Retalhos

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RETALHOS DE UMA VIDA CLUBISTICA foi o guarda-redes do Moimenta da Beira, que me agrediu, com um soco na parte de trás da cabeça. Fui salvo pelo Puck, que entrou no meio da confusão, e me retirou dali empurrandome para fora! Nos vários anos que estive no futebol, foi a única vez que me agrediram! Ainda tentei falar com o árbitro, que assistiu a tudo, mas este negou ter visto algo! Esta foi a minha primeira lição para o futebol distrital: Em caso de confusão, ali prevalece a lei da selva! Vence o mais forte! Não vale a pena tentarmos recorrer às autoridades, como a arbitragem para resolver uma situação deste gênero. Depois, na semana seguinte, tivemos outra deslocação complicada: Sernancelhe! Num campo imenso, o Nespereira jogou com o Sernancelhe, de maneira bem renhida, e muito corajosa! O Nespereira esteve ganhando por 3-1, com golos de Nuno Cardoso, e dois tentos de Carlitos. Paulo Monteiro fez uma exibição espectacular contra o Sernancelhe, sendo ele o assistente dos dois golos de Carlitos. O Sernancelhe ainda reduziu para 2-3.Mas, no final, num livre, Sérgio Silva e Jorge Ramalho atrapalham-se, e Sérgio Silva acaba por fazer auto-golo, permitindo ao Sernancelhe o empate. No final, os jogadores do Sernancelhe estavam muito exaltados, e protestavam contra o árbitro, e após a equipa do Nespereira já ter entrado para os balneários, alguns jogadores do Sernancelhe agrediram fisicamente o árbitro, na entrada do acesso aos balneários. Isidro Semblano ainda estava do lado de fora, e como foi preciso a intervenção da GNR, para retirar o árbitro do meio da confusão, Isidro Semblano encostou-se ao árbitro que estava sendo abraçado pelo oficial da GNR, e que ameaçava os jogadores de prisão, caso alguém tocasse nele, e disse muito discretamente: - Senhor árbitro, isto é um escândalo! Ponha isso no relatório! Se for preciso, eu serei sua testemunha!- Mas, creio que o árbitro nem deverá ter referido este incidente no seu relatório. O regresso de um “derby” também é motivo de referência. Neste caso, com o Souselo. Em casa do adversário, o Nespereira começou o jogo de melhor forma, aos 7’ de jogo, Paulo Monteiro, de cabeça, põe o Nespereira em vantagem no campo do Souselo. Após isto, o jogo começou a endurecer, e o nosso guarda– redes Jorge Ramalho, teve de sair substituído por Pedro Semblano. O Nespereira iria sofrer o golo do empate ainda antes do final da primeira parte. Na segunda parte, Isidro Semblano, mexe na equipa, e troca Rui Teles por Pepe, e Paulo Sérgio por José Júlio. A imaginação de Pepe não ajudou muito na altura, e o Souselo, num lance muito duvidoso, iria alcançar a vantagem, num lance precedido de uma falta inexistente. No final do jogo, depois de ganharem o jogo, o guarda redes e o capitão da equipa, na altura dirigiram– se ao público nespereirense, maioritariamente mulheres, e fizeram gestos obscenos, debaixo do olhar indiferente do árbitro, realizando uma triste figura!!! Nessa época, baseado numa folha que Isidro Semblano fazia semanalmente, com os resultados e classificações dos campeonatos, e expunha nos diversos cafés da freguesia, idealizei uma espécie de folheto, tipo jornal chamado “Bola do Ardena”, com os resultados, equipas e apreciação do jogo, que mostrei ao mesmo, mas ele não se mostrou muito interessado no possível projeto, que o deixei na gaveta. A partir do próximo jogo, o ambiente dentro do balneário nespereirense iria ficar mais pesado. O Nespereira recebeu a equipa do Carvalhais, e a equipa visitante marcou primeiro, saindo para o intervalo, ganhando por 1-0. A meio da segunda parte, o Carvalhais aumenta o marcador para 0-2, mas logo de seguida, num pontapé livre, Nuno Cardoso reduz para 1-2, vindo a correr para mim e dedicando-me aquele golo que nunca mais vou esquecer. O público nespereirense reanima, e tenta incentivar a equipa. Só que, num lance em que Jorge Ramalho 30


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