O jogo do amor

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– E o sonho que você me contou uma vez? Que você estava coberta só com os lençóis e um cara misterioso roçou em você? – Ah, sim. Meu sonho idiota. – Pensei que talvez pudesse ser eu em seu sonho. As palavras escapam da minha boca: – Foi tudo mentira. – Entendi – ele diz depois de uma longa pausa. – Você atuou direitinho, então. Me fez ficar todo animado. Acabei de destruir seu impulso de seguir falando as coisas, e lamento muito assim que me dou conta disso. Ele adota uma postura mais ereta. – Eu de fato tive o sonho mais sacana de toda a minha vida, mas não foi como contei. Josh afunda o corpo outra vez no banco. Posso sentir seu rosto virando. Consigo imaginar seu constrangimento. Se ele tivesse me contado um sonho e me fizesse acreditar que eu era a personagem, eu me sentiria ridícula por alimentar essa mentira em minha mente. – Não tenha dúvida de que era você no sonho, Josh. Agora é minha vez de falar como se ele não estivesse aqui. O som da minha própria voz é rouco e instável, e a chuva cai mais forte enquanto dirijo. Posso ver o reflexo do farol nos olhos de gato na lateral da rodovia e começo a fazer uma longa curva. – Eu fui para a cama pensando em você e no meu desejo de me divertir com você, e aí resolvi apostar naquele vestido preto curto. Queria que olhasse para mim e… me notasse. Ainda não sei por que exatamente eu quis usar aquele vestido. E, durante a noite, você apareceu no meu sonho. Você, roçando seu corpo no meu e me prendendo na cama. Ele expira agitado. Preciso expressar isso. – Foi uma coisa que você me disse durante o dia no trabalho. Você falou “vou fazer você trabalhar pra caralho”. Qualquer mulher teria um sonho erótico depois que você dissesse isso a ela. Mesmo aquela que mais o detesta. Um silêncio se espalha entre nós. Então, prossigo: – “Vou fazer você trabalhar pra caralho”, você me dizia no sonho. E sorria para mim. Eu acordei prestes a gozar. – Sério? – Josh consegue dizer. – Quase gozei só de pensar em você me pressionando na cama e sorrindo para mim. De canto de olho, percebo que seus punhos estão cerrados sobre os joelhos.


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