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Plano

18 de OutuBRO de 2011 Ano 9 · Edição 102 · R$ 5,30

BRASÍLIA BR w w w. p l a n o b r a s i l i a . c o m . b r

EDITORA

Indignação As manifestações populares tornaram-se ponto de partida para o complexo embate contra a corrupção

MESA REDONDA Alberto Fraga cidadania Inclusão social por meio da dança Ponto de Vista Chico Vigilante 102






Sumário

36

11 48

28 58

44 10 Cartas

40 Cotidiano

65 Música

11 Mesa Redonda

42 Planos e Negócios

66 Artigo

16 Brasília e Coisa & Tal

44 Automóvel

18 Panorama político

46 Mercado Imobiliário

20 Política Brasília

48 Esporte

22 Dinheiro

50 Personagem

74 Frases

24 Capa

52 Saúde

75 Justiça

28 Cidadania

54 Moda

30 Gente

56 Comportamento

34 Mercado de Trabalho

58 Cultura

36 Educação

62 Gastronomia

80 Ponto de Vista

38 Tecnologia

64 Cultura

82 Charge

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PLANO BRASÍLIA

70 Vinho 72 Tá Lendo o Quê?

76 Diz aí, Mané 78 Cresça e Apareça


PLANO BRASÍLIA

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Expediente

Carta ao leitor Caro leitor, Você acaba de receber uma nova edição da Revista Plano Brasília. Mais uma vez, recheada de temas interessantes que

DIRETOR EXECUTIVO Edson Crisóstomo crisostomo@planobrasilia.com.br

preparamos exclusivamente para você que nos prestigia com

DIRETORA DE PROJETOS ESPECIAIS Nubia Paula nubiapaula@planobrasilia.com.br

principal o movimento contra a corrupção que se formou por

DIRETOR ADMINISTRATIVO Alex Dias alex.dias@planobrasilia.com.br

sua leitura e suas críticas. Nesta edição, elegemos como tema

meio de discussões nas redes sociais, a partir da indignação dos brasilienses, e que começa a tomar corpo em manifestações por todo o Brasil. Conversamos com organizadores, cientistas

Plano

BRASÍLIA CHEFIA DE REDAÇÃO Elisa de Alencar

políticos e historiadores para saber o que pensam do movimento, comparando-o com outros que mudaram a história do país como, por exemplo,o “Diretas Já” e o “Fora Collor”. A Mesa Redonda da semana é com o ex-secretário de

DESIGN GRÁFICO Eward Bonasser Jr, Líbio Matni e Raphaela Christina

Transportes Alberto Fraga. Ele fala sobre o papel da oposição

ESTAGIÁRIA DE CRIAÇÃO: Paula Alvim

no DF, a sobrevivência de seu partido, após o escândalo da

FOTOGRAFIA Fábio Pinheiro e Victor Hugo Bonfim

Caixa de Pandora, sobre denúncias feitas à sua administração

EQUIPE DE REPORTAGEM Michel Aleixo, Alexandra Dias e Yuri Achcar

na Pasta dos Transportes que culminou com a prisão de seu

ESTAGIÁRIAS: Fernanda Azevedo e Railde Nascimento

secretário adjunto à época e, finalmente, sobre a crise que se

COLABORADORES: Adriana Marques, Antônio Matoso, Arlete Sampaio, Bohumil Med, Carlos Grillo, Cerino, Deborah Delbart, Rodrigo Falcão, Mauro Castro, Regina Ivete Lopes, Romário Schettino, Tarcísio Holanda e Vetuval Martins Vasconcelos

instalou no Ministério do Esporte. Trazemos ainda para você um bate papo exclusivo com

IMPRESSÃO RR Donnelley

o menestrel Juca Chaves que esteve em Brasília para a

TIRAGEM 60.000 exemplares

inauguração do complexo cultural Brasil 21, um novo espaço

REDAÇÃO Comentários sobre o conteúdo editorial, sugestões e críticas às matérias redacao@planobrasilia.com.br Capa Fotos - Rodrigo Montezuma AVISO AO LEITOR Acesse o site da editora Plano Brasília para conferir na íntegra o conteúdo de todas as revistas da editora www.planobrasilia.com.br PLANO BRASÍLIA EDITORA LTDA. SCLN 413 Bl. D Sl. 201 CEP: 70876-540, Brasília-DF Comercial: 61 3041.3313 | 3034.0011 Redação: 61 3202.1357 Administração: 61 3039.4003 revista@planobrasilia.com.br Não é permitida a reprodução parcial ou total das matérias sem a prévia autorização dos editores. A Plano Brasília Editora não se responsabiliza pelos conceitos emitidos nos artigos assinados.

para as artes em nossa capital. Escolhemos Luiz Amorim, criador do Açougue Cultural T-Bone como nosso personagem da semana e contamos ainda a história de esforço e superação das meninas da Casa Azul em Samambaia que, capitaneadas pela bailarina Renata Nunes,encontraram na dança uma forma de transformar suas vidas e de suas famílias. Além de nossas já habituais editorias de saúde, cotidiano, justiça, esportes, gastronomia, moda, fatos e política e dos nossos competentes colunistas, introduzimos nesta edição, a coluna “No Divã” com a psicóloga Eliane Almeida, criadora da Psicoterapia Temática em Grupo que vai falar sobre as doenças decorrentes do stress como a “síndrome do pânico” e a “depressão”. Tenham todos uma boa leitura e até a próxima edição.

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Cartas Senhor Diretor Executivo. Plano Brasília que pego, ao acaso, em consultório médico, nos apresenta dois colunistas Romário Schettino e Yuri Achcar. Este, que não deixa e-mail e aquele, cuja manifestação segue em cópia, deviam dar uma olhada em manuais de como (não) se faz jornalismo. O primeiro, das oito notas, seis são para enaltecer o petismo e as duas restantes para porradas na Jaqueline Roriz; o outro, das doze notas, oito dedicadas à citada deputada e as quatro restantes para um oba-oba ao petismo brasiliense, hoje (e ontem) voltado às denúncias (vazias, naturalmente) de grossa roubalheira. Na próxima consulta acredito poder ler algumas linhas dedicadas ao inatacável homem público Waldemar Costa Neto, beneficiado pelo mesmo corporativismo - bem adjetivado pelo insuspeito colunista - na absolvição continuada de crimes contra o erário, ética, democracia, etc, etc,, todos blindados até mais não poder pelos companheiros e camaradas. Atenciosamente, Roberto Macedo Senhor Roberto Macedo, Obrigado, pela atenção de nos escrever. Isso é muito importante porque estabelece o diálogo direto. Falo apenas por mim, Romário Schettino. Minhas notas são opiniões sobre fatos. Portanto, dizem respeito ao que penso, não ao que o senhor pensa. Jaqueline Roriz é citada por motivos óbvios. Ela estava em julgamento na Câmara dos Deputados e foi notícia em nível nacional. Meu direito à opinião está garantido na Constituição. O seu direito de discordar também. Continuemos acompanhando o que se escreve. ,Atenciosamente, Romário Schettino

Fale conosco Cartas e e-mails para a redação da Plano Brasília devem ser endereçadas para: SCLN 413 Bl. D Sl. 201, CEP 70876-540 Brasília-DF Fones: (61) 3202.1357 / 3202.1257 redacao@planobrasilia.com.br

As cartas devem ser encaminhadas com assinatura, identificação, endereço e telefone do remetente. A Plano Brasília reserva-se o direito de selecioná-las e resumi-las para publicação. Mensagens pela internet sem identificação completa serão desconsideradas.


Mesa Redonda

Equipe Plano Brasília: Romário Schettino, Liana Alagemovits, Veronica Soares e Yuri Achcar | Fotos: Fábio Pinheiro

E

x-secretário de Transportes do governo Arruda, Alberto Fraga assumiu a presidência regional do DEM com a missão de reerguer aquele que já foi o mais influente partido da capital da República. Deputado federal por três legislaturas, Fraga foi candidato a senador nas últimas eleições. É, hoje, um dos principais críticos do governo Agnelo Queiroz e se apresenta como o nome do DEM para a disputa pelo governo do DF em 2014. Coronel da reserva da Polícia Militar, Fraga ganhou notoriedade nacional ao liderar a campanha pelo “não” no referendo sobre o desarmamento, em 2005. Confira os principais trechos da mesa redonda com a equipe de jornalistas da Plano Brasília.

PB > Nas últimas eleições, o DEM não elegeu

tido dos Trabalhadores. Eu já tinha

nenhum deputado federal. Dois deputados dis-

decidido pela expulsão do deputado,

tritais foram eleitos pela legenda para a Câmara

mas a executiva nacional diz que é

Legislativa. Um saiu do partido e o outro não faz

exatamente isso que ele quer. Então,

oposição ao governo Agnelo. O DEM corre o risco

a punição que achei mais viável para o

de acabar?

momento foi cortá-lo dos programas

AF > De forma alguma. A deputada

políticos, como fiz. Ele não participou

Eliana Pedrosa tomou uma decisão,

em momento algum das propagandas

alegando ocupar o mesmo espaço que

eleitorais do partido. Se esses depu-

eu. A saída dela para o PSD seria para

tados que foram eleitos pela oposição

que, lá na frente, não tenhamos que

– nós temos vários, não é só do DEM,

disputar, no mesmo partido uma vaga

não! – estão se posicionando a favor

majoritária. Com relação ao Raad

do governo em troca de cargos, quem

(Massouh), o assunto é mais delicado.

tem que dar uma resposta para esses

Ele se elegeu na oposição e parece que

deputados é a população. O DEM vai

está na base do governo. Mas quando

continuar, com ou sem deputado. Na

eu o chamo para conversar, ele diz

época da eleição, exatamente pelo

que não é verdade. Nós temos uma

partido estar esvaziado e, por contar

resolução que não permite qualquer

com um bom tempo de televisão, a

coligação ou apoio do DEM ao Par-

conversa será outra.

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O DEM pode pedir as vagas para o partido e

dato pelo DEM do que pelo PSD, PMDB

colocar os suplentes na Câmara?

ou qualquer outro partido. Paulo Octávio é

Neste caso, não. A alegação é a saída para

um empreendedor, um homem de sucesso

o PSD. E a lei permite. Eu já estive reunido

na cidade, e não ficou absolutamente nada

com a executiva local e conversamos sobre

provado contra ele. Aí é que digo que o

o teste da fidelidade partidária. Em uma

partido se acovardou ao exigir a desfiliação

determinada votação, aquele integrante do

de Paulo Octávio. Ele assumiu o governo e

partido que votasse contrariamente à indica-

quem de imediato começou batendo foi o

ção da legenda seria punido por infidelidade

DEM. O partido quis ser a palmatória do

partidária. Aí, sim, perderia o mandato.

mundo. Eu disse na executiva: “vocês acham que vão apagar a mancha que ficou tirando

Como o senhor está articulando a campanha

alguém do partido? Vamos aos mesaleiros do

eleitoral do DEM no Entorno para 2012?

Mas não houve uma chantagem de Arruda contra

PT: foram é promovidos!”. E, neste caso, eles

Nós temos conversado muito com o

as lideranças nacionais do DEM? Teria outras

estão denunciados. No caso do mensalão do

deputado Ronaldo Caiado, que é o res-

pessoas do partido envolvidas?

DEM de Brasília, não há ninguém denun-

ponsável do DEM pela região, e com o

Eu também ouvi essa conversa, mas nada

ciado. Teve gente que ficou presa e sequer

governador Marconi Perilo, do PSDB. A

ficou comprovado. Eu acredito que, pelo que

foi ouvida. (O ex-deputado distrital) Geraldo

minha opinião é que, enquanto eu não

fizeram com o governador Arruda na época,

Naves é um deles. Aconteceu alguma coisa

resolver os problemas do DF, eu não

que não sabemos dizer o que foi. As imagens

tenho o direito de ir para o Entorno

são devastadoras. Mas são de 2006. Até hoje,

tentar resolver os problemas dos outros.

andando no Congresso, vejo que muita

Se pudermos ajudar de uma maneira não muito atuante, até pode ser. Mas não vejo como ajudarmos porque nem recursos temos. Elegemos um novo diretório permanente, estamos renovando o partido. Aqueles nomes antigos não foram retirados do partido, mas constam agora apenas como filiados. Foi exatamente por causa dessas figuras notórias que o partido ficou patinando e não fez absolutamente nada. Nós poderíamos ter tido o governador tampão. Meu nome foi

A saída de Eliana Pedrosa para o PSD seria para que lá na frente não tenhamos que disputar no mesmo partido uma vaga majoritária.

escolhido. Não tenho dúvidas que se eu

gente acredita que Arruda pegou aquele dinheiro quando era governador. O senhor é hoje um dos principais nomes do DEM no DF. Que outros nomes o partido teria para ter um bom desempenho nas próximas eleições? Eu tive, sozinho, meio milhão de votos. Sem dinheiro de bicheiro, de ONGs. Não tive apoio nem do candidato a governador (Joaquim Roriz). Acredito que isso quer dizer muita coisa. Me orgulho muito dos meus 511 mil votos. Só Deus sabe a luta que foi. Ninguém é candidato três anos antes.

tivesse sido escolhido o governador tam-

O povo tem memória curta. Você fecha

pão, hoje seria o governador do DF. Em

um acordo hoje e quando chega a eleição

um segundo momento, quis participar

se ele tivesse alguma prova, teria colocado

alguém faz uma proposta melhor. O DEM

da eleição como candidato a governador.

isso para fora. Agora, não posso também

será um partido muito procurado para

Mais uma vez, o meu partido não deixou.

falar pelo Arruda.

disputar as eleições em 2014. Primeiro, por

O DEM, nacionalmente, se acovardou em

ser um partido com tempo de televisão,

não querer discutir o assunto mensalão.

Paulo Octávio não faz mais parte da executiva do

que não vai perder o fundo partidário. Eu

Não temos que ter vergonha. A vergonha

partido, mas teria interesse em voltar a disputar

também não acredito que vai continuar esse

é de quem praticou o ato. O partido não

uma eleição, assim como Arruda?

problema de ter um candidato a deputado

rouba, quem rouba são os integrantes.

Arruda, no DEM, não. Contra Paulo Octávio,

derrotado com 20 mil votos e outro eleito

No momento em que o integrante é

não ficou provado absolutamente nada. Ele

com 5 mil votos. Se querem falar coisas

expulso do partido, porque a culpa tem

é filiado ao partido. Se quiser ser candidato,

sérias, vamos falar em reforma política

que ficar com a legenda?

a decisão é dele. Prefiro que ele seja candi-

que a população entenda. Não podemos

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ter um deputado com 16 mil votos fora e

estou indiciado? Por que não houve man-

uma deputada com 7 mil votos dentro. E

dado de prisão e nem de busca para mim?

não é só um caso, são vários. Isso tem que

Não havia nem razão para propina, porque

acabar. A pessoa pública talvez tenha medo

a inclusão dessa cooperativa no sistema de

de enfrentar o problema do DEM. Eu não

transportes foi por força de decisão judicial.

tenho. Muita gente me pergunta por que

Por que pagar propina, se o ato praticado

eu fiquei ao lado do Arruda até o último

pela secretaria era por ordem da Justiça? A

momento. Eu já respondi isso para ele

mídia entrou no jogo do governo, de criar

mesmo: porque ninguém ficou! Pessoas que

factóides para desviar o foco dos problemas

eram secretárias, que estavam ao lado dele

do Agnelo. E acabou me expondo a essa

e ganharam muito dinheiro fazendo obras,

acusação ridícula e que espero que pare por

abandonaram o cara. E eu sempre digo que

aqui. A vulnerabilidade do homem público é

pessoas que abandonam o barco quando

ções da Operação Regin, também da Polícia Civil

tão grande, que imagine se cada dono de van

afundam são ratos. E eu não sou rato.

do DF. Isso dificulta o senhor se apresentar como

resolvesse dizer que deu grana para alguém

uma alternativa ao eleitor de Brasília?

porque eu mandei pedir. Isso é ridículo!

O senhor acredita que as denúncias de João

Essa investigação não tem nada a ver comi-

Dias Ferreira podem comprometer a atuação do

go! Peguem os depoimentos dos cooperados

Entre as acusações à atual gestão, está a de

governo Agnelo? O PSOL, por exemplo, defen-

e vocês verão que eles sequer falam no meu

ser uma continuidade do governo Arruda.

deu o afastamento do governador e do ministro

Afinal, grande parte dos aliados são os mes-

do Esporte enquanto durarem as investigações

mos. Então não seria uma contradição fazer

sobre o suposto esquema de corrupção no

oposição a Agnelo?

Ministério do Esporte. Os indícios de desvios de dinheiro por ONGs não são surpresa para ninguém. Mas a posição do governador Agnelo Queiroz é muito delicada, incomodada. A prova disso é que ele não consegue vir a público explicar absolutamente nada. Fala sem olhar para as câmeras, para os eleitores. É um governador envergonhado porque a qualquer momento pode ficar sem o mandato. Há uma briga de quadrilhas com o governador no meio.

Não tenho dúvidas que se eu tivesse sido escolhido o governador tampão, hoje seria o governador do DF.

Não vejo esse governo como uma continuação, de forma alguma. A única continuidade que poderia existir é via o vice-governador Tadeu Fillippeli e Arruda, que são amigos e continuam conversando. Mas não tem nada a ver. As ações de governo de Arruda não tem nem comparação. Foram todas elas feitas para beneficiar a população. Esse governo agora, de uma incompetência nunca vista na história do Brasil e do Distrito Federal, não conseguiu sequer concluir as

O desenrolar dos fatos será desastroso para

obras que foram deixadas. E são momentos

Brasília. Não tenho dúvida de que Agnelo

distintos. Como presidente do partido,

tem culpa no cartório. É um assunto delicadíssimo e isso será levado adiante.

não tenho nenhum constrangimento em nome. O tempo inteiro o delegado insiste

discutir a questão do mensalão. O DEM

em falar o meu nome e eles afirmam que

tomou todas as providências que deveria

O inquérito da Operação Shaolin está tramitando

nunca falaram ou estiveram comigo, que esse

tomar. Desafio qualquer partido a comparar

no Superior Tribunal de Justiça (STJ). A investi-

assunto de propina nada tem a ver comigo

a atitude que o DEM tomou na questão das

gação da Polícia Civil do DF desvendou, em 2008,

e Arruda. Agora, eles afirmam que foram

denúncias. O partido tinha o governador, o

o suposto esquema de lavagem de dinheiro com

procurados pelo Zé Geraldo (José Geraldo

vice-governador, um senador, três deputados

recursos do Ministério do Esporte. O assunto foi

de Melo, ex-assessor de Arruda preso pela

federais, o presidente da Câmara Legislativa

explorado durante a campanha eleitoral contra

operação da Polícia Civil), e que este falou

e três deputados distritais. Ou seja, era o

Agnelo, sem sucesso. Por outro lado, o senhor foi

em meu nome e em nome do Arruda. Como

partido mais forte no Brasil, em relação aos

recentemente acusado de receber propina de uma

eu ou qualquer um poderia impedir que

estados. O DEM se dispôs a perder tudo isso.

cooperativa de micro-ônibus quando foi secretário

alguém usasse meu nome para se locupletar?

E ainda vem a mídia dizer que é mensalão do

de Transportes, no governo Arruda, em investiga-

E como posso estar envolvido, se nem sequer

DEM... mas quem está recebendo dinheiro é

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Eu sou favorável ao financiamento público

Não é discurso de perdedor. Sou favorável

de campanha, desde que o Tribunal Supe-

ao financiamento público de campanha

rior Eleitoral e o Tribuna Regional Eleitoral

para que as regras do jogo sejam definidas

desenvolvam instrumentos de fiscalização.

e ganhe aquele que tenha as melhores ideias

É muito desigual você participar de uma

para beneficiar a sociedade. Me desculpem

campanha sem dinheiro. Eu me recordo

a falta de modéstia. Mas na propaganda dos

da minha primeira campanha, quando eu

quatro candidatos a senador, tinha alguma

era major da Polícia Militar. Ninguém me

proposta para a segurança pública melhor do

conhecia, eu até brincava: “Praga por praga,

que a minha? Não tinha! E está aí a violência

vote no Fraga!”. Eu competi com Paulo Oc-

aumentado. Eu propus o fim da menoridade penal, porque é uma vergonha nacional. Esses moleques estão aí matando nas ruas

do PMN. A outra que colocou dinheiro na bolsa era do PMDB. Quem era do DEM não continua no partido e continuam falando em mensalão do DEM. É a força da verba publicitária que o governo federal aplica na imprensa. Um governador que tem os seus bens bloqueados pela Justiça, é acusado de receber propina quando era diretor da Anvisa, tem uma testemunha dizendo que levava dinheiro para ele e depositava na conta e ninguém faz nada! Eu não comparo de maneira alguma o governo do DEM com o governo Agnelo. Mas não há como negar que as denúncias

Esse governo, de uma incompetência nunca vista na história do Brasil e do DF, não conseguiu sequer concluir as obras que foram deixadas.

porque sabem que vão ficar impunes. Eu queria proibir o saidão, porque a cada saidão a violência aumenta e o número de pessoas que retorna é pequeno. Queria exigir trabalho obrigatório dos presos. Vem um teórico e diz que é inconstitucional? Inconstitucional uma ova! Inconstitucional é ficar lá dentro, sem ter o que fazer, aprendendo a roubar para sair pior do que entrou. O trabalho ressocializa, reintegra, dignifica o homem. Muita gente vai para o crime porque não tem uma profissão. O senhor criou uma polêmica quando era secretário de Transportes e propôs o fim do Eixão do

contra o governo Arruda foram, até agora,

Lazer aos domingos. Mudou de ideia?

mais contundentes.

Eu penso que enquanto você tem 100 pesso-

O cidadão José Roberto Arruda, que era

távio, Osório Adriano... empresários muito

as andando no Eixão, você tem 50 mil carros

governador, foi flagrado recebendo dinhei-

bem-sucedidos. Eu gastei R$ 18 mil na cam-

passando na Epia. Seria mais conveniente

ro na pré-campanha. Eu digo que 98% dos

panha para deputado federal e consegui, na

estipular um horário. Você não vai andar no

políticos brasileiros praticam aquele ato.

época, 22 mil votos. Na segunda campanha,

sol de meio-dia ou uma hora da tarde.

Lula praticou, foi à imprensa e disse que

gastei R$ 84 mil, fiz 30 mil votos. Na terciera,

era caixa dois. Ficou por isso mesmo. Se o

gastei R$ 427 mil porque tive que ajudar

A Plano Brasília agradece a participação do se-

Arruda tivesse vindo à público, em 2006,

candidatos a deputado distrital. E na campa-

nhor e abre espaço para as considerações finais.

quando recebeu o dinheiro, e afirmado que

nha para senador, que todo muito diz que é

Eu gostaria de agradecer essa oportunidade.

era caixa dois, ele poderia sangrar por 30

de R$ 6 milhões, gastei oitocentos e quarenta

Eu faço política de uma maneira diferente.

dias, mas ficaria no governo. Arruda caiu

e poucos mil reais. E tive meio milhão de

Odeio aquele político chato, que não conse-

por tentar subornar um jornalista e obstruir

votos. Agora, vá ver quanto gastaram (Maria

gue dizer o que a população quer ouvir. Eu

a ação da Justiça.

de Lourdes) Abadia, Cristovam (Buarque),

digo. Sei que às vezes sou controverso, um

(Rodrigo) Rollemberg.

cara polêmico. Mas prefiro ser polêmico a

A reforma política em curso prevê financiamento

omisso, a incoerente, que é o que tenho visto

público de campanha. O senhor acredita que este

O senhor acredita que teria mais chances com o

nos políticos de Brasília. Por isso, mais uma

é o caminho? E qual é a posição do DEM?

financiamento público de campanha?

vez, agradeço a oportunidade. Obrigado.

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Brasília e Coisa & Tal

Romário Schettino

O ministro Caiu Jose Cruz/Abr

Orlando Silva, o ministro do Esporte, tentou sobreviver à onda e ataques da imprensa e de um erto policial militar chamado João Dias Ferreira. No inferno astral entrou também o seu partido, o PCdoB. As provas contra o ministro ainda não apareceram. João Dias recuou neste quesito, mas o estrago político foi arrasador. Por tabela, vai junto para o Supremo Tribunal Federal o governador Agnelo Queiroz, do DF. O jornalista investigativo, Caco Barcelos, vê com cautela o trabalho dos jornalistas brasileiros. Para ele, o jornalismo declaratório, imediatista, de internet, tem que ser repensado no Brasil sob pena de continuarmos atirando no que não se vê e acertando apenas no vazio.

Elza Fiúza/Abr PLANO BRASÍLIA

O GDF vai ajudar a Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj) a concluir a construção do Monumento à Liberdade de Imprensa. A obra paralisada fica ao lado do Memorial JK, no Eixo Monumental. O prédio abrigará um Centro de Imprensa, que será administrado pela Fenaj mediante convênio. Tudo isso para antes da Copa de 2014.

Conselho de Comunicação Durante audiência pública na Câmara Legislativa, o deputado Cláudio Abrantes (PPS) se comprometeu a enviar uma indicação do governador Agnelo Queiroz para que seja formada uma Comissão Especial para estudar a proposta de instalação de um Conselho Comunicação Social do DF, conforme prevê a Lei Orgânica em seu artigo 261. A Secretária de Comunicação, Samantha Salum, não só apoiou a idéia como elogiou a iniciativa. A ver.

Bandeira branca – II

Bandeira branca – I Depois de muitas refregas, o senador Cristovam Buarque (PDT) decidiu hastear a bandeira branca para Agnelo Queiroz. O senador foi ao gabinete do governador no Palácio Buriti para fumar o cachimbo da paz. “Deixamos claro que estamos afastados do governo, mas não do diálogo”, fez questão de ressaltar o senador ao site “Brasília247”. Acompanhado do presidente do PDT-DF, Georges Michel, Cristovam conversou durante uma hora e meia e levou uma longa carta explicativa com 32 propostas agrupadas em dez itens para todas as áreas do governo.

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Liberdade de Imprensa

Agnelo, que não é bobo nem nada, ouviu tudo atentamente, explicou por que fez isso e aquilo e comprometeu-se a estudar todas as sugestões, críticas e reclamações do PDT. A principal reivindicação é a consolidação do Conselho Político formado pelos presidentes dos partidos da base aliada para que a nomeação de secretários não seja uma surpresa a cada dia. O PDT se ressente da forma como foi escolhido o atual secretário de Educação, Denilson Bento. Isso ocorreu há mais de dois meses, até agora não se falou mais no assunto.

Bandeira branca – III Dois assuntos caros a Cristovam ocuparam espaço generoso na carta do PDT: educação e cultura. Para uma “revolução na educação”, propõe: implantação do que chama de Escola Básica Ideal em pelo menos quatro cidades, com tempo integral, grade escolar com ciência, artes, línguas e esportes; retorno pleno da Escola de Aperfeiçoamento dos Professores (EAP); instituição do 14º salário (seria viável?) para os professores da rede pública como incentivo à melhoria da qualidade da educação, além da volta de projetos como Poupança Escola, Escola em Casa, Projeto Saber, Bolsa Alfa. O partido de Cristovam listou também três ações na promoção da cultura: 1) Criação de Vilas Culturais com cinema, teatro, biblioteca, corais, orquestras; 2) Volta da Mala do Livro (que continua existindo) e Temporadas Populares e Arte nas Escolas; e 3) Funcionamento das Vilas Olímpicas. Em geral, as idéias são boas, o desafio é priorizar e ter recursos para executar todas elas. A conferir.


Comunicando

Antonio Cruz/Abr

Paulo Freire no DF Com a presença de Nita Freire, viúva de Paulo Freire, a Câmara Legislativa comemorou os 90 anos do mais famoso e importante educador brasileiro. Durante a cerimônia, Paulo Freire recebeu o título póstumo de Patrono da Educação do Distrito Federal, o primeiro de sua história. Nesse mesmo dia foi relançado o livro “Comunicação e Cultura: as idéias de Paulo Freire”, de Venicio A. de Lima, uma co-edição da Editora da UnB e da Fundação Perseu Abramo. No dia seguinte, foi realizado o I Encontro Paulo Freire no DF, cujos anais serão publicados em breve. Pelo menos é o que se espera.

Parque Olhos D´Água A ameaça às nascentes que alimentam a Lagoa do Sapo no Parque Olhos D´Água, na Asa Norte, continua movimentando os ambientalistas. Vários abraços ao parque já foram feitos. A notícia de que as nascentes não existem ainda carece de comprovação, mas mesmo que elas sejam intermitentes nada justifica a construção de um shopping no lugar. O governador Agnelo Queiroz ainda não deu a palavra final, mas há muita gente atenta ao assunto. Abra os olhos, Agnelo!

Missão Cruls no Parque Uma réplica do Observatório SW da Missão Cruls (foto) foi exposta no Estacionamento 11 do Parque da Cidade. Trata-se de informações e fotografias dos cientistas e técnicos que fizeram parte da Missão

Cruls encarregada, em 1892, de demarcar o quadrilátero da futura capital do Brasil no Centro-Oeste. Esse trabalho, sobre a pré-história de Brasília, faz parte de um grande projeto realizado pelo Instituto de Comunicação Animatógrafo, comandado pelo cineasta Pedro Jorge, e que recebeu patrocínio do Fundo de Apoio à Cultura da Secretaria de Cultura do DF. A réplica será instalada definitivamente na Arie Cruls, no Setor Noroeste, sede do Centro Cultural de Ciências da Natureza Luiz Cruls.

JMarconi

Exemplo de Cristina A presidenta da Argentina, Cristina Kirchner, tem o que ensinar a Dilma Rousseff no quesito campanha eleitoral. Com grande parte da grande mídia contra, a viúva de Néstor Kirchner foi reeleita com 54% dos votos no primeiro turno. Isso não é pouca coisa. Antes de chegar a hora, Dilma pode pedir uma consultoria para a “hermana”.

Reforma política O movimento contra a corrupção no Brasil deveria focar sua reivindicação na necessária e imprescindível reforma política. O atual sistema eleitoral favorece a corrupção. Dessa forma, até os corruptos são contra a corrupção. Uma nova legislação que contemple o financiamento público de campanha seria uma maneira de impedir o caixa 2 e de barrar os contratos superfaturados que sangram os cofres públicos. O sistema eleitoral como está é alimento para a corrupção. Chega de hipocrisia!

Brasília, cidade do transporte egoísta O Dia Mundial Sem Carro não pôde ser comemorado em Brasília. Infelizmente a nossa cidade está na contramão da tendência mundial de estimular o transporte coletivo e o transporte alternativo não poluente, como a bicicleta. Os pedestres, então, não têm vez: escadas substituem calçadas em diversos comércios locais (sobretudo na Asa Norte); não foram construídos passeios em vias de ligação entre quadras residenciais – as pessoas são obrigadas a passar por trilhas escuras, empoeiradas ou enlameadas, conforme o tempo. Será que vamos ter de assistir a mais atropelamentos para o GDF agir? E-mail: romario@abordo.com.br

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Panorama Político

tarcísio holanda

O conflito Dilma X Judiciário

“Tenho a honra de solicitar a Vossa Excelência que informe a esta Corte se será, ou não, encaminhada, por essa Presidência, mensagem modificativa à de no 344/2011 [Orçamento de 2012] para incorporar as despesas previstas pelos órgãos do Poder Judiciário da União” – reclamou o presidente do STF, Cezar Peluso, em ofício encaminhado à presidente Dilma Rousseff, sobre a necessidade de o poder Executivo reclamar recursos específicos (R$ 7,7 bilhões) para garantir o aumento de vencimentos no Judiciário.

U

m ofício enviado á presidente Dilma Rousseff pelo presidente do Supremo Tribunal Federal, Cezar Peluso, reacendeu o confronto entre o judiciário e o Palácio do Planalto. Na mensagem, Peluzo solicita informações à presidente sobre a inclusão no Orçamento de 2012 da dotação, destinada a cobrir o aumento dos ministros e dos servidores do Judiciário, cujo custo foi estimado em R$ 7,7 bilhões. Aqueles recursos foram previstos pelo Supremo Tribunal Federal na sua previsão orçamentária, mas foram excluídos na proposta que Dilma enviou ao Congresso Nacional. O ministro Peluzo, como se recorda, protestou em público pela exclusão, chamando o corte de “equívoco”. E reclamou medidas para reconstituir a previsão orçamentária tal como fora prevista pelo Supremo Tribunal Federal. Dilma recuou, enviando ao Congresso uma mensagem na qual, embora critique a despesa exigida pelos ministros do STF, já incluíra a cifra tal como estava estimada na mensagem original daquela corte. No mesmo dia, ao falar para a imprensa, Peluzo se manifestara satisfeito, chamando o confronto de “página virada”. Mas o conflito voltou quando a ministra do Planejamento, Miriam Belchior, ao participar de uma audiência pública no Senado, anunciou, com todas as letras, que o governo não cogita de incluir no Orçamento os recursos que cobririam o aumento do Poder Judiciário.

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A crise mundial e o aumento do STF A ministra do Planejamento disse aos senadores (dia 14/09) que, quando a programação orçamentária começara a ser discutida, no primeiro semestre, a crise na economia mundial ainda não se mostrara em toda a sua grave dimensão e profundidade. Agora, diante da convicção de que o Brasil está sofrendo os reflexos da crise que atinge a economia internacional, o governo preferia não comprometer os R$ 7,7 bilhões exigidos pelo reajuste do Judiciário. Peluzo viu as declarações da ministra Miriam Belchior como uma quebra de compromisso, enviando o ofício a Dilma em que exige providências. Passou a reclamar uma definição do Palácio do Planalto sobre se respeitaria ou não o aumento do Judiciário. Os ministros do STF consideram inaceitáveis as declarações de Miriam Belchior e por isso reclamaram uma definição de Dilma, lembrando que o Judiciário dispõe de autonomia para tratar de sua política de pessoal.

Ampliação do Bolsa-Família A ministra do Desenvolvimento Social, Tereza Campello, anunciou nesta última segunda-feira a ampliação do Bolsa-Família. Deverá subir de três para cinco o número de filhos que recebem o benefício em cada uma das 12 milhões de famílias inscritas no programa. Cada filho continuará recebendo R$ 32,00. Não há

informação a respeito da soma em dinheiro que será acrescentada ao Orçamento da União. A novidade é o início da ação do governo de Dilma em dar cumprimento a uma das suas mais importantes promessas de campanha: a erradicação da “extrema pobreza”. Quando anuncia mudança substantiva no programa Bolsa-Família, o governo se esqueceu de citar, deliberadamente, parece, o compromisso de erradicar o analfabetismo do país.

Reduzir, não erradicar analfabetismo

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Fala agora, em reduzir o analfabetismo, não em erradicá-lo, como prometera Dilma durante a campanha eleitoral. De uma população de quase 200 milhões de habitantes, o país tem, ainda, 14 milhões de analfabetos. São brasileiros que não sabem escrever um mero bilhete. O ministro da Educação Fernando Haddad, já reconhece que acabar com o analfabetismo é um desafio que só poderá ser cumprido em 2020. “Tarefa árdua” – confessa o ministro. Haddad defendeu a presidente Dilma Rousseff, dizendo não se lembrar de que ela tenha prometido acabar o analfabetismo. O ministro da Educação, que se mantém no governo desde Lula, não tem interesse em se lembrar da promessa de Dilma para não colocar em risco o cargo que ainda detém. Erradicar essa parcela da população que continua incapaz de escrever um bilhete é uma tarefa que exige uma


grande massa de investimentos públicos, como é óbvio. Uma coisa é promessa de campanha. Outra bem diferente é a realização prática do que foi prometido. Quando o candidato vitorioso nas urnas assume o poder, costuma verificar que a disponibilidade de recursos está sempre muito aquém das necessidades do país. É forçoso reconhecer que Fernando Haddad tem sido um ministro da Educação bastante razoável, desde os tempos do governo do ex-presidente Lula. Mas ele não é capaz de obrar milagres, ainda que prometa fazer o milagre de elegê-lo prefeito de São Paulo. Lula, que vai lançar a candidatura de Haddad a prefeito, sempre posou de milagreiro.

OS LIMITES DA “COMISSÃO DA VERDADE” A Comissão da Verdade deve ser localizada fora de Brasília, em um Estado da Federação, como Minas Gerais, fora das pressões políticas da capital e da coreografia relativa de um ou outro lado dos interessados”- declara o ex-prefeito do Rio, César Maia, defendendo que a Comissão destinada a reparar os prejuízos causados a pessoas seja instalada fora da capital federal. O ex-prefeito faz uma análise crítica sobre a lei que cria a “Comissão da Verdade”, assim como as propostas de emendas que já surgiram. Sustenta que o “uso do artigo 8 das Disposições Constitucionais Transitórias para definir prazo (1946 a 1988) de investigações, cria uma instabilidade institucional desnecessária, pois o artigo 8 cita a Anistia. Se é para ir tão longe, por que não o Estado Novo: deveria ser o período focado tão curto quanto possível, como na Argentina. No caso do Brasil,

deveria ser do AI-5 (Ato Institucional nº 5, de 13 de dezembro de 1968), quando a tortura passa a ser rotina nas prisões políticas, até 31 de dezembro de 1975, onde os casos de eliminação da direção do PCB e da guerrilha do Araguaia estariam incluídos. A partir de 1976 entra-se no processo de redemocratização”. Cesar acha que a Comissão “não deveria ser profissional, assalariada, como OAB, CNBB, ABL (na Argentina, o escritor Ernesto Sabato presidiu a Comissão), ficando a Presidência da República com a indicação de nomes individuais para parte da Comissão. Os membros da Comissão não deveriam ter tido qualquer envolvimento direto ou indireto com os processos e casos a serem avaliados”. Sustenta o ex-prefeito que a Comissão “não deveria ser profissional, assalariada, como está previsto, mas apenas recebendo despesas de viagem/ deslocamento, estadia e diárias, como em outras “Comissões da Verdade” em outros países. Salário/cargo em Comissão só para quem vai dar apoio administrativo.

A tortura Diz que se deveria “incluir os casos de delação que tenham levado a morte ou tortura. Dever-se-ia citar explicitamente “tortura física”. A Comissão da Verdade deve ser localizada fora de Brasília, em um Estado da Federação como Minas Gerais, “fora das pressões políticas da capital e da coreografia relativa de um ou outro lado dos interessados.” Sugere, também, que se deva prever o sigilo de todas as informações e depoimentos “até que o pleno da Comissão confirme como fatos e feitos comprovados/documentados.” O caso dos desaparecidos, diz ainda, deve ser

qualificado: “definitivamente desaparecidos.” E os casos de patrocínio empresarial dos “esquadrões da morte” da repressão para torturas/assassinatos deveriam ser incluídos nas investigações. Obras podem ficar comprometidas O Procurador-Geral da República, Roberto Gurgel, ingressou com ação no Supremo Tribunal Federal em que pede uma declaração daquela corte pela inconstitucionalidade da lei que institui o RDC (Regime Diferenciado de Contratações). A chefe da Casa Civil, Gleisi Hoffmann, advertiu que, sem aquele instituto que apressa o sistema de licitações, as obras para a Copa de Futebol Mundial de 2014 poderão ser comprometidas. Sua maior preocupação reside nos projetos que melhoram a infraestrutura urbana, a cargo de Estados e Municípios e avisa que não existe um Plano B. A chefe da Casa Civil do palácio do Planalto logo avisa: “Primeiro, é importante dizer que a utilização do RDC é facultativa. Tanto que ela deve ser indicada expressamente no ato de licitação. Nós não trabalhamos com a hipótese de não contarmos com o regime diferenciado. Nós avaliamos que ele é constitucional e vamos fazer a nossa argüição jurídica. Obviamente que, se ele não puder ser utilizado, todas as obras vão ser licitadas pela Lei Geral de Licitações (8.666/1993). Também é importante dizer que o RDC não foi criado apenas para agilizar as obras. Claro, é um instrumento para deixar mais célere as contratações, mas nós avaliamos que ele reduz riscos quanto á qualidade e aos custos dos empreendimentos públicos. Ele eleva o acompanhamento do controle interno e externo.”


Política Brasília

Yuri Achcar

De Mané Garrincha a Elefante Branco

O deputado Izalci Lucas (PR) subiu à tribuna para ler todas as notícias que encontrou a respeito das denúncias de corrupção no Ministério do Esporte. Fez questão de cercar de suspeitas o governador Agnelo Queiroz, que comandou a pasta nos primeiros anos do governo Lula. Izalci abandonou a base aliada ainda no início do ano, quando o GDF cortou todos os programas implementados pelo deputado na Secretaria de Ciência e Tecnologia.

Divulgação

Muy amigos Os deputados federais Izalci Lucas (PR) e Luiz Pitiman (PMDB), que romperam com o governador, fizeram questão de usar o Plenário da Casa para lembrá-lo da proposta de reduzir a capacidade do Estádio Nacional de Brasília. Para Pitiman, a questão tem um gostinho a mais. O ex-secretário de Obras do governo Agnelo teve que deixar o cargo depois de trabalhar contra a transferência da administração do estádio para a Terracap, proposta defendida pelo Executivo e aprovada na Câmara Legislativa. “Nós temos condições ainda de reduzir o tamanho do estádio e trazê-lo para a realidade”, defendeu Pitiman.

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Clipping ambulante Divulgação

Brasília perdeu a abertura da Copa do Mundo de 2014 para São Paulo, se é que de fato chegou a participar de alguma disputa. Mas o governador Agnelo Queiroz voltou da Suíça, onde acompanhou o sorteio da Fifa, satisfeito com a abertura da Copa das Confederações, em 2013, o terceiro jogo da seleção brasileira na primeira fase da competição e a decisão do terceiro lugar, já que o Maracanã, no Rio de Janeiro, será o palco da finalíssima. É hora então de retomar a ideia da diminuição da capacidade do Estádio Nacional de Brasília, como defendeu Agnelo logo depois de eleito. Em vez de 75 mil pessoas, a capacidade máxima seria 42 mil lugares. De acordo com as contas do próprio governador, há quase um ano, o custo das obras seria reduzido de R$ 700 milhões para R$ 400 milhões. Ou seja, uma economia de R$ 300 milhões. Não é pouca coisa. Ainda mais levando em conta a tradição futebolística da capital da República, que deve manter o novo estádio às moscas.

Quatro horas de interrogatório

O delator do susposto esquema de corrupção que envolveria organizações não-governamentais (ONGs) e o Ministério do Esporte, João Dias Ferreira, prestou um depoimento de quatro horas na Superintendência da Polícia Federal. Ele afirmou ter entregue à PF 13 gravações com evidências de desvios de verba na pasta. Agnelo e Orlando Silva não estariam nos diálogos. Além disso, Dias teria repassado aos investigadores uma lista de 20 ONGs que estariam dispostas a confirmar as denúncias de fraude no repasse das verbas destinadas ao programa Segundo Tempo.

Pedido para investigar Orlando Silva e Agnelo está no Supremo O procurador-geral da República, Roberto Gurgel, pediu ao Supremo Tribunal Federal autorização para investigar as denúncias contra o ministro do Esporte, Orlando Silva, e o governador Agnelo Queiroz. Gurgel também solicitou ao STF o pedido ao Superior Tribunal de Justiça para enviar o inquérito da Operação Shaolin ao Supremo. João Dias foi um dos presos na operação, realizada pela Polícia Civil do DF para investigar irregularidades no programa Segundo Tempo. Gurgel incluiu o nome do governador no pedido porque Agnelo é citado no inquérito da investigação.


Oposição ouriçada

Desde que voltou da viagem à Europa, a impressão que se tem é que o governador não tem feito outra coisa a não ser explicar que não teria nada a ver com o suposto esquema de corrupção no Ministério do Esporte revelado pelo policial militar João Dias. Agnelo faz questão de destacar que não é mais ministro desde 2006, quando deixou o cargo para disputar uma vaga ao Senado. Orlando Silva, que assumiu a pasta e por lá ficou, tem insinuado que o esquema seria responsabilidade da gestão anterior. Na oposição, muita gente já enxerga uma possível Caixa de Pandora 2 no Distrito Federal.

Na Câmara Legislativa, a oposição acredita que pode conseguir emplacar a CPI do Segundo Tempo. Para a comissão parlamentar de inquérito ser criada, faltam apenas duas assinaturas. Um grande feito em um Legislativo conhecido por ter na oposição apenas três dos 24 parlamentares. Além do trio do PSD, Eliana Pedrosa, Celina Leão e Liliane Roriz, assinaram o requerimento Aylton Gomes (PR), que anunciou recentemente a saída da base aliada, e dois governistas: Rôney Nemer (PMDB) e Wellington Luiz (PSC). Para o líder do bloco PT-PRB na Casa, Chico Vigilante, a mobilização não faz sentido: o dinheiro é da União, então caberia à Câmara dos Deputados investigar as denúncias. Mas Celina Leão, autora do requerimento, alega que o Orçamento do DF destinou mais de R$ 500 mil em recursos ao programa, como contrapartida.

Menos, menos... Ainda não é possível comparar as denúncias atuais com o escândalo que derrubou o governo Arruda. É bom lembrar que o delator do suposto esquema de corrupção, o policial civil Durval Barbosa, era secretário de relações institucionais quando começou a colaborar com as investigações do Ministério Público. Documentou repasses com a gravação de vídeo e áudio. E, ainda assim, Arruda não caiu. Só foi abandonado de vez pelos aliados depois de ser preso pela Polícia Federal sob a acusação de tentar subornar uma testemunha do inquérito. Detalhe: o governo mudou, mas muitos aliados ainda são os mesmos.

Pedro Goulart

O efeito João Dias

Denúncia nos olhos dos outros é refresco Aos amigos, o direito à ampla defesa e a presunção da inocência. Aos adversários, o julgamento sumário e a execração pública. Desde que governo é governo e oposição é oposição as coisas funcionam assim. O problema é quando a discussão se apequena em nome das ideologias e em nada contribui para um país melhor. Pelo twitter, o senador Cristovam Buarque (PDT-DF) constatou: “Pior da corrupção é que está formando uma geração de militantes cínicos”. Ponto final.

Celina Leão

Reguffe a favor de investigação Da tribuna do Plenário, o deputado federal José Antônio Reguffe (PDT-DF) anunciou que, se houver, assina o pedido de criação de uma CPI para investigar as denúncias de corrupção no Ministério do Esporte. Também cobrou explicações de Agnelo Queiroz, sugerindo até uma entrevista coletiva do governador à imprensa. O parlamentar lembrou que não se deve generalizar as ONGs, mas é preciso separar as instituições sérias daquelas que existem apenas para captar dinheiro público . “O governo não deveria colocar dinheiro em ONGs, deveria aplicar políticas públicas diretamente, principalmente nas áreas de educação e saúde. É pra isso que o Estado existe”, argumentou o parlamentar.

PSD já tem segunda maior bancada Com a benção do pai, o ex-governador Joaquim Roriz, Liliane Roriz trocou o PRTB pelo PSD. O novo partido agora tem quatro parlamentares. Já tinham aderido à legenda Eliana Pedrosa, ex- DEM, Celina Leão, ex-PMN e Washington Mesquita, ex-PSDB. Só falta um deputado para o PSD se igualar ao PT, atualmente o dono da maior bancada da Câmara Legislativa. Com a mudança, Raad Massouh (DEM) se viu obrigado a abandonar o bloco que formava com o PMN e o PRTB e anunciou independência. O rearranjo oferece um cenário do que pode vir a ser a disputa eleitoral em 2014.

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Dinheiro

Por: Liana Alagemovits

Cooperativismo e desenvolvimento

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Instituições ganham, apoia defesa na Câmara Legistiva

ara discutir a questão do monopólio com relação ao crédito consignado no Distrito Federal, a Cooperativa de Crédito dos Servidores da Secretaria de Saúde do DF (CrediSaúde) promoveu recentemente um café da manhã em sua sede para receber dirigentes de outras instituições como o presidente do Sicoob Coominagri Executivo Luiz Lesse, o superintendente do Sicoob central DF Edivaldo Alves de Oliveira, o presidente da Organização das Cooperativas do Distrito Federal (OCDF) Roberto Marazi e a deputada Eliana Pedrosa DEM/DF. Na ocasião, a deputada distrital pode conhecer um pouco mais sobre os gargalos enfrentados pelas instituições do setor salientadas por representantes das cooperativas de Brasília que estiveram no evento. Após diversas explicações, Pedrosa se comprometeu a estudar com cuidado o assunto, assim como as reivindicações. “As cooperativas de crédito tem em mim uma aliada, porque sempre me preocupo com o direito do trabalhador.”, garantiu a parlamentar. Neste mesmo dia, o presidente da Credsaúde e vice-presidente da OCDF Benedito Faustino ressaltou a importância do engajamento de Eliana Pedrosa e do seu apoio ás cooperativas de crédito. “Precisamos que ela nos ajude a conscientizar os políticos sobre a importância das cooperativas de crédito para a população da cidade.”, frisou Faustino, que sempre foi um grande defensor do sistema cooperativista. Segundo ele, a Organização Internacional do Trabalho (OIT) declara que é preciso incentivar os países em desenvolvimento a adoção do sistema cooperativista que é considerado um dos fatores mais importantes para o desenvolvimento econômico, social e cultural de um país. Faustino lembrou ainda o relatório do Banco Mundial, que também reconhece que o sistema é eficaz. Então, não é por acaso que a estratégia de crescimento do Banco do Brasil está focada no crédito consignado principalmente, dos servidores públicos. “Como conseqüência, isso nos deixa em completa desvantagem.”, se queixou novamente Faustino ao lembrar que as cooperativas de crédito possuem um papel fundamental no desenvolvimento das comunidades em que atuam. “Estamos sempre próximos dos nossos associados porque conhecemos a realidade em que estamos inseridos. Podemos orientar melhor e estar focados

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na necessidade deles.”, garantiu o presidente da Credsaúde, que também reconhece que com a liberação do consignado as cooperativas deverão disputar terreno com outras instituições financeiras. “Para nós será ótimo porque o que oferecemos é uma grande parceria de crescimento. Nós somos nosso próprio cliente.”, anunciou com confiança. O presidente da OCDF Roberto Marazi salientou que a natureza das cooperativas será um marco importante. “Elas não visam o lucro.”, completou Marazi ao afirma que o custo dessas instituições financeiras poderá cair ainda mais com o uso do crédito consignado. Assim, diante de uma maior concorrência ou não, em um mercado onde metade dos 112 mil funcionários públicos locais tem crédito consignado, as cooperativas querem continuar comprando essa briga. O fato inevitável é que a liberação do consignado vai celebrar um direito de escolha. Sabe-se que a exclusividade não representa um mercado livre, onde o consumidor tem direito de escolha. Então, para os representantes das cooperativas, é natural que o servidor público seja beneficiado devido às opções oferecidas pelas instituições financeiras cooperativistas. “Nós não somos apenas um banco, representamos segmentos da sociedade.”, justificou Faustino lembrando ainda que essa questão foi um dos compromissos de campanha assumidos pelo governador Agnelo Queiroz. Esse caminho é tão promissor que levou o Banco do Brasil a quase um monopólio nacional. Mas agora os ventos da mudança estão soprando e o cerco está se apertando por causa da pressão da sociedade. Assim, para evitar que essa situação perdure r se torne insuportável, o Banco Central proibiu qualquer contrato ou convênio que contenha cláusulas de exclusividade sobre a oferta de empréstimos consignados (com desconto em folha) a servidores públicos. Espera-se que até 2012 não haverá mais exclusividade, o que deve ajudar a equilibrar o mercado de crédito e contribuir para a melhoria da saúde do sistema financeiro. “Temos que ter apoio político para que isso possa realmente acontecer no DF. Será importante para todas as cooperativas e conseqüentemente para todos os cooperados, que afinal são realmente parte dessas instituições”, finalizou Adriana Carneiro gerente da Credsaúde.


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Capa

Por: Michel Aleixo | Fotos: Rodrigo Montezuma

Novos Caras Pintadas A internet está unindo uma nova geração de brasilienses indignados e dispostos a ir às ruas contra a corrupção 24

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Roberto Fleury

ra 12 de outubro, Dia das Crianças e de Nossa dizer que a geração mais jovem tem consciência poSenhora Aparecida, padroeira do Brasil. lítica e está disposta a mudar o país: “Muitas pessoas Como acontece todos os anos, os tradicionais da minha idade são alienadas, não se importam com eventos católicos na Esplanada estavam lá. Brinque- o que ocorre na política. Mas tem também muita dos e recreação para as crianças também. Mas eis gente disposta a mudar as coisas. É só observar o que, pouco a pouco, um exército de pessoas com número de jovens nas marchas”. camisas pretas, trazendo no peito frases indignadas, começa a se misturar aos fiéis e as crianças. Eram PODER DO POVO os caras pintadas invadindo a Esplanada, centro do Ao longo de seus anos 51 anos como capital da poder. 20 mil pessoas de todas as idades, fantasias, república, Brasília guarda em seus registros moirreverência e indignação e, em comum, um grito de mentos ímpares de manifestações populares contra guerra entoado em uníssono: Chega de corrupção. situações políticas ou contra seus representantes. Esse foi o segundo ato do ano, promovido pelo Sejam as lutas a favor das Diretas Já, o impeach“Movimento Contra a Corrupção”. Uma ação po- ment do presidente Collor ou em ocasiões menos pular que, segundo seus organizadores, é formada conhecidas, como a ocupação da Unb pelo regime por um grupo de brasilienses que “cansados de militar. Ir às ruas é um traço de personalidade ouvir falar em corrupção e impunidade resolveu que atravessa várias gerações de brasilienses. Para se unir”. Um dos organizadores, o analista de o analista político e pesquisador da história da sistemas Giderclay Zeballos, 39 anos explica: “A cidade, o professor Luiz Humberto de Faria, essa princípio, o movimento era apenas uma manifes- característica salienta exatamente o tipo de cidade tação dentro de uma rede social da internet. No que Brasília representa. “O povo de Brasília nunca entanto, a quantidade de pessoas que aderiam à ficou calado. A maioria é funcionário público, e causa aumentava a cada dia. Então resolvemos sair como não seria bem quisto descer dos ministérios de terno e gravata para protestar, as pessoas geraldo virtual para ir às ruas”. A primeira investida real do grupo foi uma mar- mente sempre fizeram panelaços e marchas bem cha que contrastou com o desfile oficial do Dia da organizadas. Exatamente por trabalhar no poder, Independência, em 7 de setembro. O movimento todos são antenados para as questões políticas”, contabilizou mais de 30 mil participantes. Apitos, acredita o historiador. Ele ressalta ainda, que a máscaras, nariz de palhaço e caras pintadas. A massa pensante de Brasília sempre esteve diretaprincipal palavra de ordem protestava contra a mente ligada aos representantes do povo, “mas o deputada federal Jaqueline Roriz, que foi absolvida curioso é que as manifestações da capital raramente de denúncias de corrupção no plenário da Câmara tiveram cores partidárias”, completa. De toda forma, uma questão sempre vem à tona dos Deputados na mesma semana. “As pessoas que participaram da marcha são das mais variadas quando se fala em manifestações de qualquer tipo. classes e profissões. Temos estudantes, pessoas Marchas e protestos têm ou não poder para mudar mais velhas, advogados, empresários. Esse é um paradigmas políticos? O Cientista Político da UnB, movimento aberto ao povo e do povo somente”, David Fleisch acredita que sim. “Marchas demonstram antes de qualquer coisa, que a população comemora Giderclay. Entre a primeira marcha e a do dia 12 de ou- chegou ao seu limite em relação a algum problema. tubro, o Movimento evoluiu. Segundo o analista Políticos querem sempre aparecer e quanto mais de sistemas, a cúpula da organização conta com pelo menos 30 pessoas atuantes, que se O cientista David Fleisch acredita que reúnem esporadicamente para definir as prómarchas e protestos tem poder para ximas ações. Todas as decisões são tomadas mudar paradigmas políticos democraticamente através do voto. A única regra universal diz que qualquer manifestação de partidos políticos é expressamente proibida nas marchas. “Quando algum partidário abre uma bandeira ou coisa do tipo, pedimos educadamente para ele guardá-la. Quando se opõe, as vaias fazem a pessoa mudar de ideia”, garante o organizador. Para o estudante João Paulo Neves, participar dos protestos significa

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mídia gera um determinado protesto, mais pressionados se sentem os governantes”. David ainda elogia os esforços recentes do Movimento Contra a Corrupção, porque o grupo apresenta uma carta de demandas que pretendem reivindicar. Algo que nem sempre acontece. Entre as principais prioridades do movimento está a exigência do voto aberto em todas as votações do Congresso Nacional; a efetiva aplicação da Lei da Ficha Limpa; e a manutenção do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) como órgão competente para examinar processos e punir magistrados que desonrem a toga. Sobre esse assunto, o movimento tem como aliada, a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB). O presidente nacional da ordem, Ophir Cavalcante participou pessoalmente do evento do dia 12 de outubro. Sobre o palanque do carro de som da marcha, o jurista defendeu veementemente o Conselho. “Juiz que não tem nenhum tipo de problema ético, juiz que é sério e honesto não teme qualquer tipo de fiscalização e muito menos um CNJ forte”. Com mais de 30 anos dedicados a estudar a história da cidade, o professor Luiz Humberto de Faria chegou a temer que a abertura da democracia tivesse enfraquecido os movimentos de protesto. Mas hoje, faz elogios ao fato de que os novos caras pintadas sabem exatamente o que exigir dos parlamentares. “Em resumo, essas marchas querem mudar toda a conjuntura política. Esse modelo

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está vencido. Ninguém mais aceita votos secretos e ministros do tribunal de contas que são indicados por aqueles que eles devem fiscalizar”, enfatiza. O representante do Movimento Contra a Corrupção vai além. Giderclay acredita que esse é o momento chave não só para uma reforma política geral, como tem certeza que a internet e os novos meios de comunicação tem capacidade para reeducar a população para que tenha mais atenção na hora de escolher em quem votar. “Não incentivamos votos nulos ou brancos. Queremos ir além. É chegada a hora de acabar com o analfabetismo político. Todo brasileiro se acha técnico de futebol, mas não sabe votar certo. O que estamos tentando fazer é abrir a mente das pessoas para que saibam que existem maneiras de acabar com toda essa corrupção. Chega de esperar por promessas. Nós podemos fazer a diferença”.


Movimentos pelo mundo Ocupe Wall Street

Primavera Árabe

Nos Estados Unidos, o movimento “Occupy Wall Street” é um protesto pacífico contra a influência empresarial na sociedade e no governo dos Estados Unidos, e contra a impunidade dos responsáveis e beneficiários da crise financeira mundial. Ele começou em setembro, quando 150 pessoas ocuparam uma praça no bairro de Wall Street, Nova Iorque, considerado o centro financeiro mundial. Com a ajuda das redes sociais da internet, o movimento cresceu e se espalhou para outras cidades americanas. “Somos 99%” é o principal lema dos manifestantes. Se refere ao fato de que a maior parte das finanças e riquezas do país estão concentradas com apenas 1% da população.

Em 2011, uma série de revoltas se alastrou por países árabes e já derrubou três governos no norte da África: Tunísia (em janeiro), Egito (fevereiro) e recentemente a Líbia (agosto), com a captura e execução do ditador Muamar Kadafi. O uso de celulares, mensagens de texto e da internet, foi fundamental para organizar as concentrações em praças e coordenar os protestos. Isso porque em muitos desses países, os meios de comunicação oficiais são fiscalizados e censurados pelo governo. Razões demográficas, econômicas e geopolíticas contribuíram para as revoltas. Há uma grande proporção de jovens nesses países, muitos deles sem emprego ou grandes perspectivas.

Protestos no Chile Com início em maio deste ano, uma série de protestos estudantis no país sulamericano mobilizaram alunos de segundo grau, universitários, professores, pais e sindicatos, nas maiores manifestações em duas décadas de democracia chilena. As marchas chegaram a concetrar mais de 100 mil pessoas. Muitas dessas resultaram em confrontos ente manifestantes e policiais. Uma das líderes do movimento, a aluna do curso de geografia na Universidade do Chile, Camila Vallejo, esteve em Brasília em agosto, para participar da marcha organizada pela União Nacional dos Estudantes (UNE). A estudante chegou a se encontrar com parlamentares do Congresso Nacional e com a presidenta Dilma Rousseff. No Chile não existem universidades gratuitas. As instituições privadas podem operar mas, por lei, não podem ter fins lucrativos. A mensalidade cobrada tanto em universidades públicas quanto privadas chega a US$ 400 por mês.

PLANO BRASÍLIA 20 DE SETEMBRO PLANO BRASÍLIA DE 2011

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Cidadania

Por: Railde Nascimento | Fotos: Fábio Pinheiro

Inclusão social por meio da dança Bailarina profissional ensina jazz e dança contemporânea para jovens carentes de Samambaia

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Renata Nunes“Não fui eu quem quis ser professora, foram elas que cobraram isso de mim”

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ada madrinha é uma personagem comum em contos de fadas. É conhecida por ser a entidade mágica que aparece para realizar os sonhos dos protegidos. Se existe, não se sabe, mas o fato é que para algumas crianças carentes de Samambaia ela apareceu de sapatilha de ponta. Então, o que era apenas um sonho tornou-se realidade. O nome dela é Renata Nunes - bailarina profissional que há 11 anos realiza um trabalho de inclusão social por meio da dança – hoje chamado Cia de dança Artevida (nome provisório). A principal motivação que a faz conduzir o grupo até hoje é à força de vontade das alunas. “Eu vejo que a evolução delas não foi só na dança, mas na vida. Enquanto eu acreditar que ainda estou fazendo algo bom por elas, estarei aqui”, declara. A companhia é um grupo independente. Conta com a participação de 10 meninas, entre 15 e 23 anos, que encontraram na dança um refúgio para a dura realidade passada na infância. A maioria delas participava das oficinas de dança na Instituição Casa Azul, em Samambaia. “No meio delas eu encontrei diamantes brutos para serem lapidados”. Após um tempo, Renata propôs formarem um grupo fora da instituição e todas aceitaram se aventurar. Mas tudo isso foi bem

além de uma simples aventura. O grupo ainda permanece e se edifica recebendo inúmeros convites para apresentações em diversas ocasiões.

Legado passado de professora para aluna Simone Coelho, 23 anos, é integrante da companhia desde o início, em 2000. Segundo ela, o projeto foi uma revolução na sua vida. De bailarina, passou a ser professora e hoje dá aulas de dança no colégio Impacto, em Brazlandia. Durante o período de formação na companhia, ela teve várias dificuldades. “Se eu precisasse comprar uma sapatilha, tinha que dar um jeito. Já cheguei a juntar latinhas para vender e poder comprar uma”, mas, mesmo assim, não desistiu do que almejava conquistar. “Se eu não tivesse me vinculado à dança quem sabe eu não estaria no caminho errado?”, salienta. Ela chega a faturar 2 mil reais ao mês com este trabalho que define como hobby. Assim como Simone, a dedicação por parte das outras integrantes é intensa. Atualmente todas praticam ballet clássico durante a semana, e treinam juntas aos domingos pela manhã, na Universidade Católica de Brasília (UCB). Apesar de não possuir patrocínio, o projeto de Renata já rendeu frutos às jovens, sendo premiadas em Brasília, Minas Gerais, São Paulo e Goiás. Embora


seja um projeto social, Renata é exigente na disciplina e determinação das dançarinas.

Reconhecimento do trabalho Devido ao sucesso e a seriedade do trabalho da companhia, muitas bailarinas quiseram ingressar no grupo. Uma delas éi Ana Carolina Amorim Rabello, 19 anos, que participa há três anos. Mesmo sendo de família de classe média, ela resolveu participar do projeto por conhecer o trabalho que Renata havia desenvolvido. “No início, tive um pouco de dificuldade em relação à técnica do estilo da Dança Contemporânea. Como só tinha feito ballet e jazz, isso era novo pra mim”, explica. O incentivo também partiu da mãe – a funcionária pública Thelma Brant Rabello, 53 anos. Ela conta que conheceu a companhia há oito anos, em Águas Claras,

onde Renata havia montado um espetáculo. “Eu passei a admirá-la mais ainda pela competência, garra e determinação depois disso”, celebra. Porém, ela afirma que é triste ver um grupo tão bom não ter apoio financeiro. O grupo não possui qualquer tipo de patrocínio regular. Para viajar e participar dos campeonatos, elas promovem eventos, como festas juninas, e vendem rifas para pagar viagens e figurinos. O pré-requisito para participar da Companhia, segundo Renata, é ter interesse e um mínimo de conhecimento de dança. E finaliza: “Não fui eu quem quis ser professora, foram elas que cobraram isso de mim”. Serviço Cia Artevida ou Cia Renata Nunes (61) 9677.9107 (Para quem quiser ajudar)

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Gente

Por: Edson Crisóstomo

Inauguração do Espaço Cultural do Brasil 21

Fabiano Cunha Campos, Paulo Octávio e Dr. Arnaldo Cunha Campos inaugurando o Brasil 21 Cultural

Fabiano Cunha Campos com a esposa Luciana e os filhos Pedro e Juliana

Fabiano Cunha Campos, Ruy Faquini, Yara Chaves e Juca Chaves

Paulo Octávio, Fabiano Cunha Campos, Elifas Andreato e Dr. Arnaldo Cunha Campos

Política 511 anos depois... Agora são meia-dúzia de índios invadindo terras. No setor Noroeste, com apoio de ambientalistas e estudantes esses índios que não estavam em Brasília na década de 60 vem conquistando vitórias, espaço e impedindo a contrução do bairro. PS. Esses índios, ambientalistas e estudantes estão criando uma nova tribo: não tasca vi primeiro ponto com.

Seis por meia-dúzia O PTB - Partido Trabalhista Brasileiro, aliás sem votos, que faz belos acordos, fez mais um, colocou Dr. Charles que foi recusado pelos eleitores, “mas primeiro suplente do partido” no lugar dos poucos votos a mais de Cristiano Araújo, que por sua vez ganhou um novo mimo, virou secretário de ciência e tecnologia do Distrito Federal. O setor produtivo voltou a chorar.


Dani Guerra e Mauro Assis, da Funyl, com o anfitrião da noite, Flávio Resende

Andressa Pádua, Voriques Oliveira e Soraya Lacerda

Caixa Rápido Céu de brigadeiro Com a proximidade da alta estação, todo trade turístico resolveu dar uma azeitada nos preços. Isso vale para tudo, tudo mesmo! Passagem aérea, hotel, locação de veículos, city tour, guia e etc, etc... São preços de amargura.

Samanta Sallum e o Senador Cristovam Buarque

Liliane RorizRodrigues e Samanta Sallum Roberto Caldas Alvim e Ataíde

Geleia Geral Paralelo 16 - Mostra de Dança Contemporânea Depois de três edições em Goiânia, Brasília recebe pela primeira vez o Paralelo 16 Mostra de Dança Contemporânea. De 2 a 20 de novembro, a mescla entre oficinas e apresentações irá proporcionar qualificação profissional, troca de experiências, divulgação da dança contemporânea e o fortalecimento de seu público na capital. Os eventos acontecem no Teatro Funarte Plínio Marcos. Os ingressos custam entre 10 e 5 reais e estão sendo vendidos na própria bilheteria do teatro. Para os amantes do forró tradicional, Dominguinhos toca sucessos de seus 50 anos de carreira na Arena do Forró, no próximo dia onze, às 22 horas. Quem abre o show do mestre pernambucano é Flavinho Lima e Fúba de Taperoá. A arena do forró fica no Setor de Clubes Sul, trecho 3 - próximo à AABB-DF.



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Mercado de Trabalho

Por: Tatiane Barbosa | Fotos: Victor Hugo Bonfim | Ilustração: Eward Bonasser Jr.

Engenharia de

Produção Exatas e humanas em uma só profissão

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scolher uma profissão pode ser muito difícil diante da diversidade de atuações que hoje existem no mercado de trabalho. Por isso, começar com a formação em que tenha poucos graduados e com possibilidade de trabalhar em diferentes áreas é uma boa opção para quem está em dúvida quanto a que carreira profissional seguir. A profissão de engenheiro de produção se encaixa perfeitamente nesse perfil.

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Apesar de pouco conhecido em Brasília, o engenheiro de produção pode atuar em diversas áreas dentro da empresa, já que sua formação é ampla e inclui, desde as ciências exatas até a gestão de pessoas. “Quando estava em São Paulo, trabalhei em vários departamentos como marketing e logística”, conta Maria Cláudia Falcão, 37 anos, há 13 formada na área. Atualmente, ela trabalha num organismo internacional, a OIT.

Resumidamente, usar o raciocínio lógico e lidar com pessoas para obter bons resultados com o menor custo possível é o que faz um engenheiro de produção. Muita gente, erroneamente, acredita que esse profissional possa substituir o economista. “O engenheiro de produção é um profissional generalista e não especialista. A pessoa formada em economia vai saber melhor como funciona o mercado financeiro, por exemplo. O enge-


nheiro sabe como desenvolver e colocar em prática um processo que economize recursos e custos”, afirma Maria Cláudia. Por trabalhar com gestão, a prática profissional do engenheiro confunde-se com a atuação do administrador. “A grande diferença da engenharia de produção com administração é que o engenheiro de produção pode fazer qualquer coisa em engenharia, desde que estude aquilo que quer ter de atribuição depois de formado”, ressalta João Mello da Silva, coordenador do curso de Engenharia de Produção da Universidade de Brasília (UnB). Conforme ele, o engenheiro de produção pode trabalhar em qualquer das outras seis áreas de engenharia, contanto que tenha em sua grade, as matérias relacionadas à que se deseja especializar e conseguir atribuição junto ao Conselho Federal de Engenharia Arquitetura e Agronomia, o Confea. “Por exemplo, se uma pessoa for formada em engenharia de produção e tiver especialização ou doutorado em engenharia eletrônica, pode recorrer para obter a atribuição de um engenheiro eletrônico”, esclarece.

Segundo especialistas, para que se inicie a carreira como engenheiro de produção são necessárias aptidões como facilidade para raciocínio lógico, comunicação e liderança, já que qualquer uma das engenharias trabalha com sistemas compostos por elementos básicos como matéria, energia e informação. “A engenharia de produção trabalha com o quarto elemento que se chama ser humano”, aponta João Mello. Em Brasília, mesmo sem algumas especializações, o engenheiro de produção tem vasto campo de atuação na construção civil e empresas de manutenção. Outra opção de mercado são os concursos públicos nos quais podem trabalhar na área quantitativa, de simulação e de gestão. “Tudo o que tem a ver com gestão tem a ver com engenharia de produção. Por esta razão, ela é a mais ligada ao governo do que as outras engenharias”, garante o professor da UnB. O salário inicial de um profissional da área está em torno de R$ 4 mil. Além disso, segundo Maria Cláudia, dificilmente um engenheiro de produção fica sem trabalho. “Nenhum dos colegas que se formou comigo está desempregado”, conta.

Prof. João Mello garante que a área tem múltiplas atuações

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Tecnologia

Por: Tatiane Wellington Beltrão| IFoto: Fabio Pinheiro Por: Barbosa

Apnéia Obstrutiva

O sono que pode levar à morte

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ernando Pessoa já dizia que “tudo o que dorme é criança de novo”. Mas além do simples fato de dormir, é necessário que se durma muito bem. O sono serve para, entre tantas outras coisas, restaurar a energia gasta durante o dia e também para reforçar e consolidar a memória. Nos casos de dificuldades de concentração, dores de cabeça e cansaço, o aconselhável é parar para descansar, relaxar, pois tais sintomas podem estar relacionados à Síndrome da Apnéia Obstrutiva do Sono (Saos). Distúrbio psicológico que afeta o organismo e que pouca gente imagina que pode estar ligado a uma noite mal dormida e que pode também levar à morte. De acordo com Graziele Cristina da Silva Oliveira Prates, 31 anos, fisioterapeuta do sono, a síndrome é causada quando a pessoa para de respirar durante o sono. “A Saos é a interrupção da respiração por um período mínimo de dez segundos, em uma frequência maior que cinco episódios por hora, devido ao colabamento (abalar) das vias aéreas superiores durante o sono”, explica. As complicações da fragmentação do sono e a diminuição na oxigenação do sangue podem causar complicações cardiovasculares e levar a pessoa a óbito. “As consequências mais frequentes são o aumento da pressão arterial, alteração do ritmo do coração, infarto agudo do miocárdio, derrame cerebral e sonolência diurna excessiva”, aponta a fisioterapeuta. A Tecsono, especializada em venda e locação de aparelhos para o tratamento da doença, possui um diferencial no que se refere ao tratamento da síndrome. Além de oferecer equipamentos específicos como máscaras para CPAP e BIPAP e aparelhos de oxigênio domiciliares como o concentrador e o cilindro portátil de O2, a empresa disponibiliza profissionais qualificados em relação à polissonografia, orientação e suporte aos pacientes. Conforme especialistas da Tecnoso, os fatores principais causadores da Sindrome da Apnéia Obstrutiva do Sono são as deposições de gordura na região cer-

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vical, retração de maxila ou mandíbula, hipertrofia de amídalas ou adenóide e grande volume das secreções respiratórias. Entre os sintomas estão os roncos, paradas respiratórias e engasgos durante o sono, sonolência diurna, alterações de humor e diminuição da libido. Graziele Cristina alerta para que, em caso de evidenciamento de um dos sintomas ou suspeita da doença, o aconselhável é que se procure o médico para avaliação inicial. Caso seja confirmada a doença, o tratamento com um médico especialista em distúrbios do sono (pneumologista, otorrinolaringologista, neurologista, cardiologista, entre outros) é o mais recomendável. Conforme ela, o tratamento depende da gravidade da enfermidade. Se leve, o paciente será orientado a adotar medidas de higiene do sono, perder peso e avaliação das vias aéreas superiores. Para as formas moderada e grave, conforme a especialista, é usado um CPAP ou BIPAP, aparelho utilizado por meio de uma máscara, onde o fluxo de ar, sob uma pressão positiva, mantém as vias aéreas desobstruídas.

Higiene do sono Sete passos para uma boa noite de sono 1- Ritual do sono (tudo aquilo que fazemos quando nos preparamos para dormir - escovar os dentes, ir ao banheiro). 2- Horário regular para deitar e levantar (respeitar esses horários, favorece o bom funcionamento do relógio biológico). 3- Preparação do ambiente (escureça o ambiente, reduza o barulho e tente manter uma temperatura agradável). 4- Não comer na hora de ir para a cama (o ideal é aguardar cerca de uma hora depois da refeição). 5- Não ingerir bebidas alcóolicas antes de dormir e nem aquelas que favoreçam a insônia (o álcool interfere no relaxamento da musculatura da garganta) 6- Não fumar antes de dormir (a nicotina favorece a insônia) 7- Praticar esportes (pelo menos 4 horas antes de dormir).



Cotidiano

Por: Fernanda Azevedo | Ilustração: Raphaela Christina

Mudança de clima,

Sinônimo

degripe 38

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A seca finalmente acabou, mas deixou espaço para a umidade e os brasilienses ainda sofrem com problemas respiratórios

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universitária Alessandra Fonseca, 23 anos, não via a hora de começar as chuvas em Brasília. Todo agosto e setembro ela costuma passar mal, o nariz sangra, os olhos e garganta ficam irritados. Nessa época Alessandra sofre muito com alergias causadas pelo clima seco. “Esse ano tive uma crise alérgica com uma tosse seca de mais de duas semanas”, diz. Mas as coisas não melhoraram muito depois das chuvas. Com a mudança brusca de temperatura que é característica de Brasília, a universitária sofreu uma crise de amigdalite, (inflamação nas amígdalas que pode ser causada por diversos fatores, inclusive por bactérias). “Tive de ir ao hospital e tomar uma benzetacil”, conta. Hoje Alessandra está bem melhor, mas todo ano sofre muito com as

mudanças climáticas de Brasília. A universitária não sabe mais o que fazer, pensa muito em se mudar da cidade. Segundo o médico pneumologista do Hospital Universitário de Brasília (HUB), e professor de medicina da Universidade de Brasília (UNB), Ricardo Luiz de Melo Martins, quando chega a época das chuvas e consequentemente a umidade, há um crescimento das doenças alérgicas como rinite, sinusite e asma. Pode-se observar com mais freqüência também, infecções respiratórias como gripe e resfriados. Para evitar doenças de época, como a gripe, Martins aconselha as pessoas a terem hábitos saudáveis, como se alimentar corretamente, comer bastantes frutas, verduras e fazer exercícios. O médico recomenda também que as pessoas

façam uma limpeza nas residências nesse período. A casa também precisa de cuidados, para não atrair doenças. Providencias como consertar o telhado, limpar as calhas e revisar as instalações hidráulicas podem fazer muita diferença para a saúde dos moradores. “O excesso de umidade na casa propicia a presença de mofo nas paredes, que significa a existência de fungos: um microorganismo capaz de provocar doenças respiratórias alérgicas e infecciosas”, diz Martins. Martins aconselha as pessoas que já tem tendências alérgicas, ou estão em grupos de riscos como crianças e idosos a visitarem o médico periodicamente e adotarem cuidados preventivos. “A gripe pode provocar uma queda na imunidade da pessoa e o quadro clínico pode resultar em pneumonia”, afirma.

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Planos e Negócios

alex dias

Carmelinda Junqueira Especializada em criação de cenários personalizados para festas, a Carmelinda Junqueira está no mercado há quatro meses e traz um diferencial: esculturas gigantes feitas com balões. Seja em formato de personagens ou de cenários. Além disso, a empresa oferece na organização dos eventos brinquedos infláveis, lembrancinhas e tendas de chocolates com frutas. De acordo com a proprietária Renata Junqueira, as festas são personalizadas dando preferência ao gosto dos clientes. Para a ornamentação, Renata conta com uma equipe formada por 12 profissionais experientes em criação com balões. Eles retratam personagens de desenhos e ambientes temáticos como exemplo: florestas, o mundo da Disney e castelos voltados principalmente para eventos infantis sempre priorizando a qualidade dos serviços e proporcionando uma festa inesquecível.

Serviço Carmelinda Junqueira Cenários e Balões SHIS QL 02, Conjunto 05, Casa 14 - Lago Sul (61) 7811.1887 / 3522.1009 SLSW Qd. 101 bl. C lj. 4 - Sudoeste (61) 3344.5575

Ferragens Pinheiro Fundada em 1961, pelo empresário Getúlio Pinheiro de Brito, a Ferragens Pinheiro nasceu com o objetivo de comercializar ferro para a construção civil. A empresa de base familiar foi responsável por oferecer grande parte de materiais para a construção de Brasília. Com o passar dos anos, os serviços e materiais oferecidos foram se multiplicando. Atualmente, a empresa trabalha com um mix de mais de dois mil produtos comercializados e industrializados. Localizada em Taguatinga, traz com a nova gestão, moderna estrutura e serviços diferenciados. Neste mês, a empresa reinaugurou a unidade de Taguatinga, mostrando aos clientes a nova e moderna infraestrutura. Além disso, a empresária e diretora-executiva da Ferragens Pinheiro, Janine Brito, garante que, em breve, uma nova loja será inaugurada no SIA e uma indústria será aberta em Ceilândia. Na gestão da Ferragens Pinheiro desde 2010, Janine Brito, conta que a ideia de mudar partiu da necessidade de poder trazer atendimento com excelência aliado a um bom preço e produtos com entrega imediata. “Com o objetivo de dinamizar a empresa, estamos com esta proposta de modernidade. Adotamos uma melhor ambientação para dar um atendimento especial aos clientes; ampliamos a frota de caminhões a fim de agilizar a pronta entrega. Tudo fizemos para facilitar as demandas dos nossos consumidores”, revela.

Serviço Ferragens Pinheiro QI 11, Lotes 02/26 - Taguatinga (61) 3354.8181 www.ferragenspinheiro.com.br

Fisiotrauma Excellence Com uma metodologia e conceito inovador, a Fisiotrauma Excellence chegou a Brasília para fazer a diferença. Composta por uma equipe qualificada, a clínica oferece tratamentos convencionais, alternativos e busca sempre a satisfação de quem a procura. Genuinamente brasiliense, a empresa, criada em 2001 por um grupo de amigas e profissionais que tinham o mesmo objetivo em comum: levar qualidade de vida para quem deseja. Recentemente, a empresa inaugurou uma nova clínica na Asa Sul,

Serviço SEPS 705/905 Sul – Bl. B sls. 201 a 205 Centro Empresarial Asa Sul (61) 3345.6685

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SCLN 213 – Bl. A sub. 2 a 8 (61) 3032.1884

mais ampla e moderna, com objetivo de levar mais conforto e comodidade para os pacientes. Especializada em atender pessoas de todas as idades, principalmente os idosos, com a utilização de aparelhos de última geração e técnicas de saúde e bem-estar. Com atendimentos particulares e de convênios, a clínica facilita o acesso do paciente ao tratamento. A Fisiotrauma Excellence oferece, entre outros serviços, Fisioterapia, Reeducação Postural Global (RPG), Hidroterapia e Pilates.

CNC 2 – Lt. 13 – lj. 01 - Taguatinga Norte (61) 3562.7451


Suprema Kawasaki Os apaixonados por motos contam com mais uma nova opção de compras em Brasília. O Grupo Suprema Veículos, representante exclusivo da Kawasaki no Distrito Federal, inaugurou recentemente, sua segunda concessionária. Com um investimento inicial de, aproximadamente, R$ 2 milhões, a nova loja da marca está funcionando em Taguatinga Norte. Com uma área de 1.000 m² (loja e estacionamento), a Kawasaki Suprema de Taguatinga contacom show room, oficina especializada e loja de acessórios. Dentre os modelos oferecidos está a Kawasaki Ninja 250R, moto da linha popular da Kawasaki, que é o produto de entrada da marca. Com o estilo e o apelo das superesportivas Ninja (ZX-6R e ZX-10R), a moto possui motor de dois cilindros paralelos, de quatro tempos, com 250 cilindradas, potência de 33 cavalos a 11.000 RPM e câmbio de seis marchas. Há 20 anos no mercado, o Grupo Suprema

MIRANTE INCORPORAÇÕES A Mirante Incorporações atua com foco nos mercados Imobiliários e da construção civil, sendo uma das empresas mais estruturadas e admiradas do setor no Distrito Federal. Ao longo dos oito anos de sua criação, a empresa é responsável por empreendimentos que se tornaram destaque. O sucesso alcançado reflete um posicionamento que envolve criatividade, inovação, dedicação constante, eficiência e solidez. Hoje, com quatro diretores e mais de 400 colaboradores, as obras da Mirante Incorporações são reconhecidas pelo elevado nível de qualidade, priorização dos baixos custos, governança corporativa e preservação do meio ambiente.

trouxe, com exclusividade, as marcas Effa, Lifan e Kawasaki para o Distrito Federal.

Serviço Suprema Kawasaki SIA Trecho 4, 1.180 – Lj. 1 e 10 (61) 3361.0701 / 3361.0582 QND 4 – Lt. 1 (61) 3361.3000 www.supremakawasaki.com.br

VX Advogados e Associados O escritório Valter Xavier Advogados Associados é constituído pelo desembargador aposentado, presidente do Instituto dos Magistrados do Distrito Federal (IMAG-DF) e professor Valter Ferreira Xavier Filho. Atualmente, conta com advogados que atuam na Justiça comum e nos Tribunais Superiores, sob supervisão direta do titular. Valter Xavier presta pessoalmente serviços de consultoria, sendo procurado por advogados de todos os cantos do país para colaboração e parceria em causas de grande complexidade e expressão - especialmente nas áreas cível, empresarial, administrativo, criminal e de direito processual civil.

Em setembro, a empresa recebeu o Prêmio Master Imobiliário 2011, na categoria “Profissional Comercialização”, projeto imobiliário DF Century Plaza, realizado pelas Incorporadoras Brookfield e Mirante, com vendas pela MGarzon. Com os princípios de eficiência, credibilidade, transparência e de um trabalho comprometido, o projeto DF Century Plaza oferece diferenciais exclusivos, que vão além das expectativas dos consumidores. O empreendimento será construído com altíssimo padrão de qualidade e com um moderno processo construtivo, cujo objetivo é garantir a satisfação e conforto aos clientes.

Serviço Mirante Incorporações Av. Araucárias nº 885 Lojas 4 e 5 - Águas Claras (61) 3435.0364 www.miranteconstrucao.com.br

Serviço VX Advogados Associados SHS Qd.06 lt. A Ed. Brasil 21, bl. C sl. 813 - Asa Sul (61) 3202.2299

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Automóvel

Da Redação | Fotos: Divulgação

Fiat Freemont Segurança e conforto de primeira classe

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estinado a ocupar o topo de linha da marca Fiat, o Freemont chega ao Brasil como o primeiro modelo resultante da associação da Fiat com o grupo Chrysler. Seu nome, assim como o próprio modelo, evoca o sentido de liberdade, do prazer da vida ao ar livre e da possibilidade de enfrentar qualquer situação da vida cotidiana com muita sofisticação. Trata-se de um veículo projetado para atender às diferentes exigências dos consumidores que buscam um veículo espaçoso, cômodo, seguro, completo, gostoso de dirigir e versátil para o dia a dia ou para o tempo livre nos finais de semana. No Fiat Freemont você encontra todos os carros que você quer. O novo veículo, produzido em Toluca, no México, e recentemente lançado na Europa, combina flexibilidade e funcionalidade com um estilo diferente e original. Suas dimensões garantem excelente conforto e comodidade interna, além de grande versatilidade: o Fiat Freemont é o único a oferecer 7 lugares em sua categoria no Brasil. Todos os ocupantes têm o máximo de visibilidade externa. As três fileiras dos bancos estão posicionadas de forma a criar o efeito “anfiteatro”, ou seja, a segunda fileira está em posição mais elevada que a primeira e a terceira mais elevada que a segunda. O Freemont permite também mais de 30 diferentes configurações dos bancos. A terceira fileira tem bancos espaçosos, que são facilmente acessíveis graças ao excelente ângulo de 90° de abertura das portas traseiras e do sistema Easy Entry da segunda fileira dos bancos. A segunda fileira de bancos também conta com o inovador sistema child booster que, graças à elevação da parte central dos assentos, permite posicionar corretamente crianças entre 4 e 7,5 anos. O conforto a bordo está assegurado pela posição de dirigir mais elevada, pelos seus assentos ergonômicos, por numerosos espaços

porta-objetos (mais de 20 espaços), pelo amplo porta-malas dotado de duplo compartimento, e pela capacidade de transportar até 2.301 litros de bagagens. Este novo modelo da Fiat se destaca por ser um carro muito completo e mais, por oferecer equipamentos de alta tecnologia, como os de segurança, que conta, por exemplo, com a presença de até seis airbags, sistema antibloqueio de freios (ABS), programa Eletrônico de Estabilidade (ESP - Electronic Stability Program) e sistema anticapotamento (ERM - Electronic Roll Mitigation). Também são relevantes para a segurança a presença dos assentos para crianças, piloto automático e muitos outros equipamentos. O Fiat Freemont ainda possui um sistema inteligente de controle de reboque (TSC - Trailer Sway Control), que evita oscilações perigosas. O eficiente motor do Freemont é um 2.4 litros, DOHC, 16 válvulas, com comando de válvulas variável (Dual VVT). O modelo vem com câmbio automático de quatro marchas com opção de mudanças sequenciais. Por ser o carro topo de linha da marca e muito bem equipado, o Fiat Freemont chega ao mercado brasileiro com duas versões em sua gama: Emotion e Precision.

Central eletrônica de informações do veículo (EVIC)

Powertrain: moderno e eficiente

Bancos Easy entry

Design forte e elegante

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Mercado Imobiliário

Por: Fernanda Azevedo | Fotos: : Fabio Pinheiro

Triple A Q

Um novo conceito em prédios inteligentes

uando se houve falar em prédios inteligentes, logo vem à cabeça, imagens da alta tecnologia característica dos filmes de Hollywood, em que a casa te dá bom dia quando você chega e pergunta como você esta, quase como uma pessoa. Mas nem sempre um prédio inteligente aplica tecnologias como essas, que geralmente são caras e não tem uma utilidade funcional. Prédios considerados inteligentes são aqueles que visam a comodidade e praticidade da pessoa que vai ocupar o ambiente. Pensado nisso é que a empresa de construção civil, Area Realty, traz a Brasília um novo conceito de prédios empresariais: O “Triple A”. Modelo que une inteligência e sustentabilidade nos projetos de construção. Conforme a coordenadora de incorporação e projeto da Area Realty, a arquiteta Caroline Caribé, a empresa está construindo um novo complexo em Brasília, a ser localizado no Setor de Indústria Gráfico (SIG), dentro do padrão Triple A. Trata-se do Capital Financial Center. O complexo busca unir conforto, praticidade e inteligência em projetos de alto padrão. “Nós procuramos pensar em tudo, desde da parte de estacionamentos até a automação predial”. Conforme Caroline, o empreendimento promete surpreender o mercado imobiliário da cidade.

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Pensado nos mínimos detalhes, o projeto propõe mais facilidade no trajeto de pessoas, bem como áreas arborizadas de lazer para os passantes. “A idéia é proporcionar aos pedestres áreas de lazer e socialização aconchegantes e com visual atraente, o que não tem muito em Brasília”, afirma. O projeto também inovará nos quesitos economia e sustentabilidade. As próprias áreas de socialização, que funcionarão no complexo foram projetadas para aproveitar, ao máximo, a luz natural e a temperatura ambiente. O mesmo acontece no interior do prédio. As janelas de alta tecnologia têm um vidro próprio para absolver a luminosidade, sem deixar passar o calor do sol. Conforme Caroline, desde a preparação para o lançamento, a especulação sobre o projeto tem sido grande. “Mesmo antes de lançarmos o stand oficial, as pessoas tem nós procurado, principalmente investidores. Já fizemos muitas reservas”, garante. Apesar de o Capital Financial Center ser a pedra da coroa da Area Realty, a empresa tem outros projetos de destaque em Brasília. O “Hope” da coleção diamantes, a ser localizado no Noroeste, é outro projeto de ponta. Conforme Caroline, os apartamentos foram projetados de forma a aproveitar, ao máximo, os espaços e a luz natural nos ambientes. Os espaços também são prepa-


rados pensando no futuro, para quando o cliente for morar no imóvel. “Nós imaginamos aquele cliente que pensa em fazer uma modificação no local. Os espaços são adaptados para qualquer obra que o proprietário quiser fazer”, conta. E as facilidades vão desde uma fiação e tubulação de alto padrão que proporcionem maior mobilidade e menos custos na hora de modificar os ambientes, até a portas da varanda que podem ser removidas sem prejudicar o piso.

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Esporte

Por: Fernanda Azevedo | Fotos: Fabio Pinheiro

Pilates Um novo jeito de fazer fisioterapia

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Mais dinâmico e lúdico, o esporte pilates é uma forma inovadora de fisioterapia que está fazendo muito sucesso. Criado pelo alemão Joseph Pilates durante a primeira guerra mundial, o método, batizado de “contrologia” consiste em praticar exercícios que visam o equilíbrio, a boa forma e o bem estar. São exercícios criados a partir da ação da gravidade e de molas para criar resistência corporal. A técnica trabalha força, flexibilidade, concentração e respiração, associados aos exercícios. Joseph Pilates foi uma criança doente, tinha asma e febre reumática,

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A fisioterapeuta Vanessa de Moura Rodrigues

doenças que deixaram sequelas na fase adulta. Como forma de criar um método que o levasse a superar as sequelas da infância, Pilates criou os exercícios. Na fase adulta, como esportista, mergulhador e boxeador, ele usava o método também para se preparar e serecuperar das lutas. Durante a primeira guerra, Joseph serviu na enfermaria. Através de molas colocadas nas camas dos soldados feridos, ele pode verificar os efeitos positivos do método em outras pessoas, pois os soldados com molas nas camas tinham uma recuperação mais rápida. De acordo com a fisioterapeuta e educadora física, Vanessa de Moura Ro-


drigues, o pilates consiste em uma serie de exercícios que treinam os movimentos praticados rotineiramente e, claro, obedecem aos princípios da respiração, concentração e eficiência no movimento. “São movimentos mais complexos do que os de academia, são movimentos em diagonal e em espiral, imitando os movimentos do dia- a- dia”, esclarece. O pilates é uma forma mais divertida e lúdica de fazer fisioterapia. O praticante brinca com bola e com os outros equipamentos. Vanessa recomenda a atividade para quem tem problemas com a coluna e dores musculares. “Nós tivemos respostas excelentes com pessoas que tem problemas com a coluna, mas o pilates também teve bons efeitos com pacientes de fibromialgia”, afirma. Conforme a fisioterapeuta, os primeiros exercícios nos pacientes novos são feitos de forma a estabilizar a coluna, para depois trabalhar o problema que a pessoa tem com os exercícios. Para Vanessa, o pilates é uma forma de ensinar a pessoa a se mover melhor e melhorar problemas físicos anteriores. Segundo a fisioterapeuta, o pilates é indicado para pessoas de todas as idades e funções, até para crianças. E os adeptos são muitos, vai desde o atleta que tem problema com movimentos repetitivos até a dona de casa que não consegue mais estender roupa por causa de dores no ombro. Para a psicóloga Fernanda Braga, 26 anos, que já faz pilates a mais de um ano, a vida melhorou muito depois que começou a praticar o esporte. “Eu tenho escoliose e lordose, antes precisaFernanda Braga, psicóloga e prativa fazer fisioterapia, cante de pilates estou muito melhor agora”, comemora. Segundo Fernanda, hoje em dia a sua postura é bem melhor. Ela considera que tem mais consciência sobre o próprio corpo. A psicóloga também conseguiu perder aqueles quilinhos indesejáveis e ganhar massa muscular. E quando perguntamos se gosta de praticar os exercícios, ela garante que sim. “Eu nunca parei em nada, já fiz de tudo, o pilates é a primeira atividade em que tenho praticado por mais tempo, afirma.”

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Personagem

Por: Fernanda Azevedo | Fotos: Victor Hugo Bonfim

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Luiz

Amorim A

O homem que criou o açougue cultural

o passar pelas ruas de Brasília, você já deve ter observado as paradas de ônibus abarrotadas de livros. Curioso? Interessante para dizer o mínimo. O dono da ideia, desse engenho todo é o Luiz Amorim do açougue cultural. Tudo começou com uma ou duas paradas em que o seu Luiz colocava livros, depois a iniciativa se expandiu por toda Brasília. Para Amorim, começou como um desafio, uma provocação como ele mesmo diz: “Agora não tem mais desculpa para não ler”. Luiz Amorim chegou a Brasília vindo do nordeste, mas especificamente de Salvador, na Bahia. A história do seu Luiz não é muito diferente da história de muitos brasileiros, que vieram construir uma nova vida na capital. Chegou a Brasília em 1973, ainda pequeno, junto com uma fileira de seis irmãos. Fez diversos tipos de trabalho, desde vendedor de balas a engraxate. Até que na adolescência encontrou o açougue T- Bone, no qual trabalha até hoje, só que agora como dono. A história de Luiz poderia ter parado por ai, mas não parou nem se resumiu a uma vida simples, por que de simples ele não tem nada. Sempre inquieto, Luiz que não era alfabetizado até os 16

anos, teimou que queria aprender a ler. A vontade era tanta que depois que aprendeu não parou mais. Mesmo trabalhando no açougue, devorava os livros, principalmente os de filosofia, seus preferidos. Quando mais tarde, se tornou proprietário do açougue, Amorim resolveu inovar, montou uma biblioteca no local. “Os livros fizeram tanta diferença na minha vida, que eu queria que fizessem diferença na vida das pessoas também”, conta. A ideia, segundo ele, surgiu para provocar. Com o mesmo objetivo das paradas culturais. Mostrar que o acesso à cultura pode ser fácil e gratuito, que indo à esquina, a pessoa pode encontrar um bom livro para ler, mesmo que seja em um açougue. Do açougue que já chegou a ter mais de 10 mil exemplares, foi criada uma biblioteca na Quadra 712/13 norte. Amorim, que sempre foi inquieto, não podia ter parado apenas no açougue cultural, e nem nas paradas de ônibus que funcionam como bibliotecas. Para incentivar a arte local da cidade, ele criou as noites de saraus de poesia e musica que acontecem toda quina- feira. Depois dos saraus surgiu a “Noite cultural T- Bone”, que atualmente acontecem duas vezes por ano. Nas

ultimas edições, o evento foi presenteado com artistas como Erasmo Carlos, Guilherme Arantes, Zé Ramalho e Milton Nascimento. A “Noite Cultural” já chegou a reunir mais de 8 mil pessoas. “Eu nunca esperei que os eventos crescessem tanto”, revela. O açougueiro que virou agitador cultural da cidade inventou junto com amigos a “Primeira Bienal do B, a Poesia na Rua”, que reuniu mais de 50 poetas. No último dia 26. Quando olha para trás, Luiz Amorim é modesto, acha que as coisas simplesmente aconteceram. E quem pensa que esse brasiliense de coração, de 46 anos já está satisfeito com sua historia, se engana. “Eu apenas vivo o presente, vivo um dia de cada vez, e espero fazer mais eventos culturais, um passo de cada vez”, afirma. Para ele o importante é que a cultura chegue até as pessoas. “Eu considero o acesso à cultura essencial para que as pessoas não sejam alienadas, é importante que elas tenham esse acesso”, frisa. E ele faz questão de levantar a bandeira do acesso à cultura para todos. Tarefa que desde cedo ele tomou como missão de vida, mesmo que dentro de um simples açougue.

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Saúde

Por: Veronica Soares | Fotos: Divulgação | Ilustração: Raphaela Christina

Dermatites Produtos de limpeza caseiros podem causar danos à saúde

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oje em dia, é cada vez mais comum achar produto de limpeza, preparados artesanalmente, à venda nas ruas da cidade. Água sanitária, sabão, amaciante, desinfetante e detergente são preparados mais fáceis de serem encontradas no mercado informal e são revendidos ao consumidor sem nenhuma fiscalização dos órgãos competentes. Armazenados em garrafas pets, os produtos chamam a atenção dos consumidores pelas cores e o forte aroma que apresentam. Mas beleza não quer dizer eficácia. Muito pelo contrário, sem um rótulo que apresente a fórmula e os ingredientes os para o seu preparo, ao invés de limpar, esses produtos só deixam o cheiro e, junto com isso, ao entrar em contato com a pele, podem causar sérios danos à saúde humana. Segundo o dermatologista Pedro Zancanaro, inflamações na pele, causadas pelo uso desses produtos são corriqueiras. Conhecidas por “dermatites de contato por irritante primário”, essas lesões aparecem com mais frequencia nos pés e nas mãos das pessoas que manuseiam esses produtos. “Neste caso não é uma alergia comum. Qualquer pessoa que tiver contato com o produto preparado com uma fórmula errada vai apresentar alguma reação”, ressalta. Segundo o médico, as dermatites podem variar dos casos leves aos mais agudos. Nos mais simples, a pessoa pode apresentar coceira e descamação na região que teve contato com o produto. Nos casos mais graves, junto com essas coceiras, a pele apresenta bolhas e secreção. Nessa lista, o sabão feito de soda cáustica e gordura animal é o maior causador de irritação. A explicação para esses casos é que, muitas vezes, as pessoas que fazem esses produtos, como não têm conhecimento técnico, não sabem a dosagem certa de cada ingrediente a ser usado. Além disso, a soda é um ingrediente muito agressivo, e só pode ser manuseado com segurança por especialistas. “Uma pessoa leiga, manuseando essas substâncias é como pedir a uma criança para fazer comida. As chances de dar errado é quase 100%”, compara. “Na indústria, ao preparar esses produtos, os técnicos verificam a fórmula, os conservantes, o PH, a acidez do produto” aponta. Além da maioria dos produtos feitos em casa, segundo o dermatologista, é comum pacientes reclamarem de lesões causadas por produtos industrializados que não foram diluídos corretamente. “Nos casos dos industrializados, as pessoas devem observar as orientações de uso no rótulo”, ressalta. Mesmo sendo o “sabão de soda” o maior vilão das alergias, é comum também que as pessoas que usaram outro tipo de produto feito em casa apresentem algum tipo de lesão na pele. E na relação, ainda cabem outros como: água sanitária, pasta para dar brilho em panelas e os desinfetantes caseiros. Para Zancanaro, o que ocorre é que, muitas vezes, as pessoas ao fazerem esses produtos podem pensar que quanto maior a quantidade de um determinado ingrediente, mais eficiente será o seu poder de limpeza. “E é justamente esse produto que é colocado de forma des-

proporcional que pode causar lesões”, pontua. O médico orienta que, quando observar algum tipo de reação na pele, o primeiro passo a se fazer é suspender, imediatamente, o contato com o produto e depois procurar um médico. A dona de casa Ana Maria Sousa, 23 anos, sofreu na pele a conseqüência de comprar um produto de limpeza caseiro . Segundo ela, era comum vendedores oferecerem esse tipo de produtos na loja em que trabalhava. Muitos cheirosos e com a coloração sempre atraente. Um dia ela resolveu comprar um desinfetante para limpar o estabelecimento. A primeira vez que usou o produto, a reação alérgica foi instantânea. “Logo que comecei a limpeza da loja e os meus pés entraram em contato com o produto, começaram a inchar e formar pequenas bolhas. Depois de uns dias, o solado do meu pé começou a descascar. Não quero passar por essa experiência novamente”, relata. Conforme ela, foi um barato que saiu caro. “Tinha que ter mais fiscalização, pois não sabemos o que estamos levando para casa”, lamenta. Segundo a assessoria de imprensa da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), não existe lei que proíba a fabricação de produtos caseiros. De acordo com o órgão, quem faz a fiscalização em estabelecimentos como supermercados, hospitais, farmácias e outros são as vigilâncias sanitárias dos estados e municípios. Em nota, a agência diz que não pode entrar na casa de uma pessoa que fabrica um sabão caseiro e puni-las por isso. . Ainda conforme a nota, para garantir ao consumidor a aquisição de produtos seguros e de qualidade, a Anvisa é quem autoriza a comercialização de artigos de higiene pessoal, cosméticos e perfumes. A autorização é concedida mediante o registro ou notificação do produto. O órgão também fiscaliza e estabelece normas para as empresas fabricantes, verificando todo o processo de produção, as técnicas e os métodos empregados. Alguns cosméticos não precisam de registro da Anvisa, apenas de uma notificação, pois não possuem riscos consideráveis à saúde da população .

Ana Maria de Sousa, 23 anos, sofreu na pele as consequências de escolher produtos de limpeza sem critérios adequados.

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Educação

Por: Railde Nascimento | Fotos: Fábio Pinheiro

ExpoINEI 2011 Feira que há 16 anos expõe trabalhos produzidos pelos alunos do colégio INEI.

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ExpoINEI é um grande evento promovido, anualmente, pelo INEI com o objetivo de apresentar à comunidade os projetos que foram desenvolvidos com os alunos de Maternal ao 9º Ano. “Para a realização deste evento, definimos um tema que permeará todas as produções”, explica a diretora pedagógica Gicelene Rodrigues. “Este ano, com o tema “Transformação” procuramos mostrar, juntamente com os nossos alunos, que tudo pode ser transformado: os objetos, as pessoas e as atitudes, basta direcionar o olhar”, complementa a diretora. Os trabalhos ficaram expostos em 10 salas, organizadas pelos alunos e professores em forma stands temáticos, onde era possível conhecer, entre tantos experimentos, a reciclagem do papel, a pigmentação de flores, a transformação da família, o congelamento sem congelador.

Pequenas cientistas As alunas do 6º Ano Juliana Ladário, 13 anos, Júlia Estrela, 12 anos, e Catherine Andreoli, 13 anos, provaram que é possível fazer um sorvete sem usar o congelador. “ Nós descobrimos que é possível congelar usando nitrogênio líquido, produto que congela com menos de 195 graus”, explica a adolescente Juliana Ladário, que participa pela primeira vez do evento, com o projeto congelado sem congelador, e se diz empolgada com o resultado do experimento. Para completar o experi-

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mento, além do nitrogênio, elas utilizaram batedeira, leite e pó para sorvete. Mesmo sabendo que desenvolver este trabalho foi uma experiência enriquecedora para o aprendizado, as pequenas cientistas, no entanto, desabafaram aos risos: “Nós não queremos ver sorvete tão cedo”. Assim como o “congelando sem congelador”, o objetivo dos projetos desenvolvidos na disciplina de Ciências foi chamar a atenção dos visitantes para a parte prática das transformações, afirmou a professora de Ciências e orientadora dos trabalhos, Anne Ellers. “Eu quis desafiar os alunos fazendo com que eles mostrassem ao público como a transformação era realizada, para isso, eles tiveram que realizar pesquisas e usar a criatividade”, explica a professora.

Roupas Customizadas Partindo da proposta do projeto que é “transformação”, as crianças do 3º Ano participaram de uma


oficina de customização. Elas reaproveitaram materiais diversos, como algumas peças de roupas, com o objetivo de criar novos modelos. “Acredito que este trabalho contribuiu muito para a formação de um novo olhar em relação ao reaproveitamento de materiais”, comenta a professora do 3º Ano, Rosa Maria de Azevedo. Já na turma do Jardim II, a professora Angela Oliveira colecionou lixo, durante todo o ano, para a confecção dos trabalhos do projeto “No meu lixão podia se encontrar de tudo”. Neste projeto, as crianças descobriram que tudo pode ser transformado, assim elas começaram a enxergar carrinhos em caixas, aviões em garrafas pets e por isso trouxeram de casa embalagens que seriam jogadas fora para serem transformadas. Outro projeto que se destacou foi “Eu amo livros”, desenvolvido pela professora Elaine Santos a partir da coleção de livros de mesmo nome da autora Iris Borges. O projeto mostrou a confecção dos livros, desde a sua criação à edição e distribuição.

Pequenos Autores Além da exposição dos projetos, o INEI edita, anualmente, um livro com uma coletânea de textos dos alunos de Jardim I ao 9º Ano. Neste ano, o livro “Aventuras no Papel” foi apresentado durante a ExpoINEI, e os autores, ainda, tiveram a oportunidade de autografá-lo em vários momentos durante o evento. Serviço Inei + Sigma SHIS QI 7 cj. 17 lt. 17 (61) 3248.2450 www.inei.com.br

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Moda Por: Liana Alagemovits | Fotos: Fábio Pinheiro

Marianna

Machado C

om suas peças exclusivas, Marianna Machado assina com classe o guarda roupa da mulher moderna. Brincos, pulseiras, bolsas, cintos e sapatos completam o visual do momento. Os vestidos para festas especiais, sob encomenda, também marcam o bom gosto da loja que já é tradição no sudoeste. Colete preto com detalhes em strass

A delicadeza do vestido azul florido

Vestidinho floral para o verão e a cor quente do sapato alto laranja

Brincos para brilhar na noite

Bolsa de mão

Short Keeron com detalhes e brilho do strass

Sandália rasteirinha com detalhes coloridos

Fino sapato branco com detalhes dourados

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A leveza da blusa cinza

Anel com strass colorido


O clássico da sandália bege com detalhes no salto

Camiseta básica vermelha para qualquer momento

Bolsa estilo cobra Bolsa de mão com detalhes de flores

Elegante colar prata que combina com tudo

A elegante calça jeans Bandoleira Blusa em estilo campestre com babados e margaridas

Sapato de couro

Salto alto verde

Colar com cubo e badulaques Colar de cor prata envelhecida Rasteirinha valorizando os pés

Saia grafite para completar um look elegante Serviço

Marianna Machado CLSW 303, Bl. C lj. 40 Ed. Le Park www.mariannamachadoboutique.blogspot.com

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Comportamento

eliane de almeida*

O STRESS E VOCÊ

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tualmente falar em Stress é sinônimo de um sintoma que dá status para a classe média e alta. Suas medicações mais usuais converteram-se, numa grande apologia da felicidade de nossa civilização. O Stress, esse grande vilão da modernidade traz em seu bojo outra síndrome do novo século – a SÍNDROME DO PÂNICO – e a já conhecida e experimentada pela maioria, a DEPRESSÃO. Na medida em que os valores essenciais e pessoais são esquecidos e a comunidade como um todo, privilegia o “TER” sobre o “SER”, o ser humano tende a empreender ao longo de sua existência, uma caminhada desumana para a obtenção de metas cada vez mais quantitativas. Além disso, os desafios da era moderna caracterizados pelos excessos. Excesso de estímulos, excesso de competitividade, excesso de demandas, excesso de informações, excesso de pressões, excesso de críticas, excesso de imposições, excesso de prazeres e tantos outros excessos, nos impelem a um estilo de vida que atropela nossa frágil condição humana. E assim, também atropelamos de forma quase

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fatal os nossos instintos, que deveriam funcionar como sensores naturais de auto-preservação. Nossos ancestrais, em suas caçadas à procura de alimentos e conquista de território, já conheciam as manifestações funcionais do Stress. O Stress tem a função de deflagrar um estado de alerta no organismo preparando-o para situações de luta pela sobrevivência. Além disso, ele nos prepara para situações de desafios e perigos com possibilidade de luta, onde vamos escolher se atacamos ou recuamos como estratégia nesta luta. Porém, nosso estilo de vida moderno nos coloca demasiadamente expostos a estas situações, não nos oferecendo trégua para repouso e relaxamento necessários. Estes excessos de pressões diárias nos prendem em uma armadilha que obriga nosso organismo a reagir diariamente, como se estivesse exposto a perigos e riscos contínuos de morte. Temos dentro de nós uma gravação profunda dessas reações de luta ou fuga pela sobrevivência, e isto se dá de forma automática, independentemente de nossa vontade. No vale tudo pela sobrevivência,


estamos permanentemente convidados a viver esse conflito. Nesta luta insana, nossa interioridade e subjetividade única, que nos distingue de todos os outros, estão permanentemente ameaçadas. O automatismo dessa luta está incessantemente deflagrado, gerando Stress contínuo. Dentro deste estilo de vida que adoece, psiquicamente estamos numa luta eterna pela sobrevivência, com o alarme soando o tempo todo numa preparação sem trégua para o ataque ou fuga. Fisicamente nosso organismo se impregna de adrenalina e cortisol; nossa respiração fica ofegante e nosso coração dispara, numa situação de alerta máximo com todos os nossos sentidos funcionando aguçadamente. O Stress é considerado pela OMS (Organização Mundial da Saúde) como uma das maiores ameaças à saúde da humanidade do novo século. O Stress não tem cura, a solução é o controle diário. Para a diminuição destes níveis de Stress constante, somente resgatando uma autonomia de vida tomando-a pelas suas próprias mãos. Resgatando sua diferença como pessoa, dialogando consigo mesmo e promovendo um processo de autoconhecimento. Reconhecendo seus limites, aceitando suas fragilidades humanas e protegendo suas necessidades. E ainda, reforçando sua individualidade e resgatando-se deste rolo compressor social, você estará a caminho da recuperação do seu poder pessoal e controle de sua própria vida. Todas estas tarefas realmente não são fáceis, mas também não são impossíveis. Por isto, mãos à obra e cuide de sua saúde psíquica e física, num grande ato de amor por você mesmo.

Como conseqüência do Stress, temos: • Diminuição da libido • Favorecimento da impotência e distúrbios menstruais • Aumento do colesterol • Aumento da pressão arterial • Aumento de riscos de infarto • Desencadeador do diabetes • Produção de úlceras no estômago pela elevação do ácido clorídrico • Asma e alergias • Náuseas • Agitação, com dificuldades para relaxar e dormir. • Palpitação e sudorese. • Dor de cabeça ou na nuca. • Irritabilidade e medos infundados. • Distúrbios do sono. • Estados de desequilíbrio e muito mais. *eliane de almeida Psicóloga com especializações em Psicologia Clínica e Hospitalar e criadora da Psicoterapia Temática em Grupo

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Cultura

Por: Railde Nascimento | Fotos: Divulgação

Espaço

Cultural do

Complexo Brasil 21

O menestrel Juca Chaves esteve em Brasília para apresentar o humor inteligente na inauguração do Espaço Cultural Brasil 21

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ara quem pensa que Brasília só é visível na parte política, se engana. A capital é rica em patrimônios que chamam a atenção de turistas que passam por aqui. No centro, por exemplo, está a Catedral – um dos principais cartões postais da região. Além disso, para quem quer visitar a cidade, pode encontrar uma variedade de hotéis que oferecem diversas atrações para melhor atender seus hóspedes. Foi pensando assim que o grupo Brasil 21 inaugurou um novo espaço voltado para a cultura. Segundo o diretor executivo, Altamir Passos, este era o último elo que faltava para a conclusão do complexo. “O conjunto de hotéis e áreas de uso coletivo foi projetado para que quem viesse se hospedar aqui pudesse ter todas as necessidades atendidas. E o que faltava era um espaço cultural”, complementa. As obras, que se iniciaram em 1999, incluem escritórios, hotéis, restaurantes, entretenimento, lojas, centro de convenções e garagens. A nova área abriga três teatros com capacidade que varia de 100 a 300 expectadores. Adaptação para deficientes físicos com cinco lugares para assistir e o camarim com rampas de acesso, criam um ambiente propício para receber

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também artistas que possuem necessidades especiais. Para pessoas obesas, o local dispõe de poltrona apropriada. O Brasil 21 Cultural vai abrigar espetáculos teatrais, apresentações musicais, eventos corporativos e exposições. No dia da abertura, a exposição fotográfica de Rui Faquini contou um pouco da história da construção do complexo. “São obras reunidas que contam a história do Brasil 21 como um todo, desde o início em 99”, explica Faquini, curador da mostra. Mas para abrir com chave de ouro, o público pôde apreciar o humor inteligente do menestrel Juca Chaves, no espetáculo Finalmente em pé...Quase!. Em formato de stand up, o humorista apresentou para os brasilienses a diferença do antigo para o novo humor. Meia hora de apresentação foi suficiente para mostrar as modinhas de amor e sátiras sobre o meio político e social. Em entrevista a Revista Plano Brasília, Chaves fala sobre a carência da cultura no país, o stand up, com muito bom humor.

O que o público pode presenciar nas apresentações de Juca Chaves? O Finalmente em Pé...Quase! é um stand up. Muita gente acha que é no-

vidade, mas não é. É uma coisa muito antiga, dos anos 30 que começou nos Estados Unidos. O público pode ver o stand up, que é um karaokê do humor. Você faz a sua piada, conta a sua história. É interessante para mostrar ao público, principalmente aos jovens, que existe um rio de diferença entre o novo e o antigo humor.

E como é essa diferença entre o antigo e o novo humor? As pessoas mais velhas percebem, os mais jovens não percebam, pois lhes falta a experiência do humor. O humor é a ginástica da inteligência. Você desenvolve também com a cultura. Tem atores maravilhosos, mas que não têm muita cultura e sai um humor banal. Muitos deles falam muito palavrão nesses stand ups. Isso no Brasil todo. Porém, tem caras muito bons. Eu conheço uns cinco que estão se lançando, muito mais pela onda, ou seja, não tem diferença nenhuma. Neste espetáculo eu começo em pé – como era o meu passado – tudo era em pé, aí virou quase. Porque eu tenho duas cabeças: a de cima democrática, a debaixo ditadura. A de cima quer fazer tudo em pé, mas a debaixo contesta. Uma cabeça comunista.


O seu humor é chamado humor inteligente. Essa idéia surgiu do senhor ou dos críticos? Graças a Deus que não foi dos críticos. Partiu de um grande jornalista chamado Flávio Alcaraz, que foi considerado um dos maiores repórteres do Brasil. Ele veio da rádio Guaíba, de Porto Alegre. Só podia. No Rio grande do Sul tem o jornalismo mais inteligente do Brasil, ainda. Ele já foi repórter de umas quatro guerras. Um dia cheguei perto dele e disse: ‘Sou um trovador!’ Ele respondeu que eu era um menestrel inteligente. Começou a falar que meu show era inteligente, meu humor era inteligente e assim foi.

Como o senhor vê a situação da cultura no Brasil? Hoje o teatro está numa crise não por falta de público, mas pela falta de cultura do brasileiro. As televisões não passam filme que não seja dublado porque não vai dar audiência. Isso é triste,

pois a juventude hoje não consegue ler, pois está viciada no computador. Podiam juntar esses artistas brasileiros que são bons e fazerem clássicos, ao invés de novela. A cultura aqui é muito carente. Para começar, um professor deveria ganhar mais que um senador, pois se um senador está onde tá hoje, foi por ajuda dos professores que ele teve. Ou seja, para se ter uma boa cultura é necessário que haja uma boa educação também.

O palavrão no show de piada é um problema para a nova comédia? Eu lembro que eu nunca disse palavrão. Eu dizia o que parecia um palavrão, mas que tinha duas conotações. Antes a palavra virgem era imoral para a sociedade brasileira, assim como a palavra tesão. Hoje, isso mudou.

O que o público encontra nos espetáculos de Juca Chaves? O que o público encontra depende deles. Quem procura acha.

Jucá Chaves

O problema é que eu acho que os meus shows são imperdíveis, eu nunca perdi. Outra coisa é a pontualidade que eu tenho, eu sou pontual. O mínimo que você pode esperar de alguém é a pontualidade. É este compromisso, eu tenho com o meu público.

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Gastronomia Da Redação | Fotos: Divulgação

Congelados e

saudáveis A

tualmente quem procura opções saudáveis de alimentação está cada vez mais bem suprido. Apesar de ser recente, a onda dos congelados veio para ficar. E a Substância Gastronomia Light não fica de fora. A marca, que é sucesso em várias capitais brasileiras e possui diversos cardápios com opções de alimentação saudável, tem como uma de suas características mais fortes a praticidade dos kits prontos e congelados, sem perder o sabor e a apresentação dos pratos. O processo é realizado por meio de armários de congelamento por placas: equipamentos adequados para congelar alimentos rapidamente de forma segura e saudável, pois o frio interrompe a ação das bactérias e enzimas responsáveis pela deterioração do alimento, garantindo a conservação das propriedades nutritivas, o sabor, a textura e a cor, além de proporcionar total segurança sob o ponto de vista higiênico sanitário. Não apenas a variedade de receitas aumentou como o investimento em tecnologia possibilitou que, depois de aquecidas, as comidas ficassem mais parecidas com alimentos recém-preparados. Dessa forma, a Substância aposta na clientela que busca alimentos nutritivos e poucos “engordativos”, além de ser uma solução saudável para a falta de tempo do mundo moderno.

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Cardápio de bebidas da Substância A Substância Gastronomia Light, além de oferecer deliciosos e saudáveis pratos, também oferece um cardápio de bebidas em versão light, entre eles está o chá de frutas – elaborado com limão, kiwi, laranja e maçã – os cafés e os cappuccinos e, os mais preferidos e geladíssimos milk shakes que podem ser servidos nos sabores de chocolate e limão. Outras delícias que também fazem grande sucesso em todas as lojas da Substância são os sucos, por isso a rede desenvolveu os de morango, de uva e o frapê de frutas amarelas (pêssego, suco de laranja e maracujá), que em qualquer época do ano são uma ótima sugestão. Vá a uma loja da Substância e confira o maravilhoso cardápio de bebidas.

Serviço Substância Gastronomia Light Terraço Shopping - Praça de Alimentação - 2º Piso Telefones: 3322-0092/3223-3505 www.substancia.com.br


VIANDE

ABRE SEGUNDA LOJA

Adriana e Tatiana Cardoso ampliam o conceito de boutique de carnes

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enos de dois anos depois da abertura da primeira Boutique de Carnes Viande, as irmãs e sócias Adriana e Tatiana Cardoso inauguraram no dia 20 de outubro, a segunda unidade da marca. Especializada nos mais nobres cortes de bovinos, vitelos, suínos, cordeiros, carnes exóticas, linguiças, aves e frutos do mar, a Viande, em sua nova loja, será ainda mais abrangente. Do filé mignon ao carré de cordeiro, do charque ao fois gras, as opções atenderão perfeitamente às necessidades do dia-a-dia e das ocasiões mais especiais. Assim como acontece na unidade do Lago Sul, o estabelecimento que trabalha com os melhores fornecedores do mercado a exemplo da Swift Black, Churrasco Maturatta (JBS-Friboi), Angus e Bonsmara Beef, prima pelo atendimento especializado e serviço delivery de carnes preparadas de acordo com o gosto do freguês. Uma das novidades é a variedade da oferta, já que a Viande também oferece o kit churrasco para ser levado pelo clientes. Para realçar o sabor, a boutique também comercializa temperos Bombay e vinhos da Mistral. Completamente reestruturado para abrigar o conceito e qualidade Viande, o espaço tem projeto assinado pela arquiteta Cristina Martins. Para brindar à novidade, Tatiana e Adriana convidaram o chef Gute que vai preparou delícias usando matéria prima da casa, claro. Entre as opções cuscuz marroquino com frutos do mar, arrumadinho de charque, picanha assada e bolinho de bacalhau.

Tatiana e Adriana Cardoso

Com os produtos Viande, seus pratos ganham sempre em qualidade e refinamento,Proporcionando assim, refeições inovadoras e momento inesquecíveis. Para garantir essa excelência em qualidade, a Viande escolheu como parceira, quem mais entende de carne; a JBS, maior empresa de alimentos do mundo.”

AQUI SEUS MOMENTOS GANHAM MAIS SABOR “Viande quer dizer carne em francês. Mas para nós, significa muito mais que isso. É um novo conceito em corte de carnes. Um ambiente que combina sofisticação e exclusividade com bom atendimento e variedade. É uma boutique que vai além, e garante mais que cortes especiais e carnes nobres.

Serviço

Serviço

Viande Asa Sul - CLS 103 Bl A, s/n lj 16 Brasil 21 - Hotel Meliá Complexo Viande Lago Sul - SHIS QI 5 SHS bloco Quadra D loja 8 -6Hangar Lote 15 Bloco D Telefone: (61) 3248-0212 (61) 3218.4700 www.viande.com.br

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Cultura

Da Redação | Fotos: Divulgação

44º Festival de Brasília do Cinema Brasileiro Ecletismo marca a premiação deste ano

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filme “Hoje”, de Tata Amaral, foi o vencedor do 44º Festival de Brasília do Cinema Brasileiro. Além do Candango de Ouro de melhor filme, o longa levou o prêmio da crítica e as estatuetas de melhor direção de arte, melhor fotografia, melhor roteiro e melhor atriz para Denise Fraga. Também com cinco estatuetas, o filme “Meu País”, de André Ristum, também saiu vitorioso, melhor montagem, trilha sonora, direção, ator para Rodrigo Santoro e o prêmio de melhor longa pelo júri popular. O documentário As Hiper Mulheres, de Carlos Fausto, Leonardo Sette e Takumã Kuikuro, levou o prêmio de melhor som. “Hoje” retrata o período da ditadura militar sob a perspectiva intimista de uma ex-militante política. Na trama, a protagonista interpretada por Denise Fraga, consegue depois de vários anos ser reconhecida como viúva e receber a indenização do governo brasileiro pelo desaparecimento do marido, vítima do regime. Com o dinheiro, decide comprar o tão sonhado apartamento próprio, mas, no momento de fazer a mudança, recebe uma visita que a faz rever toda sua vida. “Espero que nunca mais haja tortura em nosso país”, disse Tata Amaral, ao receber o maior prêmio da noite. Com a estatueta,

a diretora se tornou a quinta mulher a dirigir um filme vencedor do Festival. “Meu País” conta a história de dois irmãos ricos, Marcos, vivido por Rodrigo Santoro, e Tiago, personagem de Cauã Reymond. Após a morte do pai, interpretado por Paulo José, em uma participação especial, eles se veem diante de encruzilhadas. O anúncio do prêmio de melhor ator para Rodrigo Santoro provocou um princípio de vaia no Cine Brasília, que foi logo abafado pelos aplausos. O próprio diretor se surpreendeu com a chuva de premiações.

CINEBIOGRAFIAS Um dos filmes mais aguardados e elogiados na edição deste ano não concorria à premiação oficial. O documentário “Rock Brasília - A Era de Ouro” de Vladimir Carvalho emocionou o público na abertura do Festival. Nele é contada a história da geração do rock dos anos 80 em Brasília, através de depoimentos dos músicos de bandas como o Capital Inicial, Legião Urbana e Plebe Rude. O filme ainda apresenta muitas imagens até então inéditas. “Eram jovens que reagiam instintivamente à autoridade. Eram cultos, viajados e que fizeram músicas e letras permeadas dessa reação naquele

momento de transição da política. Eles não foram cooptados, eles cooptaram”, disse o cineasta que registrou pessoalmente, muitas das cenas na época. “Comecei a gravar os shows que aconteciam na Foods (lanchonete da Asa Sul), na UnB e a gravar entrevistas com esses garotos. Isso ficou guardado por mais de 20 anos. A minha sorte é que não estragou”, acrescentou. Já na última noite do festival, outro documentário com temática musical arrebatou o público. Em “Vou Rifar Meu Coração”, a cineasta carioca Ana Rieper retrata o universo da música brega. O filme mistura depoimentos de compositores como Wando, Agnaldo Timóteo e Nelson Ned com falas de personagens reais dos estados de Sergipe, Alagoas e Pernambuco que já vivenciaram situações cantadas por eles. O resultado é uma compilação onde os problemas do coração inspiram os compositores e confortam os ouvintes que já sofreram por amor. Apesar de ser aplaudido de pé pelo público após a exibição, o longa levantou uma polêmica no debate realizado na manhã da segunda, 3 de outubro. Tudo porque um dos entrevistados é Lindomar Castilho, cantor romântico de sucesso nos anos 1970 (autor da música que dá nome ao filme), que matou a mulher, Eliane de Grammont, em 1981.

Principais vencedores COMPETIÇÃO DE LONGAS-METRAGENS MELHOR LONGA-METRAGEM (JÚRI OFICIAL) R$ 250.000,00 - “Hoje”, de Tata Amaral MELHOR LONGA-METRAGEM (JÚRI POPULAR) R$ 20.000,00 E PRÊMIO EXIBIÇÃO TV BRASIL R$ 50.000,00 - “Meu País”, de André Ristum MELHOR DIREÇÃO - R$ 20.000,00 André Ristum, por “Meu País” MELHOR ATOR - R$ 5.000,00 Rodrigo Santoro, por “Meu País” 64

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MELHOR ATRIZ - R$ 5.000,00 Denise Fraga, por “Hoje” COMPETIÇÃO DE CURTAS-METRAGENS MELHOR FILME DE CURTA METRAGEM (JÚRI OFICIAL) - R$ 20.000,00 - “L”, de Thais Fujinaga MELHOR FILME DE CURTA-METRAGEM (JÚRI POPULAR) - R$ R$ 10.000,00 E PRÊMIO EXIBIÇÃO TV BRASIL - R$ 10.000,00 - “A Fábrica”, de Aly Muritiba MELHOR DIREÇÃO - R$ 5.000,00 Thais Fujinaga, por “L”


Música

Bohumil Med*

ARTISTA versus ARTISTA E

m julho, a imprensa mundial dedicou espaços e mais espaços falando da morte da cantora inglesa Amy Winehouse, ídolo da música pop internacional. Como ela conseguiu essa fama toda em tão pouco tempo? Há que se reconhecer que era talentosa. Mas existem outras cantoras com o mesmo dom. Há que se reconhecer ainda que tinha habilidade para agradar no palco. Outras cantoras também agradam. O fator principal do seu sucesso era o apoio incondicional da mídia e das gravadoras, visando, é claro, o retorno financeiro que ela proporcionava. Só que uma carreira tão meteórica, um sucesso tão estrondoso podem desestruturar uma pessoa psicologicamente fraca, sacrificando também a vida familiar e sentimental. Em muitos casos, fama, enriquecimento rápido e pressão de todos os lados são típicos ingredientes para o caminho da bebida e das drogas, levando a um processo de autodestruição, como infelizmente foi o caso dessa jovem artista, cerceada cedo demais de

uma carreira que poderia ter sido tão produtiva. A mídia cruel quer ver a desgraça alheia. Feito ave de rapina, espreita incansavelmente o artista, deleitando-se com os escândalos. E daí se isso servirá de exemplo a outros jovens fracos e imaturos, que nem sempre sabem separar o lado musical do modo errático da vida do ídolo? Mostrar o pior é o que vende, e vender é o que importa.

O CONTRAPONTO Poucos dias antes, em 18 de julho, faleceu aos 84 anos o artista Osvaldo Lacerda. Provavelmente a maioria dos leitores nunca ouviu seu nome. Ele era compositor erudito brasileiro, o que já é suficiente para condená-lo ao ostracismo. Casado com a consagrada pianista Eudóxia de Barros, com quem viveu feliz, sem escândalos, sem divórcios, sem amantes, não despertava interesse da mídia. Lacerda começou a estudar piano aos 9 anos de idade, instrumento do qual se tornou um mestre, um virtuoso. Pedagogo, escreveu vários livros didáticos adotados no Brasil inteiro.

Seu forte, porém, era a composição. Estudou com os melhores professores no Brasil e nos Estados Unidos. Ganhou muitos prêmios, mas pouco dinheiro. Em 1967, foi eleito membro da Academia Brasileira de Música, posto máximo na carreira de um músico erudito no Brasil. E a mídia com isso? A mídia prefere publicar reportagens sobre celebridades, ídolos populares, jogadores de futebol. Osvaldo Lacerda, um dos principais representantes da escola nacionalista no Brasil e um dos mais importantes compositores eruditos contemporâneos faleceu sem provocar comoção nacional. Era somente um honesto musicista brasileiro da mais alta qualidade e de comportamento ilibado. Muito pouco para despertar interesse da imprensa, que poucas linhas lhe dedicou num obituário qualquer. Televisão? Nem pensar! Precisavam de espaço para uma cantora estrangeira de perfil questionável. *Bohumil Med Professor emérito da Universidade de Brasília. Com a colaboração de Regina Ivete Lopes

A maior livraria musical da América Latina está localizada em Brasília. Aqui você encontra: • Livros de música, DVDs didáticos-musicais, • Métodos e Partituras: • Importados e nacionais; • Em todos os estilos; • Para todos instrumentos musicais; • Nivel iniciante ao avançado

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Artigo

Everardo Gueiros Filho*

Diretas Já:

Quinto constitucional eleito pelos advogados.

C

omeçou mais uma disputa por vagas de Desembargador do TJDF, sendo uma delas destinada aos advogados membros da OAB-DF, pelo quinto constitucional. As vagas decorrem da Lei n. 12.434/2011 que aumentou o número de Desembargadores do TJDFT de 35 para 40. A Constituição de 1988 estabelece que: “Art. 94. Um quinto dos lugares dos Tribunais Regionais Federais, dos Tribunais dos Estados, e do Distrito Federal e Territórios será composto de membros do Ministério Público, com mais de dez anos de carreira, e de advogados de notório saber jurídico e de reputação ilibada, com mais de dez anos de efetiva atividade profissional, indicados em lista sêxtupla pelos órgãos de representação das respectivas classes”. Ao assegurar a presença do quinto constitucional na composição dos Tribunais brasileiros, o legislador teve por objetivo oxigenar o Poder Judiciário do País com a experiência profissional de advogados e membros do ministério público, permitindo-se mirar a Justiça com outro foco. Além disso, assegurou a inclusão de candidatos –de conduta ilibada- comprometidos com o aprimoramento da justiça para que, nas instâncias colegiadas, os julgamentos fossem mais democráticos e as decisões menos sujeitas a equívocos. A Constituição Federal, no entanto, não estabeleceu a forma como se dará a indicação dos 06 (seis) nomes, assegurando apenas que cabe aos órgãos de representação das respectivas classes. O Conselho Federal também não tem orientações sobre a matéria, cabendo a cada Seccional a escolha do método de eleição da lista sêxtupla. E a OAB/DF escolheu o pior dos métodos. O menos democrático e mais sujeito à ingerências políticas e favores pessoais, em um processo que envolve muita política, jogos de poder, interesses, influência e prestígio. Primeiro os Conselheiros da Seccional da OAB-DF escolhem seis advogados para constarem de uma lista - a famosa lista sêxtupla - que é encaminhada ao TJDF, que a reduz para 03 (três) nomes e os envia para a escolha final, e nomeação de um deles, pela Presidente Dilma Roussef. Resumindo: um processo pouco democrático, onde a classe dos advogados não é ouvida, mantendo-se uma eleição no modelo “colégio eleitoral” onde não se prestigia o princípio da igualdade de oportunidade dos candidatos. Aqui na OAB/DF o candidato é votado apenas pelos Conselheiros Seccionais e não pela classe. É certo que a maioria das OAB’s do País (Alagoas, Amazonas, Ceará, Espírito Santo, Maranhão, Minas Gerais, Mato Grosso do Sul, Pará, Paraíba,

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Pernambuco, Piauí, Rio Grande do Norte, Roraima, Sergipe) já instituiu a consulta direta a classe para escolha de seus representantes junto aos Tribunais, o que infelizmente não fez nossa Seccional da OAB-DF. Vale lembrar que no Brasil o sistema eleitoral vigente é o do sulfrágio universal (um homem, um voto), e que, ao longo de nossa história, restou provado que os colégios eleitorais serviram sempre a uns poucos em detrimento de muitos, foi assim quando as mulheres não podiam votar, quando os analfabetos não podiam votar, quando ninguém podia votar na primeira era Vargas (1930 à 1945) e no período militar (1964 à 1984), sobreveio a última eleição por colégio eleitoral para Presidente em 1985, aí felizmente, o povo venceu o totalitarismo, os conservadores e o Brasil mudou. Eu mesmo exerci meu primeiro voto direto para Presidente da República na grande eleição de 1989. No caso da OAB-DF não há como se justificar que os conselheiros seccionais, que são tão poucos advogados, escolham os seis concorrentes da classe em nome de todos os advogados. A escolha dos integrantes do Quinto Constitucional precisa ser exercida mediante critérios transparentes de mérito e competência, e não mais por privilégios inaceitáveis originados em almoços às escondidas, ou em apadrinhamento político. É preciso acabar com a caixa preta que hoje permeia estas escolhas, garantindo mais transparência na escolhas internas da Ordem dos Advogados do Brasil Seccional Distrito Federal. Por isso, em nome da democracia que tanto sonhamos e pregamos, é que defendo que as próximas indicações sejam feitas de forma direta, em eleições realizadas pela OAB/DF na porta do tribunal, onde todos os advogados do Distrito Federal possam escolher seus representantes, afastando assim o subjetivismo da escolha política da direção da OAB nas indicações do quinto constitucional. Assim, mais conscientes da nossa representatividade na escolha do quinto constitucional, poderemos finalmente ter representantes do quinto constitucional que, de fato, representem os anseios dos advogados, defendam nossos direitos e prerrogativas perante o Tribunal e lembrem-se sempre que vestem a toga, porque um dia foram escolhidos por aqueles que vestem a beca. Diretas já!

*Everardo Gueiros Filho Advogado e Presidente da Caixa de Assistência dos Advogados


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Vinho

Q

Antônio matoso*

Os vinhos e as notas dos críticos II

uando se fala em notas ou “pontuação” de vinhos atribuídos por revistas, críticos, colunistas, o assunto logo chega ao ponto da polêmica. O fato é que o conteúdo da coluna anterior, em que abordamos o assunto, resultou em vários contatos de amigos por e-mail e telefone e me externaram suas opiniões, a maioria pedindo até a continuidade, que agora tentaremos concluir. Primeiramente, esclarecemos que não temos nada contra as revistas, “blogueiros” e críticos que pontuam vinhos do mercado e publicam mundo afora. Pensamos que cada um tem o direito de externar a sua opinião sobre determinado vinho que adquiriu, avaliou com seus critérios subjetivos ou objetivos, com muita ou pouca experiência. Opinião é opinião e ponto final. E cada leitor também tem o direito de tirar as suas conclusões e ter a sua opinião, seja ela divergente ou convergente. Ressaltamos inclusive que, num mundo sem muita referência, qualquer uma que exista pode ajudar bastante ao enófilo iniciante na compra de um vinho e que pode se orientar pelas notas atribuídas pelas revistas e críticos que lhe inspiram confiança. Isso também é uma escolha pessoal que cada um tem a sua. O que gera polêmica mesmo é quando um crítico ou revista de grande alcance atribui uma nota inesperadamente baixa a um vinho de grande tradição no mercado ou quando um vinho de preço acessível alcança patamares de pontuação muito próximos de outros de maior reputação. Para quem gosta de destruir mitos, este é o nirvana. Para quem gosta de vinhos e tem curiosidade, logo vai querer tirar a prova também. Não obstante, não se pode esquecer que determinadas regiões vinícolas do mundo são muito suscetíveis a variações climáticas e que determinadas safras podem resultar em vinhos decepcionantes e que alguns produtores mais rigorosos sequer engarrafam os fermentados produzidos com os seus rótulos tradicionais, preferindo vendê-los a outros comerciantes, normalmente não produtores, apenas engarrafadores. Mas o assunto da pontuação continua dividindo opiniões. Uma amiga leitora questionou inclusive as famosas listas de “Top Ten”, “Top 100”, “Os melhores do Ano” que muitas publicações exibem em suas capas. Como dissemos, servem de referência, mas não de verdade absoluta. É impossível que se possa provar todos os vinhos produzidos no mundo, em cada ano, e daí publicar os mais pontuados. Não obstante, alguns vinhos de mesma categoria são comparados com safras diferentes entre si, o que pode resultar em um desbalanceamento da avaliação e muitas vezes ao se atribuir uma nota ao vinho não

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se dá nenhuma referência se a safra naquela região específica foi extraordinária, boa, mediana, ou ruim. Aí a comparação das notas fica mesmo sem ponderação. E o que é pior é a situação em que o crítico/revista publica sua relação de melhores do ano, mas apenas de vinhos que os produtores/importadores lhes enviaram gratuitamente. Com todo respeito, essas devem ser desconsideradas porque o avaliador pode ter sido induzido positivamente com garrafas de lotes especiais que os produtores selecionaram para “ser bem avaliados,” o que não corresponderia à qualidade dos lotes de vinhos que nós mortais adquirimos em supermercados ou lojas especializadas. Outra coisa importante a se considerar é que um vinho pode agradar, ou não, a determinada pessoa, independentemente da nota. Autêntica, corajosa e sincera é a pessoa que, a provar, assume que não lhe agradou – detalhando os devidos critérios técnicos - um determinado vinho pontuado acima de 90 pontos por determinado crítico/revista. Ou que lhe agradou muito um vinho pontuado na faixa dos 80 pontos. Sim, porque independentemente dos critérios técnicos utilizados pelo crítico/revista, o vinho pode ser muito bem produzido, estar com suas propriedades organolépticas perfeitamente harmoniosas, mas simplesmente, pelo estilo, pode não agradar ao gosto dessa pessoa e aí não tem mais o que se discutir. Sim, porque uma nota técnica alta para um vinho pode não corresponder ao gosto até mesmo de quem o bem avaliou. Por fim, o conhecimento amplo, a experiência de provar vinhos das diversas regiões produtoras do mundo, cada uma com suas particularidades, é que dá ao enófilo o cabedal necessário para melhor decidir na hora de escolher um vinho. Já imaginaram se somente bebêssemos vinhos fartamente pontuados por revistas e críticos? E a maioria que ainda não entrou nesses rankings de pontuação? E a fabulosa, e muitas vezes surpreendente sensação de se conhecer vinhos de novas regiões, novos produtores? O mundo do vinho ficaria muito monótono, repetitivo talvez, chato, sem muita graça, se não nos encantássemos, vez por outra, com uma surpreendente e bela novidade, nunca dantes degustada. E como mencionamos na coluna anterior, normalmente, a tradição, os critérios de produção e qualidade, a tipicidade dos vinhos de determinado produtor são mais confiáveis do que as notas de críticos e publicações. *Antônio Matoso Engenheiro e enófilo, apreciador sistemático de vinhos desde 1982, monitor de grupos de degustação e professor da ABS de Brasília.


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É um livro que ganhou respeito da crítica por trazer à tona novas e polêmicas versões de passagens da história do Brasil. Todo escrito com base em fatos verídicos, o guia provoca o leitor ao gerar questionamentos sobre o que é verdade e invenção quase que patriótica na história do nosso país ao longo de mais de 500 anos. O Guia politicamente incorreto da história do Brasil leva qualquer um a refletir quem são os mocinhos ou bandidos de verdade da história do país. O livro é dividido em nove capítulos: índios, negros, escritores, samba, guerra do Paraguai, Aleijadinho, Acre, Santos Dumont e comunistas. Uma nova fatia de conteúdo para despertar o senso crítico de qualquer leitor curioso, que não se contenta com unanimidades.

Em ‘A Guerra dos Tronos’, George R. R. Martin traz uma história de lordes e damas, soldados e mercenários, assassinos e bastardos, que se juntam em um tempo de presságios malignos. Cada um esforçando-se para ganhar este conflito mortal - a guerra dos tronos. A temática de mistérios, intrigas, romances e aventuras inspiraram a série transmitida pela HBO.

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O livro traz textos inéditos de autores consagrados e novos de inquestionável talento. Nos países de língua inglesa, tornou-se a mais influente e prestigiada publicação literária da atualidade. Pelas suas páginas já passaram autores como Mário Vargas Llosa, Ian McEwan, Salman Rushdie e Primo Levi, entre outros. Nesta edição, a seleção é de autores norte-americanos. Alguns já consagrados como Jonhathan Safran Foer e Nicole Krauss. É uma lista empolgante; os textos são originais, muitas vezes cômicos, e percorrem diferentes estilos literários.

Deputada Distrital (PDS)

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Gerente de marketing do Brasília Shopping Coordenador de Musculação da Unique Fitness Analista de Gestão e Negócio da APEX Brasil


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Frases Existem verdades que a gente só pode dizer depois de ter conquistado o direito de dizê-las.

A mente que se abre a uma nova idéia jamais voltará ao seu tamanho original.

Jean Cocteau

Albert Einstein

Fala quanto estás zangado e terás pronunciado o melhor dos discursos que lamentarás.

Uma árvore leva dez anos para amadurecer; um homem leva cem anos para se formar.

Ambrose Bierce

Provérbio chinês

Ficaríamos envergonhados de nossas melhores ações se o mundo soubesse quais os motivos atrás delas.

Não existe um caminho para a felicidade. A felicidade é o caminho. Mahatma Gandhi

La Rochefoucauld

Fora das matemáticas puras, nunca se deve pronunciar a palavra impossível.

No meio de uma grande alegria, não prometas nada ninguém. No meio de uma grande fúria, não respondas a carta alguma.

Arago

Provérbio chinês

Ainda sou ateu, graças a Deus. Buñuel


Justiça

Vinicius Fidelis Oliveira *

Estupro contra pessoa R

vulnerável

ecentemente, nos estudos efetuados sobre os novos temas incluídos no ambiente criminal me deparei com a nova redação do artigo 217-A do Código Penal. Com a alteração, a conjunção carnal ou qualquer outro ato libidinoso contra menor de 14 anos deixou de ser uma simples modalidade do tipo penal comum de estupro, para assumir uma nova categoria de tipo penal com denominação própria: “estupro contra pessoa vulnerável”. Cabe ressaltar que a categoria jurídica “pessoa vulnerável” é um novo conceito de Direito Penal e entendido, por alguns estudiosos, como toda criança ou mesmo adolescente com menos de 14 anos ou também, qualquer pessoa incapacitada física ou mentalmente de resistir à conduta estupradora do agente criminoso. O legislador pretendeu punir, com maior severidade aquele, que se favorecendo da situação de vulnerabilidade da vítima, não possa, naquele momento, esquivar-se da conduta criminosa do estuprador. A relativização da vulnerabilidade contida no artigo acima mencionado é, data venia, necessária para não acometimento de injustiças e abarcamento de situações que o legislador, certamente, não gostaria de configurar como crime. O artigo 217-A “caput” do Código Penal estabelece que: “ter conjunção carnal ou praticar outro ato libidinoso com menor de 14 (catorze) anos: Pena - reclusão, de 8 (oito) a 15 (quinze) anos”. Sob a análise, um pouco mais detalhada, percebemos alguns pontos como: será que todo menor de 14 anos, em todas as situações, estará incluído pelo novo dispositivo de Lei, ou seja, é considerado vulnerável? Assim como outros doutrinadores acredito não ser esta a melhor tese, apesar de alguns doutrinadores, juristas e estudiosos do direito entenderem que sim. Digo isso porque, se este entendimento, incondicional, for o entendimento legal, como ficaria o jovem casal, ela com 13 anos de idade e ele com 18

anos, viessem a ter relações sexuais consentidas pela jovem? Como ficaria seu relacionamento no shopping ou cinema sem nenhuma possibilidade de se beijarem, uma vez que o artigo acima rege que os atos libidinosos também podem enquadrar o presente crime? Parece loucura, mas em um shopping de São Paulo¹ isso foi o suficiente para um casal homossexual, um com 13 anos de idade e outro de 18 anos, serem detidos e ele (o maior de idade) preso em flagrante pelo crime de estupro de vulnerável podendo ser condenado a, no mínimo, oito anos de prisão. Deixando o assunto relativo à discriminação homossexual de lado (pois o assunto dará pauta a outro artigo), como o jovem poderá ser condenado a um crime hediondo se este casal encontrava-se namorando como qualquer outro, e claro, com o consentimento de ambos e de seus pais? Será que é isso que a lei realmente busca? Será que é a proteção de todo e qualquer menor de 14 anos? Como dito atrás, acredito que não! O que a lei busca é proteger o menor de 14 anos desprovido de conhecimentos sexuais, ou de ausência da plena capacidade física ou mental de esquivar-se, ou seja, vulnerável à sexualidade. Desta feita, concluo que a vulnerabilidade competente à sexualidade não poderá focar única e exclusivamente na idade cronológica da suposta vítima, mas sim fazer com que tal item, somados com outras provas e situações do fato façam jus à caracterização do crime em tela analisado, sob pena de condenação até mesmo de pais que sob demonstração de carinho com seus filhos toca-lhes a boca. Enfim, entendo que a caracterização do crime não poderá pautar-se única e exclusivamente na idade da vítima. (*) Vinicius Fidelis Oliveira Pós graduado em direito público, advogado militante no Distrito Federal há 07 anos nas áreas civel e criminal.

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Diz Aí, Mané

A comunicação é uma junção da verdade com a falsidade, afinal fofoca é uma coisa feia e é comunicação

Os principais meios utilizados pelas comunicação são: meios orais (que são falados), meios auditivos (que são ouvidos) e mais tácteis (que são sentidos)

Marketing em português é mercado, marketing pessoal, portanto é o mercado

Agnus Dei é uma famosa compositora que escreveu música para igreja

Handel era meio alemão, meio italiano e meio inglês

Uma ópera é uma canção que dura mais de 2 horas

Bach está morto desde 1750 até os dias de hoje

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A TV se estiver ligada pode formar uma série de imagens, já desligada não

Ditongo é a repetição da música típica mais popular da Argentina


Venha para o

Country Club

Total Harmonia

com a Natureza

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fotos: Gustavo Lima

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Cresça e Apareça

Adriana Marques*

Para acertar, Corre-se o risco de errar Q

ual o segredo de uma vida que dá certo? Qual a fórmula usada, as escolhas feitas e as abdicações assumidas? O que é preciso pensar, sentir, fazer e ser para ter a certeza que as coisas estão em equilíbrio e funcionando? São tantas perguntas que fica difícil, por um minuto, definir por onde começar. Mas vamos lá; antes de mais nada, o que realmente é uma vida que dá certo? Será que existe um modelo exposto na prateleira ou esta é uma resposta altamente individual? Se, para alguns, viver uma rotina parecida com a de um conhecido é atraente, para outros isso pode parecer uma loucura. Então, antes de se perguntar se a sua vida dá certo ou não, tenha certeza do que é que caracteriza, dentro dos seus conceitos, a felicidade e a plenitude. Uma vez que você se dê conta de quais são estes elementos, é hora de indagar-se em que nível cada um deles se encontra atualmente em seu contexto. Aquilo que estiver faltando será sua meta a ser conquistada. O que estiver presente, significa seu maior troféu. Em segundo lugar, para dar certo, uma vida não necessariamente precisa ser perfeita. Ela pode conter pequenos pontos de melhoria, algumas lacunas a serem preenchidas e até, a insatisfação assumida sobre alguns fatos. Mas uma coisa

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é indispensável: o orgulho pelas suas conquistas e realizações. Independente do quão longe tenha-se ido, o crucial reside na decisão de até onde se quer chegar no futuro. Uma vida perfeita é a assunção das escolhas que se fez até o momento e o poder, nas suas mãos, de mudar qualquer que seja o rumo da estória que não esteja agradando. A vida que dá certo baseia-se em viver seus papeis de maneira plena. Isso não significa gastar mais tempo e, quem sabe, mais energia em cada um deles, mas sentir-se inteiro nos momentos e encontros. É atribuir diferentes níveis de importância para cada papel, em cada época da sua vida. Em algumas fases, por exemplo, os filhos precisam de mais qualidade de convivência do que de quantidade de tempo. Em outras, a vida profissional exige dedicação e presença física, impedindo de estar mais próximo da família. Isso não precisa ser decretado como estar longe mas, quem sabe, a maneira de inventar novas formas de contatos não presenciais. Resumindo: é imprescindível vigiar, acompanhar e ter ciência quanto as necessidades daqueles que amamos. É necessário cuidado e carinho, permanentemente. E quanto a assumir suas escolhas? A vida que dá certo não deixa espaço para culpas ou arrependimentos infundados. Ela baseia-se no fato de que, para acertar, corre-se o risco

de errar. Por isso, o mínimo que se obtém de tentativas frustradas é a lição e a referência para ações futuras. Arrependimentos paralisam, enquanto tentativas servem como trampolim. Por último, se você quer ter uma vida que dá certo, invista mais tempo em ser uma pessoa do bem. Fazendo o bem. Seja, assumidamente, o dono do seu destino e pague o preço pelos caminhos que decidir seguir. Você não terá tudo que gostaria, afinal, é preciso escolher o que se ganha e o que se perde em cada situação. Mas um dos segredos é definir exatamente quais são as coisas que se está disposto a abrir mão para se obter outras. Tendo claro quais são as coisas dispensáveis, que passam a ser não-negociável, como uma regra pré-estabelecida para o jogo começar. De tudo isso, não se assuste se, ao final de toda esta análise, você perceber que a sua vida já deu certo. Faltava apenas você se dar este mérito. Faltava, talvez, a sensação de já ter sucesso sem, necessariamente, ter que se sentir acomodado. Esta é a vida. A sua vida. A única que você deve e pode opinar, optar e mudar o curso; a qualquer momento. A vida sempre dá certo. *Adriana Marques Business Coaching pela Sociedade Brasileira de Coaching master Coach pelo Behavioral Coaching Institute e presidente do CoachingClub.



Ponto de Vista

Chico Vigilante*

A mulher na

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Democracia do Brasil

er um general em cima de um tanque pedir autorização à presidenta da República Dilma Roussef para iniciar e depois encerrar o desfile de 7 de setembro foi uma imagem que me emocionou. Para quem olhou os anos de ditadura no Brasil do lado de dentro do movimento sindical, conheceu prisões e o medo sugerido por simples palavras como DOPS e atestado de bons antecedentes, aquela cena carregada de simbolismo me fez voltar no tempo e trouxe uma certeza: valeu a pena lutar pela democracia! Ao ver a presidenta Dilma - mulher inteligente e corajosa, que foi torturada nos porões da ditadura hoje no comando da Nação, sinto que este país está mudando e a democracia brasileira sendo consolidada. Nela, enxergo outras mulheres que participaram ativamente pelo direito à educação, direitos civis e políticos, pelo florescimento das artes e da literatura. O direito a cursar uma faculdade só veio 52 anos depois. Elas lutaram pela Independência, Abolição da Escravidão, Proclamação da República e a árdua luta de mais de um século pelo direito de votarem e serem votadas. As constituições do Império (1824) e da República (1891) não lhes concederam esse direito. O texto constitucional de 1891 excluía do direito ao voto mendigos, analfabetos, as praças de pré (militares da época) e os religiosos de ordens monásticas, sujeitos ao voto de obediência. Elas usaram essa brecha na lei para romper o dique e tentaram se alistar como eleitoras. Em 1910, fundaram o Partido Republicano Feminino, que mostrava o grau de consciência e organização atingido por elas no início do século XX. Mas foram necessários mais 20 anos de luta para que o Código Eleitoral, promulgado em 1932, garantisse o direito à mulher de votar e ser votada: na eleição da Assembléia Nacional Constituinte de 1934. O Brasil se tornou o quarto país da América a estabelecer o voto feminino, antes concedido pelo Canadá, Estados Unidos e Equador. A potiguar Nísia Floresta (1809-1885) foi a grande

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percussora dessa luta. Ela traduziu e publicou “Direitos das Mulheres e Injustiças dos Homens”, manifesto feminista de Mary Wollstonecraft. Obrigada a viver 28 anos na Europa, de volta ao Brasil, apoiou o movimento abolicionista e o republicano. O primeiro periódico brasileiro feito por mulheres, o “Jornal das Senhoras”, foi fundado em 1852, pela jornalista Juana Noronha. No ano de 1873, a professora Francisca Motta Diniz criou “O Sexo Feminino” e afirmou em um de seus editoriais: “não sabemos em qual grande República ou Republiqueta a mulher deixa de ser escrava e goze de direitos políticos como o de votar e ser votada”. Mas quando as próximas gerações voltarem seus olhares ao passado encontrarão o nome de Patrícia Galvão, a Pagu (1910). Com 18 anos, ela fazia parte do Movimento Antropofágico, junto com Oswald de Andrade, Tarsila do Amaral e outros, no contexto de efervescência política que levaria à Revolução de 1930. Militante do PCB, Pagu foi presa em 1931, em Santos (SP). Para fugir da repressão, viajou para os Estados Unidos, Japão, China, URSS, Alemanha e França, onde trabalhou como correspondente de vários jornais. Foi presa em Paris e enviada de volta ao Brasil, onde amargou cruéis torturas durante cinco anos de prisão nos cárceres da ditadura do Estado Novo. Até esse momento de assistir um general bater continência à presidenta Dilma, muitas mulheres cruzaram a História do nosso país. A todas elas, dedico o Hino Nacional brasileiro. Não cantado como nos impunham quando Dilma foi presa, com cheiro de tanques nas ruas, mas como uma ode à liberdade e um progresso, hoje, repleto de novas nuances neste nosso grande país.

* Chico Vigilante Deputado distrital pelo PT. Líder do bloco PT/PRB na Câmara Legislativa, Vigilante foi fundador da CUT e ajudou também na fundação do Partido dos Trabalhadores.


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Charge

Eixo Monumental

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