Atrás das grades brandao publicado

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se formam dentro da prĂłpria prisĂŁo. É em busca deste universo que pautamos nossa pesquisa. Pois, ao considerarmos a influĂŞncia dos padrĂľes de relação sobre as situaçþes sociais, afastamo-nos tanto de anĂĄlises estruturalistas e holistas quanto de perspectivas individualistas e atomistas. A anĂĄlise das redes nos permite adotar uma visĂŁo relacional, embora nĂŁo neguemos a importância das condiçþes econĂ´micas objetivas e nem das estratĂŠgias e comportamentos individuais. Nosso intento ĂŠ superar a velha dicotomia entre estrutura e ação que marca a maior parte das interpretaçþes sobre a temĂĄtica. O Sistema Prisional e CarcerĂĄrio Brasileiro, originĂĄrio do sĂŠculo XIX, ĂŠ fruto das influĂŞncias das teorias criminalistas surgidas neste perĂ­odo, onde se configurou a perspectiva mundialmente dominanWH GH YHU R FULPH FRPR XPD ÂłGRHQoD´ R FULPLQRVR FRPR XP ÂłGRHQWH´ D SHQD FRPR XP ÂłUHPpGLR´ H D SULVmR Fomo um ÂłKRVSLWDO´ &$59$/+2 ),/+2 YLVmR HVWD FRQVLGHUDGD KXPDQLWiULD TXH VH confrontava com as prĂĄticas penais anteriores as quais se pautavam no suplĂ­cio como forma penal e castigo (FOUCAULT, 1995). No mundo Ocidental e capitalista, as primeiras penitenciĂĄrias modernas vĂŁo surgir nos Estados Unidos nas primeiras dĂŠcadas do sĂŠculo XIX. Os dois modelos principais foram: o solitary confinement, onde os presos eram vigiados 24 horas por dia, separados em um sistema celular, absolutamente afastados do mundo exterior e tambĂŠm uns dos outros; e o silent system, onde os apenados eram submetidos ao isolamento celular noturno, com trabalho no perĂ­odo diurno e onde faziam refeiçþes em comum. Tanto um quanto outro IRUDP LQVSLUDGRV HP XP ÂłSDQRSWLVPR´ DEVROXWR: vigilância permanente e total (CARVALHO FILHO, 2002, p. 24-25). No Brasil, uma vez instituĂ­do o modelo, faltava estrutura fĂ­sica e organizacional para dar conta da questĂŁo da população carcerĂĄria. JĂĄ naquela ĂŠpoca, fins do sĂŠculo XIX e inĂ­cio do sĂŠculo ;; ÂłFRQVROLGD-se o sentimento de que o paĂ­s QmR WUDWDYD DGHTXDGDPHQWH VHXV SULVLRQHLURV´ RQGH HVWH VLVWHPD FKHLR GH SUREOHPDV estruturais, jĂĄ era visto como ineficiente e desumano (CARVALHO FILHO, 2002, p. 40). Ao longo do sĂŠculo XX, no decorrer de boa parte de nossa histĂłria republicana, o sistema penitenciĂĄrio brasileiro foi se consolidando principalmente Ă margem dos


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