Plano Brasília N° 90

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Plano

29 de março de 2011 Ano 9 · Edição 90 · R$ 5,30

BRASÍLIA BR w w w. p l a n o b r a s i l i a . c o m . b r

EDITORA

Dívida

Social?

Quase sete anos depois, o sistema de cotas raciais ainda gera discussões

MESA REDONDA Dom Raymundo Damasceno cidade As vilas olímpicas do DF

90

justiça Mônica Ponte






Pré-lançamento: o projeto JCGontijo que Só existe um Cullinan em todo o mundo. Assim como só existe uma esquina como essa em toda Brasília.

LUXURY HOTEL & CONVENTION

três fontes de renda com valorização potencializada pela escassez de terrenos no plano piloto, principalmente em uma localização tão nobre e com tamanha visibilidade.

Pool

Convention

PARKING

Principais vantagens do pool de locação.

Sofisticado centro de convenções e de eventos com dois salões, foyer e acesso independente.

Estacionamento rotativo, raridade em uma região carente de vagas.

•Resultado líquido já tributado. • Rendimentos mensais sempre atualizados, de acordo com o mercado. • O proprietário sempre participa do resultado, mesmo que a sua unidade não tenha sido ocupada. • Renda da locação não sujeita à lei do inquilinato, pois são diárias de hotel, além de 5% da receita de alimentos e bebidas (restaurante). • A receita global e as despesas são rateadas proporcionalmente entre todos os integrantes. • O proprietário não tem envolvimento com os usuários, evitando problemas de contrato e de cobrança. • Pagamento antecipado evita inadimplência. • Garantia de manutenção permanente dos móveis e utensílios.

Brasília é uma cidade-pólo para eventos e convenções, porém há escassez de locais com instalações modernas, sofisticadas e bem localizadas para abrigá-los. O Cullinan oferece um centro de convenções modular, que poderá ser utilizado por uma ou mais convenções simultaneamente. O espaço foi projetado de forma versátil, podendo ser utilizado para festas, recepções e comemorações. O acesso independente permite estender o horário dos eventos até tarde da noite, sem incomodar os hóspedes. Um ponto a mais para a rentabilidade.

O potencial de rentabilidade do estacionamento rotativo já é realidade. Por estar cercado de importantes edifícios comerciais, e em frente ao Brasília Shopping, tem uma demanda atual que já justificaria a cobrança avulsa ou planos mensais para quem trabalha ou circula na região. Além disso, a projeção de crescimento econômico do país, com o aumento da frota de carros, e a demanda futura das 327 suítes do próprio hotel, seu centro de convenções e restaurante, multiplicam o potencial deste investimento. Significa mais uma fonte de renda.

Perspectiva artística ilustrativa do lobby.*

Perspectiva artística ilustrativa da suíte.*

Arquitetura de interiores: Carolina Nathair.

SHN - Quadra 04, Em frente ao brasília shopping. Top services, low prices.

Plantão de vendas na sede JCGontijo. shcs/eqs 114/115 - cj. a, Bloco 1. Sala 1o a 18 - 28 a 36.

*Os móveis e objetos de decoração das unidades hoteleiras poderão sofrer alteração. Os móveis, objetos, materiais de acabamento e itens não constantes do projeto aprovado e do memorial de incorporação registrado em cartório são meramente ilustrativos e não serão entregues


faltava à cidade.

Perspectiva artística ilustrativa da fachada noturna.

twoB

Suítes de 26m2 a 40m2 privativos. • Lobby com pisos de mármores importados • Paredes com revestimentos nobres • Fachada revestida de granito, detalhes iluminados por LED • Vidros bronze semirefletivos • Piso de vidro sobre espelho d’água no acesso ao restaurante • Imponente porte cochère no acesso ao lobby.

Sofisticado restaurante e salão multiuso para convenções e eventos com foyer e acesso independente por elevador panorâmico.

Incorporação, construção e acabamento:

VENDAS:

Excelência em acabamento

(61)3345-9000

Conecte-se à excelência JCGontijo

www.jcgontijo.com.br

com o imóvel. Por se tratar de material impresso, as imagens deste anúncio podem não retratar fielmente as cores, brilhos e reflexos naturais dos materiais presentes no projeto. Memorial de incorporação, MI R4/118.685 no 2º Cartório de Registro de Imóveis do DF em 3/2011.


Sumário

13

28

32

46

48

60

12 Cartas

40 Planos e Negócios

64 Meio Ambiente

13 Mesa Redonda

42 Automóvel

66 Jornalista Aprendiz

16 Panorama político

44 Vida Moderna

18 Brasília e Coisa & Tal

46 Esporte

20 Política Brasília

48 Personagem

22 Dinheiro

50 Saúde

72 Tá Lendo o Quê?

24 Capa

52 Moda

74 Frases

28 Cidadania

54 Comportamento

75 Justiça

30 Gente

56 Artes Plásticas

32 Cidade

58 Cinema

34 Educação

60 Gastronomia

36 Tecnologia

62 Teatro

80 Ponto de Vista

38 Cotidiano

63 Música

82 Charge

68 Propaganda e Marketing 70 Vinho

76 Diz aí, Mané 78 Cresça e Apareça


Faça Pós-Graduação no UniCEUB.

Não

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Expediente

Carta ao leitor Prezado leitor,

DIRETOR EXECUTIVO Edson Crisóstomo crisostomo@planobrasilia.com.br DIRETORA DE PROJETOS ESPECIAIS Nubia Paula nubiapaula@planobrasilia.com.br DIRETOR ADMINISTRATIVO Alex Dias alex.dias@planobrasilia.com.br

Plano

BRASÍLIA CHEFIA DE REDAÇÃO Afrânio Pedreira DIRETOR DE ARTE Theo Speciale

DESIGN GRÁFICO Camila Penha, Eward Bonasser Jr. e Paula Alvim Fotografia Gustavo Lima EQUIPE DE REPORTAGEM Alessandra Bacelar, Aline Ricciardi, Fernanda Azevedo, Larissa Galvão, Maíra Elluké, Michel Aleixo, Tássia Navarro, Veronica Soares e Virgínia Ciarlini COLABORADORES Adriana Marques, Antônio Matoso, Bohumil Med, Carlos Grillo, Cerino, Mauro Castro, Mônica Ponte, Regina Ivete Lopes, Ricardo Movits, Rodrigo Falcão, Romário Schettino, Sofia Damasceno,Tarcísio Holanda IMPRESSÃO IBEP Gráfica TIRAGEM 60.000 exemplares REDAÇÃO Comentários sobre o conteúdo editorial, sugestões e críticas às matérias redacao@planobrasilia.com.br AVISO AO LEITOR Acesse o site da editora Plano Brasília para conferir na íntegra o conteúdo de todas as revistas da editora www.planobrasilia.com.br PLANO BRASÍLIA EDITORA LTDA. SCLN 413 Bl. D Sl. 201 CEP: 70876-540, Brasília-DF Comercial: 61 3041.3313 | 3034.0011 Redação: 61 3202.1357 Administração: 61 3039.4003 revista@planobrasilia.com.br Não é permitida a reprodução parcial ou total das matérias sem a prévia autorização dos editores. A Plano Brasília Editora não se responsabiliza pelos conceitos emitidos nos artigos assinados.

Cá estamos nós, com mais uma edição da Revista Plano Brasília, feita exclusivamente para você, que sempre nos prestigia com a sua leitura. A cada semana é um prazer que se renova e que deixa a nossa equipe de jornalismo com mais vontade de buscar assuntos relevantes para que possamos contar sempre com a sua preferência, pois nosso leitor é o que mais nos importa. Na nossa 90ª edição, depois de exaustivas reuniões de pautas, elegemos o assunto “Cotas Raciais” como matéria de capa. O tema, que no meio do ano está completando seu sétimo aniversário, continua gerando discussões e provocando tomadas de partidos de formas particulares e em todas esferas da sociedade e do governo. Como não poderia deixar de ser, a discussão mais insistente é em torno da reserva de vagas para negros nas universidades públicas do país. Deixando para trás, as vagas destinadas às mulheres nos partidos políticos e para filhos de militares e estrangeiros transferidos. A adoção do sistema de cotas raciais em universidades brasileiras é justificada como sendo a criação de um mecanismo alternativo de ingresso da população negra ao ensino superior. E a pergunta que fica é porque não se adotar cotas sociais em vez de raciais quando esse acesso privilegiado poderia abranger a maioria pobre e multiétnica? Discussões à parte, o fato é que números do IBGE de 2002 atestam que, mais de 45% da população brasileira é composta por negros e pardos, e que a maioria dos profissionais com nível superior é composta de brancos. E estes, são maioria em todos os setores da economia. Exemplo é a composição do nosso Congresso Nacional. No senado são 81 vagas e apenas um negro como senador. Já na Câmara dos Deputados, dos 513 parlamentares, pouco mais de 10 são negros. Na editoria de comportamento, a matéria “Todos os caminhos levam a Santiago de Compostela”, a cidade espanhola mundialmente conhecida pela tradicional peregrinação daqueles que desejam conhecer a catedral do apóstolo de Jesus Cristo, São Tiago, cujo túmulo muitos acreditam estar preservado no interior da igreja. Na reportagem, descobrimos um grupo de Brasília, o “Peregrinos da paz – Caminho Santiago” que, desde 1999 se encontram mensalmente para tocar informações e experiências sobre o que há de novidades no assunto. Uma leitura que ninguém deve perder é “Síndrome de Down – Viva as diferenças”. A matéria retrata o trabalho primoroso e carinhoso de um professor de educação física que, movido pela sensibilidade de lidar com pessoas portadoras de necessidades especiais e pelo amor que sente pelo irmão que tem a síndrome, desenvolveu um projeto de natação junto ao Governo do Distrito Federal voltado somente para essas pessoas. A iniciativa que já dura 23 anos é motivo de orgulho para o dedicado professor e de agradecimento total por parte dos pais dos alunos que tem idades variadas. Desse trabalho resultou o livro: “Síndrome de Down, um problema maravilhoso” em que o autor ajuda a esclarecer, de forma clara e objetiva, a terceira cópia do cromossomo 21 que determina a doença genética e orienta como lidar, adequadamente, com os portadores da síndrome. Imperdível. Desta vez é só, caro leitor. Nos falamos na próxima edição. Boa leitura e até a próxima!


retaria Cultura

2011 COMEÇA COM UMA GRANDE OPERAÇÃO DE LIMPEZA E CONSERVAÇÃO.

Desde o início do ano, o GDF vem arregaçando as mangas para colocar a casa em ordem. Para se ter uma ideia, 23 mil toneladas de massa asfáltica já foram usadas para tapar buracos nas vias. A área total de manutenção de gramado e vegetação nativa já soma o equivalente a 6.644 Maracanãs. Mais de 120 mil km de ruas foram varridas, com mais de 11 mil km de capina ao longo dos meios-fios. E nada menos que 14 mil km da rede de drenagem de águas pluviais foram drenados. A limpeza se estendeu a 2.396 bocas de lobo, totalizando a retirada de 135 toneladas de entulhos. Todo esse trabalho envolveu 6 mil profissionais da Secretaria de Obras, Novacap, SLU, DER, Detran e 1.153 máquinas e equipamentos.

Saiba maiS o que o GDF

FaZ

Seu iNFoRmaTiVo PaRa aComPaNHaR oS TRabaLHoS Do GoVeRNo Do DiSTRiTo FeDeRaL.

SITUAÇÃO DE ABANDONO NA SAÚDE ESTÁ SENDO ENFRENTADA COM MEDIDAS PARA MELHORAR O ATENDIMENTO.

CONSERTO, PINTURA E FAXINA PREPARAM AS ESCOLAS PARA A VOLTA ÀS AULAS.

Mais de 300 escolas públicas do Distrito Federal já passaram pela Operação Escola Arrumada, que vem garantindo pequenos e médios reparos, como trocas de lâmpadas, portões, vidraças quebradas, limpeza, corte do mato alto e pintura em muros e paredes das salas. A ação conta com o apoio das Secretarias de Obras, de Meio Ambiente e dos Direitos Humanos, além de diversos órgãos, como Detran, DER e CEB. A previsão é de que todas as escolas do Distrito Federal passem por manutenção, colocando em dia pequenos serviços acumulados há tanto tempo, como a cobertura de 50 quadras poliesportivas de escolas de todo o DF, gerando maior conforto para a comunidade escolar.

No Hospital de Ceilândia, o centro cirúrgico foi reaberto e já realizou 366 cirurgias em 45 dias. E a reforma da UTI Neonatal começou. Também foram inaugurados um tomógrafo no Hospital de Sobradinho e a Ludoteca no Hospital do Paranoá. O Hospital de Planaltina está em reforma. O GDF aprovou Projeto de Lei na CLDF liberando R$ 27 milhões para a saúde. Desses, R$ 25 milhões serão para manutenção das Unidades de Pronto Atendimento (serão 14 até o final do ano), R$ 1 milhão para a construção do bloco materno-infantil em Ceilândia e R$ 1 milhão para a sala especial de oncologia do HUB.

w w w. df. gov. br a GeNTe Sabe que eSSe É aPeNaS o ComeÇo, maS PaRa CoNSTRuiR um NoVo DF, o PRimeiRo PaSSo É aRRumaR a CaSa.


Cartas Equipe da Plano Brasília,

Caro redator,

Quero parabenizá-los pela excelente revista que tem feito. Adorei a matéria de educação da edição 89, que fala sobre o ensino da matemática para os portadores de deficiência visual. É um tema que realmente merece espaço na mídia, pois a dificuldade que eles enfrentam, não só na matemática, como em todas as outras disciplinas ainda é enorme.

Quero mandar uma mensagem para as mulheres que leram a matéria “Carreira x Filhos”, da edição 89. Sou mãe de três lindas crianças, trabalho o dia inteiro e tenho que me desdobrar para conciliar carreira profissional com “ser mãe”. Confesso que não é nada fácil, mas se Deus nos deu essa vida é porque é ela que merecemos e, não há nada mais gratificante para uma mulher do que ser mãe, ver seus filhos crescendo e te enchendo de orgulho. Portanto, sigam em frente.

Martha Rezende, Asa Sul

Paula Gonçalves, Lago Sul

Oi pessoal da Plano Brasília, Bom, quero dizer que adoro as dicas de moda que saem na revista. Sempre monto meu guarda roupa com base no que vocês falam. Continuem assim. Beijos. Patrícia Duarte, Sudoeste Senhor Redador,

Caros editores da Revista Plano Brasília, Agradecemos imensamente pela reportagem sobre o trabalho de caridade desenvolvido pela Sociedade de São Vicente de Paulo (SSVP), publicada na edição nº 88 (15.03.2011). Apenas fazemos um leve registro conceitual: como entidade católica, pregamos nossa fé e evangelizamos as pessoas carentes as quais ajudamos; contudo, não utilizamos de proselitismo religioso perante famílias assistidas que professam outros credos. Parabéns pela qualidade gráfica e editorial da revista.

“Tenho acompanhado a coluna “Cresça e Apareça” de Adriana Marques e, os toques que ela tem dado sobre qualidade de vida, são realmente fundamentais para aqueles que, como eu, buscam crescimento constante nos diversos segmentos da vida. Parabéns pela revista e pelo bom gosto na escolha dessa coluna!”

Atenciosamente, Renato Lima Vicentinos

Lílian Guimarães, Asa Norte

Fale conosco Cartas e e-mails para a redação da Plano Brasília devem ser endereçadas para: SCLN 413 Bl. D Sl. 201, CEP 70876-540 Brasília-DF Fones: (61) 3202.1357 / 3202.1257 redacao@planobrasilia.com.br

As cartas devem ser encaminhadas com assinatura, identificação, endereço e telefone do remetente. A Plano Brasília reserva-se o direito de selecioná-las e resumi-las para publicação. Mensagens pela internet sem identificação completa serão desconsideradas.


Mesa Redonda

D

om Raymundo Damasceno de Assis, Arcebispo de Aparecida (SP), foi nomeado Cardeal pelo Papa Bento XVI, no Consistório de 20 de novembro de 2010. A cerimônia foi realizada na Basílica de São Pedro, na Cidade do Vaticano, ao lado de outros 23 novos cardeais. Dom Damasceno, 73 anos, mineiro de Capela Nova, nos fala sobre a opinião da Igreja Católica sobre temas polêmicos como o aborto, o uso da camisinha e sobre a Campanha da Fraternidade e a responsabilidade de fazer parte do restrito número de 120 cardeais eleitores que votam numa eventual eleição papal.

Dom Raymundo

Damasceno Equipe Plano Brasília: Fernanda Azevedo, Larissa Galvão e Virginia Ciarlini | Fotos: Gustavo Lima

PB > O que representa para o Brasil sua ascensão na igreja católica? Dom Raymundo> No dia 20 de outubro de 2010 recebi a notícia da minha nomeação de Cardeal, em Roma. Senti certo temor pela responsabilidade que cabe aos cardeais de colaborarem mais diretamente com o Papa no governo da Igreja e também o de eleger o sucessor do Papa, quando a sede de Pedro está vacante. Ser Cardeal significa mais responsabilidade na igreja ao participar como consultor nas Congregações Romanas e nos Pontifícios Conselhos, quando designado pelo Papa. É uma forma de assessorar o Papa no governo da Igreja. Tudo isso traz certo temor pela responsabilidade que representa. Mas ao mesmo tempo, despertou em mim um sentimento de gratidão ao Santo Padre pela confiança que depositou em minha pessoa e de agradecimento a Deus, porque o fato de ser Cardeal me oferece a oportunidade de viver uma experiência de igreja em âmbito universal. Como presidente do Conselho Episcopal Latino Americano, tenho a graça de viver uma experiência de Igreja em âmbito americano. A nomeação é um presente para mim, uma oportunidade para servir ainda mais à Igreja. Com a graça de Deus espero poder continuar servindo a igreja, sobretudo, no encargo principal que é o de Arcebispo da Arquidiocese de Aparecida, em São Paulo. Uma arquidiocese pequena, como dizia o Papa Paulo VI, porém tão insigne e ao mesmo tempo tão querida pelo povo brasileiro, por ser a sede do Santuário Nacional da Padroeira do Brasil. O senhor poderia dizer que sua vida mudou radicalmente depois da nomeação como Cardeal da Santa Igreja? Não mudou radicalmente, porque como padre e como bispo, procurei colocar minha vida a serviço da igreja e das pessoas confiadas aos meus trabalhos pastorais. Entreguei-me totalmente ao serviço da igreja, do Evangelho e do bem das pessoas, e no cumprimento dos encargos que me foram confiados. Creio que esta nomeação, de certo modo, apenas renova esse compromisso de continuar servindo a igreja. E agora como Cardeal tenho a responsabilidade de colaborar com o Papa no governo da igreja por meio da participação como consultor em algumas das Congregações Romanas, ou em alguns dos Pontifícios Conselhos. Sou membro do Pontifício Conselho para as Comunicações Sociais e da Pontifícia Comissão para a America Latina. Isso tudo significa mais encargos, responsabilidades e compromissos, mas eu diria que não há uma mudança radical

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na minha vida propriamente dita. É apenas uma continuidade, uma renovada entrega a serviço da sociedade e das pessoas. O povo de Deus espera mais de um Cardeal, portanto, exige mais também. Mas a vida não muda de forma radical, continua com mais responsabilidade e compromisso. A Igreja Católica Latino Americana é mais carismática em comparação a de outros lugares. O que o senhor vai levar de experiência para a igreja católica universal? Eu continuo no Brasil como Arcebispo da Arquidiocese de Aparecida. Ao participar de algum encontro em Roma, de algum evento, é claro que levo a experiência que tenho do meu trabalho pastoral aqui na igreja do Brasil e da América Latina. Levo a experiência de um povo profundamente religioso e de uma igreja dinâmica que tem marcado presença muito positiva na América, desde o começo da evangelização. Uma igreja que sempre esteve solidária com o povo, sobretudo, com os mais necessitados e mais pobres, e procura cumprir sua missão que lhe cabe sempre em comunhão com o Santo Padre, que é o pastor supremo da Igreja. Levamos essa experiência de uma história muito rica e de grandes contribuições para a Igreja católica universal. Por exemplo, as cinco Conferências Gerais do Episcopado Latino Americano, realizadas no Rio de Janeiro em 1955, Medelín (Colômbia) em 1968, Puebla (México) em 1979, Santo Domingo (República Dominicana) em 1992, e recentemente Aparecida, em 2007, tem trazido uma contribuição muito rica do ponto de vista pastoral, não só para a igreja na América Latina e no Caribe, mas para toda a Igreja. Acho que temos uma riqueza muito grande. A Europa, por exemplo, cada vez mais, está se tornando secularista, materialista. A igreja na America Latina, ao contrário, é uma igreja viva, dinâmica, entusiasta, alegre, onde ainda há um sentimento religioso muito profundo no nosso povo que se traduz, por meio da piedade e da religiosidade popular. Em Aparecida recebemos, a cada ano, uma média de 10 milhões de romeiros. 14

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A atividade sexual é uma expressão do amor entre o homem e a mulher que se uniram de maneira definitiva e por amor. No ano passado, para ser exato, foram 10 milhões e 300 mil. Isso revela a religiosidade do nosso povo, que se traduz na devoção aos santos, a Nossa Senhora, na participação em novenas, na grande participação nas celebrações da Semana Santa e nas festas dos padroeiros, em todo o Brasil e na América Latina. Isso é uma graça e uma grande oportunidade para o trabalho evangelizador da Igreja. Que trabalho é desenvolvido no Pontifício Conselho para as Comunicações Sociais. O objetivo é disseminar e propagar os conceitos da igreja católica? É um Conselho que tem por finalidade propor orientações e diretrizes no campo da comunicação, por meio de encontros, cursos, documentos. Pro-

cura refletir, por exemplo, a questão da comunicação no mundo de hoje, como a igreja pode utilizar todas as tecnologias modernas para anunciar o Evangelho no mundo de hoje. Nós sabemos que essas tecnologias modernas geram uma nova linguagem, uma nova cultura, uma nova maneira de aprender, de ensinar e, consequentemente, produzem um impacto muito grande na vida das pessoas, gerando um novo estilo de vida. Diante desse mundo, que está dotado de tantas tecnologias ligadas a comunicação e informática, a igreja não pode deixar de utilizar esses recursos para transmitir a mensagem de Jesus Cristo. Não basta simplesmente utilizar as tecnologias modernas, é necessário entender a linguagem desses meios e o impacto que eles estão exercendo hoje na vida das pessoas. Nós dizemos hoje que há os nativos digitais, que são as crianças e os adolescentes. Eles já nascem com o controle remoto da televisão na mão, nascem com um pequeno computador e brincando com esses jogos eletrônicos. Eles pertencem a esse mundo. Um outro grupo, já maior de idade, são os migrantes digitais, aqueles que estão tentando entrar e entender esse mundo das novas tecnologias. É um desafio para a igreja. O Pontifício Conselho trabalha no sentido de ajudar a compreender e utilizar essas tecnologias e o seu impacto na vida das pessoas. Como levar a mensagem do evangelho a esse mundo de hoje é um dos trabalhos do Pontifício Conselho das Comunicações Sociais. Cada conferência episcopal tem a própria comissão para a comunicação, assim como, cada diocese. Mas o Pontifício Conselho está atento a essa questão em âmbito mundial, e procura oferecer seu serviço de ajuda, de reflexão, orientação, sobre os mais variados temas, no campo da comunicação. “A Fraternidade e a Vida no Planeta” e, “A criação geme em dores de parto?”, são, respectivamente, o tema e o lema da Campanha de Fraternidade de 2011. O senhor pode nos falar sobre? Essa é a quarta vez que a CNBB trata do tema do meio ambiente. Claro que


neste ano nós estamos destacando, em relação ao meio ambiente, duas questões, que são o aquecimento global e as mudanças climáticas. Evidentemente, é um tema atual. Todos nós estamos sofrendo as consequências do aquecimento global e estamos percebendo as mudanças climáticas no nosso planeta. Estamos constatando, cada vez mais, um verão com um calor rigoroso, um frio muito intenso no inverno, seca em lugares onde não era comum tal fenômeno, como, por exemplo, no sul País; enchentes em regiões onde não ocorriam comumente, como no nordeste; as inundações no Pantanal, no Estado do Rio de Janeiro, em Minas Gerais, e em São Paulo. Diante dessa situação temos que realmente despertar a consciência das pessoas para a responsabilidade com a vida no planeta. É importante lembrarmos que esses fenômenos podem ter uma causa natural, mas também, pode ser consequência de uma ação, muitas vezes, depredadora, do homem sobre a natureza. Temos que levar às pessoas a consciência de que é importante e necessária uma vida mais sóbria, mais simples, evitando o supérfluo, o desperdício. A CF quer provocar mudança em nossas atitudes, como substituir as sacolas de plástico pelas sacolas de pano e de papel, uma vez que o plástico, segundo alguns especialistas, leva mais de 500 anos para se decompor. Podemos fazer a coleta seletiva do lixo, sua reciclagem, etc. São muitas as questões envolvidas com o tema da Campanha da Fraternidade, como, por exemplo, a questão da lavoura e o uso de agrotóxicos, o aumento das áreas de plantio e a ameaça às florestas. A Campanha da Fraternidade deste ano está exigindo de todos uma mudança de atitude na nossa relação com a vida no planeta. Além da preocupação com temas sobre o meio ambiente, como a igreja tem lidado com temas polêmicos como, por exemplo, a prática do aborto? A igreja está sempre a favor da vida humana, da dignidade da pessoa humana, e por isso, a igreja está sempre a serviço e em defesa do matrimônio,

É dever da igreja e de todos defender sempre a vida desde a concepção até o seu termo natural.

O aborto é um atentado contra a vida e, além do mais, um atentado contra uma vida inocente, que não pode se defender fonte da família. Cabe a igreja proteger a instituição familiar, defender a vida, desde o seu começo até o seu fim natural, pois a vida humana é dom de Deus. A defesa da vida é o primeiro direito do ser humano e sobre o qual se fundam os demais direitos. O aborto é um atentado contra a vida e, além do mais, um atentado contra uma vida inocente, que não pode se defender. Uma vez gerada no seio materno, o ser humano tem seus próprios direitos e o seu desenvolvimento. O nascituro deve, portanto, ser acolhido, respeitado e defendido e, uma vez tendo vindo ao mundo, deve ser acompanhado para que se desenvolva e possa cumprir o projeto que Deus lhe reserva na sociedade, no mundo.

Como a igreja está vendo, hoje, a defesa do uso da camisinha? A atividade sexual é uma expressão do amor entre o homem e a mulher que se uniram de maneira definitiva e por amor. Uma união sempre aberta à vida, uma união vivida na fidelidade, na unidade. A igreja sempre defendeu o uso dos métodos naturais pelos casais para o planejamento de seus filhos que é sua responsabilidade. Os pais são responsáveis pela geração dos filhos, e pela sua educação e desenvolvimento. De modo que, cabe a eles planejar o número de filhos que desejam, mas esse planejamento deve ser feito de maneira responsável, não egoísta, e utilizando os métodos que são considerados corretos do ponto de vista moral. Qual a postura da igreja diante dos conflitos do Oriente Médio e da África? Nós sabemos que em muitos países do Oriente Médio, onde a presença da igreja é bimilenar, ela tem sofrido restrições quanto ao exercício de suas atividades. Os cristãos não são maioria nestes países e, às vezes, são considerados cidadãos de segunda categoria. A maioria é mulçumana, de religião islâmica. Em muitos países não há liberdade religiosa, liberdade de crer ou não crer. Há somente liberdade de culto e esta também, muitas vezes, é apenas tolerada. As pessoas não têm a liberdade de manifestar publicamente sua fé. A reação provinda no interior dos próprios países do Oriente Médio, sobretudo, dos jovens, em busca de maior liberdade, é positiva. Vivemos num mundo plural, onde desejamos que todos tenham liberdade de viver sua fé, liberdade de expressar suas opiniões, de crer ou não crer, respeitando, evidentemente, as convicções religiosas, os direitos dos que pensam de maneira diversa. Desejo que os povos do Oriente Médio encontrem os próprios caminhos da paz, fundada na justiça, na verdade e na liberdade.

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Panorama Político

tarcísio holanda

Obama mostrou as diferenças “A extraordinária ascensão do Brasil, senhora presidente, cativou a atenção do mundo”disse o presidente Barak Obama, dirigindo-se à presidente Dilma Rousseff.

A

visita ao Brasil do presidente dos Estados Unidos, Barak Obama, serviu para fortalecer o pleito do governo brasileiro pela reformulação do Conselho de Segurança e sua limitada ampliação para torná-lo mais representativo. É notório que o presidente norte-americano apoiou o pleito do Brasil de integrar o novo Conselho de Segurança, que é o órgão executivo mais importante da ONU (Organização das Nações Unidas). O comunicado conjunto expedido pelos presidentes dos Estados Unidos e do Brasil dá conta de que Barak Obama e Dilma Rousseff concordaram em que se faz necessária uma ampliação limitada do Conselho de Segurança que o Brasil pleiteia integrar. Mais claro e objetivo é o trecho em que está dito: “O presidente Obama manifestou seu apreço à aspiração do Brasil de tornar-se membro permanente do Conselho de Segurança”. No encontro que teve com Dilma Rousseff, Obama manifestou seu apoio ao pleito do governo brasileiro de fazer parte do Conselho se Segurança, mas advertiu que é difícil para seu país explicitar tal apoio. Segundo testemunha do encontro dos dois, Obama alertou ser difícil explicitar esse apoio de público. Explicou que ao apoiar o pleito de um país, ganha um amigo, mas também provoca outros inimigos. Obama parece ter esquecido que em novembro do ano passado apoiou o mesmo pleito da Índia.

interrompido por um assessor, que lhe entregou um bilhete. Informou a Dilma que acabara de dar seu aval para o ataque militar à Líbia, cumprindo a resolução da ONU (Organização das Nações Unidas) nesse sentido. Cumpre lembrar que quando da votação da referida resolução na ONU, o governo brasileiro se absteve. Mas o encontro a dois serviu para que Dilma falasse francamente a respeito dos temas que comprometem as boas relações dos Estados Unidos com o Brasil, nas quais ocupam lugar de destaque bastante negativo as barreiras comerciais criadas pelo governo norte-americano para nossos produtos.

na política externa brasileira – mais ideológica aos tempos de Lula, mais pragmática com Dilma Rousseff no poder. Ainda que não procure entrar em conflito com a política de Lula, que priorizava a África e o Oriente Médio, Dilma confere prioridade à América do Sul, aos Estados Unidos e à China, o novo e poderoso parceiro do jogo internacional. Esse novo pragmatismo externo não dá tanta importância ao Irã de Marmud Armadinejad. Acredita-se no governo de Dilma Rousseff que o próprio Barak Obama sentiu a mudança significativa na política externa e deu prioridade à sua visita ao Brasil.

Os entraves comerciais

Governo menos retórico

São os fortes subsídios à agricultura, funcionando as tarifas erguidas pelo Estado norte-americano como barreira intransponível à entrada em seu rico mercado de alguns produtos brasileiros, como o etanol, o combustível criado a partir da cana de açúcar. No discurso que pronunciou ao lado de Dilma, o presidente Barak Obama reconheceu: “A extraordinária ascensão do Brasil, senhora presidente, cativou a atenção do mundo”. E acrescentou de forma direta: “Colocando de forma simples: os EUA não apenas reconhecem a ascensão do Brasil, nós a apoiamos com entusiasmo”. O apoio de Obama é importante para o Brasil e para os Estados Unidos, de olho em nosso mercado.

Estão se tornando claras algumas mudanças significativas operadas no governo de Dilma em relação ao de Lula. A atual presidente brasileira é menos retórica do que Lula e muito mais pragmática do que o antigo líder sindical. Interessam-lhe os resultados mais do que a forma do andar da carruagem... Vale a pena lembrar que sempre que assumia um novo presidente da República no Brasil já se pensava logo em marcar uma viagem aos Estados Unidos. Agora, ocorreu o contrário, ou seja, foi o presidente dos Estados Unidos que deu prioridade à sua viagem ao Brasil para discutir problemas. Dilma vai se mostrando sensível, como mulher, e rigorosa na ação administrativa. O país vê essas mudanças. Como a presença de Fernando Henrique Cardoso entre os ex-presidentes da República convidados. Só Lula não compareceu ao encontro dos ex-presidentes. O que

Atacar a Líbia

Política externa mais pragmática

No momento da conversa com Dilma, o presidente Barak Obama foi

A rápida estada de Obama no Brasil também marca uma mudança profunda

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foi uma recusa bastante significativa. Lá estavam, além de Fernando Henrique Cardoso, José Sarney, Fernando Collor e Itamar Franco.

A COMENTADA AUSÊNCIA DE LULA O ex-presidente Lula foi a ausência mais comentada no almoço servido ao presidente norte-americano Barak Obama, em Brasília, com a presença de ex-presidentes da República. Fernando Henrique Cardoso disse esperar que Lula não tenha ido ao almoço porque tinha outros compromissos, inclusive o aniversário de seu filho. “Ele realmente pode ter tido outros compromissos. Me parece que tinha o aniversário do filho” – comentou FHC, para logo acrescentar: Achar que foi por ciúme, pelo fato de Obama ter vindo ao Brasil no governo de Dilma e não no dele, seria pequeno. E eu espero que não tenha sido isso”. O ex-presidente Lula foi o único ex-presidente que faltou ao almoço. FHC e Lula estão sempre em desacordo. Ele elogiou o convite que Dilma lhe fez para participar do almoço com Obama, lembrando, que durante o governo de Lula, nunca merecera tal consideração. “Foi um gesto de civilidade. O convite foi uma posição madura da presidente Dilma. É normal na democracia essa atitude” – elogiou Fernando Henrique Cardoso, acrescentando: “Principalmente quando se trata de assuntos de interesse da nação. Quando eu fui presidente convidei todo mundo para ir ao Palácio, inclusive o Lula...” E completou: “Ele foi ao palácio do Planalto várias vezes. Depois de eleito, mesmo quando ainda não era presidente, eu cedi a ele a Granja do Torto”.

A mágoa de FHC Fernando Henrique Cardoso não esconde a sua mágoa do ex-presidente Lula, que nunca o convidou para nada, ao fazer o seguinte comentário: “Mas no governo dele não me convidou nenhuma vez. Só me chamou para ir ao enterro do papa. Agora não, a Dilma foi muito gentil”. Um dos quatro presidentes chamados para dividir a mesa com o presidente dos Estados Unidos, em Brasília, o senador José Sarney, que foi presidente da República, também viu amadurecimento no convite feito por Dilma aos ex-chefes de governo. “Mostra que os problemas políticos são menores quando se trata do interesse nacional. É um avanço democrático” – foi o comentário feito pelo senador José Sarney.

Sarney analisa a ausência de Lula Sarney não se evadiu nem quando olhe pediram para comentar a ausência de Lula do almoço a Obama, em Brasília, fazendo este comentário: “Ele não quis ir ao almoço para não estabelecer uma comparação, um confronto dele com a presidente Dilma”. Sarney acredita que Lula demonstrou o desejo de “preservar a visita de possíveis saias justas”, resumindo tudo em uma frase: “A presidente trataria com Obama de questões que Lula tratou quando era presidente”. E ainda foi mais adiante na explicação dessa ausência tão comentada: “E a intenção de Lula foi mais no sentido de ajudar para o sucesso da visita de Obama ao Brasil. Não tem nada de pessoal; Foi uma coisa secundária”.

A popularidade de Dilma Sarney se fez de analista internacional para a imprensa, quando insistiu em

explicar a ausência de Lula: “A posição de Lula mostra que as relações dele com Obama eram de chefe de Estado para chefe de Estado e agora a chefe de Estado é a presidente Dilma”. Quanto à atual presidente, acaba de ser anunciada pesquisa do Datafolha, revelando que 47% dos entrevistados consideram a gestão de Dilma “ótima ou boa”. Ela ultrapassou o próprio Lula, cuja taxa de aprovação, no início de seu governo, foi de 43%. Já no segundo governo, Lula obteve popularidade de 48%. Dilma obteve popularidade maior do que os seus antecessores – de Sarney a Collor e Fernando Henrique Cardoso. Vale a pena lembrar, que com três meses de governo, o ex-presidente Fernando Collor de Mello obteve 36% de ótimo/bom. O ex-presidente Itamar franco, que foi empossado depois do “impeachment” de Collor, conquistou 34% de aprovação popular. Fernando Henrique Cardoso, que foi eleito em 1994, sacudido pelo Plano Real e a estabilidade econômica, conseguiu 39% de aprovação nos três primeiros meses de gestão. Reeleito em 1998, sua popularidade caiu para 21%. Só 7% consideraram o governo de Dilma ruim ou péssimo, enquanto 34% consideraram regular e 12% não souberam responder. A pesquisa Datafolha foi realizada entre os dias 15 e 16 de março em 170 municípios. Vale a pena lembrar quem, neste almoço com os ex-presidentes da República presentes, o presidente Obama disse que o governo norte-americano terá de dispensar ao Brasil um tratamento semelhante ao que é dado à China e à Índia, os dois novos parceiros especiais entre os países emergentes. Uma declaração sumamente importante para o Brasil.


Brasília e Coisa & Tal

Romário Schettino

Deputada enrolada

Paulo Negreiros

A deputada distrital Celina Leão é do mesmo partido de Jaqueline Roriz, o PMN, e está tão enrolada em falcatruas quanto sua ex-patroa. A ironia do destino é que Celina foi parar na presidência da Comissão de Ética da Câmara Legislativa. Já pensaram? Para se livrar, ela só tem esse argumento: “É tudo denuncismo, não tenho nada a ver com os negócios do meu irmão e nossa família não precisa disso [fazer maracutaia]”. Sei, acredito.

Procura-se

revistados pelos seguranças de Barak Obama. Indignados, e com razão, abandonaram o encontro com os empresários antes do início de discurso do presidente estadunidense. Foi uma quebra de acordo diplomático e um desrespeito com autoridades brasileiras. É mais um lance da tradicional arrogância dos seguranças norte-americanos, que acham que o mundo inteiro tem que se curvar diante do seu imperador. Além disso, o presidente da seção americana do Conselho Empresarial Brasil-EUA, John Faraci, subiu ao palco e começou a falar em inglês. Desse jeito, o clima azedou de vez.

Missão de Obama

Ninguém sabia aonde andava Jaqueline Roriz. Teve que ser intimada pelo Diário Oficial. Sua irmã, Liliane, igualmente Roriz, já deu o seu showzinho: “Eu exijo que minha irmã seja investigada [para provar que não encontrarão nada]”. Sei, quem botou a mão na bufunfa foi o maridão dela, ela só estava olhando. E mais, Liliane quer dar a impressão de que tudo aquilo exibido pela televisão são águas passadas de antes da eleição e fruto de caixa 2. De novo a pergunta: Por que será que só agora exibiram o filme? Quem está por trás disso?

Guido Mantega e Edison Lobão, ministros revistados durante visita de Obama

Marcello Casal Jr./ABr

ACS/GMF

Divulgação

Ministros revistados

Guido Mantega (Fazenda), Edison Lobão (Minas e Energia), Aloizio Mercadante (Ciência e Tecnologia) e Fernando Pimentel (Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior) foram

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O verdadeiro motivo da visita de Barak Obama ao Brasil, além do óbvio interesse de estreitar relações com a América Latina, é ganhar espaço na exploração do petróleo do pré-sal brasileiro. Se o Brasil desistir do modelo de partilha e da soberania sobre o petróleo, pode ser que os EUA concordem com uma cadeira no Conselho de Segurança da ONU. O resto é só fantasia, performance e demagogia.

Gritaria por nada A cantora Maria Bethânia foi alvo de duras críticas porque apresentou um projeto de blog da poesia para captar recursos na Lei Rouanet. A


Comunicando

Divulgação

gritaria foi tanta que o cantor Lobão propôs que ela desistisse “dessa porra”. Grosseria desnecessária. Aliás, Lobão não passa de um lobinho que não faz nada que preste. Mais respeito minha gente, à artista e à poesia.

CGTB repudia

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A Central Geral dos Trabalhadores do Brasil (CGTB) repudiou a agressão militar promovida pelos EUA/OTAN à Líbia. A Central considera que a ação aprovada no Conselho de Segurança da ONU, com a abstenção do Brasil, “criminosa e imperialista”. “Assim como inventaram a existência de “armas de destruição em massa” no Iraque para invadir e roubar seu petróleo, os EUA, através da mídia financiada pelos cartéis bélico-petroleiros, produzem agora calúnias contra a Líbia para justificar seu novo ataque”, diz a nota. O objetivo da resolução do Conselho, segundo a CGTB, é a invasão militar para privatizar a Companhia Nacional de Petróleo da Líbia, passando seu controle para as grandes corporações petrolíferas ocidentais.

Organizar a alegria? O secretário de Cultura do DF, Hamilton Pereira, ao final de quatro dias de folia no Ceilambódromo, realizada em condições orçamentárias desfavoráveis, comemora a vitória da festa e propõe: “Vale a pena refletir sobre o Carnaval de 2011. Devemos realizar o Carnaval no Ceilambódromo? Ou estabelecer um rodízio que inclua as diversas cidades? Construir uma estrutura permanente como Rio e S. Paulo? Onde? Analisar e responder a essas perguntas desapaixonadamente, pensando na importância do Carnaval para o DF”. Com a palavra, os sambistas e foliões da cidade. O assunto será debatido, em breve, também no Conselho de Cultura.

Censura na Ceilândia?

O administrador de Ceilândia, Ari de Almeida, que decidiu “restaurar a ordem pública” na cidade. Por isso, diante do pedido do maestro Jorge Antunes para que autorizasse a exibição de sua Ópera de Rua - “Auto do Pesadelo de Dom Bosco”, uma sátira à Caixa de Pandora, disse, por escrito, que esse não era o momento. O espantoso é achar que depois do escândalo envolvendo Jaqueline Roriz, não seria conveniente autorizar uma obra que recebeu recursos

do Fundo de Arte e Cultura e que tem a obrigação de oferecer espetáculos em contrapartida. Já Salim, administrador do Cruzeiro, enviou mensagem: “A Ópera é um libelo contra o rorizismo e o arrudismo. Será bem vinda ao Cruzeiro”. Pressionado, Ari de Almeida reconsiderou a decisão e autorizou o espetáculo. Vamos em frente.

Roteiro cultural Até o mês de maio, no Rio de Janeiro, uma peça e três exposições pra ninguém botar defeito. Se algum desses programas culturais vier para Brasília ninguém pode perder. Vamos lá: Teatro - A Lição & a Cantora Careca, textos de Eugene Ionesco, com Cécil Thiré, Nelson Xavier, Roberto Frota, Thelma Reston, Renata Paschoal e a impagável Maria Gladys. A peça é dirigida por Camilla Amado e o brasiliense Delson Antunes. Até o dia 8 de maio no Teatro Maison de France. Exposições: Primeiro, é preciso ver “O Universo Gráfico de Glauco Rodrigues”, na Caixa Cultural do Rio de Janeiro (Av. Almirante Barroso, nº 25), que me foi indicado pelo artista plástico Glênio Bianchetti. Na sala em frente, é também obrigatória a visita aos beijos de Rubens Gerchman – os últimos anos. Tudo isso, até o dia 8 de maio. Depois, é preciso ir até o Instituto Moreira Salles para conhecer um lugar especial, aconchegante e ecologicamente irretocável. O Instituto fica na Rua Marquês de São Vicente, 476, na Gávea. Lá, tem painel de Portinari e jardim de Burle Marx. Além disso, está com uma exposição de tirar o fôlego: Vídeo portraits, de Robert Wilson. Entre os fotografados em poses e movimentos inéditos e originais estão Johnny Depp, Jeanne Moreau, Brad Pitt, Alan Cumming e outros. Essa exposição fica até o dia 15 maio. Como diria o artista plástico Evandro Salles: Chocante! E-mail: romario@abordo.com.br

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Política Brasília Por: Veronica Soares

Ficha Limpa só vale em 2012

Fábio Rivas/CLDF

O Conselho de Ética e Decoro Parlamentar da Câmara instaurou, na última quarta-feira (23), processo de cassação contra a deputada Jaqueline Roriz (PMN-DF), flagrada junto com o marido, Manoel Neto, recebendo dinheiro do ex-secretário de Relações Institucionais e delator do esquema de corrupção do governo Arruda, Durval Barbosa. Agora, o presidente do colegiado, deputado José Carlos Araújo (PDT-BA), abrirá prazo de cinco sessões ordinárias da Casa, para que a parlamentar apresente defesa. A representação que pede a perda do mandato da deputada do PMN foi apresentada pelo PSOL, depois da divulgação do vídeo. O relator do caso no Conselho é o deputado Carlos Sampaio (PSDB-SP). Ele assumiu o posto na terça (22) e classificou como “péssima” a atmosfera em torno do caso. No entender do relator, as imagens de Jaqueline recebendo um maço de dinheiro de Barbosa são “impactantes”. Mas, mesmo assim, Sampaio declarou que tem que estudar as imagens dentro do regramento jurídico da Casa e da ordem jurídica que existe no país. O relator terá 90 dias para conduzir os trabalhos e elaborar o relatório que será votado pelo colegiado e depois enviado ao presidente da Casa, deputado Marco Maia (PT-RS), para ser submetido ao plenário da Câmara. A perda do mandato é a pena máxima prevista pelo regimento do colegiado.

Jaqueline Roriz II A Segunda Vara de Fazenda Pública do Tribunal de Justiça determinou, na ultima terça-feira (22), o bloqueio dos bens da deputada Jaqueline Roriz, do marido dela, Manoel Batista de Oliveira Neto, de Durval Barbosa e do ex-governador José Roberto Arruda. A ação de improbidade administrativa foi ajuizada pelo Ministério Público, que argumentou que os acusados fazem parte de um suposto esquema de compra de apoio político.

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O Supremo Tribunal Federal (STF) anulou, por seis votos a cinco, os efeitos da Lei da Ficha Limpa nas eleições de 2010. Com a decisão, a lei tem os efeitos adiados para as eleições de 2012. O voto decisivo foi do ministro recém-indicado, Luiz Fux. No ano passado, a aplicabilidade da lei já tinha levantado polêmica, quando numa votação na Corte terminou em empate por cinco votos a cinco. Com a nova decisão, a regra que até então estava validada no pleito do ano passado, dará um novo rumo à composição do Congresso e de assembleias estaduais em todo o país. Os políticos que concorreram sem registro e obtiveram votos suficientes para se eleger no pleito anterior, poderão reivindicar os mandatos para os quais foram eleitos e não estavam ocupando. A norma entrou em vigor no dia 7 de junho do ano passado, quatro meses antes do primeiro turno eleitoral. Desta vez, o entendimento da maioria da Corte e de acordo com o artigo 16 da Constituição Federal, uma lei que modifica o processo eleitoral só pode valer no ano seguinte de sua entrada em vigor. A Justiça Eleitoral deve ser obrigada a contabilizar votos de políticos declarados inelegíveis.

Segundo plano Depois que assumiu a presidência da Câmara Legislativa, o deputado Patrício (PT) pouco aparece para presidir as sessões ordinárias da Câmara Legislativa. Diferente de quando era vice-presidente, na legislatura passada, quando fazia questão de substituir a presidência da Casa na tribuna. Enquanto o blá-blá-blá corre no plenário, Patrício prefere atender as lideranças e a comunidade que o procura. Acredita que ganha mais do que ficar exposto às questões polêmicas que tomam conta dos discursos dos deputados.

Gustavo Lima

Jaqueline Roriz I

Danos morais Segundo uma fonte que não quis se identificar, após o Correio Braziliense trazer na manchete a notícia de que a Justiça teria bloqueado os bens do ex-governador Joaquim Roriz (PSC), sem que o fato fosse verdadeiro, os advogados de Roriz já correm para entrar com uma ação contra os Diários Associados. O corpo jurídico afirma que a informação equivocada, por mais que tenha sido corrigida, causou um dano incalculável, não apenas à imagem, mas também ao momento em que o ex-governador passa. Roriz se recupera de uma delicada cirurgia cardíaca em São Paulo.


Gab.Dep.C.Leão/CLDF

A vez de Celina Leão

Aos poucos a máquina do rolo compressor de Durval Barbosa está sendo ligada, prometendo esmagar cabeças. Desta vez, as denúncias atingiram a distrital Celina Leão (PMN). As denúncias feitas pelo jornal Correio Braziliense, na última semana, dão conta de que Celina, eleita distrital em 2010, teria participado, quando era chefe de gabinete da parlamentar Jaqueline Roriz, de um esquema de fraudes em licitações. De acordo com a matéria, o Ministério Público do Distrito Federal investiga acusações de que Jaqueline, seu marido Manoel Neto e Celina, além de parentes deles, montaram uma organização que desviava dinheiro público e fraudava contratações de obras vinculadas à Administração Regional de Samambaia. Notas de empenho do GDF comprovam que, entre 2008 e 2009, a empresa do cunhado de Celina foi contratada para realizar obras naquela satélite. A empresa prestava serviço na construção de praças, paradas de ônibus, recuperação de calçadas e limpezas de bocas de lobo. Nos dois anos, a firma teria faturado R$ 666,5 mil. O problema é que os contratos feitos entre a empresa do cunhado de Celina e a administração de Samambaia foram considerados fraudulentos pelo Tribunal de Contas do DF, que acatou os argumentos da representação feita pelo Ministério Público.

Chico Vigilante pede investigação de Celina Depois das denúncias de que a deputada Celina Leão (PMN) teria participação em esquema fraudulento, o deputado Chico Vigilante, líder do bloco PT-PRB, manifestou-se pedindo a imediata apuração dos fatos. Na última segunda-feira (21), o distrital petista, protocolou representação na Corregedoria da Casa onde pede investigação minuciosa de suposta participação de Celina Leão, presidente da Comissão de Defesa dos Direitos Humanos, Cidadania, Ética e Decoro Parlamentar da Câmara Legislativa, no esquema fraudulento que envolve também a deputada Jaqueline Roriz (PMN). No entender de Vigilante, a população não suporta mais conviver com a onda de denúncias que tanto envergonha a sociedade de

Brasília e desacredita cada vez mais o Poder Legislativo da capital. “São denúncias de teor gravíssimo. Não dá para ficar por isso mesmo. É preciso que se faça uma investigação urgente em tudo o que foi publicado”, disse o parlamentar. “A Câmara Legislativa necessita resgatar a sua auto-estima imediatamente para que a população do DF volte a andar de cabeça erguida diante do resto do país”, completou ele. A representação foi encaminhada à Mesa Diretora, Corregedoria da Câmara Legislativa e ao Ministério Público do DF.

Um Leão no Twitter Para se defender, Celina Leão, lançou mão do Twitter. No microblog, a deputada criticou o sensacionalismo e parcialidade dos meios de comunicação local. “Impressionante como o sensacionalismo e a forma de calar a oposição acontecem no DF. Sem novos fatos, com denúncias apócrifas e repetidas. Por que será que nenhum jornal fala sobre a denúncia de suspeita de Caixa 2 da campanha do Agnelo? Este assunto está abafado?”, postou a deputada. Celina também questionou a atuação de seus colegas parlamentares. “Por que os deputados não representaram contra o governador com as denuncias da Veja? Ninguém fala sobre isso… Por que a CPI da Saúde esta parada com 17 assinaturas? Ninguém quer investigar?”. Em outra publicação ela ataca o deputado petista. “Será que o Chico Vigilante vai sair na capa dos jornais, DFTV, Record por suspeita de beneficiar as máfias dos pardais?”. “Hipócritas, que querem aparelhar o sistema e calar a boca da oposição”. E fica dito Celina. Ou seja, escrito.

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Dinheiro

mauro castro

Carreira ou estabilidade E

m uma conversa, na mesa ao lado da minha em um restaurante, era discutido o futuro de uma filha, que não foi revelada a idade. Os pais resolviam o destino e escolhiam os melhores concursos que se aproximam em Brasília. Na verdade, os pais pouco importavam quanto ao destino profissional da filha, faziam contas de quanto deveriam investir em cursos preparatórios e como isso valeria a pena. Os muitos anúncios no jornal com propagandas de cursos preparatórios para concurso público demonstram o interesse das pessoas por este tipo de carreira. Em alguns casos pessoas deixam seus empregos e sacrificam o orçamento familiar para se dedicarem à sua preparação para o serviço público. Como o mercado está cada vez mais exigente para contratar pessoas qualificadas e a competição está crescente, parece que o emprego no setor público é a melhor saída. No entanto, um cuidado deve ser tomado: qual a função do concurso que você está fazendo. Saber se você está perseguindo sua carreira e suas metas ou apenas se está atrás de um salário faz toda diferença depois de passar e ser chamado. Estamos falando da sua vida profissional, além do dinheiro empregado há o tempo investido, que lhe tira outras oportunidades, como sua formação e carreira. Faça as contas: quanto você já investiu em concurso público? Saiba que esse investimento só terá retorno se você estiver apostando na sua carreira e não em um emprego. Para aqueles que procuram estabilidade é bom saber que não há risco na iniciativa privada para pessoas esforçadas, competentes e motivadas. Se estas características fazem parte de você, pode começar a repensar seus objetivos. A filha do casal da mesa ao lado, sequer sabe que seu destino estava sendo traçado junto com garfo, faca e boa comida mineira.

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Curtas O aumento da renda, aliado à estabilidade da economia no País, deverá exercer forte impacto no transporte civil brasileiro, colaborando para que o número de passageiros de avião supere em 10% os de ônibus, em 2011. Com as diferenças tributárias e a redução dos preços e facilidades de pagamento no transporte aéreo, a tendência é de que o número de passageiros de ônibus continue caindo. No final de 2010, o setor de transporte terrestre perdeu cerca 3,5 milhões de passageiros para a aviação. Se isso tudo se confirmar, como fica nossa estrutura aeroportuária A Comissão de Defesa do Consumidor da Câmara realizou audiência pública para discutir a qualidade do serviço de telefonia móvel e os preços das tarifas. Para os idealizadores do debate, deputados Carlos Sampaio (PSDB-SP) e Chico Lopes (PCdoB-CE), o setor de telefonia celular continua liderando o ranking de reclamações nos órgãos de defesa do consumidor do Brasil e também nas redes sociais. Existem mais de 300 mil queixas de consumidores nos órgãos de defesa do consumidor em relação a esse tipo de serviço. O Brasil tem o quarto serviço de telefonia celular mais caro do mundo, o que deveria compensar para um bom atendimento. O pior no processo de queixas é que as operadoras continuam gastando mais em propaganda do que em bom e ético serviço. Para se ter uma idéia, no juizado de pequenas causas há um advogado constante apenas para atender a fila de reclamantes deste sistema. Em tempo, o advogado defende qualquer operadora, afinal, as reclamações se parecem. O número de mensagens SMS de celular mandadas pelos brasileiros cresceu entre 2009 e 2010. Porém, o preço ainda é impeditivo para a disseminação do serviço. Em média, são enviadas 21 mensagens de celular por mês no Brasil. Na Argentina, o total de mensagens enviadas mensalmente é de mais de 100 em média pela população. O SMS é caro e pouco utilizado. Uma ferramenta prática para aqueles momentos que não dá para falar, mas é preciso comunicar.


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Capa

Por: Virginia Ciarlini | Fotos: Gustavo Lima

Dívida Reparação, constrangimento ou solução?

P

erdura a discussão em torno da reserva de vagas para negros nas universidades públicas do país. As chamadas cotas raciais geram mais polêmica que as demais, como a reserva de vagas para mulheres em partidos políticos e vagas para filhos de militares e estrangeiros transferidos, por exemplo. Os debates mais fervorosos giram em torno dos termos raciais ou sociais, e ainda de reparação histórica ou privilégio. Números do IBGE de 2002 apontam que mais de 45% da população brasileira é composta por negros e pardos, no entanto, a maioria dos profissionais formados, com nível superior, é branca. Assim como o número de professores nas escolas, parlamentares na política, jornalistas nas redações, atletas em olimpíadas e demais segmentos da sociedade. Esses são pontos da reflexão sobre a desigualdade racial no país, que acabaram por consolidar a idéia da necessidade de ações afirmativas como instrumento de combate aos disparates. A ação afirmativa no Brasil é uma medida legal, adotada por tempo determinado, que visa garantir tratamento e oportunidades iguais àqueles que foram discriminados e marginalizados, durante muito tempo, por motivos específicos no decorrer da construção social do país. A adoção do sistema de cotas raciais em universidades brasileiras é justificada como sendo a criação de um mecanismo alternativo de ingresso da população negra ao ensino superior. Mas a pergunta que fica é porque não se adotar cotas sociais em vez de raciais quando esse acesso privilegiado poderia abranger a maioria pobre e multiétnica?

A história No art. 5° da Constituição de 1988 está escrito que, “todos são iguais perante a lei sem distinção de qualquer natureza”. Ou seja, todo indivíduo tem que ser tratado de forma igualitária, independendo assim, a origem, raça ou gênero e sem estabelecer privilégios para que qualquer indivíduo possa crescer profissional, pessoal e financeiramente, considerando que todos nascem com as mesmas condições. Então, como explicar que o negro no Brasil não conseguiu atingir padrões sociais relevantes no decorrer da história do país? Portanto, partindo dessa premissa é que se desenvolve a necessidade de que seja estabelecida uma condição de desigualdade desse grupo social para que as ações afir-


Social mativas tomem força. Uma tentativa de suprir esse vácuo com o objetivo de promover circunstâncias de igualdade, em todos os segmentos da sociedade que é dominada por uma maioria branca. Essa idéia de discriminar para combater é o foco das discussões sobre as ações afirmativa das cotas raciais que gera conflito e divide opiniões de estudiosos, políticos e sociedade civil como um todo. A história da escravidão no Brasil, em que o negro sequer era considerado cidadão, desdobra nas condições de desigualdade vivenciadas hoje.

O princípio da defesa O Senador Paulo Paim (PT/RS) não tem dúvida de que o preconceito racial no Brasil é forte e latente e que em todos os segmentos sociais as vagas são preenchidas por maioria branca, pois a discriminação existe e o negro está sempre em condições de subalterno. “São poucos negros e em lugares estratégicos. No senado são 81 vagas e apenas um negro. Na câmara são 513 e pouco mais de 10 negros”. Autor do projeto original do Estatuto da Igualdade Racial, o senador ressalta que os setores progressistas, que não são preconceituosos, sempre se mexeram e lutaram combatendo esse preconceito. Ele dá exemplos como a Lei Áurea, sancionada em 13 de maio de 1888, que extinguia a escravidão, passando pela Lei do Vente Livre de 1871 que libertou todas as crianças nascidas de pais escravos e a Lei Afonso Arinos de 195, que proíbe a discriminação racial no país. “O acúmulo de leis no decorrer da história mostra que o enfrentamento à discriminação racial é latente. Uma realidade que precisa ser combatida”, afirma o senador. Paim dá exemplos do cotidiano em que os setores de ponta são nitidamente preenchidos por brancos. “Os aviões de carreira , os restaurantes mais caros, os shoppings centers, os cinemas, os clubes e muitos outros, além, é claro, das vagas nas universidades”. Hoje, o Estatuto da Igualdade Racial é uma Lei considerada um grande passo na promoção da igualdade. A Lei prevê a garantia “à população negra a efetivação da igualdade de oportunidades, a defesa dos direitos étnicos individuais, coletivos e difusos e o combate à discriminação e às demais formas de intolerância étnica”. Mas Paim lembra que a caminhada foi árdua e que mais de 20 anos se passaram na discussão da peça original. A Universidade de Brasília (UnB), a primeira federal a adotar o sistema de cotas raciais no Brasil destinou 20% das vagas de cada curso oferecido

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a candidatos negros, que preencheram 18,6% dessas vagas no primeiro vestibular. O objetivo da medida visa a inclusão social por meio do acesso ao ensino superior. O professor Joaze Bernardino da Costa, Assessor de Diversidade e Apoio aos Cotistas da UnB comenta que, mesmo com números, ainda preliminares, a evasão dos cotistas é menor que as dos não cotistas e diz que no segundo semestre desse ano serão apresentados estudos detalhados sobre o tema. Ele revela que hoje já são mais ou menos setenta universidades no país que adotaram o sistema de cotas ou bônus e ressalta que apenas três, incluindo a UnB adotaram o uso de uma banca de entrevistas

Cota é um mecanismo paternalista, com potencial de se tornar humilhante para muita gente. na tentativa de coibir fraudes na seleção. E diz ainda que, o injustiçado pode recorrer da decisão legalmente porque o sistema acolhe essa conduta. E como educador e defensor do sistema de cotas raciais, ele revela que há estudos que apontam para um sistema educacional de vantagens e desvantagens na sociedade brasileira que influenciam no desempenho dos alunos no decorrer da vida escolar. “Um aluno negro, muitas vezes, tem um Para o sociólogo Bolívar Lamounier só haveria cotas sociais se estas fossem estabelecidas de maneira judiciosa.

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desempenho menor que um aluno branco”, comenta. Ele ressalta que as capacidades do aluno negro não são menores e que o sistema educacional privilegia os brancos. “No plano das relações sociais não se trata todo mundo igual”, conclui.

Contraponto Para o sociólogo Bolívar Lamounier, que discorda da adoção do sistema de cotas raciais, só haveria cotas sociais, e mesmo estas deveriam ser estabelecidas de maneira judiciosa. Ele defende que, “cota é um mecanismo paternalista, com potencial de se tornar humilhante para muita gente. Por que não desenvolver um amplo problema de bolsas e crédito escolar?”. Segundo o sociólogo, para surtir algum efeito, o próprio programa de cotas precisaria ser muito amplo, o que provavelmente criaria muitos problemas sem resolver nenhum. “Acabar-se-ia fomentando ressentimentos justificados entre os candidatos não-negros. Mas eu me oponho totalmente a cotas raciais. Acho que devemos pensar num Brasil de brasileiros e ponto final”. E quando o assunto é o critério que define que determinado indivíduo poderá ingressar na universidade por meio das cotas raciais ele é incisivo e diz que essa é uma boa questão a se fazer aos que favorecem esse tipo de cota. “Basta ver o que ocorreu tempos atrás na UnB: dois gêmeos, um classificado como negro e o outro como branco. A decisão acaba ficando com as tais “comissões”, orientadas, muitas vezes, por critérios ideológicos”. Defensora do ensino público de qualidade, a deputada distrital Eliana Pedrosa (DEM/DF), autora da Lei 3361/2004, ressalta que a valorização do ensino público é que estimula a participação mais efetiva e igualitária de professores e alunos. A Lei institui “reserva de vagas, nas universidades e faculdades públicas


do Distrito Federal, de, no mínimo, 40% por curso e por turno, para alunos oriundos de escolas públicas do Distrito Federal”. A deputada defende que a maioria da população de baixa renda tem que ter a oportunidade do acesso ao ensino público de qualidade e, como conseqüência natural, o acesso às universidades. Ela ressalta que a restrição ao sistema de cotas raciais se deve ao fato de que um negro em condições de pagar pelo ensino privado, muitas vezes se vale da cor da pele para se inserir no sistema de cotas raciais. Eliana Pedrosa, que só estudou em escola pública pondera que, “a adoção de uma ação afirmativa como a das cotas raciais pode ser importante nesse momento como um impulso, um primeiro passo, mas que é imprescindível resgatar e valorizar o ensino público”. O Democratas (DEM) tem uma ação ajuizada no Supremo Tribunal Federal (STF), contra a utilização de critérios raciais adotados na política de cotas. O partido questiona de que forma esse tipo de ação afirmativa pode solucionar o preconceito racial no Brasil e deixa o alerta de que, em outros países, a adoção desse sistema foi, por vezes, desastrosa, a exemplo de Ruanda (África), que desde a década de 30 já havia institucionalizado essa política e que 60 anos depois descambou para uma guerra civil. Já o senador Paulo Paim, que defende o sistema de cotas raciais, cita o exemplo dos EUA, que por longo período adotou o sistema e depois o aboliu por já ter cumprido o papel a que foi destinado. “O presidente dos Estados Unidos e a primeira dama são exemplos de que as cotas dão certo. Eles se utilizaram do sistema”. E as polêmicas situações que envolvem a discriminação racial estão sendo, cada vez mais, expos-

tas na sociedade. Um caso recente divulgado pela mídia brasileira foi a do deputado Júlio Campos (DEM/MT) durante reunião da bancada do partido na Câmara dos

a adoção de uma ação afirmativa como a das cotas raciais pode ser importante nesse momento como um impulso.

Deputados no dia 18 de março. Júlio Campos usou a expressão “moreno escuro” para se referir ao ministro do STF, Joaquim Barbosa. O contexto da situação era uma crítica do deputado em relação à eficácia do foro privilegiado destinado às autoridades do país e o referido deputado alegou que não lembrava o nome do ministro. Joaquim Barbosa é o primeiro negro do Supremo. Por meio de nota, Júlio Campos admitiu ter usado a expressão “moreno escuro”, e o gabinete do ministro disse que o deputado enviará um pedido formal de desculpas. Esse é mais um caso em que se percebe um vocabulário preconceituoso arraigado e cheio de vícios. Expressões como “a coisa tá preta” e “negra do cabelo duro”, por exemplo, fazem parte de um dia a dia racista de uma população que nem percebe como essa cultura vai passando de geração em geração.

Números do preconceito Durante o lançamento da pesquisa de Julio Jacobo Waiselfisz, que retrata o Mapa da Violência nos Municípios Brasileiros, foram divulgados os seguintes dados estarrecedores em relação à situação do negro no país. No ano de 2008 morreram 103% mais negros do que brancos. A pesquisa também mostra que o número de assassinatos de brancos vem caindo, enquanto o de negros continua a subir. Foi registrada uma queda de 22,7% nos homicídios de pessoas brancas e uma alta de 12,1% entre negros nos anos de 2005 a 2008. A cada três assassinatos ocorridos no Brasil, dois são de negros. A diferença entre o número de negros mortos e brancos mortos sempre existiu, no entanto, 10 anos antes era de apenas 20% e não 103%. Segundo o autor da pesquisa, os dados são um retrato da disparidade gerada pela falta de segurança que atinge principalmente a camada mais pobre, composta majoritariamente por negros.

A deputada Eliana Pedrosa acredita que as cotas são importantes e defende tambem a valorização do ensino público PLANO BRASÍLIA 29 DE MARÇO DE 2011

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Cidadania

Por: Larissa Galvão | Fotos: Gustavo Lima

Síndrome de Down

Viva as diferenças

T

er um parente ou um amigo com “Síndrome de Down”, normalmente confronta pessoas com realidades diferentes, que nunca tiveram contato com a rotina de alegria e desafios que eles enfrentam. A inclusão social ainda é um grande problema para pessoas portadoras de qualquer tipo de necessidade especial e suas famílias. Há também aqueles que vivenciam estas dificuldades em perfeita harmonia e tomam uma atitude. É o caso do professor de Educação Física Garcia Moreno, que há 23 anos dá aulas de natação para adolescentes e adultos que possuem a síndrome no Departamento de Educação Física, Esportes e Recreação (Defer). A ideia de Garcia Moreno em trabalhar com portadores da síndrome de down foi motivada pelo amor e a vontade de ajudar o irmão, Humberto Chaves, que tem a síndrome. Numa parceria entre a Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais (Apae) e a Secretaria de Esporte e Lazer do Governo do Distrito Federal (GDF) ele começou com as aulas de natação, adaptadas para pessoas com diversos tipos de deficiência. “Esse trabalho gera a socialização e uma melhora na vida de cada um deles”, afirma Moreno.

Se a iniciativa deixa o professor orgulhoso, os pais dos alunos da natação não cabem em si de contentamento. Maria Aparecida Monteiro, mãe da aluna Mariane Monteiro, 24 anos, elogia as aulas que a filha faz há cinco anos. “O Garcia tem todo um carinho especial. Uma dedicação com os meninos e eles o adoram. Essa aula é muito importante para a socialização de todos”, garante ela. Para profissionais que trabalham com pessoas portadoras da síndrome de down, especialistas aconselham que o primeiro passo é conhecer muito bem as características físicas dos mesmos para melhor execução do trabalho. A hipotonia, doença que afeta o controle nervoso motor ou a força muscular é uma característica presente desde o nascimento. O problema tem origem no próprio sistema nervoso central. Conforme orientação do Ministério da Saúde, é importante que os professores dessa “turminha” enfatize sempre o equilíbrio, a coordenação de movimentos, o ritmo, a sensibilidade, os hábitos posturais e os exercícios respiratórios. A natação é um esporte que envolve a maioria dessas recomendações e faz a diferença na saúde dos portadores da síndrome. Maria Celeste Pereira, mãe de Fabiano Pereira, 40 anos, confirma os benefícios das aulas na vida de seu filho e dos amigos

Acredito que um dia as pessoas serão mais esclarecidas e preparadas para receber um filho Down normalmente

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de esporte. “A natação é muito importante para que eles melhorem a coordenação motora e, principalmente, para diminuir a flacidez que as pessoas com síndrome de Down têm a mais”, diz. Garcia Moreno se apressa em informar que a metodologia utilizada em suas aulas de natação é única para todos os alunos. Para demonstrar a união e o amor pelo irmão Humberto, o professor Garcia Moreno escreveu o livro ‘Síndrome de Down, um problema maravilhoso’. Uma publicação que, segundo a presidente da Federação Brasileira das Associações de Síndrome de Down, Maria Madalena Nobre Mendonça, ajuda a esclarecer, de forma clara, a terceira cópia do cromossomo 21 que determina a doença genética e orienta como lidar adequadamente com os portadores da síndrome. Além disso, o livro ensina também como entender as principais dificuldades da patologia, canalizando-as numa perspectiva de melhoria e desenvolvimento de suas potencialidades. Para Garcia, o livro é um sonho realizado. “Escrever sobre a síndrome de Down e sobre o meu Gordinho me fez sorrir, chorar e sonhar. Sorrir, porque ele é alegria na sua mais pura essência. Chorar, porque eu o amo tanto, e as vezes a gente se depara com esta sociedade mal informada que o trata com tanta discriminação. E sonhar, porque eu acredito que um dia as pessoas serão mais esclarecidas e preparadas para receber um filho Down normalmente, sem medo, conscientes de que ele tem um problema que é a Síndrome, mas que, recebendo carinho e sendo estimulado, poderá levar uma vida absolutamente normal”, desabafa. É com essa dedicação e entendimento que todos os dias a aula começa. Uma sessão de alongamento. Depois, eles caem na água e iniciam as atividades, sob o olhar de perto do dedicado professor Garcia Moreno. Entre braçadas e batidas de perna eles conversam, sorriem e fortalecem os laços de amizade. Em um mundo em que a maldade, a discriminação e o desamor não tem espaço.

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Gente

Por: Edson Crisóstomo

Carlos Weidle e Ananda Froes

Cristiana Von Sperling, Maita Von Sperling, Luciana Morais e Alex Morais

Bruno Von Sperling e Francisco Duarte

Marlene Galeazzi, Mariza de Macedo Soares e Voriques Oliveira

Política Justiça proíbe registro de novo partido Calma leitor/eleitor, essa proibição ocorreu na Espanha. Lá, a justiça muito atenta e rápida, identificou vínculo entre uma nova sigla partidária e o grupo separatista ETA. Bem, aqui a notícia da semana da conta do renascimento do velho PSD com os também velhos e manjados políticos de $empre. Vendem dificuldades e recebem facilidades. Dão apoio, recebem favores, e assim se faz uma base de apoio, quase sempre muito pouco confiável. Dessa forma, segue o país sem uma reforma política que de fim aos oportunistas do legislativo.

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A regra é clara O novo ministro Luiz Fux desempatou a votação no STF (6 X 5), fez valer o artigo 16 da Constituição em que Lei Eleitoral só terá aplicabilidade no ano seguinte à sua aprovação. Sendo assim, o projeto popular (1.500.000 assinaturas) só tem valor a partir de 2012. Os fichas sujas estão em êxtase.


César Rebouças

Cristiano Sérgio

Fernanda Queiroz

Liana Sabo e Suzana Leste

Caixa Rápido Morde e assopra De um lado, a presidente Dilma Rousseff cobrando explicações, do outro, o mercado financeiro e no centro, o presidente do Banco Central (BC) Alexandre Tombini dando mostras que a inflação começa a ceder. Na lógica e na prática, o mercado vai trabalhando em seu favor dizendo o seguinte: O BC é muito otimista.

Ilza Queiroz, Agnelo Queiroz, Roberta Saad, Fernanda Queiroz e a mãe do governador, Alaíde Queiroz

Gilda Diniz, Dinah Feitoza, Rose Felipe Zuleika de Souza, Paula Simas e Andrea Zayit

Geleia Geral Oi Oi Oi A 3ª edição do Projeto Encantadora, patrocinado pela Caixa Seguros veio com duas novidades: a inclusão de espetáculos teatrais e ingressos à R$ 25,00 para todas as atrações. O espetáculo teatral, que acontecerá nos dias 08 e 09 de abril com a atriz Savana Glacial também será no Teatro Oi Brasília, localizado no Complexo Golden Tulip. Ingressos à venda na bilheteria do teatro ou pelo site www. teatrobrasilia.com.br. Informações pelo telefone (61) 3424-7169.

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Cidade

Por: Fernanda Azevedo | Fotos: Gustavo Lima

Vilas Olímpicas Impasse sobre a administração prejudica beneficiários

Vila Olímpica de São Sebastião

O

projeto inicial fala da construção de 20 Vilas Olímpicas na imprensa e gerou discussão entre a população. Diante da no Distrito Federal. Depois baixou para 11. Até o mo- decisão do TJDFT, os contratos firmados na gestão anterior mento, apenas três delas saíram do papel. A primeira foram rescindidos e o Governo do Distrito Federal (GDF) ficou foi a de Samambaia, batizada com o nome de Vila Olímpica de assumir os locais para que o projeto não fosse interrompido. Transição que deveria ser feita de forma cuidadosa para Rei Pelé. As outras duas estão localizadas nas cidades de São Sebastião e no Parque da Vaquejada em Ceilândia. Comemo- não prejudicar a população atendida nas vilas. Mas não foi o que aconteceu. No último dia 17, prorada com muita “pompa e circunstânfessores e alunos assistidos pelo Centro cia”, em novembro do ano passado, Esportivo de São Sebastião quando a abertura do centro esportivo de chegaram para suas atividades diárias Samambaia teve a participação do deram com a cara no portão fechado. próprio rei do futebol brasileiro, Pelé A alegação era de que a Organização e de outros atletas famosos. Porém, a Não Governamental “Brasil Social Eu ressaca de final da festa não demorou Acredito” (BRA), que administrava o a aparecer. Posteriormente, veio o local, teve o contrato suspenso. escândalo da Caixa de Pandora envolO professor de futebol Heverton da vendo o ex- governador José Roberto Costa Macedo foi um dos 90 funcioArruda que estava à frente do projeto nários que trabalhava na Vila de São de construção das vilas. Sebastião que foi dispensado. Segundo Por isso, as outras duas vilas foram Macedo, desde o começo do ano, ele e inauguradas de forma quase sem graça os colegas foram previamente avisados pelo governador interino Rogério Rosde uma possível demissão, já que a BRA so. Hoje, o assunto “Vilas Olímpicas”, tinha sido notificada para entregar o devido o Tribunal de Justiça do Distrito centro esportivo em um prazo de 30 Federal e Territórios (TJDFT) ter decladias. A surpresa ocorreu quando a rado inconstitucional a lei que permitia ONG decidiu antecipar a suspensão que os espaços fossem administrados das atividades, prevista para ocorrer por Organizações Sociais sem a necesArtur Alexandre e a mãe Lívia Lanuce no dia 25. No dia 16, às 18h, todos os sidade de licitação ganhou destaque

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O professor de futebol Heverton da Costa Macedo

funcionários foram demitidos. Conforme Heverton, no dia 14, funcionários e professores do projeto de São Sebastião tinham, em reunião, concordado de que trabalhariam até o final do mês para que os alunos não fossem prejudicados. Com os portões fechados, eles não puderam honrar a promessa que incluía, inclusive, dispensa de remuneração. Segundo o professor, ele e a maioria dos colegas estavam trabalhando na Vila por acreditar no projeto, que visava mudar a vida das crianças ali atendidas. “Muitos professores deixaram empregos de anos para trabalhar na vila. Eu mesmo deixei um emprego de sete anos. O projeto era um sonho nosso”, informou. Heverton acredita que os motivos que levaram a BRA a antecipar o fechamento da vila foi o fato de que o prazo de três meses do contrato temporário estaria vencendo e a empresa não teria como arcar com os benefícios garantidos por lei como aviso prévio e 13º salário. Se por um lado os professores sentiram muito com o fechamento da vila, os alunos sentiram mais ainda. Artur Alexandre de 10 anos, praticava tênis na vila olímpica duas vezes por semana e conforme a mãe, Lívia Lanuce, o menino está sentindo muita falta do esporte. Artur até sonhava em se tornar um atleta profissional, todavia com a paralisação das atividades ele não tem certeza se vai poder voltar a praticar o esporte que aprendeu a gostar com as aulas na Vila Olímpica. Para Lívia, se o GDF resolver fazer um novo processo de seleção de turmas, não há garantia que seu filho vai poder voltar a praticar o tênis. A incerteza sentida por Lívia é

também compartilhada por Flordenice Gomes, 42 anos, que praticava ginástica localizada no local. Ela e toda a sua família faziam alguma atividade física no centro e quando as atividades foram suspensas a surpresa foi geral. “Ficamos chocados“, disse. Conforme a assessoria da Secretaria de Esportes do GDF, a ONG responsável pela vila de São Sebastião se antecipou. O acordo era de que a vila deveria ser entregue no dia 24 e no dia seguinte, o GDF já entraria com os funcionários concursados para não prejudicar o andamento das atividades. O GDF espera que até 30 deste mês as empresas entreguem as administrações dos espaços. Caso isto não ocorra, medidas judiciais vão ser tomadas. A BRA reconhece que se antecipou na demissão dos funcionários, pois teria até o fim do mês para entregar a vila. Mas a presidente da instituição, Ludmila Leão declarou que os contratos temporários venceram no dia 17 e a ONG não tinha como arcar com os custos de manutenção dos empregados. Conforme a Secretaria de Esportes, as vilas de Ceilândia e Samambaia estão abertas e funcionando na normalidade. No total, as três organizações sociais responsáveis pelas vilas receberam no ano passado, na gestão Arruda/Rosso, R$ 8,7 milhões para administrar os locais.

Saiba +

O projeto de lei distrital de instituição das organizações sociais foi aprovado na Câmara Legislativa no dia 4 de dezembro de 2007. Em votação simbólica, 17 deputados foram favoráveis à aprovação da lei. PLANO BRASÍLIA 29 DE MARÇO DE 2011

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Educação

Por: Alessandra Bacelar | Fotos: Gustavo Lima

Educação que vai além Rompendo limites para aprofundar o ensino superior

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a hora de escolher uma profissão, além de avaliar o mercado de trabalho, também é necessário investir no aperfeiçoamento da área. Por melhor que seja o curso de graduação, aprofundar o estudo em determinado segmento pode trazer grandes benefícios para o profissional. O planejamento de carreira é fundamental para direcionar a atuação pretendida e

assim se aprofundar em um campo específico. As pós-graduações se distinguem em dois tipos: a lato sensu, que oferece o título de especialista em determinada área e os chamados stricto sensu, que se divide em mestrado, que é o desenvolvimento de uma dissertação e doutorado, que é a defesa de uma tese. Os cursos “stricto sensu” são voltados para a pesquisa aprofundada

Coordenador de Pós-Graduação da UnB, Sérgio Porto

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em determinado tema, de forma a acrescentar algo novo para esse estudo, por meio de uma dissertação ou de uma tese. O objetivo principal é estabelecer um novo raciocínio de cunho científico ou tecnológico, que contribua para a conclusão do tema em questão. O coordenador de mestrado do UniCeub, Marcelo Varella, explica que essas pesquisas são em torno de temas pré-acor-

Coordenador de Pós-Graduação do UniCeub, Marcelo Varella


QUANTIDADE ATUAL de CURSOS DE PÓS-GRADUAÇÃO STRICTO SENSU RECOMENDADOS PELA CAPES No Brasil No Distrito Federal 29 1297 Mestrado 2 40 Doutorado 31 1337 Total de stricto sensu Mesmo se concentrando na área acadêmica e científica, as pesquisas strictu sensu têm aperfeiçoado profissionais nos mais diversos aspectos. Segundo o coordenador de pós-graduação da Universidade de Brasília (UnB), Sérgio Porto, os cursos stricto sensu não são profissionalizantes como a graduação.Por buscar além, essas profundas pesquisas melhoram a visão crítica do profissional, pois ele aprende a distinguir melhor os problemas e apontar soluções na área avaliada”, acrescenta o coordenador. Neste cenário, educadores e estudantes são unânimes ao mostrarem que o aprofundamento na área profissional sempre é benéfico para a carreira. dados, onde o aluno deixa de ser um receptor de conhecimento para assim produzi-lo. “Os cursos stricto sensu traz muitos conhecimentos: capacidade crítica, melhor aptidão para o ensino, aprofundamento em determinadas questões tratadas na dissertação, além de ajudar a subir na carreira”, informa. Os cursos de mestrado e doutorado têm oferecido um diferencial sigEngenheiro florestal, João Francisco Martins

nificativo no mercado de trabalho. O engenheiro florestal, João Francisco Barros, foi um dos profissionais, que em busca dessa diferenciação, optou pelo mestrado. “Quando passei no concurso do Ministério do Meio Ambiente não fui tão bem colocado, mas o curso de mestrado me rendeu seis colocações a mais no exame de títulos. É uma pesquisa mais aprofundada, que nos leva a grandes oportunidades. Nas entrevistas de emprego, também sinto a diferença”, conta o engenheiro, que além de concursos públicos, têm recebido propostas na área privada, pelos diferenciais no currículo. No Brasil, é possível adquirir bolsas para estudo stricto sensu, tanto em universidades brasileiras como internacionais. O órgão que oferece subsídio aos estudantes, além de avaliar as instituições quanto à qualidade e o credenciamento dos cursos é a Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes), do Ministério da Educação. Segundo sua assessoria, a cada seis anos o órgão faz o Plano Nacional de Pós-Graduação (PNPG), que norteia as políticas públicas de qualificação de pessoal em nível de mestrado e doutorado.

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Tecnologia

Por: Aline Ricciardi | Fotos: Divulgação

Nintendo 3DS

Nova geração de videogames coloca o jogador dentro da ação

O

s filmes com base em tecnologia 3D estão gerando bilheterias cada vez mais fartas. Em função dessa novidade, as produtoras de vídeo games decidiram seguir o exemplo de Hollywood e criar consoles voltados para jogos eletrônicos em terceira dimensão, na tentativa de fazer seus usuários terem uma melhor imersão no mundo virtual. De acordo com a companhia americana de pesquisa de mercado Strategy Analytics, a previsão é de que o crescimento anual com arrecadação de jogos seja de 18,7% ou US$ 24,8 bilhões. Um crescimento maior que o da indústria do cinema. Atualmente, os aparelhos estão cada vez menores no que se refere ao tamanho, mas gigantes quanto à tecnologia. É o caso do Nintendo 3DS. Pequeno e portátil, com tecnologia em terceira dimensão e o melhor, os usuários não precisam usar óculos especiais para se divertirem com o brinquedinho. “É como se tivesse um acelerômetro. Por isso, os óculos não são necessários”, explica o servidor público Bruno Osti. O único problema é o valor do produto. Com qualidade inquestionável, estes têm chegado às lojas com um precinho um tanto “salgado”. Segundo Priscila Portilho, gerente da loja Kid Games, apesar do produto ainda não ter chegado ao Brasil, a procura pelo console já começou. A promessa é de que ele chegue ao Brasil no final do mês de abril”, revela. Uma das funcionalidades desse novo video game é a Nintendo Pass, uma novidade na identificação do jogador que permite adicionar um Mii (um avatar personalizável) que pode ser inclusive, feito com a ajuda do Mii Creator, que possibilita tirar uma foto do utilizador e personalizar os pormenores a partir desse passo. Bruno informa que há também o Spot Pass e o Street Pass. Conforme ele, o primeiro possui uma funcionalidade automática da Nintendo 3DS que permite tirar partido automático de qualquer ponto de rede e descarregar conteúdos em tempo real para os jogos. Enquanto que o segundo, é uma ligação automática entre o 3DS que permite trocar o Nintendo Pass e o Miis diretamente, assim como as informações disponíveis. Estas funcionalidades estão sendo incluídas em quase todos os jogos, como por exemplo, o Super Street Fighter 4 3D Edition, onde é possível ter um personagem que luta pelo jogador e vai acumulando vitórias contra outras pessoas que tenham se cruzado em qualquer local.

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O Nintendo 3DS inclui seis cartões AR. Nessa função, a câmera traseira do 3DS será ligada e caso encontre um AR Card é possível jogar Minigames. Um deles é o Target Shooting, um jogo de ação onde o objetivo é atirar em inimigos. Cada vez mais adorado pelas crianças e adolescentes, o video game vem sendo utilizado por muitos pais na tentativa de aliar essa nova tecnologia com a educação, mostrando diversos vieses como história do mundo, sexo, drogas, música, cinema, violência, entre outros. No quesito saúde, os games podem auxiliar na melhoria da coordenação motora fina como uma forma eficiente e precisa dos músculos, criando assim, movimentos delicados e específicos. É a tecnologia a serviço da saúde. Serviço Kid Games CLS 215 bl. C lj. 17 – Asa Sul (61) 3346.4175 / 3346.0609 www.kidgames.com.br Bruno Osti QMSW 05 lt. 06 – Boulevard Antares I Sudoeste (61) 8433.9095



Cotidiano

Por: Maíra Elluké | Fotos: Estúdio Dephot

Aceita

cartão?

Transações com “dinheiro de plástico” aumentaram em diversos segmentos. A aceitação de cartões está cada dia mais diversificada

E

le chega com suas bijuterias em diversos bares e restaurantes pela cidade. Oferece seu produto por entre as mesas. Uma cliente gosta, mas está sem dinheiro. E eis que o vendedor Francisco Lopes, 27 anos, tira da mochila uma máquina leitora de cartões. Cansado de perder vendas na noite brasiliense, Francisco abriu uma empresa e agora recebe cartões de crédito e débito como principal forma de pagamento. Hoje, ele fatura cerca de 60% a mais do que quando ainda não aceitava cartões. “Tiro cerca de R$ 200 por dia de trabalho. Com o cartão, acredito que as vendas vão aumentar muito mais”, revela. O vendedor é apenas um entre tantos exemplos de serviços incomuns - que antes só poderiam ser pagos com dinheiro em espécie ou cheque, e agora também contam com a praticidade na hora de receber os valores. O aumento no número de pessoas com acesso a crédito e a inclusão bancária são os principais fatores que explicam o crescimento do uso dos cartões de débito e de crédito em substituição ao cheque e ao “dinheiro vivo”. É o que revelam os dados de uma recente pesquisa da Federação Nacional dos Bancos (Febraban). Os números mostram que, na última década, a quantidade de cheques compensados caiu de R$ 2,6 bilhões, em 2000, para R$ 1,2 bilhão em 2009, o que representou uma diminuição de 53,84% no período. No caminho inverso, estão os cartões. De acordo com um levantamento da Associação Brasileira das Empresas de Cartões de Crédito e Serviços (Abecs), o número de transações com cartões aumentou de R$ 571,1 milhões para R$ 2,54 bilhões, uma elevação de 344,83%. O crescimento mais significativo foi observado nos cartões de débito, cujas transações tiveram um salto de 1.069,9%, com o volume passando de R$ 206,5 milhões para R$ 2,41 bilhões no mesmo período. De acordo com o economista e chefe da Febraban, Rubens Sardenberg, a mudança é boa não só para os comerciantes – que ficam mais seguros quanto ao recebimento dos valores, “mas também para o consumidor que tem no cartão, uma forma mais prática de realizar seus pagamentos”, acredita. As estimativas da Abecs apontam para um crescimento constante, chegando a R$ 2,96 bilhões de transações com cartão de crédito em 2010 e de R$ 2,84 bilhões com cartão de “Acredito que as vendas vão aumentar”, diz Francisco Lopes

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débito. De um total de mais de R$ 47 bilhões de transações. “O cartão de débito deve aumentar sua participação de 3% para 6% e o cartão de crédito subir de 5% para 8%”, destaca Sardenberg.

“Só uso cartão” No caso da modalidade de crédito dos cartões, além de ser muito seguro, ainda permite que o cliente concentre as dívidas de compras de produtos e serviços em uma só data para vencimento e pagamento. Alguns cartões dão até 40 dias para pagar o valor da fatura correspondente às despesas efetuadas. Motivos esses que fazem a jornalista Danielle Coimbra, 26 anos, ao escolher seus cartões como primeira opção na hora de pagar a conta. “Acho mais seguro do que andar com a bolsa cheia de dinheiro. Ir ao banco só para tirar dinheiro não é nada prático”, afirma. Apesar de usar o cartão com frequência, a jornalista acredita que andar sem dinheiro na carteira a faz gastar mais. “Quando vejo a grana tenho um controle maior. Já com o cartão de débito/crédito perco a noção de quanto já gastei”, revela. Ao contrário da jornalista, o analista de sistemas Álvaro Lopes, 29 anos, é um usuário assíduo de cartões por achar que a economia está em, como ele mesmo diz, “andar sem dinheiro no bolso”. “Eu só uso


cartão. E se vou a um lugar que não aceita, aí que eu não gasto mesmo”. Álvaro conta que já passou por inúmeras situações embaraçosas por estar sem dinheiro. “É a melhor forma que achei para gastar menos”, confessa.

Flores e roupas Antes comuns somente em lojas, as máquinas “de passar cartão” agora também são encontradas com vendedores ambulantes e autônomos. O avanço do chamado “dinheiro de plástico” em um setor até pouco tempo atrás informal não tem estatísticas oficiais, mas a ampliação ano a ano do seu uso pode ser medida pelos números da Abecs, que registrou um crescimento de 11% no ano passado, em relação a 2009. O vendedor de flores Lucas Macedo, 21 anos, é um exemplo de ambulante que aderiu à forma de pagamento mais utilizada pelos brasilienses. “Depois de muitas sugestões de clientes, tornei-me um microempreendedor individual”,

conta. Empreendedor Individual é a pessoa que trabalha por conta própria e que se legaliza como pequeno empresário. O microempresário pode faturar no máximo R$ 3 mil por mês e tem como maior vantagem a obtenção de CNPJ – o que possibilita a abertura de conta bancária, pedido de empréstimos e a emissão de notas fiscais (como os cupons das maquininhas das operadoras de cartões). Lucas paga R$ 80 por mês para usar a máquina sem fio e mais 3% do seu faturamento para as operadoras dos cartões. “Minhas vendas aumentaram mais de 20%. Com certeza vale a pena”, revela. Há nove anos no ramo comercial, a vendedora de roupas Wandy Macedo, 40 anos – assim como Lucas – tornou-se recentemente uma empreendedora individual. Wandy espera do banco uma autorização para usar a máquina de cartões. “Entreguei toda a documentação. Com isso, espero faturar mais”, conta animada. A comerciante está animada com a novidade. Ela acredita que com

a possibilidade de receber as modalidades de débito e crédito estará livre de possíveis calotes. “Receber na hora é muito melhor. É diferente de receber um cheque – que muitas vezes nem é descontado”, completa.

Segurança Se por um lado, o número de usuários evolui, outra evolução constante é a tecnologia do cartão de crédito, principalmente no quesito segurança. O meio, entretanto, não está livre de armadilhas, fraudes e golpes, geralmente praticados por pessoas de má-fé. Por isso é importante citar algumas dicas para quem utiliza cartões de crédito e débito, destaca Sardenberg. “Ao efetuar o pagamento é preciso acompanhar o processo, evitando que o cartão fique longe de sua vista”, recomenda. Não fornecer o código de segurança ao efetuar compras pela internet e sempre solicitar o comprovante para conferir o valor declarado da compra antes de assiná-lo.

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Planos e Negócios

alex dias

Rimowa A Rimowa, tradicional empresa alemã que atua há mais de cem anos na fabricação de malas de alto padrão, abastecerá o mercado de Brasília com a abertura de sua primeira montadora da América Latina, com sede no Brasil. A montadora iniciou as atividades há pouco mais de 20 dias, com cerca de dez funcionários, que são responsáveis pela montagem e distribuição dos modelos da Linha Salsa – Salsa, Salsa Air, Deluxe – um dos carros-chefes da empresa. Neste primeiro momento, a produção abastecerá apenas o mercado nacional, prioritário para a marca, e, posteriormente, toda a América Latina. A empresa está em pleno funcionamento no shopping Iguatemi, com produtos montados em São Paulo. Foram investidos cerca de € 2 milhões nas novas instalações e no maquinário necessário para a produção das peças, que passam por rigorosos testes de excelência. A tecnologia empregada na fabricação das malas europeias será mantida no Brasil e a matéria-prima continuará a vir da Alemanha. Desde o início das operações no país, em 2008, a Rimowa já registrou um aumento de 20%, e somente em 2009, a empresa faturou € 2 milhões. No ano passado, a grife alcançou o seu melhor resultado desde a abertura de sua primeira loja, com um lucro de 59% maior. “Apostamos muito no mercado nacional e acreditamos na força do Brasil para a expansão do nosso negócio”, destaca Andre Von Ah, diretor-geral da Rimowa no Brasil. Mundialmente, a Rimowa fatura cerca de € 100 milhões por ano. A grife alemã foi pioneira na fabricação de malas de alumínio com frisos, e hoje é sinônimo de luxo, design e praticidade. Os itens são altamente resistentes e fabricados com alumínio, titânio ou policarbonato. Outra característica da marca é a mobilidade e praticidade do sistema de rodízios exclusivos, que facilitam o transporte de bagagens mais pesadas.

Serviço Rimowa - Iguatemi Brasília Primeiro piso, ala internacional (61) 3577-5109 www.rimowa.com

Klimt Publicidade Há quatro anos, Rafael Frota e Renato Blanco uniram-se para formar a Klimt Publicidade. E, em pouco tempo, já tem uma cartela boa de clientes, gerenciada por jovens da geração Y. O mais velho da empresa tem apenas 27 anos de idade. A especialidade da agência é com publicidade e propaganda em mídias off e online, planejamento publicitário, design gráfico, webdesign e mídias sociais. Alguns dos seus clientes são de setores industriais e tecnologia. “Segundo uma pesquisa de 2010, o Brasil teve um forte crescimento industrial. Aproveitamos este aumento e investimos neste setor e com isso, a agência apresentou crescimentos constantes e em um ano ampliamos nossa carteira de clientes”, conta Rafael Frota. O resultado da agência deu tão certo, que em breve, a agência deve investir em ações de Marketing e Eventos. Para o diretor da agência, inovação é um ponto diferencial da empresa e o investimento em redes sociais, como Twitter e Facebook, cresce a cada dia. “Acredito que essa característica de inquietação seja a nossa principal virtude”, conclui Rafael.

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Folic e Checklist A empresária Simone Amorim, franqueada master de Brasília da Folic e Checklist comemora bons resultados e pensa em expansão. Administradora com larga experiência no mercado financeiro de multinacionais como o Citibank, em 2008 decidiu investir no varejo com a inauguração da empresa no Brasília Shopping. O sucesso foi tão grande, que em apenas dois anos, abriu a terceira operação e já pensa em mais expansão para o primeiro semestre de 2012. O investimento de R$ 1,5 mil no pool de três operações proporcionou 21 vagas diretas e 12 indiretas no varejo. Duas operações foram pagas em menos de dois anos e a caçula de seis meses supera em 30% as expectativas de crescimento. Simone explica o porque de tanto sucesso: “A escolha pelo Iguatemi e pelo Brasília foi bem acertada. Os dois shoppings têm as melhores grifes nacionais e internacionais, além de públicos altamente exigentes que querem o melhor, a diferença. Tudo isso vem ao encontro com a proposta da Folic e da Checklist”, explica a empresária. A Folic atende mulheres executivas e clássicas entre 25 e 60 anos, do segmento A/B que busca um mix de moda completo que vai de acessórios, calça jeans a vestido de festa. Para agradar ainda mais essa clientela, a loja faz atendimento em casa, além de sempre presentear as mais assíduas com dicas de um personal stylist.

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A Checklist já é voltada para mulheres mais jovens, descoladas e informais, mas que apreciam a originalidade com muita qualidade. As lojas já estão com as coleções de outono/inverno 2011, e segundo a empresária, a perspectiva de vendas é 10% maior do que a do ano passado. “Ambas coleções estão bem coloridas. Como a mulher brasileira gosta”, revela.

Serviço Checklist Brasília Shopping, loja 228 C (61) 3306.1333 www.checklist.com.br

Folic Iguatemi, Loja 169, térreo (61) 3046.0140/ 3046.0147 Brasília Shopping, loja 253 (61) 3202.7989 www.folic.com.br


Cullinan Luxury Hotel & Convention

Bazeggio A Bazeggio Consutoria oferece Curso de Formação e Certificação internacional em Coaching e Mentoring. A profissionalização em consultoria de pessoas acontecerá de 7 a 9 de abril. O coaching, processo que tem como objetivo melhorar o desempenho de pessoas e empresas, tem ganhado cada vez mais espaço no mercado e atraído profissionais de vários setores, como consultores, psicólogos, professores e analistas de RH, para atuarem como coaches. Diante da procura, o consultor, coach e mentor de executivos Marcos Wunderlich – do Instituto Holos de Santa Catarina – estará em Brasília, de 7 a 9 de abril, para ministrar o curso. Nas aulas, serão apresentadas técnicas que criam novas perspectivas para quem precisa alcançar metas e não sabe como agir. As aulas acontecerão das 8h30 às 18h, e as vagas são limitadas.

Serviço SCS QD 07, Torre “A”, Sl. 609 - Pátio Brasil Shopping (61) 3963.1988/8472 4085 www.bazeggio.com.br

A JC Gontijo lançou na quarta-feira, 16 de março, o primeiro empreendimento da iniciativa privada voltado especialmente para a Copa do Mundo de 2014. Com 19 pavimentos e 327 apartamentos, o Cullinan Luxury Hotel & Convention será construído no Setor Hoteleiro Norte, próximo ao Brasília Shopping, no lugar do esqueleto de hotel implodido pela construtora no ano passado. Com projeto arquitetônico assinado pela MKZ Arquitetura, o Cullinan terá um centro de convenções, restaurante, academia, piscina semi-olímpica e garagem rotativa com 158 vagas. Gustavo Reis, diretor comercial da JC Gontijo, afirmou que o empreendimento de 121 milhões de reais será inaugurado em outubro de 2013, seis meses antes da Copa. As unidades do hotel serão oferecidas aos investidores através do pool hoteleiro – sistema similar ao da sociedade anônima, onde os proprietários podem gerar lucro explorando as áreas e bens comuns do edifício. “Os investidores terão quatro fontes de receita”, garante o diretor. O Cullinan vai gerar 350 empregos durante a construção e 100 após a inauguração. Seu nome que significa “Grande Estrela da África” remete ao maior diamante do mundo, descoberto em 1905 na África do Sul.

Serviço JC Gontijo Centro Comercial Casablanca SHCS/EQS 114/115 CJ A, BL 01, SLS 10 a 18 Telefone: 3345-9000

Visão Institutos Oftalmológicos Associados INBOL/ISOB Os institutos Visão foram criados há mais de 15 anos, com o objetivo de oferecer à população do Distrito Federal e Entorno a qualidade e a segurança de clínicas de referência internacional. Com duas unidades em Taguatinga, uma no Setor Comercial Sul e outra na 714 Sul, o grupo sempre investe em equipe e tecnologia de ponta. Os sócios João Luiz Pacini Costa, Edson Silvério, Luis Fernando Rabelo e Ana Paula Furtado apostaram nos últimos quatro anos, mais de R$ 4 milhões em equipamentos e técnicas de última geração como Pentacam, OCT, Wave Front e Topolyser, que também são encontrados nos grandes centros de oftalmologia do mundo. Mas a grande novidade é a aquisição do Allegretto, que faz a correção dos erros refrativos com precisão inigualável, segundo o FDA Americano. O aparelho além de corrigir miopia, astigmatismo e hipermetropia é o único que opera a presbiopia (vista cansada), técnica exclusiva do Visão e que até então não existia no mercado. O grupo já foi pioneiro no uso de cola cirúrgica, na anestesia tópica, Lucentis e inova mais uma vez com tecnologia exclusiva e revolucionária em Brasília: o Allegretto.

Serviço Instituto Brasiliense de Olhos (INBOL) 714/914 - Edifício Talento 3º Andar Sl. 327/330 – Asa Sul SCS Qd. 01 - Ed Baracat 15º Andar Instituto de Saúde de Olhos de Brasília (ISOB) CNC 1 Lote 14 CNC 3 Lote 15 2º andar Ed Pérola Negra - Taguatinga (61) 3038-8001 www.visaoinstitutos.com.br

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Automóvel

Por: Da Redação | Fotos: Divulgação

Novo Ford Cargo 2012 Linha completa e uma nova geração de caminhões com design, conforto e qualidade

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apresentação do Novo Cargo 2012 excede a expectativa por lançar, ao mesmo tempo, uma linha com 11 modelos, cinco deles com a opção de cabine-leito. São modelos totalmente novos, com vendas a partir de maio, numa condição imbatível por reunir design moderno, qualidade, conforto, desempenho, funcionalidade, versatilidade e preços altamente competitivos. Com caminhões na faixa de 13 a 31 toneladas de peso bruto total e com capacidade máxima de tração de até 63 toneladas, o Novo Ford Cargo é um projeto global que foi desenvolvido nos estúdios de design e centro de engenharia de Camaçari, Bahia, de São Bernardo do Campo e Tatuí, em São Paulo, com intensivo suporte das unidades dos Estados Unidos e Europa. “Este é um momento muito importante para a Ford Caminhões, uma marca pioneira na América do Sul. Lançamos uma linha completa de caminhões como parte dos investimentos de R$ 670 milhões que estamos realizando até 2013 na Operação de Caminhões. O Novo Ford Cargo vai surpreender o mercado por exceder os requisitos desejados nesse crescente segmento de mercado”, diz Marcos de Oliveira, presidente da Ford Brasil e Mercosul.

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Beleza e funcionalidade A nova linha é formada pelos modelos Cargo 1317, Cargo 1517, Cargo 1717, Cargo 2622, Cargo 2628, e Cargo 3132, com cabine-regular; e Cargo 1722, Cargo 2422, Cargo 2428, Cargo 1932R e Cargo 1932, com cabine-regular ou cabine-leito. O Novo Ford Cargo reúne o conceito mais moderno de design. Apresenta linhas modernas e bonitas, mas também robustas e fundamentalmente funcionais. A modernidade está em evidência nas linhas limpas e no desenho empregando a chamada linguagem Kinetic Design da Ford, que busca dar uma sensação de movimento ao veículo, mesmo com ele parado. A robustez está presente no uso de materiais de alta resistência, no para-choque forte e nas caixas de rodas encorpadas. O aspecto funcional é apresentado na aerodinâmica, no capô de fácil acesso, no basculamento de 60 graus e rápida operação e no interior totalmente criado para facilitar a vida do motorista. “A criatividade de nossos designers partiu de um conceito fundamental: desenhar uma cabine totalmente nova, entendendo as necessidades dos frotistas e motoristas autônomos”, explica João Marcos Ramos, chefe de Design da Ford América do Sul.


Essa visão pluralista de criação representa um dos pontos fortes do Novo Ford Cargo 2012. “É uma nova geração de caminhões, cujo resultado final agradou nas nossas pesquisas com clientes de vários países”, assegura Ramos. As linhas do novo caminhão são marcantes e detalhistas. Na área frontal, destaca-se um conjunto de grades superior e inferior, com desenho característico e com uma tela ao fundo em estilo colmeia. Dois amplos defletores aliam efeito visual de movimento e contribuem para criar um fluxo de ar nas laterais da cabine ajudando a manter as portas limpas. A lateral da cabine também é limpa e fluída, com ausência de frisos e recortes desnecessários. A abertura das portas é de grande amplitude, facilitando o acesso. Os degraus de acesso à cabine são robustos e funcionais e têm piso antiderrapante, com grade vazada em formato colmeia que evita o acúmulo de sujeira. Aspecto funcional também foi aplicado na tomada de ar do motor, que fica protegida sob o capô, liberando espaço. A cabine ganhou válvulas de ar na traseira, para renovação do ambiente mesmo com os vidros fechados.

Duas alças de acesso junto ao banco e ao batente da porta facilitam a entrada e saída do veículo. Os bancos, com desenho ergonômico, trazem várias opções de regulagem. O revestimento é feito em tecido de padrões modernos, resistentes, de toque agradável e fácil limpeza. O painel é moderno, ergonômico e envolvente, estando direcionado para o motorista. Traz todos os comandos à mão. Os instrumentos são completos. Têm velocímetro separado do tacógrafo, de fácil visualização. Diversas luzes de advertência e com aviso sonoro foram incorporadas e o painel mantém-se iluminado em todo o momento, mesmo quando as luzes estão desligadas, na cor Ice Blue. Também há central de informações digitais. O sistema de ar-condicionado, opcional com filtro de pólen e recirculação de ar, evita a entrada de poeira na cabine. O Novo Cargo também vem equipado com vidros elétricos de série e a opção de travas e espelhos elétricos. Traz ainda luzes de leitura individuais, acendedor de cigarro, tomadas de 12V e 24V.

Conforto e versatilidade

A Nova Linha Cargo é equipada com os motores Cummins de 4 e 6 cilindros, reconhecidos como os melhores do mercado pela robustez, durabilidade, economia e baixo custo de manutenção. Ela recebeu as novas transmissões Eaton das famílias FS, de seis marchas com primeira sincronizada, e FTS, com 13 marchas, totalmente sincronizadas. O eixo traseiro 6x4, da Arvin Meritor, tem carcaça robusta e é de alta durabilidade. A suspensão dianteira é calibrada para oferecer maior conforto, junto com a nova suspensão da cabine. O Novo Cargo oferece segurança ativa e passiva. Os freios trazem uma nova válvula APU, com pórticos adicionais para a instalação de acessórios. Os faróis têm grande luminosidade e as lanternas dianteiras e traseiras são amplas, aumentando a visibilidade e a segurança. A Linha Cargo passou por mais de 450.000 km de testes no Campo de Provas da Ford em Tatuí, SP, e em estradas da América do Sul para garantir seu desempenho e durabilidade.

Suspensão na cabine, novas transmissões com sistema de acionamento por cabo, válvula de freio de seis vias, coluna de direção com ajuste pneumático, chave com código eletrônico antifurto, vidros elétricos de série e a opção de bancos com suspensão pneumática extra-conforto, travas e retrovisores elétricos são algumas das novidades. Em seu interior, a cabine é ampla e confortável. A suspensão da cabine, composta por quatro conjuntos de amortecedores, isola as oscilações da pista e traz um padrão superior de conforto para os ocupantes. A nova cabine é totalmente fechada, garantindo a vedação contra poeira e diminuindo o ruído.

Desempenho e segurança

Serviço Coloradro Smaff BR 020, lt .16 - Sobradinho (61) 3302.7000 / 3302.7000 Slaviero SIA Sul, Tr. 01, lt. 125 - Brasília (61) 2193.4444 Dakar Automóveis SCRN 502 Bl A s/n lj 74 - Brasília (61) 3424.5500

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Vida Moderna Moderna

Por: Virgínia Tássia Navarro Ciarlini || Fotos: Fotos:Jhenniffer Gustavo Lima Corrêa

Vale-presente:

boa ou má

ideia? Opção agrada a muitos. Outros acham que tira o valor afetivo do presente

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scolher o presente certo é um dilema para muitas pessoas. Roupas, bolsas, acessórios, sapatos, eletrônicos. O que vai agradar mais ao presenteado? Atualmente, uma opção vem ganhando espaço em todos os tipos de lojas é o vale-presente. Para muitos, é o presente ideal a se dar e receber. Quem está presenteando estabelece o valor que deseja e deixa que o presenteado se sinta à vontade para escolher, dentre as inúmeras opções, o presente que gostar. Caso ultrapasse o valor recebido, a pessoa ainda tem a opção da complementação. O vale-presente é um cupom com diferentes valores. A lgumas lojas também disponibilizam a novidade pela internet, que permite o envio para o presenteado via online. Os valores variam de acordo com a escolha da empresa e pode ser trocado por qualquer produto disponível na loja. A estudante Joane Carvalho, 17 anos, conta que prefere ganhar um vale-presente porque se considera meticulosa quanto a presentes. Diz já ter ganho alguns que não gostou

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Eu sou muito difícil de agradar e tem gente que dá de presente umas coisas muito pessoais como roupa, sapato. Então, prefiro ganhar o vale-presente porque eu escolho o que combina comigo e não se sentiu à vontade para trocá-los, pois eram de amigos íntimos que iriam notar que ela não usou o presente. “Eu sou muito difícil de agradar e tem gente que dá de presente umas coisas muito pessoais como roupa, sapato. Então, prefiro ganhar o vale-presente porque eu escolho o que combina comigo”, justifica. Atualmente é possível encontrar vale-presente em praticamente todos os tipos de lojas. Desde as de venda de CDS e eletrônicos como as de roupas, sapatos e cosméticos. A prática está em franca expansão. “Já ganhei vale-presente de loja de bolsa, de roupa. É a melhor coisa, porque se eu gostar de algo muito caro posso completar o valor”, revela Joane. Mas a opção, que parece ser a salvação de muitos, divide opiniões. Suelen Faria, 24 anos, não gosta nem um pouco da alternativa. “Acho muita falta de criatividade, além de parecer que a pessoa não se importa em pensar, nem um pouquinho, em te agradar”, rebate. Para a universitária Fabyolla Nery, 21 anos, a história é complicada, pois existem exceções. Pessoas que nunca gostam de nada ou que têm gostos muito exóticos. “Seria um caso em que o vale-presente cairia

bem”, assegura. Para ela, presente é algo que tem que passar algum significado. “Prefiro o presente. Mesmo que seja algo simples. Vale-presente soa como: Eita! esqueci e comprei um vale para fingir que lembrei. Quando a pessoa compra o presente, ela tem certa preocupação em agradar. O vale é porque não quer nem procurar”, defende Fabyolla. A professora de inglês Bárbara Quinto, 22 anos, mais uma adepta do vale-presente, concorda em termos com Fabyolla. “É aquela coisa, dizem que o vale-presente acaba com o sentimento que a pessoa quer passar por meio do presente. Mas para mim não importa. Presente é presente. E foi dado com carinho da mesma forma”, afirma. A professora ressalta que, por mais que prefira a novidade, não fica falando para ninguém. “As pessoas em geral costumam ficar magoadas. Elas preferem comprar alguma coisa com seu toque”, diz. “Eu gosto de vale-presente porque ninguém sabe comprar presente para mim. Como meu gosto é muito difícil, eu prefiro ganhar o vale e depois ir a um shopping trocar, porque acabo repassando o presente”, completa.

Eu gosto de vale-presente porque ninguém sabe comprar presente para mim. Como meu gosto é muito difícil, eu prefiro ganhar o vale e depois ir a um shopping trocar, porque acabo repassando o presente PLANO BRASÍLIA 29 DE MARÇO DE 2011

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Esporte

Por: Michel Aleixo | Fotos: Gustavo Lima

Aeromodelismo Voar alto com os pés no chão

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m mais uma tarde de sábado, os apreciadores do aeromodelismo estão reunidos próximos à pista de decolagem do clube, no final da Asa Sul. Não é um dia de muito movimento, em virtude do céu parcialmente nublado. Ainda assim, duas dezenas de aviões podem ser vistos na área que serve de hangar. Para Jorge Machado, 11 anos, não existe tempo ruim. Ele acompanha com ansiedade todos os movimentos do seu instrutor, o corretor de imóveis Régis Guirra, que numa bancada cheia de ferramentas está fazendo os últimos preparativos para acompanhar o garoto em mais um de seus voos. O mentor ajusta a frequência dos rádios e monta as últimas peças de um aeromodelo que simula um avião acrobático similar ao Zivko Edge 540 americano. A expectativa de Jorge é grande. Afinal, ele conta cada hora de experiência até ter habilidade suficiente para pilotar sozinho os pequenos aeroplanos. O garoto é um exemplo precoce da máxima comum entre os aeromodelistas: “se você pilotar uma vez não consegue mais parar”. Em resumo, o aeromodelismo compreende o conjunto de práticas que envolvem a montagem e pilotagem de modelos de aeronaves em escala reduzida. Brasília é um lugar propício para a prática do esporte. Além do céu famoso por sua imensidão, a cidade possui a maior pista pública de aeromodelismo do mundo, localizada no Setor Terminal Sul, no final da L2. Nela, dezenas de praticantes se reúnem todos os finais de semana para manobrar miniaturas de planadores, aviões acrobáticos, helicópteros e até caças com motores a jato de verdade. Todos guiados por rádio controle.

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Há dois anos, Jorge veio assistir a uma apresentação com os pais e logo insistiu para ganhar seu primeiro avião. “Infelizmente tive um pequeno acidente e precisei ter mais aulas”, lembra o garoto. Régis, que além de instrutor também é tesoureiro da Associação Brasiliense de Aeromodelismo (Abra) explica que com um investimento inicial de R$ 2 mil é possível começar a praticar o esporte. “É claro que ninguém aprende a pilotar sozinho. Com algumas aulas, onde o instrutor comanda o avião junto com o aluno através de dois rádios controles, é possível aprender as manobras básicas como pousar e decolar”, assegura. Para o exercício do aeromodelismo é necessário que os praticantes possuam licença emitida pela Abra. Mesmo com a aparência de brinquedos, os aeromodelos são muitas vezes réplicas detalhadas de grandes aviões. Com motores potentes e tecnologia de ponta. É um esporte que reúne, em sua maioria, amantes da aviação. Brincadeira de gente grande. De acordo com a Confederação Brasileira de Aeromodelismo (Cobra) no Brasil existem 84 clubes que reúnem cerca 70 mil praticantes do esporte. Em Brasília, em seus 30 anos de existência, a Abra já soma dois mil filiados. “O esporte exige concentração máxima”, explica Clóvis Rodrigues, aeromodelista há mais de 30 anos, que começou a praticar quando ainda não existiam os controles remotos. Segundo o aposentado, em sua época, os chamados vôos circulares controlados eram moda. Nesse formato, o avião ficava preso a um manete, comandado pelo piloto através de dois cabos de aço. Hoje, seu filho Clóvis Luiz de Oliveira, 14 anos, mantém a tradição na família. O estudante


Clóvis Luiz de Oliveira, 14 anos, aeromodelista

já possui onze aeronaves e apresenta grande destreza na pilotagem, realizando inúmeras manobras como loopings, facas (quando o avião voa com as asas na vertical) e rolls (um círculo completo em torno do eixo). O aposentado explica, que entre os vários benefícios, o fato de o voo exigir que o piloto “mal pisque o olho” tem ajudado o filho com seu déficit de atenção. “O aeromodelismo é um esporte familiar. Passamos a tarde toda aqui com os amigos, relaxando. Nunca houve um acidente com vítimas em nossa pista”, garante. No esporte existem competições de manobras e acrobacias em vários clubes. Mas em Brasília só existem voos de lazer. Também é comum aos praticantes estender seus interesses à mecânica e à aeronáutica, visto que as quedas são corriqueiras e os consertos necessários. Os modelos a jato, por exemplo,

alcançam a velocidade de 400 km/h. “Costumamos dizer que só existem dois tipos de aviões: os que caíram e os que ainda vão cair”, brinca Clóvis. Entre os modelos disponíveis e os criados pelos aeromodelistas existem aeromodelos de fibra, madeira e até isopor. Os aviões profissionais são geralmente movidos a querosene. Mas existem também versões elétricas que tem um tempo de voo limitado em até 5 minutos. O analista de sistemas, Renato Moura, praticante há 10 anos possui um refinado modelo acrobático em madeira, com nove quilos e um motor de 55 cilindradas. Ele resume bem a relação dos apreciadores com os aviões: “Aqui aliviamos o estresse de toda uma semana de trabalho. Uma mistura de tensão e prazer, onde você tem controle total sobre uma máquina”. Para ele é um esporte completo.

Régis Guirra, instrutor de voo

Serviço Maiores informações Abra – Associação Brasiliense de Aeromodelismo www.abradf.com.br

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Personagem

Por: Verônica Soares | Fotos: Gustavo Lima e Divulgação

Vov

Radica

Aos 73 anos de idade, ela quebra barreiras e enfrenta desafios

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altar de paraquedas. Voar de parapente e de asa delta. Fazer rapel nas cachoeiras mais altas do Brasil. Esses são alguns dos esportes prediletos de muitos jovens que gostam de bons desafios. Mas se engana quem pensa que apenas os mais novos se “jogam” em aventuras radicais. O estilo esportivo também é preferência da aposentada Geralda Ferreira de Araújo, uma jovem senhora de 73 anos, que ganhou popularidade na capital do país pelas proezas que realiza no mundo esportivo. Conhecer a Dona Geralda já é uma verdadeira aventura. Ela mora em São Sebastião, região administrativa que fica a aproximadamente 25 km de Brasília. A “Vovó Radical”, como é conhecida por todos, foge do estereótipo de que toda avó tem que ficar em casa fazendo tricô, crochê, docinhos e cuidando dos netos. “Desde pequena eu sou ‘triste’. Sempre fui muito arteira”, define. A frase dela vem ao encontro às matérias de jornais que enfeitam as paredes da sala de sua casa. Em mais de uma dezena de matérias que estamparam as capas dos principais jornais do Distrito Federal mostram Dona Geralda praticando várias modalidades de esporte designados radical pelo alto grau de risco físico, dado às condições extremas de altura, velocidade ou outras variantes em que os mesmos são praticados. As aventuras da Vovó Radical começaram quando ela ainda era criança. Nascida em 16 de janeiro de 1938, em Patos de Minas (MG), numa família de 12 irmãos,

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foi nas serras mineiras que ela começou a tomar gosto pelos desafios. Quando criança, se destacava dos demais irmãos pelas travessuras que aprontava. Naquela época, era Geralda que incentivava as outras crianças a nadarem no rio da chácara onde moravam, sempre às escondidas dos pais. Subir nas árvores, brincar com os cavalos, correr atrás das vacas e galinhas eram as brincadeiras preferidas da antes “travessa” e hoje “radical” Geralda. “Quando era criança a coisa que eu mais gostava era nadar no rio. Sempre gostei de água. Por isso queria ser nadadora profissional”, lembra. “Eu era uma criança muito levada. Incentivava os outros a fazerem estripulias comigo. Quando o meu pai flagrava, aí eu corria para não apanhar”, confessa. Mas logo a chácara do pai ficou


pequena demais para ela, que sempre sonhou “ganhar” asas e sair por aí, alçando voos cada vez mais razantes. Quando virou “mocinha” foi morar com uma família em Belo Horizonte. E depois, aos 17 anos, mudou para a grande Rio de Janeiro. Foi na capital carioca que o gosto pela natação foi despertado com maior intensidade. Como não tinha dinheiro e nem tempo para praticar o esporte profissionalmente, ía sozinha nadar no mar. Viveu por 50 anos na cidade maravilhosa. Lá, ela foi auxiliar de enfermagem, dona de bar, vendeu quitutes na praia, casou, teve duas filhas, descasou, trabalhou muito e, sempre que sobrava tempo, dava longas e pausadas braçadas nas águas. Em 1991, Geralda mudou para Brasília, acompanhando a filha Sônia que veio a trabalho. Na capital federal, a Vovó Radical logo estranhou o fato da cidade não ter mar. Mas nem tudo estava perdido: Brasília tinha o Lago Paranoá, todo feito pela vontade do homem. Talvez para abraçar a vovó que desde menina se sentiu “casada” com as águas. “Desde a primeira vez que vi o lago, tive vontade dar umas braçadas nele. Mas as pessoas colocavam muito medo. Diziam que o lago tinha jacaré, sucuri e que era poluído”, lembra. Mas de nada adiantou, pois contrariando o dito popular de que “quando casar a vontade passa”, no caso de Geralda, a pretensão de ser nadadora não passou. Inconformada com o fato de não poder nadar no lago Paranoá, quando foi apresentada a um integrante do Corpo de Bombeiros de Brasília, logo expressou a ambição de fazer a travessia de 500 metros do lago artificial da capital do país. O novo amigo providenciou tudo. O feito, em 2004, aos 66 anos, foi uma verdadeira façanha noticiada pelos principais jornais. “Foi uma glória. Realizei o meu sonho”, lembra. Depois da primeira travessia, os novos amigos do Corpo de Bombeiros a orientou a procurar um instrutor de natação. Encontrou ajuda na Secretaria de Esporte, antigo Defer, onde até hoje, ela treina natação duas vezes por semana. “Não sabia o que era nado borboleta, revezamento, costa. Todas as técnicas de natação eu aprendi com o meu instrutor”, conta. Logo a fama de Vovó Radical chegou, e junto com o sucesso, os convites para novas aventuras. Nadar aproximadamente cinco quilômetros no percurso entre as pontes JK e Costa e Silva, saltar de paraquedas, voar de asa delta, parapente, praticar rapel na cachoeira do Tororó, no Salto do Itiquira (168 metros de altura) e nos prédios mais altos de Brasília, entre várias outras peripécias tornaram-se comuns na vida de

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Dona Geralda voa de asa delta no Rio de Janeiro

aventuras da aposentada. Para ela, todas essas “estripulias” são brincadeiras iguais aos tempos em que era criança. “Nunca tive medo de nada”, ressalta. Além de treinar a natação, dona Geralda também pratica salto ornamental no trampolim de 10 metros. Com isso, sempre que pode, ela salta da Ponte Costa e Silva. Quando decidiu saltar da ponte foi informada que a mesma tinha duas alturas: uma de 17 e outra de 14 metros. “Pensei, se posso salto de uma altura de 10 metros, vou consegui saltar de uma de 14 metros. Se salto de 14, posso muito bem saltar de uma de 17 metros. Com isso, saltei da parte mais alta da ponte”, relata sorridente. “Sempre que eu posso, eu vou saltar de lá”, completa. A vovó radical também participa de competições de natação por várias partes do país. Os prêmios arrebatados são muitos. A sua galeria de premiação já contabiliza cerca de 150 medalhas e 20 troféus, guardados com carinho e cuidado. Engana-se quem pensa que a palavra medo não faz e nunca teve vez na vida da vovó Geralda. Conforme ela, as aventuras de saltar de paraquedas e a descida de rapel no Salto do Itiquira, em 2009, foram os maiores desafios enfrentados. O paraquedismo foi ideia dela mesma, já que a filha Sônia, é praticante do esporte. A experiência aconteceu na vizinha cidade goiana de Anápolis, quando ela tinha 71 anos e estava acompanhada por um instrutor. A façanha foi filmada e ganhou destaque na mídia local. “Saltei para o nada. Gritei muito, mas não tive medo. Foi um dos maiores desafios da minha vida”, assegura. Hoje, a vida da Vovó Radical é cheia de compromissos. Ela faz parte da equipe “Mutantes Radicais”, que pratica rapel em vários pontos de Brasília. Segundo um dos integrantes do grupo, o alpinista industrial Sérgio Aureliano Silva Costa, 32 anos, a dona Geralda é o grande exemplo do grupo. Além de ser a mais idosa é também uma das mais determinadas da turma. “Ela se empenha em tudo que faz. Propõe novos desafios. A vovó Geralda tem muita energia pra gastar”, afirmou. Bonita e elegante, a jovem senhora está sempre de unhas feitas e os cabelos brancos bem penteados. Entre uma aventura e outra, outro detalhe faz a vida dessa senhora ainda mais surpreendente: participar de concursos de beleza. Hoje ela é a Miss São Sebastião da 3ª Idade. Mas se engana quem pensa que a Vovó radical já realizou todos os seus sonhos. “Ainda quero fazer várias outras coisas. O meu grande sonho é fazer rapel no prédio do Congresso Nacional”, revela. Alguém duvida que ela consiga? Quem viver, verá!

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Saúde

Por: Aline Ricciardi | Fotos: Gustavo Lima

Equo terapia A postura certa para reabilitação e educação como qualidade de vida

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epois de sofrer um acidente automobilístico em que perdeu a noiva, ficar por quatro meses em coma e com sérios comprometimentos na coordenação motora, na marcha, no equilíbrio e na parte fonoaudiológica, foi que o programador de computador Ivaldo Torres Alves tomou conhecimento sobre o curso de Equoterapia ministrado aqui em Brasília, pela Ande Brasil. Devido ao seu estado, Ivaldo viu na equoterapia uma esperança para os seus problemas recém adquiridos e de forma tão inesperada. Afinal, se a prática do andar a cavalo é sempre um prazer para quem pratica, a terapia com o animal, segundo especialistas, leva benefícios não somente ao físico, mas também à mente. Por meio da equoterapia, uma ciência milenar, estresse e problemas físicos e psicológicos podem ser tratados. Hoje, Ivaldo se sente plenamente realizado com a prática da equoterapia. “Passaram-se os anos e, atualmente, tenho uma perceptível e sensível melhora no meu quadro. Passei a enxergar o cavalo com outros olhos e a perceber quão importante é o seu papel na reabilitação de pessoas com problemas como os meus. Graças a Deus, estou bem melhor, tanto de cabeça quanto no aspecto físico, pois melhorei minha autoestima e meu lado psicológico.”, explica o programador. Outra praticante de equoterapia é a professora de história Cathlen Cudo, que ficou com seqüelas de uma paralisia cerebral. Ela viu no local, a satisfação e o prazer que o tratamento oferece. Para Cathlen, a equoterapia é a terapia da alma, pois vai além da parte física

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A evolução da equoterapia


do ser humano. Conforme ela, o tratamento trabalha também o lado psicológico e a maior realização é a liberdade que o cavalo permite em fazer coisas que ela jamais imaginou que pudesse realizar. Quem também está encantada com os benefícios das atividades com o cavalo é Muriel Opa Nascimento, portadora da Síndrome de Williams (desordem genética rara). Segundo ela, o fato da terapia com os eqüinos facilitar sua firmeza de apoio, por si só, é de grande valia. A interação de Muriel com o cavalo tem melhorado significativamente seu estado físico, com equilíbrio corporal. A felicidade dela em montar no lombo de um cavalo é tão grande que chega a ser transcendente a qualquer espectador. A equoterapia, ciência conhecida há milhares de anos e reconhecida como um dos métodos mais eficazes para a correção de diversos males e tem como característica todas as práticas que utilizem o cavalo para fins de técnicas como a equitação e outras atividades equestres. Seu objetivo é sociabilizar, educar ou reabilitar pessoas portadoras de necessidades físicas e especiais. O método é utilizado através de uma abordagem interdisciplinar, voltadas para as áreas de educação, saúde e equitação. A atividade busca desenvolver o lado biopsicossocial. A prática da equoterapia só foi resgatada após a Segunda Guerra Mundial. Hoje, devido aos avanços na medicina, a terapia está valorizada e, consequentemente, mais estudada e aplicada. Outra novidade da equoterapia e que vem apresentando excelentes resultados são os seus efeitos como coadjuvante nos processos de aprendizagem escolar. A Coordenadora de Infraestrutura da Associação Nacional de Equoterapia (Ande-Brasil) Fátima Barboza, explica que as pessoas que frequentam o local não são chamadas

de pacientes, e sim de praticantes de equoterapia. “Esta foi a forma encontrada para tornar as pessoas mais humanas e mais interagidas com o local e com os profissionais que aqui estão”, explica. Na sede da Ande-Brasília existe cerca de 10 cavalos treinados para

Esta foi a forma encontrada para tornar as pessoas mais humanas e mais interagidas com o local e com os profissionais que aqui estão. atender todos aqueles com necessidades especiais que precisam de exercícios de reabilitação. Os profissionais são treinados, com especialização adequada e dedicação ao que fazem. O lado social também é bastante desenvolvido no local. “Todos os profissionais são responsáveis por fazer dos praticantes, seres humanos cada vez melhores, em todos os aspectos”, pontua a coordenadora.

O cavalo O animal tem sido cada vez mais útil no progresso e evolução da humanidade. Conforme Jorge Matsuda, assistente da diretoria da Ande-Brasil, todas as atividades equoterápicas são baseadas em fundamentos técnico-científicos. “O tratamento equoterápico só

pode ser iniciado mediante parecer favorável de um médico, psicólogo e fisioterapeuta”, ressalta. Segundo ele, as sessões podem acontecer em grupo, mas o acompanhamento precisa e deve ser individualizado, onde todas as etapas do processo são registradas e atestadas pelos respectivos profissionais. Os cavalos da Ande-Brasil possuem idades que variam entre 2,5 e 25 anos, estatura de 1,39 a 1,58 metros de altura, são das raças crioulo, árabe e mestiço e tem pelagens como tordilho, castanho, alazão, tobiano e baio. Tecnicamente, na equoterapia, a repetição de gestos e de movimentos não deve acontecer para não causar tédio ou prostração nos praticantes. Por isso, as sessões são sempre bem planejadas e aplicadas. Outro aspecto relevante é o impacto sobre o lado psíquico do praticante. Para Fátima Barboza, a parte mais bonita do tratamento é quando o cavalo se torna elo entre o praticante e o terapeuta. Jorge complementa que a relação animal/praticante torna-se sinônimo de autoconfiança, criando maior independência. Fátima ressalva que “essa atividade não é uma panacéia. Ela tem limites. Não pode ter a pretensão de resolver tudo nem cair em contradição com a evolução do praticante”. E atenta que, como todo método terapêutico, não basta simplesmente colocar um praticante no dorso do animal para que ele faça uma terapia. O terapeuta deve conhecer a patologia em causa, o cavalo que será utilizado, as técnicas que devem ser empregadas. “Não podemos esquecer que acima de tudo, estamos trabalhando o ser humano”, pontua. Serviço Ande Brasil Granja do Torto (61) 3468.7092 ande@equoterapia.org.br

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Moda Produção: Camila Penha | Fotos: Divulgação

Karla Rosa e Rejane Castilho durante o Bazar

R

Bazar Extra Chique

ejane Castilho e Karla Rosa vislumbraram um mercado em potencial em Brasília. Mas depois de atuarem juntas por 15 anos e perceberem uma falta de especialização no mercado varejista de luxo, tiveram a idéia de montar uma empresa de consultoria, a Empório R e K Consultoria em Varejo, onde o objetivo principal era o de orientar pessoas

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que estivessem abrindo um negócio ou quisessem profissionalizá-lo. “Percebemos que não haviam consultores especializados com formação, experiência do dia a dia que envolve o negócio de varejo e atuação em vários nichos de mercado.” contam. E hoje, elas comemoram mais um Bazar Extra Chique na cidade. As consultoras organizam a 13ª edição do evento que acontecerá entre os dias 31 de março e 03 de abril, no Gilberto Salomão. “O Bazar cresceu bastante e já é tradição no calendário da cidade ao atrair um grande público. Atendendo à


necessidade dos próprios lojistas faremos três edições em 2011, ao invés de apenas duas. As próximas acontecerão em agosto e em novembro”, explicam elas. Até o espaço físico está maior ocupando o salão de eventos e a praça central do Gilberto Salomão. A procura por estandes é sempre grand, com lojistas querendo repetir a participação e também novas marcas que desejam fazer parte do bazar. O mercado de varejo agradece, já que o evento traz oportunidades de trabalho temporário para cerca de 270 pessoas, entre funcionários contratados para os estandes, a equipe de organização, seguranças, faxineiros, carregadores, montadores e outros. É uma maneira que os empresários têm de observar o desempenho dos trabalhadores, podendo descobrir novos talentos. “O Bazar Extra Chique foi o primeiro evento, no segmento de Brasília a reunir em um mesmo lugar preços off, atividades culturais, espaço para beleza e área

de alimentação. Grandes marcas expõem em um mesmo lugar suas peças a preços bem mais em conta. Para se ter uma idéia começamos com 24 marcas, e atualmente contamos com um mix de mais de 60 expositores”, explicam elas. Se você perdeu as liquidações que ocorreram nos últimos meses, pode aproveitar o momento mais que vantajoso para renovar o guarda-roupa. No Bazar encontram-se peças de grandes marcas por preços incríveis. É um espaço que concentra mais de 60 marcas, entre confecções próprias, lojas de multimarcas com as mais badaladas grifes nacionais e importadas e algumas chegarão até 70% de desconto. Muitas lojas de peso já confirmaram presença nesta edição, entre elas: VR, Calvin Klein, Carlos Miele, Sérgio K, Stilo Chic, Mandi & Co, Dress To, Alphorria, M.Officer, Fabrizio Giannone. Lembrando que a entrada no espaço é gratuita e as crianças são bem vindas já que, entre as várias lojas em promoção, haverão algumas dedicadas apenas aos pequenos. Serviço Bazar Extra Chique Gilberto Salomão Data: 31/03 a 03/04 Horário: 11h às 21h Twitter: @Extrachique

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Comportamento

Por: Virginia Ciarlini | Fotos: Gustavo Lima

Todos os

caminhos

levam a Santiago de Compostela Do tradicional caminho francês, passando pelo aragonês, asturiano, português até caminhos da Galícia, o destino é um só

É

comum ouvir que a peregrinação é um exercício de reflexão e fé. Em Brasília, são mais de quinhentos peregrinos que fazem parte do grupo “Peregrinos da paz – Caminho Santiago”, que desde 1999 se encontram mensalmente para trocar informações e experiências e realizar palestras sobre os caminhos de Santiago de Compostela. Além de realizar caminhadas pela cidade como forma de fortalecer e enaltecer os vínculos de amizade daqueles que já foram, dos que se conheceram lá e dos que pretendem ir. Os encontros são realizados no Centro Cultural de Brasília (Jesuítas), na 601 Norte e são chamados de reuniões preparatórias. Há um calendário anual de eventos que inclui palestras com informações básicas, perguntas frequentes, mochilas e equipamentos, exposição de fotos e slides e claro que também, data reservada para a comemoração de aniversário do grupo e para a divisão de tarefas em obras sociais propostas pelo grupo. Cada peregrino que comparece a uma dessas reuniões, ou a todas, sempre leva um prato de doce ou de salgado e uma bebida. Os líderes do grupo encomendam a tradicional “Torta de Santiago”. Uma sobremesa galega em que os ingredientes principais são ovos e amêndoas, aromatizados com canela e raspa de limão. No centro da torta, a representação de uma concha, símbolo do caminho de Santiago, ou a Cruz de Santiago. Depois das palestras, o clima é de comemoração no final de tarde dos sábados.

Responsabilidades do grupo Mas nem só de festa são organizados esses encontros entre amigos. As responsabilidades de uma associação

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como essa são muito sérias. Uma delas é a emissão da Credencial Oficial do Peregrino de Santiago. “Aqui em Brasília a credencial é emitida gratuitamente, pois o grupo na capital não é uma empresa, não tem CNPJ e nem tem por função estimular o turismo na Europa”, revela Manoel de Brasília, um peregrino de 78 anos que já percorreu o caminho 17 vezes. O Grupo Peregrino da Paz - Caminho Santiago está autorizado pelo Centro de Acolhida do Peregrino da Catedral de Santiago a emitir a Credencial do Peregrino. Um documento que tem por finalidade permitir o acesso dos peregrinos aos locais que carimbam essa credencial, durante o caminho, com selos das paróquias, albergues, refúgios, pousadas, bares e pessoas que representam os locais de passagem. A credencial é o único documento que comprova a peregrinação e faz jus a Compostela. O certificado oficial que a Catedral de Santiago concede as pessoas que realizam a peregrinação por motivos religiosos. Manoel ressalta que “para que a credencial esteja completa é preciso percorrer, a pé, os últimos cem quilômetros do caminho. De bicicleta ou a cavalo, os últimos duzentos quilômetros”.


Valderez Braz fez o caminho duas vezes.

O que tem Santiago Localizado a noroeste da Espanha e com uma paisagem sublime, o município de Santiago de Compostela é mundialmente conhecido pela tradicional peregrinação dos que desejam conhecer a Catedral de Santiago de Compostela. Para os católicos, o dia 25 de julho representa o dia de Santiago Maior, um dos apóstolos de Jesus Cristo, cujo túmulo acredita-se estar preservado no interior da Catedral. A peregrinação a Santiago é hoje uma das três maiores do Cristianismo. As demais são Roma e Jerusalém. Originária da Idade Média, reunia centenas de fiéis em busca de conhecimento e esclarecimento sobre o túmulo de São Tiago, uma vez que este representa fortemente um símbolo religioso próximo. A referência à concha, um dos símbolos do caminho, vem dessa época. Os peregrinos que caminharam por lá passaram a usá-las e a levá-las de volta para casa como prova de que tinham estado nas costas da Galícia. Essa prática reforçava a afirmação de que o cami-

Manoel de Brasília já foi ao local 17 vezes.

nho não terminava em Santiago, mas na Costa da Morte, em Finisterre. Um velho caminho de peregrinação por terras mais ocidentais da Europa. Na época medieval era chamado de fim do mundo, pois ainda não se sabia da existência da América. Essa região foi cristianizada pela Igreja Católica apoiada pelo grande fluxo de peregrinos cristãos que buscavam o Caminho de Santiago. A viagem até a Catedral é feita por caminhos que partem de todos os cantos da Europa. A peregrinação é sinalizada pelas conchas e também por setas de cor amarela no chão, muros, pedras, postes, árvores e outros. Os caminhos inglês, francês e português levam diretamente a Santiago. Os demais se juntam a esses durante o percurso. Na credencial do peregrino tem mapas de vários caminhos. São eles o tradicional francês com origens em Paris, Vézelay, Le Puy e Arles. Esses caminhos entram na Espanha por Roncesvalles e Puerto de Somport e se unem em Puente La Reina. A ramificação que vem de Arles e entra por Somport é chamado de caminho Aragonês. Em Via de La Plata que se inicia em Sevilla, ao entrar na Galícia, ramifica-se em duas opções de chegada. Uma delas se une ao caminho francês em Astorga e a outra segue direto.

O peregrino Para Manoel de Brasília, como é conhecido, o tempo para fazer o percurso

é você quem escolhe. Ele já foi 17 vezes e já andou dez mil quilômetros na Espanha. “Para mim, o que vale é a troca de experiências. Caminhando é possível fugir do cotidiano, deixar os problemas para traz e refletir muito sobre todas as coisas da vida”, diz Manoel que é um dos fundadores e palestrante do Grupo Peregrinos da paz – Caminho Santiago. Já o médico Valderez Bráz, que só foi duas vezes, o mais importante é respeitar o próprio ritmo nas caminhadas diárias. “Nas duas vezes andei de 20 a 35 km por dia e sempre com, pelo menos, mais três companheiros”. Ele relembra que uma peregrina que caminhou com ele foi uma vizinha que pouco conhecia e se encontraram no avião. “Posso dizer que as surpresas são de todas as formas e os vínculos estabelecidos são difíceis de se romper”, conclui. Serviço manoelbrasilia@terra.com.br Encontros do Grupo Peregrino da Paz Local:Centro Cultural de Brasília(Jesuítas) Endereço: L2 Norte Quadra 601-B (Ao lado do SERPRO)

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Artes Plásticas

Por: Maíra Elluké | Fotos: FAAP

Ode à

mulher

brasileira A obra que encantou Obama - O auto retrato de Tarsila do Amaral O famoso Abaporu, de Tarsila do Amaral, de 1928

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A famosa obra “Abaporu”, de Tarsila do Amaral é destaque em exposição que homenageia a produção cultural das artistas do país

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urante a visita de Barack Obama ao país, ele teve a oportunidade de conhecer o Brasil de uma forma especial. Ao ser o primeiro visitante da exposição “Mulheres, Artistas e Brasileiras”, o presidente dos EUA conheceu obras que refletem a diversidade e as lutas do povo brasileiro. As criações que compõem a mostra – produzidas somente por mulheres (famosas e anônimas) – traçam um panorama da produção realizada por artistas que contribuíram intensamente com a cultura brasileira. A mostra reúne cerca de 80 obras – das mais diversas técnicas – entre telas, esculturas e instalações, de 49 artistas do país. O destaque da exposição fica por conta da tela “Abaporu”, a mais ilustre obra da pintora Tarsila do Amaral. A exibição é uma verdadeira homenagem não só a essas artistas, mas também a todas as mulheres que tem a brasilidade no sangue. A convite da presidenta Dilma Rousseff, a Fundação Armando Alvares Penteado (FAAP) organizou a mostra, que tem patrocínio do Banco do Brasil. Para o curador do Museu de Arte Brasileira da FAAP, José Luis Hernández, a mostra é uma ótima oportunidade para conhecer obras inéditas. “Mostrar ao público um acervo que estava ‘escondido’ e obras pouco conhecidas é um dos diferenciais dessa exposição”, revela. Hernández comenta ainda que as artistas modernistas Anita Malfatti e Tarsila do Amaral serão as principais


Bandeira de Farrapos, de Marta Niklaus

Na parte das gravuras, estão dispostas 18 obras de, entre outras, Renina Katz, Maria Bonomi, Anna Letycia e Fayga Ostrower. Na seção de fotografias, Rosângela Rennó e Enrica Bernadelli apresentam seus olhares. Para fechar esse espaço, as fotografias impressas na obra “Travesseiros”, da artista Marta Renner, revelam um olhar sobre passeatas na Esplanada dos Ministérios. A tapeçaria também está representada na mostra, com duas peças de Gilda Azevedo e Shirley Paes Leme. No mesmo local, dedicado às peças em lã sobre tela, também podem ser conferidas as pinturas de Dalva de Oliveira, Tereza Carvalho, Cidinha Pereira, Ana Moysés e Zica Bergami. Tais obras refletem a riqueza e diversidade da cultura popular brasileira.

Símbolo de um movimento

A obra A Mulher e Sua Sombra, de Maria Martins

homenageadas, por terem dado início à sólida e constante participação da mulher na arte brasileira. “A elas juntam-se Georgina de Albuquerque, exemplo da arte pré-modernista, Noêmia Mourão e Colette Pujol – representantes da continuidade da primeira fase do modernismo”, destaca. Também poderão ser apreciadas produções de Lygia Pape e Mira Schendel – expoentes da arte contemporânea internacional, assim como obras de Tomie Ohtake, Edith Behring e Renina Katz. Criações de artistas de gerações mais recentes, dentre elas Geórgia Kyriakakis, Mariannita Luzzati e Leda Catunda também podem ser conferidas na mostra, que foi formada a partir de acervos de órgãos públicos e de grandes museus do Brasil.

Diversidade de olhares O primeiro bloco da mostra – dividida em oito espaços – reúne 29 pinturas que homenageiam Anita Malfatti e Tarsila do Amaral – as principais representantes do modernismo brasileiro. Na mesma seção também poderá ser apreciada a tela de Djanira, retirada do gabinete da presidenta Dilma Rousseff especialmente para a exposição. O segundo bloco é composto por desenhos de artistas como Noêmia Mourão. O passeio pela exposição conduz ao espaço que concentra 14 esculturas e objetos que revelam a infinidade de técnicas usadas por artistas como Regina Silveira e Mary Vieira. Destaque para a escultura surrealista “A mulher e sua sombra”, de Maria Martins – a obra faz parte do acervo do Palácio do Itamaraty e hoje fica exposta no jardim de Burle Marx, que fica no último andar do prédio.

Concebida em 1928, quando Tarsila do Amaral retornou ao Brasil depois de muitos anos fora do país, a tela “Abaporu” ficou mundialmente conhecida por ser um ícone do movimento antropofágico - fundado e teorizado pelo poeta paulista Oswald de Andrade e disseminado durante a Semana de Arte Moderna, de 1922. Época em que nomes consagrados do modernismo brasileiro uniram-se em busca de experimentação e liberdade criativa em diversos segmentos artísticos. O nome da obra – presente de Tarsila para seu marido Oswald de Andrade – significa, na língua indígena tupi-guarani, “homem que come gente”, uma referência à proposta modernista de literalmente “engolir” a cultura estrangeira e misturá-la aos componentes brasileiros que resultaram na singular cultura do país. Desde 1995, a obra pertence ao colecionador argentino e empresário Eduardo Constantini, que pagou US$ 1,5 milhão pela obra, há 16 anos. De acordo com o curador José Luis Hernández, o dono do quadro fez várias exigências para cedê-lo à exposição. Além de um rigoroso controle de umidade e temperatura. “A tela é protegida por um segurança exclusivo, por um vidro e uma fita que garante a distância de cerca de um metro do público”, informa. “Abaporu” incorporou a obra ao acervo do Museu de Arte Latino-Americano de Buenos Aires (Malba), onde estava exposto para visitação pública. Em função do prestígio internacional da presidenta Dilma Rousseff e de seu desejo de ver o quadro novamente no Brasil, o colecionador emprestou-o especificamente para a mostra. Serviço Exposição “Mulheres, Artistas e Brasileiras” Salão Oeste do Palácio do Planalto - Praça dos Três Poderes (61) 3033.2929 Entrada Franca Até 5 de maio, de segunda a domingo (inclusive feriados), das 10h às 16h

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Cinema

Ricardo Movits *

Ilustração: Eward Bonasser Jr.

Segredos subliminares Parte II

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a primeira parte desta matéria vimos algumas técnicas de som para passar mensagens de forma subliminar e motivar o espectador sem que ele, conscientemente, perceba. Quando se projeta um filme em película, a velocidade que o olho humano percebe o movimento real é de 24 quadros por segundo. 24 fotogramas passam pela lente do projetor a cada segundo de filme. Este padrão de 24 quadros está vigente desde 1929. No período do cinema mudo, a maioria dos filmes era rodado entre 16 e 20 quadros por segundo. Se a cada segundo de filme o editor inserir uma imagem em um dos 24 quadros, o olho humano não notará, mas o subconsciente vai captar. Esta técnica pode ser usada para fazer a propaganda de algum produto ou marca, induzir ou preparar o público para alguma cena ou simplesmente manipular de forma covarde o subconsciente das pessoas. Digo de forma covarde porque todos nós temos o direito de saber ao que somos expostos.

LEIS Infelizmente não existem leis no Brasil que regulamentam o uso de mensagens subliminares. Em 2003 foi aprovado o Projeto de Lei 5047/01,

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do deputado João Herrmann Neto (PPS-SP), que altera o Código de Defesa do Consumidor para proibir a veiculação de propaganda contendo mensagem subliminar. Vale para

propaganda. Não há uma referência sobre o cinema nem as técnicas utilizadas no uso dessas mensagens. Dos diversos casos comprovados legalmente sobre o uso abusivo e


indevido de mensagens subliminares, vale apena destacar dois. Um da MTV Brasil e outro da Disney. Ambos relacionados com imagens sexuais.

BERNARDO E BIANCA (1977) Aos 28 minutos do filme, quando o pássaro passa em frente a vários prédios aparece a imagem de uma mulher com os seios de fora, em uma das janelas. A cena não pode ser percebida na velocidade normal do filme. A imagem da moça nua foi inserida em apenas dois dos 110 mil fotogramas que compõem o desenho. Pela primeira vez na história da empresa, a Disney admitiu ter encontrado imagens subliminares, conforme um comunicado oficial emitido pela própria Disney em 1999. A empresa recolheu quase 4 milhões de fitas nos Estados Unidos e o prejuízo chegou a 78 milhões de dólares. Muito pouco para quem não tem o mínimo respeito com as crianças.

VINHETA DA MTV Em novembro de 2002 a MTV foi processada. De acordo com o MP, a vinheta “no plano consciente veicula imagens regulares com o logotipo da MTV, mas

quando as imagens do referido clipe são submetidas à velocidade mais lenta, percebe-se que as mesmas trazem cenas explícitas de prática sexual chamada de sadomasoquismo”. Existem cenas de pedofilia também. É muita irresponsabilidade de um canal de televisão.

OUTRAS MENSAGENS A maioria das mensagens subliminares inseridas nos filmes e animações infantis é alusiva ao sexo. Isso ocorre, pois quem vai levar a criança nos cinemas são os adultos. Essas mensagens são direcionadas aos adultos como um estímulo para assistir os filmes. Técnica primária e pobre. Precisamos de histórias melhores. Existem outras técnicas subliminares usadas nos filmes ou nas propagandas dos filmes, para melhor entendimento da história ou para preparar o espectador para a próxima cena.

O SILÊNCIO DOS INOCENTES (1991) No filme O Silêncio dos Inocentes, de Jonathan Demme, a mensagem subliminar está no cartaz do filme. A moça com uma mariposa cobrindo a boca. Até aí nada de subliminar, apenas simbólico. Na mariposa está uma caveira. A caveira em si não é subliminar, pois pode ser visto conscientemente. O subliminar está quando se amplia a imagem da caveira, que é formada por sete mulheres nuas, inspirada em uma fotografia de Salvador Dali. O filme foi indicado a 7 estatuetas do Oscar e levou 5, incluindo o de melhor filme e o de melhor diretor.

DRÁCULA DE BRAM STOKER (1992) No filme Drácula, de Francis Ford Coppola, a cena em que o vampiro, na forma de lobisomem, faz amor com a moça de vermelho no jardim, contém uma mensagem subliminar para maior entendimento da história. É no momento em que ele pára e fala para a outra jovem: - Não me veja! (- Don’t see me!), e cai um relâmpago que ilumina tudo. Em um dos fotogramas, durante o relâmpago, aparece o rosto do ator sem a maquiagem. Antes, o ator apareceu maquiado de velho, depois de lobo. Esta imagem subliminar prepara nosso inconsciente para reconhecê-lo mais tarde, nas cenas subsequentes, como o nobre sofisticado. Na próxima edição veremos alguns relatos de pessoas que foram influenciadas por mensagens subliminares no cinema. *Ricardo Movits, cineasta, artista plástico, poeta, escritor, compositor e produtor cultural, nasceu no Rio de Janeiro em 1965. É membro da Academia Maçônica de Letras e autor de várias peças teatrais e roteiros para cinema, teatro e televisão.

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Gastronomia Por: Alessandra Bacelar | Fotos: Gustavo Lima

FOGO DE CHÃO O melhor do tradicional churrasco gaúcho

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om mais de trinta anos no mercado e dezesseis unidades entre o Brasil e os Estados Unidos da América (EUA), a churrascaria Fogo de Chão traz o melhor da carne bovina à cidade. Em Brasília, já são quatro anos mostrando cortes especiais de carne vermelha, acompanhada de uma enorme variedade de saladas. Devido ao cuidado no preparo até a maneira de servir, os brasilienses podem desfrutar do melhor do churrasco gaúcho. Entre as especialidades, destacam-se o bife Ancho, o assado de tira e os cortes frescos de cordeiro. Entre os aperitivos destacam-se o presunto Jamon Serrano e a barca de palmitos assados. Também são servidos à mesa acompanhamentos como a batata country, pão de queijo e geléia de hortelã. Pratos típicos, carnes selecionadas e um excelente buffet de frios fazem da churrascaria, a mais completa da cidade!

Serviço SHS Qd 5 Bl E s/n Asa Sul (61) 3321-0608 322.4666

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CREPE ROYALE O requinte da culinária francesa

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om um cardápio bem diversificado e recheios de dar água na boca, a Crepe Royale tem conquistado uma grande clientela. O ambiente é bem familiar e a decoração clássica. O espaço ganha charme adicional com as luzes de velas. No local é oferecido uma variedade de crepes doces e salgados, tanto no “a la carte” quanto no rodízio. A grande atração são os crepes especiais, que possuem deliciosas combinações e um design impecável. Entre eles destaca-se o crepe de camarão ao molho pisque, que traz o gosto apurado do fruto do mar combinado com recheio de seu próprio caldo. Para acompanhá-lo, cai muito bem um vinho branco ou um tinto suave. Os crepes doces também chamam atenção pela beleza dos pratos. Como o crepe de morango flambado, que leva morangos com calda e sorvete e o crepe de alfajor doce, que é a combinação de mousse de doce de leite, biscoito, aveia, mel e chocolate. As receitas obedecem à culinária francesa, do excelente sabor ao estilo gastronômico.

Serviço CLS 207, Bl. C s/n, Lj 37 Asa Sul (61) 3443-4777

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Teatro Por: Maíra Elluké | Fotos: Divulgação

O bom humor é o

combustível

Depois de uma temporada de sucesso em Goiânia, a Cia de Comédia Setebelos se prepara para alçar voos mais altos

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uando se trata de humor, Brasília é um verdadeiro berço de talentos. Depois de apresentar ao Brasil a companhia teatral Os Melhores do Mundo, a cidade já lançou inúmeros outros grupos da mesma vertente: a comédia. Entre as novidades da “turma do riso”, a Cia de Comédia Setebelos, com certeza é um destaque à parte. Reconhecida pelo público e crítica especializada como uma das principais companhias de teatro de Brasília, o grupo volta à capital cheia de gás, depois de uma temporada de sucesso em Goiânia. Por lá, o Setebelos apresentou o espetáculo “Terror – A Comédia” e de acordo com o integrante Daniel Villas Boas, a receptividade do público foi surpreendente. “Eles foram muito calorosos e o feedback que recebemos foi incrível. Com certeza voltaremos o quanto antes para lá”, afirma. O grupo formado por Saulo Pinheiro, 24 anos, Lucas Moll, 25, Daniel Lima, 25, Leônidas Fontes, 38, Daniel Villas Boas, 23 e Paulo Mansur, 26, tem lotado as salas de teatro da capital. Na primeira formação eram sete integrantes, por isso o nome “Setebelos”. Mas a sétima peça do grupo

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decidiu deixar Brasília para tentar outras oportunidades. Com um humor refinado, aliado à capacidade de improvisação e versatilidade, o grupo formado por jovens atores da cena artística local conquistou o exigente público da capital. Desde 2005 nos palcos da cidade, a história do sexteto começou depois de uma Oficina Teatral Circo Íntimo, ministrada pelos atores Abaeté Queiroz e Edson Duavy – dupla que até hoje auxilia o grupo na parte técnica. “Vimos que tínhamos o modo de pensar bem parecido, principalmente no campo do humor. Começamos a fazer pequenas cenas de comédia, que, modéstia a parte, foram sucesso”, revela Daniel sobre o início do projeto teatral. Ele destaca ainda que os “aspirantes a comediantes” recebiam muito apoio dos colegas que fizeram durante as primeiras oficinas. “Todos gostavam muito, então resolvemos então testar se o riso era apenas amizade”, conta. Desde então, a companhia já produziu seis espetáculos diferentes. Daniel atribui o sucesso à paixão do sexteto pela comédia. “Sempre contamos com várias casas lotadas, tudo

resultado de um trabalho em conjunto, muito trabalho e bom humor”, comemora. O reflexo da popularidade da companhia pode ser visto nos palcos pelos quais os Setebelos já passaram. Teatro Nacional, Centro de Convenções Ulisses Guimarães, Teatro Sesc em Ceilândia, entre outros, que mostram a capacidade do grupo de encantar os mais diversos públicos. Além do sucesso nos palcos, o grupo tem uma presença marcante na internet e atribui a isso a diversidade de público que assiste aos espetáculos. “Uma das maiores sensações na internet é o humor, a comédia. Isso com certeza é ótimo para alcançar um novo público”, comenta Daniel. Sobre o futuro, Daniel afirma que o grupo está sempre em constante criação. “Estamos sempre com ‘cartas na manga’ somente esperando para serem colocadas em jogo”, revela. A nova peça já está em processo de pesquisa. Daniel destaca ainda que fora dos palcos, o Setebelos está com projetos em várias mídias. “Fora novos espetáculos, também temos projetos para internet, rádio e, futuramente, para TV”, finaliza. É esperar para ver o que o Setebelos vai tirar da “cartola”.


Música

Bohumil Med*

Por: Tássia Navarro | Fotos: Gustavo Lima

A mulher no mundo da música A essência da música é excessivamente feminina. A música é uma mulher.

N

o mês em que se comemora o dia internacional das mulheres, também eu agarro à oportunidade para ressaltar minha veneração ao sexo ‘frágil’, convergindo o tema para o campo da música. Assim, presto homenagens a elas, nossas eternas musas inspiradoras, na figura da anônima professorinha que ensina os primeiros dó-ré-mis (maioria absoluta no ensino de música, responsável por gerações e gerações de músicos e apreciadores), ou na da famosa concertista que batalhou e conquistou renome internacional. O universo musical sempre foi bastante machista. O máximo facultado às mulheres era o estudo de piano, canto e harpa – instrumento quase exclusivamente feminino, que pela suavidade dos sons e das curvas oblíquas combina perfeitamente com o caráter mais delicado delas. A Igreja exerceu rigor maior. Quer um exemplo nem tão remoto assim? No leito de morte, Chopin (1810/1849) pediu que em seu funeral fosse executado o Réquiem de Mozart, sem saber que as mulheres não podiam cantar nas paróquias. Com muita resistência, o arcebispo de Paris concedeu licença especial desde que as cantoras ficassem escondidas. Cantaram atrás de uma cortina de veludo negro.

No Brasil, também não vai longe o tempo em que às mulheres só era dado o direito de ensinar e fazer música em saraus familiares. Poucas foram as “rebeldes”. A pianista Magdalena Tagliafero (l894/1986) foi uma delas. Filha de pais franceses (talvez por isso) começou a estudar piano aos cinco anos de idade e já aos 13 anos, o instrumento em sua vida tomou contornos profissionais. Seguiu carreira internacional, empolgando exigentes plateias, aonde quer que se apresentasse.

UM LUGAR AO SOL A famosa Orquestra Filarmônica de Berlim também não admitia mulheres. Mas elas foram à luta e conseguiram vencer a relutância mesmo do irascível e assumidamente machista maestro Herbert von Karajan, que não viu outro jeito senão contratá-las. Isso há poucos anos. Hoje elas estão invadindo até as estantes dos instrumentos considerados masculinizados. Já é comum mulheres trompistas, trompetistas, trombonistas e tubistas. Aonde nós homens vamos parar? O mundo não é mais o mesmo! O campo em que os homens (ainda) dominam é o da composição. Do mesmo modo, o número de maestrinas é infinitamente inferior ao de maestros. Há uma piada (machista, é claro!) que tenta explicar essa situação: “Quando a maestrina é bonita, os músicos só olham

F. Nietzsche para ela e se esquecem da partitura, errando as notas. E quando ela é, digamos, menos atraente, os músicos só olham para a partitura e ignoram as instruções gestuais da maestrina, prejudicando a interpretação”. A propósito, sabia você que na língua portuguesa não existia o verbete maestrina? O termo foi criado em 1885 como referência à compositora e pianista Chiquinha Gonzaga, que pioneira e transgressora, se destacou numa carreira predominantemente masculina, tornando-se a primeira mulher a reger orquestra no Brasil.

EM BRASÍLIA Ressalto o trabalho de duas grandes mulheres: a professora, pianista, compositora e virtuosa Neusa França, matriarca da vida musical em Brasília (formou muitos pianistas de sucesso) e a incansável Asta-Rose Alcaide. Graduada em balé clássico, melômana (amante da música) de carteirinha, Asta foi casada com famoso tenor português e sempre dedicou a vida à música, em especial à ópera. Vive em função da Orquestra Sinfônica do Teatro Nacional. A essas mulheres, nosso muito obrigado. *Bohumil Med Professor emérito da Universidade de Brasília. Com a colaboração de Regina Ivete Lopes

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Meio Ambiente

Por: Aline Ricciardi | Fotos: Divulgação

Água nossa

de cada

dia Sabendo economizar, não vai faltar

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água é um recurso natural de valor inestimável. Mais que um insumo indispensável à produção e um recurso estratégico para o desenvolvimento econômico. Ela é vital para a manutenção dos ciclos biológicos, geológicos e químicos que mantêm o equilíbrio entre os ecossistemas. Além disso, é uma referência cultural, bastante social e indispensável à adequada qualidade de vida da população. Para celebrar um bem considerado infinito se bem utilizado e devido à sua importância utilitária, a Organização das Nações Unidas estabeleceu que o dia da água fosse celebrado em 22 de março. Assim foi feito. No dia, comemorações foi o que não faltou no mundo. No Brasil, o elemento, que ocupa 71% no planeta foi comemorado em todos os lugares. Em Brasília, não foi diferente. Escolas, parques e a comunidade até mesmo de

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maneira isolada, celebraram o dia. A Companhia de Saneamento Ambiental do Distrito Federal (Caesb), em campanha comemorativa do Dia Mundial distribuiu material socioeducativo e muitos copos de água potável nas plataformas da Estação Rodoviária do Plano Piloto. Para a realização dos eventos, a Caesb teve a parceria das secretarias de Meio Ambiente e Recursos Hídricos, Agricultura, Publicidade Institucional e de Cultura do GDF, da Emater, Adasa e outros órgãos. A semana de comemoração foi marcada por acontecimentos como a Corrida e Caminhada das Águas, promovidas pela Agência Reguladora de Águas, Energia e Saneamento do DF (Adasa) e Agência Nacional de Águas (ANA), no estacionamento do Parque da Cidade. Na data, atividades como plantio de mudas de árvores, apresentações culturais e exibições teatrais, todas focadas na necessidade da preservação e conservação do elemento águas, aconteceram. Um grande show com artistas locais e de renome nacionais marcou o encerramento da comemoração na Praça das Fontes, em frente à Torre de TV. De acordo com a Caesb, no DF, o índice de atendimento à população com sistema de abastecimento de água potável é de 99% e o de atendimento com coleta de esgotos sanitários é de 93%. O índice atual de tratamento dos esgotos coletados é de 100%. Índices significativamente elevados para a realidade brasileira. Para atender 99% da população com abastecimento de água, a empresa dispõe de cinco sistemas produtores, 10 Estações de Tratamento de Água, 56 Unidades de Tratamento Simplificado ou de Cloração de Poços, 6.469 quilômetros de redes de distribuição/adutora, 434.060 ligações e 719.621 economias ativas. Para preservação do bem mais valioso do nosso planeta, a Caesb tem um programa que visa à redução da perda de água, bem como a eliminação de pontos clandestinos pela cidade. O Distrito Federal pode se orgulhar por ser um dos poucos lugares nesse

país onde a qualidade da água é muito boa. Do ponto de vista hidrográfico, o DF apresenta característica especial por estar inserido nas bacias do São Francisco, Paraná e Tocantins. Ou seja, na bacia Amazônica. Nosso país é privilegiado com relação à disponibilidade de água. Detém 53% do manancial de água doce disponível na América do Sul e possui o maior rio do planeta, o Amazonas. No entanto, mesmo com grande disponibilidade de recursos hídricos, o país sofre com a escassez de água potável em alguns lugares. Dados afirmam que a água doce disponível em território brasileiro está irregularmente distribuída: aproximadamente 72% dos mananciais estão na região amazônica, 27% na região Centro-Sul e apenas 1% na região Nordeste. Vicente Andreu, diretor presidente da Agência Nacional de Águas durante audiência no Senado Federal sobre o assunto, aproveitou para falar sobre a expansão da gestão da água no Brasil e destacou os obstáculos da implantação da “Lei das Águas” como outorgas de direito do uso de recursos hídricos, cobrança pelo uso da água e uso racional, sobretudo na agricultura. Andreu defendeu os dispositivos da lei que disciplinam a cobrança pelo uso da água no país e a necessidade de ajustar a lei à complexidade regional brasileira. Comemorações à parte, ambientalistas asseguram que as manifestações valem como alerta para o impacto do rápido crescimento urbano, industrialização e as incertezas provocadas pelas mudanças climáticas. Para eles, preservar é a palavra de ordem. Serviço Agência Nacional de Águas Setor Policial – Ár. 05 Qd. 03 bl. B, L, M e T (61) 2109.5400 / 2109.5252 CAESB Avenida Sibipiruna Lotes 13/21 – Águas Claras Atendimento através do telefone 115 www.caesb.df.gov.br

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Jornalista Aprendiz Por: Sofia Damasceno

Motogirls:

Meninas na moto Elas encaram um dos trabalhos considerados mais perigosos e brutos do mercado. Cuidadosas e educadas, conquistam respeito no reduto dos motoboys

E

m um mundo marcado pelo machismo, onde a mulher recebe menos para exercer o mesmo trabalho que um homem, a preferência pela mão-de-obra feminina por algumas empresas chama a atenção. Características específicas do comportamento feminino, como cuidado e atenção maior a detalhes têm contribuído para ampliar a presença da mulher no mercado de trabalho e em funções antes dominada por homens. Ultimamente, as empresas buscam a mão-de-obra feminina para entregas rápidas, realizadas geralmente com motocicletas. Além de priorizarem mulheres, elas pagam até 40% a mais para o sexo feminino. Nas grandes cidades, os motoboys já são velhos conhecidos por ziguezaguear entre os carros, arriscando alguns retrovisores e a própria pele para salvar os que contam com a rapidez de seus serviços. O trabalho é duro, perigoso, e os homens ainda predominam. Mas capacetes cor-de-rosa despontam aqui e ali. Dos 50 milhões de veículos licenciados no Brasil, mais de sete milhões são motocicletas. Nesse universo, 2,5 milhões usam o veículo para trabalhar e apenas 5% são mulheres. A estimativa é da Associação Brasileira de Motociclistas. Alessandra Alves Carvalho, de 26 anos, ensino médio completo, era assistente administrativa até perder o em-

prego, há quatro anos. Decidiu unir o útil ao agradável, fazendo do gosto que já tinha por andar de moto a sua profissão. “Nunca fui assaltada nem sofri acidente, mas tenho medo. O que não posso é parar de trabalhar. Eu não passo do limite. Sei o que faço no trânsito. O duro é não saber o que os outros fazem, por isso é importante a direção defensiva. Somos treinadas para isso”, conta. Ela trabalha na Speed Entrega Rápida, agência de motofrete. O atual dono, Carlos Machado, não tardou a “flexibilizar”e hoje conta com 30 rapazes para os serviços do dia-a-dia e oito moças para atender as empresas com contrato.“Elas geralmente andam mais devagar que os homens e muitos serviços exigem maior rapidez. Mas são mais delicadas, cuidadosas, educadas, conversam melhor. Nunca chegam esfarrapadas e sujas e é mais difícil sofrerem acidentes”, explica Carlos.

É comum motoboys mexerem comigo. Gritam ‘ô, lá em casa’, e daí para baixo. Levo numa boa, para não arranjar confusão

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Mala na garupa

Sobre duas rodas, elas não fazem apenas serviços de banco ou entregas de documentos. Em algumas cidades, no lugar do baú vai um passageiro. Daniele Reis Miranda, 29 anos, é mototaxista em Santa Maria (DF). Diz ter sido a última opção e que sairá dela assim que conseguir um emprego razoável. Nesse trabalho, a pressa é menor, mas os riscos do trânsito são os mesmos. A ele se


soma o assédio. “Se um cara começa com gracinha já falo logo que vou parar a moto e ele vai ter de descer. Uma vez, um falou que ia me dar R$ 10 para passar a mão em mim. Fiquei muito brava, parei e mandei o cara descer. Ele prometeu parar, e eu acabei fazendo a corrida”, conta. Também afirma ser comum levar pessoas bêbadas ou drogadas. “É perigoso. Tem poucas mulheres, porque a maioria não tem coragem. E com razão”. A corrida dentro da cidade sai de R$ 2,0 a R$ 8,0 e ela faz em média sete por dia. No dia anterior à entrevista, tinha ganhado R$ 33, mas ficou com R$ 19, pois teve de pagar o combustível e o dono do ponto, que cobra R$ 8,0 diários. “Estou nessa porque preciso mesmo. No trânsito ninguém respeita ninguém. Já sofri um acidente e uma amiga foi assaltada duas vezes em uma semana. Numa delas pelo próprio passageiro”, conta.

Elas são vaidosas. Antes de descer da moto sempre confere o visual no retrovisor. “Arrumo o cabelo e me preocupo com a aparência. Sou muito feminina. Gosto de salto alto e nunca uso tênis. É comum motoboys mexerem comigo. Gritam ‘ô, lá em casa’, e daí para baixo. Levo numa boa, para não arranjar confusão”, ensina A lessandra obser va que essas grosserias não são exclusividades de motoboys, também vêm de taxistas, caminhoneiros e demais motoristas. “Existe uma generalização dessa fama dos motoqueiros e principalmente dos motoboys. Mas a imprudência no trânsito é geral. As pessoas têm de perceber que precisam de nós porque é um dos serviços mais baratos e rápidos que existem”. E lembra o compositor Lenine: “Motoqueiro, caminhão, pedestre, carro importado, carro nacional. Todo mundo tem direito à vida, todo mundo tem direito igual”.

Serviço Sofia Damasceno é aluna do 5º semestre de Jornalismo no UniCEUB

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Propaganda e Marketing

Carlos Grillo*

Oportunidades, oportunismos e outras tragédias A

s recentes tragédias na região serrana do Rio de Janeiro e no Japão trouxeram à tona uma série de realidades desagradáveis. A falta de planejamento, no caso brasileiro. A impotência da sociedade, no caso japonês, até então tida como preparada para suportar desastres naturais. E, em ambos os casos, a falta de bom senso de algumas empresas e profissionais de marketing ao redor do mundo. Amplificada pelas redes sociais, a confusão entre oportunidade e oportunismo nunca esteve tão latente.

O Bing e o Japão Nas últimas semanas, o Japão enfrenta a destruição provocada por um terremoto de quase nove pontos na escala Richter, seguido por um tsunami. Já são milhares de mortos e bilhões de prejuízo para o país. Notícias de lá se espalham por todos os meios de comunicação. Em especial, pela Internet. Comovidas e solidárias com o povo japonês, pessoas de todo o planeta, sentem-se motivadas a colaborar. Ou seja: um cenário oportuno para os marqueteiros das grandes empresas globais entrarem em ação. Foi o que fez o pessoal do site de buscas Bing, que pertence à Microsoft. A promoção realizada no Twitter propunha o seguinte: “Como você pode ajudar o Japão: http://binged.it/ fEh7iT. Para cada retweet, o Bing irá doar U$ 1 para as vítimas do terremoto, até atingir U$ 100 mil.” A estratégia ia bem até começarem os protestos. Um deles, bastante contundente, partiu do comediante americano Michael Ian Black, que escreveu o seguinte tweet para seus 1,5 milhão de seguidores: “Hey @bing, pare de usar uma tragédia como uma oportunidade cretina de marketing”. Várias outras manifestações de repúdio vieram e a hashtag #fuckbing começou a ganhar força. Logo, o Bing viu-se obrigado a pedir desculpas e esclarecer a situação: “Nós nos desculpamos por nossa mensagem ter sido percebida de forma negativa. Nossa intenção era oferecer

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um meio fácil para as pessoas ajudarem o Japão. Nós doamos os US$100 mil.”

A Nutry e o Rio de Janeiro No início do ano, as chuvas que assolaram a região serrana do Rio, provocaram uma das maiores tragédias da história recente do Brasil. Cidades como Petrópolis, Teresópolis e Nova Friburgo foram parcialmente destruídas. Também bastante noticiada, a situação comoveu o país, que se mobilizou para ajudar. Um dos principais problemas era o abastecimento de água potável e comida. Ótima oportunidade para as empresas do ramo alimentício atuarem, certo? Pois bem. A Nutry, marca de barra de cereais líder de vendas no país, pensou nisso. Sua ação consistia em convencer os twitteiros a seguirem o perfil @ Nutryoficial e retweetar a mensagem: “Você pode ajudar quem precisa no RJ. Cada retweet vale uma barrinha de Nutry para os desabrigados. Participe!” Assim como no caso do Bing, a estratégia da Nutry causou reações contrárias. E a lógica daqueles que protestaram faz sentido: se o Bing e a Nutry tem condições de ajudar e estão dispostas a isso, porque não o fazem de uma vez? Porque condicionam suas atuações em benefício da sociedade a ações em benefício de suas marcas? Exemplos como esses são muito comuns e nos deixam lições. Filantropia e ajuda humanitária devem ser promovidas por convicção e não por marketing. Os atributos de uma marca são conquistados com ações frequentes, espontâneas e coerentes. Jamais com esforços isolados e margens de oportunismo. Até semana que vem.

*Carlos Grillo Sócio Diretor da Monumenta Comunicação e Estratégias Sociais Email: grillo@monumenta.com.br Twitter: @carlosgrillo


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Vinho

Antônio Matoso Filho*

Os aromas

do vinho

O

s aromas, o “sentir cheiro” são itens presentes em quase todos os momentos da nossa vida. E não raro, associamos um determinado fato, uma lembrança, a um determinado aroma. A olfação é um sentido que pode nos aludir ao prazer, ao percebemos fragrâncias de bons perfumes agradáveis, aromas de comidas apetitosas, um café quando está sendo preparado, um jardim florido etc ou nos proporcionar uma sensação desagradável quando sentimos cheiros pútridos, de amônia, de óleo queimado, etc. No caso dos vinhos não é diferente, e quando se habitua a consumi-los cotidianamente, a percepção olfativa é um detalhe indispensável na avaliação de suas propriedades. Fato é que os vinhos possuem uma complexidade aromática quimicamente comprovada e podem conter mais de 150 aromas – não em um mesmo copo, claro - assim como também ocorre com os cafés (ver mais detalhes em Análise Sensorial de Vinhos, de Fernando Miranda, Editora Axcel Books, 2006). Mas, no caso dos vinhos o assunto este é um tanto polêmico, talvez pela pouca familiaridade dos apreciadores eventuais em perceber essa diversidade de aromas e quiçá pelo exagero das descrições aromáticas bradadas por alguns “iniciados”, muitas vezes em ocasiões pouco apropriadas para exibirem suas sensibilidades olfativas, o que confere um ar um tanto pedante ao inconveniente protagonista. Mas, fato inegável é que a percepção dos aromas presentes em um vinho é um aspecto muito importante para caracterização do mesmo, um critério de avaliação sensorial indiscutível, e principalmente, um indicador significativo da expressão da “tipicidade” do vinho (uva, clima, solo, região, idade, processo de elaboração, etc.) e um importante fator de identificação de qualidade ou defeito. Sim, porque sendo uma substância viva, perecível, assim como uma fruta, uma comida que se estraga ou foi feita com ingredientes bons ou ruins, os aromas

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do vinho podem expressar inúmeros itens indicativos de qualidade, tipicidade, rusticidade ou complexidade de elaboração e inclusive, defeitos. Em se tratando de defeitos é muito importante saber reconhecê-los para não se “pagar gato por lebre”, seja em restaurantes onde não há especialistas para avaliar precisamente o estado de saúde de um vinho, seja para certificar que uma estupenda pechincha adquirida de “famosos e belos rótulos” não se trata de produtos decadentes, com suas características originais já comprometidas e que darão mais decepção do que prazer ao se prová-los. E infelizmente, há pessoas que se contentam mais pelo fato de ter a oportunidade de adquirir rótulos famosos, independentemente da qualidade do conteúdo da garrafa e podem não ter discernimento do que estão bebendo. Evidentemente a sensibilidade individual, o treinamento, a prática e uma memória olfativa razoável, fazem com que umas pessoas percebam mais ou menos aromas ao provarem um vinho. Alguns aromas são mais comuns e facilmente perceptíveis, outros nem tanto, em função de inúmeras variáveis. Existe inclusive um livro com essências artificiais para educar a percepção desses aromas (Le Nez du Vin, de Jean Lenoir, Ed. J.Lenoir). Mas convenhamos, ouvir em um restaurante um “entendido” com ar de superioridade vociferar que ao provar um vinho sentiu efusivos aromas de “trilhas campestres estercadas por gado leiteiro holandês” ou “de amoras silvestres colhidas com o orvalho das manhãs primaveris”... Tenha a santa paciência!!! *Antônio Matoso Filho Engenheiro e enófilo, apreciador sistemático de vinhos desde 1982, monitor de grupos de degustação e professor dos cursos Básico e Avançado da ABS-Brasília.


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Boa leitura com um bom café

Tá lendo o quê?

Locação, venda e assistência técnica de máquinas para café espresso Brasília: 106 Norte Bl.C Lj. 52 | Tel: 61.3033-1010 Goiânia: Rua 17 nº 64 - St Oeste | Tel: 62.3942 4588

Fotos: Divulgação

Hélio Albuquerque Arquiteto

Consultor do Claro ParkFashion

Esteticista da Clínica Slim

Patrícia Deuschle

Vinícius Henrique Magalhães

Livro Vale Tudo – O Som e a Fúria de Tim Maia Autor Nelson Motta

Livro Padre Cícero: Poder e Guerra no Sertão Autor Lira Neto

Livro Os homens que não amavam as mulheres Autor Stieg Larsson

Livro Web 2.0 Heroes

Editora Objetiva

Editora Companhia das Letras

Editora Companhia das Letras

Editora Digerati Books

É uma biografia divertidíssima, que narra mais do que a própria vida do artista, mas episódios de outras personalidades, além de fatos marcantes da música brasileira. O livro conta, sempre de uma maneira irreverente,como era o cantor:da ascenção à decadência que viveu por sucessivas vezes, drogas, dinheiro perdido com mulheres, o tempo em que foi síndico, que até virou letra de música de Jorge Benjor. Além do livro, o autor gravou um CD, com uma versão falada,que também é de matar de rir. Há episódios como a vez em que ele largou tudo para ingressar numa reunião, e saiu logo porque não podia fazer sexo.

O livro “Padre Cícero: Poder, Fé e Guerra no Sertão”, de Lira Neto é uma biografia que retrata o lado místico da cultura popular nordestina, que muito me interessa e inspira. Especialmente por misturar uma linguagem novelesca para tratar de fatos históricos e políticos. Recomendo.

Primeiro volume de trilogia cult de mistério que se tornou fenômeno mundial de vendas, o livro traz uma dupla irresistível de detetives: o jornalista Mikael Blomkvist e a genial e perturbada hacker Lisbeth Salander. Juntos eles desvelam uma trama escabrosa envolvendo a elite sueca. O livro fala sobre as mulheres e a violência que elas sofrem. O diferencial é que as mulheres não são só vítimas, são principalmente sobreviventes. Elas são independentes, fortes, inteligentes e não donzelas indefesas incapazes de se salvarem.

A Web 2.0 é uma tendência que está mudando a cara da Internet. É imediata, interativa, inovadora. Ela tem a ver com habilitar a criatividade, realizando uma cultura de contribuição. É controlada por usuários e conduzida por comunidades.Organizações, profissionais de Marketing, desenvolvedores de aplicações e comunicadores devem estar prontos para responder e inovar.E este é um aperitivo de pontos de vista únicos de blogueiros, desenvolvedores de redes sociais, entre outros. Essas são as pessoas que estão modelando aWeb.O que elas têm a dizer poderá ajudar o leitor a modelar o futuro da sua organização.

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Jackson Araújo

Infoco Fotos

Divulgação

Divulgação

Igo Estrela

www.qualycream.com.br

Sócio do portal barganhando.com

Autor Bradley Jones


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Frases A injustiça que se faz a um, é uma ameaça que se faz a todos.

Há três coisas na vida que nunca voltam atrás: a flecha lançada, a palavra pronunciada e a oportunidade perdida.

Montesquieu

Provérbio Chinês

É sábio quem vive cada dia como se fosse o último. Marco Aurélio

É somente neste mundo que podemos rir. No inferno, não será possível; e no céu, não será correto. Jules Renard

Boca de mel, coração de fel. Provérbio Português

A gratidão é a memória do coração.

Aquele que não pode perdoar destrói a ponte sobre a qual ele mesmo deve passar. George Herbert

J.B.Massieu

É triste falhar na vida; porém, mais triste é não tentar vencer. Roosevelt

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É um erro dizer que a riqueza muda os homens: ela apenas os desmascara. Peter Cheyney


Justiça

Dra. Mônica Ponte*

Direitos da Pachamama P

achamama, nome de origem Inca que ao pé da letra significa Mãe Mundo, ou a Terra, nosso “planeta água”, não tem direitos previstos na Constituição Federal Brasileira. Nossa visão focada no ser humano como único detentor de direitos fundamentais, nos coloca no centro do Universo. Podemos usufruir de todas as criaturas da natureza consideradas (por nós mesmos) inferiores e, a nós subjugadas. Assim, temos direitos à água, ao ar, à terra. O planeta é nosso! A Constituição de 1988, deu um passo rumo à proteção ambiental quando ditou: “Art. 225. Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá- lo para as presentes e futuras gerações.” Mas notem que aqui o direito é do povo e não da natureza. Não é o planeta que tem direito a ser equilibrado e puro, somos nós, seus presunçosos senhorios, que detemos o direito de possuir tal bem em alta qualidade e o dever de preservá-lo só existe PARA QUE as futuras gerações consigam também possuí-los.

Cuidamos da natureza na exata medida na nossa conveniência. Nos limites do nosso egoísmo. O planeta e as plantas não expressam seus interesses com a nossa mesma linguagem e por isso não estamos mais acostumados a ouvi-los e temê-los e então não respeitamos. Os argumentos mais simplistas defendem que o pensamento jurídico sempre foi assim, que somente são tutelados os direitos dos humanos e que COISAS não têm direitos. Convém lembrar que até muito pouco tempo na história da humanidade, foram defendidas as mesmas idéias quanto aos escravos, negros, índios e mulheres. O Equador, assim como todo povo andino, reverencia e ama Pachamama, a mãe terra, provedora e fecunda, por isso inovou em sua Constituição Federal de 2008 e em seu artigo 71: “A natureza ou Pachamama, de onde se produz e se realiza a vida, tem direito a que se respeite integralmente sua existência e sua manutenção e regeneração de seus ciclos vitais, estrutura, funções e processos evolutivos”. A idéia não é apenas da cultura indígena, pois São Francisco já chamava bichos e astros de irmãos. Quem não se emocionou e tomou partido a favor na natureza em “Avatar” ou no saudoso “Meu pé de laranja lima”? Vejam

que em algum lugar em nós mesmos existe um reconhecimento profundo, embora coberto por uma cegueira cômoda, de nossa ligação original com todas as outras criaturas. A intenção não é dar à natureza os mesmos direitos do homem. Seria inútil garantir ao planeta o acesso à educação, direito ao voto, etc. Na prática, reconhecer a Pachamama como um ente possuidor de direitos fundamentais, traria à consciência a noção de que nosso direito termina onde começa o direito do outro também no que concerne à natureza. Limitando inclusive nosso direito de destruição peculiar ao direito de propriedade. Será que já não está na hora de humildemente reconhecermos senão a igualdade ou superioridade ou a dependência, mas no mínimo o poder e a força de nosso planeta e assim conferir a ele os direitos que lhe são próprios? Proponho então aos nossos legisladores a idéia de uma à emenda à Constituição Federal para reconhecer o planeta como detentor de direitos fundamentais. *Dra. Mônica Ponte Pós graduada em Processo Civil, especialista em Direito do Consumidor. Sócia majoritária do escritório PONTE SOARES & FERRAZ - Advocacia Empresarial

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Diz Aí, Mané

Na televisão o governo vem com aquela prosopéia flácida

A concentização é um fato esperançoso para o território mundial

A Geografia Humana estuda o homem em que vivemos

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A capital de Portugal é Luiz Boa Na época de Cristo não haviam hindústrias para poluir

Oceano é onde nasce o Sol; onde ele nasce é o nascente e onde desce decente

As constelações servem para esclarecer a noite

Precisamos tirar as fendas dos olhos para enxergar com clareza o número de famigerados que almenta

O Brasil é um país muito aguado pela chuva


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Cresça e Apareça

Adriana Marques*

Cuidemos

de nossas

vidas!

Vamos entender o que é bom pra gente!

Q

uem nunca disse ou ouviu alguém dizer a frase: “Cuide da sua vida que da minha cuido eu?” Normalmente, ela vem em caráter de alerta para que as pessoas ao seu redor parem de se importar tanto com os seus assuntos. Muito além de apenas servir de alerta para aqueles à sua volta, esse dizer nos leva a uma reflexão mais requintada. O quanto devemos colocar a nossa energia em assuntos que não nos pertencem? Quanto gastamos de tempo pensando e estruturando o NOSSO plano de ação ao invés de investir em conjecturas sobre os outros? Se formos realmente sinceros com nós mesmos, provavelmente, nos decepcionaremos com nossa resposta. Crescemos ouvindo os adultos falando como deve ser a família ideal, o comportamento exemplar, a pessoa de sucesso. Só que esses exemplos são, muitas vezes, retirados daquilo que não é adequado. Falamos do menino que “faz birra”, da senhora que é inconveniente, da família que foi desestruturada por um erro do pai e assim por diante.

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Não será mais fácil e mais lógico propor exemplos positivos, que sirvam como referência de eficácia? Se é mais lógico talvez sim, agora mais fácil definitivamente não é. Aí está o exercício a ser praticado. Quando falamos de pessoas não estamos necessariamente “fazendo fofoca” ou instigando intrigas. O fato é o seguinte: é muito mais fácil entender o contexto alheio. Ter respostas e criar soluções para os outros é mais simples que fazer o mesmo para nossas próprias questões. E sabe porquê? Quando analisamos os cenários alheios, estamos observando fatos concretos, evidências. Não estamos envolvidos emocionalmente. Por isso, para os não envolvidos, alguns erros são quase inaceitáveis! Precisamos entender que o envolvimento emocional cega, tira o racional, faz as pessoas agirem como bobas. E estamos propensos a este tipo de reação quando se trata do nosso contexto. Então, para que criticar tanto os outros? Para que usar exemplos que criarão uma referência baseada no negativo, naquilo que não serve? O que aconteceria se usássemos apenas exemplos positivos, que valem a pena? O exercício é, além de parar de criticar tanto e cuidar da vida

alheia, deixar de achar que temos a fórmula perfeita. Aquela que resolve todos os problemas, que distingue com facilidade o que é bom e o que é ruim, o que serve e o que não serve. Ninguém sabe tudo. Cada um deve ser dono das suas escolhas e arcar com o preço delas. Toda decisão implica em ganhos e também perdas. Toda. Por isso, não existe ninguém que acerte sempre. Cuidando mais da sua vida que dos outros, você ganhará e aqueles a sua volta também. Você passará a usar a sua energia, seu tempo e sua criatividade para resolver as questões que são realmente importantes para o seu sucesso. Você irá explorar seus talentos, as oportunidades que aparecerem, as chances de crescimento! Cuidar da sua própria vida significa entender o que pode ser feito por você e para você. E este é, sem dúvida, um dos melhores presentes que alguém pode se dar! *Adriana Marques é Business Coaching pela Sociedade Brasileira de Coaching master Coach pelo Behavioral Coaching Institute e presidente do CoachingClub.



Ponto de Vista

Rodrigo Falcão*

Mundo

árabe

As pirâmides continuam lá

M

uito tem sido escrito e falado sobre os grandes eventos que acontecem hoje no mundo árabe. Algumas bobagens, algumas análises criteriosas, mas quero pensar um pouco sobre um tema caro àquela parte do mundo: sua complexidade. O Oriente Médio é assim, terra de múltiplas culturas, maturadas nos séculos, tempos imemoriais, onde o Egito, depois de milênios de civilização própria, foi helenizado, romanizado, cristianizado, arabizado e islamizado, enquanto a antiquíssima Pérsia se manteve persa, nunca árabe, mas adotou a forma xiita do Islã e é conhecida por nós como República do Irã. O destaque é a dissonância entre este mundo cultural, religiosa e politicamente complexo e a vida cotidiana, marcada pelo peso de regimes autoritários, resultado dos escombros da exaurida da Guerra Fria, que fragmentou ainda mais o Oriente Médio. A desilusão política é grande na região desde o fracasso do nacionalista e esquerdista Egito de Nasser e das monarquias e regimes autoritários apoiados pelos EUA no Irã, Iraque e Turquia, além do belicismo expansionista israelense e da corrupção na Autoridade Palestina.

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Cada parte do imenso mundo árabe, da costa atlântica do Marrocos às margens do Tigre e Eufrates no Iraque, construiu caminhos distintos em sua história particular, tão diferentes e distantes quanto a cultura turca e persa o são da árabe, apesar de todos, na maioria, serem muçulmanos, sendo improvável uma solução única para todos. A revolução islâmica no Irã introduziu, desde 1979, um exótico regime teocrático e de retoques democráticos, com eleições periódicas, um parlamento separado do Judiciário e do Executivo, mas cuja última palavra é dada pelos aiatolás, líderes religiosos da nação. A Turquia moderna nasceu de uma mistura de nacionalismo à européia, em 1922, com forte ocidentalização, mas pouca democracia, passando por períodos abertamente ditatoriais, até um processo de abertura política que conduziu ao atual governo eleito democraticamente, com maioria parlamentar, mas com tendências tradicionalistas islâmicas, cuja oposição vem dos setores médios de caráter laico e dos militares, autoritários e ocidentalizantes. O Ocidente, infelizmente, apoiou todos os regimes autoritários que estão sendo derrubados, até o líbio

Khadafi, redimido pelos mesmos que o condenavam, não podendo esperar dos que se libertam muita simpatia. Não há sinais que o regime iraniano, que celebrou a queda dos regimes rivais, tampouco seja vitorioso, pois seu modelo teocrático não parece empolgar as ruas do Egito, país mais populoso e de grande valor estratégico da região. O povo tomou a praça, ato de caráter simbólico extremo desde a ágora ateniense à Praça Tahir cairota, e a transformou na quebra da aparente estabilidade do silêncio dos ditadores. Não é hora de regredir ao fracasso da política belicista de Bush, fundada no choque de civilização, pois o esforço deve ser pela integração entre os povos, respeitadas suas diferenças culturais. Que o Brasil, país BRIC construído pela experiência democrática das últimas décadas, possa usar sua influência diplomática recentemente ampliada para lutar por mais democracia e proteção aos direitos dos cidadãos nesta parte sofrida do mundo que responde por Oriente Médio. E as Pirâmides continuam lá. *Rodrigo Falcão Mestre em História/UnB e Analista do TJDFT


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Charge

Eixo Monumental

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