 2016 (dados acumulados até novembro)

Gordura Bovina 15,50%

Soja 77,10%

1,56

2014

Outras 6,40%

2017

*Dados atualizados em 30 de junho de 2017.

Óleo de Algodão 1,00%

MISTURA OBRIGATÓRIA DE BIODIESEL AO DIESEL FÓSSIL (% em volume)* 2016 7%

2017 março 8%

* Conforme a Lei Federal nº 13.263/2016. ** Após a validação por testes e ensaios em motores.

2018 março 9%

2019 março 10%

Após 2019 março Até 15%**

Para saber mais: www.cntdespoluir.org.br

Reconhecimento de ações sustentáveis

A CNT e o SEST SENAT estimulam a produção de conteúdos sobre meio ambiente e transporte nas mais diversas mídias, com o intuito de levar ao conhecimento dos trabalhadores do setor de transporte e da sociedade as questões mais relevantes que podem afetar o dia a dia da população. Para cumprir tal ação, o Despoluir criou, desde 2007, a categoria especial Meio Ambiente e Transporte no Prêmio CNT de Jornalismo. Há também os prêmios ambientais promovidos pelas federações filiadas. “É a oportunidade de reconhecer e valorizar os transportadores que exercem sustentavelmente suas atividades”, explica o presidente da Fetrans (Federação das Empresas de Transportes de Passageiros do Ceará, Piauí e Maranhão), Francisco Feitosa. O presidente da Fetransportes (Federação das Empresas de Transportes do Estado do


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Nordeste), Eudo Laranjeiras, informa que foi criado, na região, o Despoluir nas Escolas. “Levamos as crianças para uma empresa de ônibus e apresentamos a aplicação dos testes, mostrando a necessidade da preservação do meio ambiente.” O presidente da Fetrabase (Federação das Empresas de Transporte dos Estados da Bahia e Sergipe), Décio Sampaio Barros, afirma que os empresários e empregados já veem o programa como um aliado na melhoria das condições de trabalho dos motoristas. “Eles também se tornam críticos ao verem veículos movidos a diesel, circulando nas vias, expelindo fumaça.”

O Despoluir disponibiliza todos os seus conteúdos em canais diversos. No mês de julho, foi lançado o novo site do programa, com estudos e publicações relacionados ao setor, notícias sobre meio ambiente e transporte e as informações dos projetos e resultados alcançados. O endereço é www.despoluir.org.br. Na Revista CNT Transporte Atual, mensalmente, são publicados boletins ambientais, com os principais indicadores do programa, e matérias e artigos sobre o tema. Além disso, há divulgação de materiais informativos e educativos em todo o país.

Divulgação de informações ambientais

Espírito Santo), Jerson Antonio Pícoli, avalia que a premiação aumenta o comprometimento das empresas com as causas sustentáveis. Conheça alguns prêmios ambientais: » Fetcemg / Melhor Ar - Prêmio FETCEMG de Qualidade do Ar » Fetrans / Prêmio Melhoria da Qualidade do Ar » Fetracan / Prêmio Regional Excelência em Meio Ambiente » Fetergs / Prêmio Gaúcho Despoluir » Fetram / Prêmio FETRAM de Qualidade do Ar » Fetronor / Prêmio TransportAr de Responsabilidade Ambiental » Fetransportes / Prêmio Fetransportes de Qualidade do AR (QualiAR)

Trabalho vencedor do Prêmio CNT de Jornalismo em 2015


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ENTREVISTA

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CLÉSIO ANDRADE PRESIDENTE DA CNT E DOS CONSELHOS NACIONAIS DO SEST E DO SENAT

Referência nacional e internacional No aniversário de dez anos do Despoluir - Programa Ambiental do Transporte, o presidente da CNT e dos Conselhos do SEST e do SENAT, Clésio Andrade, avalia os ganhos proporcionados ao setor e à sociedade com essa iniciativa pioneira, que se tornou referência nacional e internacional. Para ele, o programa tem contribuído para engajar transportadores e assegurar mais saúde e qualidade de vida aos trabalhadores do setor. Uma das principais ações do Despoluir é a avaliação veicular. Como, na prática, avaliar a qualidade da fumaça emitida por caminhões e ônibus pode contribuir para melhorar o meio ambiente e a qualidade de vida das pessoas? Quando os técnicos do Despoluir analisam a qualida-

de da fumaça emitida pelos ônibus e caminhões, eles dão às empresas e aos autônomos informações valiosas que vão ajudá-los a tomar decisões para reduzir a emissão de poluentes na atmosfera, melhorar a manutenção dos seus veículos e diminuir o gasto de combustíveis. Tudo isso ajuda a diminuir a poluição atmosférica e, por consequência, contribui para a melhoria da qualidade de vida dos trabalhadores do transporte e da sociedade em geral, além de ajudar o mundo a combater o aquecimento global. Como essa experiência da CNT e do SEST SENAT pode contribuir para que outros setores da economia e o poder público aprimorem suas ações de responsabilidade socioambiental? O Despoluir já é uma

referência nacional e internacional. O programa vem contribuindo para a formulação e a execução de políticas públicas na área ambiental, com representação nos principais fóruns de discussão do tema, especialmente no Conama (Conselho Nacional do Meio Ambiente) e no Fórum Brasileiro de Mudanças Climáticas. Estamos produzindo conhecimento e formando profissionais mais conscientes. As unidades do SEST SENAT promovem cursos com temática ambiental para aprimorar as práticas dos trabalhadores do transporte. Já as federações afiliadas à CNT, além das avaliações veiculares, oferecem orientações técnicas para o gerenciamento das atividades e promovem prêmios para estimular práticas socioambientais no setor.

O senhor falou em produção de conhecimento e de incentivo às empresas e aos autônomos para melhorar suas práticas. Pode citar outra ação do Despoluir nesse sentido? O Despoluir tem uma série de projetos de engajamento dos transportadores em ações de conservação e sustentabilidade ambiental. Vou citar mais um trabalho recente. Neste ano, o Despoluir fez um grande investimento para incentivar a melhoria da gestão hídrica nas empresas de transporte de passageiros. A partir da Sondagem CNT de Gestão Hídrica - Transporte Rodoviário Coletivo de Passageiros 2017, que ouviu empresários de todo o país, o Despoluir elaborou uma série de contribuições para ajudar as empresas de transporte urbano e rodoviário a aprimorarem suas ações de redução de consumo de


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“O Despoluir vem contribuindo para a formulação e a execução de políticas públicas na área ambiental, com representação nos principais fóruns de discussão do tema” CLÉSIO ANDRADE,

Veículos aprovados nas avaliações sobre os padrões de emissão de poluentes recebem o Selo Despoluir

água na lavagem de veículos. Além da sondagem, o Despoluir criou um manual técnico e um simulador para orientar as empresas a reduzir ainda mais o consumo de água nas garagens. Só esse trabalho pode resultar na economia de 51 milhões de litros de água em cada ciclo de lavagem da frota nacional de ônibus. Em tempos de redução da oferta e de racionamento de água, isso não é pouca coisa. Como o senhor projeta o futuro levando em conside-

ração os desafios ambientais impostos ao setor de transporte e ao planeta? Embora o problema seja global, o compromisso é local e o setor de transporte tem muito a contribuir com as metas climáticas globais. Os transportadores estão conscientes de que é preciso investir cada vez mais em medidas de eficiência energética, expansão do consumo de biocombustíveis, melhorias na infraestrutura e melhor aproveitamento dos modais de transporte. Para

isso, o setor precisa estar cada vez mais afinado com o poder público e, ao mesmo tempo, atualizado, buscando as tecnologias inovadoras e as melhores práticas de gestão. Com essa visão, a CNT criou recentemente o Fórum de Inovação do Transporte. Os objetivos são pensar o presente e o futuro do transporte brasileiro, identificar as necessidades do setor e buscar soluções inovadoras em todos os modais. O Fórum é coordenado pelo ITL (Instituto de Transporte

PRESIDENTE DA CNT

e Logística) em colaboração com nossos escritórios internacionais, tem forte presença do SEST SENAT e conta com a parceria da renomada Universidade de Stanford, dos Estados Unidos. Além de buscar novas tecnologias, vamos investir ainda mais na capacitação dos profissionais e na qualificação da gestão das empresas de transporte. Tudo isso é investimento na competitividade e na sustentabilidade para o setor de transporte brasileiro. Esse é um investimento no futuro. l


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INOVAÇÃO

O futuro do

transporte Pesquisadores da Universidade de Stanford e integrantes do Fórum de Inovação do Transporte debatem transformação acelerada das tecnologias, criatividade, experimentação e capacidade de adaptação por

A

s inovações tecnológicas surgem em um ritmo cada vez mais acelerado e vêm transformando radicalmente modelos de negócios, produtos, serviços e até relações interpessoais. Os desafios que decorrem dessas mudanças não são poucos. A boa notícia é que as oportunidades tam-

NATÁLIA PIANEGONDA

bém não. Mas, para aproveitá-las, será fundamental estar preparado para compreender e incorporar essas transformações e, dessa forma, protagonizar a mudança e a inovação. "A Confederação está atenta a isso e age para estimular o desenvolvimento do setor olhando para o futuro", afirma Clésio Andrade,

presidente da CNT. Entre os dias 24 e 26 de julho, foi realizado o Workshop Inovar, Capacitar, Avançar, que reuniu integrantes do Fórum de Inovação do Transporte, criado pelo Sistema CNT, e pesquisadores da Universidade de Stanford, dos Estados Unidos. O evento foi uma parceria entre a instituição norte-americana e a CNT, o

SEST SENAT, e o ITL e ocorreu na sede da Confederação Nacional do Transporte, em Brasília. As ações do Fórum de Inovação são coordenadas pelo ITL e também têm a participação dos escritórios internacionais da CNT. “Esse é o primeiro passo de um grande desafio, que é desenhar o transporte do futuro. O que buscamos é


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ARQUIVO CNT

“Os líderes atentos estão criando oportunidades para as pessoas tentarem coisas novas, a fim de que experimentem e compartilhem o que aprenderam” MARTHA RUSSELL, DIRETORA-EXECUTIVA DO MEDIAX DA UNIVERSIDADE DE STANFORD

sermos catalisadores desse processo”, explica o diretor internacional da CNT, Harley Andrade. Segundo ele, o início das atividades do Fórum de Inovação do Transporte e a parceria com a Universidade de Stanford são marcos importantes para o setor, que deve ter uma postura proativa diante das mudanças que estão ocorrendo em todo o mundo. “Vivemos um momento de crise econômica, e é difícil pensar no futuro quando se está preocupado em sobreviver. Mas é fundamental que o façamos. Temos que criar oportunidades e condições de atrair investimentos, com segurança jurídica e menos burocracia, além de oferecer serviços alinhados às novas demandas.”

A inteligência artificial é um dos componentes principais dessas mudanças. Sistemas que utilizam robôs em substituição às atividades humanas devem se tornar cada vez mais comuns em diferentes setores da economia. "Tudo isso significa uma grande disrupção. Precisamos estar preparados para as mudanças", acredita Neil Jacobstein, copresidente da área de inteligência artificial e robótica da Singularity University, localizada no Parque de Pesquisas da Nasa, na Califórnia (EUA). No transporte, que não ficaria imune a esses impactos, ele citou como exemplo os veículos autônomos. Mas, apesar disso, as pes-

soas continuarão no centro dessas transformações. Esse é um aspecto fundamental na preparação para as mudanças, segundo Martha Russell, diretora-executiva do mediaX na Universidade de Stanford (programa que busca explorar o uso da tecnologia e incentivar a inovação em diferentes setores). Por essa razão, ela destaca que é importante estimular a criatividade e o aprendizado. “Os líderes atentos estão criando oportunidades para as pessoas tentarem coisas novas, a fim de que experimentem e compartilhem o que aprenderam”, diz. Contudo, ao se estimular o debate e a execução de ideias, não se deve esperar resultados significativos


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Representantes do Fórum de Inovação do Transporte debatem temas como inteligência artificial e preparação para mudanças

imediatos. Tamara Carleton, instrutora da Universidade de Stanford e professora visitante do Instituto de Tecnologia Waseda, no Japão, lembra que construir uma cultura de inovação e colher os frutos disso exige tempo. “Se você quer trabalhar com grandes mudanças, deve dar pequenos passos para fazer progressos e mostrar uma mentalidade positiva para encorajar os envolvidos”, explica. Ela cita a importância do trabalho em times e de fazer experimentos pequenos e rápidos.

“Essa é uma forma eficiente de testar o mercado, identificar o que pode funcionar. São ciclos rápidos que podem ajudar as companhias a descobrirem o que virá.” Capacitação Somado a tantas transformações, está o desafio da capacitação profissional para o futuro, já que as mudanças exigirão novas habilidades e competências em todos os níveis das organizações. “Você precisa perceber que certas atividades vão desaparecer, mas você

pode fazer algo para transformar isso. Por exemplo, quem sabe como obter soluções para problemas criando tecnologias sempre vai conseguir reconfigurar suas práticas”, diz o pesquisador Paulo Blikstein, da Escola de Pós-Graduação em Educação e diretor do Laboratório de Tecnologias de Aprendizagem Transformadoras da Universidade de Stanford. Para a diretora-executiva nacional do SEST SENAT, Nicole Goulart, o futuro é um campo de oportunidades, e a capacitação profissional

“As pessoas continuarão no centro dessas transformações”

NEIL JACOBSTEIN, COPRESIDENTE DA SINGULARITY UNIVERSITY


FOTOS FRAME PRODUÇÃO/DIVULGAÇÃO

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ENGAJAMENTO

A semente está lançada Durante o Workshop, os integrantes do Fórum de Inovação do Transporte, que reúne representantes de todos os modais, tiveram acesso a apresentações que abordaram a inovação sob diferentes perspectivas e as metodologias que podem ser implementadas para desenvolver uma cultura de inovação. “Esse movimento mundial mexe com os decisores. Quando vem algo transformador, que tira o meu chão, não só é difícil acreditar na profundidade dessa mudança, mas também passo a ser um novato nesse mundo. Isso é agressivo. Então, pre-

cisaremos incentivar um movimento específico de sensibilização e engajamento para a ação prévia e para abraçar essas tecnologias”, destaca Dimas Barreira, que representa o transporte rodoviário de passageiros no Fórum de Inovação. Para Afrânio Kieling, representante convidado da ABTC (Associação Brasileira de Logística e Transporte de Carga), as mudanças trazem a muitos empresários e trabalhadores o dever de reaprender. Ele considera que essa iniciativa fará diferença no futuro. “Nós começamos a dar os primeiros passos, que devem ficar cada

vez mais firmes e seguros. Isso é maravilhoso e vai mudar o setor de transporte. Nós temos que mudar”, avalia. Entre os jovens empresários do transporte, a compreensão é de que será importante incorporar a experiência dos mais antigos e dos modelos tradicionais às novidades, explica Marcus Vinícius Couto da Silva. “Tudo o que se agregou até então não pode ser descartado. Temos que ser inteligentes e equilibrar o conhecimento anterior com esse novo formato de gestão, mais colaborativo, criativo, com pensamento mais global. Acho que esse é o caminho.”

O compromisso de promover a inovação no transporte deve caminhar junto da busca por soluções para os gargalos estruturais enfrentados no Brasil. É o que defende Glen Gordon Findlay, da Seção de Infraestrutura de Transporte e Logística da CNT. Segundo ele, sistemas mais modernos permitem que se aproveite de forma eficiente a infraestrutura disponível, porém, é crucial ter melhores condições para o transporte. “A baixa qualidade da infraestrutura e as questões burocráticas são uma combinação que tem sido fatal para o transporte no Brasil”.

Participantes do Workshop Inovar, Capacitar e Avançar, promovido pelo SEST SENAT em Brasília


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exerce um papel essencial para que elas sejam construídas e aproveitadas. “Temos que focar nas pessoas, incentivar que elas pensem em como contribuir para a construção desse futuro. E nós, principalmente no SEST SENAT, podemos desenvolver técnicas para pensar na melhoria do setor, voltadas para a inovação e a tecnologia”, avalia. Ela ressalta, ainda, que, apesar da ten-

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dência de automação de atividades, outras áreas de atuação surgirão, o que reforça a importância da qualificação. “Compartilhando ideias, discutindo o que é o problema, focados na solução, conseguimos construir oportunidades. O mais importante é ter novas ideias e implementá-las.” Em outra frente, está a capacitação de gestores e executivos do transporte,

Leia outras reportagens e entrevistas sobre inovação no transporte em

www.cnt.org.br FREEPIK.COM


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ARQUIVO CNT

Empresas e profissionais precisam se abrir para as mudanças

já que tantas mudanças demandarão de quem está no comando dos negócios posturas cada vez mais proativas e adaptativas. Segundo o diretor do ITL, João Victor Mendes de Gomes e Mendonça, as informações e as metodologias apresentadas no Workshop serão replicadas. “É preciso criar uma mentalidade receptiva para entender essa realidade e se colocar

à disposição para a inovação. Ficou muito claro que isso é mais importante do que as tecnologias que serão criadas”, avalia. Entre as competências que devem fazer a diferença para o futuro, segundo Paulo Blikstein, estão: design thinking (identificar necessidades e desejos e criar soluções), coding (saber programar para automatizar o trabalho),

“Certas atividades vão desaparecer, mas você pode fazer algo para transformar isso” PAULO BLIKSTEIN, PESQUISADOR DA UNIVERSIDADE DE STANFORD

rapid prototyping (criação de protótipos de novas ideias e produtos), comunicação complexa (habilidade de se comunicar com equipes complexas, operando com diferentes culturas). Ele ressalta que isso é tão importante que há países, como o Canadá, por exemplo, adaptando os currículos nacionais de educação para ensinar essas competências para os alunos. l


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FERROVIÁRIO

De Santos a Itaqui, com direito de passagem

ANTT lança audiência pública para leilão do tramo central da ferrovia Norte-Sul; negociação prévia com concessionárias visa assegurar o direito de passagem entre malhas vizinhas por

U

m dos grandes desafios logísticos para o transporte de carga pelas ferrovias brasileiras é o direito de passagem – garantia de que o trem de uma concessionária passe pela malha de outra para escoar suas mercadorias, mediante pagamento. Utilizado em apenas 10% das operações ferroviárias nacionais, em 2016, segundo dados da ANTT (Agência Nacional de Transportes Terrestres), o instrumento poderá deixar de ser uma dificuldade. É o que prevê a agência ao abrir audiências públicas para

EVIE GONÇALVES

conceder o tramo central da ferrovia Norte-Sul, entre Porto Nacional (TO) e Estrela d’Oeste (SP), negociando previamente com as empresas que já operam na região tarifas que assegurem a passagem dos trens, além de um número mínimo de vagões que poderão utilizar a infraestrutura vizinha diariamente. O valor de outorga do leilão, que deverá ocorrer em fevereiro do ano que vem, será de R$ 1,6 milhão. O edital está previsto para ser lançado em novembro deste ano. A expectativa é que, com o direito de passagem assegura-

do, as cargas possam ser escoadas livremente desde o Porto de Santos (SP) até o Porto de Itaqui (MA), com integração entre a malha de várias concessionárias. Atualmente, a ferrovia só funciona plenamente no trecho norte, entre Porto Nacional (TO) e Açailândia (MA), operado pela VLI, e transbordo junto à Estrada de Ferro Carajás, operada pela Vale S.A. Nessa região, o direito de passagem já existe. O grande problema é entre Porto Nacional e Estrela d’Oeste. Uma parte desse trecho (Porto Nacional - Anápolis) está

concluída há dois anos, mas não está em funcionamento justamente por falta de interessados na operação. A outra parte (Anápolis - Estrela d’Oeste) ainda está em obras. O leilão aberto pela ANTT permite justamente a concessão e a operação desses 1.500 km. Com a chegada até Estrela d’Oeste, os vagões poderão fazer transbordo junto à linha da Rumo Malha Paulista e chegar ao Porto de Santos. Para que a carga alcance o porto paulista, o direito de passagem deverá ocorrer necessariamente.


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ARQUIVO CNT

“A renovação antecipada dos contratos de concessão representa o melhor instrumento para expansão da capacidade das ferrovias” FERNANDO PAES, DIRETOR-EXECUTIVO DA ANTF

De acordo com o diretor-executivo da ANTF (Associação Nacional dos Transportadores Ferroviários), Fernando Paes, a entidade considera tecnicamente correta a decisão do governo federal no sentido de viabilizar o tráfego futuro da ferrovia Norte-Sul com o de outras malhas. Segundo ele, “para os trens com sentido ao Porto de Itaqui, já estão sendo estudadas pela ANTT e pela VLI as garantias jurídicas e operacionais que assegurarão tal passagem. Já nos outros trechos, a renovação antecipada dos contratos

de concessão representa, na avaliação do setor, o melhor instrumento para a expansão da capacidade das ferrovias e, com isso, haverá maior acesso aos portos e terminais”. Paes se refere aos contratos da MRS e da Rumo, que deverão ser prorrogados antecipadamente por mais 30 anos prevendo, assim, o direito de passagem. A ANTT optou por negociar o direito de passagem previamente com as concessionárias para garantir segurança jurídica ao processo. Segundo informou a agência, caso deixasse o acordo

para período posterior à assinatura do contrato, “haveria incerteza em relação à real capacidade de acesso nas demais malhas necessárias”. De acordo com as cláusulas em debate nas audiências públicas, estão previstas, por exemplo, tarifas para remunerar as passagens: R$ 29,56 por 1.000 TKU (toneladas por quilômetro útil) na malha da Carajás e R$ 28,87 por 1.000 TKU na malha da Rumo. Além disso, os contratos estabelecem uma progressão para a quantidade diária de trens que devem passar pelas ferrovias


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TRAÇADO DA FERROVIA NORTE-SUL E ACESSO AOS PORTOS VENEZUELA SURINAME

GUIANA FRANCESA

GUIANA

de ada rajás r t Es o Ca r Fer Açailândia - MA

Porto de Itaqui

EF - 151

Porto Nacional - TO

Anápolis - GO

BOLÍVIA

EF

1 - 15

Estrela D'oeste - SP

Ru Ma mo lha Lo Pa gíst uli ica st a

PARAGUAI

Porto de Santos

Oceano Atlântico

ARGENTINA

Em operação Construído Em construção Acesso aos portos URUGUAI


DIVINO ADIVÍNCULA/VLI/DIVULGAÇÃO

“Sem o direito de passagem, o transporte se torna inviável” FREDERICO BUSSINGER, CONSULTOR DE LOGÍSTICA

vizinhas à Norte-Sul. Na malha da Rumo, esse escalonamento deverá passar de dois pares de trens diários para cinco. Outra previsão contratual é a inclusão da cláusula Take-or-Pay, que estabelece a obrigação de pagamento de uma quantia à empresa que está concedendo o direito de passagem, independentemente da efetiva utilização da linha férrea. “É uma espécie de aluguel da infraestrutura. A desvantagem é que, se houver alguma queda na produção e o dono da carga não puder realizar o transporte previsto, terá que pagar assim mesmo”, afirma o presidente da Anut (Associação Nacional dos Usuários do Transporte de Carga), Luiz Henrique Baldez. Ele defende a flexibilização dessas regras até que o mercado se adapte à previsão do direito de passagem. Mesmo considerando benéfica a negociação prévia ao leilão, Baldez ainda acredita que o número de trens que poderão passar em outras linhas está aquém da capacidade de transporte da ferrovia. “Com

Trecho da ferrovia Norte-Sul operado pela VLI entre Porto Nacional (TO) e Açailândia (MA)

essa configuração, a Norte-Sul terá capacidade para escoamento de 20 milhões de toneladas. Mas ela poderia transportar 30 milhões. Ou seja, estaria operando com apenas dois terços do seu pleno potencial”, explica. De acordo com a ANTT, entre janeiro de 2016 e maio de 2017, a soja foi o principal produto transportado no tramo norte da ferrovia (4,8 milhões de toneladas por quilômetro útil). A celulose veio em segundo lugar (1,2 milhão de toneladas por quilômetro útil). Óleo diesel, milho, gasolina, farelo de soja, álcool e outros derivados de petróleo também tiveram transporte expressivo. Impasses Para o consultor de logística, Frederico Bussinger, ainda não houve interessados na operação do tramo central da ferrovia Norte-Sul justamente pelo fato de o trecho ser isolado e não se conectar diretamente a algum porto. Além disso, ele está localizado entre duas concessões já em funcionamento

(VLI e Rumo), o que aumenta a dificuldade de licitação. “Sem o direito de passagem, o transporte se torna inviável.” Outros problemas, segundo ele, são a diferença entre bitolas, normas e procedimentos distintos em cada concessionária e a competição financeira entre as concessionárias e os usuários. Bussinger prevê que, resolvidos os impasses, a licitação da Norte-Sul será exitosa e vai estimular o transporte para o Norte do país. “Acredito que o pleno funcionamento da ferrovia vai forçar o aumento da produção. Com melhor logística, o que envolve capacidade, tempo e custo, a carga terá mais condições de chegar a Itaqui. O mais provável é que o agronegócio seja estimulado”. Segundo o especialista, o Brasil tem área, tecnologia e mão de obra suficientes, mas a demanda ainda é reprimida. “Só não produzimos mais porque não temos como escoar”, ressalta. O presidente da Anut, Luiz Henrique Baldez, acredita que o

pleno funcionamento da ferrovia não vai impactar a movimentação de cargas no já saturado Porto de Santos. “O que vai ocorrer é que o transporte para o Norte, que está bem abaixo da sua capacidade, será turbinado”, prevê. Bussinger avalia que o direito de passagem é essencial para que haja a integração entre os diversos modais. “Esse instrumento vai favorecer o desenvolvimento não só de ferrovias, mas também de portos, hidrovias, rodovias, centros de armazenamento e plataformas logísticas. Sem a garantia, a ideia de malha integrada e de interoperabilidade fica comprometida”, complementa. O especialista ressalta ainda que o leilão da ferrovia Norte-Sul poderá servir de laboratório para as próximas licitações. “Várias concessões terão renovação antecipada de contratos. Com isso, os futuros investimentos ficarão mais seguros e poderemos ter instrumentos operacionalmente e economicamente l efetivos”, conclui.


RODOVIÁRIO DE PASSAGEIROS

Marcha a ré

no transporte interestadual Transporte rodoviário de passageiros sofre com redução de demanda; apenas no primeiro semestre de 2017, a queda foi de 25 mil passageiros em comparação com o mesmo período de 2016 por

A

crise econômica que atingiu o Brasil a partir de 2014 chegou antes ao transporte rodoviário interestadual de passageiros. Desde 2003, o setor tem registrado queda no volume de pesso-

CARLOS TEIXEIRA

as transportadas. Se naquele ano mais de 70 milhões de passageiros embarcaram nas linhas com distâncias superiores a 75 km que percorrem todo o país, em 2016, o número não ultrapassou 42,5 milhões. Os dados são

da ANTT (Agência Nacional de Transportes Terrestres) e mostram também que, na comparação entre o primeiro semestre de 2017 e o primeiro semestre de 2016, a queda foi de 25 mil passageiros. Embora o número de

viagens realizadas pelas empresas do setor tenha aumentado nos últimos dois anos, passando de 2 milhões para 2,4 milhões, a taxa de ocupação dos ônibus teve o seu segundo ano seguido de queda, atingindo 57,9%,


FOTOS JÚLIO FERNANDES/DIVULGAÇÃO

CNT TRANSPORTE ATUAL

“O aumento do transporte clandestino e de aplicativos de carona contribui para a redução de demanda”

EDUARDO TUDE, PRESIDENTE DO CONSELHO DELIBERATIVO DA ABRATI

de acordo com a agência. Números do Anuário CNT do Transporte mostram que, somente entre 2015 e 2016, a redução foi de 6 milhões de passageiros. Para o presidente do Conselho Deliberativo da Abrati (Associação Brasileira das Empresas de Transporte Terrestre de Passageiros), Eduardo Tude, os números comprovam as sucessivas crises que as empresas do setor têm enfrentado nos últimos anos. “Nossa estimativa é que houve uma redução de cerca de 20% entre 2013 e 2016 no número de passagei-

ros transportados. Além das crises políticas e econômicas que afetam todos os setores da economia nacional, o aumento do transporte clandestino e de aplicativos de carona contribui para essa redução”, afirma ele. Um dos elementos que também devem ser levados em conta para justificar a queda no volume de passageiros rodoviários transportados é o aumento do transporte aéreo no país nos últimos anos. Mesmo com retração em alguns meses, principalmente entre 2015 e 2016, o índice de passageiros

que optaram pelo avião teve alta nos últimos seis anos. Se em 2010, para cada passageiro transportado por via rodoviária, 1,1 viajava de avião, em 2016, esse índice subiu para 1,95, segundo dados divulgados pelo Ministério dos Transportes, Portos e Aviação Civil. Na Expresso Guanabara, empresa de transporte interestadual e intermunicipal que opera em 12 Estados brasileiros e no Distrito Federal, a crise atingiu todas as áreas: do operacional ao administrativo. De acordo com o gerente comercial da empre-

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sa, Roberto Vasconcelos, nem a adoção de uma postura mais agressiva no mercado permitiu que a situação fosse revertida. “Desde o segundo semestre do ano passado, nós tivemos uma queda do número de passageiros. O fator econômico vem afetando diretamente o segmento. No primeiro trimestre deste ano, registramos uma queda de 5,5% em relação ao mesmo período do ano passado.” Na visão dele, após o reajuste dos combustíveis, realizado em julho depois da decisão do governo federal de aumentar em 100% a alíquota do PIS/Cofins sobre esses produtos, a situação deve piorar ainda mais. “As empresas vão ter que absorver os aumentos sem ter como repassar para os passageiros, pois isso pode contribuir ainda mais para o cenário de queda de vendas de passagens” (leia mais sobre o aumento dos combustíveis na página 39). Estratégias adotadas Historicamente, devido ao maior volume de feriados e férias, o setor tem aumento de demanda no segundo semestre. “Estamos esperando os feriados para que possamos reagir e chegar perto do resultado do ano passado”, afirma Eduardo Tude, presidente do Conselho Deliberativo da Abrati.


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Empresas investem em melhorias para atrair clientes

Entre 2015 e 2016, a redução foi de

6 milhões de passageiros

De acordo com ele, para atingir esse objetivo, as empresas do setor têm desenvolvido estratégias para driblar o momento de turbulência no mercado, aperfeiçoando seus métodos de trabalho. “Tentamos nos colocar como primeira opção quando o cliente pensa em viajar, mostrando nossos descontos, destacando as qualidades da empresa, dos veículos, além da otimização das operações para diminuir os custos.” Entre as estratégias ado-

tadas pelas empresas, Tude elenca a compra de novos ônibus e a implantação de tecnologias que auxiliam na operação, como a venda de passagens pela internet e por aplicativos para celulares, a oferta de salas vips em terminais rodoviários e veículos dotados de sistema de entretenimento. Impostos Pleito antigo do setor, a Abrati ainda defende a isenção do ICMS (Imposto sobre

a Circulação de Mercadorias e Serviços) sobre as passagens, o que poderia baratear os custos e, assim, possibilitar um equilíbrio no número de passageiros transportados. Atualmente, a demanda é objeto de um projeto de lei que tramita no Senado Federal. Segundo a associação, acabar com a incidência do imposto poderia tornar as passagens, em média, 15% mais baratas. A cobrança do ICMS é feita pelos Estados e l varia de 4% a 18%.


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ECONOMIA

Impacto no preço

do transporte

CNT avalia que aumento de impostos sobre os combustíveis deve gerar alta de 2,5% no custo dos fretes da

O

setor de transporte recebeu com preocupação o aumento de cerca de 100% do PIS/Cofins sobre os combustíveis, anunciado em julho pelo governo federal. De acordo com os cálculos da CNT (Confederação Nacional do Transporte), a incidência da carga tributária mais elevada deve gerar um impacto de 2,5% sobre os custos do transporte rodoviário de cargas, além de impactar outros modais. Segundo o Sistema de Levantamento de Preços da ANP (Agência Nacional de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis), o preço

REDAÇÃO

médio do diesel passou de R$ 2,91, entre os dias 16 e 22 de julho, para R$ 3,05 na última semana do mês. No diesel S10, o valor do litro passou de R$ 3,05 para R$ 3,18 no mesmo período. Na gasolina, o reajuste provocou elevação de R$ 0,28 no preço do litro, que tinha preço médio de R$ 3,74 na última semana de julho. No GNV, a elevação foi de R$ 0,26. O preço médio registrado foi de R$ 2,33. O litro do etanol teve a maior alta, R$ 0,41, ficando em R$ 2,59. “O aumento de impostos sobre os combustíveis tem reflexos imediatos no custo dos alimentos e de todos os produtos consumidos pela população

brasileira”, afirma o presidente da CNT, Clésio Andrade. A elevação da carga tributária não poderia ser realizada em pior momento para os transportadores. Após ter registrado queda no PIB de 7,1% em 2016, neste ano, o setor já foi penalizado com o fim da desoneração da folha de pagamentos, que até o fechamento desta edição tramitava no Congresso Nacional. Na avaliação do presidente da CNT, os aumentos sucessivos da carga tributária comprometerão ainda mais o desempenho do transporte rodoviário de cargas, que responde por mais de 60% da

movimentação de produtos no Brasil. Segundo ele, além do impacto sobre o preço do frete, há o risco de novas demissões de trabalhadores do setor. “Para barrar o deficit público, em vez de aumentar impostos, o governo precisa buscar novas receitas de concessões e privatizações, investir em infraestrutura e prosseguir na modernização do Estado, realizando, ainda este ano, a Reforma da Previdência”, ressalta Clésio Andrade. Para ele, essas são medidas sustentáveis que farão o país voltar a crescer e gerar empregos, enquanto o aumento de impostos inibirá ainda mais l a economia nacional.


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RODOVIÁRIO DE CARGAS

Multas

comprometem integração Brasil reivindica revisão de mais de US$ 12 milhões em penalidades a transportadores na Argentina; negociações começaram a avançar neste ano por

O

s laços entre Brasil e Argentina datam de mais de dois séculos atrás e abarcam inúmeras dimensões: economia, comércio, educação, cultura, turismo, defesa, ciência e tecnologia, entre outras. Combinados, os dois países representam 63% da área total da América do Sul, 60% da popu-

DIEGO GOMES e NATÁLIA PIANEGONDA

lação e 61% do PIB da região. Segundo o MDIC (Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior), o Brasil é o principal parceiro comercial da Argentina, e a Argentina, o terceiro maior do Brasil. Toda essa integração, contudo, não impediu que transportadores brasileiros fossem multados em território argentino

de maneira abusiva, conforme avalia a ABTI (Associação Brasileira de Transportadores Internacionais). As penalidades, que somam mais de US$ 12 milhões (aproximadamente R$ 36 milhões), foram aplicadas, no período de 2003 a 2007, pelo fato de caminhões brasileiros terem trafegado sem a devida CITV

(Certificação de Inspeção Técnica Veicular) para transporte internacional, exigida por meio de acordos do Mercosul. À época, a ausência dessa medida passou a ser considerada infração grave pela Argentina. No entanto, na avaliação da ABTI, essa decisão violou um entendimento e um acordo formal que havia entre os países, já que


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FOTOS ABTI/DIVULGAÇÃO

Caminhoneiros receberam as multas 5 anos após as autuações

não existiam oficinas autorizadas a fazerem o procedimento em regiões da fronteira. “Essas multas não possuem enquadramento legal previsto especificamente no segundo protocolo adicional ao Acordo de Alcance Parcial sobre Transporte Internacional Terrestre, que foi internalizado pelo Decreto nº 5.462, de 2005. Por se tratar de uma penalidade, essas multas deveriam ter um valor definido, e não estarem sujeitas a interpretações. O órgão fiscalizador argentino autuou pelos mais diversos valores, que foram desde um

pouco menos de US$ 100,00 a US$ 4.000,00 por veículo. O montante oscilou por um período, até que uniformizaram em US$ 2.000,00 por veículo”, explica o presidente da ABTI, Francisco Cardoso. Além disso, Cardoso comenta que, na época, o governo argentino autorizou o ingresso dos veículos brasileiros, mesmo sem a inspeção técnica, e não informou sobre a infração. “Os transportadores brasileiros foram induzidos por cinco anos. Quando essas autuações estavam prestes a prescrever, eles receberam as notificações

milionárias.” As multas foram questionadas pelas empresas e, por não serem pagas, estão em execução judicial. Esse impasse tem gerado entraves para os transportadores internacionais, como a dificuldade no andamento de trâmites administrativos junto ao país vizinho. “Todos os transportadores, nessas condições, sofreram retaliações administrativas. Não conseguiam registrar as modificações de frotas. Por diversas vezes, veículos ficaram retidos por conta da falta de complementação e até existem casos de bloqueios

“Todos os transportadores, nessas condições, sofreram retaliações administrativas. Por diversas vezes, veículos ficaram retidos” FRANCISCO CARDOSO, PRESIDENTE DA ABTI


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Multas chegaram a

US$ 2 mil por veículo

financeiros em contas bancárias”, diz o presidente da ABTI.

Impasse entre os países tem gerado entraves para os transportadores

Horizonte Segundo a ANTT (Agência Nacional de Transportes Terrestres), o Brasil, em virtude de sua situação geográfica, mantém historicamente acordos de transporte internacional terrestre, principalmente rodoviário, com quase todos os países da América do Sul, como é o caso da Argentina. Entretanto, na visão do presidente da associação que representa os transportadores internacionais brasileiros, a integração regional, nesse campo, necessita de “fenômenos de cooperação e unificação entre dois ou mais países, e deve ter base num princípio de não discriminação e de igualdade.” Para ele, o objetivo primordial deve ser a ampliação de mercados pela eliminação de barreiras não

tarifárias à circulação de bens e serviços, fomentando assim a existência de uma política comercial externa comum. Nesse sentido, no mês de julho, a Argentina decidiu desvincular trâmites administrativos relacionados a licenças para transportadores brasileiros de multas registradas contra eles. A medida deve beneficiar cerca de 300 empresas que realizam o transporte internacional de cargas. Isso deve facilitar o processo de atualização das informações sobre a frota das empresas de transporte internacional de cargas na CNRT (Comisión Nacional de Regulación de Transporte), da Argentina. A decisão do país vizinho é vista com otimismo pela Associação Brasileira de Transportadores Internacionais. “É um avanço, é um sinal de início de negociação. Esperamos por anos. Ela renovou a esperança de conseguir que as multas sejam justamente canceladas. Agora que temos um sinal favorável, não podemos e nem devemos deixar de lutar”, declara Cardoso. As negociações estão caminhando e contam com o envolvimento dos governos dos dois países, mas, por ora, não há previsão de desfecho. As autoridades argentinas responsáveis pelo fato foram procuradas pela reportagem, mas até o fechamento desta edição não se manifestaram l sobre o assunto.


CAMILA DOMINGUES/PALÁCIO PIRATINI/DIVULGAÇÃO

LEGISLAÇÃO

País tem nova lei trabalhista Regras vão modernizar as relações de trabalho, contribuir para a geração de empregos e impulsionar a economia; representantes da CNT, do SEST SENAT e do ITL participaram da cerimônia de sanção da lei por

O

Brasil agora tem uma nova legislação trabalhista. A lei que altera pontos da CLT (Consolidação das Leis do Trabalho) e flexibiliza a negociação entre empregadores e empregados entra

EVIE GONÇALVES

em vigor em novembro, 120 dias após a publicação do texto no Diário Oficial da União. Até lá, o governo federal deverá enviar uma MP (Medida Provisória) ao Legislativo para propor modificações em alguns tópicos do texto.

A convite do presidente Michel Temer, representantes da CNT (Confederação Nacional do Transporte), do SEST SENAT (Serviço Social do Transporte e Serviço Nacional de Aprendizagem do Transporte) e do

ITL (Instituto de Transporte e Logística) participaram da cerimônia de sanção da Reforma Trabalhista, no Palácio do Planalto, em Brasília (DF), realizada em julho. A aprovação da Reforma Tra-


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MODERNIZAÇÃO TRABALHISTA MODERNIZAÇÃO TRABALHISTA PRINCIPAISMUDANÇAS MUDANÇAS PRINCIPAIS COMOFICARÁ FICARÁ COMO

COMO COMOÉ ÉHOJE HOJE

“As novas regras incentivam a geração de empregos no volume e na velocidade que o país precisa para voltar a crescer” CLÉSIO ANDRADE,

Semprevisão previsão Sem

TRABALHO DO AUTÔNOMO TRABALHO AUTÔNOMO Convençõese eacordos acordoscoletivos coletivosde de Convenções trabalho estãoprevistos previstosnanaConstituição Constituição trabalho estão Federal, mas muitoscasos casossão sãoanulados anulados Federal, mas muitos pela Justiça do Trabalho pela Justiça do Trabalho

Convenções têm Convençõeseeacordos acordoscoletivos coletivos têm força forçade delei; lei;em emalguns algunscasos casos prevalecem prevalecemsobre sobrea alei. lei.Direitos Direitos constitucionais estão (13º constitucionais estãogarantidos garantidos (13º salário, FGTS, salário mínimo, salário, FGTS, salário mínimo, seguro-desemprego, aviso prévio) seguro-desemprego, aviso prévio) Qualquer atividade (meio ou fim) Qualquer atividade (meio ou fim) pode ser terceirizada pode ser terceirizada

Regulamentada pela Lei nº 13.429/2017 Regulamentada pela Lei nº 13.429/2017

PRESIDENTE DA CNT

balhista é uma luta antiga da Confederação. O setor de transporte considera as alterações fundamentais para impulsionar a economia do país e criar novos postos de trabalho. Na avaliação do presidente da CNT, Clésio Andrade, o Brasil não podia mais conviver com uma legislação arcaica, da década de 1940, e as mudanças representam um marco, colocando o país no século 21. "Ao conferir modernidade e segurança jurídica às relações de trabalho, as novas regras incentivam o investimento produtivo e a geração de empregos, no volume e na velocidade que o país precisa para voltar a crescer." Segundo ele, a flexibilização trazida pela modernização da lei é um incentivo ao crescimento das empresas, que se tornarão mais competitivas e mais estáveis. Clésio Andrade considera que a liberdade de negociação entre empregados e empregadores criará um mercado de trabalho mais dinâmico,

NEGOCIAÇÃO COLETIVA NEGOCIAÇÃO COLETIVA

contrataçãodedeautônomo, autônomo, AAcontratação cumpridastodas todasasasformalidades formalidades cumpridas legais, dede legais,com comouousem semexclusividade, exclusividade, forma aa formacontínua contínuaouounão, não,afasta afasta qualidade qualidadededeempregado. empregado.

TERCEIRIZAÇÃO TERCEIRIZAÇÃO A não concessão ou a concessão parcial Ado nãointervalo concessão a concessão parcial paraou repouso e alimentação, do intervalo repouso etotal alimentação, implicapara o pagamento do período implica o pagamento total do período INTERVALO INTRAJORNADA

INTERVALO INTRAJORNADA

Podem ser fracionadas em até dois períodos, sendo que um deles pode Podem ser fracionadas em não até dois a 10pode dias períodos, sendo que ser um inferior deles não ser inferior a 10 dias

FÉRIAS FÉRIAS

Sem previsão

Sem previsão

TELETRABALHO

TELETRABALHO Jornada de até 25 horas semanais, sem hora extra Jornada de até 25 horas semanais, sem hora extra

TRABALHO PARCIAL

TRABALHO PARCIAL Sem previsão

Sem previsão

TRABALHO INTERMITENTE

TRABALHO INTERMITENTE

A não concessão ou a concessão A não concessão a concessão parcial do intervaloouimplica o parcial do intervalo pagamento apenas doimplica períodoo pagamento não usufruídoapenas do período não usufruído Com a concordância do empregado, poderão ser fracionadas três Com a concordância do em empregado, períodos: um não pode ser em inferior poderão ser fracionadas três a 14 dias corridos os demais nãoinferior poderãoa 14 períodos: ume não pode ser ser corridos diasinferiores corridosae5osdias demais não poderão

ser inferiores a 5 dias corridos Trabalhador e empregador podem negociar responsabilidades e despesas Trabalhador e empregador podem com infraestrutura negociar responsabilidades e despesas com infraestrutura Jornada de até 30 horas semanais, sem hora extra ou 26 horas semanais, Jornada até extras 30 horas semanais, com até 6de horas semanais sem hora extra ou 26 horas semanais, com até 6 horas extras semanais Prestação de serviços, com subordinação, não contínua, em períodos alternados, determinados em Prestação de serviços, com horas, dias ou meses, subordinação, não contínua, em independentemente dodeterminados tipo de períodos alternados, em atividade, exceto para os aeronautas horas, dias ou meses,

independentemente do tipo de atividade, exceto para os aeronautas


CNT TRANSPORTE ATUAL

Sem previsão

QUITAÇÃO ANUAL

O tempo gasto pelo empregado da sua residência até o local de trabalho de difícil acesso é computado na jornada de trabalho

Empregados e empregadores podem firmar termo de quitação anual de obrigações trabalhistas, perante o sindicato dos empregados da categoria

Revoga a obrigatoriedade

RESCISÃO CONTRATUAL

O tempo gasto não será computado na jornada de trabalho

DESLOCAMENTO

Prevista em lei ou ajustada exclusivamente mediante acordo ou convenção coletiva de trabalho

JORNADA 12 X 36

Só era possível mediante convenção coletiva ou acordo coletivo de trabalho

BANCO DE HORAS A reparação decorrente de dano moral é prevista no Código Civil, mas há muita controvérsia sobre a pertinência e o valor a ser aplicado na esfera trabalhista

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COMO FICARÁ

COMO É HOJE

Obrigatória homologação do termo de rescisão do contrato de trabalho com a assistência do respectivo Sindicato ou do Ministério do Trabalho

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Passa a valer também mediante acordo individual escrito

O banco de horas poderá ser pactuado por acordo individual escrito, desde que a compensação se realize no período máximo de 6 meses

Estabelece parâmetros para fixar a indenização

DANO MORAL

Obrigatório pagamento equivalente a um dia de trabalho

Pagamento deixa de ser obrigatório

CONTRIBUIÇÃO SINDICAL Intervalo pode ser negociado entre empresa e empregado, com mínimo de 30 minutos

Mínimo de uma hora de intervalo para jornadas de mais de 6 horas

HORÁRIO DE ALMOÇO

com novos tipos de contrato, jornadas e horários adequados a cada atividade e às demandas dos tempos atuais. Durante a cerimônia de sanção da nova lei, o presidente Michel Temer afirmou que a Reforma combate a passionalização das questões trabalhistas que chegam ao Judiciário. Segundo ele, isso gerava instabilidade ao país. "Ao invés de aplicarem rigidamente a ordem jurídica, sem qualquer emoção ou ideologia, isso era feito segundo sentimentos psicológicos ou sociológicos", disse. Para o presidente do TST (Tribunal Superior do Trabalho), Ives Gandra Filho, a nova legislação faz parte de um momento histórico do país porque as regras que regiam as relações de trabalho até então necessitavam urgentemente de uma modernização. "Nós, juízes do trabalho, sentimos falta de marcos regulatórios seguros. As empresas precisam de segurança jurídica. Os trabalhadores precisam de proteção. E, muitas vezes, essa proteção ocorre só no papel, ou seja, não é algo real. Uma legislação deve ser enxuta e conter direitos básicos de todos os trabalhadores. O que é próprio de cada categoria deve ser estabelecido por meio de negociação coletiva. Quem melhor conhece as condições de trabalho de cada ramo são aqueles que trabalham naquele ramo. Prestigiar a negociação coletiva é a espinha dorsal dessa Reforma", afirmou. l


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AQUAVIÁRIO

Amazônia limpa

Antaq lança campanha de alerta contra o descarte de lixo nos rios da região; ideia é incentivar coleta seletiva nas embarcações e reciclagem de materiais por

C

ortada por inúmeros rios, igarapés e nascentes, a Amazônia possui uma característica peculiar. A vida da população gira em torno das águas. Viagens que, em outros locais, são feitas de carro, ônibus ou metrô, na região são realizadas pelos rios que cortam os municípios.

EVIE GONÇALVES

Segundo a Antaq (Agência Nacional de Transportes Aquaviários), anualmente 9 milhões de passageiros são transportados na região. Levantamento da agência reguladora aponta que essas pessoas consomem cerca de 27 milhões de copos plásticos por ano nas viagens, considerando

uma média de três unidades por viajante. A falta de uma política de destinação correta desses resíduos tem causado sérios problemas ambientais: o excesso de lixo depositado nos rios. A Antaq não tem dados específicos sobre o volume que é despejado nas águas, mas grande parte dos resíduos não é descartada de maneira adequada.

Para mudar essa realidade, a agência lançou a campanha Rio Limpo, Amazônia Viva durante o 1º Encontro da Navegação Sustentável na Amazônia – evento realizado em Santarém (PA) com apoio do SEST SENAT, no fim de julho. Outras edições serão realizadas em Belém (PA) e


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em Manaus (AM). A ideia é incentivar a coleta seletiva nas embarcações para que os resíduos acumulados tenham correta destinação quando chegarem às cidades. Para isso, serão instaladas lixeiras específicas nas lanchas e nos ferries, com compartimentos para plástico, metal, papel, vidro e material orgânico. Após o recolhimento, esse lixo poderá ser reciclado.

Outra frente é o trabalho de conscientização para que os passageiros não joguem lixo nos rios, com ações como a distribuição de cartilhas educativas, além de copos reaproveitáveis nas viagens com foco na redução do número de descartáveis. “A conscientização não é fácil. Muito se fala sobre o meio ambiente da Amazônia, mas se trabalha pouco por ele. A Antaq

pode até determinar a coleta seletiva, mas não adianta se o usuário não tiver a consciência e deixar de jogar lixo nos rios, sobretudo no Tapajós e no Amazonas”, afirmou o diretor da agência Adalberto Tokarski. O prefeito de Santarém, Hélio Aguiar, destacou que a realidade do transporte na região mudou. “Houve um período em que o transporte de passageiros era

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“O processo de depositar resíduos nas águas é cultural” MARIJARA SERIQUE, COORDENADORA DO PROJETO PEAT

EVIE GONÇALVES/CNT

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AGUINALDO OLIVEIRA JÚNIOR/SINDARMA/DIVULGAÇÃO

Voluntários em ação de coleta de lixo no Rio Negro, em Manaus

feito por meio de lanchas rápidas que transportavam uma pequena quantidade de pessoas. Mas chegamos ao momento do ferry de cargas, de veículos e de passageiros. Não são mais barcos de 150 lugares. Estamos falando em 1.000 viajantes por embarcação. Todos navegando e produzindo lixo. Precisamos trabalhar a consciência dessas pessoas para proteger nossas águas.” De acordo com uma pesquisa encomendada pela Antaq, 49% dos passageiros que navegam nesses rios possuem apenas ensino médio. Apenas 13% possuem renda superior a cinco salários mínimos. Além do trabalho de conscientização, a iniciativa da Antaq prevê a criação de um selo verde para as embarcações da região. A agência pretende criar uma

série de recomendações no aspecto ambiental. “A vantagem para a empresa que tiver esse selo é que a população saberá que está navegando em uma embarcação ambientalmente correta”, explica Tokarski. O presidente da Fenavega (Federação Nacional das Empresas de Navegação Aquaviária), Raimundo Holanda, que participou do evento, afirmou que a campanha é satisfatória, mas, segundo ele, de nada adianta focar na tripulação e nos passageiros se não houver investimento em infraestrutura de embarque e desembarque. “Em Manaus, existe uma plataforma de passageiros na beira do rio Negro. Eu considero aquilo um lixão flutuante. Como iniciar uma campanha se o próprio local

é muito mais sujo do que tudo que possa acontecer dentro do barco? Tínhamos que dar pelo menos dignidade ao embarque e ao desembarque”, ressaltou. O lixo aparente nas estações é perceptível sobretudo no verão, quando os rios começam a secar. De acordo com Marijara Serique, coordenadora do projeto Peat (Plano de Educação Ambiental para Todos), desenvolvido pela CDP (Companhia Docas do Pará) com foco em educação ambiental, é grande a quantidade de plástico, isopor, pneus, móveis e até mesmo frutas jogadas nos rios. “Nessas ocasiões, sempre temos que fazer um mutirão de limpeza. As pessoas utilizam os rios como ruas aqui na Amazônia. O processo de depositar resíduos nas águas é cultural”, alertou

dizendo que uma das principais consequências do acúmulo de lixo é a morte de animais. “Eles comem os resíduos e acabam não resistindo. Também acontece de os peixes se enrolarem no plástico e morrerem porque ficam presos e não conseguem escapar”, explica. Marijara ressalta que uma pequena quantidade do lixo produzido na região é reciclada. Na prática, as embarcações deixam os resíduos nos portos, que acabam fazendo a destinação ao lixão. A Antaq estima que, dos 53 municípios da Amazônia, 17 possuem lixões, cinco possuem aterros sanitários, quatro têm unidades de triagem e somente três têm valas específicas para materiais utilizados em serviços de saúde. Em Santarém, por exemplo, município que produz cerca de 150 toneladas de lixo por dia, só existe um lixão para toda a cidade. “Atualmente, mais de 90% do lixo que recebemos no porto público ainda é bruto. Mesmo com campanhas constantes, ainda enfrentamos muita resistência da tripulação e dos passageiros em fazer a coleta seletiva”. Segundo ela, muitas vezes, a população deposita o lixo de forma correta, mas as embarcações acabam misturando os resíduos no mesmo saco para economizar. Quando recebem o material, os funcionários do porto encaminham parte dos resíduos para o lixão e o que é reaproveitável segue para reciclagem em


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INICIATIVA

SEST SENAT apoia a sustentabilidade em Santarém Preocupado com a preservação ambiental da região amazônica, o SEST SENAT foi um dos apoiadores do evento. O instrutor da unidade de Santarém, Odenildo Brito, apresentou o curso Trabalhador em transporte amigo do meio ambiente, que tem o objetivo de qualificar os trabalhadores do transporte para atuarem como multiplicadores e disseminadores de boas práticas ambientais. Oferecido gratuitamente na modalidade a distância, o treinamento tem duração de quatro horas e já formou mais de 12 mil profissionais do setor. Entre os conteúdos trabalhados estão

Meio Ambiente e Poluição e Responsabilidade Ambiental Voltada ao Setor de Transporte. “Nosso foco é a educação. Esse tipo de conhecimento faz toda a diferença”, destacou ele. O curso pode ser acessado no portal EaD SEST SENAT (ead. sestsenat.org.br). A instituição também oferece o mesmo conteúdo para taxistas e caminhoneiros. Na apresentação, Brito compartilhou a experiência realizada no programa Jovem Aprendiz, direcionado à profissionalização de jovens entre 14 e 24 anos, em que o SEST SENAT oferece a parte teórica e as empresas do setor os capacitam

na prática. “Construímos uma prancha de SUP (Stand Up Paddle, esporte em que o praticante fica de pé sobre uma prancha remando) com garrafas PET. Já testei no rio Tapajós e foi um sucesso”, comemorou. Na unidade de Santarém, também, foi desenvolvida a campanha Adote seu Copo, para incentivar o uso de copos reaproveitáveis entre os alunos. Em todo o país, o SEST SENAT desenvolve ações sustentáveis que têm como foco a preservação ambiental. Em fevereiro, as mais de 140 unidades operacionais de todo o país desenvolveram a campanha Responsabilidade

Socioambiental. O objetivo foi chamar a atenção quanto ao impacto que o consumo desenfreado de elementos essenciais para a sobrevivência pode gerar na vida das pessoas. Durante o evento ocorrido no Pará, o SEST SENAT Santarém ainda ofereceu atendimentos e orientações de saúde nas especialidades de nutrição, odontologia, psicologia e fisioterapia, no estande montado na Praça Tiradentes. Em apenas um dia, foram realizados 267 atendimentos. Também foram realizadas verificações veiculares por um técnico do Despoluir - Programa Ambiental do Transporte.

EVIE GONÇALVES/CNT

outras regiões. “Temos parceria com uma empresa que recebe garrafas pet e utiliza o material para a produção de camisetas”, conta Marijara. Segundo ela, no município existem cooperativas de catadores que vendem o material reaproveitável do lixão e conseguem complementar suas rendas.

Mais de 200 atendimentos foram realizados pelo SEST SENAT, em Santarém

Regulamentação Atualmente, não existe penalização para quem joga lixo no rio. A única resolução da Antaq que trata sobre o assunto é a nº 2.190, que disciplina a prestação de serviços de retirada

de resíduos das embarcações, mas o foco não é a navegação interior. Segundo o diretor da agência, regulamentar o assunto seria uma ação ineficaz neste momento porque é preciso, a princípio, modificar hábitos. “A nossa principal arma é a educação. Preferimos trabalhar com uma campanha para depois criarmos um normativo e exigirmos a coleta seletiva de forma regulatória”, explica Tokarski. Uma das dificuldades de fiscalização, ressalta o diretor da agência, é a falta de todos estrutura para monitorar l os municípios da região.


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AÉREO

Mais leve que o ar Primeiro dirigível construído na América Latina tem voo inaugural em SP; aeronave deverá monitorar áreas costeiras e fronteiras, além de transportar cargas e passageiros

por

A

EVIE GONÇALVES

ntes do voo inauguraldo famoso 14-Bis, em 1906, o pai da aviação Alberto Santos Dumont fez sucessivas tentativas de construir uma aeronave. Sua estratégia era atingir a dirigibilidade por meio de um balão acoplado a um pequeno motor. Sete anos antes, em Paris, ele conseguiu o feito de levantar voo com um balão de testes que ficou conhecido como diri-

gível nº 3. Foram 13 dirigíveis até ele conseguir montar uma aeronave completa. Santos Dumont abriu caminho para outros famosos balões, como o gigante dirigível de passageiros alemão, Graf Zeppelin, que iniciou suas viagens para o Brasil na década de 1930. Até hoje, o mastro que mantinha a aeronave ancorada ao chão se encontra na “Torre do Zeppelin”, em


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FOTOS AIRSHIP DO BRASIL/DIVULGAÇÃO

“A vantagem do dirigível é que não se trata de uma operação complexa” MARCELO DE FELIPPES, DIRETOR DE RELAÇÕES ESTRATÉGICAS DA AIRSHIP DO BRASIL

Recife (PE). Essa foi a primeira base dedicada a um dirigível na América do Sul. O Rio de Janeiro também construiu um enorme hangar para receber a aeronave. Ainda hoje, ele é utilizado pela FAB (Força Aérea Brasileira), no bairro de Santa Cruz, zona oeste da capital fluminense. A edificação foi tombada pelo Iphan (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico e Nacional), tamanho

interesse turístico e cultural para a cidade. Outro dirigível famoso foi o Hindemburg, em 1937, que sofreu um acidente com 36 mortos e marcou o fim da era de ouro desse tipo de aeronave para a aviação comercial de passageiros. Só se teve notícia desse tipo de voo em terras brasileiras durante a Segunda Guerra Mundial, quando dirigíveis americanos vieram ao país para caçar submarinos alemães. De lá para cá, esse tipo de tecnologia ficou restrita ao campo dos estudos nacionalmente até o mês de julho, quando o primeiro dirigível fabricado na América Latina teve seu voo inaugural realizado em São Carlos (SP). Trata-se do ADB-3-X01, com 48 metros de comprimento, autonomia para cinco horas de voo e capacidade para cinco passageiros e um piloto. A aeronave, que chega a 80 km/h, é composta de duas partes: gôndola – onde ficam passageiros, tripulação, motor, hélice, tanque de gasolina, bateria e eventuais cargas – e balão ou envelope, preso à gôndola por cabos de aço, cheios de gás hélio. Ao nível do mar, tem capacidade total de 1,4 tonelada de transporte. “O gás hélio faz o balão subir e o motor, movido a querosene de aviação, faz o dirigível ir para a frente. Mas, dependendo das condições atmosféricas do momento, é possível

manter o balão apenas flutuando, sem a necessidade de acionar o motor. É por isso que chamamos essa tecnologia de mais leve que o ar”, afirma o diretor técnico da Airship do Brasil, empresa que construiu a aeronave, Daniel Gonçalves. No total, foram cinco anos de projeto e um ano de execução. Ele explica que, mesmo que o balão seja perfurado com um tiro, nada acontece justamente pelo fato de o gás hélio ser mais leve que o ar. “Essa tecnologia é muito segura”, garante dizendo que atualmente existem dirigíveis somente nos Estados Unidos, China, Rússia e, agora, no Brasil. As funções da aeronave, segundo ele, vão desde publicidade e marketing, defesa de regiões costeiras e das fronteiras do país, sobrevoo de áreas de vigilância até mesmo transporte de cargas e de passageiros. “A vantagem do dirigível é que não se trata de uma operação complexa. Esse tipo de meio é extremamente eficiente para regiões mais inóspitas, como a Amazônia, por exemplo”, ressalta o diretor de relações estratégicas da Airship do Brasil, Marcelo De Felippes. Segundo ele, o fato de poder pousar em qualquer área descampada o coloca em vantagem em relação a uma aeronave de pequeno porte convencional. Outra função é a supervisão de linhas elétricas desde a saída das usinas até a


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chegada aos pontos transmissores de energia. A necessidade de manutenção poderá ser percebida por meio do voo do dirigível. A aeronave também poderá transportar cargas de alto valor agregado (muito volume e pouco peso) para diversas rotas. “O dirigível complementa a aviação normal porque nem aviões regulares, nem barcos e tampouco caminhões têm fácil acesso a essas regiões. É um meio de transporte adicional. Não é concorrente. Precisamos trabalhar com integração”, observa o diretor da AirShip do Brasil. De acordo com De Felippes, a aeronave possui licença para voo na categoria experimental. Por isso, possui algumas restrições, como sobrevoar cidades, realizar voos por instrumento (quando o piloto se baseia somente nos computadores de bordo da própria aeronave ao invés de referências visuais) e sobrevoar à noite.

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A Anac (Agência Nacional de Aviação Civil) exige que o piloto seja licenciado e habilitado com licença de piloto privado, de piloto comercial ou de linha aérea, além da habilitação específica para dirigível. Além disso, é necessário que a aeronave tenha em dia o Certificado de Aeronavegabilidade. Segundo dados da agência reguladora, não há dirigíveis de cargas cadastrados, até então, no Brasil. Há apenas empresas de operações de táxi-aéreo certificadas que possuem autorização para transporte de carga e operadores para a prestação do serviço na aviação regular. Cargueiro O dirigível ADB-3-X01 é apenas um protótipo para um projeto maior: o ADB 3-30, cargueiro com capacidade para até 30 toneladas, que deve começar a ser construído a partir do próximo ano. Em termos de dimensão, deve

LINHA DO TEMPO

Graf Zeppelin voa na Alemanha, iniciando a ultilização comercial desse tipo de aeronave

Bartolomeu de Gusmão, pai da aerostação, apresenta sua máquina de voar

1709

1898

1899

No final do século XIX, Santos Dumont empregou dirigíveis com propulsão antes do histórico voo do 14-Bis

Santos Dumont, em sucessivas conquistas na cidade de Paris, no final do século XIX, atinge a dirigibilidade com o dirigível n° 3

1900


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Ao nível do mar, aeronave tem capacidade para transportar 1,4 tonelada

possuir 123 metros de comprimento, tamanho equivalente a um Airbus A-340 ou a um Boeing 747-8. Além de todas as funções do projeto anterior, uma das principais utilizações deverá ser o transporte de pá eólica: a aeronave poderá sair diretamente do local da produção e transportar o equipamento até o ponto de instalação. Clientes de transporte de madeira e de materiais de construção em áreas isoladas também podem contar com essa possibilidade de deslocamento. “O cargueiro poderá ainda supervisionar roubos de cargas por meio da instalação de câmeras”, explica o diretor da AirShip do Brasil. Ele ressalta que o essencial nos dois projetos é a participação direta de brasileiros e o compartilhamento de conhecimento com outros países. O ADB-3-X01, por exemplo, foi baseado em uma aeronave americana, mas teve gôndolas

100 anos da dirigibilidade Correios lançam selo comemorativo

2009 A Airship desenvolve os primeiros protótipos e projeta a construção do ADB 3-30, dirigível com capacidade para até 30 toneladas de carga

2013

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e estabilizadores construídos no Brasil. Somente o envelope foi fabricado na Inglaterra. Cerca de 15 pessoas estiveram envolvidas no processo, entre técnicos em estruturas metálicas, técnicos em estrutura de material composto, técnicos em mecânica, técnicos em eletroeletrônica, pintores, além da equipe de engenharia. Infraestrutura Apesar das vantagens do projeto, o professor de aviação da UnB (Universidade de Brasília), Adyr da Silva, faz críticas em relação à infraestrutura necessária para a operação do dirigível. “É preciso um hangar com pé direito entre 70 e 80 metros para armazenar a aeronave. O custo dessa estrutura é alto”, pondera. Ele também diz que a capacidade de carga é pequena para o valor da operação, sendo eficiente apenas para produtos de alto l valor agregado.

A Airship passa a desenvolver uma família de aeróstatos

1999

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Voo do ADB 3-X01

2016 Aeróstatos da ADB em apoio à Força Aérea Brasileira nas Olimpíadas do Rio

2017 31 de março Batismo do ADB 3-X01

Fonte: Airship do Brasil


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SEST SENAT

Profissão:

MOTORISTA Celebrado no dia 25 de julho, o Dia do Motorista foi comemorado nas unidades do SEST SENAT de todo o país; instituição já realizou mais de 3 milhões de atendimentos neste ano por

N

a correria do dia a dia, muitos de nós não damos o devido valor aos motoristas, profissionais que têm como compromisso nos levar para destinos que remetem ao trabalho, à família ou ao lazer. Sem contar que tudo que temos ou consumimos (a roupa, a comida que comemos ou algum remédio), em algum momento, passou pelas mãos de um motorista. Sem os caminhoneiros, por exemplo, em poucos dias, não haveria alimentos nas cidades, não teríamos gasolina para abastecer nossos veículos, o lixo não seria recolhido e tantas outras coisas essenciais nos faltariam. Sem os motoristas de ônibus e os ta-

LUIZ RENATO ÓRPHÃO e CARLOS TEIXEIRA

xistas, teríamos dificuldade para chegar aos nossos compromissos e aos eventos familiares. Com o slogan “Você transporta para a vida o que carrega no seu coração”, o SEST SENAT homenageou, durante todo o mês de julho, esses profissionais que transportam riquezas e contribuem de maneira significativa para o desenvolvimento do país. A ações foram realizadas pelas mais de 140 unidades operacionais em funcionamento e celebraram o Dia do Motorista, comemorado em 25 de julho. A data remete ao dia de São Cristóvão, santo católico considerado o padroeiro dos motoristas. Na visão do presidente da CNT e dos Conselhos Nacionais do

SEST e do SENAT, esses profissionais conduzem o país com muita dedicação e compromisso. "Nós sentimos orgulho desses trabalhadores que fazem a diferença nas rodovias e nas cidades." Diante disso, a diretora-executiva nacional do SEST SENAT, Nicole Goulart, reforça o compromisso da instituição. "Nosso agradecimento por todo o trabalho, empenho e dedicação vem na forma da prestação de serviços que melhoram o dia a dia desses profissionais.” Seja transportando cargas ou pessoas, nas estradas ou nas cidades, orgulho é a palavra que resume o sentimento dos motoristas ao falarem da profissão. “É um trabalho muito digno que

presta um serviço essencial para a sociedade”, afirma Wanderson Batista dos Santos, 49 anos, natural do Rio de Janeiro e taxista há mais de 25 anos, em Brasília. Caminhoneiro há 8 anos, Warles da Silva de Oliveira, de 36, afirma que realiza hoje um sonho de menino. “Meus tios eram caminhoneiros e eu achava muito legal, ficava contando caminhões na pista e, assim, nasceu essa paixão”. Pai de 4 filhos, ele se diz orgulhoso da profissão que escolheu, ressalta que o bom de ser caminhoneiro é a oportunidade de conhecer vários lugares diferentes e fazer boas amizades, mas critica as condições das rodovias por onde trafega. “Existem muitos buracos, e isso dificulta


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FOTOS ARQUIVO SEST SENAT

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SEST SENAT possui mais de 140 unidades que oferecem atendimentos de saúde e capacitação para os motoristas

"Nós sentimos orgulho desses trabalhadores que fazem a diferença nas rodovias e nas cidades"

CLÉSIO ANDRADE, PRESIDENTE DA CNT E DOS CONSELHOS NACIONAIS DO SEST E DO SENAT

para a gente cumprir o prazo de entrega da carga.” Ciente das dificuldades que os motoristas enfrentam no dia a dia da profissão, o SEST SENAT desenvolve ações que garantem a melhoria da qualidade de vida desses trabalhadores. Em todo o país, são oferecidos atendimentos de saúde e cursos de capacitação que tornam esses profissionais mais preparados para os desafios que surgem em suas rotinas diárias. Nos seis primeiros meses deste ano, já foram realizados, aproximadamente, 3 milhões de atendimentos. Uma dessas iniciativas é a utilização de simuladores híbridos de direção para capacitar motoristas de caminhão, carreta

e ônibus. Em todo o país, 75 unidades já oferecem o equipamento. Até 2019, a expectativa é ter mais 129 simuladores em operação. Em três anos, 50 mil motoristas devem ser formados com auxílio dessa ferramenta. O uso dos simuladores na capacitação de profissionais habilitados possibilita criar situações que, talvez, o motorista não tenha passado, mesmo tendo bastante tempo de condução, e proporciona a vivência de inúmeras possibilidades que não seriam possíveis em um treinamento real. De acordo com Nicole Goulart, o projeto é essencial aos transportadores, pois, quando o motorista dirige de forma mais adequada, a segurança é ampliada,

existe economia de combustível, menos gastos com manutenção, resultando em menor emissão de poluentes, e redução de custos operacionais. “Além disso, há a garantia da formação de um motorista mais consciente da sua responsabilidade enquanto profissional do setor.” E é essa consciência que orienta o trabalho do motorista de ônibus Janderson Paulo de Azevedo, de 38 anos. Ele lembra que a profissão não é para qualquer um. “O que costumo falar para os meninos que estão começando agora é que motorista é uma profissão para quem gosta, não é para quem precisa ou para quem quer. A pessoa tem que gostar mesmo do que faz para fazer bem feito.” Nascido


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"Nosso agradecimento por todo esse trabalho vem na forma da prestação de serviços que melhoram o dia a dia desses profissionais"

NICOLE GOULART,

Motoristas têm acesso gratuito a serviços de promoção social e de desenvolvimento profissional

ENSINO A DISTÂNCIA

SEST SENAT oferece cursos gratuitos Atento às necessidades dos motoristas profissionais e dos demais trabalhadores do transporte, o SEST SENAT tem investido na ampliação da oferta de cursos de capacitação a distância. A plataforma EaD oferece 200 cursos nas áreas de transporte, regulamentados, gestão, saúde, educação e social. Criados para facilitar a capacitação constante de

pessoas que têm a necessidade de atualização profissional, mas pouco tempo para estarem em sala de aula, os treinamentos a distância podem ser acessados de dispositivos como computadores, tablets e celulares. Todos os conteúdos são especialmente construídos para atenderem às necessidades do mercado de trabalho do setor do

transporte e, além de colaborarem com o aperfeiçoamento profissional, eles também podem ser aproveitados como atividades complementares em cursos de graduação, exigidas em diversas universidades em todo o Brasil, conforme o regulamento de cada instituição de ensino. Acesse ead.sestsenat.org.br

DIRETORA-EXECUTIVA NACIONAL DO SEST SENAT

em Mantena (MG) e pai de cinco filhos, Azevedo é usuário dos serviços do SEST SENAT e elogia a atuação da instituição. “Além dos cursos, são muitas opções de lazer e cuidados com a saúde para toda a família.” Em todo o país, o SEST SENAT oferece atendimentos de saúde nas especialidades de odontologia, fisioterapia (com foco na saúde da coluna), nutrição (voltada para hábitos alimentares saudáveis) e psicologia (direcionada à prevenção ao uso de álcool e drogas), além de atividades de lazer, esporte, recreação e cultura. Veja, no quadro ao lado, alguns projetos de destaque desenvolvidos pelo SEST SENAT.


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SERVIÇOS GRATUITOS Veja as principais ações desenvolvidas pelo SEST SENAT

PROMOÇÃO SOCIAL » Atendimentos de saúde: • odontologia • fisioterapia • nutrição • psicologia » Programa CNT SEST SENAT de Prevenção de Acidentes Etapa Transportando Saúde nas Cidades • Atendimentos gratuitos a taxistas, motoristas de ônibus e caminhoneiros em 55 cidades • Os serviços são oferecidos em locais de grande circulação desses profissionais Etapa Saúde nos Portos • Atendimentos de saúde a trabalhadores portuários e caminhoneiros • Os serviços são oferecidos em terminais portuários » Circuito SEST SENAT de Caminhada e Corrida de Rua • 34 etapas • Provas de 5 km e 10 km (corrida), e 2 km (caminhada) • Inscrições gratuitas para trabalhadores do transporte » Circuito Ciclístico • Promove lazer e melhora a qualidade de vida dos trabalhadores do transporte • Passeios de 8 km e 10 km em 17 cidades do país • Inscrições gratuitas para trabalhadores do transporte » Copa SEST SENAT de Futebol 7 Society • Campeonato de futebol com equipes formadas exclusivamente por trabalhadores do setor de transporte • As etapas finais acontecem em outubro

DESENVOLVIMENTO PROFISSIONAL » Simulador Híbrido de Direção • 75 unidades já oferecem treinamento com os equipamentos • Meta é capacitar mais de 50 mil motoristas em três anos » Escola de Motoristas Profissionais • Atualização de condutores já habilitados nas categorias D ou E de maneira a aumentar a empregabilidade e a qualidade dos serviços prestados • Duas opções de cursos: Transporte de Produtos Perigosos e Transporte Coletivo de Passageiros • Primeiros resultados mostram redução de 29% da incidência de erros ao dirigir e diminuição de 9% no consumo de diesel » Primeira Habilitação para o Transporte - CNH Social e Habilitação Profissional para o Transporte - Inserção de Novos Motoristas • Inserção de novos motoristas no mercado de trabalho por meio da concessão da CNH e da capacitação desses trabalhadores • A meta é beneficiar 30 mil pessoas em cada projeto » Cursos presenciais • Mais de 400 cursos disponíveis nas 143 unidades em todo o Brasil » Cursos a distância • 200 cursos gratuitos no portal EaD

Para ter acesso ao SEST SENAT, basta localizar a unidade mais próxima pelo site www.sestsenat.org.br Informações pelo telefone 0800 728 2891

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TRANSPORTE RODOVIÁRIO

Bastidores da Pesquisa CNT de Rodovias O levantamento é um complexo trabalho que envolve mais de 100 profissionais, tecnologia, rigor na coleta de informações e análise cuidadosa de dados por

L

á se vão mais de duas décadas desde a publicação da primeira edição da Pesquisa CNT de Rodovias, realizada pela Confederação Nacional do Transporte e pelo SEST SENAT. O levantamento, que começou com a análise de pouco mais de 15 mil km de malha, deve chegar a aproximadamente 106 mil km analisados em 2017, na sua 21ª edição. Um trabalho complexo, executado em várias etapas por um time multidisciplinar: são mais de 100 pessoas envolvidas,

NATÁLIA PIANEGONDA

entre engenheiros, estatísticos, economistas, gestores de tecnologia da informação, geógrafos, profissionais de geociência, especialistas em geoprocessamento e técnicos de diversas áreas. Juntos, concretizam o estudo que se consolidou como o mais completo e abrangente (além de ser a maior série histórica) sobre as condições da infraestrutura rodoviária brasileira. “Viabilizar a Pesquisa CNT de Rodovias envolve um trabalho complexo de planejamen-

to, treinamento da equipe de campo, coleta de dados, análise das informações e apresentação dos resultados. O método de coleta baseia-se em normas técnicas nacionais e internacionais, amplamente reconhecidas”, diz o diretor-executivo da CNT, Bruno Batista. Isso garante a qualidade das informações que são disponibilizadas. Tudo começa com uma cuidadosa preparação das rotas a serem avaliadas e de como o trabalho será executado. A

definição dos trechos é feita de forma compatibilizada com o SNV (Sistema Nacional de Viação). A pesquisa abrange toda a malha federal pavimentada e os principais trechos de rodovias estaduais. O rigor também está presente na seleção e na capacitação dos pesquisadores que vão a campo. Em 2017, após análise curricular, simulados e provas, oito pessoas - de um universo de 400 candidatos - foram classificadas para integrarem a


FOTOS CYNTHIA CASTRO E MARCOS BORGES/CNT

equipe. Ao todo, 29 avaliadores foram a campo. Parte do grupo é formada por veteranos, pesquisadores que participaram de levantamentos anteriores. Todos passam por um intenso treinamento, com fases teórica e prática. “Nós explicamos toda a metodologia da pesquisa, o uso dos equipamentos e como coletar os dados. Isso é essencial para padronizar o conhecimento e a forma de coleta feita pelos pesquisadores”, diz a coordenadora de Desenvolvimento e Transporte da CNT, Fernanda Rezende. A observação das variáveis que compõem as características pavimento, sinalização e geometria da via é baseada

em normas do Dnit e em outras referências, como o MID (Manual para Identificação de Defeitos de Revestimentos Asfálticos de Pavimentos) – que apresenta nomenclaturas, definições, conceitos e métodos de levantamento referentes aos principais defeitos de revestimentos asfálticos – e o HCM (Highway Capacity Manual) – que traz definições sobre características das rodovias, métodos de análise da capacidade e da qualidade operacional de sistemas de transporte. Esses são referenciais que embasam o Modelo CNT de Classificação de Rodovias, metodologia utilizada pela Confederação na análise de dados. Malas no bagageiro dos car-

ros, mochilas repletas de ferramentas de trabalho, mapas debaixo do braço e planejamento fechado: é hora de os pesquisadores colocarem o pé na estrada. O time, que neste ano saiu de 13 capitais, se distribui pelas diferentes regiões do Brasil para começar a percorrer as rotas determinadas. Qualidade na coleta de dados Enquanto os pesquisadores percorrem as rodovias, na sede da CNT, em Brasília, o ritmo não para. Uma equipe monitora, diuturnamente, a evolução do trabalho, confirmando e validando todas as informações repassadas pelos avaliadores. Outra permanece prestando

apoio a quem está em campo e registrando as mais diversas situações – desde paradas para o almoço até informações sobre condições climáticas que possam interromper a continuidade do percurso. A coleta dos dados ocorre somente enquanto há luz natural e boas condições de visibilidade. Assim, caso existam condições adversas, como chuva ou neblina, a coleta é suspensa. Em média, cada pesquisador avalia cerca de 220 quilômetros de rodovias por dia. A observação é feita por unidades de pesquisa, que têm até 10 quilômetros cada. Os aspectos relacionados às variáveis são anotados em um formulá-


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rio próprio. Se for identificada a existência de pontos críticos (como quedas de barreiras, erosões na pista ou buracos grandes, por exemplo), o avaliador fotografa e registra a localização pelo GPS. Além dos pontos críticos, eles registram as situações que predominam nos trechos. Ao final de um dia de trabalho, os pesquisadores alimentam um sistema com os dados registrados. Em Brasília, tudo é checado e validado. “Nós verificamos as informações trecho a trecho, dia a dia, para identificar eventuais inconsistências. Além disso, em campo, também há pesquisadores que atuam em etapas de checagem. Todo esse processo integra o controle de

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qualidade dos dados”, explica Fábio Augusto, coordenador de Informações Estratégicas do Transporte na CNT. Análise e divulgação Terminada a coleta, o número de formulários preenchidos soma, aproximadamente, 3.500, e são mais de 5.000 fotografias capturadas em campo. “Um dos maiores desafios que temos na realização da pesquisa é, além de avaliar mais de 100 mil km em cerca de 30 dias, a complexidade de reunir todas as informações, que vêm em segmentos, para compor os dados”, comenta Jefferson Cristiano, coordenador de Estatística e Pesquisa da CNT. É quando,

Checagem de dados enviados pelos pesquisadores

TECNOLOGIA

Coleta de dados acompanha avanços Em duas décadas, a Pesquisa CNT de Rodovias foi aperfeiçoada com a adoção de novas ferramentas tecnológicas. Quando o levantamento teve início, eram utilizados guias comerciais, como revistas especializadas, para definição das rotas. Hoje, todo o planejamento é feito a partir de um sistema informatizado e a elaboração de mapas ocorre na CNT. Neste ano, por exemplo, foram gerados mais de 2.400 mapas dos trechos

que integram a pesquisa, acompanhados de imagens de satélites e informações detalhadas. Esse material compôs, pela primeira vez, memoriais descritivos, que apoiaram o trabalho dos pesquisadores. Outras novidades foram a adoção de tablets e de um sistema automatizado de atendimento às equipes, o que agilizou o envio de informações e a interação entre o pessoal de campo e as equipes de Brasília. Segundo Fábio Augusto, coordenador de Informa-

ções Estratégicas do Transporte na CNT, as inovações têm acelerado e elevado a precisão do trabalho. A coleta de dados, que antes podia demandar mais de 40 dias, caiu para 30. A meta, para os próximos anos, é eliminar os formulários em papel. Além disso, os sistemas inteligentes poderão, aos poucos, ser postos a serviço dos usuários, de modo que a consulta às informações da pesquisa seja cada vez mais ágil e personalizada.


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CONTRIBUIÇÃO

O valor da informação A pesquisa da CNT e do SEST SENAT tem como principal objetivo disponibilizar informações relevantes para os transportadores, a fim de auxiliar no planejamento da operação do serviço, segundo o diretor-executivo da Confederação, Bruno Batista. Em outra frente, alertar o poder público sobre as condições das rodovias e auxiliar no planejamento de políticas públicas e de intervenções na malha. A Ecovias, concessionária que administra o Sistema Anchieta-Imigrantes, principal

ligação entre a região metropolitana de São Paulo e o Porto de Santos, por exemplo, utiliza as informações em análises comparativas para a gestão da infraestrutura. “Para nós, que trabalhamos com concessões, a pesquisa é uma ferramenta adicional. Quando são aplicados seus critérios, ela auxilia o trabalho, seja corroborando as necessidades, seja confirmando o desempenho do que investimos”, afirma Rui Klein, diretor-superintendente da concessionária.

No setor público, o exemplo é a Agetop (Agência Goiana de Transporte e Obra), que, desde 2015, vem utilizando os resultados da pesquisa nas ações de manutenção rotineira e preventiva, sinalização e restauração, nas quais são priorizados os trechos com menor avaliação de qualidade. "Também utilizamos para fomentar novos projetos, como a criação da Nova Metodologia Interna de Avaliação de Rodovias", informa Jayme Rincón, presidente da Agetop. Avaliação de rota a ser percorrida

Preenchimento de formulário com dados das rodovias

então, aplica-se o Modelo CNT de Classificação de Rodovias. Por meio desse modelo, Cristiano explica que as condições reais de cada trecho são comparadas a um padrão considerado ideal de rodovia, que foi definido a partir de normas técnicas. Com a aplicação de métodos estatísticos, identifica-se quão semelhante ou diferente o trecho está desse padrão. A partir do resultado, são atribuídas as classificações Ótimo, Bom, Regular, Ruim ou Péssimo a cada trecho. Após a consolidação dos resultados, é hora de formular o relatório, um documento completo, com mapas, tabelas, gráficos, análises comparativas e avaliação de impacto econômico e ambiental das condições

da infraestrutura rodoviária. As informações também são segmentadas por região, Unidade da Federação, jurisdição federal e estadual, gestão pública ou privada. São apresentadas ainda informações sobre infraestrutura de apoio, mapeamento de pontos críticos e rankings das melhores e das piores ligações rodoviárias do Brasil. Além da versão impressa, todas as informações são disponibilizadas digitalmente, no site pesquisarodovias.cnt.org.br, acompanhadas de um banco de imagens. A divulgação do estudo à sociedade ocorre em uma coletiva de imprensa, realizada em Brasília, com participação de veículos de comunicação de todo o país. l


62

CNT TRANSPORTE ATUAL

JULHO 2017

ITL

Treinamento eficiente Projeto do curso Especialização em Gestão de Negócios tem como foco a qualificação profissional para garantir mais eficiência nos serviços prestados pela empresa Sete Lagos por

A

qualificação profissional é um dos principais fatores para o sucesso de uma empresa. Profissionais bem preparados têm melhor desempenho e contribuem de forma decisiva para o

CARLOS TEIXEIRA

alcance dos objetivos das organizações. A partir dessa premissa, alunos do curso Especialização em Gestão de Negócios, coordenado pelo ITL (Instituto de Transporte e Logística) e promovido pelo SEST SENAT,

desenvolveram um projeto que analisou o processo de treinamento e desenvolvimento pessoal da empresa Sete Lagos Transportes, por meio de um estudo de benchmarking realizado na empresa Expresso Nepomuceno.

O trabalho intitulado “Qualificação profissional nas empresas de transporte de Minas Gerais” serviu para estabelecer um novo parâmetro e propostas de intervenção para tornar mais eficientes as ações de qualificação pro-


CNT TRANSPORTE ATUAL

“Procuramos apresentar os principais conceitos ligados a treinamento e trazer melhorias para todo o nosso processo” GUSTAVO HENRIQUE CARVALHO, GERENTE DE RECURSOS HUMANOS DA SETE LAGOS

fissional e desenvolvimento pessoal na Sete Lagos. “Eu propus que o tema do trabalho de conclusão de curso desse destaque ao processo de qualificação das empresas de transporte devido a uma necessidade interna da Sete Lagos. Procuramos apresentar os principais conceitos ligados a treinamento e trazer melhorias para todo o nosso processo. A gestão que é realizada hoje poderia ter melhorias no processo de avaliação. Precisávamos testar a eficácia dos treinamentos”, conta o gerente de recursos humanos da Sete Lagos e formando

da turma de 2014, Gustavo Henrique Moreira Carvalho. Para ele, mesmo as empresas possuindo diferenças estruturais, foi possível perceber que muitos dos processos desenvolvidos na Expresso Nepomuceno poderiam ser aplicados na Sete Lagos. “A primeira lição aprendida é que deve haver uma definição clara das modalidades de treinamentos que são aplicados e que a escolha inicial impacta no final do processo. A segunda lição é relativa ao planejamento do treinamento. É preciso realizar um bom levantamento de necessida-

JULHO 2017

63

des dos treinamentos que estejam intimamente associadas aos objetivos da empresa. Outro aprendizado importante diz respeito ao treinamento específico para os motoristas, que foi implementado na Sete Lagos”, destaca ele. A Sete Lagos atua no setor de transporte de cargas completas e fracionadas, mudanças e armazenagem e possui atualmente 270 funcionários. A empresa, que tem sede em Sete Lagoas (MG), tem uma política interna de treinamento que tem por objetivo proporcionar melhoria nos processos internos e o alcanFOTOS SETE LAGOS/DIVULGAÇÃO

Funcionários recebem treinamento na empresa


64

CNT TRANSPORTE ATUAL

JULHO 2017

Curso de Especialização em Gestão de Negócios deve formar mais de Os treinamentos foram readequados de acordo com o projeto

1.000 gestores até o final do ano

ESPECIALIZAÇÃO EM GESTÃO DE NEGÓCIOS

» Objetivo: capacitar gestores e executivos das empresas de transporte e logística, estimulando o desenvolvimento das competências necessárias para tornar o setor mais competitivo » Ministrado pela FDC (Fundação Dom Cabral) » Mais de 1.000 gestores formados até o final de 2017 » Atualmente, onze turmas estão em andamento » Pré-requisitos dos participantes: ser um profissional do setor de transporte; exercer cargo de gestão, devidamente comprovado; ter nível superior completo em qualquer área de formação, em curso reconhecido pelo MEC; e possuir noções básicas de inglês » Inscrições pelo site www.itl.org.br » Seleção: entrevista realizada pela equipe técnica do ITL e análise da documentação, currículo e desempenho do candidato durante a realização de entrevista » Mais informações: inteligencia@itl.org.br ou (61) 2196-5817

ce das metas estabelecidas. O desenvolvimento da gestão de treinamentos é de responsabilidade da área de recursos humanos e o treinamento é dividido nas modalidades de integração, função e plano de treinamentos. Após um estudo de caso, o plano de implementação desenvolvido no trabalho de conclusão de curso da Especialização em Gestão de Negócios foi dividido em algumas etapas: melhoria no processo de avaliação das necessidades de treinamento; criação de programas de treinamento para os motoristas, ajudantes de motoristas e conferentes de cargas; e inclusão de indicadores que medem a eficácia de treinamentos para serem apresentados em reuniões mensais. De acordo com Carvalho,

mesmo ainda estando em fase de execução, o processo de atualização e mensuração dos treinamentos da Sete Lagos já conseguiu registrar aumento no desempenho dos colaboradores. Troca de experiências O trabalho de benchmarking realizado pela equipe de alunos do projeto é um dos diferenciais da especialização do ITL. Ao reunir em sala de aula gestores de diversas empresas do setor de transporte, o curso permite uma troca de experiências que garante uma visão mais ampla da atividade transportadora. Para a realização do trabalho da Sete Lagos, foi considerada a atuação da Expresso Nepomuceno, empresa que atua há 53 anos no mercado de transporte de cargas e tem um modelo de gestão bastante consolidado, conforme Carvalho. “A Expresso Nepomuceno possuía um processo mais atualizado de qualificação e desempenho profissional e, como um dos membros do grupo de trabalho era da empresa, foi possível realizar a comparação. Além disso, o fato de a empresa ter se disposto a contribuir com material e informações sobre os processos de avaliação e treinamento utilizados internamente foi fundamental”, explica ele. l



FERROVIÁRIO

BOLETIM ESTATÍSTICO

MALHA FERROVIÁRIA - EXTENSÃO EM KM Total nacional 30.576 Total concedida 29.165 Concessionárias 11 Malhas concedidas 12

RODOVIÁRIO MALHA RODOVIÁRIA - EXTENSÃO EM KM tipo Federal Estadual Municipal Rede planejada Total

pavimentada

64.845 119.747 26.827 - 211.418

não pavimentada

total

11.842 76.687 105.601 225.348 1.234.918 1.261.745 - 157.309 1.352.361 1.721.089

MALHA RODOVIÁRIA CONCESSIONADA - EXTENSÃO EM KM Administrada por concessionárias privadas 19.463 FROTA DE VEÍCULOS Caminhão Cavalo mecânico Reboque Semirreboque Ônibus interestaduais Ônibus intermunicipais Ônibus fretamento Ônibus urbanos Nº de Terminais Rodoviários

2.675.023 641.479 1.595.134 920.395 27.818 57.000 19.485 107.000 173

AQUAVIÁRIO INFRAESTRUTURA - UNIDADES Terminais de uso privado Estação de transborto de cargas Instalação portuária de turismo Portos organizados HIDROVIA - EXTENSÃO EM KM ­­­­ Vias navegáveis Vias economicamente navegadas FROTA NAVEGAÇÃO INTERIOR Longitudinal de carga Passageiros e misto Transporte de travessia FROTA CABOTAGEM/LONGO CURSO Cabotagem/Longo Curso

156 25 2 37

MALHA POR CONCESSIONÁRIA - EXTENSÃO EM KM ALL do Brasil S.A. 12.018 FCA - Ferrovia Centro-Atlântica S.A. 7.215 MRS Logística S.A. 1.799 Outras 8.133 Total 29.165 MATERIAL RODANTE - UNIDADES Vagões 90.867 Locomotivas 2.935 PASSAGENS DE NÍVEL - UNIDADES Total 12.289 Críticas 2.659 VELOCIDADE MÉDIA OPERACIONAL Brasil EUA

25 km/h 80 km/h

AEROVIÁRIO AERÓDROMOS - UNIDADES Aeroportos internacionais Aeroportos domésticos Outros aeródromos - públicos e privados

34 29 2.400

AERONAVES REGISTRADAS NO BRASIL - UNIDADES Transporte regular, doméstico ou internacional 650 Transporte não regular: táxi aéreo 1.479 Privado 10.019 Outros 9.757 Total 21.905

MATRIZ DO TRANSPORTE DE CARGAS 41.635 22.037 2.081 147 404

modal

milhões

participação

(%)

Rodoviário 485.625 61,1 Ferroviário

164.809

20,7

Aquaviário 108.000 13,6 Dutoviário 33.300 4,2 Aéreo

195

(TKU)

Total

* Veja a versão completa deste boletim em www.cnt.org.br

3.169 0,4 794.903 100


BOLETIM ECONÔMICO INVESTIMENTOS FEDERAIS EM INFRAESTRUTURA DE TRANSPORTE Investimentos em Transporte da União

Investimentos em Transporte da União por Modal

(Orçamento Fiscal - Dados acumulados até junho/2017)

(Total pago acumulado até junho/2017 - R$ 3,85 bilhões) 0,25 (6,5%)

16,00 14,00

13,68

R$ bilhões

10,00 8,00

0,43 (11,2%)

6,00 4,00

3,85

2,63

2,00

1,22

0,00

Autorizado

Restos a Pagar Pagos

Pago no exercício

Rodoviário

Total Pago

Recursos Disponíveis Autorizado União Autorizado das Estatais (Infraero e Cia Docas) Total de Recursos Disponíveis

2,37

2,00 1,50 1,00

0,27

0,50

Valor Pago

Restos a Pagar Pagos

13.681,40 1.547,71 15.229,11

Investimento Realizado (Total Pago)

0,59

0,32

Rodoviário Ferroviário Aquaviário (União + Cia Docas) Aéreo (União + Infraero) Investimento Total (União + Estatais)

0,00

Arrecadação Bruta*

Aéreo

(Acumulados até junho de 2017 - R$ milhões correntes)

3,00 2,50

Aquaviário

Ferroviário

Orçamento Fiscal da União e das Estatais (Infraero e Cia Docas)

Investimentos federais da CIDE em infraestrutura de transporte

R$ bilhão

0,16 (4,1%)

3,01 (78,2%)

12,00

Total Pago pelo Governo Federal

* Da arrecadação, 41,0% são destinados aos investimentos do governo federal.

3.012,99 248,85 231,10 660,85 4.153,79

EVOLUÇÃO DO INVESTIMENTO PÚBLICO FEDERAL EM INFRAESTRUTURA DE TRANSPORTE COMO PROPORÇÃO DO PIB (%) 7,00

0,70%

6,00

0,60% 0,50%

R$ trilhões

5,00 0,40%

4,00

0,40%

0,34% 0,27%

3,00 2,00

0,36%

0,26%

0,28%

0,24%

0,27%

0,30%

0,27% 0,18%

0,18%

0,20%

0,15%

0,20% 0,10%

1,00 0,00

0,00% 2004

2005

2006

2007

2008

2009

2010

2011

2012

2013

2014

2015

2016

8

Notas: (A) Orçamento Fiscal da União atualizado em 03.07.2017 com dados acumulados SIGA BRASIL até 30.06.2017. Os dados do orçamento de 2017 das Empresas Estatais (Cia Docas e Infraero) foram atualizados em 03.07.2017 com dados acumulados até maio/2017. (B) Para fins de cálculos do investimento realizado, foram utilizados os seguintes filtros: função 26 (Transporte), subfunção 781, 782, 783 e 784 (respectivamente, aéreo, rodoviário, ferroviário, aquaviário), GND 4 (Investimentos). Para a subfunção 781 (aéreo), não foi aplicado nenhum filtro para a função e os valores foram acrescidos dos investimentos em controle de tráfego aéreo discriminados nas ações 20XV, 118T, 2923 e 3133. (C) Para calcular o desembolso do governo federal em ações relacionadas à infraestrutura de transporte, a CNT soma os pagamentos referentes às obras previstas na LOA do ano corrente (Valor Pago) àqueles de intervenções inscritas em outros exercícios, mas pagas somente no exercício corrente (Restos a Pagar Pagos). Desta forma, tem-se o Total Pago. Apesar de a medida mais adequada de eficiência da execução orçamentária ser a razão Valor Pago do Exercício/ Autorizado, que evidencia quanto do investimento previsto para o ano na LOA foi efetivamente realizado, as dificuldades gerenciais do governo federal fizeram com que, nos últimos anos, a relação não chegasse a 40,0%. Assim, como forma de mensurar o esforço financeiro do governo federal em ações de infraestrutura, a CNT compara, de forma complementar, a proposta de investimento do ano (Autorizado) com o volume efetivamente desembolsado (Total Pago). (D) Os Restos a Pagar Pagos representam a totalidade dos desembolsos realizados em 2017 e correspondem às despesas empenhados ou liquidadas em anos anteriores. (E) O Decreto nº 9.018 de 30 de março de 2017, definiu o contingenciamento do orçamento de 2017. Foram definidos a programação orçamentária e o cronograma de desembolso. O Decreto estabeleceu valores de movimentação e empenho, limitações de dotações constantes e aos Restos a Pagar, Restos a Pagar processados e não processados. O corte do orçamento do Ministério dos Transportes, Portos e Aviação Civil foi de (R$ 6,05 bilhões). (F) Os recursos arrecadados pela CIDE tem as seguintes destinações: (i) 30% são desvinculados (DRU); (ii) 29% são destinados aos Estados para investimentos definidos na Lei da CIDE; e (iii) os 41% restantes são investidos segundo as destinações apresentadas pela Lei nº 10.336/2001. A arrecadação bruta da CIDE- Combustíveis refere-se aos valores divulgados pela Receita Federal acumulados no ano até maio de 2017 a preços correntes. (G) Através do Decreto nº 9.062 de 30 de maio de 2017, amplia os valores sobre a programação orçamentária financeira de desembolso para o exercício de 2017, que restabelece R$ 3,107 bilhões aos valores de movimentação e empenho das despesas discricionárias do Poder Executivo da Lei Orçamentária Anual de 2017 (LOA-2017). Pela Portaria nº 178, de 8 de junho de 2017 do Ministério do Planejamento, Desenvolvimento e Gestão, o Ministério dos Transportes, Portos e Aviação Civil teve seu orçamento ampliado em R$ 500,00 milhões. Fonte: Elaboração CNT com dados do Orçamento Geral da União (Siga Brasil - Senado Federal).

* Veja a versão completa deste boletim em www.cnt.org.br


BOLETIM DO DESPOLUIR DESPOLUIR

PROJETOS

A Confederação Nacional do Transporte (CNT) e o SEST SENAT lançaram em 2007 o Programa Ambiental do Transporte - DESPOLUIR, com o objetivo de promover o engajamento de caminhoneiros autônomos, taxistas, trabalhadores do transporte e da sociedade na construção de um desenvolvimento verdadeiramente sustentável.

• Redução da emissão de poluentes pelos veículos • Incentivo ao uso de energia limpa pelo setor transportador • Aprimoramento da gestão ambiental nas empresas, garagens e terminais de transporte • Cidadania para o meio ambiente

RESULTADOS DO PROJETO DE REDUÇÃO DAS EMISSÕES DE POLUENTES PELOS VEÍCULOS* ESTRUTURA

RESULTADOS

AVALIAÇÕES AMBIENTAIS - Acumulado 2007-2016 2007-2017 (até junho junho))

Federações participantes Avaliações ambientais (até junho/2017) 1.990.702 24 Aprovação no período 84,69% Unidades de atendimento Empresas atendidas 92 Caminhoneiros autônomos atendidos * Dados preliminares, sujeitos a alterações.

18.643 21.123

2.000.000 1.835.489 1.800.000 1.507.447 1.600.000 1.400.000 1.235.589 1.200.000 1.033.455 1.000.000 820.587 800.000 590.470 600.000 392.524 400.000 228.860 200.000 4.734 100.839 0

1.990.702

2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016 2017

INSTITUIÇÕES PARTICIPANTES Para participar do Projeto Redução da Emissão de Poluentes pelos Veículos, entre em contato com a Federação que atende ao seu Estado.

SETOR

Carga (empresas)

Carga (autônomos)

Passageiros

AC, AM, AP, PA, RO e RR AL, CE, MA, PB, PE, PI, e RN DF, GO, MS, MT e TO MG PR RJ RS SC SP RS RJ MG AC, AM, AP, PA e RR AL, PB, PE e RN CE, PI e MA DF, GO, SP e TO MG MS, MT e RO PR e SC RJ RS SP ES BA e SE

8

Carga e Passageiros

FEDERAÇÃO UFs ATENDIDAS FETRAMAZ FETRACAN FENATAC FETCEMG FETRANSPAR FETRANSCARGA FETRANSUL FETRANCESC FETCESP FECAM-RS FECAM-RJ FETAC-MG FETRANORTE FETRONOR FETRANS FETRASUL FETRAM FETRAMAR FEPASC FETRANSPOR FETERGS FETPESP FETRANSPORTES FETRABASE

COORDENAÇÃO Raimundo Augusto de Araújo Jorge do Carmo Ramos Patrícia Dante Marta Gusmão Morais Solange Caumo Renato Nery Gilberto da Costa Rodrigues Rodrigo Oda Sandra Caravieri Danna Campos Vieira Thompson Bahiense Regiane Reis Carmen Izia Saldanha Rocha Rosiléa Cristina de Brito Leite Marcelo Brasil Vilma Silva de Oliveira Geraldo Marques Carlos Alberto da Silva Corso Cirlei Aparecida de Souza Guilherme Wilson Aloisio Bremm João Carlos Thomaz João Paulo da F. Lamas Cleide da Silva Cerqueira

TELEFONE (92) 3658-6080 (81) 3441-3614 (61) 3361-5295 (31) 3490-0330 (41) 3333-2900 (21) 3869-8073 (51) 3342-2053 (48) 3248-1104 (11) 2632-1010 (51) 3232-3407 (21) 3495-2726 (31) 3531-1730 (92) 3584-6504 (84) 3234-2493 (85) 3261-7066 (62) 3233-0977 (31) 3274-2727 (65) 3027-2978 (41) 3244-6844 (21) 3221-6300 (51) 3228-0622 (11) 3179-1077 (27) 2125-7643 (71) 3341-6238

E-MAIL fetramaz@fetramaz.com.br fetracan@veloxmail.com.br coordenacao.despoluir@fenatac.org.br despoluir@fetcemg.org.br despoluir@fetranspar.org.br despoluir@fetranscarga.org.br coordenador.despoluir@fetransul.com.br financeiro2@fetrancesc.com.br despoluir@fetcesp.com.br dannavieira@fecamrs.com.br thompbc@gmail.com coordenadoradespoluir@gmail.com despoluir.fetranorte.am@hotmail.com despoluir@fetronor.com.br marcelobrasil@fetrans.org.br federacao.despoluir@gmail.com despoluir@fetram.org.br fetramar@terra.com.br despoluir@fepasc.org.br meioambiente@fetranspor.com.br despoluir-rs@fetergs.org.br financeiro@setpesp.org.br coordenacaodespoluir@fetransportes.org.br despoluir@fetrabase.org.br

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SONDAGEM CNT DE GESTÃO HÍDRICA TRANSPORTE RODOVIÁRIO COLETIVO DE PASSAGEIROS 2017

MANUAL CNT DE GESTÃO HÍDRICA TRANSPORTE RODOVIÁRIO COLETIVO DE PASSAGEIROS


BOLETIM DESPOLUIR BOLETIMDOAMBIEN TAL CONSUMO DE COMBUSTÍVEIS NO BRASIL CONSUMO TOTAL POR TIPO DE COMBUSTÍVEL (em milhões de m3)* TIPO

2012

2013

2014

2015

Óleo Diesel

55,90

58,57

60,03

57,21

54,27

Gasolina Comum**

39,69

41,42

44,36

41,14

43,01

9,85

11,75

12,99

17,86

14,58

Etanol Hidratado

2016

2017 (até maio)*** Gasolina 41,4% Diesel 48,0%

Etanol 10,6%

* Inclui consumo de todos os setores (transporte, indústria, energia, agricultura, etc). ** Obtida da mistura de gasolina e etanol anidro combustível, nas proporções definidas pela legislação em vigor. *** Dados atualizados em 30 de junho de 2017.

CONSUMO DE ÓLEO DIESEL POR MODAL DE TRANSPORTE (em milhões de m3) CONSUMO DE ÓLEO DIESEL - 2011 A 2016 45 40 35 30 25 20 15 10 5 0

2012

2011 Rodoviário

2013

2014

2015

Ferroviário

2016

MODAL

2011

2012

2013

2014

2015

2016

Rodoviário

36,38

38,60

40,68

41,40

40,20

38,77

Ferroviário

1,18

1,21

1,20

1,18

1,14

1,12

Hidroviário

0,14

0,16

0,18

0,18

0,18

0,18

37,70

39,97

42,06

42,76

Total

Hidroviário

41,52 40,07

MONITORAMENT0 DA QUALIDADE DO DIESEL NÃO CONFORMIDADE POR NATUREZA NO ÓLEO DIESEL - BRASIL (maio/2017) Teor de Enxofre 7% Ponto de Fulgor Teor de 11% Biodiesel 61% Destilação 13% Outros 8%* * Em "Outros" estão incluídas as características cor, aspecto, teor de água, teor de água e sedimentos e contaminação total.

BIODIESEL PRODUÇÃO ANUAL DE BIODIESEL - B100 (em milhões de m ) *

PRINCIPAIS MATÉRIAS-PRIMAS - 2016 (dados acumulados até novembro)

3

4,50 4,00 3,50 3,00 2,50 2,00 1,50 1,00 0,50 0

2,72

2,92

3,42

3,94

Soja 77,10%

1,56

2012

2013

2014

2015

Gordura Bovina 15,50%

3,80

2016

Outras 6,40%

2017

*Dados atualizados em 30 de junho de 2017.

MISTURA OBRIGATÓRIA DE BIODIESEL AO DIESEL FÓSSIL (% em volume)* 2016 7%

2017 março 8%

* Conforme a Lei Federal nº 13.263/2016. ** Após a validação por testes e ensaios em motores.

2018 março 9%

2019 março 10%

Para saber mais: www.cntdespoluir.org.br

Após 2019 março Até 15%**

Óleo de Algodão 1,00%


PARTICIPAÇÃO DAS EMISSÕES DE CO2 POR SETOR Industrial 8,9%

Geração de energia Outros setores 3,1% 3,0%

Mudança no uso da terra 76,4%

Rodoviário 7,8% Aéreo 0,5%

Transporte 8,6%

Outros meios de transporte 0,3%

CONTRIBUIÇÃO RELATIVA DE CADA CATEGORIA DE VEÍCULOS NA EMISSÃO DE POLUENTES - BRASIL 100%

Comerciais leves

90% 80%

Caminhões semileves Caminhões leves

70%

Caminhões médios

60%

Caminhões semipesados

50%

Caminhões pesados

40%

Ônibus urbanos Micro-ônibus

30%

Motocicletas

20%

Ônibus rodoviários Automóveis

10% 0%

CO

NMHC

NOX

MP

CH4

RCHO

CO - monóxido de carbono; MP - material particulado incluindo o MP proveniente da combustão e do desgaste do veículo; NMHC - hidrocarbonetos não metano; CH4 - metano; NOx – óxidos de nitrogênio; RCHO - aldeídos.

Poluentes Monóxido de carbono (CO)

EFEITOS DOS PRINCIPAIS POLUENTES ATMOSFÉRICOS DO TRANSPORTE Efeitos Características Principais fontes Saúde humana Resultado da queima de combustíveis e de processos industriais1.

Gás incolor, inodoro e tóxico.

Dióxido de carbono (CO2)

Provoca confusão mental, prejuízo dos reflexos, inconsciência, parada das funções cerebrais.

Meio ambiente Causa o aquecimento global, por ser um gás de efeito estufa.

Resultado da queima de combustíveis, além de atividades agrícolas, pecuária, aterros sanitários e processos industriais1.

Gás tóxico, incolor, inodoro. Explosivo ao adicionar a água.

Causa asfixia se inalado, além de parada cardíaca, inconsciência e até mesmo danos no sistema nervoso central.

Resultado da queima de combustíveis e de processos industriais1.

Composto por aldeídos, cetonas e outros hidrocarbonetos leves.

Causa irritação das mucosas, vômitos e perda de consciência. Aumenta a sensibilidade da pele. Causa lesões no esôfago, traqueia e trato gastrointestinal.

Óxidos de nitrogênio (NOx)

Formado pela reação do óxido de nitrogênio e do oxigênio reativo presentes na atmosfera e por meio da queima de biomassa e combustíveis fósseis.

O NO2 provoca irritação nos pulmões. O NO é um gás incolor, solúvel em água; O NO2 é um gás de cor castanho- É capaz de provocar infecções respiratórias quando em contato constante. avermelhada, tóxico e irritante;O N2O é um gás incolor, conhecido popularmente como gás do riso.

Dióxido de enxofre (SO2)

Resultado da queima de combustíveis e de processos industriais1.

Gás denso, incolor, não inflamável e altamente tóxico.

Ozônio (O3)

Poluente secundário, resultado de reações químicas em presença da radiação solar. Os hidrocarbonetos não metano (NMHC) são precursores do ozônio troposférico.

Gás azulado à temperatura ambiente, Provoca problemas respiratórios, irritação aos olhos, instável, altamente reativo e oxidante. nariz e garganta.

Causa destruição de bioma e afeta o desenvolvimento de plantas e animais, devido à sua natureza corrosiva.

Material particulado (MP)

Resultado da queima incompleta de combustíveis e de seus aditivos, de processos industriais e do desgaste de pneus e freios.

Material escuro, composto de partículas de Causa irritação no nariz e garganta. diferentes dimensões. Sua ocorrência está Está relacionado a doenças respiratórias e, nos casos relacionada a queima do diesel. mais graves, ao câncer de pulmão.

Altera o pH, os níveis de pigmentação e a fotossíntese das plantas.

Metano (CH4) Aldeídos (RCHO)

Provoca irritação e aumento na produção de muco, desconforto na respiração e agravamento de problemas respiratórios e cardiovasculares.

Processos industriais: processos químicos ou mecânicos que fazem parte da fabricação de um ou vários itens, usualmente em grande escala.

8

1

Diminui a capacidade do sangue em transportar oxigênio. Em grandes quantidades, pode levar à morte.

Para saber mais: www.cntdespoluir.org.br

Gases de efeito estufa que causam o aquecimento global. Estes óxidos, em contato com a umidade do ar, formam ácidos causadores da chuva ácida.


BOLETIM

DESENVOLVIMENTO PROFISSIONAL

PROMOÇÃO SOCIAL


PAINEL DE RESULTADOS - SEST SENAT

DESENVOLVIMENTO PROFISSIONAL janeiro a maio/2017 ATENDIMENTOS

894.737 Cursos de Longa Duração

693.355 Cursos de Média Duração

1.609.591

21.499 Cursos de Curta Duração

Total

MATRÍCULAS

223.737 Cursos Presenciais

83.732 Campanhas/Palestras

165.034 Cursos a Distância

472.503 Total

Cursos mais ofertados Cursos

Matrículas Realizadas

Especializado para Condutores de Veículos de Transporte Coletivo de Passageiros

23.102

Atualização para Condutores de Veículos de Transporte Coletivo de Passageiros

22.852

Especializado para Condutores de Veículos de Transporte de Produtos Perigosos

20.719

Atualização para Condutores de Veículo de Transporte de Cargas de Produtos Perigosos

16.956

Especializado para Condutores de Veículos de Transporte Escolar

7.226

Especializado para Condutores de Veículos de Emergência

5.826

Especializado para Condutores de Veículos de Transporte de Cargas Indivisíveis e Outras

5.785

Atualização para Condutores de Veículo de Transporte de Escolares

5.434

NR 35 - Segurança no Trabalho em Altura

3.144

Atendimento Eficaz ao Cliente

2.586


PROMOÇÃO SOCIAL janeiro a maio/2017 ATENDIMENTOS

984.355 Esporte, Lazer e Cultura Assistência à Saúde

649.699

1.738.033

103.979 Educação para Saúde

Total

ASSISTÊNCIA À SAÚDE janeiro a maio/2017 ATENDIMENTOS

443.551

Assistência Odontológica

36.032 Assistência Nutricional 124.615 Assistência Fisioterápica

45.501 Assistência Psicológica

sestsenat.org.br | 0800 728 2891 |

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JULHO 2017

CIT proporciona capacitações com resultados CIT proporciona capacitaciones con resultados

Ao longo de sua trajetória na área de transportes, a CIT promove cursos de capacitação por meio dos quais os alunos são motivados a serem gestores e especialistas qualificados em suas áreas de atuação. Muitos alunos são promovidos e designados a outros setores em suas empresas devido à experiência vivida nos cursos. No MBA em Logística, Transporte e Mobilidade – GETRAM, ex-alunos deram seus depoimentos contando como a pós-graduação influenciou suas vidas pessoal e profissional:

A lo largo de su trayectoria en el área de transportes, la Cámara Interamericana de Transportes (CIT) promueve cursos de capacitación por medio de los cuales los alumnos son motivados a ser gestores y especialistas cualificados en sus áreas de actuación. Muchos alumnos son promovidos y designados a otros sectores en sus empresas debido a la experiencia vivida en los cursos. En el MBA en Logística, Transporte y Movilidad – GETRAM, exalumnos dieron sus testimonios contando como el postgrado influyo en sus vidas personal y profesional:

“Estudar no GETRAM me fez crescer muito tanto pessoalmente quanto profissionalmente. O compartilhamento de experiências com os colegas, com os ótimos professores e o método de ensino aplicado na pós-graduação fazem realmente a diferença no nível de aprendizado e desenvolvimento.”

“Estudiar en el GETRAM me hizo crecer muchísimo tanto en lo personal como en lo profesional. El intercambio de experiencias con los compañeros, con los excelentes profesores y el método de estudio aplicado en el postgrado, son diferenciales en el nivel de aprendizaje y desarrollo.”

JULIO ALBERTO FILHO, Assessoria de Negócios, Tropical Transportes Ipiranga Ltda. Ex-aluno GETRAM 2016

JULIO ALBERTO FILHO, Asesoramiento de Negócios, Tropical Transportes Ipiranga Ltda. Ex-alumno GETRAM 2016

“O MBA do GETRAM nos dá uma visão sistêmica do setor de transporte e, também, nos revela o quanto a logística está presente em nosso cotidiano. Além disso, o curso nos auxilia nas tomadas de decisão por meio dos trabalhos em equipe e dos jogos empresariais, possibilitando o crescimento pessoal e profissional.”

“El MBA del GETRAM nos da una visión sistémica del sector de transporte, bien como revelanos lo cuanto la logística está presente en nuestro cotidiano. Además, el curso nos auxilia en la toma de decisiones por medio de trabajos en equipo y juegos empresariales, posibilitando el crecimiento personal y profesional.”

TALES RAMOS, SEST SENAT. Ex-aluno GETRAM 2016

TALES RAMOS, SEST SENAT. Ex-alumno GETRAM 2016

“Cursar o MBA em Logística trouxe impactos positivos na minha carreira profissional. Consigo discutir assuntos de igual para igual e apontar falhas e sugestões nos processos logísticos; me permitiu um conhecimento formal e científico, com incentivo à formação continuada, numa proposta pautada pela busca incessante do conhecimento.”

“Cursar el MBA en Logística ha traído impactos positivos en mi carrera profesional. Logro discutir temas de igual para igual y aportar fallas y sugestiones en el proceso logístico; me permitió un conocimiento formal y científico, con incentivo a la formación continua, en una propuesta basada en la búsqueda incesante por conocimiento.”

ELIZÂNGELA QUERINA FREITAS, Docente nos cursos de logística, administração e marketing na UNIPROJEÇÃO. Ex-aluna do GETRAM 2012

ELIZÂNGELA QUERINA FREITAS, Docente en los cursos de logística, administración y marketing en la UNIPROJEÇÃO. Ex-alumna do GETRAM 2012


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JULHO 2017

“Ter feito esse curso me despertou para o que eu posso ser na área profissional e pessoal, o quanto posso pensar e ir além do que achava. Quanto ao conhecimento adquirido, me trouxe nova oportunidade profissional para gerenciar uma clínica, focando a logística do negócio. Pude, também, conhecer pessoas incríveis que sabem que podemos sempre fazer algo melhor para nossa sociedade. Participar do GETRAM mudou minha forma de pensar e hoje tenho maiores possibilidades de crescimento.”

“Haber realizado ese curso me abrió los ojos para lo que yo puedo ser en el área profesional y personal, lo tanto que puedo pensar e ir más allá de lo que yo creía. Cuanto al conocimiento adquirido, me trajo nuevas oportunidades profesionales para administrar una clínica, con énfasis en logística de negocio. También pude conocer a personas increíbles que saben que podemos hacer algo mejor para nuestra sociedad. Participar del GETRAM ha cambiado mi modo de pensar y hoy tengo mayores posibilidades de crecimiento.”

GISELE LAGO. Ex-aluna MBA GETRAM 2016

GISELE LAGO. Ex-alumna MBA GETRAM 2016

“Participei do MBA-GETRAM no ano de 2016. Foi uma experiência ótima, extremamente importante, agregadora e que me tornou capaz de analisar e emitir opiniões mais seguras; foi um divisor de águas em minha vida. A desenvoltura nas relações interpessoais aumentou e o curso veio para possibilitar o conhecimento técnico unido ao prático, fazendo com que eu pudesse: a) adquirir mais segurança ao desenvolver atividades em equipes; b) ouvir mais a opinião do colega; e c) perceber a necessidade de se adotar uma postura mais empreendedora, criativa, inovadora, e de responsabilidade com a vida como um todo. Por fim, registro que o GETRAM é mais que um curso, é uma família. Obrigado pela oportunidade de ter vocês em meu círculo de amigos.”

“Participé del MBA-GETRAM en 2016. Fue una experiencia excelente, extremamente importante, agregadora y que me tornado capaz de analizar y emitir opiniones más seguras; fue un divisor de aguas en mi vida. El desarrollo en las relaciones interpersonales aumentó y el curso vino para posibilitar el conocimiento técnico unido a lo práctico, haciendo con que yo pudiese: a) adquirir más seguridad al desarrollar actividades en equipos; b) oír más a la opinión del compañero; y c) percibir la necesidad de adoptar una postura más emprendedora, creativa, innovadora y de responsabilidad con la vida como un todo. Por fin, registro que el GETRAM es más que un curso, es una familia. Gracias por la oportunidad de tenerlos en mi círculo de amistades.”

FRANCISCO WELLINGTON SANTOS RAMOS, Advogado. Ex-aluno MBA GETRAM 2016

FRANCISCO WELLINGTON SANTOS RAMOS, Advogado. Ex-alumno MBA GETRAM 2016 CIT/DIVULGAÇÃO

MBA GETRAM - inscrições até 31 de agosto - início em setembro de 2017


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JULHO 2017

Programas Executivos Internacionais Programas Ejecutivos Internacionales CIT/DIVULGAÇÃO

O sucesso dos ex-alunos também é reconhecido em razão da capacitação internacional – programas executivos CABEM, CELTEM, CISMEM e HESTRAM -, promovida em parceria com a Câmara Interamericana de Transportes - CIT com a Escola de Administração e Negócios da Universidade de Miami há 15 anos. A experiência adquirida dentro de uma universidade internacional bem-conceituada favorece aos “alumini” uma posição de destaque em suas carreiras e networking:

El éxito de los exalumnos también es reconocido en razón de la capacitación internacional – programas ejecutivos CABEM, CELTEM, CISMEM y HESTRAM -, promovidos en cooperación entre la Cámara Interamericana de Transportes – CIT y la Escuela de Negocios de la Universidad de Miami hace 15 años. La experiencia adquirida dentro de una universidad bien conceptuada favorece a los “alumni” una posición destacada en sus carreras y networking:

“Considero ser um curso que complementa a parte profissional de um executivo. Vimos várias áreas as quais considero que se dão no dia a dia em um âmbito profissional, sob a ótica e uma perspectiva global, não só no nível de América Latina - o que é muito importante -, mas também globalmente.”

“Considero ser un curso que complementa la parte profesional de un ejecutivo. Vimos varias áreas las cuales considero hacen parte del día a día en un ámbito profesional, bajo la óptica y perspectiva global, no solo a nivel de Latinoamérica – lo que es muy importante -, pero también globalmente.”

AINISIS VIVAS, ex-aluna do CABEM (UM 2016), Venezuela

AINISIS VIVAS, ex-alumna del CABEM (UM 2016), Venezuela

“O curso definitivamente cumpre as expectativas, nos ensinaram muitas coisas e já decidi que voltarei para fazer os demais. Recomendo o CELTEM porque nos abre a mente.”

“El curso definitivamente atiende a las expectativas, nos han enseñado muchas cosas y ya he decidido que regresaré hacer los demás. Recomiendo el CELTEM porque nos abre la mente.”

CARLOS SÁENZ, proprietário de empresa de logística e transporte para empresas petrolíferas, Equador. Ex-aluno do CELTEM 2016

CARLOS SÁENZ, propietario de empresa de logística y transporte para empresas petrolíferas, Ecuador. Ex-alumno del CELTEM 2016

Inscrições até 05 de fevereiro - início em 05 de março de 2018


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JULHO 2017

CIT, ABTI e UNCTAD/ONU iniciam estudos de corredores regionais CIT, ABTI y la UNCTAD/ONU empiezan estudios de pasillos regionales

Baseados em estudos de metodologias e ações realizadas pela Conferência das Nações Unidas sobre Comércio e Desenvolvimento UNCTAD/ONU, a Câmara Interamericana de Transportes (CIT) e a Associação Brasileira de Transportes Internacionais (ABTI) apoiados pela ONU, iniciaram um estudo tendo como referência uma iniciativa semelhante realizada na interação e integração do comércio da Ásia para com os mercados globais. A UNESCAP (United Nations Economic and Social Comision for Asia and the Pacific) adaptou um simples método para subsidiar decisão de empresas e instituições envolvidas na logística e transporte. A expectativa do citado estudo é que se possa obter uma representação visual e gráfica do processo do transporte da origem da carga até o seu destino, incluindo as passagens pelas fronteiras dos países que compõem a CIT, visando à minimização dos óbices atualmente existentes. A metodologia desenvolvida pela UNESCAP chama-se “Tempo/ Custo-Distância”. Ela oferece uma representação real dos dados de custo e tempo associados ao processo de transporte, identificando possíveis ineficiências e isolamento dos estrangulamentos do início ao fim do deslocamento da carga.

Basados en estudios de metodologías y acciones realizadas por la Conferencia de las Naciones Unidas sobre Comercio y Desarrollo UNCTAD/ONU, la Cámara Interamericana de Transportes (CIT) y la Asociación Brasileña de Transportadoras Internacionales (ABTI) apoyados por la ONU, iniciaron un estudio teniendo como referencia una iniciativa semejante realizada en la interacción e integración del comercio de Asia para con los mercados globales. La UNESCAP (United Economic and Social Comision for Asia and Pacific) adaptó un método sencillo para subsidiar la decisión de empresas e instituciones involucradas en la logística y el transporte. La expectativa del mencionado estudio es que se pueda obtener una representación visual y grafica del proceso del transporte desde el origen de la carga hasta su destino, incluyendo las travesías por las fronteras de los países que componen la CIT, con el fin de minimizar los óbices actualmente existentes. La metodología desarrollada por la UNESCAP es conocida como “Tiempo/Costo-Distancia”. Ella ofrece una representación real de los datos del costo y tiempo asociados al proceso de transporte, identificando posibles ineficiencias y aislamientos de los estrangulamientos del inicio al fin del desplazamiento de la carga. FLEET OWNER/DIVULGAÇÃO

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“Se quisermos melhorar nossa infraestrutura de transporte, será necessário encarar o desafio de reduzir o peso da legislação e aumentar a eficiência na solução de conflitos” TEMA DO MÊS

Um possível aumento da Cide contribuirá para a melhoria da infrae

Reajuste do tributo não é a solução para a infraestrutura

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ROBERTO ELLERY Professor do Departamento de Economia da UnB (Universidade de Brasília)

Cide (Contribuição de Intervenção no Domínio Econômico incidente) foi instituída pela Lei nº 10.336, de 19 de dezembro de 2001. Já em seu primeiro artigo, especificamente no inciso III do primeiro parágrafo, a lei determina que a arrecadação da Cide será destinada, entre outros, ao financiamento de programas de infraestrutura de transportes. Daí surgiu a ideia de que um aumento do tributo poderia vir a reverter em melhorias na infraestrutura de transportes. Desde sua criação, a Cide arrecadou cerca de R$ 154 bilhões, valores de junho de 2017; em 2016, foram R$ 5,9 bilhões; e neste ano, até junho, foram R$ 2,8 bilhões. Mesmo assim, no Índice de Competitividade Global 20162017, publicado pelo Fórum Econômico Mundial, a infraestrutura brasileira foi classificada na 72ª posição entre 138 países e sem mostrar tendências de melhora. No quesito que mede a qualidade das estradas, ficamos na 111ª posição, a qualidade das ferrovias e a dos portos ficaram nas 93ª e 114ª

ROBERTO ELLERY

posições, respectivamente. Os valores arrecadados pela Cide no passado não foram capazes de nos colocar em vantagem competitiva. Não creio que a solução seja colocar mais dinheiro. Nosso problema de infraestrutura não decorre de excessiva complexidade regulatória. No mesmo Índice de Competitividade Global, o peso da nossa regulação governamental foi classificado na 137ª posição, nossa regulação é a segunda mais pesada do mundo. A eficiência em resolver disputas legais, uma questão fundamental em grandes obras de infraestrutura, foi classificada na 125ª posição. Temos leis pesadas, mas não temos formas ágeis de resolução legal de conflitos. O resultado são as inúmeras obras de infraestrutura paradas. Considere a transposição do São Francisco. Em levantamento que fiz em 2015, encontrei 14 ações no STF pedindo a suspensão da obra cujo projeto foi aprovado em 2004 e iniciado em 2007. Um pedido de vistas, quando da aprovação do Plano Decenal de

Recursos Hídricos da Bacia do São Francisco em 2004, deixou a transposição de fora do plano. Na sequência, houve um conflito entre o Conselho Nacional de Recursos Hídricos e a ANA (Agência Nacional de Águas) sobre as atribuições de cada um no uso das águas do Velho Chico. Tais problemas não decorrem da falta de recursos. Estão associados a problemas regulatórios e se prologam por conta da dificuldade de soluções legais para conflitos. A história da transposição do São Francisco não é única. Casos parecidos estão por trás de atrasos em obras como a Ferrovia Norte-Sul, a Usina de Belo Monte, a duplicação da BR-101 em Pernambuco, o Arco Metropolitano do Rio, a Transnordestina, e tantas outras. Todos esses exemplos sugerem que um aumento da alíquota da Cide não vai reverter em melhor infraestrutura. Se quisermos melhorar nossa infraestrutura de transporte, será necessário encarar o desafio de reduzir o peso da legislação e aumentar a eficiência na solução de conflitos.


“O tarifaço dos combustíveis desconsiderou uma estratégia consistente para a mobilidade urbana, reduzindo o espaço para que a tributação da gasolina pudesse ser indutora de uma nova política urbana”

estrutura de transporte?

A Cide como instrumento de alteração da lógica de mobilidade urbana

A

Cide pode, se for utilizada com sabedoria, se transformar em um excelente instrumento para alterar a lógica da mobilidade urbana, restringindo o uso do automóvel e promovendo a implantação de uma robusta infraestrutura de transportes coletivos, sobretudo, corredores de ônibus (BRT) e metrô. Por lei, a Cide deve ser destinada a projetos de energia, meio ambiente e infraestrutura de transporte, sendo que 29% do arrecadado é transferido para Estados e municípios. Ela deveria fazer parte de uma estratégia urbana, articulada com os planos diretores, para promover uma democratização do espaço viário das cidades, promovendo uma transferência do automóvel para o transporte coletivo. Fixada em valores significativos e focada exclusivamente na gasolina, a Cide poderá se transformar em fonte de recursos de peso para financiar, de maneira sustentável, a infraestrutura urbana voltada ao coletivo. Em 2002, quando o tributo ficou conhecido pelos brasileiros graças a uma pegadinha feita por Garotinho a Lula, em um debate eleitoral, a Cide acrescentava R$ 0,28 a cada litro de gasolina. Após dez anos de seguidas redu-

NABIL BONDUKI

ções, em 2012, ela foi zerada por Dilma, na equivocada opção de estimular os automóveis e conter o preço da gasolina. Hoje está fixada em R$ 0,10 por litro. Recentemente, o presidente Temer aumentou os impostos dos combustíveis – transferindo o ônus do desequilíbrio das contas públicas para os cidadãos e para o setor produtivo. No entanto, a equipe econômica do governo preferiu dobrar o PIS/Cofins para cobrir os rombos do caixa geral a utilizar a Cide, que não foi alterada. Foi um grande equívoco. Se a Cide voltasse a ter o mesmo valor que tinha em 2002, atualizado monetariamente, ela alcançaria R$ 0,79 por litro de gasolina. Pesaria no bolso dos proprietários de automóveis, mas isso seria positivo para as cidades. O diesel seria poupado para não pesar no transporte de cargas e de passageiros, beneficiando a população de renda mais baixa. Seria promovido o uso racional do automóvel, pois cada usuário pagaria proporcionalmente ao uso do veículo e seria estimulado a usar o carro somente quando fosse realmente necessário. Poderia ser entendido como uma espécie de pedágio urbano, sem as suas dificuldades de arrecadação. O efeito no trânsito seria ime-

diato. A média de passageiros por veículo nas cidades brasileiras é de apenas 1,4, ou seja, cada três carros levam quatro passageiros, ocupando quase o mesmo espaço que um ônibus, que carrega 50 pessoas, no mínimo, confortavelmente. O impacto ambiental também seria relevante. A política tributária estimularia o uso de combustíveis limpos, como o etanol e a energia elétrica, contribuindo para a qualidade do ar e redução das emissões. A diminuição do número de automóveis em circulação reduziria a quantidade de acidentes e mortes no trânsito. Por outro lado, os recursos arrecadados poderiam ser encaminhados para um fundo destinado à infraestrutura vinculado ao transporte coletivo, superando a crise que vivemos por falta de uma fonte específica para esse fim. Quando o Brasil sair da atual crise, estaria melhor preparado para crescer de maneira sustentável. Infelizmente, o tarifaço dos combustíveis autorizado por Temer desconsiderou uma estratégia consistente para a mobilidade urbana, reduzindo o espaço para que a tributação da gasolina pudesse ser indutora de uma nova política urbana. Uma oportunidade que as cidades perdem.

NABIL BONDUKI Arquiteto e urbanista, professor de planejamento urbano da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da USP


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CNT TRANSPORTE ATUAL

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“Nosso Estado não está construído para servir, mas para ser um patrão gordo e míope” ALEXANDRE GARCIA

A janela dos fundos

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ão canso de lembrar do que me disse, anos atrás, em Tóquio, o professor Osny Branco, que lá morava havia muito tempo: “Daqui do outro lado do mundo, tenho a certeza de que Deus é brasileiro. Ele põe a oportunidade na porta da frente do Brasil e nós a jogamos pela janela dos fundos. Mas Deus insiste e põe de novo, e de novo jogamos fora. E Deus insiste e insiste, e nós continuamos a jogar as oportunidades pela janela. Para persistir tanto assim, Deus só pode ser brasileiro.” É o que se vê sempre. Em 1988, tivemos a oportunidade de fazer uma Constituição e a fizemos mal; criamos uma oportunidade para revisá-la cinco anos depois e a jogamos fora. Recuperamos o governo dos civis, e não soubemos o que fazer com ele. Vencemos a inflação, com o Real, e a toda hora chamamos a inflação de volta. Em maio, estávamos recuperando o PIB e chamamos o Joesley. Talvez seja por nossa formação religiosa, que nos ensina a sofrer para merecer o céu e que todo prazer e gozo são pecados, por isso andamos em busca constante de penitência. No país ciclotímico, quando percebemos que a curva sobe, tratamos de inverter a tendência e cair de novo. Somos ciclotímicos e masoquistas. Vejam nossa extensão territorial. Um continente. Mas ficamos sem ferrovias e sem aproveitar o mar para cabotagem. Transporte barato e de massa? Parece bom demais para merecermos. Rodovias? Agora as abandonamos por economia de recursos públicos. Será que estamos economizando na burocracia, que só emperra e nada produz? Não. A burocracia está protegida por seus anticorpos. A rodovia, por onde circula a riqueza

e acabam-se vidas, fica ao Deus-dará. Como Deus é brasileiro, acreditamos que tudo vai se resolver sozinho ou por mãos divinas. Ou, quem sabe, nos ombros de São Cristóvão. Esqueci de acrescentar à nossa ciclotimia masoquista nossa incapacidade de aprender com nossos erros. E vamos repetindo os enganos ao longo da História. Agora mesmo estamos encrencados na política; e a política encrenca a economia. Será que a economia vai aprender a desligar-se do governo? Teoricamente, é uma boa intenção a que vai pregando blindagem da política. Mas num Estado desse tamanhão, que se mete em tudo e em que tudo depende da caneta, do carimbo, da autorização, do certificado, é difícil desligar-se dele. Nosso Estado não está construído para servir, mas para ser um patrão gordo e míope. Olhando bem, a novidade que temos na História do Brasil é a Lava Jato. O Brasil está despertando da letargia com que convivia com a corrupção. Ao pegar os grandes, que talvez sejam milhares, a Justiça dá um aviso para os demais, que são milhões, desacostumados com a lei e os costumes da civilização. Destaca-se um juiz a servir de modelo para outros tantos. Infelizmente, se descobre que ética, falada tanto na política nessas últimas décadas, era apenas uma fantasia de cordeiro para esconder o lobo. Se não acabarmos com nossas hipocrisias, vamos acabar com o país. Uma vergonha, porque o Deus brasileiro nos deu esse território, esse subsolo rico, esses rios, esse litoral, esse clima, essa imensidão de riqueza, e nós vamos jogando tudo pela janela dos fundos.


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