En nous habiter les villes que nous habitons
Dentro de nós habitam as cidades que habitamos
L’art est un chemin où nous laissons quelque chose libre de nos âmes et de nos expériences. AtoRetrato est le nom d’une performance que je joue dans les rues des villes où je vis, Rio de Janeiro.
A arte é um caminho por onde deixamos livres algo de nossas almas e vivências. Ato-Retrato é o nome de uma performance que realizo nas ruas das cidade em que moro, o Rio de Janeiro.
Il se compose de deux personnes assises, en train de parler, où l’une d’elles, moi, fait un portrait de l’autre lors de cet échange. En tant que catalyseur de la conversation, je recherche des questions qui suscitent des souvenirs de la vie dans la ville, des aspirations, des peurs, comment cette ville habite la vie de la personne dépeinte. Je capture graphiquement les mots que je reçois et les place sur la toile, composant une sorte de portrait qui est aussi un discours exprimé par mon interlocuteur. C’est ainsi que «Act-portrait» est né, un jeu avec le nom «autoportrait», où la personne se représenterait avec des mots attachés aux lignes que j’ai faites.
Consiste em duas pessoas sentadas, conversando, onde uma delas, eu, faço um retrato da outra durante essa troca. Como catalizador da conversa eu busco perguntas que agitem memórias da vida na cidade, das aspirações, dos medos, de como essa cidade habita a vida da pessoa retratada. Capturo graficamente as palavras que recebo e a coloco sobre tela, composto uma espécie de retrato que é também um discurso externado pela minha interlocutora. Assim nasce o “Atoretrato”, uma brincadeira com o nome “auto-retrato”, onde a pessoa se retrataria a si com palavras unidas aos traços que fiz.
Lorsque la Cité du Mot m’a invité à faire ma résidence Odysée * à Charité-sur-Loire, j’étais en train de terminer mon master en BD, fait à l’Université fédérale de Rio de Janeiro **. Dans mon projet de maîtrise, j’ai réalisé un album de bandes dessinées où j’ai tracé le chemin d’un trio de poètes, des femmes vivant dans différentes favelas de Rio, les célèbres Sarauzeiras Oníricas. Il s’agit d’une bande dessinée biographique qui aborde le thème toujours pertinent de l’accès aux droits de l’homme dans les zones d’exclusion sociale telles que les favelas et les périphéries des villes, au Brésil appelé «quebradas» ***. J’ai alors eu l’idée de proposer un dialogue entre les deux projets formant un dialogue entre deux villes: Rio de Janeiro, au sud-est du Brésil, je parlerais à Charité-sur-Loire, dans le centre ouest de la France, à travers les visions et les curiosités de leurs femmes sur les deux villes. Ce projet est la représentation graphique de cette étreinte faite sur une longue distance, entre deux villes qui, même si éloignées l’une de l’autre, sont à la fois très différentes mais avec des points essentiels en commun, comme deux sœurs.
Quando a Cité du Mot me convidou para realizar minha residência Odysée* em Charité-sur-Loire, eu me encontrava em fase de completar meu mestrado em histórias em quadrinhos, feito na Universidade Federal do Rio de Janeiro**. Em meu projeto de mestrado eu completava um álbum de quadrinhos onde eu mapeava o percurso de um trio de poetas, senhoras moradoras de diferentes favelas cariocas, as famosas Sarauzeiras Oníricas. Trata-se de uma história em quadrinhos biográfica e que aborda o tema sempre relevante do acesso a direitos humanos em áreas de exclusão social como são as favelas e periferias das cidades, no Brasil chamadas de “quebradas”***. Tive então a ideia de propor um diálogo entre os dois projetos formando um diálogo entre duas cidades: Rio de Janeiro, no sudeste brasileiro, conversaria com Charitésur-Loire, no centro oeste da França, através das visões e curiosidades de suas mulheres sobre as duas cidades. Este projeto é a representação gráfica deste abraço feito a longa distância, entre duas cidades que mesmo tão afastados, são ao mesmo tempo muito diferentes mas com pontos essenciais em comum, como duas irmãs.