Backstage 01

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ra que me incomodou no final. As peças mais fortes que fazíamos para a passarela eram ignoradas pelas pessoas dos negócios. Eles esqueciam que para termos aquela “biker jacket” super-vendável precisávamos começar por uma peça de passarela com uma técnica perfeita. Comecei a ficar infeliz quando percebi que não existia estima, interesse ou reconhecimento pela pesquisa que eu fazia; eles só se interessavam pelo que seria o resultado mercadológico. Tornei-me o Sr. Merchandiser”, declarou ele. A Balenciaga de Wang Um mês de muita especulação se passou e em dezembro a Balenciaga confirmou: Alexander Wang assumiu o posto de novo diretor criativo de marca, acabando com os rumores de que Christopher Kane, que havia deixado seu cargo na Versus, seria o escolhido. “Alexander Wang usará sua criatividade e suas pesquisas próprias para reinterpretar e imortalizar o estilo moderno e extremamente inovador criado por Cristóbal Balenciaga”, afirmou François-Henri Pinault, CEO do grupo PPR, que detém a Balenciaga. A escolha pode ter sido uma surpresa para quem apostava em Kane, mas é bastante óbvia levando em conta o currículo de Wang. O designer tornou-se em pouco tempo um dos nomes mais promissores da moda norte-americana, sempre com coleções de streetwear impactantes, com ar de fácil de usar e energia jovem. E Wang tem em seu nome uma marca relativamente nova e já bastante rentável. Além de substituir Ghesquière, que habita o coração dos principais editores de moda, o jovem estilista (que assim como seu antecessor assumiu a Balenciaga sem ainda ter completado 30 anos) enfrenta o desafio de manter a label entre as três principais do cenário e também o de fazer aumentar ainda mais os dígitos no caixa. Meses depois de ser anunciado, Wang estreou pela Balenciaga com um desfile intimista e discreto, apesar de também um dos mais disputados e aguardados da temporada. Tudo começou com olhares desconfiados e alguns narizes torcidos, mas, ao final do desfile, até os mais blasés dos compradores e dos jornalistas especializados estavam entusiasmados. Quase toda em preto e branco, a coleção foi uma fiel reinterpretação do fundador da marca, sem nostalgia, mas com o respeito cabido. A única crítica que Ghesquière recebia, de que as roupas do desfile não eram encontradas nas lojas, pareceu ser sanada com Wang, que apresentou uma coleção com o apelo comercial que o grupo PPR esperava, mas sem deixar de lado a tradição, que recebeu um toque de streetwear, especialidade do estilista. Mesmo sem ter ousado e optado por ficar dentro dos limites do seguro, Wang estreia com uma crítica unânime: apesar da falta de impacto criativo, o frescor trouxe equilíbrio, uma pitada de rejuvenescimento e ainda mais apelo comercial, agradando gregos e troianos.

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