T83 - Maio 2023

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PERGUNTA DO MÊS O MERCADO DE 2ª MÃO VAI TER IMPACTO NEGATIVO NA INDÚSTRIA? P 4-5

“A QUALIDADE É MAIS IMPORTANTE QUE O PREÇO”

A MINHA EMPRESA LIBERDADE ARTÍSTICA PARA EXPORTAR

ALÉM-FRONTEIRAS P 12

DOIS CAFÉS & A CONTA UMA NOVA VIDA PARA O EVENTO

PORTUGAL FASHION P 6

INOVAÇÃO I ITECHSTYLE SUMMIT REVELA O FUTURO DOS TÊXTEIS

INOVAÇÃO II PASSAPORTE

DIGITAL: VIA

VERDE PARA A SUSTENTABILIDADE P 36

EMERGENTE DE MIÚDA DOS TRAPOS A CEO DE UMA TÊXTIL COM HISTÓRIA P 31

FOTO: RUI APOLINÁRIO
DIRETOR: MANUEL SERRÃO MENSAL | ASSINATURA ANUAL: 30 EUROS
NÚMERO 83 MAIO 2023
EUROPEUS P 3 | P8 E 9
P. 20 A 22
AFONSO BARBOSA, CEO DA FAMILITEX
T 02 Maio 2023

ITECHSTYLE SUMMIT DEBATEU O FUTURO EUROPEU DA ITV

O FOCO NO FUTURO

Até parecia que o CEO da Familitex, Afonso Costa, que nos concedeu a entrevista de capa desta edição 83 do T Jornal estava completamente alinhado e coordenado com os dois principais temas que fizeram a agenda do ItechStyle Summit, o quinto grande evento internacional que se realizou no magnífico Terminal de Cruzeiros de Matosinhos.

Green and Digital Transition, Smart Local Production, High-performance Materials foram os três grandes temas em debate na 5ª edição do iTechStyle Summit que se realizou de 10 a 12 de maio no Terminal de Cruzeiros de Leixões, este ano a fazer-se acompanhar pela conferência anual da ETP – European Textile Conference. Uma edição que trouxe importantes reflexões a um sector em profundas mudanças e que, dado o sucesso deste ano, regressará já em 2024.

Um justo equilíbrio entre oradores nacionais e internacionais o que, de acordo com Braz Costa, diretor-geral do CITEVE, denota “a relevância internacional do sector ”, perto de 650 participantes, intervenções de “alta qualidade e com uma visão muito consolidada da ITV mundial europeia e portuguesa” e, não menos relevante, o feedback geral no final do evento são alguns dos números redondos da edição de 2023 do iTechStyle Summit do qual o CITEVE faz “um balanço francamente positivo”.

Com o sentido de missão pública cumprido, o evento promete por isso regressar para o ano com novos conteúdos, mais especialistas e renovadas reflexões, mas mantendo firmes os princípios da sustentabilidade, circularidade e inovação fundamentais para as mudanças a serem impostas ao sector até 2030.

A Estratégia da União Europeia em prol da Sustentabilidade e Circularidade dos Têxteis foi, aliás, um dos ‘big points’ desta edição do iTechStyle Summit. “Tudo vai mudar” garantiu Dirk Vantyghem, da Euratex, durante o primeiro dia do evento, ao recordar que até 2030 as empresas têxteis terão de obedecer a um conjunto de 16 regras no que à sustentabilidade e circularidade de processos e materiais diz respeito.

“Estamos a passar de uma indústria muito pouco regulamentada para uma indústria altamente regulamentada”, adverte, para considerar que a

inovação será a chave de sucesso. “E é por acreditarmos que a inovação é crucial para esta transformação que a indústria têxtil está a viver que propusemos em Bruxelas a criação de um fundo específico para a inovação no sector têxtil de mil milhões de euros”, revelou Dirk Vantyghem admitindo a eventual aprovação desse fundo até ao final do ano.

Já no que toca a planos concretos para a ITV nacional, o iTechStyle Summit ficou marcado pela apresentação do projeto Be@t, do qual o CITEVE faz parte e que tem como objetivo central marcar um novo ritmo de mudança na produção de materiais com alto valor acrescentado a partir de recursos biológicos e ecologicamente sustentáveis.

Um projeto apresentado no segundo dia do evento e que mereceu a presença do ministro do Ambiente e da Ação Climática, Duarte Cordeiro, que se mostrou profundamente convencido que “o potencial inovador do ‘be@t – bioeconomia na têxtil’ vai deixar-nos orgulhosos”, quando forem anunciados os resultados deste projeto que, até 2025, está a introduzir a sustentabilidade no sector.

A confiança do governante foi reforçada com o anúncio dos 51 novos produtos previstos e das 79 novas linhas de I&D+I a criar, entre outros números e metas revelados pelo diretor-geral do CITEVE, Braz Costa, nessa mesma sessão de apresentação pública do projeto be@t, na qual participaram mais de 400 pessoas.

Mas o programa do iTechStyle foi muito além da apresentação pública de projetos: a intervenção da comissária europeia Elisa Ferreira, a cerimónia de entrega de prémios dos vencedores do iTechStyle Awards, bem como uma série de outros painéis conduzidos por altas figuras da comunidade científica internacional e nacional determinaram o sucesso da edição número cinco do evento organizado pelo CITEVE. t

A revelação do foco do seu grupo na sustentabilidade e rastreabilidade, que escolhemos para título da entrevista, não podia ter antecipado melhor os dois temas mais tratados nos três dias da Cimeira Internacional que o CITEVE levou a efeito em Matosinhos, apenas duas semanas depois de termos feito esta entrevista. Como também sou dos que não acreditam em coincidências, acredito muito mais que a grande maioria das indústrias portuguesas já está perfeitamente consciente deste tipo de desafios que a nossa ITV tem pela frente. Com esta firme convicção foi sem surpresa (e nenhuma coincidência) que testemunhei a fortíssima adesão das nossas empresas ao ItechStyle Summit, que teve lotação esgotada nos três dias em que se realizou.

Três dias depois ficamos todos mais familiarizados com as mudanças necessárias e as muitas soluções já em curso por esse mundo fora e como nenhum de nós duvida, uma empresa informada é uma empresa melhor preparada para o que aí vem. t

T
03 Maio 2023
EDITORIAL n
- MENSAL - Propriedade: ATP - Associação Têxtil e de Vestuário de Portugal. NIF: 501070745 Editor: Mário Jorge Machado Diretor: Manuel Serrão Morada Sede da Redação: Av. Dr. António Macedo 196, 4450-617 Leça da Palmeira Telefone: 252 303 030 Assinatura anual: 30 euros Mail: tdetextil@atp.pt Assinaturas e Publicidade: Bebiana Rocha Telefone: 969 658 043 - mail: br.tdetextil@gmail.com Registo ERC: 126725 Tiragem: 4100 exemplares Impressor: Invulgar Artes Gráficas Morada: Rua da Fonte Nova 1 Lt. 21, Tapadinho Número Depósito Legal: 429284/17 Estatuto Editorial: disponível em: http://www.jornal-t.pt/estatuto-editorial/ T
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PERGUNTA DO MÊS

nTexto: Equipa T Jornal

Ilustração: Cristina Sampaio

“Creio que a indústria têxtil irá saber adaptar-se e encontrar um modo de conviver com o mercado em segunda mão”

O MERCADO DE 2ª MÃO VAI TER IMPACTO

NEGATIVO NA INDÚSTRIA?

T 04 Maio 2023

Uma ameaça que é uma oportunidade. Ou vice-versa. Para todos os efeitos, o aumento da procura de artigos em segunda mão ou de coleções retiradas do mercado é uma tendência – que mistura preocupações de sustentabilidade com o impacto da inflação – a que não vale a pena resistir.

Com uma proverbial capacidade de adaptação às condições exógenas do mercado, as indústrias têxteis e de vestuário nacionais já se posicionaram para usufruir das vantagens e para combater as ameaças –sendo a principal uma possível diminuição das encomendas.

Para Luís Oliveira, CEO da WonderRaw, “o impacto do crescimento [deste negócio] será seguramente complexo e dependerá de fatores como a qualidade dos artigos em segunda mão, a predisposição dos consumidores para este produto, a facilidade com que são disponibilizados aos consumidores, etc. Para a indústria têxtil, haverá aspetos positivos (criação de novos negócios que prosperem com estes produtos, redução do impacto negativo da indústria têxtil no planeta), assim como negativos (desde logo uma eventual redução das vendas de novos produtos por força da transferência de intenções de compra para o mercado de segunda mão)”. Mas, disse ainda Luís Oliveira, “creio que a indústria têxtil irá saber adaptar-se e encontrar um modo de conviver com este mercado, quer seja pela oferta de novos produtos mais sustentáveis, quer pela aposta em medidas e programas mais focados no aumento da circularidade dos produtos têxteis”. Para Alexandra Carneiro, ad-

ministradora da Spring, “a abordagem mais sustentável que podemos atingir na indústria têxtil é conseguirmos que o nosso vestuário dure por um longo período. Na Spring, como fornecedores de vestuário de alta qualidade, orgulhamo-nos dos nossos produtos serem valorizados pela qualidade e durabilidade dos mesmos, inclusive no mercado em segunda mão. Como empresa, sentimos que futuramente, o consumidor optará não só por comprar vestuário novo, mas também em segunda mão”

Já para Sofia Vale, CEO da Elav, o mercado de segunda mão “efetivamente está a crescer muito baseado na sustentabilidade. Nas empresas, irá ter um impacto a longo prazo”. Admitindo que o impacto da segunda mão será maior no segmento do luxo, o novo negócio “ainda está muito no início e, portanto, talvez afete as empresas num futuro mais longínquo”.

E afirma que o impacto na produção “não será a sua diminuição, mas sim crescer num ritmo mais brando”. De qualquer modo, é um ponto sem retorno: “as empresas já estão a aproveitar tudo o que sobra, mesmo as grandes. Como uma Zara, que já está a implementar nos seus postos de venda roupa em segunda mão, e claro que temos de acompanhar e reinventar-nos”.

O diretor comercial da Paula Borges, Paulo Faria avisa: “se vamos começar a ver locais de

compras de roupas em segunda mão, ou nos alinhamos com essas novas tendências, ou então teremos um sério problema pois vamos ter as nossas encomendas a decrescer substancialmente”. “Vejo isto como uma ameaça séria”, admite. E exemplifica: “tenho três projetos dessa tipologia de produto, um holandês e dois dinamarqueses, onde compram os stocks e depois transformam-nos em coleções com valor acrescentado. Honestamente, não aposto muito nesta tipologia de produto ou mentalidade. Não sei se isto terá pernas para andar, sou um bocado cético a este tipo de negócio”. “Mas temos de estar atentos”, concluiu.

Para Marco Costa, diretor comercial da Cristina Barros, “o crescimento do mercado de segunda mão no sector têxtil teve um impacto muito positivo no que toca ao papel da promoção da sustentabilidade e de uma economia circular. De facto, criou uma barreira ao modelo de negócio fast fashion” – que é precisamente o caminho que a Cristina Barros segue desde sempre.

Já Ângela Marinho, gestora da Marinho & Macedo, afirma que “o crescente interesse pelos mercados de segunda mão é algo previsível e inevitável pelo igualmente crescente interesse pela sustentabilidade ambiental. Na ótica do consumidor, a forma mais sustentável de operar relativamen-

te ao consumo de vestuário passa inequivocamente pela reutilização de vestuário previamente utilizado”. O futuro está previsto: “o impacto para a indústria têxtil far-se-á sentir apenas quando este movimento se tornar massivo. Atualmente, penso que o impacto será reduzido, ou quase nulo, fruto do ainda muito significativo peso que as influencers de moda suscitam no público, incentivado o consumo dos seguidores, no fundo, apenas para se incluírem naquele que é o padrão vigente na nossa sociedade atual: as fashion victims. E Ângela Marinho deixa uma ‘premonição’: “apenas quando a preocupação coletiva ambiental for superior à importância que se dá a ‘estar na moda’ e consequentemente ao consumismo, apenas aí a indústria têxtil reconhecerá o impacto”. O que “irá obrigar a um ajuste da indústria têxtil, com extinção de empresas; mas, como tudo no universo é absolutamente perfeito, outros negócios surgirão, e quem sabe?, mais eco-friendly”. O head of finance da TMR Fashion Clothing, Miguel Máximo, admite que “se o mercado não crescer na globalidade e passar a haver um concorrente que é a segunda mão, o princípio é dizer que se produzirá menos”. Ou talvez não: “aquelas peças que nem sequer chegam à segunda mão é que deixarão de ser produzidas. No que concerne à minha empresa

e a Portugal, que produz peças com maior qualidade, poderá até potenciar o nosso crescimento”. E deixa a receita ‘de combate’: “devemos continuar a apostar em produtos bem feitos, com boas construções e para durar. Estamos a trabalhar internamente para tentar medir e aumentar o ciclo de vida dos nossos produtos. Toda a gente já percebeu que isto não vai lá só com algodão sustentável, passa pela redução do consumo e pela compra de produtos melhores”. Para Miguel Máximo, “não vejo porque não, é uma oportunidade de negócio para nós, fazer um pequeno arranjo para peças praticamente perfeitas” – mesmo que admita que “o impacto na indústria têxtil global do mercado em segunda mão pode ser considerável“.

Finalmente, José Armindo, CEO da Inarbel, considera que as vendas em segunda mão “não são uma ameaça”. Em primeiro lugar, “porque as questões ambientais são importantes” e não podem ser bloqueadas por outros interesses, mas também porque “há ali uma oportunidade nova, um novo negócio”. Juntando a teoria à prática, a Inarbel não perdeu tempo: lançou este mês aquilo a que chamou o ‘Open Day’, onde a sua empresa coloca no mercado restos de coleção que não chegaram ao mercado e que, depois de um restyling regressam ao mercado a preços convidativos. t

T 05 Maio 2023
“Ou nos alinhamos com essas novas tendências, ou então teremos um sério problema”
“A segunda mão ainda está muito no início e portanto talvez afete as empresas num futuro mais longínquo”
PAULO
FARIA DIRETOR COMERCIAL DA PAULA BORGES SOFIA VALE
CEO
DA ELAV
“A segunda mão não é uma ameaça, há ali uma oportunidade nova, um novo negócio”
JOSÉ ARMINDO FERRAZ CEO DA INARBEL

ALEXANDRE MEIRELES

PRESIDENTE DA ANJE

Comprometido até ao final do seu mandato, Alexandre Meireles traçou na sua agenda o objetivo de finalizar o plano estratégico de um novo modelo para o Portugal Fashion, e vê-lo implementado, para que este seja cada vez mais sustentável e independente de fundos comunitários. Liderado pela Universidade Católica em parceria com a consultora Deloitte, um estudo sobre o assunto terá um comité estratégico de avaliação. O método passa por uma fase inicial de entrevista a um conjunto de pessoas do ecossistema, para posteriormente se organizarem grupos que estarão em brainstorming até que Católica e Delloite definam os pilares estratégicos para o futuro do Portugal Fashion nos próximos três anos.

UMA NOVA VIDA PARA O PORTUGAL FASHION

Nesta fase de redefinição do projeto Portugal Fashion, o presidente da Associação Nacional de Jovens Empresários (ANJE), Alexandre Meireles, confirma que o grande objetivo "é envolver cada vez mais as forças locais e as dinâmicas económicas da região: indústria por um lado, autarquias por outro, e empresas mesmo que não sejam do mesmo sector". Dito de outra forma: Alexandre Meireles está focado em que o Portugal Fashion se possa transformar num evento sustentável, que seja cada vez menos dependente dos fundos públicos. E que contribua para o PIB regional e para gerar riqueza para a indústria – e que "no limite, seja um espaço onde os designers possam cada vez mais apresentar as suas coleções, para um objetivo maior: posicionar a moda portuguesa fora de portas".

Prova disso mesmo está num projeto que a ANJE trouxe para o Portugal Fashion: uma parceria com um banco africano, que lhe permite trazer 20 designers por ano ao certame e que já fez viajar até Portugal designers de 25 países, “e, portanto, não envolver apenas os PALOP, como muita gente acha que sim", reforçou Mónica Neto, projectlider do Portugal Fashion.

Nos últimos anos o Portugal Fashion sofreu mudanças, desde a sua localização à sua dinâmica: já não são só os desfiles que materializam o dia a dia do evento – outro

dos objetivos, segundo Alexandre Meireles, “é democratizar o evento, levá-lo até à rua, que foi o que fizemos em setembro. Tivemos dez eventos espalhados pela cidade e envolvemos diversos players económicos e turísticos”.

O Portugal Fashion tem apresentado um modelo de financiamento complexo, que traz algumas dificuldades para a ANJE, mas que segundo Alexandre Meireles, "estamos convictos que existe capacidade financeira para continuarmos a financiar o evento. Já o fizemos o ano passado, em outubro, sem fundos comunitários. Não foi fácil, mas conseguimos", afirmou. "É o nosso evento âncora, que nos orgulhamos de organizar e queremos continuar a organizar por muitos anos".

Assumindo-se como uma plataforma, o Portugal Fashion ambiciona posicionar os designers que têm pouco espaço em Portugal e dimensão reduzida, para que possam mostrar a sua criatividade no mercado interno, mas particularmente no externo. Por perceber que Portugal é um país com pouca escala, e para que os negócios da moda de autor possam realmente ganhar força comercial, “o Portugal Fashion promove desde 1999 um roteiro internacional, apoiando a presença de designers portugueses em semanas de moda no estrangeiro, nomeadamente através da organização de desfiles

e happenings em calendários oficiais, mas também showrooms e ações comerciais”, explicou Mónica Neto,

A ANJE encontrou uma oportunidade na grande lacuna entre os jovens designers e a indústria. Criado em 1995 pela ANJE, a associação tem vindo a fomentar uma cultura de moda no país e operou uma mudança de paradigma no que respeita ao sector têxtil e do vestuário nacional, através de uma estratégia concertada de aproximação entre indústria e criadores.

O memorando da dupla Católica/Deloitte vai mudar a próxima edição de outubro de 2023? Alexandre Meireles considera que o plano estratégico para 2023-2026 não fará com que tudo aconteça a partir de outubro, mas assumiu que "nesta altura, estamos em pleno estudo; a ideia é em meados de julho termos as primeiras conclusões, e termos já alguns inputs para a edição de outubro, para que em março consigamos implementar a fullpower a nova estratégia”. É o caminho na direção deste projeto – que está a chegar ao fim para Alexandre Meireles, que terá de abandonar em breve a direção da associação. Mas ter agarrado o desafio de voltar a trazer a ANJE para o centro da discussão pública, para puder voltar a ser uma voz para os jovens empresários, "acabou por ser uma grande realização na minha carreira”, concluiu. t

T 06 Maio 2023
Entradas Couvet com pão e manteiga Prato Panados com arroz de tomate Sobremesa Café Bebidas Água ANJE - Associação Nacional de Jovens Empresários Rua de Paulo da Gama 4169-006 Porto
DOIS CAFÉS & A CONTA A
FOTO: RUI APOLINÁRIO
T 07 Maio 2023

FOTOSÍNTESE 6

A TÊXTIL REUNIDA NO PORTO DE LEIXÕES

O iTechStyle Summit tomou conta do Terminal de Cruzeiros do Porto de Leixões, em Matosinhos (Porto), nos dias 10 a 12 de Maio para debater três temas centrais do sector: ‘Green and Digital Transition’, ‘Smart Local Production’ e ‘High Performance Materials’.

O balanço deste encontro da fileira não podia ser mais positivo: 650 participantes e mais de 40 palestrantes fizeram a quinta edição do congresso, que para além de apresentar as tendências e desafios do sector serviu para promover um intenso networking.

T 08 Maio 2023
5. A CONVENÇÃO GANHOU UMA OUTRA DIMENSÃO (POLÍTICA) COM INTERVENÇÕES COMO A DE ELISA FERREIRA, COMISSÁRIA EUROPEIA DA COESÃO E REFORMAS… 6. …OU DO MINISTRO DO AMBIENTE E DAS ALTERAÇÕES CLIMÁTICAS, DUARTE CORDEIRO 11. FORAM TRÊS DIAS DE SALA CHEIA QUE FICAM PARA RECORDAR 1. FOI COM UMA PLATEIA REPLETA QUE ANTÓNIO AMORIM, PRESIDENTE DO CITEVE, FEZ AS HONRAS DE ABERTURA DO ITECHSTYLE SUMMIT 2023 10. A NOITE DE 10 DE MAIO SERVIU AINDA PARA PREMIAR OS VENCEDORES DO ITECHSTYLE AWARDS: A. SAMPAIO, TINTEX TEXTILES, JOF, ADALBERTO E BUREL FACTORY. PARA A FOTOGRAFIA JUNTOU-SE PEDRO CILÍNIO, SECRETÁRIO DE ESTADO DA ECONOMIA

REPRESENTADA PELO SEU FUNDADOR LUTZ WALTER, A FAZER O DISCURSO DE AQUECIMENTO

3. NA PRIMEIRA FILA E ATENTOS ÀS INTERVENÇÕES ESTIVERAM IMPORTANTES FIGURAS DO SECTOR COMO MÁRIO JORGE MACHADO, PRESIDENTE DA ATP, ANTÓNIO AMORIM, PRESIDENTE DO CITEVE, E JOSÉ ROBALO, PRESIDENTE DA ANIL

4. DURANTE A CONVENÇÃO FORAM ELEITOS OS MEMBROS PARA O PRÓXIMO MANDATO DA TEXTILE ETP: MARINA CRNOJA-COSIC FOI NOMEADA PRESIDENTE E MICHAEL KAMM VICE-PRESIDENTE-TESOUREIRO, EM REPRESENTAÇÃO DA EURATEX

7. O MEMBRO DO GOVERNO TAMBÉM INTERVEIO NO SEGUIMENTO DA APRESENTAÇÃO DO BE@T, UM PROJETO INOVADOR CENTRADO NA BIOECONOMIA TÊXTIL E QUE “VAI DEIXAR-NOS ORGULHOSOS”, PROFERIU

9. À MESA A ASSISTIR AO DESFILE ESTIVERAM: NUNO MANGAS, PRESIDENTE DO COMPETE, PEDRO CILÍNIO, SECRETÁRIO DE ESTADO DA ECONOMIA, RICARDO MENDES, VICE-PRESIDENTE DA CÂMARA DE FAMALICÃO, ENTRE OUTROS

T 09 Maio 2023
2. EM SIMULTÂNEO DECORREU A CONFERÊNCIA ANUAL DA ETP – EUROPEAN TEXTILE CONFERENCE, QUE ESTEVE 8. TAMBÉM O DESFILE DE ALGUNS COORDENADOS DO ITECHSTYLE GREEN CIRCLE, APRESENTADOS DURANTE O JANTAR DO PRIMEIRO DIA, ORGULHARAM A ITV PORTUGUESA, QUE SE TEM UNIDO EM TORNO DA SUSTENTABILIDADE 12. TRÊS DIAS QUE CONTARAM COM O CONTRIBUTO DE VÁRIOS ORADORES NACIONAIS E INTERNACIONAIS, COMO MOSTRA O PAINEL MEGATRENDS COM DAVID SHAH, DRS CONSULTANCY NE, COMO KEYNOTE SPEAKER 13. OS TRÊS DIAS NÃO PASSARAM DESPERCEBIDOS AOS OLHOS DOS ÓRGÃOS DE COMUNICAÇÃO SOCIAL. COMO É O CASO DA TSF QUE ESTEVE À CONVERSA COM ANTÓNIO BRAZ COSTA. 14. O DIRETOR-GERAL DO CITEVE, ENTIDADE ORGANIZADORA DO EVENTO, ENCERROU A CIMEIRA. PARA O ANO HÁ MAIS!

COMÉRCIO INTERNACIONAL DE TÊXTIL E VESTUÁRIO DE PORTUGAL

As exportações de têxteis e vestuário em março deste ano subiram em valor 4,3%, mas em quantidade registaram uma quebra de quase 4% (evoluções mensais homólogas), segundo os dados provisórios do INE.

Esta quebra em volume é extensível à maioria da tipologia de produtos, no entanto, existem algumas exceções. É o caso, por exemplo, dos artigos de cordoaria (cordéis, cordas e cabos), que registaram um acréscimo de 824 toneladas (aumentaram em quantidade 7% e em valor 12%), dos tecidos impregnados, revestidos, recobertos ou estratificados com plástico, que exportaram mais 747 toneladas (representando uma evolução de 38% em quantidade e também em valor), ou ainda dos tecidos de malha de largura superior a 30 cm que viram o volume de ex-

portações crescer 215 toneladas (equivalente a uma subida de 32%).

Em valor, a tipologia de produtos que registou maior acréscimo foram os fatos, conjuntos, casacos, calças, jardineiras, bermudas, calções, em tecido, de uso masculino, com um acréscimo de 12,7 milhões de euros quando comparados com o mês de março de 2022, registando uma evolução de 48% (em quantidade exportámos mais 192 toneladas, ou seja, mais 37%).

França foi o destino que assinalou a maior subida em valor exportado (mais 11,7 milhões de euros, equivalente a uma evolução de 14%). Em quantidade registou uma subida de 5% (mais 386 toneladas). Já a Turquia foi o destino que mais cresceu em quantidade: exportámos mais 781 toneladas (equivalente a +80%) no

mês de março.

O Reino Unido foi o destino onde sofremos a maior queda em valor (menos 3,3 milhões de euros, ou seja, -10%) e a Espanha o destino que assinalou maior queda em quantidade (menos 1.047 toneladas, equivalente a -9%).

As importações também ficaram no vermelho em março, quer em valor (-5%) quer em quantidade (-6%). Ainda assim, várias tipologias de produtos assinalaram crescimentos a destacar. Por exemplo, em termos de valor, alguns dos produtos que mais cresceram foram o vestuário exterior de tecido, quer de uso feminino, quer de uso masculino, o vestuário especial de trabalho ou as camisas de malha de uso masculino. Já em quantidade, os produtos em destaque são algumas das matérias-primas essenciais à atividade da indústria têxtil e vestuário, como por exemplo, os tecidos de fios de filamentos sintéticos, os falsos tecidos, os fios de filamentos sintéticos e algumas fibras têxteis vegetais.

A Índia foi a origem que sofreu a maior queda, quer em valor (-47%), quer em quantidade (-45%), seguida da Turquia (-49% e valor e -50% em quantidade).

Espanha foi a origem que registou maior acréscimo em termos de valor (mais 18 milhões de importados, ou seja +12%).t

T 10 Maio 2023
Da Natureza, de forma Circular e Sustentável, para as Pessoas. biomateriais circularidade sustentabilidade sociedade NextGenerationEU Funded by the European Union �.recuperarportugal.gov.pt mais informações:

CITEVE: CENTROS DE INVESTIGAÇÃO “NÃO DEVEM PAGAR IRC”

A MINHA EMPRESA

XMaria Monteiro

O que faz? Desenhos feitos à mão, prints moodboards. Criam tendências para coleções futuras para a indústria têxtil da moda e têxtil-lar. Área do estúdio: 150 m2 Colaboradores: cinco designers no estúdios e quatro freelancers Início de atividade: 2020 Exportações: 20%

Uma liberdade artística para além-fronteiras

Jorge Ballester e Tatiana Castro, fundadores do projeto Bold Design, sentiram a lacuna da existência de um estúdio criativo português com know-how que aliasse o conhecimento técnico ao artístico. Foi então que o caminho profissional de ambos se cruzou na área do têxtil, e foi a troca de ideias dos sócios que deu asas a um estúdio artístico onde se fazem diversas criações focadas na indústria têxtil, da moda e do têxtil-lar.

O estúdio que inspira liberdade criativa e ousadia tem as portas abertas em pleno centro histórico de Braga. Ali, as ideias nasceram bem estruturadas e, em plena pandemia, juntos decidiram embarcar num projeto ousado. "Isto é um projeto e desde o início sabemos que o nosso foco é a venda internacional”, disse Jorge Ballester, co-founder e diretor comercial da Bold Design.

Com apenas dois anos e meio, o crescimento é necessariamente mais lento em plena recessão global. Contudo, a ascensão tem sido bastante significativa: "estamos a aumentar ano a ano a nossa produção em média entre os 30% e os 40%. O negócio que fazemos, é tudo muito digital", disse Jorge Ballester.

Determinados na direção da internacionalização, para Jorge e Tatiana, o percurso tem sido uma escalada. Numa fase inicial, o mercado português tem representado 80% do volume de negócios da empresa, restando os 20% para o segmento internacional. Mas o objetivo é alcançar os 40% de exportações, tendo como meta posterior atingir os 80%. Os primeiros passos foram dados pela Europa, mas mercados como a China e os Estados Unidos já entraram no radar. É aí que as feiras são um investimento prioritário: "Paris, Nova Iorque, Londres,

Itália, Estados Unidos, Alemanha, são algumas das feiras que já temos agendadas para este ano", revelou Tatiana Castro, co-founder & diretora criativa na Bold Design. "Fomos reconhecidos pela WGSN, numa feira italiana que fizemos, que reportou a nossa qualidade em várias categorias, tendo sido destacado o nosso software".

Em relação ao MODTISSIMO, a dupla confessou: "desde que participámos a primeira vez, fizemos sempre. Sentimos que esta feira nos dá algo que as outras não dão tanto: os contactos que fazemos lá, perduram".

Uma das vantagens da empresa, o seu traço diferenciador em relação à concorrência, é todo o seu conhecimento técnico, que ambos estão sempre a explorar para encontrarem novos métodos e novos formatos que ajudem os clientes a simplificar o trabalho. Exemplo disso é o software que desenvolveram: "cada um dos nossos desenhos está inserido numa base de dados em que podem ser visualizados em tempo real, o que faz com que uma empresa, antes de fazer uma amostra do desenho impresso, consiga ter uma noção de como o desenho funciona em tamanho, cores, entre outros fatores – o que acaba por ser muito interessante na parte da poupança, da sustentabilidade, da diminuição do desperdícios", explicaram.

Questionados sobre o que idealizam para o futuro da empresa, ambos tem bem assente que “isto não é uma empresa para escalarmos demasiado, é uma empresa para ficarem internamente a trabalhar dez pessoas; muito mais do que isso seria complexo de gerir e de mantermos o nível de qualidade que estipulámos. Queremos algo que esteja dentro da nossa alçada, e por isso nunca vai ser um estúdio de 50 pessoas", concluíram. t

O presidente do CITEVE, António Amorim, recebeu em abril a ministra da Coesão Territorial, Ana Abrunhosa, a quem deixou um recado – tendo com último destinatário o seu colega das Finanças, Fernando Medina: “Não faz sentido o CITEVE, enquanto centro de investigação e desenvolvimento, pagar IRC”. António Amorim recordou à ministra que o centro é uma instituição sem fins lucrativos, de utilidade pública e financeiramente auto-sustentável, “pelo que não podia ser mais penalizador chegarmos ao final do ano e não estarmos isentos de pagar IRC”.

ABRANDAMENTO ECONÓMICO COM IMPACTO NAS EXPORTAÇÕES

O abrandamento económico está a ter um impacto muito visível nas exportações de têxteis e vestuário, que registaram uma quebra de 3% em valor e de 12% em quantidade nos primeiros dois meses do ano. O diferencial entre o valor e a quantidade fica a dever-se à inflação, mas esse fator não esconde – antes aponta – para o facto de as encomendas estarem que queda e o aumento da receita das empresas não ser suficiente para financiar o aumento dos custos de produção.

8,1%

AICEP QUER EXPLORAR MERCADO SUL-COREANO

A Academia AICEP realizou um evento dedicado às empresas portuguesas que pretendem exportar para o mercado sul-coreano ou apenas conhecê-lo melhor. ‘Go to Market Coreia do Sul’ deu nota sobre as características específicas e oportunidades daquele mercado asiático. A ação contará com a experiência da delegada da AICEP em Seul. O mercado sul-coreano tem várias particularidades que interessa aos empresários conhecer e continua a ser um dos mais promissores daquela região do globo.

foi o aumento dos preços na produção industrial em março

MODATEX MOSTROU VALIA DOS SEUS FINALISTAS

O Modatex apresentou um showroom com as criações dos finalistas do curso de Design de Moda. A exposição dos trabalhos dos 13 finalistas ocupou as instalações do Modatex Porto. A Tajiservi colaborou no desenvolvimento de algumas das peças expostas, colocando à disposição dos alunos os seus consumíveis e tecnologias. Da exposição fizeram parte também os modelos da ação de Modelação de Vestuário no Polo de Vila das Aves, desenvolvida no âmbito da UFCD (Catálogo Nacional de qualificações) de Aferição e Correção da Visibilidade. “Os objetivos do exercício consistiam em verificar a vestibilidade e conformidade com o modelo fornecido, verificando a estrutura do fitting e dos pormenores”, disse o centro formativo no seu site.

T 12 Maio 2023
BOLD DESIGN R. de São Gonçalo 1 4710-310 Braga
"O problema demográfico vai ser gravíssimo na nossa indústria dentro de dez anos"
Ricardo Ferreira CEO da Siena
T 13 Maio 2023 0 5 25 75 95 100 Anuncio T Jornal 235x279 mm ER 2019 segunda-feira, 11 de fevereiro de 2019 10:53:52

A ITV está num contra-relógio. É urgente adaptar as empresas e as mentalidades ao impacto do euro. É indispensável reconverter a indústria a um novo paradigma em que produtos básicos e os baixos custos da mão-de-obra não podem mais continuar a ser os fundamentos da nossa competitividade. A Selectiv’Moda está na linha da frente deste esforço de mudança, proporcionando aos seus expositores contactos com novos clientes e novas encomendas

9 JANEIRO

Jorge Sampaio eleito PR, com 53,8% dos votos, derrotando Cavaco (46,2%)

16 MAIO AR aprova Rendimento Mínimo Garantido

18 MAIO Adepto sportinguista morre na final da Taça de Portugal, no Jamor, vítima de um very light lançado da bancada ocupada pelos benfiquistas

3 AGOSTO Fernanda Ribeiro ganha prova dos 10 mil metros nos Jogos de Atlanta, batendo o recorde olímpico

13 AGOSTO Morre o marechal Spínola, 1º Presidente da República após o 25 Abril

11 OUTUBRO

Nobel da Paz atribuído a Ramos Horta e Ximenes

Belo

NOVEMBRO

O GATT, a abertura dos mercados e globalização da economia são os temas em debate no 1º Fórum da Indústria Têxtil promovido pela APIM

A Selectiva Moda tem contribuído para a angariação de novos clientes. Na última feira conseguimos estabelecer negócios com quatro bons clientes

Fátima Pinto da Silva diretora comercial da Troficolor Destaque Estampados e materiais modernos que estiveram em destaque na 7ª edição do salão MODTISSIMO, que se realizou na Exponor e contou com a presença de 158 expositores e de 1315 visitantes

Temos de fazer como os japoneses, temos de copiar - copiar e adaptar

T 14 Maio 2023 1996
Carlos Branco empresário da Têxtil Nortenha Património | Centro Histórico do Porto classificado Património da Humanidade pela UNESCO

O diagnóstico está feito. Não poupar na criatividade, muita flexibilidade, quick response qb e deslocalização a gosto são ingredientes obrigatórios da resposta que a indústria têxtil portuguesa tem de dar para aguentar o furacão liberalizador anunciado e o impacto do euro. Nesta corrida contra o tempo, o MODTISSIMO faz parte da receita e apresenta-se na Exponor com uma imagem retrabalhada, ainda mais moderna.

11 MARÇO

Isabel II nomeia Paul McCartney cavaleiro

26 MARÇO

Sá Pinto agride a soco o selecionador nacional Artur Jorge

19 JUNHO

APIM (Associação Portuguesa dos Industriais de Malhas) assume presidência da Mailleurope

14 JULHO

Comissão Europeia estabelece direitos anti-dumping sobre a roupa de cama importada do Egipto (13,5%), Índia (27,3%) e Paquistão (8,2%), por proposta da Eurocoton, presidida por José Alexandre Oliveira

24 OUTUBRO

Paulo de Oliveira reeleito presidente da Interlaine, federação das associações laneiras europeias

30 NOVEMBRO

Diana Raquel, é a primeira portuguesa a vencer concurso Supermodel of the World

14 DEZEMBRO

PS ganha autárquicas com 40,3% dos votos e 128 Câmaras

Um dos caminhos é deslocalizar uma parte da produção. No Norte de África já existem muitos casos. Estamos a estudar este projeto, mas ainda não tomamos a decisão

Mééééééé | Nasce a Dolly, a primeira ovelha clonada

Montra

As coleções com marca exclusiva das empresas europeias deram corpo a 10ª edição da Selectiv’ Moda

A seleção de futebol não poderá vestir produtos vindos da Indonésia

As empresas portuguesas já suportaram a maior parte dos sacrifícios que a entrada na moeda única acarreta

Mira Amaral ex-ministro dos governos Cavaco

Elogio ministerial | A atuação do CITEVE foi elogiada pelo ministro da Economia, Augusto Mateus, que visitou o centro tecnológico a 29 de maio (na foto ladeado por António Amorim, presidente do CITEVE, e Joaquim Cardoso)

T 15 Maio 2023 1997

LABRADOR VESTE SELEÇÃO DE RUGBY

A marca Labrador aliou-se à Federação Portuguesa de Rugby (FPR) para desenhar o guarda-roupa oficial da seleção no Mundial de Rugby, a decorrer em França em setembro e outubro deste ano. Para além dos atletas, todos os elementos da equipa técnica e do staff serão vestidos pela marca portuguesa. O CEO da Labrador, José Luís Pinto Basto, revelou que “são fatos, camisas e sapatos feitos à medida para que possam servir na perfeição".

LEMAR DÁ FORMA À ESTREIA DA ISTO. NA PRAIA

A marca ISTO. expandiu a sua coleção masculina, apresentando as suas primeiras propostas de swimwear para homem. O tecido utilizado é ecofriendly e é da Lemar. Designado de Carnation Brushed Seaqual, o tecido é produzido com 10% de plásticos dos oceanos e 90% PET pós-consumo. Sendo combinado com poliéster reciclado para conferir elasticidade, os corantes utilizados são de origem 100% natural e livres de produtos químicos. Nesse sentido, a marca de slowfashion refere ainda que a confeção foi da responsabilidade da Scoop, que os botões são da Louropel e que as etiquetas da Etilabel.

MUNDOTÊXTIL FECHA 2022 COM

FATURAÇÃO DE 48 MILHÕES

Num ano fortemente desafiante, o grupo Mundotêxtil fechou o exercício de 2022 com um volume de negócios de 48 milhões de euros – abaixo dos 55 milhões atingidos no ano anterior, o que demonstra bem que os mercados internacionais responderam com contenção de consumo ao crescimento exponencial da inflação. As exportações do grupo ascenderam aos 98,4%, em linha com o que é habitual.

Para Ana Vaz Pinheiro, são precisamente as condições exógenas à empresa que explicam a diminuição do volume de negócios, como explicou em declarações ao T Jornal. A diminuição do consumo exigiu respostas que induziram essa diminuição. Apesar disso – e precisamente para dar resposta às condições mais adversas do mercado – a Mundotêxtil optou por concluir o ciclo de investimentos que tinha em execução ao invés de o suspender, o que aponta para uma forte capacidade de resposta do balanço.

“A tinturaria sustentável de fio, onde investimos cerca de dois milhões de euros” foi o mais recente desenvolvimento industrial do gru-

po. A Mundotêxtil tem agora em vista um investimento da ordem dos quatro milhões de euros, inscrito no Plano de Recuperação e Resiliência (PRR), para a área da sustentabilidade energética: uma central de biomassa e um ‘campo’ de painéis fotovoltaicos. Desta forma, refere a gestora, o grupo mantém o foco na sustentabilidade, área onde se tem vindo a destacar – o que já não é propriamente uma novidade, dado o seu histórico neste segmento.

Por outro lado, a aposta no desenvolvimento de novos mercados é outra das opções estratégicas do grupo. Desde logo nos Estados Unidos, que demonstra estar a sair do ciclo de crescimento da inflação de forma bem mais rápida que a Europa (como sempre) – mas também no Reino Unido, aproveitando os receios de algumas concorrentes internacionais face às condições impostas naquele mercado pelos efeitos do Brexit. t

MARIAMIGUEL: DO UNIVERSO INFANTIL PARA O HOME LIVING

Instalada na Incubadora de Moda e Design da Fábrica de Santo Thyrso, a marca MariaMiguel Baby Kids, criada em 2022, rapidamente ganhou asas. Trabalha para um nicho de mercado que valoriza os bordados à mão 100% portugueses e os típicos enxovais de bebé. “Queremos levar o Bordado da Lixa mais longe”. “Começámos neste primeiro ano por trabalhar o mercado nacional num segmento médio-alto, mas agora queremos focar-nos na internacionalização”, diz ao T Jornal, Vera Cunha Guimarães, fundadora da marca.

“Já temos um espaço físico em Genebra, na Suíça, estamos agora em negociações com um cliente alemão

SALSA INVESTE SETE MILHÕES EM FAMALICÃO

A Salsa Jeans vai investir sete milhões de euros na transformação da unidade industrial localizada em Famalicão (Ribeirão), a primeira que a marca inaugurou. A unidade será apetrechada para os novos desafios da indústria e para os compromissos da transição climática.

“O plano de investimentos vai tornar a empresa mais sustentável e eficiente no domínio energético, e reforçar a sua capacidade produtiva, permitindo o crescimento do número de trabalhadores e do volume de negócios”.

Nasceu em Ribeirão em 1994, está presente em mais de 40 países e tem em execução “investimentos para fazer crescer a marca nos mercados atuais, em Espanha, França e Médio Oriente, mas também para replicar a história de sucesso da Salsa Jeans noutros países, como a Irlanda, onde vamos abrir a primeira loja no próximo mês, a que se seguirá o Benelux e os Países Nórdicos”.

É assim que Hugo Martins, CEO da Salsa Jeans, definiu a estratégia de crescimento do grupo para o curto e médio prazos, tendo aproveitado a presença na empresa do presidente da Câmara de Famalicão, Mário Passos, no âmbito do ‘Roteiro Famalicão Created IN’. A marca fundada em 1994 está presente em 44 países, pertence agora ao universo do grupo Sonae (por via da Zeitreel), respondendo por mais de dois mil pontos de venda, 200 lojas em todo o mundo e cerca de 1.200 trabalhadores.. t

para colocar as nossas peças na Bélgica”, diz Vera Cunha Guimarães, confiante. “Em Portugal trabalhamos muito bem, há famílias no norte do país em que as netas estão grávidas e querem tudo bordado à mão, uma réplica dos enxovais antigos, desde lençóis a roupa de bebé, aos fofos."

Os nossos produtos são todos certificados, o interior das peças é feito em algodão para os bebés não terem alergia”, aponta. Para atestar esta qualidade a MariaMiguel rodeia-se de parceiros de renome como a Somelos, Têxtil Manuel Gonçalves e Sampedro nos linhos. Tendo em conta um primeiro ano próspero, Vera Cunha Guimarães decidiu, a pedido dos clientes e amigos, e uma

vez que contava com experiência dentro de portas, colocar um pé no Home Living. “A MariaMiguel Home Living foi lançada no início do mês de abril. Neste arranque executámos toalhas de linho bordadas à mão e à máquina, individuais, guardanapos, sacos de pão e abafadores de bule”, enumera.

Para o mercado, a MariaMiguel Home Living apresenta uma primeira coleção de denim a pensar na estação em que nos encontramos, sendo dirigida a um público jovem, exigente. Mantendo sempre a sua coleção intemporal de clássicos bordados.

Mas as coleções são “apenas um clássico apontamento do que somos capazes de executar”, diz. t

T 16 Maio 2023
"Começou a haver uma grande procura pelo produto português, pelo made in Portugal"
Ricardo Vieira Administrador da Marjocri
T 17 Maio 2023 EVENTOS EXPOSIÇÕES CONGRESSOS FEIRAS STANDS 35 anos de experiência em montagem de eventos e exposições: ELEVE O SEU NEGÓCIO EM QUALQUER PARTE DO MUNDO ZONA NORTE +351 253 233 000 comercial@spormex.pt ZONA SUL +351 218 942 148 comercial.lx@spormex.pt events & exhibition s ww w.globalt endas.com +351 253 233 020 info@globaltendas.com
TENDAS PALCOS ESTRADOS MOBILIÁRIO ACESSÓRIOS

FASHION FORWARD

ALERTA VERMELHO

As semanas de Alta Costura são desde há décadas uma das maiores fontes de inspiração para tendências futuras. Em Paris, dado o nível artístico e técnico das propostas apresentadas pelas grandes marcas, são sempre apreciadas com grande entusiasmo e admiração por parte de uma imprensa e clientes muito restritos. De há uns anos a esta parte, a audiência destes desfiles tem impulsionado uma verdadeira avalanche de notícias nas redes sociais, publicitando e potenciando as propostas das grifes a um nível nunca antes presenciado.

Doja Cat, rapper norte-americana conhecida pela sua irreverência visual, assistiu ao desfile Schiaparelli em vermelho total, com o corpo pintado com spray vermelho e adornado por milhares de cristais nas suas partes visíveis. Uma imagem ultra impactante, que fez explodir a internet - e que plantou uma das sementes mais férteis nas vindouras tendências de Outono - o look total em vermelho.

O mote lançou-se - esta cor esteve presente nas principais capitais de Moda dois meses depois, nas apresentações para a estação seguinte em várias marcas de Pronto a Vestir. Viu-se em várias abordagens, desde silhuetas super femininas e reveladoras - não fosse esta a paleta da paixão -, traduzidas em rachas gigantes que revelam pernas quilométricas, decotes fundos, e pêlos volumosos ou em cortes rigorosos de alfaiataria ou seus derivados: ideias roubadas ao universo mais tido como masculino. Camisas, vestidos camiseiro ou fatos calça ou saia geralmente acessorizados com gravatas.

Desde propostas mais festivas - vestidos em cetim, blusas de seda com saias longas a propostas mais casuais de uso diário tais como as malhas tricotadas, o vermelho parece ter assumido um dos lugares cimeiros na corrida à cor da estação. A sua energia é contagiante -- exatamente como uma tendência de topo. t

RIOPELE: 50% DA SUA ENERGIA É RENOVÁVEL

As fontes de energia renováveis asseguram, em 2023 e pela primeira vez, mais de 50% da energia da Riopele. O compromisso da empresa para se tornar operacionalmente neutra em carbono até 2027 está mais próximo: a sua pegada de carbono recuou cerca de 12% em 2022 face ao ano anterior. Para esse efeito, a instalação de um novo parque solar, com uma capacidade de produção de aproximadamente 6MW, será determinante.

FITEXAR AVANÇA PARA A SUCESSÃO

“Durante estes últimos anos, sob a gestão em conjunto do nosso presidente, António Falcão, com os seus filhos, António Alexandre e Alexandre Manuel, a sucessão foi sendo trabalhada com a cedência das ações e gestão. Todo know-how foi-lhes sendo transmitido para que seja possível a continuidade da empresa no rumo certo”. Segundo o grupo, é “uma sucessão semelhante à que aconteceu em 1985, quando António Sampaio Falcão passou a empresa para os seus dois filhos”.

LUÍS FIGO ESTREIA-SE NA MODA COM MARCA PRÓPRIA

Em estreia no sector na moda, Luís Figo lança a sua marca LF que começará a comercializar moda masculina de new chicwear em julho de 2023. LF conta com a assistência do consultor italiano Gandolfo Albanese e terá produção em Itália. A coleção será de alta qualidade, contemporânea e sofisticada. A gama de produtos pretende responder a todas as necessidades quotidianas e, por isso, vai desde roupas de viagens até roupas desportivas e reflete sobre os valores do ex-futebolista: elegância, classe e distinção.

T 18 Maio 2023

"O FOCO É SUSTENTABILIDADE E RASTREABILIDADE"

T 20 Maio 2023
FOTO: RUI APOLINÁRIO

ENTREVISTA n

O líder do grupo tem uma visão inovadora do negócio: a sua estratégia não é crescer a qualquer custo, mas antes consolidar a sua posição, alicerçada na qualidade e na aposta nos materiais nobres – leia-se sustentáveis. Os investimentos que está a realizar seguem exatamente esse foco – sem esquecer que um dos fatores mais importantes no interior de uma empresa é o ‘saber fazer’ dos seus colaboradores.

Acliente – porque são feiras mais técnicas. Mas a Familitex está em crescimento: já comprei mais terrenos para a expansão.

Para que áreas?

os 52 anos, Afonso Barbosa lidera um grupo que agrega três empresas que em conjunto já atingiram, em termos de faturação, a fasquia dos 50 milhões de euros. Admite que este ano não será por certo de crescimento – face à redução das encomendas – mas não é por isso que conta deixar de investir. Antes pelo contrário.

Qual a atual dimensão da empresa?

A Familitex tem um volume de negócios da ordem dos 31 milhões de euros – que já se verifica há dois anos. A nossa principal atividade é a produção de malha. Temos também uma tinturaria, que em parceria com o meu sócio, José Manuel Mota, adquirimos há cerca de três anos, a Barceltinge, e temos ainda o armazém, a Serkut, que funciona há sete anos. Na Familitex temos 96 funcionários, na Barceltinge temos 124 e temos seis na Serkut. As três empresas em conjunto já têm um volume de negócios à volta dos 50 milhões de euros.

Qual a representatividade de exportação?

A internacionalização continua a ser uma forte aposta, que neste momento vale entre 20% e 25% da faturação. Mas é um processo demorado. Estamos a fazer feiras – a Première Vision, de Paris e Nova Iorque. Neste momento não estamos a fazer outras, porque cada feira tem de ser preparada de forma virada para o sector. Chegámos a fazer a ISPO, de que desistimos – apesar de termos ficado com um bom

Vamos para a área técnica, do desporto – mas sempre dentro da nossa área das malhas circulares. Vamos investir na produção e noutro terreno construiremos um armazém. Vamos aumentar a nossa capacidade de produção, embora já tenhamos 104 máquinas. Por uma razão: está a ser cada vez mais difícil subcontratar. Sei como é, também já fui prestador de serviços: ganha-se pouco e há muitos problemas de materiais, de tricotagem, de acabamentos – defeitos que vão aparecendo e que depois são difíceis de resolver. Temos, por um lado, de ter mão-de-obra mais aperfeiçoada e, por outro, um controlo de qualidade interno mais apurado. Internamente, temos o laboratório, temos os controlos é diferente.

Qual é o plano de investimentos ?

No total, qualquer coisa mais que um milhão de euros. Não será este ano: 2023 vai ser um ano pouco diferente. Espero uma pequena redução, porque as encomendas têm reduzido: há encomendas, mas cada vez mais pequenas, muitas mudanças, muitas paragens. Não está a ser um ano muito mau para nós, mas, se continuarmos assim, talvez no final de 2023 tenhamos uma redução entre os 15% e os 20% na faturação. De qualquer modo, é sempre difícil prevermos o futuro da têxtil: há picos. Se os próximos meses forem bons, tudo pode compor-se – mesmo que uma baixa vá haver de certeza: a produção é difícil de recuperar.

Mesmo assim, mantém o plano de expansão?

A intensão aqui não é cres -

Admite que já olhou para a confeção – e terá mesmo avaliado o que seria se optasse por investir nessa área. Mas não o fez, por duas razões de peso. A primeira tem a ver com a especialização: a Familitex encontrou o seu lugar no muito competitivo e complexo sector têxtil como sendo um destacado produtor de malhas circulares. É aí que quer continuar a ‘dar cartas’ e a mostrar aos clientes que a opção pelos seus produtos encerra certezas que não se encontram em todas as empresas. A segunda razão, igualmente ponderosa, tem a ver com o facto de Afonso Barbosa entender que a empresa que dirige não deve passar a ser mais uma concorrente dos seus próprios clientes. É nesse quadro que explica a aposta total em todas as áreas que podem trazer novos apores à produção. Neste particular, destaca-se o investimento que já realizou na tecnologia disponibilizada pela Smartex, uma (antiga) start up que se tem destacado na eliminação do erro em contexto industrial. Deste modo, a Familitex atinge dois objetivos que considera serem fundamentais: por um lado, transformou os erros na produção num acidente que praticamente não existe; e, por outro, reduz o desperdício, que é uma das formas mais interessantes (nomeadamente do ponto de vista financeiro) de apostar na sustentabilidade. Em paralelo, a Familitex fez uma aposta clara na renovação da oferta, dividindo-a em quatro linhas fundamentais (cujos nomes servem só por si como um statment sobre o seu posicionamento no mercado). É neste quadro que a empresa ‘usa’ o T Jornal para dar nota em primeira mão da coleção cápsula Re-Use, que será mostrada pela primeira vez na próxima edição da Première Vision.

cer, é manter – porque, no sector, já não há espaço para muito mais. As empresas à nossa volta aumentaram a capacidade, por isso não há mais espaço de crescimento. A ideia é que todas as empresas possam continuar a trabalhar. Depois de termos atingido este patamar, o objetivo é não baixar: é manter, com qualidade. Para mim, a qualidade é mais importante que o preço. Aliás, o cliente diz que a qualidade não se discute – querem qualidade, senão veem a seguir as devoluções.

Acha importante nesta altura o regresso do lay-off simplificado, para gerir eventuais necessidades futuras de paragem da produção? Tiveram de o fazer na pandemia?

Só parámos em abril de 2020 – porque toda a cadeia parou. Portanto, fomos obrigados a parar. A partir daí, não parámos mais. Até porque o lay-off tem algumas condicionantes. Não vou para aí: não temos motivos para entrar no lay-off. Há trabalho: menos, mas há. Temos de ser mais agressivos com os clientes, os comerciais ‘têm de andar’, procurar, apresentar. Temos uma estrutura montada, temos designers, desenvolvimento técnico, apresentação de artigos novos.

As exportações continuam a ser uma espécie de salvação. Em que mercados estão presentes? Estão à procura de novos mercados? Já percebi que estão nos Estados Unidos. É um mercado interessante – toda a gente está a chegar a essa conclusão. É um mercado que paga. Estamos em França, na Finlândia, na Dinamarca e nos EUA. Alguns clientes nossos trabalham em Marrocos, por isso mandamos a malha para

lá, mas a faturação é para França. Queremos alargar para os países nórdicos – são mercados importantes.

Acha que o facto de a Ásia ter ficado mais longe está a aproximar clientes e produtores europeus?

Há alturas em que parece que alguma coisa está a mexer para o nosso lado. Talvez por causa da guerra… mas acho que não podemos ainda competir com a Ásia. Já fui em trabalho à China, à Índia e vejo que os salários são muito diferentes, os preços das energias – também subiram bastante agora – mas mesmo assim nós não conseguimos chegar lá. Mas também não precisamos do mercado deles. Sinto que o nosso mercado vai refugiar-se na qualidade, para mercados mais do tipo de Itália. Há que dizer que o ‘made in Portugal’ está a ser mais procurado.

Nota esse alto?

Sim. Há uns anos a esta parte, Portugal impôs uma grande qualidade. A produção da Ásia não é comparável. Aliás, acho que o objetivo dos portugueses não é esse – pelo menos o meu não é. E temos a Turquia, que é a maior ameaça que nós temos: estão num ponto estratégico, mais próximo, têm algodão, têm muitas empresas verticalizadas, têm o Estado que ajuda bastante as empresas. Aqui somos bons a pagar impostos – não sou contra, mas podíamos pagar menos e distribuir mais pelos funcionários.

Costuma dizer que ser empresário em Portugal é difícil. Qual é a parte mais difícil?

É a parte da mão-de-obra. É difícil dar a motivação necessária para trabalhar. A Familitex paga acima do mercado, acima do salário mínimo, atribuímos

T 21 Maio 2023
"A Familitex está em crescimento: já comprei mais terrenos para a expansão"

A ver a vinhas a crescerem

Afonso Barbosa trabalhou na hotelaria antes de chegar à têxtil, onde está desde que o milénio anterior desapareceu do calendário. O sector serviu-lhe para debutar como empresário: “desde os 20 anos que trabalho por conta própria” e não parece que vá agora desistir. Como também não desiste de ter outros negócios, entre eles o imobiliário e o turismo. Mas a ‘paixão’ mais recente parece estar destinada a ter a terra como geografia: os vinhos. Ainda não tem marca “mas hei-de ter” – para coroar os três hectares de vinha de que já é dono. “Para começar” – mais lá para a frente se verá se vale ou não a pena alargar vinhedos – que, por muita dor de cabeça que deem, fazem ao menos muito menos barulho que uma máquina de malha circular. “Mais uns aninhos” e a filha e o filho, que já trabalham no grupo, talvez o deixem ir cavar a vinha.

prémios, mas mesmo assim é pouco, não chega para motivar. Quem quer constituir uma família, comprar uma casa, tem muitas dificuldades, mesmo em casal. As ajudas também não são muitas e as coisas mudaram: havia dinheiro à cabeça; agora os projetos têm de ser pagos e só depois chegam os benefícios. O nosso primeiro projeto [no PRR] está executado, correu bem, tivemos um apoio de 50%.

De que projeto está a falar?

Foi um projeto de inovação e internacionalização.

Estamos já envolvidos noutro, desta vez na descarbonização. É um projeto mais pequeno, da ordem do 1,8 milhões de euros – o anterior foi de 3,8 milhões. Na Familitex o plano é para a instalação de painéis solares e o sistema Smartex [de redução de erros e acidentes]. Somos a empresa que mais máquinas temos, são mais de 40, com esse sistema instalado. Reduz o desperdício, deteta os defeitos antes de eles chegarem ao cliente. Antes, o problema só era detetado quando já estava feito, agora é detetado na máquina, a tempo de ser corrigido. São muitas máquinas e o sistema tem valores muito altos – mas foi um bom investimento para a qualidade, mas também para a pegada ambiental, com a redução do desperdício.

Portanto, a Familitex apresenta qualidade e sustentabilidade.

O foco neste momento é a sustentabilidade e rastreabilidade – o foco geral de todas as empresas. Na Familitex há já uns anos que apostamos na sustentabilidade.

Não vou dizer que vamos conseguir ser 100% sustentáveis, não é possível, mas vamos tentar ser o máximo – que todos os clientes procuram. Se conseguirmos

atingir uma meta de 70%, já será bom. Não acho possível os 100% até porque não há matéria-prima suficiente para isso. Todos os clientes querem a sustentabilidade, mas depois querem qualidade máxima e isso não é possível. É um problema que temos todos os dias: os clientes querem um poliéster 100% reciclado, mas querem branco-branco não dá. Querem algodão reciclado mas não querem contaminações não é possível. Mas não vamos parar de investir – sempre numa ótica de valor-acrescentado, máquinas específicas para alguns produtos técnicos, diferenciando em relação ao que já temos.

N ovas máquinas implicam menor número de funcionários?

Não, não reduzem postos de trabalho – exigem é mão-de-obra mais técnica, mais qualificada.

É fácil de encontrar?

É difícil arranjar bons técnicos para a nossa área. Mas na Familitex houve sempre o sistema de ir formando pessoas internamente – com o risco, claro, de eles acabarem por sair. Mas temos uma equipa técnica muito boa. É também uma oportunidade de os funcionários darem um salto na carreira. São aliás os melhores técnicos –sou evidentemente a favor da formação, mas por vezes ficam aquém das necessidades reais. A prática é um pouco diferente do que se aprende dentro de uma sala.

Estamos abertos a ajudar na formação que queram fazer: é uma mais-valia para a empresa.

A inovação é uma área importante no interior da empresa? Sim, encontrar novos fios, novas fibras, novas formas de trabalhar – com preocupações de performance e sustentabilidade. Temos atualmente quatro linhas: a ‘Green Line’, a ‘Fashion Line’, a ‘Premium Line’ e a ‘Performance Line’. Temos que satisfazer as necessidades de cada linha. Então, é necessário perceber o que é que, na Green Line, o mercado está a pedir e procurar novidades no âmbito da sustentabilidade. A Fashion Line está mais virada para as tendências, mais para a moda. A Premium Line aposta na qualidade superior e também procura agregar tendências. A Performance Line é direcionada a malhas técnicas e desporto – as feiras são uma porta em que nós percebemos o que é que a Europa, a América nos está a solicitar – é uma pesquisa que o departamento de Design, Inovação e Marketing faz. Já somos uma empresa que tem de dar ideias ao cliente – e aí temos funcionado muito bem. Ainda na Green Line, a Familitex vai lançar nas próximas semanas uma linha 100% reciclada. É uma coleção cápsula que se vai chamar Re-Use. Vai ser um dos projetos mais diferenciadores na Première Vision de Paris.

Não se sente atraído pela confeção?

Não é que nunca tenha pensado, mas não fiz nem quero fazer. Acho que, por uma questão de princípio, não o devo fazer. Especializámo-nos em malha: compramos o fio, fazemos a malha. Se as nossas empresas forem boas a fazer a malha, temos um negócio interessante. t

As perguntas de

A Familitex integra uma equipa jovem e dinâmica, sente que a nova geração tem nas suas mãos capacidade para crescer ainda mais o projeto?

Sim, a aposta nos jovens é um princípio fundamental para que o mercado permaneça em crescimento. A Familitex é a primeira casa para muitos jovens, integramos na nossa equipa e garantimos toda a formação necessária, de modo a tornarem-se profissionais exímios na área. Além da formação contínua, estamos cada vez mais a recrutar colaboradores com licenciaturas e mestrados, de forma a fortalecer os nossos conhecimentos.

No ano de 2022 qual o projeto que destaca?

Considero que o projeto da Smartex é um projeto de grande aposta na Familitex, transversal nos últimos anos até ao presente. Com cada vez mais consciência num sistema sustentável, a Smartex permite a deteção de defeitos, ainda durante o processo produtivo, permitindo a redução de desperdício de produto e dos custos associados. t

Quais são as políticas no âmbito da responsabilidade social?

A Familitex preocupa-se cada vez mais em proporcionar bons momentos em equipa. Para isso, realiza três eventos por ano totalmente dedicados aos funcionários e ao convívio. Sentimos que é um investimento com retorno, para uma equipa mais unida e eficiente. Numa outra política, temos vigente no fim de cada ano, a atribuição de prémios de desempenho, o sucesso da empresa é também o sucesso dos colaboradores. Efetivamente, está pendente da performance e rentabilidade do ano. Além destas políticas, como temos consciência das adversidades nos tempos que vivemos e dos efeitos pós-covid, contratamos uma psicóloga para dar apoio gratuitamente a qualquer colaborador. Como vê a Familitex daqui a 10 anos?

Pessoalmente, pretendo estar mais afastado da azáfama que é o mundo empresarial. Relativamente ao grupo, prevejo que se mantenha forte, com o aumento da representatividade da exportação direta. Com um sistema cada vez mais amigo do ambiente, que prima pela elevada qualidade de produto e serviço. Em termos de recursos humanos, espero no futuro ser possível assegurar mais condições aos nossos trabalhadores, tanto nas infraestruturas, como na política remuneratória.t

T 22 Maio 2023
Ana Loureiro Responsável pela exportação Ana Lúcia Araújo Responsável de marketing
"Está a ser cada vez mais difícil subcontratar: há muitos problemas de materiais, de tricotagem, de acabamentos"
T 23 Maio 2023

ENTRE O CÉU E A TERRA EXISTE O HOMEM

De um ponto de vista metafísico entenderemos a Terra e o Céu de formas completamente distintas, conforme as nossas crenças. A título de exemplo, um crente tenderá a dizer que a Terra estará mais próxima do Inferno do que do Céu, enquanto um não crente dirá, possivelmente, que a Terra é, na verdade, o Céu pois é o único plano em que concebe estar vivo. No entanto o que existe entre o Céu e a Terra?

O que a espécie humana faz diariamente produz sempre um resultado e, com maiores ou menores desvios, há um curso observável – nascer, entender o significado da nossa existência e, idealmente, prosseguir o trabalho incompleto dos que nos precederam, no objetivo sempre em curso de deixar um lugar melhor do que aquele que encontrá -

mos, durante o tempo que nos for concedido. E no fim, retornar ao pó. Mas há momentos, em quantidade incalculável, de fuga por elevação do mundo material: a efervescência que resulta da liberdade intelectual.

“Entre o Céu e a Terra”, é um conjunto de oito telas de linho, cada uma com 120cm de largura por 170cm de altura, que ilustram a nossa espécie a habitar a substância do tempo em liberdade – a contemplar, a trabalhar, a exultar, a relaxar, a pensar, a caminhar, a orar e a amar. Os perfis humanos retratados nesta obra foram produzidos com milhares de pétalas de tecido por ser um material maleável e mais resistente do que a sua aparência frágil e elegante deixa adivinhar.

Usamos têxtil para nos cobrirmos e nos apresentarmos socialmente e assim exibirmo-nos de acordo com as nossas ambições, estatuto ou estado de espírito.

Nesta obra, porém, o têxtil serviu para construir a carne do Homem.

“Entre o Céu e a Terra” pretendeu ser um retrato da conquista que os migrantes almejam quando atravessam as várias geografias terrenas: encontrar um lugar para si e para as suas famílias. Um lugar onde possam existir em liberdade plena, com as suas aspirações, as suas inquietações, sonhos, receios. Será essa transcendência que nos eleva, ainda que por segundos, todos os dias, uns centímetros acima do chão que pisamos e nos deixa, por isso, entre o Céu e a Terra? t

T 24 Maio 2023
Cristina Rodrigues

Todos sabemos umas coisas.

U O L L N F Q L O N J E

T I N K E I S J D F Y S D E C C F O V S Q T B E O P

B P J H A E I D I R U Z L M E L I B M G R A P N L C

R O I H S U G U A U P E I H I A N J K C V V B S 2 J

M I Q H E A H E S R G T N V T I G E O O I L M A S B

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T 25 Maio 2023 G N I S I D A H C R E M A P E N G A G E M E N T N E O E J P U B L I C I D A D E E I L H S A C I R T É M P A N T O N E L O P O S O D O A Z C U J Z D U E H A R I M T I A I I P V S O C I A L M E D I A N N G U R J H F I D E L I Z A Ç Ã O Y G E H T L T T Q I B R E E G A P G N I D N A L G O W E D B U F W R E P O R T T S S B T H U E A H Q E A G V I R S Z W W Q G A G I O R A N Ú N C I O F Y R E T E A A S W E N N N S R N B K J C K E R D M R U Z R C N Z N B A G I A S S L G F V I D E O K U T P P A R A T P D J K D V V T E P N M I Q F O A I E S R D T H M O J I E N O S L O S O B O E D I V F L A Y O U T K A T M B Q F E E D B A C K P I M O C K U P M I H W R P S Z N A I U N O R S S E M H M L Z N H S H T H B M N I B O D Y C O P T R C C R Z N O C Y P X B S T A G H N P M U F A A F E I I H K N O W H O W E A H Q N P A G E V I E W S Q L A O M T R N U T O P S V T Y A T A F I N I D A D E L D N A C L
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Há mais de 17 anos a falar destas e de outras coisas.

X DE PORTA

ABERTA

Por: Bebiana Rocha

Casa Rainha

Rua Antero de Quental, 356 4050-053 Porto

Produtos Malhas, vestidos, camisas, calças e roupa interior Público-alvo Senhora e homem com idade superior a 30 anos, que queiram estar vestidos confortavelmente

Data de Abertura 1974 Outras Lojas Rua João Pedro Ribeiro, 907 (Porto)

ZEEMAN EM ESTREIA NACIONAL EM MATOSINHOS

A multinacional neerlandesa especializada em vestuário e produtos têxteis básicos anunciou a sua chegada a Portugal com a abertura da primeira loja em Matosinhos. O conceito é o de “loja de bairro”: roupa e têxteis de qualidade ao melhor preço e em proximidade. Fundada nos Países Baixos em 1967, a Zeeman é hoje uma grande cadeia com mais de 1.300 lojas em oito países europeus e também online. Em Portugal irá inaugurar o seu website na língua portuguesa no mês de junho. Atualmente, são mais de 70 milhões de clientes que visitam as suas lojas a cada ano, espalhadas por vários países na Europa.

Uma Casa de Família, Com Certeza

A Casa Rainha está nas mãos de António Rodrigues desde setembro de 1974. Antes, era uma loja de miudezas e tecidos a metro; hoje assume-se como uma referência histórica do pronto a vestir de senhora e homem para os fregueses do Porto e arredores que procuram qualidade e um atendimento personalizado – o que inclui até ser tratado pelo primeiro nome.

“Podemos dizer que recebemos aqui neta, mãe e avó. A avó vem dos tempos antigos, entretanto a filha começa a conhecer-nos porque vem com a mãe ao médico, percebe que também encontra aqui coisas para si e começa a falar em casa. A neta na altura de aniversários e do Natal acaba por passar cá para comprar um presente, por exemplo”, conta Cláudia Rodrigues, filha do proprietário. “O legado foi sendo passado, o boca-a-boca funciona muito bem".

A loja está dividida por categorias de produto sendo possível vestir alguém da cabeça aos pés, com destaque para a oferta de marcas nacionais. “Está provado que temos uma confeção de qualidade em Portugal, por isso, apostamos em marcas como a Scusi, C117, Sidney, Maja, Impetus, Pierre Cardin ou Mike Davis. No inverno é 50%/50%, temos boas malhas em Portugal. Contamos igualmente com produtos de marcas espanholas, italianas, uma alemã e outra dinamarquesa”, diz Cláudia Rodrigues. Em outros tempos já tiveram inclusive produtos da Olmac: “fomos pioneiros no arranque da Olmac, com o Sr. Tavares”, faz questão de mencionar António Rodrigues.

“Há o cliente que se veste aqui diariamente e

aqueles que nos procuram quando precisam ‘de uma coisinha melhor’”, diz entre risos Cláudia. “Dizem-nos que a roupa não devia durar tanto e eu respondo para darem à vizinha do lado e virem comprar nova”, brinca o pai atestando a qualidade do produto. A loja oferece ainda um serviço de costura: “temos um atelier próprio onde subimos calças, casacos, vestidos, afinamos a cintura...”, realça Cláudia.

A Casa Rainha já existia antes: pertencia a um antigo funcionário da Companhia Fabril de Salgueiros e ganhou esse nome porque no século XIX a atual Rua Antero de Quental chamava-se Rua da Rainha, uma vez que a Rainha D. Maria II passava por aqui para ir para Braga. Com o tempo foi-se modernizando: “Quando os meus pais tomaram conta, a minha mãe costurava saias e vestidos para as clientes da zona, depois começou a surgir a confeção e deixámos de ser só uma loja de tecidos. Atualmente contamos com a colaboração de oito pessoas, divididas pelas duas lojas”, diz Cláudia.

O edifício Casa Rainha da Rua Antero de Quental foi para obras em 2000 e, portanto, para não fechar durante a empreitada abriram 300 metros ao lado um espaço que era para ser provisório, na Rua de João Pedro Ribeiro: “Correu bem esta segunda loja e acabámos por ficar, funcionam como sendo uma só”, diz António Rodrigues. O futuro passa por apostar na digitalização: o primeiro passo está dado com a criação das redes sociais e Claúdia Rodrigues a tomar parte das rédeas do negócio que tem tudo de familiar.t

BUREL FACTORY E ECOLÃ COM RESIDÊNCIAS CRIATIVAS

As fábricas Burel Factory e Ecolã abriram as suas portas para receber as residências criativas do projeto Lãnd – Wool Innovation Week. Artistas, designers ou outros criativos emergentes, de qualquer idade ou nacionalidade (mas apenas seis foram os escolhidos) para usufruir da cedência de espaços de trabalho e de material. O objetivo era a utilização da lã como matéria-prima na elaboração de projetos.

EXPOCOURO REGRESSA EM SETEMBRO À EXPONOR

A Expocouro regressa à Exponor a 13 e 14 de setembro, em simultâneo com o MODTISSIMO 60+2. ‘Make it Fashionable’ é o tema da 22ª edição, que junta múltiplas vertentes do sector: tecnologias de produção, prototipagem, produtos químicos, curtumes e escolas de formação de moda e design. Além da parte expositiva haverá também lugar para contributos escolares.

3,4%

é a queda da produção industrial alemã em março

FÁTIMA LOPES APRESENTA COLEÇÃO SS23

Os novos looks de primavera-verão da estilista Fátima Lopes desfilaram no dia 30 de abril na Tapada da Ajuda, em Lisboa. Em espaço aberto, em comunhão com a natureza, a designer apresentou uma coleção completa para homem e mulher com coordenados de praia, gala, com propostas executivas e outras mais casuais. Materiais leves e sustentáveis e cores vivas e alegres, misturadas com muito branco marcaram a passerelle

T 26 Maio 2023
“Algumas medidas do Trabalho Digno serão contraproducentes”
T 27 Maio 2023 events & exhibitions
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O MEU PRODUTO X

Por: Bebiana Rocha

TEX4WOUNDS

Desenvolvido pela Somani, CITEVE, Universidade Católica e Fourmag

O que é? Materiais têxteis avançados para o tratamento de feridas (pensos) Principal Contributo Limpeza, desbridamento e promoção de cicatrização de feridas superficiais ou profundas Estado do Projeto Data de conclusão prevista para junho deste ano, o consórcio está neste momento a testar os protótipos em simuladores de feridas

GUESS REABRE ESPAÇO EM ALCOCHETE

Após um breve período de obras para ampliação do espaço, a Guess reabriu recentemente a sua loja no Freeport Lisboa Fashion Outlet, em Alcochete, com mais de 300m2 e além da mudança de visual, a marca internacional acrescentou a linha Guess Kids. No final do ano passado, a Guess estava presente em cerca de 100 países, com mais de 1060 lojas com gestão própria nas Américas, Europa e Ásia. A estas somavam-se 566 lojas geridas pelos parceiros e distribuidores da marca.

VIA OUTLETS COM TRIMESTRE POSITIVO

A VIA Outlets – Freeport Lisboa Fashion Outlet e Vila do Conde Porto Fashion Outlet – fechou o primeiro trimestre de 2023 com as vendas de marcas a registarem um aumento acumulado de 24% em relação ao período homólogo de 2022 e de 21% face a 2019, mantendo assim a tendência que se registou em 2022. A VIA Outlets termina o primeiro trimestre deste ano registando os melhores resultados de sempre de vendas nos centros. O número de visitantes também cresceu, em comparação com o início de 2022, registando em média mais 15% de visitantes.

Pensos, logo existem

Foi com o objetivo de trazer ao mercado novos materiais têxteis para o tratamento de feridas que não libertassem fibrilas, responsáveis por desencadearem processos inflamatórios, que a Somani se juntou ao CITEVE, à Universidade Católica e à Fourmag para darem início ao projeto TEX4WOUNDS.

“Uma das grandes motivações deste projeto era conseguir integrar num único material de penso diferentes tecnologias, nomeadamente para garantir a gestão do exsudado, incorporar aditivos de base natural capazes de promover a cicatrização e, ainda, que os materiais de penso desenvolvidos se consigam adaptar a diferentes etimologias de feridas”, conta Sofia Rodrigues, técnica de inovação do CITEVE. “O penso tem propriedades antibacterianas e anti-inflamatórias, com incorporação de aditivos de base natural, que não existem muito na área médica”, sublinha Miguel Sousa, Head of Business Development da Somani. O projeto irá materializar-se em três produtos: “um material de penso para limpeza e desbridamento, e dois materiais de penso dinâmicos, absorventes e promotores de cicatrização: um com estrutura laminar, para feridas superficiais, e outro com estrutura nuclear para feridas cavitárias”, explica Miguel Sousa.

“Estamos a desenvolver um material de penso para limpeza e desbridamento para ser fornecido pronto a usar. Isto é, já é fornecido em húmido, sem ser necessário soluções antissépticas e surfactantes, que é outra característica inovadora, a par do design”, acrescenta Sofia Rodrigues. “A maior parte dos pensos que existem são quadrados ou redondos, os nossos pensos para limpeza e desbridamento são tridimensionais e e ergonómicos, para se adaptarem e moldarem a qualquer formato de ferida. Estamos também a testar a possibilidade de incorporar produtos que alterem de cor para indicar se a ferida está infecionada ou não”, diz Miguel Sousa.

Em termos de papéis, o CITEVE foi responsável por

fazer a ponte entre as empresas e a investigação, contextualiza Sofia Rodrigues: “Fizemos identificação de fibras de interesse para a construção de novas arquiteturas têxteis e desenvolvemos aditivos de base natural com diferentes propriedades, assim como, os processos de aplicação”. Já a Somani estará responsável pelo scale-up do projeto. “Como se trata de um produto de grande consumo e descartável é importante termos um preço competitivo. Este produto não vai ser confecionado, vamos ser a empresa que vai produzir o têxtil e vamos tentar usar maquinaria para podermos fazer o penso com pouca intervenção humana”, contextualiza Miguel.

O consórcio conta ainda com o contributo da Universidade Católica: “Numa primeira fase fizemos um screening do comportamento dos têxteis em situações de contacto com a ferida para perceber quais seriam os melhores. Desenvolvemos novos sistemas para encapsular diferentes compostos ativos que, quando incorporados no material têxtil, irão estimular regeneração no local da ferida assim como melhorar a prevenção e controlo da infeção. Consequentemente poder-se-á reduzir tempos de tratamento”, conta Ana Oliveira, professora auxiliar e investigadora da Escola Superior de Biotecnologia. “Faço um balanço muito positivo deste projeto, serviu para aproximar a área clínica da área industrial. Destaco o contributo do enfermeiro Paulo Alves, que nos vai dando diretrizes em termos aplicacionais, por exemplo, que requisitos têm de ter os pensos em termos de absorção dos fluídos da ferida. Encontra-se também a desenvolver os modelos de teste, simuladores com recurso a tecnologia 3D, para termos uma noção mais realista de como se comportam em contacto com a ferida”, esclarece. Depois dos bons resultados nos protótipos, o projeto avança para uma fase de testes com simuladores. A prova de conceito já foi apresentada em novembro passado na feira Medica, na Alemanha. t

THE FEETING ROOM QUER SER ACELERADOR DE MARCAS

O departamento de Consultoria da The Feeting Room, Darwin Strategic Consulting, lançou um programa acelerador de marcas denominado de Brand Rocket Program. O objetivo é auxiliar marcas promissoras da área da moda e do lifestyle a atingirem todo o potencial de desenvolvimento no mercado. O Brand Rocket Program partilha recursos, experiência e orientação para que as marcas consigam prosperar no mercado competitivo atual. O programa oferece mentoria personalizada e ainda acesso a um espaço de coworking no escritório da consultora no Porto. O espaço foi concebido para fomentar a colaboração e inovação.

5,8% foi o aumento do valor das trocas comerciais entre a China e o resto do mundo em abril, face ao mesmo período do ano passado

CITEVE, CENTI E CAIMA JUNTOS NAS FIBRAS

Fiber4Fiber é o nome de um projeto que desenvolve fibras têxteis, criadas a partir de madeira de eucalipto, que podem ser rastreadas e que apresentam características funcionais. Caima, CeNTI e CITEVE são as entidades envolvidas para assegurar a resposta local e europeia no processo de produção industrial. O objetivo da Caima e dos centros de tecnologia é valorizar aquele recurso nacional.

T 28 Maio 2023
“Ou através do conhecimento ou do trabalho, é preciso que as pessoas acrescentem valor”
António Amorim Presidente do CITEVE
T 29 Maio 2023

A ARTE DE SER EMPRESÁRIO: A EXPERIÊNCIA DA ADALBERTO

Ser empresário e ser bem-sucedido é “ser capaz de manter o diálogo, de entendermos o que os clientes necessitam e sermos capazes de mostrar o valor dos nossos produtos”, disse Mário Jorge Machado, administrador da Adalberto Textile Solutions e presidente da ATP, no ‘Meetups de Empresas”, uma iniciativa de partilha de experiências promovida pela Associação Empresarial de Portugal (AEP). A esta postura, o administrador da Adalberto acrescenta a capacidade de adaptação às circunstâncias e a resiliência, mas também a vontade de sair da zona de conforto e aceitar a tomada de riscos.

O encontro com a Adalberto Textile Solutions foi também um encontro com a sua história: a empresa remonta a 1969, data da sua fundação, e os riscos assumidos Adalberto e Noémia permitiram que, entre 1969 e 1980, passasse de uma unidade com 50 trabalhadores para 250 – isto numa época de grande instabilidade social e financeira, onde não havia segurança cambial e a inflação rondava os 25% a 30%, contou Mário Jorge Machado. Em 1985, a situação financeira da empresa já não estava fácil e acrescentou-se o falecimento de um dos seus fundadores, Adalberto.

Foi em 1986 que Mário Jorge Machado, acabado de sair da universidade, entrou na estamparia com a finalidade de compreender o porquê de a empresa não estar a ser rentável. A conclusão foi que os preços não acompanharam a inflação e, por isso, estavam

25% a 30% abaixo do que deveriam estar.

Foi tempo de comunicar aos clientes que teria de haver mudanças. Alavancados pelo crescimento económico que surgiu com a entrada na União Europeia, aceitaram, e a empresa cumpriu um plano de reestruturação, que demoraria três anos e não os inicialmente planeados sete anos.

“As circunstâncias, por vezes, jogam a favor das empresas”, afirmou o administrador e, nesse sentido, “as empresas têm fatores de conjuntura e fatores externos que são importantes na capacidade das empresas se adaptarem” e isso deve ser aliado com a comunicação para a compreensão das necessidades dos clientes.

“O empresário tem que ser capaz de ver no meio de todas as ofertas e de toda a complexidade e perceber o que os clientes necessitam. Isso é uma tarefa que obriga a conseguir ver com clareza no meio de muito nevoeiro”, conclui, acrescentado que as dificuldades acontecem e, portanto, “ser resiliente é de extrema importância”.

O ‘Meetups de Empresas’ insere-se no programa Desafios 5.0 foi lançado pela AEP em novembro de 2021 para promover o espírito empresarial do Norte e Centro do país. O objetivo é consolidar um novo perfil empreendedor, apoiado em ideias inovadoras e criativas, que possam responder aos desafios sociais do novo paradigma de evolução da sociedade 5.0. t

LAMEIRINHO ARRECADA PRÉMIO CINCO ESTRELAS 2023

TÊXTEIS-LAR É A NOVA

DE NEGÓCIOS DA AIDA

Respondendo a uma lacuna observada no mercado a que se dirige, a Aida Home Living decidiu avançar no segmento dos têxteis-lar e, no momento em que celebra dois anos de existência, abre mais uma frente de negócios. A marca aposta na produção de artigos únicos e exclusivos para a cama. Lençóis e colchas são os produtos disponíveis neste novo lançamento que alarga o portefólio da empresa.

“A inspiração veio por parte das nossas clientes que muitas vezes perguntavam se também fazíamos roupa de cama, porque gostam muito da qualidade dos nossos artigos de mesa”, conta Inês Carneiro, co-fundadora e CEO da Aida Home Living ao T Jornal, acrescentando que o mercado pede cada vez mais peças únicas e exclusivas e, nesse sentido, “a gama de roupa de cama permite personalizar todos os artigos com o nome do cliente, as iniciais, o monograma”.

FRENTE

Os clientes podem também escolher a cor do bordado e o tipo de letra, “tornando a sua cama única”. Nesse sentido, a nova gama de produtos tem disponíveis lençóis e colchas e “não começámos com a produção de capas de edredon, pois são mais utilizadas no inverno”, revela a co-fundadora e CEO.

Dividida em quatro coleções na cor branca, Bordal tem um estilo mais clássico e é “em Percal 200 fios e tem um pormenor de renda bordada”. Por seu turno, Flora oferece um look mais relaxado e “é em linho/algodão com tumbler, o que o torna mais macio e tem uma técnica sustentável”. Já, Amélia é uma coleção clássica e intemporal, “onde o cliente pode escolher a cor que pretende do rolinho”. Por fim, Aurora é uma coleção mimosa em que “o cliente pode escolher a cor do boleio e também é em Percal 200TC”, explica Inês Carneiro. t

A excelência dos têxteis-lar da Lameirinho foi reconhecida pelo sexto ano consecutivo com o Prémio Cinco Estrelas. Os produtos conquistaram mais uma vez os consumidores da empresa de Guimarães, que acumula 75 anos de experiência no sector e se destaca como uma das mais ativas no mercado. “Temos de convencer quem está do outro lado que realmente sabemos o que fazemos”, diz Tânia Lima, diretora de marketing da empresa, no podcast ‘À descoberta das Cinco Estrelas‘. “Somos uma empresa exportadora há muitos anos, produzimos [em private label] para marcas internacionais conhecidas e trabalhamos a área de hotelaria no segmento alto. Sentimos que as pessoas que chegam ao hotel e têm uma boa experiência nos nossos lençóis procuram-nos para ter essa experiência na área residencial e foi por isso que decidimos colocar a marca própria no mercado”, explica.

KATTY XIOMARA DEU A TÁTICA PARA OS NEGÓCIOS

No âmbito do projeto 'Melting Business', a Associação para a Promoção da Gastronomia, Vinhos, Produtos Regionais e Biodiversidade (AGAVI) promoveu um ciclo de workshops dedicados à ‘Qualificação das Empresas’ na qual participou a designer e estilista Katty Xiomara. As ‘Conversas na Fundação: Promover a Iniciativa Empresarial’ têm lugar na Fundação AEP e o programa Melting Business pretende ser um acelerador de negócios e responder à pergunta: “como conseguimos descobrir se uma ideia é boa ou má, antes de avançarmos?”

5,1%

é a nova estimativa do Governo para a inflação em 2023

LION OF PORCHES AUMENTA POSIÇÃO EM ESPANHA

A Lion of Porches abriu um novo corner no El Corte Inglés, na Vitoria-Gasteiz, em Espanha. O novo espaço é mais um passo na estratégia de expansão da marca portuguesa – que assim aumenta a sua posição no mercado espanhol, contando com 100 pontos de venda multimarca e oito corners El Corte Inglés. Já em 2022 a marca tinha revelado que pretendia duplicar a rede de lojas Lion of Porches no mercado espanhol até 2024, tendo como objetivo a abertura de três lojas monomarca. Para o ano, a Lion of Porches manifestou interesse de abrir mais duas lojas, uma delas no País Basco.

T 30 Maio 2023
“Queremos continuar a fazer coisas novas e estar na linha da frente”
Pedro Magalhães Diretor de inovação da Tintex

EMERGENTE M

Por: Ana Rodrigues

Carolina Guimarães, CEO da João Pereira Guimarães

Família O marido, os pais, os três irmãos e respetivos cunhados, os seis sobrinhos e os seis cães Casa Apartamento na Maia Carro DS4 Híbrido Formação Licenciatura em Ciências da Comunicação e Pós-Graduação em Gestão de Empresas Portátil Lenovo Telemóvel Xiaomi Mi 10T Hobbies Passear com o marido, estar com os cães, escrever e tocar piano Férias As últimas foram um cruzeiro no Mediterrâneo e Ilhas Gregas Regra de ouro “O que tem que ser tem muita força”

De miúda dos trapos a CEO de uma têxtil com história

Apesar da licenciatura em Ciências da Comunicação, o plano inicial nunca foi esse. Carolina Guimarães, atual CEO da JPG desde 2019, agarrou com ‘unhas e dentes’ uma têxtil com história quando tinha apenas 23 anos.

Criada em 1956 na garagem de casa do avô, a empresa apenas nos anos 60 se mudou para a localização atual em Leça do Balio. De todos os segmentos a que já responderam, a tricotagem e a empresa de acabamentos ainda existem - esta última da responsabilidade do pai, que se iniciou no ramo em 1973. A Carolina nasceu 22 anos depois e contactou com essa realidade desde cedo: “Eu nasci nas fábricas. Do 1o ao 4o ano passava as tardes livres na fábrica e esses momentos ficaram em mim. Para mim, é poético ver um fio a entrar e ser transformado noutra coisa”, contou.

Apesar disso, queria ser engenheira informática por influência do pai e do irmão mais velho. Mas, no 7o ano apaixonou-se pela leitura e dois anos depois pela escrita: criou o blog “Entre Parêntesis” (que ainda existe). Aí, os caminhos ficaram confusos! Acabou por ir para Ciências da Comunicação, “porque achei que era a forma de seguir com a minha paixão: a escrita”, ainda que tivesse sempre em vista a têxtil.

No primeiro ano do curso percebeu que odiava Jornalismo e seguiu o ramo da Assessoria, tendo acabado por estagiar na Associação Selectiva Moda. Findo esse processo, foi desafiada a tornar o T Jornal digital e, “de forma algo calculista, aceitei o desafio, pois permitia-me continuar a criar contactos com a têxtil e compreender o que é trabalhar por conta de outrem antes de ser patroa. Permitiu-me levar a empatia a outro nível”, salientou Carolina.

Dois anos se passaram e a fábrica começou a ser, ainda mais, o seu caminho. Em agosto de 2018 deixou o T e, em setembro, iniciou a pós-graduação em Gestão de Empresas, mês em que o avô faleceu. Nesse ano, coordenou os estudos com a presença na empresa, pois pretendia uma transição natural: “não queria que fosse vista como um apoderamento de poder, mas que entendessem que tinha gosto no que fazia”.

Em setembro de 2019 entrou a tempo inteiro na JPG. Uma mulher de 23 anos a liderar uma empresa com trabalhadores mais velhos e habituados a outros costumes: “vi os problemas principais e tentei entender como mudar as coisas”. Começou por melhorar os espaços comuns, “segui o instinto e pensei no que gostaria de ter se ali trabalhasse”, explicou.

“O meu avô queria que a empresa morresse com ele e a minha avó pediu que continuasse com ela” e do orgulho do avô ficou o atraso da empresa face a outras que nasceram depois, mas também o desafio para Carolina continuar um projeto com história.

Arranjar pessoas para trabalhar na têxtil continua a ser um dos maiores desafios e é, por isso, que “quero que as escolas venham visitar a JPG. Não podemos ambicionar que alguém sonhe trabalhar na indústria, se não a colocamos no imaginário dos mais novos para que o vejam”.

Tendo crescido na geração do imediatismo e dos ‘salta-pocinhas’, a CEO salienta que o seu trabalho exige paciência: os resultados são muito lentos, é preciso resiliência. “É um projeto a longo prazo. É um desafio diário, pessoal e de negócios, mas – sobretudo – um desafio de mentalidades de dentro e de fora, onde pretendo que exista sempre clareza e transparência e que o gap entre patrão e funcionário vá diminuindo”.

Com a JPG como projeto de vida que a permite fazer algo pela comunidade e lhe dá alento para continuar, “ainda que me ocupe a alma e a mente e possa ser uma responsabilidade que me pesa”, Carolina pretende – no futuro – criar uma marca própria com o marido. E a escrita? Podemos contar que pelo menos um livro poderá um dia estar na nossa estante. t

T 31 Maio 2023
FOTO: RUI APOLINÁRIO

MUNDO VERDE a 500 mil

hectares é a área atual de floresta portuguesa certificada pelo Forest Stewardship Council (FSC)

UE: DIRETIVAS SUSTENTÁVEIS SÃO UMA OPORTUNIDADE

A sustentabilidade está na agenda da União Europeia e também esteve no seminário ‘Têxtil do Futuro’, organizado pela Associação Portuguesa de Logística (APLOG), e de que o T Jornal foi media partner. “Estamos num momento interessante. As novas diretivas da UE podem ser uma oportunidade para Portugal, até porque em termos tecnológicos não devemos nada a ninguém”, disse António Braz Costa, diretor-geral do CITEVE, que fez a moderação do debate ‘Sustentabilidade e circularidade no têxtil’, na Universidade Católica.

“A sustentabilidade chegou entre 2014/15, na altura incorporar 5% de fibra reciclada era bom, hoje 5% seria vergonhoso. Atualmente conseguimos incorporar entre 50-80% de fibra reciclada. O que está para vir é muito mais do que isso”, sublinhou Braz Costa.

Ao painel de especialistas, composto por Clara Louro (Salsa), Patrícia Ferreira (Valérius), José Costa (Becri) e Filipe Carneiro (Lipor), o responsável do CITEVE perguntou quais eram as cinco ações mais importantes que as

empresas estavam a tomar para serem mais sustentáveis.

A Salsa destacou o seu projeto ‘Better Wash’ aplicado numa lavandaria própria da marca que permite reduzir a quantidade de água no processo de lavagem. Destacou também novas formas de lavagem e o seu serviço de restauro de jeans ‘Infinity’. Já a Valérius destacou o seu projeto Valérius 360, que permite a reciclagem do pós-consumo e também a adoção das amostras 3D.

“Queremos montar um armazém para o desmantelamento das peças e implementar novos proces-

MODA CUMPRE ESTRATÉGIA SUSTENTÁVEL

Segundo o relatório da United Nations Climate Change e da Carbon Disclosure Project (CDP), os signatários da Carta da Indústria da Moda para a Ação Climática têm feito avanços assinaláveis nos compromissos para combater as alterações climáticas. Atualmente, 45% dos ativos estão a cumprir os objetivos propostos. Segundo aquelas entidades, embora haja ainda um longo caminho a percorrer, quase metade dos signatários está a cumprir as suas promessas. “Os signatários da Carta da Indústria da Moda demonstraram melhorias de performance em termos anuais em todas as categorias".

sos que nos permitam escalar e encontrar soluções que possam ser apoiadas tecnologicamente”, referiu Patrícia Ferreira, CEO da Valérius Hub.

A Becri segue o mesmo caminho do design 3D, segundo José Costa: “há seis anos que investimos na parte 3D e a aceitação era baixa”, explicou o CEO da empresa de Barcelos. Outra das mais valias que a empresa oferece é serviço ‘ReStyle’ que permite aos clientes pegarem nos stocks e darem-lhes uma nova cara, por exemplo de um vestido fazer uma saia. t

LURDES SAMPAIO REFORÇA TRANSPARÊNCIA COM QR CODE

A têxtil especialista em malhas quer estar na vanguarda das tendências: criou uma ferramenta para digitalizar as suas coleções, onde é transmitida toda a informação sobre composição e acabamento das malhas. É um QR code que fornece aos clientes a transparência em toda a cadeia de valor.

Com esta ferramenta de trabalho, há dois parâmetros que prevalecem – a composição e o acabamento do artigo – e

segundo Maria Sá, a fundadora da empresa, “não há uma regra a seguir, tudo é definido internamente, sobre aquilo a que queremos dar mais ênfase. Tanto pode ser uma fibra inovadora ou uma nova fibra que estamos a introduzir e realçamos a composição dessa malha.

Ou então uma malha com uma composição normalíssima mas com um acabamento mais funcional, nesse caso decidimos dar mais informação sobre esse

acabamento do que propriamente sobre a composição”, explicou a empresária ao T Jornal.

Tendo sempre em mente contribuir para um meio ambiente saudável, e no sentido de resolver o elevado desperdício de têxteis no mundo da moda, a Lurdes Sampaio, criou o projeto Rfive, com o objetivo de reciclar e reutilizar os resíduos para dar vida a novos produtos num conceito de economia circular. t

Fashion Lead

Jules

RDD TEXTILES LIDERA NOS CORANTES ECOLÓGICOS

A RDD é uma das entidades responsáveis pelo teste ao desempenho e validação dos corantes e pigmentos em vários substratos têxteis no programa-piloto Dyestuff Library. Esta iniciativa é promovida pela Fashion for Good e tem como objetivo acelerar a substituição do uso de produtos químicos nocivos para opções alternativas, permitindo a visibilidade e o acesso a inovações de menor impacto. O projeto consiste numa ferramenta digital que permite a escolha de corantes com base no seu desempenho competitivo e sob critérios ambientais.

GUCCI RECUPERA STOCKS PARA O COMÉRCIO

Através da revisitação dos seus stocks, a Gucci lançou um projeto de moda circular: denomina-se Gucci Continuum e foi desenvolvido pelos vários designers que trouxeram os seus arquivos de volta com novas criações, que assim prolongam a vida das peças e dão um novo fôlego financeiro aos stocks da marca. A coleção envolve assim marcas, artistas e designers e incentiva à circularidade e à criatividade. O projeto Gucci Continuum está em estreia no site da Vault onde são comercializados uma série de produtos feitos por uma primeira seleção de dez parceiros criativos.

T
“Por mais efetiva que seja a mudança de atitude enquanto consumidores, o caminho da sustentabilidade passa por uma forte mudança nos sistemas produtivos"
32 Maio 2023
Braz Costa Diretor-geral do CITEVE
"Através da sua participação no ‘The Jeans Redesign' a Primark está a dar um passo em frente para a economia circular"
da Fundação Ellen MacArthur
T 33 Maio 2023

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O que faz? Fornece serviços de tecnologia de informação e soluções de negócios aos mais diversos sectores Espaços 1.200m2 Fundação 1990 Equipa Cerca de 60 colaboradores Página Online https://www.infos.com.pt/

É PRECISO “FAZER MAIS PELAS MARCAS PRÓPRIAS”

“O sector têxtil português tem muito músculo e qualidade reconhecida: representa cerca de 10% das exportações nacionais. Mas o que é feito com as marcas nacionais é ainda muito reduzido em termos de volume de negócio”, disse o presidente da ATP, Mário Jorge Machado, na abertura da Conferência ‘Têxtil e o Futuro’. “Temos de explorar a possibilidade de aumentar a ligação entre o sector têxtil e do vestuário e a moda, seja ela de marcas ou de autor”, acrescentou Mário Jorge Machado. “O ponto win-win seria criarmos marcas e colocá-las a nível mundial. Temos uma base produtiva forte, a ideia é criar produtos que sejam diferenciadores”.

A importância de especializar no negócio do cliente

Fundada em 1990, a INFOS é uma empresa 100% portuguesa certificada e especializada no desenvolvimento e implementação de software de gestão e um dos principais fornecedores, em Portugal, de serviços de tecnologia de informação e soluções empresariais em diversos sectores de atividade, desde o têxtil e vestuário à distribuição, retalho alimentar e não-alimentar e à indústria metalomecânica.

“A nossa proposta de valor remete para o conhecimento especializado e a experiência de mais de 30 anos nos mercados em que atuamos, o que nos dá uma visão 360o do negócio. Possuímos equipas distribuídas pelos mercados, o que faz com que conheçamos as melhores práticas, tendências e desafios dos seus negócios o que nos permite apresentar soluções de gestão adequadas aos nossos clientes. Para nós, o software é a ferramenta, mas a diferença está nos detalhes, nomeadamente na capacidade de simplificar a complexidade”, explica Vânia Mascarenhas, Head of Marketing da INFOS.

A INFOS foi fundada por especialistas em sistemas ERP e no sector têxtil e do vestuário e foram esses os alicerces do seu posicionamento. Com o crescimento da equipa, alargou o seu portefólio de soluções de forma a oferecer propostas verticais.

Investindo continuamente em I&D, a INFOS testa novas tecnologias, metodologias e práticas de gestão para apresentar soluções que melhor se adequem às necessidades e objetivos de cada empresa. Reconhecidos pela Associação Nacional de Inovação (ANI)

como uma empresa que tem valências de investigação e desenvolvimento, a INFOS está em contacto constante com a ATP e desenvolve projetos com o CITEVE e com a COTEC: “Estamos intimamente ligados com o sector têxtil e do vestuário, podendo afirmar que não vendemos apenas soluções, ajudamos os nossos clientes a transformar os seus negócios”.

Na ótica desse investimento profundo, e com o CITEVE, está atualmente a colaborar no STVGoDigital, em dois dos seus seis projetos. O projeto BE@T liderado pelo CITEVE e o TEXP@CT são outros exemplos do envolvimento na I&D.

Ainda mais recentemente e resultante do PT2020, a INFOS criou a solução Connect@Fashion: “um bom exemplo de um projeto desenvolvido através de fundos europeus que oferece uma solução tecnológica que marca a diferença e que melhora o dia das pessoas, agilizando e otimizando as operações dos nossos clientes”, enfatiza. Através de quatro soluções ligadas ao sector têxtil e do vestuário, o Connect@Fashion “acompanha o processo de desenvolvimento de produto, de decisão, de gestão interna e relação com subcontratados”.

Com uma média de permanência de clientes em portefólio de mais de dez anos, Ana Sousa, Adalberto, FSM, JF Almeida, Mundotêxtil, Lasa, Crialme, Fermir e Sidónios Seamless são alguns exemplos. “Os nossos clientes mantêm-se connosco, porque nós apresentamos as soluções necessárias para dar as respostas que necessitam”, conclui. t

SOURCE FASHION A RUMAR CONTRA O BREXIT

Entre os dias 16 e 18 de julho, no London Olympia, decorre o Source Fashion, o novo certame de sourcing da Europa focado na qualidade e na sustentabilidade, que “pretende o regresso das empresas ao Reino Unido”, como disse Rita de Sousa, agente da Source Fashion em Portugal, ao T Jornal. A primeira edição, em fevereiro, foi bem-sucedida e “quem foi, já se encontra novamente inscrito e já restam poucas inscrições”, contou Rita de Sousa. Fabricantes e fornecedores internacionais ficam ao alcance das marcas do Reino Unido, com a garantia de que a “organização pretende os melhores, pois estão focados em garantir na sustentabilidade”, revela.

3,3%

foi a inflação registada no final de março em Espanha

PÊRA LIMA COMPLETA COLEÇÃO ‘EMBRACE’

A marca 100% portuguesa Pêra Lima lançou o segundo drop da sua coleção ‘Embrace’, uma cápsula que bebe inspiração no soneto de Pablo de Neruda ‘Cien Sonetos de Amor VIII’. A coleção aborda através dos estampados autorais a importância do abraço e a conexão com a natureza. As peças são feitas em algodão orgânico e com materiais certificados, sendo o branco a cor predominante, combinada com traços azuis e motivos verdes e roxos. A Pêra Lima rumou em fevereiro passado com destino aos Estados Unidos, um mercado de relevo para a marca.

T 34 Maio 2023
“Acho que o têxtil vai ter uma mudança muito grande na forma como é produzido”

OPINIÃO

PRIMEIRO

A 30 de março de 2022, a Comissão Europeia apresentou a sua visão para o futuro da indústria têxtil. A estratégia foca-se principalmente na redução da pegada ambiental e na promoção da sustentabilidade e transparência na cadeia de valor.

e executáveis, com um custo mínimo para as PME. Pedimos um cronograma realista e um “teste de competitividade” para cada peça de legislação antes da sua adoção.

GERIR ORGANIZAÇÕES EM CONTEXTO DE INCERTEZA

A EURATEX acolheu-a com satisfação, pois reconhece a importância estratégica da indústria têxtil europeia e os seus principais valores competitivos de qualidade e criatividade. Ao mesmo tempo, alertámos que traduzir essa visão em realidade seria um processo delicado, pois é necessário conciliar sustentabilidade com competitividade. A “transição verde” (e digital) deve tornar as nossas empresas mais resilientes e os benefícios devem superar os custos. Esta premissa sofreu um duro golpe com a guerra russa na Ucrânia, que eclodiu quase ao mesmo tempo em que a estratégia foi lançada, e mudou drasticamente o contexto económico. Os preços da energia aumentaram 10 vezes (!), colocando a indústria europeia em desvantagem significativa em relação aos seus concorrentes globais, levando a encerramentos ou deslocalizações de empresas. Bloqueios prolongados na China e políticas comerciais defensivas nos EUA e em outros lugares geraram ainda mais incerteza no mercado e interromperam as cadeias de fornecimento.

Agora, um ano após sua publicação, continuamos cautelosamente otimistas sobre a implementação da estratégia, mas precisamos de alertar para algumas armadilhas importantes no caminho a seguir. Apesar destes tempos turbulentos, a Comissão está a avançar “rapidamente” na tradução da sua Estratégia Têxtil da UE para (projetos de) legislação. Atualmente, pelo menos 16 peças de legislação estão em discussão, o que tornará a indústria têxtil um sector estritamente regulamentado. A qualidade deste novo quadro regulamentar é fundamental para o sucesso da estratégia: as regras futuras devem ser coerentes, tecnicamente viáveis

Pouco sabemos sobre como serão os próximos meses até ao final do ano e para lá dele. Fala-se que a taxa de inflação estará mais controlada, que o preço da energia baixou, mas a verdade é que o aumento do custo de vida e a quebra no rendimento continua a impactar o consumo em geral e, em especial, o consumo de bens não essenciais, como os têxteis e o vestuário. Não podemos esquecer que existem várias circunstâncias geopolíticas e económico-sociais que continuam a minar a confiança das famílias, dos consumidores e dos empresários um pouco por toda a Europa e, em especial, nos mercados mais relevantes para a ITV portuguesa.

Com este cenário de relativa contenção, as perspetivas não são animadoras para a maioria, sendo fundamental reforçar a resiliência e a flexibilidade das organizações. Não sabendo por quanto tempo estaremos com estas nuvens negras no nosso horizonte, é imprescindível tomar decisões que promovam a sustentabilidade e a rentabilidade das organizações. Relembrar que mais do que produzir é importante criar valor. Se não estivermos a criar valor, não teremos como

As empresas têxteis precisam de ser informadas e apoiadas para cumprirem este novo quadro. Isto requer um financiamento substancial que deve ser destinado exclusivamente ao sector, abrangendo áreas de inovação e digitalização, desenvolvimento de competências, apoio a start-ups e internacionalização, bem como acesso a energia a preços acessíveis. A este respeito, a EURATEX exorta a Comissão a traduzir as atuais “boas intenções” em decisões concretas. A estratégia da UE não funcionará se não houver procura por têxteis sustentáveis, tanto por parte dos consumidores individuais como por parte das autoridades públicas (compras públicas). É preciso tomar medidas concretas para se oferecer uma vantagem competitiva aos produtos têxteis sustentáveis e de alta qualidade, por exemplo, através de uma taxa de IVA diferente, regras de aquisição rigorosas, cooperação mais estreita entre as marcas/retalhistas, produtores e consumidores.

A estratégia da UE também pode falhar, se ignorarmos a dimensão global da indústria têxtil. Cerca de 80% dos artigos de vestuário são produzidos fora da UE; esses produtos precisam de estar em conformidade com a nova estrutura. Mas ainda não está claro como garantir essa igualdade de condições. A fiscalização do mercado precisa de ser intensificada massivamente – visando também as vendas online – mas isso exigiria esforços significativos dos Estados membros, que não estão disponíveis até o momento. Apesar destes importantes desafios, a EURATEX continua comprometida com a implementação bem-sucedida da Estratégia Têxtil da UE. Criar essa nova estrutura é um desafio incrível, exigindo um diálogo próximo entre a indústria e o regulador. t

investir. Sem investimento não há futuro. Investimento nos processos, na tecnologia, na inovação, nas pessoas, na gestão.

Gerir uma organização não é fácil, em períodos difíceis e instáveis é mais difícil ainda. É preciso ter visão, ter estratégia, ter recursos, gerir o hoje sem comprometer o amanhã, num processo que está em permanente mudança, que todos os dias tem de ser alimentado. E para o qual é fundamental ter uma equipa capaz, competente, motivada e envolvida, o que nem sempre é fácil.

Mas em todas as crises há oportunidades e agora não é diferente. É preciso estar atento. Nem todos os mercados têm a mesma dinâmica de crescimento. Há países que terão crescimentos mais interessantes e onde o negócio da moda não será tão impactado. Portugal neste momento tem uma excelente oportunidade que não deve deixar escapar: criar propostas de valor utilizando a dinâmica da sustentabilidade e circularidade suportada pela digitalização.

As tendências ditam que haverá uma maior procura por produtos de qualidade, de maior durabilidade, de proximidade, susten-

táveis, circulares e diferenciados. E Portugal tem ótimas condições para ser o parceiro ideal. Mas, mais do que ser o parceiro certo, é fundamental que Portugal capitalize esta narrativa junto da sociedade em geral e, em particular, junto dos consumidores. Este conhecimento é valor. Será muito valorizado enquanto conteúdo para marketing, um marketing que, embora não tenhamos marcas próprias e não vendamos diretamente ao consumidor final, tem de ser utilizado pela indústria, em prol da mesma, e não apropriado (mais uma vez) pelas marcas/ clientes.

Estratégias de marketing para a indústria são fundamentais neste momento. Embora a ATP enquanto associação do sector também tenha um papel a desempenhar (conforme tem feito), cada um terá a sua voz, a sua narrativa e deve retirar créditos disso. Ninguém o fará melhor do que a própria empresa. Hoje é cada vez mais fácil fazê-lo utilizando, por exemplo, o marketing digital (havendo cada vez mais oferta de serviços nesta área). Não deixem passar esta oportunidade nem ofereçam de bandeja esta pérola aos vossos clientes. Quanto muito, façam-no em conjunto, partilhando resultados. t

T 35 Maio 2023
ANIVERSÁRIO DA ESTRATÉGIA TÊXTIL DA UE –CELEBRAÇÃO OU LUTO?

A PREMÊNCIA DO PASSAPORTE DO PRODUTO TÊXTIL

Aquecimento global, escassez de recursos, sustentabilidade são palavras que ouvimos diariamente nos mais diversos espaços e meios, procurando consciencializar os cidadãos para a urgência de impor limites ao consumo desenfreado e de encontrar as soluções mais sustentáveis para as nossas compras, indispensáveis ou nem tanto.

Mas como saber qual a opção mais sustentável para o que procuro? O que devo privilegiar no momento de compra de uma simples t-shirt, para saber que estou a fazer a opção mais correta para o planeta? Deverei focar-me apenas na composição? E quão sustentável é o algodão? Depende da sua origem e práticas de cultivo ou a proveniência é indiferente? E a cor? Se for preto é pior? E poderei ter duas t-shirts iguais, com a mesma composição, tamanho e cor, mas com impactos ambientais que podem ser diferentes (por exemplo, por terem sido tingidas e acabadas em equipamentos obsoletos que consomem muito mais água e energia ou por terem tido necessidade de um processo de retingimento, infelizmente uma prática recorrente para cumprimento dos cadernos de encargos)?

Facilmente se percebe que não existem verdades absolutas e muito menos fórmulas lineares que permitam uma metodologia clara e isenta para o cálculo da pegada ambiental e social de um determinado produto. Por este motivo, e pela urgência da temática, tem-se discutido nos últimos meses o estabelecimento do DPP (do inglês, digital product passaport), ou seja, o passaporte digital do produto.

Como resultado da aprovação, em março de 2022, da COM (2022) 142, regulamento do Parlamento Europeu que pretende definir os requisitos de conceção ecológica dos produtos sustentáveis e que revoga a anterior Diretiva 2009/125/CE, tornou-se urgente o desenvolvimento de iniciativas que permitam acompanhar todo o ciclo de vida do produto, minimizando desperdícios e mantendo os materiais em uso pelo maior tempo possível, através da promoção da circularidade e do consumo sustentável. Dentro das iniciativas surge então o

passaporte digital do produto, que se pretende implementar numa primeira fase (até 2026), em três tipologias de produtos: vestuário, baterias e produtos eletrónicos.

Desenvolver e testar uma metodologia inovadora para o passaporte digital do produto têxtil, que permitirá cumprir com os desafios impostos, é um dos objetivos do be@t (https:// bioeconomy-at-textiles.com), no âmbito da Iniciativa 8. O projeto be@t é apoiado pelo PRRPlano de Recuperação e Resiliência e os Fundos Europeus Next Generation EU, sendo um grande projeto nacional de bioeconomia na têxtil, que promete mudar o paradigma da Indústria Têxtil e do Vestuário (ITV) nacional e que foi apresentado publicamente no dia 11 de maio, no Terminal de Cruzeiros do Porto de Leixões.

Esta metodologia inovadora para o passaporte digital do produto têxtil foi desenvolvida numa primeira instância no âmbito do PPS1 do projeto mobilizador STVgoDIGITAL: Digitalização da cadeia de valor do Setor Têxtil e Vestuário (http://www.stvgodigital.pt/), um projeto estruturante do Cluster Têxtil: Tecnologia e Moda.

Este PPS visou o desenvolvimento de uma solução inovadora de um produto têxtil ampliado com a sua identidade (ID do produto), orientado para o sector do vestuário e para o sector têxtil-lar, para que este seja transparente, rastreável e circular. O sistema desenvolvido possui indicadores de desempenho ambiental, de circularidade, e económicos e sociais, que permitem caracterizar e classificar o nível de sustentabilidade/circularidade dos produtos têxteis. Reúne informação técnica completa sobre os recursos e impactos associados, os processos produtivos e as empresas envolvidas, conside -

rando toda a cadeia de fornecimento e a classificação em termos do nível de sustentabilidade/circularidade, com um indicador integrador que permita a categorização de produtos.

Foi também desenvolvida uma plataforma agregadora que garante a interoperabilidade dos sistemas de informação, mecanismos de proteção e salvaguarda da integridade e fiabilidade de dados e ainda a rastreabilidade dos processos produtivos, estrutura da cadeia de fornecimento e ciclos de utilização. Acrescem ainda diversos sistemas de identificação física do produto que garantam a sua integridade durante os processos produtivos e durante a manutenção e limpeza doméstica, e que não sejam descartáveis no produto final, assegurando assim a ligação entre o elemento físico e a sua componente de dados digitais.

Na iniciativa 8 do projeto be@t pretende-se colmatar algumas limitações do sistema desenvolvido anteriormente, bem como demonstrar em larga escala a aplicabilidade do sistema desenvolvido no PPS1 do projeto mobilizador STVgoDIGITAL, através de cadeias de fornecimento internacionais. Para isto, o trabalho colaborativo está a ser validado com a ZEITREEL (anteriormente SONAE FASHION), aplicando este sistema a duas marcas nacionais, que possuem cadeias de abastecimento internacionais complexas e outras empresas nacionais com cadeias de fornecimento distintas, de forma a validar a resposta do sistema desenvolvido a todas as necessidades e requisitos inerentes ao funcionamento das cadeias de abastecimento em questão.

Em resumo, o CITEVE tem explorado diversas abordagens inovadoras para o passaporte digital do produto, de modo a promover a rastreabilidade e a transparência em toda a cadeia de valor, bem como disponibilizar dados relativos ao uso e ao impacto ambiental, social e económico de um determinado produto têxtil. Assim, não restam dúvidas que o DPP irá incentivar o consumo responsável e a transição para uma economia circular, fatores cruciais para a sustentabilidade da indústria têxtil. t

T 36 Maio 2023
Carla Joana Silva Diretora do Departamento de Química e Biotecnologia do CITEVE
"ATRAVÉS DO DPP, É POSSÍVEL PROMOVER A RASTREABILIDADE E A TRANSPARÊNCIA EM TODA A CADEIA DE VALOR, BEM COMO DISPONIBILIZAR DADOS RELATIVOS AO USO E AO IMPACTO AMBIENTAL DE UM DETERMINADO PRODUTO, INCENTIVANDO O CONSUMO RESPONSÁVEL"

ACABAMENTOS U

João Caramba, perdão… João Galamba não queria sair, tentou sair e foi impedido de sair. Um guião com todos os ingredientes para ombrear com os mais destacados guionistas do lado de lá do oceano. Eles que continuem em greve, que o nosso Caramba, perdão… Galamba, diz-lhes. Um conselho grátis de Katty Xiomara.

No time to die

A indústria do entretenimento encontra-se mais uma vez mergulhada na greve dos argumentistas e sem querer desconsiderar o árduo trabalho destes profissionais que ajudam a colorir os nossos momentos de ócio, sentimos o dever de alertar Hollywood para o desperdício de talento que tem deixado escapar, apenas, porque o seu grande ego não lhe permite olhar para sítios menos óbvios. Por exemplo, o nosso governo! Nele proliferam os argumentos originais, onde a qualidade não se deixa abalar pela quantidade, vomitando histórias repletas de intensidade, drama, ação, mistério, traição, romance, mentiras e intriga… E este pequeno, mas talentoso grupo de pessoas, não oferece apenas bons argumentos, como também boas representações, algumas de requintada criatividade.

Nestas semanas a encenação envolvia, entre muitas outras coisas, uma trágica carta de demissão, mas o cenário circundante sugere uma sede maior de protagonismo. Talvez o Galamba tenha mesmo tentado fazer a dança da despedida a caminho da meca do cinema e no seu estado mais puro de otimismo, ter acreditado verdadeiramente que poderia conseguir o papel da sua vida, candidatando-se para o cargo do conhecido agente secreto de Ian Fleming.

Quiçá, o nosso ministro das Infraestruturas tenha mesmo orquestrado este rocambolesco treino de casting, envolvendo os nossos Serviços Secretos, que não sendo o MI6, são o mais próximo que por estas bandas poderemos encontrar. O treino, que ficou conhecido como “o caso do computador roubado” (com documentos secretos, muito secretos, ou talvez apenas comprometedores), ou como muitos também lhe chamam “o caso do arremesso da bicicleta”, “a Galambada”… ou “o caso da vingança do exonerado”… Bem, “o caso” ou melhor “o treino” foi revelado ao pormenor e por escrito para podermos seguir o guião e decidir se, o nosso “Galamba, João Galamba”, tem estofo para o papel. Seja qual for o veredicto, quisemos adiantar-nos ao resultado e apresentar-vos o nosso 007 PT. Um Galamba todo quitado com smoking à prova de bala, pronto para a proeza ministerial, que muitos vaticinam que seja em modo de morto-vivo. Mas que nós auguramos brilhante, pois promete oferecer-nos novos guiões, confirmando que a representação poderá ser a melhor saída para fazer vingar a sua carreira. t

T 37 Maio 2023

AS MINHAS CANTINAS

Restaurante Ramada do Mar R. Roberto Ivens 1058 4450-250 Matosinhos

MAS QUE GRANDE RAMADA

Antes de os meus estimados leitores começarem a ter ideias estranhas inspiradas pelo título desta Cantina do T, devo esclarecer que esta ramada tem tudo a ver com o restaurante Ramada do Mar, em Matosinhos. E só!

Foi lá que estive a jantar na noite do primeiro dia do último MODTISSIMO com a comitiva dos jornalistas estrangeiros que cá estiveram e ainda com os delegados e técnicos das respetivas Delegações internacionais da AICEP.

Como só um jornalista italiano é que não quis peixe, o nosso amigo Ricardo (o dono da casa, claro) brindou-nos com três robalos de mar que deliciaram os 20 convivas. Alguns deles confessaram que nunca tinham comido nada parecido. Claro que comer um robalinho para uma ou duas pessoas, ou comer um robalo para sete ou oito, faz toda a diferença, mesmo acreditando que a proveniência e a origem não são distintas.

Antes destas pérolas de frescura do nosso Atlântico, já tínhamos pro -

vado umas pataniscas de bacalhau de grande categoria e para alguns veio também uma sopa de peixe que recomendo vivamente.

O Ramada do Mar tem uma sala muito bem decorada, mas também tem uma excelente esplanada onde, não se conseguindo ver o mar (apesar dele estar ali tão perto...) é possível sentir o cheiro a maresia, o que ajuda os nossos sentidos a desfrutar dessa proximidade.

Quando não estou em modo peixe opto pelos secretos de porco preto, que também são uma boa escolha e em qualquer dos modos peço sempre o arroz de ervilhas, feito ao momento, que acompanha muito bem quer o peixe quer a carne.

Voltando ao jantar que conquistou os jornalistas que vieram ao MODTISSIMO, acabamos com uma “troika” de tartes de amêndoa, bolacha e lima, qual delas a melhor.

Como gostamos de variar, o desafio que fica para o nosso jantar de Setembro é sermos capazes de não baixar a fasquia. t

ALVARINHO E INOVAÇÃO TÊXTIL

Soalheiro Alvarinho Os vinhos todos conhecem, mas há também na Quinta do Soalheiro uma faceta de inovação que se associa ao têxtil. Para lá dos seus vinhos e espumantes fantásticos, o produtor de Melgaço juntou-se à Tintex que assumiu o desafio de, para a partir dos resíduos vegetais das uvas (as películas dos bagaços), produzir um tecido inovador e sustentável. Uma alternativa ao couro animal que forra os bancos e cadeiras da adega, que é aplicado nos sacos e faz as embalagens para tisanas e infusões Soalheiro.

Inovadora desde o início, a família foi a pioneira na região a engarrafar vinho Alvarinho. Hoje conhecido como o “Clássico”, o Soalheiro Alvarinho mantém o estilo tradicional da casta, com a típica frescura aromática, sabor intenso e um grande potencial de evolução em garrafa. Um vinho de que todos gostam e para todas as ocasiões. E embora um clássico nunca passe de moda, é a partir dessa matriz original que a Adega Soalheiro oferece uma larga gama de vinhos e espumantes. De diferentes parcelas, com e sem estágio ou diferentes tipos de fermentações. E todos fantásticos! t

T
38 Maio 2023

MALMEQUER

SOUVENIR

PARKA FOREVER

Gosta Não gosta

Coisas picantes, Chocolates, Cinema

Passear, Francesinha, Conduzir de noite, Suv’s, Viajar, Feiras internacionais, Cães, Animais, Ver séries, Ginásio, Pessoas criativas, Design, Moda, Decoração de interiores, Um dia pelos corredores do Ikea, Picnics, Sunsets, Caminhadas pela praia, Restinga de Ofir, Pessoas empáticas, Panados, Batatas do Mac , Casual chic, Jantaradas em casa de amigos, Um bom pé de dança, Proatividade e iniciativa, Conversar, Assistir a jogos da seleção, Gomas, Companheirismo, Surpresas

Delícias do mar, Caprichos, Puré , Arroz de marisco, Pessoas irresponsáveis , Pessoas sem noção, Pessoas que falham compromissos , Promessas vazias, Pessoas que maltratem animais , Hipocrisia, Pretensão , Aranhas, Centopeias , Pré julgamentos e pré-conceitos, Doença , Opiniões não solicitadas, Sedentarismo , Ódio e repressão no mundo, Espaços sobrelotados , Inveja, Desorganização , Stress, Imprevisto

Uma parka Barbour é definitivamente a minha peça de roupa de eleição. Desde sempre. Ideal para usar no fim - de - semana. Prática, durável, intemporal no estilo, o que não são caraterísticas que se encontrem com facilidade numa indumentária. Sendo assim, é uma peça de que se pode dizer com propriedade que é um bom investimento para muitos anos. E se durante anos a minha preocupação se centrava mais no meu gosto pessoal e na forma como essa intemporalidade era transmitida, acrescenta-se agora outra caraterística que vai de encontro a uma necessidade que se vai sentindo cada vez mais: é que, além de tudo, é uma peça totalmente alinhada com a sustentabilidade. A prova que hoje na indústria de moda o estilo do consumidor se sobrepõe à tendência da estação! E não pode ser de outra forma: numa altura em que a sustentabilidade passou a ser uma preocupação central do sector – tão bem absorvida e liderada pela esmagadora maioria das empresas nacionais que compõem a fileira têxtil e do vestuário – é preciso que encontremos exemplos que alinhem preocupações antigas com prioridades novas. Quanto à marca, passe a publicidade, é garantia de conforto, de durabilidade e um bom negócio. t

T
Mariana Moreira , 24 anos, Técnica de Imagem e Comunicação na Casa da Malha. Conta com formação superior em línguas e relações empresariais e gestão de marketing e negócios internacionais. Altamente apaixonada por moda e design, a esposendense sente-se completa em feiras internacionais e sempre que está a viajar!
39 Maio 2023
Paulo Vaz Administrador da AEP
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