TN 008 _ Sally Rooney

Na Clínica No caminho para a clínica odontológica, eles falam sobre ir para casa no Natal. É Novembro e Marianne está removendo um dente do siso. Connell a leva para a clínica porque ele é seu único amigo que tem carro e também a única pessoa em quem ela confia sobre condições médicas desagradáveis, como dentes impactados. Às vezes, ele a leva ao consultório médico quando ela precisa de antibióticos para infecções do trato urinário, o que é frequente. Eles têm vinte e três anos.

Connell estaciona na esquina da clínica e o rádio desliga sozinho. Ele tirou a manhã de folga do trabalho para levar Marianne à consulta, o que não contou a ela. Ele está fazendo isso em parte por culpa. Uma semana antes, Marianne o chupou em seu apartamento e depois reclamou que seu queixo doía, e ele falou algo como, você tem que reclamar de tudo o tempo todo?

Então eles discutiram. Ambos estavam um pouco bêbados.

Marianne se lembra do incidente de maneira diferen-

te. Ela se lembra que chupou Connell no sofá dele por um tempo e depois parou porque sua boca doía. Ele foi muito tranquilo quanto a isso e eles fizeram sexo no sofá. Só depois, quando ela voltou a falar sobre a boca, Connell disse: você reclama muito mais do que as outras pessoas. Nesse momento eles estavam deitados lado a lado no sofá. Marianne disse, você quer dizer suas outras namoradas. E Connell disse que não, ele quis dizer pessoas, tipo todo mundo. Ele disse que ninguém que ele conhecia reclamava tanto quanto Marianne.

Você não gosta de ouvir as pessoas reclamarem porque é incapaz de expressar simpatia, disse Marianne.

Eu já tinha pedido desculpas na primeira vez que você reclamou.

Você gosta de mulheres que não reclamam porque não quer ver mulheres como totalmente humanas.

Toda vez que eu te critico, tudo se transforma em eu odiar mulheres, ele disse.

Marianne começou a se sentar. Ela juntou os cabelos

em um rolo e procurou um grampo para prendê-lo.

Acho isso suspeito, ela disse. Que você sempre se relaciona com pessoas com quem não conversa.

Você está chateada e está descontando em mim agora, ele disse. Eu não sou completamente estúpido.

Ela tocou o cabelo com as mãos para sentir que estava no lugar e deitou-se ao lado dele. Era um sofá ruim, com uma estampa de flores marrons.

Eu, disse ela. Você me vê como um ser humano completo. É por isso que não está atraído por mim.

Sim, eu estou.

Sexualmente, mas não romanticamente.

Ela o observou olhando para o teto. Seus rostos estavam muito próximos.

Eu acho que se fosse romântico eu não gostaria que você tivesse outros namorados, ele disse.

Embora, na verdade, você não goste.

Eu não gosto do seu gosto por namorados, é diferente.

Você quer saber o que aconteceu com Daniel? ela disse. Eu disse a ele que tinha o sonho de me casar e ele disse, comigo? E eu disse que não, com meu amigo Connell. O resto da discussão não foi sobre você, foi sobre como digo as coisas de propósito para incomodá-lo, porque gosto de fazê-lo se sentir mal consigo mesmo.

Hum. Marianne foi para embora depois disso, ponderando se reclamava demais. Quando voltou ao seu apartamento, toda a sua cabeça doía. Ela pegou uma garrafa de gim na porta da geladeira e derramou um pouco na boca experimentalmente. Enxaguando o álcool frio em torno de suas gengivas, uma dor gigantesca subiu por dentro de sua mandíbula e fez seus olhos lacrimejarem. Ela babou o gim de volta para a pia da cozinha e começou a chorar.

Ela foi sozinha à clínica odontológica na manhã seguinte. No caminho, planejou coisas sensacionalistas que poderia contar ao dentista sobre a dor na mandíbula. Não é tão ruim assim na maior parte do tempo, ela se imaginava dizendo, mas fazer boquetes está fora de questão. Em vez disso, o dentista deu uma olhada rápida na boca e prescreveu uma rodada de antibióticos para o que ele chamou de infecção “realmente desagradável”. Não estou surpreso que você esteja com dor, disse o dentista. Esse dente está cortando sua bochecha como manteiga. Ele rabiscou algo em um bloco de notas e depois olhou para ela. Uma vez que a infecção diminua, nós a eliminamos sem problemas, ele disse. Você não se reconhecerá. Marianne sente um significativo prazer pessoal em ter sua dor validada por profissionais.

Agora eles são as únicas duas pessoas na sala de espera do andar de cima da clínica odontológica. Os assentos são de uma cor verde-menta pálida. Marianne folheia uma edição da NATIONAL GEOGRAPHIC e explora a boca com a ponta da língua. Connell olha para a capa da revista, uma fotografia de um macaco com olhos enormes. Naquela noite da semana passada, Marianne ligou para ele primeiro para dizer

que ela e Daniel haviam terminado. Connell estava no banheiro quando o telefone tocou e seu colega de apartamento Barry atendeu. Quando Connell voltou, Barry disse inocentemente: Ei, qual é o nome daquela garota rica com quem você estudou? Você sabe, aquele que você gosta de foder. Acreditando que a pergunta era sincera, Connell respondeu: Marianne, por quê? Então Barry jogou o telefone para ele. Ela quer falar com você, ele disse. Quando Connell levantou o telefone, ele já a ouvia rir.

Na sala de espera, Connell está pensando em Lauren, sua namorada há quase dez meses. Ela se mudou para Manchester em setembro e, há duas semanas, dormiu com outra pessoa quando estava bêbada. Quando ela contou isso a ele, o fato de não sentir nada o enervou e ele se perguntou se se importava com ela. Por alguns dias, ele se sentiu vagamente deprimido e cansado, e depois dormiu com Marianne, que o acusou de não ver as mulheres como “seres humanos completos”. Ele percebeu então que na verdade não via Lauren como um “ser humano completo”, mas como um personagem menor em sua própria vida. Por esse motivo, o que ela fazia nos bastidores não importava para ele.

Depois que Marianne saiu naquela noite, ele abriu

uma nova guia em seu navegador e digitou: Por que não consigo sentir coisas.

Na manhã seguinte, ele ligou para Lauren no Skype e disse que achava que deveriam terminar. Ela concordou com ele, sem compromisso. Nos divertimos, ela disse, mas isso de longa distância nunca funcionaria. Essa trajetória esboçada do relacionamento deles tinha tão pouca semelhança com qualquer coisa que ele pensava ou sentia que apenas assentiu e disse: Sim, exatamente. Ele ainda não contou a Marianne sobre essa conversa no Skype. Ela teve todo o drama do dente e ele não quer que pareça ter tomado uma decisão importante como resultado de dormir com ela. Como manteiga, ela diz toda vez que conversam.

Estou em agonia. Connell realmente perdeu a tradução original do símile de manteiga e agora decide que é tarde o suficiente para que ele possa perguntar.

O que é essa coisa de manteiga que você fica falando? ele diz.

Minha bochecha é como manteiga.

Sua o quê? ele diz.

Lembra do que o dentista disse, que o dente está cortando sua bochecha como manteiga.

Connell a encara por cima da borda amarela da NATIONAL GEOGRAPHIC que ela está segurando.

Porra, está fisicamente cortando sua bochecha? ele diz.

Você não estava me ouvindo? Eu falo sobre isso há, tipo, uma semana.

Eu acho que te desligo você algumas vezes.

Ela olha de volta para a revista, parecendo se divertir.

Uma habilidade para a vida, ela diz.

Então, sabe, eu terminei com Lauren. Não sei se você ouviu isso.

Por um momento, ela finge estar envolvida na leitura.

Ele pode ver que ela está decidindo o que fazer ou dizer. O funcionamento da mente de Marianne se torna transparente para ele em breves flashes como este an-

tes que retrocedam novamente.

Você não comentou, ela diz. É, é.

Ele tosse, embora não precise. Isso é uma fraqueza e ele sabe que Marianne sente, como sangue na água.

Quando isso aconteceu? ela diz.

Cerca de uma semana atrás.

Aha. Ela não performa o ‘aha’. Ela apenas fecha a revista e a coloca de volta na mesinha de vidro em um gesto lânguido. Connell engole seco. Por que ele está engolindo seco? Na escola, Marianne era feia e todo mundo a odiava. Ele gosta de pensar sobre isso de forma sádica quando sente que ela está superando ele na conversa.

No último ano da escola, ele tirou a virgindade dela e depois pediu que ela não dissesse às pessoas, embora hoje ele não se sinta muito bem com isso. Ela ficou lá deitada assim: por que eu ia querer contar a alguém?

Ele acha isso emblemático de alguma coisa.

Marianne se sente humilhada por Connell não contar a ela sobre Lauren até agora. Ela disfarça esses sentimentos, concentrando uma lenta e desdenhosa atenção em seu entorno imediato. Ela se pergunta se Connell não disse a ela porque ele a acha desesperada. Aos 23 anos, Marianne está ocasionalmente sujeita às mesmas angústias que caracterizaram sua vida adolescente. Durante a escola, ela desprezava os outros, mas simultaneamente era acometida pelo medo do desprezo de outras pessoas. Connell foi a primeira pessoa que realmente gostou dela, e nem ele falou com ela na frente de seus amigos. Ela fez coisas degradantes para reter sua afeição e fingiu não achá-las degradantes. Ela ficou quieta no fundo das ligações dele.

Sim, eu pensei que você teria ouvido falar, ele diz. Foi um desses rompimentos por Skype. Relativamente relaxado para um rompimento.

Lauren é uma garota relaxada.

Provavelmente é verdade. Ele olha pela janela e tenta bocejar. Ele se odeia. Ele não tem ideia do que Ma-

rianne está pensando. Compulsivamente e por despeito, ele pensa no fato de que, durante todo o tempo em que ele e Lauren estavam juntos, ele nunca a fez gozar, exceto por acidente. Com Marianne, ele sempre achou isso maravilhosamente fácil. Claro que ele sabe que isso não significa nada.

Bem, não se preocupe, diz Marianne. Sei que agora estamos ambos solteiros, mas não vou pedir que você seja meu namorado.

Estranhamente, eu não estava preocupado com isso.

A porta se abre e uma enfermeira sai dizendo: Marianne? Estamos prontos. Marianne olha para Connell e ele olha de volta para ela. Momentaneamente ela o odeia, mas a malícia sempre se dissipa. Ele não pretende tocar essa necessidade terrível nela. Com Daniel ela se sentiu tão livre e empoderada, porque nunca o levou a sério. Seu desejo de machucá-la apenas enfatizava o quanto ele confiava nela. Mas Connell não precisa de nada e com ele ela se sente impotente.

Ela toca o rosto com a mão e segue a enfermeira para a cirurgia.

Quando a porta se fecha, Connell se levanta e caminha até a janela. Ele olha para a rua, para o topo da cabeça das pessoas passando. É um dia claro, frio e azul como um picolé. Ele está tentando não pensar em Marianne com dor. Ele sabe que eles vão anestesiar a parte necessária da boca dela, mas isso também o agita. Marianne não expressa medo de sofrimento físico. Connell viu coisas ruins acontecerem com ela. Ainda assim, machucou quando ela disse que não queria ser sua namorada, em parte por conta de quão gratuito foi. Ele nunca iria perguntar isso a ela, de qualquer maneira. Ele começa a roer a unha do polegar, até sentir que ela fica enrolada e torcida em sua boca.

No começo, ele estava apenas feliz por ela ter finalmente terminado com Daniel. Ele era um desses designers gráficos magros que usavam óculos de armação grossa e conversavam muito sobre gênero.

Connell sentou ao lado dele no bar no aniversário de Marianne e, em vez de conversar, assistiram ao jogo do Bournemouth-Chelsea na tela grande. Daniel perguntou: Realmente importa quem ganha ou perde?

Bem, mais ou menos, disse Connell. O Bornemouth volta para a zona de rebaixamento se perder esta. Eu

quis dizer em um nível filosófico, Daniel disse. Essa foi uma conversa real que aconteceu entre eles. Daniel estava rindo e dizendo: Masculinidade é uma coisa frágil. Connell não mencionou algumas coisas que ele sabia sobre as tendências de Daniel. Você é quem gosta de amarrá-la e bater nela com um cinto, ele não disse. Aposto que isso faz você se sentir um cara grandão.

Na cirurgia, Marianne recebeu um anestésico. O dentista coloca um instrumento afiado na gengiva de Marianne para ver se ela consegue sentir, não consegue. Então ele começa a remover o dente. A princípio, ela pode ouvir o barulho. Uma lâmpada branca e brilhante reflete em seus olhos pelo espelho acima dela, e o látex das luvas do dentista tem um gosto sadomasoquista. Algo está zumbindo, e um líquido fino e estranho está enchendo a boca de Marianne. Não tem gosto de sangue. Então ela sente algo escorregar em sua língua, algo suave e pesado, e de repente ela está sentada e o dentista está dizendo: cuspa! Ela cospe algo na mão do dentista. É uma pequena e amarela parte do seu próprio corpo. Agora ela sente gosto de sangue e algo mais. A cabeça dela dói. O dente brilha como creme na palma da mão do dentista. Boa mu-

lher, diz o dentista. O dente tem folhas como as de uma anêmona. Marianne está tremendo.

Connell tem medo de ser uma pessoa emocionalmente vazia. Ele tenta olhar para a NATIONAL GEOGRAPHIC em cima da mesa, mas não consegue focar e pensa repetidamente na dor de Marianne. Marianne se envolve em coisas que são ruins para ela. Essa é uma opinião da qual Connell se sente culpado. Ele sabe que ela atrai a culpa por coisas que não são culpa dela simplesmente por causa de sua personalidade durona. As pessoas se aproveitaram de Marianne, mas talvez ela tenha permitido que isso continuasse quando não era mais necessário. Ela contou a ele algumas das coisas que Daniel a fez fazer. Ela mostrou-lhe coisas. Eu sei que é meio doente, ela disse. Eu não gosto. E ela riu, ele odiava que ela risse.

O dentista embala a boca de Marianne com gaze e a faz morder. Ela está se sentindo tonta, como se o dente fosse uma criança doente a quem ela deu à luz. Ela lembra que Connell está na sala de espera e sente uma corrente de gratidão que a encharca de suor. A gaze esfrega sua língua entorpecida e seus olhos começam a arder em lágrimas. A parte médica do procedimen-

to terminou agora. Eles a tiram da cadeira como se ela fosse um pedaço de jornal.

A porta da cirurgia se abre e Connell vira da janela.

Marianne aponta idiotamente para a boca. Eles lhe deram o dente em uma jarra e ela o sacode na direção dele. Seu rosto está torto e deformado como uma tenda murcha. Ele experimenta certos sentimentos. Na escola, ele costumava fantasiar sobre fazer comentários intelectuais ou espirituosos na frente de Marianne. É uma fantasia em que ainda se envolve compulsivamente durante momentos de estresse. A risada imaginária dela acalma seus nervos.

Já terminou tudo? ele diz.

Ela assente, tenta engolir. Sua boca está errada, ela está no corpo errado.

Isso foi rápido, ele diz. Como você está se sentindo?

Ela dá de ombros. Ela sente o arrepio que precipita um soluço e tenta reprimir esse tipo tão particular de feiura. É tarde demais. Ela está chorando. Desajeitadamente, ela esfrega os olhos, o nariz, o abismo dor-

mente da bochecha direita. Ela dá de ombros novamente. Pelo menos o choro é silencioso.

Connell só viu Marianne chorando uma vez antes, quando eram adolescentes. A mãe dela tinha um namorado, chamado Steven. Às vezes, ele entrava no quarto de Marianne para “conversar”. Ela foi à casa de Connell uma noite depois que aconteceu e chorou e disse: Às vezes acho que mereço coisas ruins porque sou uma pessoa ruim. Ele nunca tinha ouvido alguém falar assim. Ele se sentiu enjoado e, a partir desse momento, o enjoo sempre estaria presente, mesmo que ele não pudesse sentir. Estaria fora dele então.

Vamos entrar no carro, ele diz.

No carro, ela está pequena e sozinha. Em uma mão, ela segura o frasco com o dente e, na outra, um pequeno rolo de gaze de reposição para a boca. Colocando os dois itens no colo com cuidado, ela alcança o visor acima do assento para olhar no espelho.

Eu não necessariamente faria isso, ele diz.

Ela faz uma pausa com a mão no espelho.

Estou tão feia assim? ela diz.

Sua voz está abafada e grossa.

Para mim você não está feia, ele diz, mas parece frágil e eu não quero que você surte.

No começo ele acha que Marianne está tossindo, mas depois percebe que a está fazendo rir.

Então eu estou feia, ela diz. Por que você não me contou sobre Lauren?

Ele amassa o volante sob as mãos. Ela o observa. Discretamente, com a manga da blusa, ela se esquiva da ameaça de uma lágrima no olho esquerdo.

Esse discursinho que você me deu, ele diz. Sobre ver as mulheres como seres humanos. Isso meio que me perturbou na verdade.

O quê, e é por isso que você terminou com ela?

De alguma maneira complexa, essa pergunta, combinada com o fato de Marianne estar visivelmente cho-

rando, o excita. Ele pensa, involuntariamente, em seu corpo nu. Ele considera isso uma imagem de vulnerabilidade em vez de algo sexual, mas parece as duas coisas. Ele sabe que ela está chorando simplesmente de uma dor física residual, do que ele não tira prazer algum. Mas o desejo dela de ser cuidada o toca. Uma fantasia de que, sob o exterior frio dela, há algo mais.

Ela percebe que ele não responde a sua pergunta imediatamente. Ele está observando o trânsito como se pensasse em outra coisa. Ela espera que sua curiosa impetuosidade pareça desdenhosa. Essa é uma das muitas estratégias dinâmicas que ela emprega para ocultar de Connell o que sente por ele. O que ela sente não é facilmente expresso de qualquer maneira. As pessoas amam todos os tipos de coisas: seus amigos, seus pais. Mal-entendidos são inevitáveis.

Você ainda está chorando, né? ele diz.

A sensação está voltando agora, ela diz. Só isso.

O conto aqui traduzido foi originalmente publicado em 2016 na revista The White Review, e marca a primeira aparição de Marianne e Connell, que se tornariam protagonistas do romance ‘Pessoas Normais’.

Sally Rooney

é uma escritora irlandesa nascida em 1991. Começou a carreira publicando contos e poemas em revistas literárias, até se tornar um grande sucesso editorial com os romances ‘Conversas entre amigos’, de 2007 e ‘Pessoas Normais’, de 2008, este último adaptado numa série de TV em 2020.

Felipe André Silva é um cineasta, poeta, e tradutor brasileiro, natural de Recife (PE).

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