ção do opus 131, a escrita fragmentada do opus 132 e, finalmente, a simplicidade do opus 135, todas marcam uma aparente rejeição do pathos romântico, tão caro à segunda fase do compositor. Nesta rejeição, Beethoven planta a última estaca para fundação daquela ideologia a nós todos a mais cara. É ele, o artista, o eleito, aquele que deve guiar nossa escuta a seu mundo. A nossa tarefa é buscar compreendê-lo, ou ser aceito por ele. Para muito além de Brahms e Wagner (onde são incontestáveis), a influência destas obras pode ser encontrada em todo radicalismo formal das vanguardas pictóricas do século 20, na arquitetura que dispensa a funcionalidade, nos filmes que dispensam a narrativa. Sua influência advoga o primado da arte moderna e pós-moderna, que é o primado do indivíduo-artista e de sua mensagem sobre o público, aquele de seu tempo ou de qualquer tempo. Os últimos quartetos realizam o que poucos artistas podem almejar; são, em sentido estrito e radical, cinco desafios à eternidade. Leandro Oliveira
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