A amante do canalha

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A Amante do Canalha Os Notรณrios Flynn #2 Jess Michaels

Leabhar Books


Direitos Autorais Título original: The Scoundrel’s Lover The Notorious Flynns Livro 2 Copyright © Jesse Petersen, 2015 Copyright da tradução©2020 Leabhar Books Editora Ltda. Editor: Tereza Rocca Tradução: Regiane Moreira Revisão: D. Marquezi Diagramação: Jaime Silveira Capa: Luis Cavichiolo Todos os direitos reservados. Nenhuma parte deste livro pode ser utilizada ou reproduzida sob quaisquer meios existentes sem autorização por escrito do proprietário dos direitos autorais.

Todos os direitos reservados, no Brasil e língua portuguesa, por Leabhar Books® Editora Ltda. 14026-970 — Cx. Postal 5008 - RP/SP - Brasil E-mail: leabharbooksbr@leabharbooks.com.br www.leabharbooks.com


Para Michael, por todos os dias e todas as maneiras pelas quais vocĂŞ melhora minha vida.


Índice Página do título Direitos Autorais Dedicatória Capítulo 1 Capítulo 2 Capítulo 3 Capítulo 4 Capítulo 5 Capítulo 6 Capítulo 7 Capítulo 8 Capítulo 9 Capítulo 10 Capítulo 11 Capítulo 12 Capítulo 13 Capítulo 14 Capítulo 15 Capítulo 16 Capítulo 17 Capítulo 18 Capítulo 19 Capítulo 20 Capítulo 21 Capítulo 22 Capítulo 23 Epílogo Próximo Lançamento da série Primeiro Livro da Série Sobre o autor Próximo Lançamento


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Capítulo 1

Abril de 1814

A chuva deslizava pela vidraça como lágrimas no rosto de uma mulher e Annabelle Flynn se virou com um estremecimento. Não queria pensar em chorar no momento. Também não queria pensar em desgosto, fracasso ou humilhação. Não à véspera de sua primeira temporada na mais alta sociedade. Em vez disso, ela sorriu para seu irmão Rafe e sua esposa há menos de um ano, Serafina. Era difícil não sorrir para eles, de pé do outro lado da sala, as cabeças juntas, a mão de seu irmão outrora libertino, descansando protetoramente no volume da barriga de sua esposa enquanto esperavam o filho ou a filha chutar novamente. Eles eram a imagem da felicidade doméstica e do amor verdadeiro e apaixonado. Coisas que Annabelle não queria, nem esperava, enquanto se preparava para mergulhar nas águas profundas da ton. — Serafina, tem algum conselho para o baile de amanhã? ─ Ela perguntou. A cunhada corou quando levantou os olhos da barriga. Mas foi o irmão dela que riu. — Não pergunta para mim? ─ Ele brincou enquanto conseguia se afastar do lado de sua esposa. — O Duque? Seu acompanhante? Annabelle revirou os olhos. — Seu título só é bom para ganhar dinheiro, meu querido irmão. Mas é Duque nem há um ano, então o que saberia? Ele cambaleou para trás, segurando o peito com as duas mãos como se tivesse levado um tiro. Annabelle viu Serafina se encolher um pouco com seu ato lúdico. Seu irmão havia sido baleado há pouco tempo e sua esposa ainda pensava naquele dia, como ela dissera a Annabelle várias vezes.


— Me machucou, ─ ele brincou. Então deu de ombros e caminhou até o aparador para pegar uma taça de vinho do porto. — Mas está certa. Minha esposa é certamente a melhor guia que poderá ter. Serafina se aproximou de Annabelle, pegando suas mãos suavemente. Annabelle sorriu. Se apaixonara profundamente pela esposa de Rafe ao longo dos meses. Elas se tornaram amigas e irmãs de coração, assim como pelo casamento. Foi uma sorte, sem dúvida, pois Annabelle tinha muitas amigas que desprezavam as companheiras de seus irmãos. — Nós duas examinamos as regras e expectativas muitas vezes desde que anunciou seu interesse em uma temporada, as conhece como a sua própria mão, ─ assegurou Serafina. — Seja essa mesma mulher adorável acima dessas regras e ninguém ousará fazer nada além de adorá-la. Annabelle manteve um sorriso estampado no rosto, mas dentro de seu coração afundou. Ser ela mesma. Ah não. Essa era a última coisa que ela seria. A última coisa que ela mostraria a alguém. Ela mesma era uma criatura muito perigosa. Era melhor mantê-la escondida. — Eu gostaria que você pudesse estar lá ─ ela suspirou. Serafina tocou sua barriga novamente. — Estou mostrando demais senão eu iria. ─ Ela sorriu para Rafe. — Mas o seu irmão foi constantemente lembrado por se comportar bem. E você se tornou amiga de Lady Georgina. Ela não vai enganá-la. Annabelle assentiu. Ela conhecera Georgina em uma das reuniões de Serafina há alguns meses. Embora alguns anos mais nova que Annabelle, a filha do marquês de Willowbath era bem versada em tudo que era da sociedade. Tornaram-se uma espécie de amigas. Então ela não estaria sozinha. Mesmo que às vezes parecesse assim. Annabelle sacudiu seus pensamentos quando pegou Serafina a observando atentamente. Não seria necessário preocupar a cunhada. — Mamãe lamentou muito que não pudesse vir comigo esta noite, ─ disse ela como uma maneira de mudar de assunto. — Ela não está dormindo bem e está cansada demais.


O sorriso de Rafe caiu com essa afirmação. — Sim, ela parecia cansada da última vez que a visitamos. O que a mantém acordada? Annabelle arqueou uma sobrancelha. — Gostaria de arriscar um palpite? Rafe deixou escapar um longo suspiro. — Crispin? Ela assentiu devagar. — Os problemas de nosso irmão parecem aumentar a cada dia. Eu nunca o vi tão selvagem. Serafina baixou a cabeça. — Desde que nos casamos, ele parece afrontar. Rafe se virou para a esposa e balançou a cabeça. — As decisões de Crispin são dele, não se responsabilize por elas, meu amor. — É verdade, ─ Annabelle tentou tranquilizá-la estendendo a mão para apertar a dela. — Nosso irmão está à deriva há algum tempo, seu casamento não mudou isso. — Apenas ampliou, ─ disse Serafina suavemente. Rafe deu de ombros. — Ele vai superar isso, sempre superou. Annabelle ficou tensa. Era o que Rafe vinha dizendo há meses, e ainda assim ela não sentia que Crispin estivesse superando nada. — Como podemos ajudá-lo? O que devemos fazer? ─ Annabelle perguntou. Rafe arqueou uma sobrancelha para ela. — Não há nada que possamos fazer. Se Crispin quiser se arruinar, tudo o que podemos fazer é esperar que ele volte a si. Ele se afastou e os ombros de Annabelle rolaram para frente. Ela já conversara com Rafe, Serafina e sua mãe várias vezes para saber que o irmão não mudaria de ideia. Rafe sempre esteve tão próximo de Crispin que Annabelle temia que ele estivesse cego para a verdade. Que o irmão deles estava fora de controle, em detrimento dele, mas também potencialmente por ela. A frágil incursão de sua família na aceitação social foi baseada no novo título de Rafe, herdado no ano anterior de seu primo podre. Mas a chance de Annabelle em ter um bom partido e um futuro calmo e comum dependia tanto de comportamento quanto de posição. Seus dois irmãos haviam posto em perigo sua posição


antes e Crispin poderia fazê-lo novamente se suas palhaçadas ficassem fora de controle. Ela não queria ver nenhum deles ferido por seus problemas atuais. Serafina passou um braço em volta dela e a puxou de volta ao presente. — Vai ficar conosco esta noite? Annabelle sorriu. Tornou-se uma ocorrência comum para ela dormir na casa de Rafe e Serafina, conversando metade da noite e desfrutando de longas manhãs ao lado de Serafina. — É claro, ─ ela disse com um sorriso. — Ouvi Rafe falar que terminaram agora com o berçário. O rosto de Serafina se iluminou e sua beleza, que sempre esteve no nível mais alto, era quase demais para se olhar. — Nós terminamos. — Bem, eu adoraria vê-lo, ─ disse Annabelle enquanto pegava o braço da cunhada e a abraçava. — Venha então, ─ disse Serafina enquanto a conduzia da sala com o Rafe atrás delas. — Eu adoraria sua opinião sobre as cores. Mas, quando Annabelle sorriu e acenou com a cabeça para as alegres descrições de Serafina do futuro quarto de seu futuro filho, ela não pôde deixar de ter seus pensamentos vagando de novo. E novamente eles pousaram em medos profundos e constantes de que sua estreia na temporada seria apenas um fracasso e seu futuro seria destruído com uma ampla pincelada.

Marcus Rivers atravessou o amplo corredor principal do Donville Masquerade com a mesma certeza de sempre. Afinal, esse era seu domínio, seu sustento, seu comércio e sua vida ao redor. O fato de sua considerável fortuna ter sido obtida por meio de um clube de sexo e jogos, muito particular e muito discreto, estava realmente fora de questão. De fato, ele quase não via mais a devassidão por todos os lados. Os convidados mascarados, as mulheres seminuas, os homens apostando suas vidas e futuros com a mesma rapidez com que uma


gota de chuva escorreria pela vidraça... nada disso fazia muita diferença para Marcus. Era um meio para um fim. Enquanto contornava uma mesa em direção à escada que ia para o escritório, que tinha vista para o andar principal, uma dama com uma máscara de penas e um vestido vermelho escandalosamente transparente se aproximou dele, rindo. Ele pegou os cotovelos dela para impedir que caísse e se machucasse, e pelo sorriso dela, ele percebeu instantaneamente que essa era sua intenção. Ela praticamente ronronou quando esfregou os seios amplos no peito dele. — Oh, Sr. Rivers, é rápido com seus pés e tem mãos tão fortes – ela murmurou. Seu sotaque nítido o fez acreditar que provavelmente fosse uma mulher da casta superior que veio aqui para aliviar seu tédio através de sexo, cartas ou ambos. E ela certamente era macia e flexível em seus braços. Mas a afastou com firmeza. — Fico feliz em ajudar – disse ele. — Aproveite sua noite. Quando ia se afastar, ela o segurou pelo braço com um aperto surpreendentemente forte. — Não gostaria de companhia naquele seu escritório solitário, Sr. Rivers? – Ela bateu os cílios e umedeceu os lábios, e ainda assim o corpo dele não respondeu. — Receio que não, milady – disse ele, inclinando a cabeça levemente. Ele a ouviu soltar um suspiro enquanto se afastava, sua raiva e frustração perfeitamente claras. Não lhe deu nem um olhar por cima do ombro enquanto ela gritava: — Não sabe quem eu sou? Ele riu. — Não, milady. E eu sugiro que não anuncie isso aqui. Há uma razão para mantermos nossas associações secretas. Isso a silenciou, e ele estava livre para ir até a escada. Um segurança estava no fundo, como sempre, para manter os foliões e os queixosos fora de seus aposentos pessoais, incluindo o pequeno quarto que mantinha no próprio clube. — Boa noite – disse Marcus enquanto hesitava ao pé da escada. — Carlton, não é? O jovem parado em seu posto assentiu. — Sim, senhor.


— Muito bem. Abbot provavelmente chegará para entregar as anotações assim que fizer suas rondas. Caso contrário, mantenha todas as partes interessadas afastadas, está bem? Ele apontou a cabeça para a dama de vermelho ainda fervilhando, a qual podia sentir fazendo com o olhar, um buraco na parte de trás de sua jaqueta. Carlton assentiu. — Claro, senhor. Como sempre, senhor. – Marcus estava prestes a dar um passo para seus aposentos particulares quando o jovem balançou a cabeça. —Eu não sei como o senhor faz isso. Marcus hesitou e lançou ao homem um olhar interrogativo. — Faço? — Recusar seus avanços – o outro homem suspirou. — Elas se jogam para o senhor todas as noites - deveria ouvir as razões que dão para chegar ao seu quarto. As coisas que oferecem aos guardas e servos em troca de um momento do seu tempo. Não sei como o senhor sempre diz não. Marcus olhou o homem mais jovem de cima a baixo. Ele provavelmente tinha uma década a mais que o rapaz, mas quando se tratava de experiência, poderia estar em seu ponto máximo em comparação. — Deixe-me dar um conselho, jovem, que pode mantê-lo em grande posição quando começar a subir no mundo. Os olhos de Carlton se arregalaram e ele assentiu com tanto entusiasmo que quase fez Marcus sorrir. Quase. — Não cague onde come, filho – disse ele, erguendo as sobrancelhas quando fez o ponto. Então continuou subindo as escadas para deixar o jovem digerir suas palavras. Grosseria, sim. Mas oh, era verdade. Ele puxou uma chave do grande anel no cinto e destrancou o escritório. Ao entrar, respirou longa e profundamente, cheirava a couro e madeira. Cheirava a sucesso, ou pelo menos sempre associou esses cheiros a sucesso. E o sucesso era de suma importância para ele. Se encostou na porta atrás dele por um momento, depois foi olhar o piso principal do clube pelas janelas largas e claras que ele


instalara quando herdara o local, há dez anos. Dali podia ver tudo o que acontecia nas salas principais. Todo encontro sexual debochado, todo jogo de cartas, toda conversa e partilha. Ali se sentia no comando, no poder. E gostava desse sentimento. Era por isso que vivia com as palavras que disse a Carlton no andar de baixo. O rapaz estava certo. As mulheres se jogavam nele regularmente. Algumas delas lindas, macias e tão diferentes das criaturas ásperas, grosseiras e duras com as quais ele havia crescido. Podiam ser realmente uma tentação, mas ele nunca cedeu. Quando tinha prazer, era em outro lugar e sempre sem que nenhum tipo de envolvimento fosse solicitado ou dado. Muito melhor assim. O relacionamento com os outros, especialmente as mulheres, era muito complicado. Foi tirado de seu devaneio pela forte batida à sua porta. Se surpreendeu ao gritar: — Entre. Seu gerente de negócios, Paul Abbot, entrou no escritório e acenou para Marcus. —Rivers. — Abbot – respondeu enquanto puxava um relógio de bolso do colete e o abria. — Não o esperava por pelo menos uma hora. Não pode ter terminado suas rondas e é muito cedo para a necessidade de alterar as contas. O que está errado? Quando Marcus fechou o relógio, Abbot sorriu. — Às vezes me esqueço que tem o tempo do clube em uma ciência. — Seria tolice da minha parte fazer o contrário. – Marcus deu um passo à frente. —Há um problema, acredito. O sorriso de Abbot caiu. — De fato, eu temo que exista. O, er, a pessoa de que falamos na semana passada. Está aqui essa noite. Marcus apertou os lábios. — Entendi. E está causando problemas. — Para si mesmo mais do que a qualquer outro, mas desde que me pediu para ficar de olho na situação... Marcus não precisava de outra explicação. — Leve-me até ele. Os olhos de Abbot se arregalaram, mas a surpresa pela reação de Marcus desapareceu em um momento. — Claro. Me siga. Seu gerente se virou e Marcus o seguiu escada abaixo e atravessou o clube lotado até uma das salas privadas dos fundos


que não podiam ser vistas do poleiro de seu escritório. Algumas delas eram para sexo e outras para jogos de azar. Quando Abbot abriu a porta, Marcus viu que era à uma sala de jogos que fora levado. E debruçado sobre uma mesa, com os olhos vidrados e o rosto brilhando de suor enquanto falava alto e quase incoerentemente com seus companheiros sorridentes, estava Crispin Flynn.


Capítulo 2

Marcus apertou os lábios em uma linha tensa enquanto observava Flynn quase cair da cadeira. Ele se inclinou para Abbot. — Há quanto tempo? — Mais de uma hora – Abbot sussurrou. — Ele estava profundamente bêbado antes de chegar. — E o deixaram entrar porque ele é... – Marcus hesitou. — Bem, um amigo meu. Abbot assentiu. — Devo mudar essa política? — Não – disse Marcus rapidamente. — Pelo menos aqui ele está a salvo de ser esfaqueado por sua franqueza. — De fato. — Eu vou entrar. – Marcus respirou fundo antes de entrar na sala. Havia seis na mesa, cartas na mão e bebidas ao lado, mas nenhum era tão explosivo quanto Flynn. Cinco pares de olhos se ergueram quando ele parou ao lado da mesa. Os de Crispin foram os únicos que não mudaram seu foco turvo. — Cavalheiros – disse Marcus, sua voz baixa e calma. Agora Flynn levantou o olhar e sorriu. — Ah, Rivers, está aí. Veio se entregar a uma mão ou duas? Marcus inclinou a cabeça. — Acho que não desta vez. Talvez os cavalheiros pudessem se retirar da sala por um momento e me permitir falar com o Sr. Flynn. Os outros se viraram, olhando em direção a presa fácil que era Flynn, mas antes que alguém pudesse falar, Crispin cambaleou de pé. — Não pode interromper um homem durante o jogo, Rivers. Essa deve ser a maldita primeira regra na administração de um estabelecimento como esse. – Flynn acenou com a mão e quase tombou para trás. — Agora sente-se e participe ou caia fora.


Na porta, Abbot deu um pulo, mas Marcus levantou a mão para manter o homem onde estava. Normalmente, um associado seria expulso por esse comportamento, mas Flynn não era um sócio normal. — Cuidado com o seu tom – disse Marcus sem levantar a voz. Flynn olhou para ele mais de perto, e por um momento Marcus viu um vislumbre do homem que ele não queria ver. Nas profundezas dos olhos azuis escuros de Crispin havia um poço profundo de dor. E um desafio para Marcus continuar vindo até ele e deixá-lo balançar. Deixá-lo ser jogado na rua. Marcus deu um passo atrás e inclinou a cabeça levemente. — Continuem, cavalheiros – ele disse suavemente e se virou para sair da sala. Abbot o seguiu e, quando fechou a porta atrás deles, seu homem deu a ele um olhar chocado. Marcus revirou os olhos. — Não me olhe assim. — Nunca permite que alguém lhe fale dessa maneira. Ele encolheu os ombros. — Os Flynns e o pai deles me fizeram um favor há muito tempo, um que eu não estaria retribuindo ao permitir que Crispin fosse colocado para fora nesse estado. Ele franziu a testa. É claro que, exceto tirar dinheiro diretamente do bolso de seu amigo, o deixar na sala com aqueles chacais não era uma solução muito melhor. — Fará o seguinte, Abbot. – Ele fez uma pausa enquanto seu homem pegava um pequeno caderno e lápis do bolso do paletó. Quando ele estava pronto, Marcus continuou: — Terá mais duas pessoas ingressando no jogo. Acho que o Sr. Sweet seria o melhor e escolha outra pessoa confiável para ficar de olho nele. — Williams – disse Abbot, anotando instruções rapidamente. — Flynn sempre foi um fã de conhaque, então pegue uma garrafa da minha coleção pessoal no andar de cima e peça que Sweet ou Williams a tragam com eles. Faça com que tenham certeza de que Flynn estará bebendo a maior parte. Agora Abbot olhou para cima. — Para quê? — Uma vez que desmaie, Williams e Sweet podem levá-lo a uma das salas obscenas privadas. Acho que Lady M estava na sala Scarlet há pouco tempo, não estava? Se ela deixar algumas


amarras, talvez esse fosse o lugar perfeito para colocá-lo para dormir. Abbot continuou olhando e Marcus apontou para o caderno. — Gostaria de anotar? — Não sei bem o que escrever, Rivers. Está realmente me dizendo que gostaria que dois de nossos homens embebedassem Crispin Flynn com seu melhor e muito caro conhaque até que ele perca a consciência, depois o levem ao quarto Scarlet e amarrem-no com as amarras de Lady M? Marcus arqueou uma sobrancelha. — Sim. Foi exatamente o que eu disse. Abbot abriu e fechou a boca várias vezes, mas finalmente escreveu rapidamente mais algumas notas. — E o que devemos fazer com ele então? — Escreverei uma nota para o irmão – Marcus disse com um encolher de ombros. — A qual você entregará pessoalmente. Então ele será o problema do Duque de Hartholm. Abbot assentiu e não havia mais surpresa ou dúvida em seu rosto, embora Marcus estivesse certo de que o outro homem sentisse grande parte de ambos. Mas ele foi treinado o suficiente para não forçar. Por isso, Marcus ficava feliz. Ele não tinha a intenção de explicar a ninguém o quão grande era o favor que os Flynns haviam feito por ele anos antes. — Enquanto faz os seus arranjos, escreverei a carta – disse Marcus. — Volte aqui em meia hora. Abbot assentiu enquanto se apressava para encontrar Sweet e Williams. Respirando fundo, Marcus voltou ao escritório e à carta que tinha que escrever. Ele só podia esperar que Hartholm viesse. Se não o fizesse, deixaria Marcus em uma posição muito desconfortável que não queria considerar.

Annabelle estava no escuro encolhida no sofá da sala a quase uma hora, mas não estava mais perto de dormir do que quando desceu as escadas para encontrar algo para ler. Sua busca nas


prateleiras de Serafina e Rafe fora informativa, mas não continha uma seleção que ajudasse a acalmar sua mente tempestuosa. Então ela simplesmente se sentou e permitiu que seus pensamentos emaranhados a inundassem, na esperança de que eventualmente a esgotassem. Até agora, o plano havia se mostrado péssimo. Os piores cenários possíveis continuavam a aparecer em sua mente, atormentando-a. Além disso, suas preocupações com Crispin e sua mente errante realmente não tinham para onde ir, a não ser se apegar cada vez mais aos medos mais sombrios e mortais que ela possuía. Assustou-se em seus devaneios, quando houve uma batida repentina na porta da frente. Levantou-se e foi até a porta da sala para olhar para o vestíbulo escuro. Todos os criados haviam ido deitar há muito tempo e não havia motivo para alguém perturbar a casa a essa hora. A menos que algo tivesse acontecido. Estava prestes a correr para a porta quando o mordomo de Rafe, Lathem, apareceu de repente no final do corredor. Ele usava roupão e touca e tinha uma vela na mão. Ela ficou chocada ao ver um bastão feio na outra. As batidas se repetiram e o criado gritou: — Estou indo! Ele estava xingando baixinho enquanto passava correndo pelo lugar onde Annabelle estava escondida e pareceu não perceber que ela estava lá. Ele abriu a porta para revelar um homem alto e magro, com um casaco e chapéu finos. — Posso ajudá-lo? – Lathem bufou. O outro homem fez uma mesura. — Paul Abbot, para ver o Duque de Hartholm, senhor. Fui enviado por Marcus Rivers. Annabelle endureceu com esse nome. Rivers era amigo dos irmãos dela, e administrava um infame inferno de jogo. Ela o vira algumas vezes ao longo dos anos, mas apesar de terem sido apenas algumas vezes, ela poderia facilmente evocar sua imagem. Ele era alto, mas isso não expressava seu tamanho com precisão. Fisicamente intimidante era uma descrição melhor, e Annabelle tinha certeza de que ele sabia disso. Havia algo na maneira como o homem se mexia.


Ele tinha cabelos escuros e olhos verdes que pareciam enxergar os segredos de todas as pessoas que contemplavam. Ela se sentiu... desconcertada quando esteve perto dele. Mas por que ele mandaria um homem aqui no meio da noite? Sua pergunta silenciosa foi respondida quando Abbot continuou: — É sobre o irmão do Duque. Tenho uma mensagem. Ele estendeu um envelope, e Lathem olhou para ele um momento antes de pegá-lo e recuar para permitir que Abbot entrasse no vestíbulo. — Irei buscá-lo – disse ele, seu tom fino e tenso. — Por favor, aguarde aqui. Annabelle observou o outro homem inclinar a cabeça e entrar no que parecia ser uma posição militar. Ele abriu bem as pernas, colocando as mãos para atrás, mas ainda estava rígido e formal enquanto observava o mordomo desaparecer no andar de cima. Annabelle se mexeu lentamente. Queria desesperadamente correr para o vestíbulo e exigir saber qual era a mensagem sobre Crispin, mas se conteve. Revelar-se agora só a faria parecer tola e quando Rafe descesse, provavelmente a mandaria embora, em vez de fazêla ficar e ouvir a verdade. Então ela permaneceu nas sombras, observando e esperando. Dez minutos se passaram antes que Lathem retornasse. E Rafe não estava com ele. Annabelle ficou rígida quando o mordomo estendeu uma mensagem. — Pode devolver isso ao Sr. Rivers com os mais sinceros agradecimentos de Sua Graça. Abbot se mexeu. — Ele não virá? Lathem deixou cair o queixo. — Ele me permitiu lhe transmitir uma parte de sua longa mensagem ao Sr. Rivers. Embora o Duque ame seu irmão, chegou à conclusão de que Flynn deve atingir o fundo do poço antes de qualquer ajuda que lhe possa ser prestada, tenha um efeito duradouro. Então ele não pode ir agora. Abbot assentiu devagar. — Compreendo. Amanhã espero que repasse minhas desculpas pela minha visita tardia. Terei certeza de que a carta será devolvida ao meu empregador. Lathem abriu a porta. — Boa noite.


— Boa noite – disse o outro homem. Ele saiu e Lathem fechou a porta atrás de si com um suspiro. Murmurando para si mesmo em um tom triste, o mordomo voltou pelo longo corredor. Annabelle assistiu tudo em choque. Rafe não iria até Crispin? Ele deixaria o irmão se afogar em sua dor, o que quer que a tivesse causado, sem prestar ajuda até ele "atingir o fundo do poço?" Como ele pode? Não entendia que para Crispin, o fundo poderia ser a morte? Ela saiu da sala com um grito quase sufocado e abriu a porta da frente. Desceu as escadas apressadamente e bateu na porta da carruagem de Abbot, quando ela começou a se mover. O cocheiro puxou os cavalos e, após uma breve hesitação, a porta da carruagem se abriu para revelar Abbot na penumbra das lâmpadas da rua. — Posso ajudá-la? – Ele perguntou, seus olhos arregalados e cheios de surpresa por ela abordar seu coche. — Sou Annabelle Flynn – ela ofegou. Ele recuou. — Entendo. — Eu sou a irmã de Crispin Flynn – ela explicou mais. — Por favor, por que veio aqui? O homem mudou. — Deveria voltar para dentro, Srta. Flynn. Minha mensagem foi dirigida ao Duque de Hartholm e foi recebida e devolvida. Não precisa se preocupar... — Bolas! – Annabelle explodiu com uma interrupção. Sua escolha grosseira de maldição fez Abbot se abalar e ela se aproveitou do seu momento de choque para continuar: — Tenho tanto direito de saber o que está acontecendo com Crispin quanto qualquer outra pessoa. O que o Sr. Rivers queria de Rafe? Por que ele o enviou aqui? Veio buscar o Duque? Abbot respirou fundo, mas Annabelle viu a verdade em seu rosto sem que ele precisasse dizer uma palavra. — O Sr. River pediu que levasse meu irmão. E ele não irá. Abbot apertou os lábios. — E agora já sabe. Portanto, devo insistir para que se afaste da carruagem e volte para dentro de casa. Pode conversar sobre o assunto com o Duque amanhã, tenho certeza.


Annabelle olhou por cima do ombro para a casa onde seu irmão e cunhada dormiam, afastados da realidade da situação de Crispin e da sua. Sem hesitar, ela entrou na carruagem e se jogou no banco em frente a Abbot. — Não. Eu irei com o senhor, Sr. Abbot. — Absolutamente não! – O homem gritou. — Saia neste instante. — Não vou. – Annabelle cruzou os braços. — Vou entrar e chamar o Duque – ele ameaçou, mas ela podia ver pela expressão em seu rosto que ele não queria fazer isso. — Se o fizer, só o irritará – disse Annabelle. — Ele pode nem acreditar que eu fiz uma coisa dessas. Isso era mentira, é claro. Rafe certamente acreditaria nesse homem se ele alegasse que Annabelle exigiu teimosamente que a levasse a um dos clubes mais notórios de Londres. Rafe a conhecia muito bem. Mas Abbot não sabia disso. — Por favor – disse ela, encontrando os olhos dele. — Entendo a posição de Rafe quando se trata de Crispin, mas ele também é meu irmão. Não consigo imaginar que deixá-lo em ruínas seja o melhor caminho. O Sr. Rivers obviamente queria que alguém da família de Crispin o procurasse, e eu sou sua melhor aposta. Abbot fechou os olhos com um suspiro carregado. — Muito bem. Mas o Sr. Rivers não ficará feliz. — E eu assumirei toda a culpa – assegurou ela, quase pulando de felicidade quando Abbot fechou a porta e bateu no teto da carruagem para que o cocheiro se movesse novamente. Abbot olhou-a de cima a baixo. — Muito tranquilizador. No entanto, duvido que o Sr. Rivers se importe. Serão ambas as cabeças, Srta. Flynn, então espero que se lembre de querer isso quando sentir sua ira. Annabelle ficou olhando. — Não me lembro dele tão terrível quando o conheci. A sobrancelha de Abbot arqueou-se. — Conheceu Marcus Rivers? Ela assentiu. — Ele e meus irmãos são uma espécie de amigos. Não socializamos muito, mas fui apresentada ao homem.


Tentou não pensar em Rivers como havia feito na sala. No momento, era do seu interesse ser fria e desapegada. Mesmo que essa fosse a última coisa que ela sentia. — Suponho que não encontrou o Sr. Rivers no clube – perguntou Abbot. Ela recuou um pouco. — Certamente que não. Ele sorriu, uma sutil expressão que não alcançou seus olhos. — Então nunca conheceu o Sr. Rivers. Não de verdade. Ele se recostou no confortável banco da carruagem e caíram em um silêncio incômodo. Mas Annabelle não conseguia impedir sua mente de viajar para imagens de cabelos e olhos escuros, expressões escuras e rumores sobre a cova dos leões em que agora entraria.


Capítulo 3

A carruagem parou em frente a um prédio pouco comum em uma área de Londres a qual Annabelle sabia que sua mãe não aprovaria sua visita. Ela espiou pelas cortinas pela terceira vez e estremeceu. — Sem letreiro, como seus clientes sabem para onde ir? – Ela perguntou. — É um clube particular, Srta. Flynn, muito exclusivo. Quem quiser nos encontrar tem os meios para fazê-lo. – Abbot enfiou a mão no paletó e tirou uma máscara cinza simples de algum lugar dentro das dobras de tecido. Quando entregou a ela, Annabelle olhou-o interrogativamente. — A maioria dos nossos clientes usa máscaras no clube, Srta. Flynn – disse Abbot. — Não é um requisito, mas a senhorita deveria consentir para sua própria proteção. Como eu esperava trazer o Duque comigo, pode ser um pouco grande, mas servirá para proteger sua identidade. Quanto ao que a senhorita verá quando entrar no clube, só posso dizer que certamente a chocará. Mais uma vez, peço que reconsidere entrar comigo. Annabelle respirou fundo. O Donville Masquerade não era discutido com muita frequência na alta sociedade, mas devido à reputação escandalosa de seus irmãos, às vezes ela ouvia falar. Sabia que era um covil de devassidão de todos os tipos. Exatamente o tipo de lugar onde ela não deveria estar. E ainda assim ela estava ali. Por Crispin. Com esse pensamento ricocheteando em sua mente, apertou a mandíbula. — Eu quero ver meu irmão. Abbot olhou para ela por um momento, examinando seu rosto, e então assentiu. —Coloque a máscara e siga-me. Ela fez o que lhe foi dito e saiu da carruagem. A porta abriu quando Abbot se aproximou e um criado de libré, que não estava usando máscara, curvou-se para Abbot.


— Bem-vindo de volta, senhor. – Ele se afastou para permitir a entrada deles. Annabelle não podia negar sua curiosidade quando entrou no vestíbulo. Era uma entrada bem simples, sem mostrar nada diferente de casa normal em Londres. Os móveis eram simples e as paredes eram iguais. Mas agora que não estavam na rua, ouvia-se os sons frascos de uma música que tocava ao longe, nos fundos do prédio. Eles dançavam aqui, como se não fosse diferente do Almack? A voz de Abbot interrompeu seus pensamentos. — Onde está o Sr. Rivers? — Não tenho certeza, Sr. Abbot – disse o criado. — Ouvi que estava no escritório, mas quando eu estava no corredor ele tinha voltado a sala privada, lidando com o, er, problema. O olhar de Abbot deslizou para Annabelle e sua breve expressão fez seus olhos se arregalarem. O problema era Crispin? E como Rivers estava lidando com ele? — Siga-me – disse Abbot, dirigindo-se a um longo corredor sinuoso. Os sons da música aumentavam à medida que se aproximavam de um grande conjunto de portas duplas, e agora se uniam ecos de riso e dos ocasionais... Annabelle corou. Havia gemidos vindo da sala. — Última chance de mudar de ideia – disse Abbot, como se pudesse ler seus pensamentos. — Abra a porta – disse ela, mais bruscamente do que pretendia, tentando transmitir uma certeza que não sentia. Ele fez o que ela pediu e revelou um salão enorme, maior do que qualquer outro em que já esteve no campo ou em Londres. Havia mesas espalhadas pela sala onde homens e mulheres jogavam. Jogo e... outras atividades. Ela virou a cabeça com um suspiro. As pessoas estavam envolvidas em ações muito ousadas! Por mais que tentasse, não podia deixar de ver um casal se beijando bem no meio da sala, com as línguas entrelaçadas e os corpos se esfregando - um no outro.


Em outro canto, uma senhora estava presa à parede por um... Annabelle poderia chamá-lo de pretendente? Quem quer que fosse, ele tinha um punhado da saia de sua companheira no punho e estava descaradamente revelando suas panturrilhas e até um lampejo de coxa para sala em geral. — Fique aqui um momento, vou descobrir para onde levá-la – disse Abbot, com um tom sombrio. Annabelle observou-o se afastar com um suspiro. Ele a deixara aqui sozinha! Com essas coisas acontecendo ao seu redor? Ela não queria olhar. Mas olhou, mesmo assim. Observou o homem e a mulher contra a parede quando ele abaixou a cabeça e começou a beijar as curvas inchadas de seus seios, que espreitavam por cima do vestido decotado. A mulher gemia descaradamente e arqueava as costas como se quisesse oferecer mais. Ele levantou sua saia ainda mais alto para que pudesse colocar a palma da mão contra o que Annabelle podia ver claramente como o traseiro nu da mulher. Annabelle fechou os olhos com força para não ver mais. Ela era uma dama, não estava destinada a esse tipo de coisa. Tinha que se lembrar disso. Ou melhor ainda, esquecer o anseio vulgar e sombrio que começou entre suas pernas. Fazia muito tempo desde que ela sentira essa necessidade pulsante. Fazia muito tempo que deixara sua verdadeira natureza erguer sua cabeça feia. — Agora não – ela grunhiu para si mesma, desejando que seus mamilos parassem de endurecer, suas pernas parassem de tremer. De repente, houve o aperto de dedos sobre seu braço e seus olhos se abriram. Ela se viu encarando o olhar verde escuro de Marcus Rivers. Ao contrário dos que a cercavam, ele não usava máscara e seu rosto estava vivo de emoção naquele momento. Ele parecia... bravo. Muito zangado. Ela não pôde deixar de pensar nas palavras de Abbot na carruagem de que ambos enfrentariam a ira desse homem. — Venha comigo – disse Rivers. Ele não esperou que ela concordasse, apenas começou a guiá-la pelo corredor lotado, passando por mais mesas de jogo e amantes


emaranhados. Annabelle tentou manter o olhar firme no chão abaixo dela, mas ela viu coisas. Ela ouviu coisas. E Deus a ajudasse, ela sentiu coisas, incluindo o aperto firme de Rivers em seu braço, que parecia enviar pequenos raios de consciência através dela. Ele acenou com a cabeça para uma criada enquanto a arrastava por um pequeno lance de escadas. Somente em frente a uma porta fechada no topo do patamar ele a soltou. Pegou uma chave do bolso do paletó, abriu a porta e gesticulou para que entrasse. Ela entrou e imediatamente começou a procurar seu irmão. Mas ele não estava em lugar algum no escritório mal iluminado onde Rivers a levara. O mesmo escritório em que estavam agora, sozinhos. Onde ele estava fechando a porta atrás dele e olhando para ela. Ela prendeu a respiração enquanto esperava que ele fizesse ou dissesse algo, porque não tinha ideia de como reagir quando ele não se manifestava. — O que está fazendo aqui, Srta. Flynn? – ele perguntou finalmente, sua voz rouca remexendo com os sentidos dela. Ela piscou algumas vezes enquanto reunia suas emoções. Lentamente, ela cruzou os braços e olhou para ele. — Presumo que o seu homem, o Abbot, tenha lhe contado o porquê quando lhe informou da minha chegada. Os olhos de Rivers se estreitaram. — Eu não falei com Abbot. Ela recuou uma fração. — Mas..., mas veio e me pegou. Me chamou de Srta. Flynn – disse ela lentamente. — Como sabia que era eu? Ele apontou para a grande parede de janelas atrás dela. — Olhei para o clube e a vi parada na porta. Eu a reconheci. Agora Annabelle mal podia respirar. Rivers a observava tão de perto, seus olhos estreitos e ilegíveis. — Só me encontrou duas vezes. – Sua voz tremia, e ela se odiava por isso. Ele acenou com a mão como se negasse essa observação. — A Senhorita está mudando de assunto. Por que está aqui, Srta. Flynn?


Ela o observou por um momento. Pensou que ele parecia zangado antes, e essa emoção ainda estava lá, mas aqui na luz mais fraca de sua câmara particular ela viu menos severidade em seu rosto. Ele era realmente muito bonito, embora não houvesse nada suave nele. Ele era todo angular e carrancudo. — Srta. Flynn – disse ele. Ela balançou a cabeça. — Você me chamou. Agora, seus lábios carnudos afinaram com desagrado. — Eu certamente não fiz isso. Mandei chamar seu irmão. Eu escrevi para o Duque de Hartholm. Ela não pôde evitar aprofundar sua testa. — Aparentemente, o Duque não achou que ele deveria vir buscar nosso irmão. Seu homem deve explicar tudo, presumo. — Exceto como você veio parar aqui. Ela suspirou. — Não posso concordar com a teoria de Rafe de que Crispin deve atingir o fundo antes de salvá-lo. As consequências podem ser graves demais e nenhum de nós se perdoaria. Quando percebi que meu irmão mais velho não viria, não pude permitir que essa fosse a última palavra. Então me joguei na sua carruagem com o Sr. Abbot. — E ele permitiu que viesse aqui? – Agora a raiva voltou à voz de Rivers. Ela balançou a cabeça. — Não exatamente. Receio que possa têlo... ameaçado um pouco. As sobrancelhas de Rivers subiram e, para sua surpresa, ele começou a rir. Era um som profundo e estrondoso que parecia contorná-la, fazê-la pensar nos corpos entrelaçados dos amantes lá embaixo. Ela engasgou com a imagem e se virou. — Você zomba de mim – ela quase ofegou enquanto tentava controlar as reações chocantes de seu corpo a essa noite absolutamente inesperada. Sua risada sumiu. — Eu nunca faria algo tão tolo. Fiquei impressionado com o fato de você me surpreender. E isso, Srta. Flynn, não é fácil, asseguro-lhe. Ela olhou pela janela atrás dele e estremeceu com as breves imagens de toda a devassidão acontecendo lá embaixo.


— Tenho certeza que isso é verdade – ela conseguiu moer os dentes trincados. — Mas isso é tolice. Eu quero ver meu irmão, Sr. Rivers. Por favor, não me levará até ele?

Marcus teve que se impedir de sentir outro cheiro furtivo dos cabelos e da pele de Annabelle Flynn. Era quase impossível na pequena sala, e ele se odiava pela falta de controle que a ação indicava. Ele queria essa mulher. Mas isso não foi surpresa nem um choque. Queria Annabelle Flynn desde o primeiro momento em que a viu anos antes. Ele fora convidado para uma pequena festa na casa do Rafe, seu irmão, muito antes de ser elevado ao novo Duque. Os irmãos o apresentaram a Annabelle, e naquele momento ele havia esquecido quase como respirar. Ela era uma visão então e uma visão agora. Um anjo vestido com a melhor seda verde da primavera que o fez querer passar as mãos em torno dela, puxar sua suavidade contra sua dureza e encontrar uma maneira de tê-la permanentemente. Ele piscou para esses pensamentos errantes. Ela acreditava que eles haviam se encontrado apenas duas vezes, e isso era quase verdade. Oficialmente, ele apenas apertara as mãos dela naquela primeira noite e uma vez em uma reunião movimentada no ano seguinte. Também esteve no funeral de seu pai, embora isso obviamente não tenha causado muita impressão nela. Mas ele a viu muitas vezes. Um vislumbre aqui, um olhar roubado ali. Ele havia encontrado motivos para passar pelo portão da mãe e vigiá-la. E se ela soubesse disso, provavelmente viraria o nariz com nojo. Ele estava tão distante, tão abaixo dela. — Deseja ver seu irmão – disse ele em resposta à demanda que ela havia feito, o que parecia ter sido a uma eternidade atrás. Ela assentiu, sua expressão gelada e distante, preparada para qualquer desafio que ele pudesse fazer a seu pedido. Ele não fez nenhum, pelo menos não por um instante. Estava fascinado demais


pela diferença entre o distanciamento que ela praticava agora e a expressão acalorada que ele tinha visto em seu rosto quando a encontrou no corredor, nem meia hora antes. Ela estava assistindo um casal se esfregando um contra o outro, e não havia como negar a excitação em sua expressão e a maneira como sua respiração ficou presa. Seu pênis começou a ganhar vida, e ele se virou para esconder esse fato dela. — Não gostará de como ele se encontra. Ela suspirou. — Se ele está vivo, isso é tudo o que importa para mim. Por favor! Ele se virou ao sentir o desespero na voz dela. Já se sentira assim antes, conhecia a dor contagiante em torno do coração. — Muito bem. Venha comigo, por favor. Ela piscou, mas assentiu uma vez, sua atitude tão formal quanto a dele. Ele atravessou a sala, sentindo-a atrás de si a cada passo, e desceu as escadas. Quando entraram juntos no corredor, ele a ouviu prender a respiração e soube que ela estava olhando em volta, vendo o que era o clube dele, talvez igualmente excitada e com nojo. Ele ignorou seu desejo de olhá-la e, em vez disso, marchou pela sala e entrou no labirinto de câmaras laterais. Gemidos vieram de dentro, ecos das paixões que seus clientes vieram para compartilhar. Quando ele alcançou uma das portas, parou e se virou para encarála. — Devo avisá-la, ele está amarrado. Ela deu um grito e se lançou em direção à porta, mas ele colocou a mão sobre ela para impedir que a invadisse. Ela ainda não estava no estado de espírito certo. — Por quê? – Ela gritou, e suas mãos se fecharam como se ela quisesse atingi-lo em defesa de Crispin. — Por que faria uma coisa dessas com ele? Marcus arqueou uma sobrancelha para o fogo nela. Lá, escondido em profundidades adequadas, havia um lampejo da mesma selvageria que seus irmãos possuíam. Aquela qualidade Flynn que lhes dava raiva, ao mesmo tempo que os encobria em notoriedade. — Para sua proteção – ele disse suavemente. — Receio que seu irmão estivesse muito bêbado, tentando jogar fora uma pequena


fortuna. Ele também estava se debatendo e implorando por uma briga. Amarrá-lo à cama foi o melhor método para protegê-lo de si mesmo. E dos outros. Seus punhos relaxaram e ela inclinou a cabeça em questão. — Amarrado a... a uma cama? Por que tem uma cama em uma sala de jogos pública? — Certamente não é tão inocente, Srta. Flynn. Os lábios dela afinaram. — Sou uma senhorita, Sr. Rivers. Ele se forçou a não sorrir, para que ela não acreditasse novamente que estivesse zombando dela. — Uma senhorita não convencional, eu acho – ele disse, observando cada respiração dela, suas pupilas dilatadas, suas mãos trêmulas. — Eu a vi assistindo quando entrou. Observando os homens e mulheres que vêm aqui para... brincar juntos. Certamente não pode pensar que isso só acontece no salão principal. Ela engoliu em seco, mas não negou a acusação de que havia bancado a voyeur em seu salão. — Entendo. Ela tomou um momento, e ele a viu se reunir, se acalmar até que suas emoções fossem cobertas e ela, mais uma vez, a dama retraída. — E por acaso havia uma corda na sala onde o amarrou?" Ele sorriu. — Corda de seda, Srta. Flynn. Garanto-lhe que não é nada que o prejudique. Foi deixado lá por uma padroeira muito especial. — Eu não entendo. Ela disse as palavras, mas Marcus estava mais do que consciente do brilho de calor em seu olhar que dizia o contrário. Em Annabelle Flynn havia algo mais que ele nunca teria visto se ela não tivesse ido ao seu covil. E oh, como ele estava gostando disso. Muito mais do que deveria. — Alguns dos membros aqui gostam de ser amarrados, Srta. Flynn – explicou. — Para perder todo o controle. Seus lábios se separaram um pouco e sua língua disparou para molhá-los. Marcus sentiu a ação profundamente em sua virilha, e a necessidade de resposta era muito poderosa.


— Eu não posso acreditar que alguém iria querer isso – ela sussurrou. Ele se inclinou, incapaz de ajudar a si mesmo. — Não tem ideia. Marcus podia imaginá-la agora, espalhada em sua cama, impotente para suas ministrações. Se contorcendo para alcançá-lo. Piscando, ele voltou para a porta. — Agora que compreendeu, vamos entrar. Ele abriu a porta, e o homem que ele tinha colocado no quarto para vigiar Crispin imediatamente levantou. Seus olhos se arregalaram um pouco ao ver Annabelle adequadamente, apesar da proteção de sua máscara. — Pode ir, obrigado – Marcus disse suavemente. O homem inclinou a cabeça e saiu da sala, fechando a porta atrás de si. Foi só então que Marcus olhou para Annabelle. Ela estava a poucos passos dentro da câmara, olhando para seu irmão do outro lado da sala. Crispin estava amarrado à cama, mas em algum momento ele obviamente parou de se debater e desmaiou. Ele estava deitado relaxado no colchão, as amarras das cordas extra longas frouxas em seus pulsos. — Oh, Crispin – disse ela suavemente, movendo-se em sua direção com passos incertos. Flynn levantou a cabeça e soltou um gemido baixo de dor, mas não abriu os olhos. Marcus viu o rosto de Annabelle se dobrar levemente, um flash de emoção que ela não pretendia revelar, se a maneira como ela o cobria fosse alguma indicação. — Crispin – ela sussurrou, mas novamente ele não respondeu. Os olhos dela se arregalaram e ela soltou um grito enquanto se aproximava dele, segurando uma das mãos amarradas dele. — Crispin! – Ela gritou. Marcus se aproximou dela, apesar de saber que era tolice fazê-lo, e respirou fundo. Ele ia tocá-la. Seria o paraíso e o inferno ao mesmo tempo. Lentamente, ele se inclinou para a frente e deixou as mãos fecharem gentilmente sobre os ombros dela. — Annabelle – ele sussurrou, finalmente se permitindo dizer o nome dela. — Está tudo


bem. Ele não está ferido, apenas inconsciente. Ele vai dormir e provavelmente nem se lembrará de nada disso amanhã. Ela ficou rígida sob o toque dele e olhou para ele por cima do ombro. Ele não saberia dizer se ela estava confortada ou enojada pelas mãos dele, mas ela encontrou seus olhos de qualquer maneira. — Como pode dizer isso? Eu nunca vi meu irmão dessa maneira. Ele a levantou e a virou na direção dele, longe de seu irmão inconsciente. Então ele a soltou, embora ainda pudesse sentir seu calor nas palmas das mãos, dedos, braços e corpo inteiro. — Ele bebeu muito, só isso. Ela piscou. — Quanto? Marcus fechou os olhos por um breve momento. — Ele pode aguentar uma grande quantidade de bebida, então eu só posso imaginar. Ela apertou as mãos ao lado do corpo e continuou a encarar o irmão. Quando falou novamente, sua voz falhou. — Eu não poderia nem começar a movê-lo sozinha. Mesmo se eu pudesse... para onde levá-lo? Não posso impingir isto à minha mãe, não quando ela está tão destroçada pelo estado dele. E Rafe já se recusou a ajudar, então não posso levá-lo para lá. E para casa, a casa de Crispin? Devo me atrever a deixá-lo sozinho se ele está assim fora de controle? Marcus suspirou. Para nenhuma outra pessoa no mundo ele faria a oferta em sua mente. Um fato que se recusou a considerar demais quando disse: — Pode deixar seu irmão aqui. Ela piscou para ele. — Aqui? — Sim. Ele pode ficar neste quarto e terei certeza de que ele estará em condições razoáveis para voltar para casa sozinho pela manhã. Mandarei um dos meus homens vigiá-lo até que acorde, para garantir que não se machuque. — Mas..., mas mandou chamar meu irmão – ela gaguejou. Ele não pôde deixar de sorrir um pouco. — Sim, acreditei que o Duque viria buscá-lo. Mas de alguma forma foi você quem apareceu e não a deixarei arcar com o dever. Não seria... certo. Ele quase riu. Como se ela acreditasse nele. Era óbvio que ele não viveu sua vida em termos de certo e errado. Ela viu o que acontecia


nos quartos ao redor deles. Tinha visto mais do que uma dama de sua posição e qualidade deveria ver, isso era certo. Mas não o desmentiu. Em vez disso, ela simplesmente o encarou, e seu tom estava cheio de gratidão quando ela sussurrou: — Obrigada. Ele balançou a cabeça. — Por quê? — Foi gentil quando não precisava ser. Marcus a observou por um momento, uma explosão de frescura em seu mundo cansado. Então ele olhou atrás dela para o irmão. Ele encolheu os ombros. — Ele é um amigo. – Depois de dizer as palavras, sentiu-se compelido a corrigi-las, porque elas revelavam demais. — E um bom cliente. Mas ele obviamente não pode continuar assim. — Não – ela concordou, e seus olhos brilharam com lágrimas que ela lutou bravamente para não derramar. Ela falhou, e uma escorreu por seu rosto. Marcus não pôde evitar. Ele estendeu a mão e afastou-a com o polegar, passando os dedos sobre a pele incrivelmente macia e incendiando-se mais uma vez.


Capítulo 4

Marcus Rivers tocou o rosto de Annabelle e ela se viu olhando para ele. Ela deveria ter se afastado do golpe íntimo dos dedos dele sobre sua carne, mas não conseguiu. Já o vira antes, o conhecera antes. Era amigo dos seus irmãos e um no qual tentava não pensar, pois ele era muito desconcertante para ela. Mas agora, quando encontrou seu olhar verde escuro, ela não podia negar que sentiu coisas quando ele a tocou - aquelas coisas sombrias que ela não queria sentir. Mas ele estava tão perto dela agora e cheirava tão bem. Como... promessas decadentes, prazer e necessidade. Ela se viu inclinandose, inclinando-se para mais perto, deixando o calor dele a cercar, deixando a respiração dele tocar seu rosto. O que está fazendo? A voz em sua cabeça era tão poderosa que ela quase temeu ter dito as palavras em voz alta enquanto se afastava de Rivers e de seu toque hipnótico e proibido. Ela virou de costas para ele, com as mãos cerradas no peito e a respiração curta demais. — Eu deveria ir para casa – ela ofegou. Ele ficou quieto por tempo suficiente, e ela quase se virou para encará-lo. Mas finalmente ele disse: — Vou acompanhá-la. Ela fechou os olhos com força. Considerando seus sentimentos, seus desejos, era uma péssima ideia. Ficar sozinha com ele por quase meia hora? Serem colocados juntos em uma carruagem, onde estaria escuro e ficariam próximos, quando queria sentir os dedos dele em sua carne novamente? Uma péssima ideia. — Não precisa se preocupar – disse ela, com a voz trêmula. Os olhos dele se estreitaram. — Veio aqui escoltada por meu funcionário e ele agora está ocupado, então não há nada a fazer.


Vou levá-la de volta para a casa de seu irmão, Srta. Flynn. Esse é o fim da discussão. Annabelle reprimiu um desejo muito forte de se descontrolar, virar e fazer uma birra inapropriada, e em vez disso, sorriu para ele quando o encarou novamente. — Bem. Agradeço sua preocupação. — Espere aqui um momento, trarei a carruagem de volta e depois a escoltarei pelo corredor principal. – Ele a olhou mais uma vez antes de sair da sala. Quando ele fechou a porta atrás de si, Annabelle soltou um suspiro longo e irregular. O homem roubara todo o ar da sala enquanto esteve lá, parecendo tão intimidador, bonito e... delicioso. —Pare de pensar nessas coisas – Annabelle falou com os dentes cerrados. — Pare. Pare. Pare! — Sinto muito. Ela congelou ao ouvir a voz de Crispin da cama atrás dela. Ela se aproximou dele. À luz do fogo, ele parecia muito jovem. Muito perdido. Mas seus olhos ainda estavam fechados, sua boca um cenho franzido, mesmo em seu estado embriagado e semiconsciente. Marcus disse que não se lembraria desta noite. Ela esperava que isso fosse verdade. Desejou que fosse verdade para si mesma. Gentilmente, ela afastou um cacho loiro escuro da testa dele. — Tudo vai melhorar de manhã – ela sussurrou. Mas não parecia que seria melhor. De repente, todos os planos perfeitos que ela estava fazendo para sua estreia, conhecer um homem respeitável e viver uma vida séria pareciam ameaçados e não apenas pelo comportamento imprevisível de seu irmão. A porta se abriu e Marcus Rivers voltou para o quarto. Ele fez um gesto para ela, e ela se inclinou para pressionar um breve beijo na testa de seu irmão. — Alguém sabe quem sou? – Ela perguntou enquanto escorregava da sala. Rivers fez um gesto para um criado que retornou à câmara para vigiar seu irmão, depois fechou a porta firmemente atrás deles. — Foi por isso que Abbot a fez usar uma máscara. Proteção explicou Rivers.


— E meu irmão? Ele não usava máscara. Os lábios de Rivers afinaram. — Ele tirou em algum momento, eu suponho. Muitos as abandonam, especialmente os homens. Eles não consideram tão importante proteger suas identidades. Eles têm mais permissão para perseguir seus desejos em campo aberto. Annabelle se esforçou muito para não olhar para o vestido decotado de uma dama jogando cartas com um grupo de homens no salão principal. Estavam todos em diferentes níveis de roupa e zombando um do outro abertamente. Seu corpo se agitou e ela o ignorou. — Mas as ações deles... as ações dele... poderiam ter um impacto sobre os outros, em suas vidas. Rivers a conduziu para o vestíbulo e desceu os degraus onde a carruagem em que ela entrara os esperava. Entrou novamente, só que desta vez não era o Abbot magro e desaprovador que a acompanhava, mas Rivers. E ele parecia muito mais bonito na penumbra. — Suponho que seja verdade – disse Rivers lentamente quando a carruagem começou a se mover. — E também suponho que a senhorita esteja falando sério. Ela hesitou e reservou um momento para remover a máscara e colocá-la no assento da carruagem ao lado dela. Compartilhar seus medos com esse homem parecia realmente um exercício íntimo. Mas falar sobre seus planos só poderia lembrá-la de seu decoro. Talvez isso silenciasse as necessidades que borbulhavam sempre que ela pensava no Donville Masquerade ou nos olhos escuros de seu proprietário. — Estou entrando na sociedade – explicou ela. Ele recuou uma fração. — Não estava saindo? — Está me lembrando da minha idade? – Ela perguntou, mas não houve calor no tom. Na verdade, ela sorriu quando ele procurou alguma maneira de consertar seu passo em falso. Ele viu o rosto dela e sorriu. — Está me provocando. — Um pouco. Eu não sou debutante. E tenho mais idade. Mas sempre estive fora da sociedade de Londres, na companhia da Ton. Agora que Rafe é Duque, abriu as portas para mim.


Rivers a observou de perto. — E são essas as portas que deseja que se abram? Ele parecia tão incrédulo. Como se ela nunca pudesse querer ou talvez nunca se encaixasse nesse mundo. Ela era tão óbvia? Ele via através de sua fachada e da escuridão que ela lutava tanto para esconder? — É claro que quero que essas portas sejam abertas – ela retrucou, mais severa do que normalmente seria. Sua defesa a pegou desprevenida e ela suavizou o tom. — Esta é a melhor chance que tenho para me casar bem e viver uma vida respeitável. — Ninguém poderia dizer que não está vivendo uma vida respeitável – ele ofereceu, virando a cabeça para olhar pela janela em direção às luzes da cidade. Ela balançou a cabeça. — Não me conhece, talvez, mas conhece meus irmãos. Como minha reputação está frequentemente ligada à deles, há muitos que sem dúvida refutarão sua reivindicação. Mas agora é minha chance. Rafe é comemorado como Duque, e se eu conseguir um marido antes que eles se lembrem do que somos... Ela parou, mas Rivers parecia entender. Ele assentiu devagar. — Entendo. — De qualquer forma, temo que Crispin prejudique minhas chances. Ele se inclinou e ela sentiu um breve cheiro de seu perfume novamente. Assim como em seu escritório uma hora atrás, fez seu corpo se apertar desesperadamente. — Mas esse não é o seu único motivo para se preocupar – disse ele. Ela encontrou o olhar dele, embora brevemente. — Não – ela sussurrou. — Estou com medo de que ele se machuque. Não socialmente, mas fisicamente. Acha que ele faria isso? Rivers se afastou. — Por que me pergunta? — Disse que era amigo do meu irmão e, a julgar pelo seu comportamento hoje à noite, acredito nisso. — Por quê? — Porque poderia simplesmente jogá-lo na sarjeta quando ele se tornou uma dificuldade – disse ela com um calafrio ao pensar nisso.


Rivers mudou. — Como eu disse, ele é um bom cliente. Annabelle o olhou quando ele disse isso. Parecia muito desconfortável quando foi elogiado por cuidar de Crispin. Ele pensava que ela se aproveitaria desse fato? Ele acreditava que bondade era o mesmo que fraqueza? Mas talvez em seu mundo perigoso fosse assim. Ela abriu a boca para dizer mais, mas Rivers falou primeiro. — Quando escapou da casa do Duque, alguém a viu? Annabelle piscou com a mudança de assunto. — Eu - não, acho que não. — Um lacaio? Um cavalariço? O mordomo? – Rivers pressionou. Ela hesitou, e isso provocou uma carranca de Rivers. — Por que me olha assim? Ele balançou sua cabeça. — Simplesmente gosto de saber em que cova de leões estou entrando, Srta. Flynn. Porque se seu irmão mais velho achar que meu homem, por exemplo, a levou para o meu clubinho travesso, não consigo imaginar que ele ficará feliz em me ver. Annabelle cruzou os braços. — Estou certa de que Rafe foi ao seu clube muitas vezes antes de se casar. Rivers riu, mas não confirmou nem negou a acusação. Em vez disso, ele disse: — O que é bom para o ganso raramente é permitido para a gansa. E sabe disso. É inteligente demais para não saber. — E o que sabe da minha inteligência? – Annabelle o desafiou, embora não tivesse ideia de onde veio o impulso. — Me viu apenas três vezes contando com hoje. Estive duas vezes em uma festa, não exatamente um ponto alto intelectual e hoje invadi seu clube exigindo resgatar meu irmão. Rivers a olhou de cima a baixo, uma leitura preguiçosa que parecia infinitamente má, mesmo que ele nunca fizesse um movimento para tocá-la. — Eu ouço coisas – disse ele. — Ouve coisas? – Annabelle repetiu confusa, mas antes que pudessem discutir mais sobre o assunto, a carruagem entrou no portão de Rafe e diminuiu a velocidade. — Droga – Rivers murmurou baixinho enquanto olhava pela janela. — O que foi? – Annabelle perguntou.


— Eu odeio estar certo às vezes – ele suspirou. Antes que Annabelle pudesse dizer alguma coisa ou olhar pela janela, a porta da carruagem foi aberta e o rosto do Rafe apareceu. Seu rosto muito sombrio, muito zangado. — Boa noite, Annabelle, Rivers – disse ele, obviamente com os dentes cerrados. — Por que os dois não se juntam a mim no meu escritório? Parece que temos muito o que discutir.

Marcus seguiu atrás de Annabelle e Rafe, observando como seus quadris se contorciam sob o vestido. Como ele chegou a esta situação, ele realmente não sabia dizer. Num momento ele estava cuidando de seus negócios, tentando fazer a coisa certa; no outro, ele havia sido atacado por uma mulher que parecia determinada a deixá-lo louco com sua presença. Este era o motivo pelo qual ele evitava envolvimentos emocionais. Rafe abriu a porta do escritório e conduziu todos para dentro. Ele não disse nada enquanto atravessava a sala e se serviu de um conhaque. Ele olhou para Marcus, depois serviu um para ele também. Ao atravessar a sala para lhe entregar a bebida, Rafe disse: — Uma hora atrás, um criado veio ao meu quarto, interrompeu meu sono e quase acordou minha esposa. Aparentemente, ele tinha visto algo que detestava compartilhar e vinha se contorcendo e discutindo desde então. Quer saber o que ele viu? Para surpresa de Marcus, Annabelle revirou os olhos em resposta. Rafe continuou: — Ele a viu, querida Annabelle, entrando numa carruagem e desaparecendo no meio da noite. E agora aqui está. Alguém quer explicar o que diabos está acontecendo? Marcus poderia ter dito algo na tentativa de mitigar a raiva de Rafe em relação a Annabelle, mas ela não lhe deu chance. Sem pensar nas consequências, Annabelle avançou e ficou frente a frente com o irmão. — O Sr. Rivers enviou seu homem para cá hoje à noite, pedindo sua ajuda no que diz respeito a Crispin, e o recusou – disse ela, seu


corpo quase vibrando com a acusação. Para surpresa de Marcus, Rafe virou a cabeça, as bochechas escurecendo não com raiva, mas com vergonha e dor. — Não entende – ele disse suavemente. Annabelle olhou para ele. — Não, você não entende porque não foi lá. Eu fui, Raphael. Eu o vi lá, e ele não está bem. Rafe passou a mão pelos cabelos. Não havia como negar a luta que ele parecia estar tendo quando se tratava de Crispin. E, embora Marcus geralmente ficasse longe, muito longe desse tipo de problema doméstico, não podia deixar de sentir pena do Duque. Ele tinha visto os irmãos juntos, muitas vezes. Sabia o quanto se importavam um com o outro. — Annabelle, eu falei com ele várias vezes nos últimos seis meses. Ele recusou minha ajuda e meu conselho repetidamente – explicou Rafe. — Até que ele esteja pronto para aceitá-lo, persegui-lo por toda Londres e retirá-lo das consequências de suas atitudes, não o obrigará a mudar. O rosto de Annabelle se contorceu com uma dor tão forte que Marcus sentiu em seu estômago. Seus olhos castanhos brilhavam com lágrimas, mas ela quase vibrava de raiva. — Não pode abandoná-lo. O Sr. Rivers pode ser gentil o suficiente para oferecer-lhe um santuário, mas os outros se aproveitarão dele. Ele pode ser morto, Rafe. Rafe lançou um olhar para Marcus, mas depois voltou a se concentrar em sua irmã. — Acha que eu não sei disso? Acha que isso não revira meu estômago e me mantém acordado à noite durante o que deveria ser o ano mais feliz da minha vida? Sua voz erguida e expressão de dor pararam Annabelle. Ela olhou para ele, seus rostos refletindo imagens de preocupação e medo. — Por favor, não o abandone – ela sussurrou. — Eu não vou abandoná-lo – disse Rafe, sua voz subindo novamente. — Caramba, Annabelle! Ela apertou a mão na lateral do corpo e abriu a boca para falar novamente, mas Rafe levantou um dedo para silenciá-la. — Não conversaremos sobre isso no meio da noite. Vá para o seu quarto e discutiremos isso de manhã quando estiver menos exausta.


— Eu não estou exausta – ela protestou. — Annabelle – disse ele, seu tom baixo agora, mas talvez mais entremeado de emoção. Seus lábios afinaram, pressionando juntos até ficarem quase brancos com a pressão. Ela se virou, de costas para o irmão e marchou para Marcus. Ele se endireitou quando ela o alcançou, incerta sobre o que faria depois daquela noite emocional. Mas ela apenas o olhou, seu rosto bonito, embora estivesse pálida. — Obrigada novamente, Sr. Rivers, por sua gentileza esta noite. Não esquecerei isso tão cedo. Boa noite. Ela não olhou para Rafe quando saiu da sala, batendo a porta atrás de si como uma declaração final sobre a recusa de seu irmão em ouvi-la. Rafe balançou a cabeça. — Deus me salve de mulheres inteligentes. Estou nadando entre elas e são tão frustrantes quanto fascinantes. Marcus sufocou um sorriso, porque sabia que o Duque estava com raiva dele e não iria gostar, e esperou Rafe voltar sua atenção para ele. Seu amigo fez isso quase imediatamente. — Gostaria de me explicar isso? Marcus deu de ombros. — O que sua irmã disse é essencialmente a verdade. Ela ouviu sua recusa em ir buscar Crispin e se atirou na minha carruagem com Abbot. Depois parece que o ameaçou, mas não confirmei com ele ainda... Rafe suspirou. — Tenho certeza de que ela o ameaçou. — Como eu tenho – Marcus riu. — Sua irmã é uma dama singular. As sobrancelhas de Rafe se levantaram. — Sim, ela é. Marcus apagou o sorriso do rosto. Do jeito que Rafe estava olhando para ele, podia ver que o Duque não aprovava Marcus e sua irmã estarem sozinhos. E por que aprovaria? — Bem, agradeço por me enviar Abbot sobre Crispin – disse Rafe enquanto afundava no sofá. — Espero que não me julgue tão severamente quanto Annabelle sobre minha resposta. Marcus se juntou a Rafe, sentando-se lentamente. Era uma coisa estranha estar conversando no meio da noite. Ah, ele já esteve na


casa de Rafe antes, é claro, mas não desde que seu amigo se tornou Duque. Não esperava ser convidado depois disso. Não que ele tivesse sido esta noite. — Eu entendo, como talvez Annabelle não faça, que a vida é infinitamente complicada – disse Marcus. — Crispin não tem interesse em ser salvo no momento. — Acha que ele vai em ter interesse em algum momento? – Rafe perguntou, seu tom vazio e oco. Marcus pensou em Crispin, provocando uma briga, bêbado até o esquecimento. — Acredito que sim. — Assim como eu. – Ele balançou sua cabeça. — Mas só temo que, se Annabelle se inserir na situação, como fez hoje à noite, seja arrastada pela correnteza de Crispin. — Ela mencionou que está utilizando suas novas conexões para encontrar um marido adequado – disse Marcus, e esperava que sutilmente. — Eu admito, tenho dificuldade em imaginar que ela esteja interessada em algum janota com um título. — Cuidado, eu sou um desses agora – falou Rafe, mas seu sorriso brilhante disse a Marcus que não havia se ofendido. — Não, não é – ele riu. Rafe balançou a cabeça. — Minha irmã é... ela pode não perceber completamente o que quer. Ou talvez ela simplesmente negue. De qualquer maneira, eu não a afastaria de seus planos. Ela encontrará um homem que lhe apeteça ou perceberá que muitos daqueles com títulos não são adequados para brilhar em sua bota de montaria. — Não quer que ela se case com um homem com título? – Marcus perguntou surpreso. Rafe deu de ombros. — Eu quero que ela seja feliz. Marcus levantou-se. De repente, esse tópico pareceu muito pessoal. Ele não queria saber dos planos de Annabelle ou das preocupações de Rafe sobre eles. O aproximou demais e ele não queria estar perto. Especialmente porque provavelmente nunca mais veria Annabelle Flynn, a não ser que fosse num daqueles seus momentos de desespero. Ele realmente tinha que parar de ir ao portão da mãe dela. Era patético.


— Mais uma vez, peço desculpas pelo meu homem ter permitido que Annabelle fosse o clube. Falarei com ele sobre isso. Rafe balançou a cabeça quando se juntou a Marcus. —Não seja muito duro com Abbot, ele é um bom homem. E Annabelle pode ser uma força intransponível. Marcus mal se conteve com o riso que inadequadamente saltou para seus lábios. Ele não conhecia Annabelle. Pelo menos não deveria saber. Ele não poderia saber. — E obrigado, por sua gentileza com ela e com meu irmão – continuou Rafe, — Crispin está a salvo? — Por essa noite – Marcus disse com um aceno de cabeça. — Gostaria que eu o mantivesse informado sobre quando seu irmão aparecer no Mascarade? Rafe hesitou e depois suspirou. — Sim. Não sei se irei e certamente não espero que o vigie ou o impeça de causar danos, mas quero saber, se não for muito trabalho. Marcus deu de ombros. — Nós dois sabemos que devo um pouco aos dois. Não é problema para mim manter Crispin fora de perigo quando posso. Ou informá-lo sobre os movimentos dele entre as paredes do meu clube. Marcus pousou a bebida e estendeu a mão. Rafe sacudiu sem hesitar e seguiu Marcus quando ele saiu do escritório e entrou no vestíbulo. — Boa noite, Vossa Graça – Marcus disse com um ligeiro arco. Rafe balançou a cabeça. — Deus, homem - Rafe ou Flynn, como sempre. “Vossa Graça” é para os janotas e em público. Boa noite e obrigado mais uma vez. Rafe deu um tapinha no ombro dele, e Marcus sorriu antes de descer os degraus da casa para subir o da carruagem que ainda esperava. Mas quando o cocheiro o conduziu de volta para o clube, não pôde deixar de pensar em Annabelle e nos desejos chocantes que a dama alimentava nele. Aqueles que ele nunca poderia deixar que ela ou alguém mais percebesse.


Capítulo 5

Aconteceu que os bailes da Ton eram tão chatos quanto as festas dos burgueses. Annabelle estava parada no canto do enorme salão de festas, com a bebida na mão, observando os casais passarem nos braços um do outro. Nos braços um do outro, mas decididamente desconectados. Ela nunca tinha visto tantos rostos rígidos, formais e tristes. Alguns dos casais nem se entreolhavam e pareciam gloriosamente felizes quando a música terminava. Não pôde deixar de pensar no Donville Masquerade de Marcus. Ali na verdade era o oposto. Os casais naquele salão ímpio nem esperavam atingir a privacidade para se tocarem e fazerem coisas tão apaixonadas, sem se importarem com o decoro ou com quem assistia. — Annabelle? Ela sacudiu quando Georgina Hickson se juntou a ela, completamente alheia aos pensamentos perversos de Annabelle. Georgina era filha de um filho mais novo, por isso não tinha título, mas fora criada para apanhar um cavalheiro titulado. Embora fosse mais nova que Annabelle, elas se tornaram amigas e a Georgina estava tentando ajudar Annabelle a descobrir como conseguir seu próprio Marquês ou Conde. — Esse olhar muito estranho em seu rosto não atrairá as abelhas para o mel, minha querida – disse Georgina com a expressão falsamente brilhante que parecia sempre enfeitar suas bochechas. — Sorria agora e tente parecer apaixonada por tudo isso. Não pela primeira vez, Annabelle desejou desesperadamente que Serafina pudesse ter comparecido ao baile. Embora ela também tivesse sido criada como uma dama em todos os sentidos, não havia nada falso ou forçado nela. Elas certamente teriam se divertido mais.


Mas Annabelle tinha que apreciar a atenção e ajuda de Georgina, então fez como sua amiga exigiu e colocou um sorriso falso no rosto. — Teve algum sucesso esta noite – disse Annabelle, entre os dentes sorridentes. - Lorde Poppington não dançou contigo? Georgina assentiu. — O Conde foi muito atencioso, sim. — Mas, er, ele não é um pouco velho? – Annabelle perguntou enquanto vislumbrava o homem idoso na multidão. Georgina piscou. — O que isso importa? Ele é Conde, Annabelle! Annabelle estremeceu. Essa atitude era tão mercenária e, no entanto, era exatamente como ela deveria pensar se quisesse que essa empreitada fosse um sucesso. Um título a qualquer custo. — E a sua? – Sua amiga perguntou. — Recebi uma infinidade de olhares laterais – Annabelle suspirou, colocando suas dúvidas de lado. — Mas poucos são corajosos o suficiente para se aproximar de uma Flynn notória para dançar. Então, meu cartão de dança ainda está ocupado apenas pelo nome do meu irmão. Ela olhou para o outro lado do salão e o encontrou lá, conversando com um de seus novos amigos, Lord Aldridge. Rafe estava muito bonito em suas roupas de noite e parecia em cada milímetro um Duque. E, no entanto, aqueles ao seu redor ainda ocasionalmente torciam o nariz e sussurraram atrás dos leques. E por que não? Afinal, esse era o homem que, há três anos, ganhou a antiga casa da família de Lorde Sternbridge em um jogo escandaloso de cartas, e depois alegremente mandara pintar todos os cômodos do interior de roxo antes de devolvê-la - não ao Sternbridge, mas para a esposa dele. O homem que passeara a cavalo pelo Hyde Park com o irmão e quase matara o futuro rei. Parecia que isso seria mais difícil do que ela esperava. A fofoca destruíra o futuro de moças de nível social muito mais alto que o dela. E nem começara a considerar Crispin. Na verdade, ela tentava não o considerar desde dois dias antes e sua jornada para o Donville Masquerade. Tudo o que sabia era que Crispin não se comunicara com ela desde aquela noite. Rafe tinha considerado a opinião de Marcus de que seu irmão provavelmente nem se lembraria de que ela esteve lá com ele.


— Não está sorrindo – Georgina assobiou. Annabelle sacudiu. Seus pensamentos emaranhados traíram-na novamente. Ela encolheu os ombros. — Temo que só esteja considerando minhas circunstâncias. E estou preocupada com meu irmão. O olhar de Georgina circulou a sala até que se fixou em Rafe . — Ele parece bem. — Não, meu outro irmão, Crispin. Os lábios de Georgina se estreitaram e ela voltou a olhar para Annabelle. — Oh sim. Ele. Annabelle, posso lhe fazer uma pergunta? Annabelle assentiu lentamente, incerta se realmente queria ouvir a pergunta de sua amiga. — Quer respeitabilidade? Annabelle recuou. — Como pode me perguntar isso? Claro que eu quero! É por isso que estou aqui neste corredor abafado, parada no canto como uma tola, esperando que algum cavalheiro titulado decida que sou digna. Quando ela disse as palavras em voz alta, elas a fizeram estremecer. Certamente não pareciam o fundamento de um relacionamento longo e feliz. Mas não pareceram perturbar Georgina. Ela assentiu, aprovação brilhando em seu rosto redondo. — Eu não quis ofender, minha querida – ela tranquilizou Annabelle. — Só pergunto porque é claro que todo mundo conhece a reputação da sua família e deve saber que está travando uma batalha difícil quando se trata de aceitação. Annabelle torceu o nariz. — Devo agradecer? Georgina riu. — Uma batalha difícil, mas eu acho que pode vencer. É muito bonita e muito rica, qualidades as quais certamente chamarão a atenção de um homem, especialmente se agir com nada além de decoro. Algo no fundo de Annabelle, o mesmo que havia sido excitado no Donville Masquerade e instigado por Marcus Rivers, começou a gritar. De alguma forma, ela continuou sorrindo e acenando com as palavras da amiga. — Mas posso oferecer um pequeno conselho?


Annabelle respirou fundo. — Claro. Fico feliz em ouvir qualquer conselho que possa ter para mim sobre esse assunto. Eu realmente aprecio sua maior experiência neste assunto. Georgina inicialmente corou com o elogio, mas imediatamente voltou a um comportamento muito profissional. — Annabelle, não deve pensar em seu irmão. Qualquer um dos irmãos, sério. Deve se preocupar apenas consigo mesma. Annabelle se mexeu. Claramente Georgina não tinha o tipo de conexões familiares que ela tinha. A ideia de que pudesse esquecer Crispin ou Rafe era ridícula. Ela adorava os dois, não importava quão selvagens ou humilhantes eram suas ações. Não importava o quão prejudicial isso poderia ser. Ela poderia ter dito isso, defendido-os, mas de repente a atenção de Georgina mudou para algo atrás dela. — Oh meu Deus – Georgina sussurrou, seus olhos se iluminando. — Vejo lorde Claybrook vindo para cá e ele a está olhando diretamente. — Lorde Claybrook? – Annabelle repetiu, o pânico tomou conta dela enquanto tentava se lembrar a quem sua amiga se referia. — Ele é um Conde – Georgina sussurrou rapidamente. — Sua renda anual é superior a dez mil. Quarenta anos de idade, mas ele parece ter trinta anos. Annabelle assentiu com um olhar de gratidão no momento em que lorde Claybrook as alcançou, com a anfitriã Lady Warren a reboque. — Boa noite – Annabelle murmurou, lançando os olhos para baixo, como lhe disseram que era apropriado, pelo menos Georgina disse. — Boa noite – respondeu Lady Warren. — Senhorita Hickson, senhorita Flynn, gostaria de apresentá-las ao Conde de Claybrook. Georgina e Annabelle fizeram uma reverência baixa ao mesmo tempo, mas enquanto Georgina mantinha os olhos abatidos, Annabelle não pôde deixar de lançar um olhar para Claybrook. Ele era bonito à sua maneira, alto e magro, com um nariz pronunciado e feições angulares. Suas mãos pareciam muito macias e ele estava perfeitamente bem cuidado e preparado. No entanto, ele não parecia ser um dândi.


Não que ela tivesse muito espaço para ser exigente, considerando sua falta de parceiros durante a noite. — Ladies – disse ele, sua voz profunda e baixa. — Milorde – elas responderam em coro. As sobrancelhas de Lady Warren se uniram enquanto procurava pelo salão de baile. — Desculpe-me, devo atender a um problema. Depois que ela saiu, Claybrook sorriu. Era um sorriso agradável, afinal, e Annabelle se viu devolvendo-o com facilidade. — Espero que perdoem minha franqueza, ladies – disse ele. — Eu estava esperando uma oportunidade de ser apresentado pelo Duque de Hartholm, mas nunca consegui pedir-lhe. Espero que meu uso de Lady Warren seja aceitável. Georgina deu uma cotovelada leve em Annabelle quando não respondeu por um momento, e ela foi forçada a fazê-lo. — Claro, milorde – disse ela. — Isso é muito agradável. Estou muito satisfeita que tenha se aproximado de nós, embora tenha certeza de que meu irmão ficaria mais do que feliz em fazer a introdução. Ela lançou um olhar lateral para Georgina, que sorriu com encorajamento, logo antes de se inclinar e dizer: — Foi um prazer muito grande conhecê-lo, milorde. No entanto, vejo minha mãe apontando para mim e devo ir até ela. Tenho certeza de que achará a senhorita Flynn uma ótima companhia. Claybrook assentiu. — Tenho certeza que sim. Boa noite, senhorita Hickson. Georgina inclinou a cabeça muito bem, mas no momento em que estava atrás das costas de Claybrook, fora de sua linha de visão, lançou a Annabelle um olhar cheio de significado que só serviu para aumentar ainda mais seu nervosismo. Ela respirou fundo. — O que está achando da festa, milorde? – Ela perguntou, embora certamente não pudesse dizer que se importava muito com a resposta. Mas era conversa fiada e a ton adorava uma conversa fiada. — Está adorável – ele respondeu. — Um pouco cheia, no entanto. Ela olhou em volta. Cada canto parecia lotado de pessoas. — É verdade – ela concordou.


— Gostaria de dar uma volta comigo pelo salão? – Ele sugeriu. Annabelle olhou para suas mãos, cerradas diante dela. Ela esperava que Claybrook a pedisse para dançar, mas parecia que não o faria. Ainda assim, uma caminhada pelo salão não podia ser descartada. Pelo menos seriam vistos juntos. — Certamente. Ele estendeu um cotovelo e ela enfiou a mão na dobra. Ficou surpresa com a força de seu braço e com a maneira como ele a levou pela grande sala. — Não a vi na sociedade antes, acredito. Annabelle apertou os lábios. Ele estava tocando em um assunto muito delicado. Um que ela estava treinando para lidar. — Minha família é pouco convencional – disse ela, as palavras com um gosto tão falso quanto provavelmente pareciam. Mas Claybrook presenteou-a com um sorriso muito gentil. — De fato, eles são. E, no entanto, isso é a pior coisa do mundo? Annabelle engoliu em seco. O Conde pareceu sincero naquele comentário que quase descartou a reputação dos Flynn. Seria esse um homem que poderia ignorar o nome dela e realmente vê-la? Era difícil dizer nesta fase inicial. Mas a resposta dele deu a ela um fino junco de esperança. Esperança que continuou enquanto passeavam pelo salão. Sabia que os olhares estavam nela, mas conseguiu conversar com Claybrook sobre tudo, desde o tempo até a situação atual nos jornais. E embora ela tivesse que lutar para não falar muito, ser brilhante ou mostrar seu verdadeiro eu, quando se encontravam perto da travessa de ponche meia hora depois, teve de admitir que tinha sido uma conversa muito boa, pelo menos em termos de captura do marido. Claybrook assentiu. — Obrigado novamente por este tempo, senhorita Flynn. Certamente espero vê-la novamente em breve. Ela sorriu com o elogio dele e assentiu. Gostaria muito, lorde Claybrook. Ele fez uma reverência e disse boa noite antes de ir embora, deixando-a observá-lo. E ela assistiu, incapaz de evitar julgar sua forma enquanto ele se afastava.


Quando seu olhar se fixou em seu traseiro magro e liso, ela virou o rosto e as bochechas inflamaram. Deus do céu, o que ela estava fazendo? Olhando para ele assim? Tão íntima e indevidamente? Exceto que ela tinha olhado, e seu estômago revirou um pouco. Claybrook foi muito gentil até agora, sim. Era intitulado e completamente respeitável. Mas não havia faísca lá. Quando o examinou, mesmo que de forma inadequada, não podia dizer que havia um desejo que crescia nela. Ao contrário de quando ela olhou para Marcus Rivers. Girando para encarar a mesa de bebidas, Annabelle rangeu os dentes. O que estava fazendo pensando sobre aquele homem? Não passou dois dias inteiros tirando todos os pensamentos do dono do clube de sua mente? Como ele ousava se intrometer nesse lugar? Este lugar, ao qual ela pertencia. Só que realmente não era assim. E temia que isso nunca acontecesse.

—Rafe não quis entrar contigo? Annabelle deu um pulo com as palavras que vinham da sala e enfiou a cabeça no cômodo escuro para encontrar sua mãe encolhida em um sofá, lendo à luz de velas. — Rafe queria chegar em casa para ver Serafina – disse enquanto entrava na sala e dava um beijo na testa de sua mãe. — Eu não sabia que ainda estaria acordada. Um sorriso foi sua resposta. — Eu provavelmente sempre a esperarei, é um velho hábito. — Deve ter sido terrível quando meus irmãos ainda passavam a noite aqui – brincou Annabelle. Quando a mãe não retribuiu o sorriso, Annabelle sentou-se ao lado dela. — O que foi? – Annabelle perguntou. A mãe dela se mexeu. — Nada. Diga-me, como foi sua noite? Uma estreia. Sinto por não a ter acompanhado, mas o título de seu irmão lhe dá muito mais influência nesses círculos do que eu, acredito.


— Ainda gostaria que viesse conosco uma noite – garantiu Annabelle. — Só para ver a elegância. E minha noite foi... bem, foi uma estreia, suponho. Sua mãe franziu a testa. — Não foi como planejado? Annabelle olhou para o fogo por um momento. — Temo que ninguém tenha me pedido para dançar além do Rafe. Fui observada por alguns homens. E um punhado falou comigo quando eu estava na companhia de outras senhoras. Mas apenas um se aproximou de mim de alguma maneira que pudesse indicar interesse. — Apenas um? Que novatos. Annabelle riu. — Havia muitos deles, sim. Mas foi o Conde de Claybrook quem veio falar comigo especialmente. — Ele não lhe pediu para dançar? – Sua mãe pressionou. Annabelle se mexeu. Quando dito assim, soou um pouco como um acerto. — Não – ela disse lentamente. — Ele não pediu. Mas fizemos uma longa caminhada pelo salão e conversamos. Talvez da próxima vez ele me peça para dançar. Sua mãe ficou de pé e atravessou a sala. Ela se serviu de um copo de xerez antes de olhar para Annabelle. — Não gosto do tom disso. — Tudo bem. Todos sabíamos que não seria fácil. Nossa família evita essa sociedade há tantos anos e há as artimanhas de meus irmãos e até de nosso pai para enfrentar. Elas trocaram um sorriso triste e conhecedor. Ser uma mulher Flynn nem sempre foi fácil. Não, para nenhuma delas. Mas suas provações e preocupações com as relações masculinas as uniram. Annabelle via sua mãe como amiga e confidente. Ela forçou um sorriso. — É claro que o título do Rafe e o dinheiro do meu dote vão ajudar. Em vez de mostrar alívio, o rosto de sua mãe ficou mais fundo. — Parece que um homem se contentará contigo, apesar das suspeitas. Annabelle se encolheu. — Talvez seja o melhor que podemos esperar. No entanto não precisa se preocupar. Eu só escolheria um homem de quem eu gostasse em algum nível. Ela pensou novamente em Claybrook, mas também em Marcus Rivers. Não poderiam existir dois homens mais diferentes. Então, por


que cada um passou pela sua cabeça neste momento? Ela estava obviamente muito cansada. — Ainda assim, não quero que encontre alguém que não possa ver suas boas qualidades - seu humor, sua inteligência, seu talento, sua beleza. Annabelle corou com a declaração de suas qualidades supostamente mais refinadas. Provavelmente era bom que sua mãe não conseguisse ler seus pensamentos às vezes muito sombrios e perigosos, senão não pensaria tão bem dela. — Nem todos podem ter um casamento amoroso – disse ela suavemente. A mãe dela franziu a testa. Houve um momento de silêncio reflexivo novamente e então ela pigarreou. — Acha que o comportamento recente de Crispin voltará para assombrá-lo? Annabelle se inclinou. Havia linhas de preocupação ao redor dos olhos de sua mãe e ela podia ver agora que estava chorando. — O que aconteceu? – ela sussurrou. Sua mãe afundou o queixo. — Vejo que sou muito óbvia. — Mamãe! — Crispin veio aqui hoje à noite, algumas horas atrás. Ele não parecia bem. Annabelle apertou os punhos ao lado do corpo. Nem ela, nem Rafe, haviam contado à mãe a estranha noite que Crispin passara no Donville Masquerade. Isso só a preocuparia e não resolveria. — Ele estava bêbado? – Annabelle sussurrou. — Acho que tomou um drinque – admitiu a mãe. — Mas não estava bêbado. No entanto, havia um vazio em seus olhos, uma selvageria em seu comportamento que me preocupa muito. Pedi que ficasse aqui comigo, mas ele recusou. — Ele disse para onde estava indo? – Annabelle perguntou, pensando novamente no Donville Masquerade. De Marcus Rivers. Ela piscou e tentou manter o foco na resposta de sua mãe. — Ele disse algo sobre um jogo de cartas, num tal Donville Masquerade? Annabelle soltou o ar aliviada. Se o irmão dela voltara para o clube de Rivers, havia uma boa chance de ele cuidar de Crispin. Não


entendia por que ele faria isso, mas faria. E havia mais do que a mera explicação de Rivers de que Crispin era um bom patrono. Mas o outro homem saberia quando o irmão realmente atingiria seu limite? Ficaria de olho nele o tempo todo, não importa o quanto? Ele recusaria se fosse isso o que Crispin precisasse ou interviria no momento certo? Essas perguntas assombraram Annabelle. — Receio que o Rafe pareça pensar que o nosso irmão precisa da corda para se enforcar – ela sussurrou. Sua mãe fechou os olhos com força e a dor era evidente em seu rosto. — Detesto pensar que essa será a solução, mas ele pode estar correto. Crispin mudou depois que o Rafe herdou seu ducado. É como se ele estivesse perdido, e não sei por que isso o afetou tão poderosamente. É quase como se houvesse mais, embora ele não confie a mim. Annabelle assentiu. — Ou a qualquer um. — E esse é o ponto material abordado pela atitude de Rafe. Se Crispin não quiser ser alcançado, não sei mais o que poderemos fazer. Ele tem uma mente e corpo sãos e está muito adiantado em sua maturidade. Annabelle bufou com esse comentário. Crispin não estava agindo como um homem "maduro". — Estou surpresa que esteja disposta a ficar do lado de Rafe. — O que mais poderia fazer? Não é como se eu pudesse segui-lo ao clube todas as noites, vigiando-o como uma galinha. – A mãe dela suspirou. — Agora é tarde e acho que nós duas nos sentiremos melhor sobre essas situações depois que descansarmos. Annabelle assentiu, mas quando sua mãe se levantou e a beijou na bochecha, deixando-a sozinha na sala, sua mente começou a girar um plano. Um que certamente poderia colocá-la em mais problemas, mas também poderia salvá-la... e seu irmão.


Capítulo 6

Embora ganhasse dinheiro nas primeiras horas da noite, Marcus sempre preferia seu clube durante o dia. Nas horas tranquilas, antes dos clientes começarem a buscar paixão e lucro, os quartos pareciam enormes em um silêncio sem fim. Ele podia perder-se na estúpida contabilidade ou ler os relatórios e esquecer, mesmo que por um momento, que não merecia nenhuma das riquezas que tirava das costas dos prósperos e titulados. Ele piscou e levantou os olhos para fora das grandes janelas de seu escritório. Lá embaixo, as mesas estavam vazias e a sala ecoava sempre que os servos falavam enquanto se preparavam para outra noite de entretenimento. Normalmente, sentiria prazer com esse fato, mas ultimamente começara a ser incomodado por aquilo que, desesperadamente, impulsionava parte dos membros, seus clientes. Crispin Flynn voltara ao Donville Masquerade na noite anterior e, embora estivesse menos descontrolado, Marcus não pôde deixar de pensar em Annabelle, enquanto observava seu amigo problemático. Annabelle e seus encantadores olhos escuros, sua pele macia, sua expressão triste quando falara do irmão que amava e estava perdendo graças a uma escuridão qualquer que o levava. Annabelle, que Marcus desejava tocar, beijar, possuir em um nível profundamente físico. Houve uma batida leve na porta, e Marcus estremeceu ao ser trazido de volta à realidade. — O que é? – Ele ladrou, seu tom agudo enquanto se movia para acomodar uma crescente ereção graças a seus pensamentos inadequados. Abbot abriu a porta e entrou. Seu rosto longo estava abatido, e Marcus franziu o cenho ao vê-lo. — Por favor, não me diga que ainda está refletindo a respeito de nossa discussão sobre ter permitido que Annabelle Flynn entrasse


na minha carruagem? Normalmente Abbot não era de fazer beicinho, mas eles haviam trocado algumas palavras bastante fortes após a entrada inesperada de Annabelle no covil de Marcus. Abbot balançou a cabeça. — Claro que não. — Então por que seu rosto está tão carrancudo? – Marcus pressionou, levantando-se agora que seu corpo já não o traia. — Porque ela voltou – disse Abbot. Marcus congelou. Ele não poderia ter entendido essa frase corretamente. Abbot não podia estar dizendo que Annabelle havia retornado ao clube - não era possível. A dama cumprira qualquer dever que tinha de perseguir o irmão; estava claro que eles nunca mais se veriam. De fato, Marcus contava com isso para limpar sua mente desses pensamentos perturbadores sobre ela. — Ela quem? – Ele perguntou, odiando como sua voz estava agora rachada e quebrada. — Ela, a maldita rainha. Quem acha é? Marcus passou a mão no rosto. — Está me dizendo que Annabelle Flynn está aqui, no meu clube, às... – Ele fez uma pausa para olhar o relógio. — ...às duas da tarde? — Precisamente. Ela bateu na porta até que o pobre Vale não teve escolha a não ser responder e depois se recusou a sair até vê-lo. Ela e a criada estão no saguão enquanto falamos. Abbot inclinou a cabeça. — Gostaria de salientar que desta vez não é minha culpa. Marcus apertou os lábios. — A mulher é uma ameaça. — De fato. Ele andou até a janela novamente. Dali, não conseguia ver o problema que o aguardava do lado de fora das portas duplas principais. Mas podia imaginá-la perfeitamente, até aqueles lábios carnudos e rosados feitos para o pecado. — Mande-a entrar – ele conseguiu rosnar. — Mas assegure-se de que sua criada fique para trás. — Por quê? – Perguntou Abbot, arregalando os olhos. Marcus deu um meio sorriso. — Se ela insistir em ver um lobo, gostaria de lembrá-la de que ela é uma ovelha. Talvez isso a impeça de voltar aqui.


Abbot assentiu e saiu da sala, mas assim que ele se foi, Marcus quase desabou de volta na cadeira. Ele poderia arruinar um bom jogo, mas seu coração já havia começado a bater de forma irregular no peito com a mera ideia de Annabelle estar tão próxima. Ela não deveria estar. E esperava poder assustá-la. E, no entanto, ele a queria ali. Com ele. Em seu escritório. Com mais ninguém por perto para arruinar a atmosfera. Ele os ouviu na escada e se levantou. A porta se abriu e Abbot a fez entrar. — Deseja mais alguma coisa? – perguntou. Marcus olhou para Annabelle e sem desviar o olhar respondeu: — Não. A porta se fechou e ele sorveu a aparência dela. Seu vestido listrado verde e amarelo apenas acentuava as linhas delgadas de seu corpo. Era caro - mas é claro que seria - e perfeitamente adequado. Fechava na frente. Quanto tempo levaria para removê-lo? — Por que está aqui? – Ele perguntou, sua voz rouca. Ela o observava atentamente, mas a pergunta dele pareceu quebrar o feitiço entre eles porque ela finalmente piscou. — E... eu... – ela gaguejou. Com um palavrão baixinho, o qual estava surpreso que uma dama conhecesse, ela passou correndo por ele e parou na janela, onde ele havia estado pensando alguns momentos atrás. Ela estava de costas para ele, mas a viu respirar fundo algumas vezes, como se quisesse se acalmar. Seus nervos estavam agitados pelo que ela veio dizer ou por causa dele? — É diferente aqui de dia – ela disse, quase como que para si mesma. Ele segurou o olhar nas costas dela, atordoado por ela ter expressado exatamente suas reflexões antes de sua entrada no clube pela segunda vez. — Sim – ele disse, sua voz ainda rígida e formal. — E devo perguntar novamente, por que está aqui? Ela o encarou, e ele viu a determinação em seu rosto e a força da luz em seus olhos. Não podia negar o quanto admirava os dois, mesmo antes de ela se explicar. — Eu tenho pensado muito em Crispin – ela começou.


— Tem? — Sim. Eu acredito que ele pode ter estado aqui novamente ontem à noite – explicou ela. Marcus arregalou os olhos. — Por favor, não me diga que se esgueirou no meu clube novamente ontem à noite. Ela enrugou a testa. — Eu nunca esgueirei no seu clube, senhor! Ele soltou o ar em frustração. — Sabe o que eu quero dizer. Veio aqui ontem à noite, Annabelle? — Não! Eu estava em um baile noite passada. Imaginei que era para cá que Crispin teria vindo pelas pistas que ele deu à minha mãe. – Ela finalmente desviou o olhar. — Eu considerei vir aqui... — Srta. Flynn... — ..., mas eu não fiz isso – ela terminou. — Eu sei que minha fuga assustou o Rafe e não faria isso com minha mãe, pelo menos não sem muito planejamento antecipado, para que não houvesse chance de que pudesse descobrir. Ela está em um estado ruim o suficiente, graças a Crispin. Eu sou a coisa mais próxima de uma filha respeitável que ela tem. Não conseguiria saber que se preocupou comigo. Ela respirou fundo ao terminar essa afirmação. Seu rosto estava vermelho de emoção e seus olhos se iluminaram ainda mais. — Quer se sentar? – Ele ofereceu, desejando, estranhamente, de alguma maneira poder acalmá-la. Ela pareceu refletir sobre o mérito de aceitar sua oferta por um momento enquanto olhava em volta do escritório austero. — Seus convidados, seus membros, eles não... eles não se divertem aqui, não é? Marcus ergueu as sobrancelhas. — Não. Este é o meu escritório particular. Não há entretenimento feito aqui. Claro, através de uma porta logo atrás dela havia um quarto onde ele podia facilmente mudar isso. Mas deixou o pensamento de lado para que se reunisse com os outros pensamentos e sensações inadequadas que essa mulher provocava nele. Ela tocou uma das cadeiras de madeira em frente à mesa dele, deslizando os dedos pela superfície antes de se afundar lentamente


no assento. Ela suspirou como se estivesse segurando a exaustão. — Deve me achar histérica – ela disse sem olhar para ele. Ele deu a volta na mesa e sentou-se na beirada em frente a ela. Olhou-a, observando como a luz atingia seu rosto. — Não – ele disse suavemente. — Está preocupada com seu irmão. Admiro sua lealdade a ele. Embora eu certamente não esperasse que invadisse meu clube antes de abrir. Ela olhou para ele. — Eu não invadi... – Quando ele encontrou seu olhar, ela parou. — Tudo bem, suponho que invasão não seja uma comparação tão ruim. Eu só queria falar com você em particular, antes que houvesse... distrações. — Quer dizer meus clientes – ele disse, pensando no que a pegara olhando apenas algumas noites antes. Ela assentiu, um rubor escurecendo suas bochechas. — Está aqui agora. Fale comigo – ele insistiu suavemente, embora soubesse que deveria mandá-la para casa e provavelmente contar ao duque de Hartholm o que ela fazia quando sozinha. Mas não mandou. Ela balançou a cabeça. — Eu não te conheço, sei disso. E não me deve nada, nem mesmo a bondade que tem demonstrado comigo até agora. Percebo que pareço uma mulher frenética, boba até o âmago, mas meu irmão significa o mundo para mim. Não sei o que levou Crispin a esse comportamento selvagem de agora, mas sei que ele está passando rapidamente ao ponto de ficar fora de controle. E temo por ele, Sr. Rivers. Ela olhou para ele, olhos castanhos luminosos fixos nos dele e criando uma prisão luxuriante, onde ele temia que pudesse ficar preso para sempre e não reclamar. — Rafe acha que sabe o que é melhor para ele, e não posso argumentar com a lógica de sua resposta. No entanto, ele está ocupado com seu novo papel como duque, seu casamento e o bebê que tem a caminho para breve. Talvez, se não estivesse, pudesse ver as coisas de maneira diferente. — Está querendo dizer que ele poderia perseguir seu irmão como deseja que o faça – Marcus disse suavemente.


Ela assentiu, seu rosto se iluminando como se estivesse feliz por ele entender o que ela queria dizer em algum pequeno nível. — Sim. É exatamente isso. Rafe veria que podemos perder Crispin se não agirmos. E não posso perdê-lo. Marcus apertou os lábios. Ela estava formando algo, isso estava claro. Annabelle não tinha vindo aqui para expressar seus sentimentos a um estranho altamente inapropriado. Seu rosto inteligente e brilhante lhe disse que havia mais em sua visita. — E o que quer fazer? – Ele perguntou. Ela se levantou de repente e avançou uma fração. Com ele sentado na beira da mesa, eles tinham quase a mesma altura, e agora o rosto dela estava muito perto do dele. Ele podia sentir seu aroma intoxicante, jasmim inebriante que ele queria obter. — Eu não acho que seria justo pedir para que o vigiasse – ela disse, aparentemente inconsciente do que sua proximidade fazia com ele. Embora sua voz estivesse mais sem fôlego quando ela continuou: — Mas eu gostaria de fazer isso. Eu mesma. Ele se afastou. — Como disse? — Eu quero vir aqui e cuidar do meu irmão – ela repetiu. — Com sua permissão, é claro. Marcus se levantou, e agora eles estavam ainda mais perto. Ele estava enlouquecendo com seu perfume e mal podia ver nada além dela. — Não pode estar falando sério. — Mas estou. Eu não ficaria no seu caminho, garanto. Usarei uma máscara o tempo todo. Eu poderia até pagar uma taxa de filiação, se quiser. — Droga, não é sobre o dinheiro, Annabelle! Ela piscou com a explosão repentina e endureceu. — Então o que é? — Sua segurança, tanto física quanto mental – ele retrucou. — É uma dama inocente, não pode entender. — Eu vi coisas, sabe – ela disse, aquele rubor feroz retornando à sua pele. — Meus irmãos tinham alguns livros que encontrei, li e eram bastante descritivos. Se está falando sobre os atos que eu vi aqui no seu clube, tenho certeza de que o choque acabaria e eu mal os notaria mais.


Marcus balançou a cabeça. Ele a viu ofegar enquanto observava o casal se esfregando um contra o outro na primeira noite em que veio aqui. Ele viu como ela estava concentrada nas intimidades que eles compartilhavam. De alguma forma, ela estava excitada pelos atos, pelo voyeurismo. E oh, como ele gostava dessa ideia. Em um nível profundo e visceral, ele adorava assistir. Ele queria despertá-la ainda mais para aqueles desejos obscuros e ocultos. Era exatamente por isso que não podia permitir sua oferta tentadora. — Eu não pediria que assumisse a responsabilidade por mim – ela insistiu. — Mas eu gostaria de ser o responsável – disse ele. — De qualquer forma, você agora está na Sociedade. Como conseguiria esse feito? Ela olhou para ele por um momento e depois começou a rir. Era um som quente que parecia preencher a sala fria com luz e cor. Entrou por seus ouvidos e se enroscou em seu sangue, estabelecendo-se baixo na virilha. — O que é tão engraçado, senhorita Flynn? — Se esquece com quem eu cresci – ela disse, sua risada desaparecendo em um sorriso brilhante. — Terei responsabilidades a cumprir, sim, mas nada poderia ser mais simples do que desviar de um acompanhante, seja minha mãe ou meu irmão. Posso dizer a um que estou com o outro e, confie em mim, minha família não verificaria essas coisas. Posso dizer que passei a noite com uma amiga ou esgueirar-me pela janela se chegar a esse ponto. Sr. Rivers, não tem ideia da profundidade da minha capacidade de ser uma Flynn em todos os sentidos que funcionam em minha vantagem. Marcus sufocou um sorriso. Era difícil não ficar impressionado com a mulher que estava diante dele. Ela era confiante e brilhante, além de bonita. Mas a ideia de que ela viria aqui, que estaria aqui com ele em seu covil de iniquidades... era tão perigoso quanto tentador. — Os livros de seus irmãos não têm como prepará-la totalmente para o que encontraria entre essas paredes – disse Marcus e se viu avançando até que as saias dela roçaram sua coxa. — O que viu na primeira noite em que veio aqui é apenas o começo.


Para seu choque, as pupilas de Annabelle se dilataram com essa afirmação e sua língua rosa disparou para umedecer os lábios. Olhando para ele com uma expressão de inocência e desejo, de repente ela não era mais uma tentação a qual pudesse resistir. Ele segurou o queixo dela, inclinando seu rosto na direção dele ainda mais. Esperou que ela desse um passo para trás, ou lhe desse um soco, pois tinha certeza de que um ou os dois irmãos a haviam ensinado como fazê-lo ao longo dos anos. Mas ela não fez nada disso - apenas olhou para ele, tremendo de antecipação. Qualquer pequeno fragmento de civilidade que ele possuía, flutuou na expiração severa de sua respiração, e ele abaixou a boca e reivindicou seus lábios, exatamente como sonhava em fazer desde o primeiro momento em que a viu tantos anos atrás.


Capítulo 7

Annabelle já havia sido beijada antes, mas essas carícias empalideceram em comparação com Marcus... sua posse. A boca dele inclinou-se sobre a dela, exigindo a entrada que ela não tinha escolha a não ser ceder. A língua dele passou por seus lábios, massageando e provando, provocando e tentando, e sem sentido, ela gemeu profundamente. Aquele som baixo só o induziu. Os braços dele a envolveram, arrastando-a para ele, e ela ficou impotente para resistir aos desejos animais que ele alimentava nela. Ficou na ponta dos pés para se aproximar ainda mais dele. Ele tinha um gosto tão bom, como hortelã fresca com um toque de whisky defumado. Ela poderia facilmente se afogar nesses sabores, perder-se inteiramente enquanto deixava sua língua se enredar na dele. Sua resposta pareceu alimentá-lo ainda mais. Ele soltou seu próprio gemido, e então suas mãos deslizaram pelos lados dela. Ele segurou suas costas através do vestido e puxou-a contra ele ainda mais. Ela sentiu o comprimento rígido de sua ereção contra a barriga. Sua mente relampejou para imagens da primeira noite em que ela veio ao clube de Marcus. Para o homem e a mulher emaranhados, como eles se fundiam em um ritmo sensual. Como o homem segurou o traseiro nu da mulher. Ela queria fazer essas coisas. Ela queria entregar seu corpo a esse homem e fazer com que ele a ensinasse sobre os desejos sombrios que às vezes a ultrapassavam em sua cama e faziam seus dedos trabalharem loucamente em seu sexo. Ela queria ser dele. Os pensamentos a fizeram sacudir em choque, e ela apertou as mãos no peito dele e empurrou. — Não – ela disse, mas a palavra não tinha calor por trás.


Apesar disso, ele imediatamente a soltou e voltou a sentar-se na beira da mesa. Ele não disse nada enquanto ela se afastava dele, mas a observava com tanta intensidade que ela não teve escolha a não ser afastar-se apenas para se lembrar de como respirar. — Sinto muito, Sr. Rivers. Tenho certeza de que deve pensar muito baixo de mim – ela sussurrou. — Por que eu pensaria menos de você, Annabelle? – Ele perguntou, sua voz suave e sedutora sobre o ombro dela. Ela não pôde deixar de se virar e achou sua expressão totalmente ilegível. — Acredito que fui eu quem a beijou. Ela engoliu em seco. Definitivamente isso era verdade. Ela poderia querer beijá-lo, naquele lugar escuro que ela precisava destruir, mas nunca teria sido tão ousada a ponto de realmente instigar a carícia. — Mas eu... eu correspondi – disse ela, balançando a cabeça enquanto revivia essa resposta em cada terminação nervosa de seu corpo trêmulo. — Sim, você fez isso. Mas, novamente, eu não posso julgá-la. Na verdade, eu gostei muito. O calor encheu suas bochechas, e Annabelle lutou muito para se lembrar de seus objetivos. Os desejos dela. A respeitabilidade não seria encontrada com um dono de clube famoso que despertou seus piores anseios. — Ainda assim, eu não posso – ela sussurrou. — Portanto, eu não deveria ter permitido tão ansiosamente essa transgressão. — Não pode, Annabelle, ou não quer? Annabelle apertou as mãos. A pergunta dele estava no centro da situação atual dela. Sim, ela poderia ceder ao que seu corpo parecia querer mais e mais. Ela poderia marchar até a mesa de Marcus e continuar o que eles começaram. Mas ela não iria, porque sabia que, uma vez que se rendesse àquela parte de si mesma, aquele elemento Flynn que assombrava todos os seus pensamentos e ações, não haveria como voltar atrás. E para uma mulher como ela, muito provavelmente haveria ruína e dor. — Ou não poder ou não querer, o resultado é o mesmo – disse ela. — Não sou como eles. Não posso ser. Ou não quero ser. Pode


escolher se isso lhe agrada. Ele não parecia satisfeito enquanto a olhava, como se a tivesse segurado e prendido no lugar. Ela não tinha ideia dos pensamentos dele e descobriu que desejava sabê-lo. Rivers era... fascinante. Ele se levantou e se moveu para sentar-se adequadamente em sua mesa. A barreira entre eles tornou mais fácil respirar, e ela se permitiu se virar para ele enquanto esperava sua resposta. — Seu irmão é um visitante regular aqui às terças e quintas-feiras – disse ele, seu tom brusco e profissional novamente. — Ele vem em outros momentos da semana, mas esses são os momentos em que quase posso garantir que ele estará aqui. Ele vem por volta das dez da noite ou mais. Ela piscou. — Está dizendo que me permitirá acesso ao clube para vigiá-lo? Ele hesitou, e ela pôde ver que aquilo era realmente uma luta para ele. Se era porque ele não queria o problema de ela vir aqui ou porque sentia que ela estaria em perigo ou simplesmente estava chateado por ela ter se afastado do seu beijo, ela não sabia. Depois de um momento, ele disse: — Sim, pode vir nessas noites. E tentarei informá-la de outras vezes que Crispin chegue ao Donville Masquerade. Seu coração deu um salto e ela se aproximou. Ele a observou, e seu corpo reagiu de acordo. Ela ignorou a resposta de formigamento. — Quinta-feira é amanhã– afirmou. Ele assentiu. — Sim. Se vier, traga uma máscara e a coloque antes de sair da carruagem. Verifique se a sua criada também terá uma, se insistir em trazê-la como fez hoje. Ela será levada para a área de servos. Annabelle apertou o lábio. — Deirdre estará segura lá? — Acredita que a devassidão aqui continua abaixo da escada? – Marcus perguntou, sobrancelha arqueada. — Seria tolice supor que não. Talvez eu não tenha escolha a não ser trazer minha criada e nunca a colocaria em perigo. Marcus sorriu levemente com a resposta. — Às vezes, os aposentos dos empregados ficam loucos, mas aqueles que querem participar do mesmo tipo de diversão que suas senhoras e mestres


precisam ir para uma área diferente. É policiado com tanto cuidado quanto no andar de cima. Ninguém vem ao meu clube e é forçado a fazer o que não queira. Portanto, sua Deirdre estará muito segura, garanto. Sua única preocupação será se ela soltar a língua. Annabelle balançou a cabeça. — Ela não me trairia, tenho certeza. Mas vou ter certeza de que ambas tenhamos máscaras. Há outras instruções que eu deva saber? — Na porta, eles precisarão de um nome para compará-lo à nossa lista de membros – disse Marcus. Annabelle congelou. Ela não tinha pensado nesse fato, mas é claro que seria verdade. Parte de como Marcus ganhou dinheiro foi através das associações e ele não podia permitir que ninguém de fora entrasse, tanto por questões financeiras quanto de segurança. — Obviamente, eu preferiria não estar nos seus livros – ela sussurrou. — Embora eu possa lhe dar a taxa, se me disser quanto é. — Trezentas libras por ano para uma associação básica – ele disse suavemente. —Quinhentos para a inclusão do uso de salas privadas. Uma associação vitalícia pode ser comprada por cinco mil libras. Ela piscou. — Isso é mais do que a renda inteira de muitas pessoas. Ele sorriu, mas havia pouco prazer na expressão. — As pessoas estão dispostas a pagar por prazer e privacidade, Annabelle. — Eu posso conseguir trezentas libras – ela começou, mas ele levantou a mão para detê-la. — Eu não pediria uma taxa – disse ele. — Mas tenho um pedido, já que não estará oficialmente em nossos livros. Annabelle quase caiu de alívio. Ela tinha o dinheiro, é claro, mas remover secretamente isso de sua conta, provavelmente levantaria as sobrancelhas do advogado. Ele relataria a atividade à mãe dela e provavelmente a Rafe. E ela não podia imaginar que qualquer um ficaria feliz em saber em que gastou seus fundos. — O que seria, Marcus... – Ela parou abruptamente e levou a mão à boca. Ela acabara de chamá-lo pelo seu nome? — Sinto muito, Sr.


Rivers. Os olhos dele brilharam e ela viu seu desejo o mais claramente possível. — Agora eu tenho dois pedidos. Ela fechou os olhos com força. Aquele tom hipnótico e sedutor não podia ser um bom presságio. — E quais são eles? — Primeiro, me chamará de Marcus, pelo menos quando estivermos sozinhos. Os lábios dela se separaram. A intimidade do seu primeiro nome era quase tão grande quanto a intimidade do beijo que haviam compartilhado. E ela já havia deixado claro que nunca poderia repetir o beijo. Mas o que ela poderia fazer, negar-lhe esse pedido simples e comprometer o benefício que ele estava lhe permitindo? Isso pareceu muito tolo. — Muito bem, Marcus – ela sussurrou, odiando-se pelo quanto isso a levou a dizer o nome dele em voz alta novamente. — Qual é a sua segunda exigência? — Pedido – ele a corrigiu. — E o segundo é que, quando vier ao saguão, dê ao meu homem o nome de Jasmine. Me certificarei de que esteja na lista de convidados permitidos e protegerá sua identidade. Também sinalizará para minha equipe que deverá ser trazida diretamente para mim. — Se importa se eu perguntar por que escolheu o nome Jasmine? Ele segurou o olhar dela com firmeza. — Porque você cheira a isso. Ela ficou presa a essa simples afirmação e ao olhar muito complexo em seu rosto. Este homem a queria. Ele a queria muito. Mas ela já esteve em um quarto com ele antes e não tinha percebido, então por que agora? A menos que simplesmente não tenha querido ver antes. Afinal, a intensidade dele sempre a incomodara, fazendo-a pensar nele por dias depois de qualquer encontro. — Disse que sua equipe me trará até você, por que isso? – ela perguntou, desta vez sua voz não mais que um coaxar seco. Ele se recostou na cadeira. — Para que eu possa protegê-la, Annabelle.


— Por quê? – Ela sussurrou, incerta de que estava pronta para ouvir a resposta, mas desesperada para fazê-lo de qualquer maneira. — Porque eu quero – ele disse entre dentes. — Agora, sem mais perguntas. Vá para casa, Srta. Flynn, e até amanhã à noite. Ele inclinou a cabeça e seu foco voltou ao livro sobre sua mesa. Ela o observou por um momento, apesar de sua dispensa e não pôde deixar de tremer com a curva sensual de seus lábios e com a perfeição angular de sua mandíbula e bochechas. Ele era muito bonito, o maldito. E ele estava certo. Era hora de ir antes que ela fizesse mais papel de estúpida do que já tinha feito.

A carruagem virou na rua, afastando-se da estrada particular e protegida do Donville Masquerade, antes que a criada de Annabelle cruzasse os braços e a encarasse do outro lado. Ela se mexeu com desconforto. Deirdre não parecia satisfeita. — Annabelle, você sabe que tipo de lugar é esse de onde acabamos de sair? – Sua criada começou, os tons claros de seu sotaque irlandês fortalecidos pela alta emoção. Annabelle quase riu ao pensar em sua primeira noite no clube de Marcus e tudo o que tinha visto. — Sim. Os olhos azuis de sua criada se arregalaram com a resposta afirmativa de uma só palavra. — Eu não entendo. Annabelle levantou a mão para cobrir o rosto. Deirdre era sua criada há quase uma década e Annabelle sabia que podia confiar nela. Certamente Deirdre nunca sussurrou para ninguém sobre as excentricidades da família, e Annabelle podia imaginar que sua criada tinha sido questionada sobre eles abaixo das escadas, pelos servos espiões de outras pessoas. — Sabe que Crispin está sofrendo – Annabelle sussurrou. Sua criada corou um pouco e assentiu. — Sim senhorita. — Ele vai para aquele lugar, para os antros, para jogar e... — Ela balançou a cabeça. — E Deus sabe o que mais. Consegui que o


dono desse clube em particular, o Sr. Rivers, concordasse em me deixar vir vigiar meu irmão à distância. A criada recuou. — Não pode querer ir a esse lugar à noite, quando há pessoas fazendo... fazendo coisas impróprias para os olhos e a presença de uma mulher! Annabelle, olhou pela janela. — Eu já fiz isso uma vez — ela meditou suavemente. Deirdre emitiu um som estrangulado e Annabelle franziu o cenho. Se essa foi a reação de sua criada, ela só podia imaginar que a resposta daqueles em seu novo círculo dentro da sociedade seria pior. Afinal, eles não davam a mínima para ela e estavam predispostos a vê-la da pior maneira possível. — Eu sei que não tenho direito de lhe dizer o que fazer — disse Deirdre. — Mas não posso me sentir à vontade com essa ideia de a senhorita vir a esse lugar apenas comigo como acompanhante. Não pode falar com sua mãe ou com o duque? Annabelle desviou o olhar da cena do lado de fora e voltou para a criada. — Não! Por favor, Deirdre, nós estamos juntas há muitos anos. Me conhece e conhece minhas lutas graças à reputação da minha família. Deve saber que eu nunca me colocaria em perigo, principalmente agora que tenho chance de encontrar respeitabilidade. — Mas pode não ter escolha em um lugar como o Donville Masquerade – Deirdre argumentou, as mãos apertando e abrindo no colo. — Se sua família soubess... — Estou implorando para que não os envolva – interrompeu Annabelle, estendendo a mão na carruagem para colocá-la sobre as de Deirdre que estavam apertadas. O pé de Deirdre batia nervosamente. — Mas senhorita... — Entendo suas hesitações completamente e aprecio sua preocupação em meu nome mais do que jamais poderia saber – disse Annabelle. — Mas não vou ficar sozinha. O Sr. Rivers é amigo dos meus irmãos e ele concordou em cuidar de mim enquanto estou dentro das paredes do clube dele. Deirdre piscou. — Sr. Rivers – ela repetiu incrédula. — E a senhorita confia neste homem, apesar de seu envolvimento em um


lugar tão chocante? Essa pergunta levou as explicações e súplicas de Annabelle a uma parada brusca. Ela confiava em Marcus Rivers? Ela mal conhecia o homem, e ele já violara severamente o decoro beijando-a com tanta paixão. Essas eram boas razões para desconfiar dele, e ainda assim ela não desconfiava. Ela se sentia... segura quando estava com ele. Segura, e muito mais. — Sim – disse ela, inclinando a cabeça para o caso de seu inesperado desejo pelo homem estar muito óbvio em seu rosto. — Sim, eu confio nele. Deirdre cruzou os braços. — Eu não seria tão ousada a ponto de ir contra o que a senhorita está solicitando, mas quero que saiba que não gosto. Annabelle assentiu. — Eu entendo totalmente, Deirdre, e agradeço seu acordo em manter o que estou fazendo entre nós. Rodaram por um tempo em silêncio, mas Annabelle não pôde deixar de pensar uma e outra vez em Marcus Rivers. Deirdre pode não gostar do arranjo que ela fez, mas Annabelle não pôde deixar de temer que ela estivesse gostando demais.


Capítulo 8

Abbot passeava pelo escritório de Marcus, seu rosto normalmente calmo brilhava com cores raivosas e seus movimentos bruscos e erráticos. — Não acredito que tenha feito uma barganha tão tola com Annabelle Flynn, Rivers! – Abbot repetiu o que parecia ser a décima vez desde que começaram essa discussão altamente desagradável, nem meia hora antes. — E então nem me informou? Marcus arqueou uma sobrancelha. — Acredito que era o que estava fazendo quando começamos a conversar esta noite. — Esse é o ponto - esta noite. Poderia ter me dito ontem ou hoje de manhã ou hoje à tarde. Mas esperou até o clube abrir para contar esse seu segredinho. — E o que resultaria de lhe contar uma hora atrás ou dez horas atrás? – Marcus perguntou, mantendo o tom suave enquanto observava Abbot andar de um lado para o outro. — Eu poderia ter tido tempo para me preparar! — Ela é uma mulher, Paul – Marcus disse suavemente, passando para o primeiro nome de seu amigo. — Não é um exército invasor. Mas mesmo enquanto se despedia dela, Marcus podia admitir, pelo menos para si mesmo, que ele estava se preparando para o retorno de Annabelle desde sua partida no dia anterior. Era tudo o que ele conseguia pensar. Isso e o beijo apaixonado que eles compartilharam. Ele sempre a quis, mas agora sabia que ela o queria também. Esse era um empate quase irresistível. — Um exército invasor é praticamente o que ela é! – Abbot insistiu. — Grande Deus, homem, não pode fingir que não vê os riscos no que organizou. A mulher é inocente, ela não é nem um membro pagante do seu clube e está aqui para espionar alguém que é um membro pagador.


— Está sendo dramático – disse Marcus, embora soubesse muito bem que Abbot era tudo menos isso. — E se alguém descobrir sua identidade e propósito? E que a sancionou? – Abbot levantou as mãos. — A confiança que construiu com seus clientes será destruída, Rivers. Marcus apertou os lábios. Abbot estava inteiramente correto, é claro. O acordo que ele havia feito com Annabelle era escandaloso e perigoso, em mais de um sentido. E, no entanto, ele não tinha intenção de voltar atrás. — Como alguém iria descobrir? – Ele pressionou. Abbot abriu e fechou a boca enquanto cuspia: — Muitas maneiras para contar. Não menos importante é que alguém poderia reconhecer a senhorita Flynn. — Ela é muito motivada a proteger sua identidade e reputação, garanto. – Marcus disse, engolindo o repentinamente gosto amargo em sua boca quando pensou em como ela se afastara dele na tarde anterior. O beijo que eles compartilharam o assombrava desde então. Mesmo agora, seu corpo começou a reagir à mera lembrança de segurar Annabelle contra ele, seu corpo esbelto tremendo quando ela retribuiu o beijo com um fogo digno de uma deusa. Abbot suspirou e tirou Marcus de seus pensamentos. — Não sinto, em sã consciência, que eu poderia cuidar dela. Não com tudo o mais que devo fazer. — Não estou pedindo que faça isso. Abbot olhou para ele. — Mas..., mas alguém deve fazê-lo. Certamente não pretende deixá-la perambular pelos aposentos sozinha, não com as atividades em que seus clientes se envolvem abertamente. — Eu vou protegê-la. – Marcus disse isso em voz baixa, porque sabia o poder dessas palavras. E o impacto. Ele não ficou desapontado. A boca de Abbot se abriu. — Você. — Sim. — Mesmo que esteja dirigindo o clube, tentando acompanhar os livros, lidando com os desordeiros e ostentosos, dedicará um tempo de sua agenda para cuidar dessa mulher.


— Acho que foi o que acabei de dizer – Marcus falou demoradamente. Abbot olhou para ele pelo que pareceu uma eternidade, e então cruzou os braços. — Gosta dela. Marcus se afastou da mesa, as pernas da cadeira gritando no chão de madeira. — Não seja ridículo. — Faz todo o sentido – refletiu Abbot, ignorando a negação de Marcus. — Não consigo pensar em outra razão pela qual não a expulsou na primeira noite em que ela se forçou a entrar. Por que faria essa barganha tola com ela para permitir que espionasse Crispin Flynn? Marcus cerrou os punhos ao lado do corpo. Ele sempre teve muito cuidado para esconder suas emoções, mesmo dos mais próximos. Mas agora Paul Abbot parecia ver através dele como se nada além de um véu translúcido cobrisse sua alma. — Já terminou? – Ele perguntou. Abbot deu de ombros. — Sim. — Bom. – Ele bateu a mão em sua mesa. — Eu não tenho que me explicar. Posso administrar bem meus negócios, como faço há quase uma década. Apenas certifique-se de que 'Jasmine' seja conduzida até mim no momento em que chegar, e então poderá felizmente não se preocupar com ela. Eu me fiz claro? Abbot olhou para ele por um momento, mas Marcus percebeu que seu velho amigo não estava particularmente impressionado com sua repentina nitidez. De fato, ele parecia estar sufocando um sorriso tão irritante quanto sua interferência. — Foi mais claro do que provavelmente gostaria, senhor. E se isso é tudo, tenho algumas coisas para fazer antes que a paixão chegue. — Isso é tudo – disse Marcus entre dentes. Paul fez uma saudação atrevida e saiu, deixando Marcus sozinho em seu escritório, finalmente. Ele se virou para a janela e olhou para a sala principal do clube que enchia rapidamente. Paul foi uma das poucas pessoas que deixou que se aproximasse dele. Essa foi a única razão pela qual Abbot pôde ver seus verdadeiros motivos com tanta clareza. Mas ele tinha que ter certeza de que ninguém mais iria adivinhar o que ele tinha em seu coração.


Especialmente Annabelle Flynn.

Annabelle esperou sua vez de dar seu nome na entrada do clube. Ao seu lado, ela podia ouvir a respiração rápida de Deirdre, um sinal claro de que sua criada continuava desaprovando suas decisões. Mas não podia se preocupar com isso no momento. Tinha que se concentrar em seus objetivos. Marcus. Não, isso não estava certo. Marcus Rivers era uma distração. Seu objetivo era Crispin, fazer todo o possível para ajudá-lo. — Foco – ela murmurou para si mesma. — Perdão? – O criado de libré perguntou quando ela se aproximou. — A... – Ela começou, então se interrompeu. Não podia se permitir ficar tão perturbada a ponto de esquecer. — Jasmine. As sobrancelhas do criado levantaram um pouco, e então ele se curvou. — Claro, senhorita. É esperada. Sua serva pode ir com Carter, e se esperar um pouco, encontrarei alguém para acompanhála ao seu destino. Annabelle assentiu e voltou sua atenção para Deirdre. — Eu não gosto de deixá-la, senhorita... Jasmine – sua criada sussurrou. Annabelle pegou sua mão e apertou suavemente. — Mas vai, eu ficarei bem. Prometo. Se tiver algum problema, peça para que eles me avisem. Mas o Sr. Rivers disse que ninguém deverá incomodá-la. Deirdre franziu o cenho, mas depois assentiu. — Muito bem. Seja cuidadosa. Sua criada se virou e seguiu o outro criado para fora da sala. Uma vez que Annabelle estava sozinha, pensou que algum peso sairia de seus ombros, mas, em vez disso, a ansiedade começou a se acumular em seu peito enquanto aguardava seu destino. Para sua surpresa, quando a porta do salão principal se abriu alguns momentos depois, foi o Sr. Abbot quem apareceu. Ele a olhou


de cima a baixo, e Annabelle ficou tensa quando a mão dela subiu para tocar sua máscara. Dessa vez, ela havia escolhido uma máscara que protegeria sua identidade. Em vez do cinza claro de antes, ela usara um desenho elaborado de azul brilhante com penas de pavão e joias ao redor dos olhos. Ela ficou bastante satisfeita com o efeito até que Deirdre questionou se estava "se vestindo para alguém". Era uma noção ridícula. Annabelle estava se vestindo para ninguém, ela sabia que todas as mulheres aqui usavam máscaras bonitas. Se encaixaria mais fazendo o mesmo, em vez de seguir com algo austero. — Boa noite – disse Abbot enquanto caminhava até ela. — Olá novamente, Sr. Abbot – ela conseguiu gritar. — Nós a aguardávamos. – Ele apontou para a porta principal do corredor. — Embora eu deva dizer que esse fato foi uma surpresa para mim quando o Sr. Rivers me informou sobre isso no início desta noite. Annabelle ouviu a tensão no tom do outro homem e o olhou pelo canto dos olhos. Ele não parecia particularmente feliz por tê-la aqui. — Sinto muito se estou lhe causando problemas – disse ela suavemente. Ele se virou parcialmente para ela enquanto hesitava na porta. — Não me confunda. Entendo sua motivação ao máximo e admiro sua dedicação à sua família. Mas deve entender igualmente que Rivers está arriscando a reputação deste clube, permitindo que venha aqui dessa forma. Espero que esteja consciente disso. Annabelle olhou para ele por um momento, lendo o verdadeiro cuidado que ele tinha por Marcus em seu rosto. — Farei o possível para não prejudicar o Sr. Rivers ou o que ele construiu. — Excelente. – Abbot sorriu e então abriu a porta, levando-a para o clube mais uma vez. Nas últimas vinte e quatro horas, Annabelle havia se concentrado em qualquer técnica que ela pensasse que poderia ajudá-la a permanecer imóvel diante da devassidão que encontraria naquele salão, mas assim que a porta abriu, ela percebeu que tinha sido em vão. Ela foi bombardeada novamente pelos cheiros de incenso, pelos


gemidos daqueles que já exploravam a paixão e pela visão de seios nus, procurando mãos e línguas molhadas. Seu coração acelerou e seus pés vacilaram quando ela ficou atrás de Abbot, seguindo-o pelo corredor. Seu olhar correu para uma mesa onde uma mulher estava deitada com o vestido em volta da cintura e dois homens debruçados sobre ela. Um deles estava com a mão entre suas pernas e a estava acariciando como Annabelle fazia nas noites mais escuras em sua cama. O outro tirou seu membro e a mulher o chupou avidamente. — Oh Deus – Annabelle gemeu baixinho, virando o rosto, mesmo sabendo que a imagem erótica ficaria com ela por muito tempo. Seria alimento para seus sonhos e fantasias, sem dúvida. Ela se forçou a olhar em frente pelo resto da rota sinuosa através do clube. Ela se forçou a não olhar para os jogadores, amantes e aqueles que estavam se preparando para fazer uma coisa ou outra. Se seu irmão estivesse aqui, ela esperaria até que estivesse com Marcus para encontrá-lo, em vez de procurar e encontrar o que ela não queria... não podia querer... ver. Ao pé da escada, um criado estava de pé, como na última vez em que ela veio ao clube quando estava aberto. E assim como da última vez, os olhos do homem se arregalaram quando Abbot passou por ele. Abbot reconheceu o homem com um breve aceno de cabeça, mas não disse nada enquanto guiava Annabelle pela escada e para o escritório que Marcus tinha no andar de cima. Quando Annabelle entrou, ela parou e olhou em volta, preparandose para a presença avassaladora de seu anfitrião. Mas a sala estava vazia. Ela se virou para Abbot com uma sobrancelha enrugada. Como se reconhecesse a pergunta não dita, Abbot sorriu. — Ele estará aqui em breve. Já está ciente que chegou. Para sua surpresa, o outro homem deu meia-volta e saiu da sala sem mais nada a dizer. Annabelle ficou boquiaberta diante da porta quando a trancou, sozinha, no escritório de Rivers. — Eu certamente não entendo a sociedade que Rivers mantém mais do que entendo a ton – ela murmurou enquanto tirava a


máscara colocando-a de lado em uma pequena mesa ao lado da porta e se afastava para o outro extremo da sala. Antes ela se distraíra, mas agora examinava mais detalhadamente o covil de Marcus. Os móveis e outros apetrechos eram simples, sim, mas eram claramente muito finos e caros, refletindo a riqueza que Marcus havia construído aqui. Ela brincou com o relógio na lareira, que marcava nove e quarenta e cinco, antes de atravessar a sala novamente. Ela se viu parando na porta nos fundos do escritório. Ela a notara em sua primeira visita aqui. — O que ele está escondendo? – ela murmurou. Imediatamente, sua mente errante se voltou para um dos contos de fadas franceses que lera quando menina. Um particularmente horrível era sobre Barba Azul, o homem que escondia suas esposas mortas em uma câmara. Ela riu, embora seu estômago palpitasse enquanto agarrava a maçaneta. Ela ficou surpresa quando ela realmente virou e a porta se abriu para revelar não uma câmara de horrores como na história que ela temia, mas um quarto. Um quarto com uma cama enorme como peça central. Uma cama com lençóis de linho que parecia muito convidativa. Marcus a deitaria sobre os lençóis se ela pedisse? E faria mais do que simplesmente beijá-la? Ela engasgou quando fechou a porta. Virando-se inclinou contra ela. A câmara de horrores da história Barba Azul não a teria perturbado tanto quanto a fantasia errante de Marcus a reivindicando. Especialmente porque a segunda parecia muito mais acessível do que a primeira. Ela correu através da sala para a ampla faixa de janelas e olhou para baixo, mas o que viu não lhe deu mais consolo do que a câmara. Havia corpos contorcidos que a faziam querer o que não deveria desejar. As coisas que faziam seu corpo formigar de uma maneira que só poderia ser aliviada se ela se tocasse. Ela se virou e se viu diante da mesa de Marcus. Ela se apoiou na superfície de madeira, respirando fundo e ofegando para se acalmar. — Pare, apenas pare - ela implorou em voz alta. — Não pode ceder a isso.


Lágrimas ardiam em seus olhos enquanto ela olhava sem ver os papéis espalhados pela mesa de Marcus. Mas lentamente ela começou a se concentrar. Sua mente parou de pensar no quarto dele ou nos amantes lá embaixo e começou a ver verdadeiramente o que estava diante dela. Havia alguns livros com números arranhados de maneira bagunçada nas caixas apropriadas - e às vezes impróprias -. Havia algumas cartas que pareciam conter as taxas de associação para o clube, mas ela não conseguia ver onde estavam gravadas no livro. — Que bagunça – ela murmurou enquanto enfiava a mão na cintura e retirava os óculos. Ela os equilibrou no nariz e afundou lentamente na cadeira atrás da mesa enquanto vasculhava as pilhas, tentando encontrar alguma organização no que havia para ser feito. Durante toda a sua vida, ela se interessou por contratos, orçamentos e livros. Estudá-los sempre vinha naturalmente, e seus pais nunca haviam desencorajado sua inclinação. Inferno, ela até havia repassado contratos para o pai e os irmãos, incluindo o contrato conjugal herdado por Rafe no ano anterior. Como sempre, ler e trabalhar em coisas como essa a acalmavam, a afastavam de emoções emaranhadas e pensamentos indesejados e a plantavam firmemente no chão. Logo, ela perdeu a noção de tudo, exceto do que estava diante dela e o que poderia fazer com essa informação. Perdeu-se, até a porta da sala abrir e fechar. Ela pulou e levantou o rosto para encontrar Marcus parado ao lado da porta, olhando-a. — O que diabos pensa que está fazendo? – Ele perdeu a cabeça. Ela piscou e estendeu a mão para pegar seus óculos. Ela os empurrou em sua pele esquecida e ficou de pé. — Eu estava apenas olhando para... — Meus documentos pessoais – ele interrompeu, dando um longo passo em sua direção. Como sempre, ele era impossível de ler. Seu tom era zangado, mas ela não percebeu pela sua expressão se isso era um sentimento leve ou uma raiva. Ele se escondia muito bem. Mas ela corou mesmo assim. — Sim, sinto muito, não queria me intrometer. — E ainda assim fez isso.


Ela torceu as mãos diante dela. Se ele quisesse, poderia expulsála de seu clube neste exato momento e ela não seria capaz de cuidar de Crispin. Ou ver Marcus novamente. Mas é claro que o primeiro era muito mais importante para ela do que o segundo. — Sr. Rivers – começou ela, e o cenho dele se aprofundou. — Marcus – ela se corrigiu ao pensar no que havia concordado no dia anterior. — Estava esperando por você e admito que me distraí com os papéis em sua mesa. Eu tenho um pouco de cabeça para essas coisas e às vezes é difícil para mim resistir à tentação de reorganizar. — Uma cabeça para os negócios? – Ele perguntou, e a raiva em sua voz começou a drenar, substituída pelo choque com suas palavras. Claro, estava acostumada a isso. Os homens sempre ficavam chocados, e frequentemente irritados ou até enojados, com sua capacidade de ler somas e contratos igual ou melhor do que eles. Ela corou. — Eu não deveria ter dito nada. Ele se aproximou novamente e de repente ela ficou muito feliz com a mesa que os separava. Ele estava muito perto e ela já podia sentir o calor irradiando do corpo dele se curvando ao redor dela e a deixando fraca. Ele inclinou a cabeça para ler o livro de cabeça para baixo. — Reinseriu minhas somas? Ela mordeu o lábio. — Sim, me desculpe. Só pensei que ficaria mais claro se elas fossem assim. É um hábito terrível e não posso me desculpar o suficiente. Não precisamos mais discutir isso, e prometo que nunca mais o farei. — Não – ele insistiu, seus olhos verdes escuros a encarando firmemente. — Estou interessado nisto. Como é que uma dama do seu calibre tem cabeça para os negócios? Annabelle piscou. Uma dama do seu calibre. Na ton, ela era uma dama de nenhum calibre para nada, mas Marcus falou sobre ela como se fosse uma descendente direta do rei. — Eu... bem, conhece meus irmãos – ela começou lentamente. — Então deve ter verificado que nossa família não era exatamente... típica.


Ele sorriu de repente, e seu coração gaguejou. Nunca o tinha visto sorrir assim antes e isso fez seu rosto severo repentinamente brilhante e tão completamente, ridiculamente, bonito que mal conseguia respirar. — Típica não é uma palavra que eu usaria – ele falou demoradamente. Ela baixou a cabeça para que a aparência dele não a distraísse ainda mais. — Bem, eu posso ser ainda menos típica do que Rafe e Crispin. Veja bem, eu sempre fui exposta à mesma educação que eles. Meu pai achou que seria muito importante para mim ser inteligente em todos os aspectos. Assim, mesmo quando os meninos foram para a escola, ele insistiu que meus tutores me dessem uma educação espelhada a deles. Para o desgosto dos professores. Alguns desistem de protestar contra um pensamento tão chocante. — Mas seu pai não foi intimidado – disse Marcus. Ela engoliu em seco a dor que sentiu com a menção do pai. Pensar nele ainda era difícil, mesmo depois de todos esses anos. Viver intensa e selvagemente era o seu caminho, mas ele tinha sido gentil e amoroso com ela todos os dias de sua vida. Às vezes, a ferida que a morte dele deixara doía demais. — Não – ela disse, mal permitindo que a palavra fosse carregada. Ela balançou a cabeça, esperando que Marcus não pudesse ver seu estado emocional. — Mas não estou aqui para olhar seus livros ou contar histórias da minha infância. Estou aqui por Crispin. Ele está aqui? Ela estava tentando se concentrar, mas era quase impossível quando Marcus a observava tão de perto. Quando seu olhar encoberto a fazia pensar apenas em sua boca cobrindo a dela com fome e propósito. — Não. Ela piscou com a resposta de única sílaba que a rasgou de suas fantasias. — Como disse? — Seu irmão não está aqui. O pânico aumentou em seu peito com essa resposta. — Ah, mas eu pensei que tivesse dito que Crispin vinha toda terça e quinta às dez.


Ele encolheu os ombros. — Geralmente isso é verdade, mas são apenas dez agora. Ele costuma chegar um pouco mais tarde, então, se quiser esperar, meus homens receberam instruções para vir nos buscar quando e se ele chegar. — E o que vamos fazer enquanto isso? Ela não deveria ter feito a pergunta. Ela entendeu completamente o seu duplo significado e, pela maneira como os olhos de Marcus se iluminaram, ele também sabia. Lentamente, ele contornou a mesa, entrando em seu espaço, fazendo seus joelhos tremerem quando ele se inclinou em um toque muito próximo. Ela queria deixar seus olhos se fecharem, ela queria erguer a boca para ele e ter aquele beijo em que vinha pensando há mais de um dia. — O que quer fazer, Annabelle? – Ele sussurrou. Ela não pôde evitar. Gemeu, só um pouco, mas o suficiente para se humilhar. Suas bochechas ardiam, mas ela não conseguia se afastar do seu olhar cativante e poderoso. Ele sorriu de novo. — Talvez queira me contar mais sobre meus livros. O feitiço foi quebrado com sua sugestão inesperada. Ela corou. — Está me provocando, senhor? Ele balançou a cabeça rapidamente. — Claro que não, Annabelle. Estou muito impressionado com as habilidades que descreveu e com as alterações que pude ver do outro lado da mesa. Eu gostaria muito da sua opinião sobre a minha administração do clube, se estiver disposta a fornecer. Ela o olhou. Ele parecia totalmente sério. Uma parte dela se emocionou por ele respeitar sua inteligência e pedir sua ajuda. Normalmente era apenas sua família que fazia isso, todo mundo ficava chocado com sua capacidade. Mas parte dela também estava decepcionada. Quando ele a espreitou, ela certamente não pensou que ele iria pedir que o ajudasse com sua contabilidade. Esperava que ele a beijasse ou oferecesse perversidades ainda mais decadentes em sua cama atrás da porta no outro lado da sala. Ela estremeceu com o pensamento e prontamente o empurrou para o lado onde não a incomodaria mais.


— Muito bem – ela concordou enquanto apontava para a mesa. Ele puxou a cadeira para que ela retomasse seu lugar, com ele pairando sobre ela, uma distração enorme e bonita. — Deixe-me mostrar onde eu sinto que poderá se organizar melhor.


Capítulo 9

Marcus se inclinou sobre o ombro de Annabelle, fazendo o possível para não se distrair totalmente com o perfume de jasmim de seus cabelos. A única razão pela qual conseguia manter o controle era porque as coisas que ela estava dizendo eram tão malditamente fascinantes. Ele passou anos observando calmamente essa mulher, intrigado com sua beleza e porte, imaginando seu corpo sob o dele e seu sorriso se voltando para ele como uma luz. Agora descobriu que estava tão intrigado com a inteligência dela quanto com qualquer outra coisa. Annabelle não só entendia os quesitos básicos da gestão de um negócio, mas seus pensamentos sobre como reorganizar seus livros não deviam ser ignorados. Ela tinha até pego alguns erros que ele ou Abbot haviam cometido na contabilidade. — Eu deveria contratá-la – disse ele com uma risada. Ela levantou a cabeça e se virou lentamente para olhá-lo pelo canto dos olhos. — Eu... o que disse? — Realmente, tem uma cabeça para os negócios – explicou ele. — Eu poderia usar sua perspicácia. Ela se mexeu e, por um momento, ele pôde ver a curva suave da parte superior de seus seios através do espaço em seu vestido. Seu corpo ficou tenso e todo o desejo que estava tentando reprimir correu de volta à superfície e o fez endurecer. — Eu ficaria feliz em examinar essas contas quando vier aqui – ela disse suavemente. — Se precisar de mim. Marcus se inclinou, cheirando seus cabelos profundamente. — Não deveria falar comigo sobre o que eu preciso, Annabelle. Não quando eu ainda posso senti-la nos meus lábios. Ela engasgou com o comentário altamente inapropriado e se levantou. Quando se virou na direção dele, ela cambaleou para os


seus braços. Ele a pegou, puxando-a contra ele para que pudesse sentir cada centímetro de seu corpo macio e flexível. De quantas maneiras ele poderia tê-la, reivindicá-la? Aqui em seu escritório, lá embaixo nas salas de jogos, na maldita rua, se isso lhes agradasse? Ele foi dominado pelo desejo e segurou o rosto dela para atraí-la para mais perto. Sentiu a respiração dela em sua boca, a vibração de seu corpo enquanto ela se moldava a ele ainda mais perto. Ele estava prestes a reivindicar seus lábios quando houve uma batida forte na porta atrás deles. Annabelle soltou um pequeno grito e se soltou dos braços dele tão repentinamente que quase caiu no chão ao lado da mesa dele. Ela cobriu as bochechas rosadas com as mãos trêmulas, recusando-se a encontrar o olhar dele. Com uma carranca, ele se virou em direção à porta. — O que? – Ele ladrou. A porta se abriu lentamente e o guarda do fim da escada enfiou a cabeça, o rosto pálido como se esperasse punição. — Desculpe interromper, senhor, mas o Sr. Flynn chegou. Marcus fechou os olhos com força. Era muito fácil se envolver em seu desejo cada vez maior por Annabelle e esquecer que ela não tinha vindo aqui por ele, por qualquer calor que estivesse se desenvolvendo entre eles. Ela estava aqui por seu irmão e ele pôde ver, quando se virou para ela, que não seria impedida de cumprir sua missão de salvar um homem que Marcus temia que não quisesse ser salvo.

Annabelle reposicionou sua máscara e tentou acompanhar os passos largos de Marcus enquanto a conduzia pelo corredor principal do clube. Ao seu redor, as paixões e prazeres continuavam, mas seu passo decidido não parecia indicar que ele tinha algum interesse neles. Ela não conseguia entender o porquê. Os gemidos e lampejos de carne no canto dos seus olhos deixaram seu corpo tenso e molhado.


Mas antes ele parecia ter grande interesse nela, então não podia ser um monge. Era tudo infinitamente confuso e excitante de uma maneira que ela não desejava ser despertada. Ele tirou uma chave do bolso e rapidamente abriu uma porta estreita ao lado do corredor. Sem dizer uma palavra, apertou a mão dela e a puxou para uma passagem escura, depois fechou e trancou a porta atrás dele. No escuro, seus outros sentidos foram apagados, e ela parou de respirar enquanto lutava para controlar o pânico que subitamente subiu em seu peito. — O que está... – ela começou, mas ele se virou e levou dois dedos ásperos aos seus lábios. Ela sentiu uma vontade repentina e poderosa de lamber aqueles dedos. — Shhh – ele disse, com a voz baixa. — Deixe seus olhos se ajustarem e lhe mostrarei. Ela se afastou da mão que a distraía e fechou os olhos com força. Depois de uma contagem lenta até dez, ela os abriu novamente e descobriu que o salão não estava mais tão escuro. Havia pequenas lascas de luz ao longo de todo o seu comprimento, embora ela não pudesse entender a fonte delas. Não eram velas ou lampiões. — Pronta? – Marcus perguntou, ainda sussurrando. — Suponho que sim – disse ela, hesitante quando ainda não entendia o que estavam fazendo aqui. Ele poderia fazer quase qualquer coisa com ela. O que deveria ser muito menos agradável do que era. Ele pegou sua mão mais uma vez, seus dedos ásperos acariciando os dela e a puxando pelo corredor. Depois de alguns passos, ele parou e deslizou gentilmente uma pequena porção da parede. Uma coluna de luz brilhante caiu em cascata no corredor, e ela ofegou. Era um olho mágico, levando a uma das salas do outro lado do corredor. Isso explicava as pequenas luzes. Havia meia dúzia de olhos mágicos que revestiam a parede e, mesmo quando estavam fechados, um pequeno feixe da luz da sala que eles revelavam vinha ao redor da abertura. — Mar...


Ele levou um dedo aos lábios para sinalizar que ficasse em silêncio e apenas apontou para a sala. Ela rangeu os dentes e se aproximou para olhar para dentro. Havia uma mesa grande na sala, e nela estavam sentados cinco homens... e seu irmão. Crispin encarou o lugar onde ela estava, mas pareceu ignorar sua presença enquanto ele ria e distribuía uma rodada de cartas para seus companheiros. Era raro vê-lo desprotegido e... bem, mais sóbrio. Ela se inebriou ao ver seu rosto ainda brilhante e o sorriso que poderia fazer alguém perdoá-lo, se ele usasse a seu favor. Levantou a mão para cobrir os lábios, com medo de chamá-lo apenas para vê-lo colocar aqueles olhos claros nela por um momento. Mas sua alegria diminuiu quando ele ergueu o copo de uísque ao seu lado e fez uma saudação aos outros antes de engolir em um só gole. Com um suspiro, ela se virou. Marcus olhou para ela por um momento, depois silenciosamente fechou o mecanismo de espionagem. Eles ficaram em silêncio no escuro por um tempo enquanto ela se recompunha. Então ela se virou na direção de sua forma na escuridão. — Tem esses buracos de espionagem para garantir que seus clientes não trapaceiem? – Ela perguntou. Ela ouviu a risada baixa dele, e mesmo que ela não pudesse ver seu rosto bonito, o som sombrio a atingiu no ventre e depois rolou mais, mais baixo, até que seu sexo começou a formigar. Ela fez uma careta. — Sou engraçada? Ele parou de rir, mas ainda havia o som de um sorriso em sua voz quando disse: — Não, de jeito nenhum. Mas não tenho certeza de que vá querer saber a resposta para sua pergunta. — Eu não teria perguntado se não quisesse – ela disse, irritada diante da provocação dele. Ele hesitou. — Muito bem. Não, minha querida, não é para evitar trapaça. Deixamos que nossos clientes resolvessem esses detalhes, e a maioria é bastante honesta quando se trata de suas cartas.


— Então por que? – Ela perguntou, tentando pensar em alguma razão além de sua sugestão. Ele pegou a mão dela e a puxou para o próximo olho mágico no corredor. Quando ele o abriu, ela se inclinou para frente e seus olhos arregalaram. Nessa sala, podia ver uma cama grande contra a parede oposta, e nela estavam os corpos emaranhados de um homem e uma mulher. Os dois estavam completamente nus e o homem estava deitado entre as pernas dela, lambendo suas áreas mais privadas com muito gosto. Ela arqueava com cada lambida, gritando em puro êxtase. Annabelle se virou e Marcus fechou a portinha. Ela se encostou na parede oposta, desejando poder ler a expressão dele no escuro. — Há quem se empolgue em ver os outros – explicou. — E em ser vigiado. — Quer dizer que eles sabem que pode haver pessoas no corredor observando-os? – Ela perguntou, totalmente chocada com a ideia. Ele assentiu. — Existem muitas salas privadas no clube que não possuem esses dispositivos, por isso quem chega a essas salas sabe que pode ser observado. — Por que não fazer suas atividades no salão principal? – Ela perguntou, sua mente bombardeando-a com tantas imagens sensuais que ela mal conseguia pensar direito. — Há algo mais erótico em ser 'flagrado' do que em flagrante." Ela cobriu o rosto quente com as mãos, tentando controlar a respiração e falhando miseravelmente no ato. — Acredito, senhorita Flynn, que gosta muito de assistir – disse ele. Ela deu um passo para longe em choque. — Como ousa? – Ela sussurrou. Ele estendeu a mão e seus dedos abaixaram a mão dela lentamente. — Como ouso? Eu a vi observar aqueles no salão principal quando veio da primeira vez. E a ouvi prender sua respiração, não apenas em choque, mas com desejo, quando abri o visor desta sala. Na verdade, acho que se eu voltar a abri-lo, não


será capaz de parar a si mesma de ver o que esse casal fará a seguir. — Foi longe demais – ela sussurrou, mas não conseguiu colocar calor em suas palavras. Ela não podia negar que ele estava certo. — Eu sei que sim – disse ele, sua voz agora áspera. — Mas eu não consigo parar. Ele abriu a janelinha pela segunda vez e a luz atingiu o rosto de Annabelle como um tapa. Ela tentou se afastar, para provar a Marcus que ele estava errado sobre ela. Mas os gemidos da mulher na sala agora se transformaram em gemidos de ambos os participantes e ela se viu virando para a cena, aproximando-se mais até poder ver o casal novamente. Eles haviam se virado na cama para que a dama agora estivesse montada no rosto de seu amante. Enquanto ele continuava a lamber, ela se inclinou sobre ele, sugando seu membro profundamente em sua garganta. Annabelle prendeu a respiração. Ela tinha visto essas coisas em livros impertinentes ao longo dos anos, mas nunca pessoalmente. Agora ela observava boquiaberta, incapaz de desviar o olhar, apesar de agora estar provando que Marcus acertara, da maneira mais humilhante possível. O casal continuou se contorcendo até que a senhora repentinamente jogou a cabeça para trás e começou a gritar, não de dor, mas de prazer. Seu corpo tremeu, triturando sobre seu amante até que ela caiu contra o corpo dele fracamente. Ele se sentou e mudou gentilmente a posição deles até ficar atrás dela. Seu pênis duro pressionou a entrada dela, e ele grunhiu quando se empurrou para frente, entrando em sua suavidade sem qualquer hesitação. Annabelle apertou os punhos ao lado do corpo, tentando não sentir a pressão formigante que percorreu seu corpo enquanto observava o casal se juntar em êxtase erótico. Mas quando Marcus deu um passo atrás dela e seus braços a envolveram, ela quase caiu no chão em uma poça de desejo necessitado. Ele não disse nada, apenas afastou os cabelos e começou a chupar o pescoço enquanto observavam o casal diante deles. O


homem estava levando a mulher com grande paixão agora, entrando nela enquanto ela gritava de prazer a cada impulso. As mãos de Marcus cobriram seus seios, e Annabelle recostou-se nele com um suspiro trêmulo. Seus dedos eram como mágica quando ele puxou seus mamilos através do tecido fino, sacudindo-a com cada golpe magnífico. Dentro do quarto, o homem na cama soltou um grito e se retirou, jorrando sua semente nas costas da dama antes que ele a virasse, caísse contra ela e se beijassem profundamente. Marcus estendeu a mão e fechou a janela, colocando-os na escuridão novamente. Mas ele não se afastou dela. Em vez disso, ele a virou até que as costas dela se pressionaram contra a parede e se inclinou, segurando suas nádegas e elevando-a para uma ereção que era muito mais impressionante do que aquela possuída pelo homem que ela acabara de assistir reivindicar sua amante. Ela ofegou, e Marcus percebeu o som com os lábios, beijando-a profundamente, provando-a como se ela fosse um bom vinho e ele estivesse morrendo de sede. Ela colocou os braços em volta dos ombros dele, segurando-o com força enquanto ele se apoiava contra ela. Os lábios dele se afastaram dos dela, deslizando por sua mandíbula e pescoço. Inclinou a cabeça para que ele tivesse mais acesso enquanto sussurrava: — Marcus. Ele congelou, e no escuro ela ouviu sua respiração. Então, inesperadamente, ele a colocou de pé e deu um longo passo. — Marcus? – ela sussurrou, observando a sombra dele na penumbra. — Eu fiz algo errado? — Não. – Ele parecia estar cerrando os dentes. — De jeito nenhum, Annabelle. Só temo que, se não parar, farei algo que não pode ser desfeito. E do qual você provavelmente se arrependeria. Ela piscou. Ele quis dizer que iria levá-la. Reivindicá-la. E enquanto houve um momento selvagem em que ela pensou em se atirar nele para forçá-lo a fazer exatamente isso, uma pequena voz em sua cabeça disse-lhe que se ela permitisse, seu futuro estaria acabado. Nenhum homem respeitável iria querer casar com ela caso se entregasse a um canalha no corredor de um clube de sexo. E,


embora pudesse esconder a verdade por um tempo, lera o suficiente para saber que não seria capaz de fingir que estava intocada na noite de núpcias. — Marcus – ela sussurrou. Ele levantou a mão nas sombras. — Deveria ir, Annabelle. Saia agora. Me certificarei de vigiar Crispin e protegê-lo, se ele precisar de mim. Mas se ficar mais um minuto, não posso garantir que seria capaz de fazer a mesma promessa de protegê-lo. Então vá. Sua voz se elevou na última palavra, a tensão óbvia. Annabelle se virou e quase correu para longe pelo corredor. Para longe do desejo, que, ao que parecia, nenhum deles podia controlar. Para longe do calor da voz que lhe dizia que corria o risco de se perder. E para longe da necessidade que fazia seu corpo sofrer e o seu coração palpitar apenas por este homem que nunca poderia ser o que ela precisava.


Capítulo 10 Outra festa da Sociedade estava em pleno andamento, e mais uma vez Annabelle ficou à margem, assistindo os outros dançarem e se divertirem. Georgina passou nos braços de um conde, de um visconde ou de alguma dessas podridões, sorrindo como se tivesse ganho uma aposta no clube. Annabelle se virou e apertou o punho. As damas não apostaram em clubes. As damas não iam a clubes. As damas não viam outras pessoas se amarem em clubes, enquanto os donos de clubes imorais faziam coisas magníficas com suas mãos grandes e fortes. — Pare – ela disse em voz alta, na esperança de poder limpar sua mente dos pensamentos que a atormentavam há dois dias, desde a última vez que viu Marcus. — Srta. Flynn, está tudo bem? Ela congelou com a voz atrás dela. A voz que aparentemente a ouviu falando sozinha. Ela se virou lentamente para encarar o homem e ofegou quando percebeu que era o conde de Claybrook que se aproximara dela. Ela forçou um sorriso. — Milorde, não o tinha visto. Ele inclinou a cabeça e seus olhos gentis brilharam sobre ela. — Eu diria que não. A senhorita parecia bastante absorta em seus pensamentos. Annabelle soltou uma risada nervosa que era apenas um toque alto demais. Se ele soubesse. — Sim, meus pensamentos – disse ela balançando a cabeça. — Mas o que se fazer, não podemos controlá-los, podemos? Ele franziu a testa agora, a preocupação clara em seu rosto. — Suponho que não. Mas talvez eu possa distraí-la deles. Annabelle sorriu, apesar de parecer muito falso. — Isso seria muito gentil da sua parte. — Talvez uma caminhada lhe faça bem.


Ela fez uma careta. Ninguém a pediu para dançar ainda. E, como Georgina havia apontado uma hora antes, quanto mais a negação continuava, menos provável era que alguém o fizesse. O que significava que sua temporada seria um fracasso abismal. Mas elas haviam formulado um plano para isso. Um que Annabelle abominou, mas colocou-o em movimento, apesar de ter que fazer um beicinho. — Oh, eu esperava dançar esta noite. Eu adoro dançar. Ela viu o olhar de Claybrook mudar para a pista de dança levemente, e a expressão em seu rosto disse que ele relutava em ser o primeiro a conceder-lhe um pouco de aceitação. Ele pareceu lutar internamente por um momento, mas então lhe ofereceu o braço. — Eu não poderia lhe negar esse grande desejo, é claro – disse ele. Ela quase caiu de alívio quando eles entraram na pista de dança. Os casais girando os olharam quando começaram a se juntar aos degraus, e Annabelle desejou que suas bochechas não escurecessem com um rubor. Ela odiava que vissem essa sua fraqueza. — Seus pensamentos sombrios, gostaria de compartilhá-los? – Claybrook perguntou. – Talvez eu possa ajudar. Annabelle vacilou em seus passos. O homem não sabia o que estava pedindo, isso era certo. Se o fizesse, provavelmente a empurraria de seus braços com gritos de "Jezebel!" em seus lábios respeitáveis. — Eu só tive um encontro inesperado com uma pessoa – explicou ela lentamente. — Nada para se incomodar, milorde. Ele balançou a cabeça. — Deve ter sido muito desagradável. — Muito menos do que deveria ter sido – ela sussurrou, mais uma vez cercada por pensamentos sobre Marcus e suas mãos e boca. — Perdão? – Claybrook perguntou. Ela se amaldiçoou por esses pensamentos e sorriu. — Sobreviverei, garanto. — Eu... reconheço que isso deve ser difícil para a senhorita – ele disse. — Mas está se mantendo com nada além de dignidade. Vai ficar mais fácil, tenho certeza.


Ela virou o rosto para ele com as palavras inesperadas. Ele era realmente bonito, apesar de ser quase quinze anos mais velho. Não era Marcus, é claro, com sua mandíbula forte, mãos grandes e a certeza casual em tudo o que fazia e dizia. Mas Marcus era algo que nunca poderia ter. — Obrigada – ela sussurrou. — Se importaria muito se eu pedisse a permissão do seu irmão para visitá-la em um futuro próximo? – Claybrook perguntou. Sua respiração ficou presa na garganta. Uma visita! Era exatamente isso que ela viera buscar na Sociedade, a atenção de um homem muito adequado como este. E ele certamente não era o pior do grupo. Ela assentiu. — Eu gostaria disso. Espero que sim. A música terminou e Claybrook a soltou com um arco apropriado que os distanciou novamente. — Obrigado, senhorita Flynn. E uma noite muito boa para a senhorita. Ela fez uma reverência e voltou para Georgina, que agora a esperava na beira da pista de dança com um sorriso largo no rosto. Mas mesmo que ela sorrisse de volta para a amiga, havia uma parte dela que estava gritando. Afinal, ela tinha o que queria, a atenção de um cavalheiro de verdade. E, no entanto, a única coisa em que conseguia pensar era no homem mais impróprio que ela já conhecera.

Marcus olhou para o livro à sua frente, mas não conseguia se concentrar nos números. Não quando a caligrafia rodopiante de Annabelle preenchia as margens do documento. Não quando jurava que ainda podia cheirá-la nos papéis, na jaqueta, na pele. Durante dois dias, ele não pensou em mais nada além de vê-la, conversar com ela, tê-la. E, embora pudesse se aliviar com a própria mão, isso era temporário na melhor das hipóteses e meia hora após a liberação, os pensamentos atormentadores sempre retornavam. Era uma doença. Essa era a única maneira de descrever sua obsessão.


Houve uma batida leve na porta e ele deu um suspiro de alívio pela interrupção. — Sim? A porta se abriu para revelar Vale. Como o empregado mais velho raramente o visitava em seu escritório durante o horário de funcionamento e, especialmente, tão tarde em uma noite de sábado muito movimentada, não havia dúvida de que algo acontecera. — O que foi? – Ele perguntou. — Está tudo bem? — Sim senhor. Eu acredito que sim. Mas tem uma visita. – O criado franziu a testa. — A senhorita Jasmine voltou. — Jasmine – Marcus repetiu, incrédulo. Ele pensou honestamente que tinha assustado Annabelle permanentemente com seu ardor no corredor de visualização. Teria sido melhor se isso fosse verdade. E, no entanto, todo o seu espírito se elevou ao saber que tão inesperadamente ela estava lá. — Devo permitir sua entrada ou mandá-la embora, porque não a esperávamos? — Traga-a para mim – disse Marcus, incapaz de esconder a emoção de seu tom. — Eu vou vê-la. Vale assentiu e saiu da sala. Depois que ele se foi, Marcus ficou de pé. Por que ela viria aqui esta noite? Crispin não estava presente, ele não ouvira falar de seu amigo estar com problemas... por que ela estaria aqui, especialmente depois do comportamento dele duas noites atrás? Ele não teve chance de refletir mais, pois naquele momento Vale reapareceu, só que desta vez com uma Annabelle mascarada ao seu lado. — Senhor – disse ele, gesticulando para que ela entrasse. Ela hesitou na entrada, seus olhos castanhos escuros voando pela sala e finalmente se fixando em Marcus para revelar perguntas, desejo e tormento que de alguma forma correspondiam aos seus. — Pode ir, Vale – ele disse suavemente, e o criado parecia ansioso para fazê-lo, deixando Annabelle na porta sem outra palavra. Ela passou pelo limiar e ele chegou atrás dela, arrastando a porta devagar e, em seguida, recostando-se na barreira. Ela não falou,


mesmo quando levantou as mãos para remover a mesma máscara bonita de pavão que usara ali duas noites antes. — Annabelle – disse ele depois de pigarrear. — Por que está aqui? Ela balançou a cabeça em vez de responder e andou pela sala, passando por ele até a janela que dava para o império depravado. Cerrou seus punhos contra o amplo peitoril e sua respiração deixou seus pulmões em um suspiro trêmulo. — Annabelle – ele repetiu. Ela olhou para a multidão contorcida abaixo, com lágrimas nos olhos, prontas para cair em suas bochechas rosadas. Marcus olhou, incerto do que a havia perturbado tanto, mas desesperado por ajudála. — O que está errado? – Ele perguntou. — É Crispin? Ela balançou a cabeça e finalmente falou. — Meu irmão, não. Não. Ele está aqui? — Não essa noite. Eu teria enviado uma mensagem se ele tivesse vindo. – Ele avançou, hesitante em tocá-la, porque parecia que sempre que o fazia, perdia todo o senso de controle. — Annabelle, me diga o que está errado. — Eu não quero querer essas coisas – ela sussurrou, uma confissão desesperada que parecia fazer para si mesma, mais do que para ele. Não quero sentir essas coisas. Estou tentando melhorar, tentando ser adequada e, no entanto, não consigo parar de... querer isso. Ele arregalou os olhos quando a mão trêmula dela se ergueu levemente para apontar para a cena abaixo. — Esses pensamentos sombrios me atormentam quando estou aqui – ela continuou — mas também na minha cama em casa. Não posso impedi-los, Marcus. Eu não posso nem impedir que eles se intrometam no meu dia normal. Ele recuou, de repente entendendo. — Está falando sobre desejo? Ela engoliu um soluço. — Sim. – Ela se virou para ele de repente. — Como controla isso, Marcus? Cercado como está por todas essas... coisas... essas pessoas se rendendo às suas necessidades mais básicas. Eu os ouvi sussurrar lá embaixo que sou a primeira mulher que leva para o seu escritório há anos. E quando atravessamos o corredor duas noites atrás, mal olhou para aqueles


que se envolviam em atos tão perversos. De alguma forma, é capaz de controlar sua luxúria. Como faz isso? Marcus mal conseguia respirar. Annabelle estava olhando para ele, olhos arregalados e enevoados, mãos trêmulas com o que ele agora percebia ser uma necessidade que ela não podia controlar. Sabendo que seu corpo estava no limite, sabendo que ela provavelmente estava molhada de desejo... essas coisas tornaram seu corpo duro e quente. — Eu não sei se sou a melhor pessoa com quem discutir controle, Annabelle – ele grunhiu. — Porque quando se trata de você, é quase impossível para mim exercitá-lo. Seu olhar selvagem se apagou por um momento, a compreensão surgindo em seu rosto. — O... o que? — Me ouviu – ele rosnou. — Quero você, Annabelle, quero você há anos. E sempre que está ao meu alcance, tenho vontade de agarrá-la contra mim e reivindicá-la de todas as maneiras que minha mente perversa possa conjurar. Sua respiração diminuiu, sua língua disparou para umedecer seus lábios, e Marcus quase gemeu com o fogo que ela acendia nele. Em algum momento esse inferno explodiria e temia destruir os dois com ele. Era por isso que ela estar aqui era um erro tão terrível. Um que ele não tinha intenção de corrigir. — Mas não me reclama – ela sussurrou e, para sua surpresa, aproximou-se diante de sua necessidade finalmente expressa. — Mesmo quando me beija, não me domina, quando poderia fazê-lo tão facilmente. Diga-me como posso não querer... querendo... Ela parou com um suspiro e um avermelhamento nas bochechas. Marcus fechou os olhos com força. O que ele deveria dizer era que ela devia fugir e nunca mais voltar. Que ela devia esquecer o arranjo deles, esquecer que eles haviam se beijado, que a única maneira de acabar com o calor crescente entre eles era nunca mais se verem. E, no entanto, ele não fez isso. Em vez disso, ele deu o pequeno passo que os separava e a pegou pelo cotovelo. Lentamente, a arrastou contra ele até que seus seios estivessem achatados contra


seu peito, até seu pênis empurrar contra sua barriga, até que ele pôde sentir a respiração dela em seu rosto. — E se a solução para o nosso problema não for resistir ou nos controlar? E se a única maneira de salvar a nós mesmos for ceder? Ela deu um gemido estrangulado e puxou seu abraço. — Não sabe a tentação que está criando, Marcus. Mas não posso ceder. — Por quê? – Ele perguntou, sabendo a resposta, mas precisando ouvir. — Porque eu estou tentando arranjar um marido – ela disse suavemente, seu olhar se afastando dele como se estivesse envergonhada com a admissão. — O que fizermos aqui não seria impedimento. Eu certamente não marcharia para um salão de baile e declararia que é minha. Não seria minha, não importa o que fizermos. Ele disse as palavras que doeram em seu peito. Os lábios dela apertaram. — Talvez esteja certo de que qualquer homem que esteja me cortejando talvez não saiba o que fiz antes de nos casarmos. Mas depois... – Ela limpou a garganta e suas bochechas ardiam com uma cor vermelha brilhante. — Fui levada a acreditar que um homem saberia se sua noiva não fosse virgem. Eu não poderia cometer uma fraude contra um homem que chamarei de marido. Seria uma maneira terrível de começar uma união ao longo da vida. Ele não conseguia controlar o choque que o sacudiu. Ele tinha muita experiência com mulheres de posição e privilégio. Elas enchiam o salão dele todas as noites, cedendo exuberantemente a todos os seus caprichos sexuais. Muitas não vieram aqui para explorar com os maridos, mas pelas costas do cônjuge. Elas não davam a mínima para seus votos. E aqui estava Annabelle, os honrando independentemente de têlos feito ou não. — A situação de sua virgindade é sua única resistência ao que proponho? – Ele perguntou. Ela engoliu em seco, os olhos brilhando de desejo. — Sim. Eu sei que isso me faz parecer uma devassa, mas sim.


— Isso não a faz parecer uma devassa – ele assegurou. — Faz com que pareça viva, Annabelle. Ela franziu a testa e pôde ver que ela não tinha certeza do que ele havia dito. Sua incursão na mais alta sociedade a fazia questionar a si mesma, e ele odiava. — Mas eu posso lhe dar o que precisa – ele continuou, a voz trêmula. — Posso conseguir o que eu preciso, sem penetrá-la. E não importa o quanto eu queira fazer isso... – De alguma maneira ele abafou um gemido. — Juro que não vou, Annabelle. Eu posso te dar prazer, você pode me dar o mesmo, e não a prejudicarei para qualquer homem que tenha a sorte de fazê-la sua noiva. Isso a satisfaz?


Capítulo 11

Annabelle piscou. Ela não podia acreditar que estava tendo essa conversa com Marcus. Ou, mais precisamente, que um homem como Marcus, que obviamente poderia ter qualquer mulher que desejasse, lhe oferecesse algo assim. Será que ele realmente queria dizer que lhe daria prazer, permitiria que ela purificasse seus desejos mais sombrios sem arruiná-la para outra pessoa? Era emocionante, mas no fundo sentiu um desapontamento desagradável que se recusou a analisar ou reconhecer. — Annabelle – ele pressionou, sua voz mal carregando na sala silenciosa. — Receio que deva concordar ou discordar da minha proposta. Eu gostaria de poder ler sua mente, mas não posso. — Eu sinto muito. Acho que entendi o que quis dizer – ela sussurrou. — Eu li livros, vi coisas aqui que parecem agradáveis sem reivindicar completamente. Se estiver disposto a deixar minha virgindade intacta, então eu... eu gostaria muito do que me oferece. No momento em que as palavras foram ditas, Marcus a seguiu. Ele a prendeu de costas para o vidro, pressionou-a contra a superfície fria e a beijou com um abandono tão selvagem que ela quase teve medo. Ali estava um homem sempre no controle que não conseguia se conter quando estava com ela. Mas lhe fez uma promessa, e ela teve a sensação de que ele honraria seus votos. Ela relaxou em seus braços, cedendo ao beijo que sonhara desde a última vez que se tocaram. Ela sentiu a masculinidade dele contra seu estômago e arqueou contra ele, sorrindo quando o movimento provocou um gemido dele que desapareceu em sua boca. Eles se beijaram pelo que pareceu uma eternidade até que ele finalmente se afastou e disse: — Venha comigo. — Por quê? – Ela perguntou, incerta se suas pernas trêmulas permitiriam movimento.


Ele sorriu. — Porque qualquer um que olhar do corredor poderá vê-la pressionada contra o vidro. E não quero uma audiência na primeira vez que lhe dou prazer. Ela corou quando olhou por cima do ombro. Pela primeira vez, a devassidão abaixo não lhe interessava tanto quanto o homem à sua frente. Ela pegou a mão que ele estendia e deixou que a guiasse através da sala em direção ao quarto que ela espionara alguns dias antes. — Por que tem um quarto aqui? – Ela perguntou, incerta se queria saber a resposta, já que provavelmente incluía encontros apaixonados com damas que lhe deram tudo o que ele desejava sem limite. Ele ergueu as sobrancelhas com a mão hesitando na maçaneta da porta da câmara. — E como sabe que tenho um quarto anexo ao meu escritório? Ela corou, mas se recusou a mentir. — Eu, e... espiei da primeira vez que fui deixada aqui sozinha. — E entrou no meu quarto? – Ele perguntou. Ela assentiu. — E vi sua cama e queria... – Ele abriu a porta para revelar a mesma cama da qual ela falava. — E desejei o que estamos prestes a fazer – ela admitiu finalmente. — Eu posso realizar essa fantasia – ele prometeu, puxando-a para dentro, fechando e trancando a porta e depois a puxando em seus braços para outro beijo intenso e profundo. Sentiu que ele a virava em direção a cama, então seus dedos encontraram as presilhas nas costas de seu vestido. Não foi desajeitado quando a soltou, mesmo que não pudesse ver o que estava fazendo. Os dedos dele estavam quentes enquanto passavam por sua coluna através do chemise fino, mas, mesmo assim, ela estremeceu ao senti-los. Ele puxou o vestido para baixo e Annabelle virou o rosto quando o passou por seus braços até ficar pendurado nos quadris. — Eu a imaginei assim cem vezes – ele meditou. A respiração dela ficou presa. Essa era a segunda vez que ele falava em desejá-la por muito mais tempo do que o pouco que ela


esteve em seu clube. Isso poderia ser verdade? Esse homem poderia tê-la querido por tanto tempo? Era uma ideia emocionante. Mas oh, muito perigosa. — Bem assim? – Ela conseguiu gritar antes de colocar os dedos nas dobras do vestido e deixá-lo cair a seus pés. Ela chutou para longe. — Ou assim? — Isso – ele admitiu, olhando-a da cabeça aos pés. Seu chemise frágil fazia muito pouco para cobri-la. O tecido permitia que as pontas escuras de seus seios fossem delineadas contra a seda e era tão curta que, se ela se virasse, ele teria visto o inchaço de suas nádegas sem que ela tivesse que se curvar. Nenhum homem jamais a viu assim, embora ela tivesse se examinado nesse estado no espelho tantas vezes. Ela assistia como tocava a si mesma, fascinada por como seu corpo mudava quando ela encontrava prazer. Seria diferente quando recebesse esse prazer não de seus próprios dedos, mas dos desse homem? Ela seria a mesma, mesmo que ele deixasse seu hímen intacto e ninguém mais soubesse? — Eu também a imaginei em menos – ele sussurrou, invadindo os pensamentos que não podia ler e se movendo em direção a ela. Ele arrastou os dedos pelo ápice do corpo dela até que suas mãos agarraram a borda inferior de seu chemise. Nunca quebrando o contato visual com ela, ele levantou a seda por cima da cabeça e jogou-a para o lado com o resto do vestido. Ela estava nua agora. Com um homem. Com esse homem. Lentamente, ela moveu as mãos para se cobrir, mas ele as pegou para afastá-las. — Não – ele murmurou, seu olhar verde intenso e aprisionador. — Quero olhá-la. Adorá-la. Ela mal podia respirar agora quando ele a queimou, marcando-a com o calor de seu olhar. Tremeu com a intimidade daquilo, como não podia se mover, pensar ou fazer qualquer coisa, exceto ficar diante dele e permitir o que ele desejasse. — Por favor – ela sussurrou, sua voz quebrada. — Eu quero olhálo também.


Seu olhar se levantou. — Eu não sou tão bonito quanto você – ele a alertou. Ela estendeu a mão e a deslizou pelo peito dele. Sentiu os músculos ondularem sob suas roupas e seus dedos tremeram. — Não posso acreditar que isso seja verdade, Marcus. Ela viu a tensão em seu rosto, a máscara de desejo que ele estava apenas mantendo sob a superfície para que não a sobrecarregasse. Ele deu um passo atrás e desabotoou o paletó. Depois de jogá-lo de lado, ele começou a trabalhar no resto, mas demorou-se a desabotoar botões e ganchos. Pareceu levar uma eternidade, mas finalmente ele puxou sua camisa branca por cima da cabeça e a deixou ver seu peito. Ela conteve um suspiro de prazer enquanto o olhava. — É um mentiroso – ela conseguiu gritar enquanto estendia a mão para pressionar os dedos na carne dele. — Como assim? – Ele perguntou, o tom tenso. — Você é lindo. Como um deus. Ela o bebeu, examinando-o à luz do fogo. Ele era musculoso, com ombros largos e definidos. Ela se aproximou, circulando-o para olhar suas costas, também lapidada com músculos. Mas algo mais também. Quando começou a se virar para voltar a encará-lo, ela viu a marca de uma cicatriz que começava no meio de suas costas e se curvava para sua lateral, desaparecendo debaixo do braço. — Marcus – ela sussurrou. Ele pegou a mão dela e a trouxe de volta para encará-lo. Sua expressão era tensa e seca. — Não. — Mas... — Não – ele repetiu. — Apenas me toque, Annabelle. Toque-me. Ela queria perguntar mais, mas podia ver quais seriam os resultados. Se ela bisbilhotasse, ele a afastaria para sempre e isso terminaria antes de começar. Não podia arriscar isso. Ela simplesmente tinha que aceitar que o relacionamento deles seria apenas de paixão, não de segredos compartilhados. Com um suspiro trêmulo, ela colocou suas perguntas sobre a cicatriz de lado e se inclinou para frente,


arrastando primeiro as pontas dos dedos sobre o peito nu e depois os lábios. — Mmmm... A mão dele desceu nos cabelos emaranhados dela. — O que foi? — Eu me perguntei que sabor teria – disse ela entre beijos lambidos. — Delicioso. Ele segurou seu queixo e o ergueu, seus olhos verdes brilhando no escuro. Então esmagou sua boca na dela e a empurrou o resto do caminho até que ela caiu na sua cama. Ela gritou quando ele colocou as mãos sobre ela, engaiolando-a com seu corpo quente e duro. Esmagou a boca no pescoço dela e chupou com força até o prazer se fundir com a menor das dores e suas costas arquearem. — Muito bom – ele ronronou, movendo-se mais baixo para traçar sua clavícula com a língua, mais baixo até que a boca atingiu o inchaço de seu peito. Annabelle gritou quando ele fechou os lábios quentes em torno de seu mamilo direito, e suas mãos desceram para apertar seus pelos grossos e quebradiços. Ele sorriu contra a carne dela, mas não desistiu de seu ataque implacável e prazeroso. Ele girou a ponta da língua em torno do mamilo, chupou com força até formigar e as reverberações de resposta se espalharem por todo o seu ser. E justamente quando ela pensou que perderia toda a razão, ele abandonou o seio direito e voltou sua atenção para o esquerdo, repetindo cada ato até que ela ofegasse de desejo e o elevasse impotente. — E agora vou descobrir o seu sabor – disse ele, levantando a cabeça para olhá-la. Ela ofegou, sua mente mudando loucamente para as imagens de duas noites atrás, quando ela viu o homem e a mulher através do olho mágico no andar de baixo. O homem estava se deliciando com as partes mais íntimas da mulher. — Você, você não pode querer dizer – ela começou. Ele riu, seus olhos se iluminaram com um desejo escuro e perigoso e deslizou por seu corpo, beijando seu estômago, sua coxa.


Finalmente, ele abriu as pernas dela, colocando uma por cima do ombro e se estabeleceu entre elas, olhando para o sexo dela. — Não quer saber como é? – Ele perguntou, seu tom de estímulo e provocação. — Porque eu sei que assistir esse ato a deixou molhada e pronta. Assim como está agora. — Por favor – disse ela, apertando a colcha nas mãos. Ele sorriu para ela. — Por favor, o que? Por favor, faça isso ou pare? — Faça – ela gritou, sua voz embargada. — Por favor! A provocação deixou seu rosto e ele olhou para o corpo dela, molhado. Lentamente, afastou os lábios externos do seu sexo e gentilmente acariciou apenas a ponta do dedo sobre eles. Ela sacudiu com o contato íntimo. Estava sendo tocada lá. Por esse homem. Era como se toda fantasia sombria, todo impulso perverso tivesse chegado a isso. Ela deveria ter se odiado, mas não o fez. Apenas arqueou os quadris, tentando levá-lo para mais perto, tentando-o a fazer o que ela queria, mas não conseguia expressar com palavras. Ele não a negou. Sua boca desceu, se estabelecendo sobre o sexo dela. Primeiro, era apenas uma escova macia e de boca fechada. Ainda assim, acendeu seu fogo. Sua respiração era como pecado e seus lábios impossivelmente macios contra a carne sensível. Mas quase imediatamente a ternura daquele beijo mudou. Ele arremessou a ponta da língua e a cortou pela sua entrada não uma vez, mas duas, três vezes. — Marcus – ela choramingou. Era chocante quanta sensação ele podia persuadir de seu corpo com uma sedução tão lenta e fácil. Ah, ela já havia sentido prazer antes, com a própria mão. Mas não assim. Nunca assim. Isso era explosivo. Poderoso. Inevitável. E ela amava cada momento. Ele afastou as coxas dela e se aprofundou mais, saboreando suas dobras, perfurando sua entrada e finalmente girando sua língua sobre e ao redor da parte sensível do clitóris. Ela arqueou quando a onda repentina de seu orgasmo a atingiu com um poder que nunca havia experimentado antes. Enquanto ele


sugava a tenra coleção de nervos, ondas após ondas de prazer a atingiam, aumentando cada vez mais, sem parar, até que ela perdeu todo o controle e seus gritos ecoaram na sala ao seu redor. E ele lambeu, forçando mais dela, tomando cada gota de sua paixão até que ela desabou, mole e lânguida em seus travesseiros. Ele a acariciou mais algumas vezes com a língua e depois sorriu enquanto subia pelo corpo dela. Ele a abraçou com seus braços fortes e a encarou, examinando seu rosto à luz do fogo. — Isso foi bastante, Srta. Annabelle Flynn – disse ele. Ela mal conseguia recuperar o fôlego. Ele estava tão escandalosamente bonito com os lábios escorregadios dos sucos dela e seus olhos ainda brilhavam com a paixão que eles compartilhavam. E ela queria muito mais. — Foi mesmo – ela murmurou, a mulher má que normalmente mantinha presa dentro dela afrouxada por um momento. Pegou o queixo dele e o puxou para baixo. — Mas acho que ainda não terminamos. Ela pegou a boca dele com a dela, provando o sabor do seu sexo ainda nos lábios dele. Ficou surpresa com o quão excitante era provar a si mesma lá. Ele gemeu contra ela, relaxando seu corpo para que ele a cobrisse completamente. Seu peso era o paraíso, assim como a pressão insistente de seu pênis contra a coxa dela através de suas calças. — Dispa-se – ela sussurrou enquanto se afastava. Ela deu um beijo em seu pescoço nu. Ele se afastou, seus olhos verdes arregalados. — Annabelle... — Não me negaria, não é? – Ela perguntou. — Me negaria a capacidade de agradá-lo como me agradou? Ele olhou para ela. Eu gostaria disso mais do que tudo, mas talvez não esteja pronta para... Ela levantou a mão para cobrir a boca dele. — Marcus, se essa coisa que compartilhamos é realmente destinada a eliminar todos os meus desejos perversos e todos os seus desejos, então não podemos nos conter. Por favor, deixe-me fazer isso. Deixe-me sentir isso.


Podia vê-lo lutando com uma leve vontade cavalheiresca de protegê-la do que ela queria, só que não entendia completamente. Mas a maldade nele prevaleceu finalmente e ele se afastou dela para se levantar. Tirou as botas e depois as mãos hesitaram com o fecho das calças. Ela sentou-se e sorriu para ele. — Marcus, eu confio em você. — Não deveria – ele rosnou. — Meu Deus, não sabe as coisas que quero fazer contigo. Ela riu, embora suas palavras a levassem além da medida. — Tire a roupa e depois podemos negociar. Ele tirou a calça, revelando coxas e panturrilhas tonificadas e o comprimento longo e duro de seu pênis. Ela recuou uma fração. Ele era enorme, perfeitamente proporcional ao resto do seu corpo. Não pôde deixar de pensar em seu sexo apertado. Seria possível que ele pudesse caber dentro dela? Não que isso importasse, já que ele não faria. Ele prometeu a ela. Ela jurou o mesmo. — Mudou de ideia? – Ele perguntou, um sorriso irônico que inclinava seus lábios enquanto ela o encarava. — De jeito nenhum – ela o tranquilizou, lambendo os lábios. — Mas eu gostaria muito de... tocá-lo. Ele deu um passo para a beira da cama, finalmente ao seu alcance. — Como você disse, Annabelle, eu não negaria. Eu não poderia nem se quisesse. — Bom. – Ela estendeu a mão e acariciou gentilmente todo o comprimento dele com as costas dos dedos. Para sua surpresa, sua carne era macia, esticada sobre a dureza embaixo. Ela se sentou de joelhos e acariciou-o novamente, maravilhada com a sensação dele. Ele rangeu os dentes, o ar saindo de seus pulmões em grandes goles enquanto a observava. — Tem a capacidade de testar um homem – ele resmungou. Ela sorriu e colocou o punho em volta dele. — Eu não pretendo testá-lo, Marcus. Só te dar prazer. Ela o acariciou, observando o rosto dele enquanto fazia isso. Ela queria ler suas reações, para ver se seus instintos a levavam ao certo ou se ela precisava mudar. As veias em seu pescoço incharam


e ele jogou a cabeça para trás com um longo gemido enquanto ela acariciava repetidamente. Era inebriante dar-lhe tanto prazer, ver esse homem, muito mais experiente do que ela, começar a tremer enquanto passava a mão sobre ele. E, no entanto, não era o suficiente. Ela pensou mais uma vez no homem e na mulher de duas noites antes. Ele a provara e agora Marcus havia feito o mesmo. Mas a dama também tinha provado o homem dela. Inclinando-se para a frente, Annabelle arremessou a língua e acariciou gentilmente a ponta do membro dele. Ele sacudiu com o contato e abaixou o rosto para olhá-la. — Annabelle – ele respirou, um aviso e um pedido. Ela sorriu para ele e depois o cobriu completamente com a boca. Ela pegou o máximo que pôde, pressionando a língua na parte inferior do pênis antes de gentilmente chupá-lo. Ele balançou um pouco, e de repente a mão dele pousou em sua cabeça, embora ela não tivesse certeza se isso era para encorajamento ou para não cair em uma pilha. De qualquer maneira, ela o manteve na boca e olhou para ele. — Mulher, você pode me matar – ele murmurou, quase mais para si do que para ela. — Mova-se, Annabelle, mova-se sobre mim como viu aquelas pessoas fazendo enquanto assistíamos. Ela assentiu levemente e fez o que ele pediu, deslizando-o quase todo o caminho para fora de sua boca e depois o levando o mais longe que pôde novamente. Para equilibrar-se, ela agarrou a base do eixo dele e acariciou lá também, deixando a umidade da boca lubrificar suas ações. Embora ela só tivesse visto o ato em alguns livros e depois na sala aqui no clube, ela descobriu que realmente gostava de realizá-lo. Havia algo imensamente poderoso em saber que suas ações fizeram Marcus grunhir acima dela, seus quadris flexionando e seus músculos tensos. Poderoso e altamente erótico. Seu próprio sexo, tão recentemente satisfeito por sua língua, ficou ainda mais úmido enquanto ela trabalhava. Ansiava que ele a tocasse novamente. Mas deixou isso de lado, concentrando-se nele. Ela aumentou os movimentos da boca pouco a pouco, levando-o mais fundo, sugando


quando entrava e saia, e finalmente ele gemeu baixo em sua garganta. Para sua surpresa, ele se afastou de sua boca pouco antes de gritar um som incoerente de prazer e sua essência branca e espessa ser disparada dele. Ela o olhou, cativada pelo prazer em seu rosto, aquele que fez com que parecesse mais jovem e mais inocente. Ele ofegou quando caiu, apoiando-se na beira da cama. Se inclinou para ele, pressionando a testa na parte de trás da cabeça dele, e descansaram assim por um tempo até que a respiração deles voltasse ao normal. — Isso foi maravilhoso – ela sussurrou após o que parecia ter passado uma eternidade. Ele levantou a cabeça, forçando-a a se mover. O rosto dele estava a meros centímetros do dela e ele sorriu. — Tenho que concordar. Não esperava que fosse tão competente, Srta. Flynn. Ela encolheu os ombros, embora o elogio a fizesse corar. — Eu te disse, eu li coisas e agora vi coisas. E tudo que eu precisava fazer era prestar atenção às suas reações para ver do que gostava. Ele assentiu devagar. — O que os melhores amantes sempre fazem. Ele se inclinou e a beijou, desta vez gentilmente. Ela desejava se derreter no beijo, continuar o que haviam começado, mas ele se afastou antes que ela pudesse fazê-lo. — Já é tarde, Annabelle – ele disse suavemente. — E deve ir para casa antes que alguém descubra sua falta. Ela apertou os lábios. — Eu... eu posso voltar? Ele inclinou a cabeça. — Pelo seu irmão ou por isso? Ela escorregou da cama e se endireitou, tentando ter o máximo de força possível quando estava completamente nua. — Qualquer um. Ambos. — Eu já te disse que poderia vir aqui para observar Crispin – disse ele. — Esse novo arranjo não muda nada sobre o original. E se ainda sente esses desejos sombrios e perversos e me diz que quer purgálos na minha cama, então agradeço a chance de saborear. Annabelle estremeceu da cabeça aos pés pela maneira como a palavra sabor rolou de sua língua. Ele estava brincando com ela,


embora não parecesse que o fizesse de maneira cruel. — Eu quero mais – ela admitiu. — Tanto receber como dar. Seu sorriso desapareceu um pouco e um brilho surgiu na escuridão de seu olhar verde. — Então não posso esperar até a próxima vez que estivermos juntos. Mas, por enquanto, pegue seu vestido e faremos o possível para consertá-la. Mas, quando Annabelle se inclinou para pegar o vestido que havia descartado há pouco tempo, ela não pôde deixar de se perguntar se algum dia seria “consertada”. Afinal, o desejo que ela sentia em seu coração e em seu corpo por Marcus, não parecia ter diminuído nem um pouco com esse encontro. Já estava sonhando com o próximo. E desejando que pudesse ter mais do que apenas seu beijo íntimo.


Capítulo 12 Marcus se mexeu com desconforto e endireitou a gravata pelo que parecia ser a décima vez desde que fora deixado sozinho na sala do duque de Hartholm. Seu amigo... ou era ex amigo? De qualquer maneira, Rafe o chamou dois dias após seu encontro com Annabelle, exigindo que ele viesse à sua casa. E agora Marcus esperava a chegada do duque e se perguntava por que diabos ele havia sido convocado aqui. Claro, uma razão lhe veio à mente. Annabelle. Rafe sabia sobre Annabelle. E se isso fosse verdade, essa conversa poderia facilmente terminar com pedidos de um duelo ao amanhecer por sua honra. Marcus não mereceria menos. Afinal, ele estava se aproveitando de uma dama, não estava? Voltando seus desejos contra ela, a fim de realizar uma fantasia que teve durante anos? Só que não parecia que a estivesse manipulando quando ela chupou seu membro até na garganta e lhe deu um prazer diferente de qualquer outro que conhecera... talvez em toda a sua vida. A porta se abriu e Rafe entrou. A visão do duque afastou todos os pensamentos inapropriados sobre Annabelle, mas Marcus permaneceu cauteloso ao se aproximar dele. — Sua Graça – ele disse, estendendo a mão. Rafe a pegou sem hesitar, sacudindo-a com entusiasmo. — Estamos em minha casa, Rivers, como eu disse antes, por favor me chame de Flynn. Marcus franziu a testa. — Ainda parece altamente inapropriado que eu o faça. — É – Rafe admitiu. — Mas qualquer momento que eu possa ter a possibilidade de fingir que não sou duque, eu aceito. E quando estou com amigos, permaneço como sempre fui, garanto.


Marcus observou Rafe se mover para o bar lateral e servir as bebidas. Era possível que um homem se intitulasse e permanecesse o mesmo? Ele não podia imaginar que isso fosse verdade. Todos aqueles com títulos que Marcus conhecia se mantinham um pouco separados, revelando a fama e fortuna que a maioria não ganhou, mas tropeçou devido a uma reviravolta do destino na família e na ordem de nascimento. E, no entanto, quando Rafe se virou com um sorriso e estendeu um copo de uísque, seu amigo realmente parecia o mesmo de um ano atrás, muito antes de sua herança. — Como está o clube? – Rafe perguntou, apontando para as cadeiras diante do fogo. Marcus pegou o copo e tomou um gole do uísque antes de falar. — Muito bem, como sempre. Sua associação permanece, você sabe. Rafe sorriu. — Acho que não sou tentado por essas coisas agora que estou casado. Marcus levantou uma sobrancelha. Ele ouvira rumores sobre a beleza da noiva de Rafe, Serafina, embora nunca tivesse visto a mulher pessoalmente. Todo mundo sabia a história de como os dois foram forçados a se casar quando Rafe herdou o ducado e como eles foram cruelmente atacados apenas algumas semanas após o casamento. Ele também ouvira dizer que Rafe estava completamente apaixonado por sua esposa. — Então é verdade que é feliz em suas escolhas... ou com o que foi jogado sobre você sem escolha – Marcus ofereceu, seu tom livre de julgamento. Para sua surpresa, o rosto de Rafe se iluminou. — Inteiramente. Não há momento mais feliz para mim do que aquele em que Serafina foi trazida para mim. As circunstâncias não foram as ideais, mas a mulher é... mais do que isso. Eu a adoro, Marcus. Eu a amo com tudo o que sou. E percebo que está sentindo desconforto agora, porque não pode acreditar que eu me tornaria poético em relação a uma dama, mas sou um homem mudado. Mudado pelo amor. Marcus o examinou atentamente. — Sim eu posso ver isso. E se é feliz, então eu estou feliz por você. Ele levantou o copo. — Para a


duquesa! — Para a linda duquesa – Rafe concordou. Seus copos tilintaram e cada um tomou outro gole da bebida. Foi só depois que ele engoliu que a expressão alegre de Rafe caiu um pouco. — Por mais agradáveis que sejam esses tópicos, não acho que possamos fingir que o convidei para uma conversa dessas. Deve saber o que me incomoda. Marcus apertou os lábios. — Eu posso ter uma noção, sim. Sua mente se encheu de imagens de Annabelle, espalhadas em sua cama no clube. Annabelle arqueando embaixo dele. Annabelle espiando seus livros com os óculos no nariz. — Quero falar sobre Crispin. Marcus piscou. — Er, sim, claro, Crispin. Rafe levantou as sobrancelhas. — Parece surpreso. Há algo mais que deveríamos discutir? Marcus balançou a cabeça. — Não, é claro que seu irmão deve estar em sua mente. Eu só pensei que tinha me deixado perfeitamente claro que se recusava a intervir até que seu irmão pedisse ajuda. Se sente surpresa, esse é o único motivo. Rafe assentiu, aceitando a mentira de Marcus que exalou um longo suspiro. Sua mente estava verdadeiramente confusa e ele não conseguia controlar suas expressões. — Eu mantenho minha afirmação de que Crispin deve desejar nossa ajuda antes que qualquer oferta faça a diferença – Rafe disse, deixando de lado o uísque. Não havia como confundir a expressão perturbada em seu rosto. — Mas me preocupo com ele, independentemente, e tenho pensado na situação desde a última vez que me chamou. Crispin vai ao clube algumas vezes por semana, não é? Marcus assentiu. — Duas vezes por semana, terça e quinta-feira. E ocasionalmente em outros momentos. — Então ele mantém a nossa velha agenda – Rafe meditou. — E ele está sempre fora de controle? Marcus apertou os lábios. — Nem sempre. Eu diria que metade do tempo ele é o antigo Crispin. Ele bebe, mas isso não o torna


imprudente, ele joga, mas ele não perde muito e se entrega às mulheres, embora não tão frequentemente quanto antes.” — E a outra metade do tempo? – Rafe perguntou, seu tom subitamente suave. Marcus mudou — Sabe que não é da minha natureza compartilhar detalhes pessoais de quem entra no meu clube. Isso vai contra o próprio espírito do Donville Masquerade. Mas nós temos uma história, Sua Graça. — Flynn – Rafe lembrou. Marcus inclinou a cabeça. — Flynn. Então eu vou lhe dizer que quando seu irmão perde o controle, ele perde espetacularmente. Ele joga fora centenas, até milhares de libras nas cartas e faz apostas paralelas absurdas. Ele bebe até perder a consciência. Pior, não há prazer nessas ações para ele. Eu vejo seu rosto e é como se ele estivesse... — Perdido – Rafe forneceu. Marcus assentiu. — Essa é a melhor maneira de dizer. Mas posso garantir ainda mais que ele é cuidado, pelo menos no meu estabelecimento. — Por você? – Rafe pressionou. Marcus piscou novamente pensando em Annabelle. — Por mim e os outros. Vou continuar a relatar suas ações, se quiser. —Isso me alivia mais do que eu poderia expressar, especialmente porque sei que essa situação causou problemas a você. Entre Crispin e Annabelle... — Annabelle? – Marcus interrompeu. Rafe balançou a cabeça. — Bem, sim, a pequena façanha dela subindo na carruagem do seu homem e insistindo em ser levada para o seu clube. Foi gracioso com a situação, mas não poderia ter ficado satisfeito com as palhaçadas dela. Marcus lutou contra o desejo de rir de maneira inadequada. — Na verdade, acho sua irmã um pouco fascinante. — Essa é certamente uma maneira de descrevê-la – Rafe disse com um suspiro enquanto bebia a bebida de uma só vez. Marcus arqueou uma sobrancelha, de repente levado não apenas a defender Annabelle, mas também a aproveitar esta oportunidade


para saber mais sobre ela. — A descreveria de outra maneira? Rafe ficou de pé e foi até a lareira encostando nela e olhando para o fogo. — Ela é voluntariosa e selvagem. Não é exatamente inesperado, considerando seu sobrenome. Mas ela também é... muito inteligente. — Uma combinação interessante, de fato – disse Marcus, esperando que ele parecesse suave. — Ela passou a vida se metendo em problemas e depois lutando para evitá-los. – Rafe balançou a cabeça. — Acho que meu irmão e eu não facilitamos as coisas para ela. Quanto mais velho fico, mais percebo o quanto ela perdeu ao longo dos anos por nossa causa. — Tal como? – Marcus pressionou. — Amigos. Reputação. Talvez até uma proposta ou duas. – Rafe passou a mão pelo rosto — Mas agora ela insiste em sua temporada na ton e parece determinada a se casar com um cavalheiro antes do fim do ano. Marcus se encolheu sem transparecer. Isso era apenas um lembrete do que já sabia, o que Annabelle havia dito a ele. Ela nunca havia escondido suas ambições. — Por que está tão resoluta em sua decisão? Rafe se jogou de volta na cadeira. — Quem sabe? Medo de que Crispin, ou eu, possamos destruir sua única chance? Desespero por aceitação e segurança em seu futuro? — Parece muito chato para uma mulher como ela – disse Marcus. Rafe olhou para ele e Marcus mordeu a língua. Maldito seja por deixar escapar as palavras que revelavam demais. Mas Rafe apenas deu de ombros. — Sim eu concordo. Acho que ela poderia fazer melhor do que estar com alguns idiotas que a julgariam por ser ela mesma, adorável, engraçada e inteligente. Mas ela não será intimidada. E tenho certeza de que funcionará como ela espera. Parece ter interesse em um conde, Claybrook. Eu não descobri nada desagradável sobre o homem, então não vejo necessidade de desencorajar o processo. Marcus não disse nada, mas seu estômago revirou com as palavras que seu amigo havia dito. Elas pareciam uma faca em seu


estômago, mesmo que ele estivesse plenamente consciente das atividades e desejos de Annabelle sobre o futuro dela. Rafe balançou a cabeça. — Grande Deus, pela sua expressão, vejo que devo estar entediando-o. Peço desculpas e agradeço sinceramente por falar comigo. Marcus levantou-se, pronto para ser dispensado. — Estou sempre feliz em ajudar, Flynn. Rafe ficou de pé também e deu um tapa no braço de Marcus. — E agora deve ficar para o jantar. Marcus piscou. — Perdão? — A menos que você tenha outro compromisso – Rafe disse, inclinando a cabeça. — Não é isso – Marcus admitiu. — Só que... você é um duque. — E? — E casado – continuou Marcus, esperando Flynn ver a miríade de questões que deveriam manter um homem como ele longe da mesa. Em vez disso, Rafe riu. — E? — Não pode me querer na sua sala de jantar – Marcus disse calmamente, desejando que a dor de ter que dizer essas palavras não fosse tão forte. Rafe enrugou a testa. — Eu o convidei, não convidei? Venha, a família começará a chegar em breve e garanto-lhe que será muito bem-vindo por todos nós. — A família? – Marcus repetiu, tentando não deixar sua mente vagar por lugares inadequados mais uma vez. — Minha mãe – Rafe explicou. — E Annabelle, é claro. Marcus apertou os punhos ao seu lado. Vê-la aqui, em seu ambiente natural, para ser lembrado de quão longe de seu alcance ela realmente estava... Ele não tinha certeza de que poderia suportar isso. — Flynn, eu... Rafe o interrompeu, levantando a mão. — Rivers, eu insisto. Se juntará a nós hoje à noite. Não ouvirei mais discussões sobre isso. Agora, se esperar aqui um momento, Serafina deve estar quase


pronta e eu vou buscá-la. Eu sei que ela está emocionada com a ideia de conhecê-lo. Seu amigo não esperou por uma resposta e saiu da sala. Marcus andou até o fogo onde Rafe estivera. Ele se sentiu tão perturbado quanto o duque parecia então, embora por razões muito diferentes. Coloque-o no subterrâneo e nenhum outro homem no mundo poderia estar mais em paz consigo mesmo. Mas aqui na sala dos titulados, até mesmo um amigo titulado, se sentia muito deslocado. Adicione Annabelle à mistura e Marcus não estava totalmente certo de que esta noite não seria um exercício de humilhação e destruição. E, no entanto, pensar em vê-la o fez se sentir totalmente vivo.

Annabelle cruzou os braços com a mãe enquanto passeavam pela sala atrás do mordomo de Rafe, Lathem. — Estou tão feliz que estamos passando a noite com Serafina e Rafael – disse a mãe com um suspiro feliz. — Embora eu desejasse que Crispin viesse. Não temos uma reunião de família há meses. Annabelle franziu a testa. — Ele foi convidado, mamãe, tenho certeza disso. Talvez ele estivesse simplesmente ocupado em outro lugar. Sua mãe a olhou. — Não precisa tentar me proteger. Eu morava com seu pai, se não se lembra. Reconheço que meu filho está sofrendo. Annabelle fechou os olhos com força. Ela odiava ver sua mãe tão perturbada pelas ações de Crispin. Talvez ela pudesse conversar com Rafe sobre ele hoje à noite, convencer seu irmão mais velho a ajudá-la em seus planos de vigiá-lo e talvez até ajudar Crispin. Pelo menos ela poderia tentar. — Sra. Flynn e Miss Annabelle – disse Lathem, enquanto abria a porta da sala e as deixava entrar. Annabelle forçou um sorriso em seu rosto quando entrou na sala, mas caiu quase instantaneamente, substituída pelo que ela tinha certeza de que era uma expressão de horror absoluto. De pé do


outro lado da sala, conversando com Serafina e Rafe, estava Marcus Rivers. Seu Marcus Rivers. — Mamãe, Annabelle – disse Serafina, atravessando a sala com os braços estendidos. Ela abraçou primeiro a mãe e depois Annabelle. — Estou tão feliz que estejam aqui. Gostaria de apresentá-las ao nosso convidado, Sr. Marcus Rivers. Annabelle continuou a encarar, quase aturdida enquanto observava sua mãe caminhar em direção a Marcus, mão estendida. — Sabe, acho que já nos conhecemos antes, Sr. Rivers – disse ela. As sobrancelhas dele se ergueram de surpresa. — Sim, senhora Flynn, embora deva fazer uns quatro anos. Ela assentiu. — No funeral do meu marido. Annabelle arregalou os olhos de. Sim, Marcus tinha estado lá. Ela tinha esquecido tudo isso entre as camadas de sua dor desde aquele dia, mas agora tudo voltava. Ele murmurou suas desculpas pela sua perda, assim como os outros, mas então... Ela levantou o rosto para olhá-lo. ... Ele apertara o braço dela em um simples, mas completamente inadequado, gesto de conforto. — Seu marido era o melhor dos homens – disse Marcus, seu tom baixo e reverente. — Ele era sim. E agora estou muito feliz em vê-lo novamente em circunstâncias muito mais brilhantes. Conheceu minha filha, Annabelle? Sua mãe virou-se um pouco para ela e Annabelle percebeu que seria forçada a se aproximar dele agora. Falar com ele educadamente e tentar fingir que nunca sentira a boca dele nela, que ele não deslizara as mãos sobre cada centímetro do corpo dela, que apenas pensar nele a fazia doer. — Nós nos conhecemos – Annabelle se forçou a dizer enquanto estendia a mão trêmula. — Sr. Rivers. Que prazer voltar a vê-lo. Os dedos ásperos dele se fecharam sobre os dela e ele apertou sua mão corretamente, mas ela viu em seu olhar um turbilhão e o desejo sombrio por ela que não desaparecia nem em uma sala cheia


com sua família. Sentiu uma contração em seu corpo que a fez afastar a mão repentinamente. — É... é muito bom vê-lo novamente – disse ela. Ele sorriu. — Seu irmão insistiu que eu entrasse em sua festa hoje à noite. Espero que não pense que estou me intrometendo. Foi sua mãe quem respondeu. — Deus do céu – ela insistiu. — Estou sempre feliz em ver um amigo desta família, não importa quanto tempo tenha passado. Marcus olhou para ela, sua surpresa por ser bem recebido absolutamente clara em seu rosto. Naquele momento desprotegido, Annabelle podia ver o quão desconfortável se sentia por estar ali. E a visão dessa vulnerabilidade no rosto de um homem que sempre foi perfeito no controle foi bastante… Sedutora. Rafe atravessou a sala e passou a mão pela cintura da esposa. — Foi o que eu disse a ele, mamãe. — Ele disse realmente – Marcus falou com uma risada. — E tenho o prazer de estar aqui. Annabelle mudou enquanto todos continuavam conversando, como se fosse normal que seu... bem, o que ele era? Seu amante? Não exatamente, mas era o termo mais próximo da verdade. Como eles podiam continuar conversando com seu amante como se isso fosse normal? Ela sentiu que sua própria voz estava muito alta quando disse: — Mamãe, deve ver o que Serafina fez com o berçário. Ela sabia o efeito que esse comentário teria. Apesar da inadequação de sua sugestão com um convidado em casa, o rosto de sua mãe se iluminou. — Eu gostaria de ver. Serafina agarrou as mãos da sogra com um sorriso brilhante antes de olhar para Marcus em desculpas. — Se importaria muito se fugíssemos? Marcus balançou a cabeça. — Claro que não. As duas mulheres correram em direção à porta, Serafina gritando: — Voltaremos em breve. Rafe riu quando elas saíram. — Mamãe está do outro lado da lua com seu primeiro neto.


— Como ela deveria estar – Marcus disse com um sorriso gentil, diferente de tudo que Annabelle já tinha visto. Rafe abriu a boca como se quisesse responder, mas Annabelle correu para preencher o espaço da conversa. — Rafe, se importaria de me pegar uma bebida, eu estou ressecada. — Certamente – disse o irmão lentamente. — Do que gostaria? Ela sorriu. — Um pouco daquele madeira especial de Serafina. Seu irmão deu um sorriso. Era sabido que ele encomendou a bebida especialmente para sua esposa, porque era a favorita dela. — Receio não ter nenhum nesta sala. Ela esconde, eu acho – ele disse com uma risada. Annabelle inclinou a cabeça. Se importaria de buscar uma garrafa? Sonho com isso desde a última vez que vim aqui e dividi um copo com ela. Rafe apertou os lábios. — Vou pegar sua bebida, Annabelle. Mas se quisesse conversar com o Sr. Rivers sozinha, poderia ter falado. Eu sugeriria pedir desculpas a ele novamente por ter entrado furtivamente em sua carruagem. Ele balançou a cabeça quando saiu da sala. Annabelle olhou para ele, as bochechas em chamas. Mas foi rapidamente trazida de volta à realidade quando Marcus tocou seu braço. — Está planejando se desculpar? Ela girou para encontrá-lo sorrindo para ela, olhos dançando. — Não, claro que não – disse ela. — Mas temos apenas alguns minutos antes que ele volte. — Mas o que uma pessoa pode fazer em alguns minutos – ele disse, mas não fez nenhum movimento para tocá-la. Ainda assim, sua implicação a fez estremecer, mesmo assim e levou toda a sua força de vontade para se concentrar no que precisava dizer. — Por que está aqui? O sorriso dele vacilou. — Como eu disse, seu irmão me convidou. — Para jantar? Ele encolheu os ombros. — Essa não foi a razão inicial da minha visita, não. Ele me chamou aqui mais cedo. Seus olhos se arregalaram e ela agarrou as mãos ao lado do corpo. — Ele sabe?


Marcus arqueou uma sobrancelha enquanto falava: — Sobre nós? Ela assentiu, lançando um olhar por cima do ombro para se certificar de que Rafe não se apressara em recuperar o vinho. — Sim. Ele cruzou os braços. — Acha que seu irmão me convidaria para jantar, se ele soubesse que eu a fiz tremer, gemer e gritar meu nome na cama? — Marcus! – Ela explodiu, os olhos arregalados com a descrição dele e o corpo tremendo e formigando, apesar da profunda inadequação de toda essa situação. Ele deu um sorriso lento, e seu sexo se apertou quando a umidade traidora se reuniu ali. Maldito seja por fazê-la tão fraca. — Ele não adivinhou nada – ele a tranquilizou. — Até onde ele sabe, a última vez que conversamos foi a primeira noite em que invadiu meu clube." Ela soltou um suspiro de alívio, mesmo que seu corpo não pudesse encontrar nenhum. — Então por que ele te chamou aqui? — Crispin – ele disse com um encolher de ombros. — Não é a única preocupada com ele. Ela se inclinou. — Oh, Marcus, isso significa que ele ajudará nosso irmão? Ele a encarou por um instante, sua expressão ilegível. — Os sentimentos dele sobre a queda de seu irmão permanecem os mesmos, Annabelle. Ele esperará Crispin pedir ajuda. Ela se virou, todo desejo esmagado naquele momento de total decepção. — Como ele pode ser tão insensível?" Os dedos de Marcus se fecharam em torno de seu braço e ele lentamente a virou de costas para ele. — Ele não está sendo insensível – ele a tranquilizou. — Rafe está obviamente profundamente preocupado com Crispin e pediu muitos detalhes sobre suas atividades. E ficou satisfeito por eu estar cuidando dele. Ele não está indiferente às dificuldades de Crispin, Annabelle. Ele simplesmente tem uma tática diferente para lidar com elas. A manga do vestido dela era curta e, quando ele moveu o polegar em um toque suave, ele tocou sua pele nua. Ela estremeceu, seus


olhos se fechando por vontade própria. O que ele conseguia fazer com ela. — Marcus – ela sussurrou, mas antes que qualquer outra coisa pudesse ser dita, Rafe se aproximou da porta com o madeira na mão. Marcus a soltou instantaneamente e Annabelle se afastou, trabalhando para controlar sua respiração. — Eu lhe dei tempo suficiente para agredir o Sr. Rivers com desculpas e perguntas? – Rafe perguntou enquanto pegava um copo e servia a bebida que ela nem sequer queria. — Sim – ela murmurou. — Excelente, porque ouvi mamãe e Serafina descendo as escadas quando voltava para a sala e estou faminto. Então beba, irmã, e vamos comer.


Capítulo 13

Marcus recostou-se na cadeira, incapaz de parar de rir da história muito divertida que Lady Hartholm contava. Para sua surpresa e apesar de todas as suas dúvidas, ele passara um tempo delicioso a noite toda. A Sra. Flynn não era nada além de gentil e acolhedora, o Rafe era seu antigo eu, Serafina era adorável... e havia Annabelle. Maravilhosa, ardente e magnífica Annabelle, que desejava tanto que às vezes machucava fisicamente olhá-la. A sra. Flynn enxugou lágrimas de alegria dos olhos e sorriu para ele. Ele podia ver Annabelle em seu rosto, em seus olhos, na maneira como ela inclinava a cabeça. Talvez isso o fizesse gostar daquela senhora ainda mais do que normalmente faria. Ele não pôde deixar de retribuir seu sorriso. — Então, como é que o senhor e meu filho estão familiarizados, Sr. Rivers? – Ela perguntou. Marcus sentiu sua expressão vacilar e olhou para Rafe. Realmente não havia uma maneira apropriada de explicar isso, principalmente para as mulheres. E ele descobriu que não queria que a mãe de Annabelle pensasse menos nele, como ela certamente faria se soubesse a verdade. Inferno, Annabelle poderia pensar menos nele se soubesse a verdade. Rafe recostou-se na cadeira, com toda a calma e certeza, quando lançou um grande sorriso para sua mãe. — Ah, mamãe, não tenho certeza de que queira saber a resposta para essa pergunta. Ela balançou a cabeça, mas parecia não haver nenhuma perturbação no rosto, nem mesmo surpresa. — E eu aqui achando que havia feito uma pergunta. Rafe deu de ombros. — Conhece nossos caminhos perversos, mamãe.


Agora o sorriso da sra. Flynn desapareceu e Marcus se encolheu enquanto esperava que ela lhe desse um olhar crítico. Em vez disso, ela apenas passou o dedo pela toalha da mesa reflexivamente. — Suponho que, por nossos caminhos, está querendo dizer que ele é seu amigo e de Crispin? Foi incrível para Marcus ver o clima da mesa mudar com a simples menção do nome de Crispin. Serafina estendeu a mão para pegar a do marido, os ombros da sra. Flynn caíram e Annabelle ficou rígida como uma tábua enquanto olhava para o prato como se fosse a coisa mais interessante do mundo. Ele limpou a garganta. — Eu conheço seu filho mais novo, Sra. Flynn – ele admitiu. — Ele é um homem tão bom quanto o seu mais velho. Ela levantou o olhar, agarrando o dele. Ele viu sua dor, sua luta, e quase o deixou sem fôlego. Ele havia sido criado a maior parte de sua vida sem ninguém para amá-lo, para dar a mínima se ele vivia ou morria. Isso mudou graças a... bem, graças aos filhos e ao marido dessa mesma mulher. Seu passado doloroso significava que ele apreciava ainda mais o amor. Essa família se importava. Annabelle não estava sozinha nisso. — Obrigado, Sr. Rivers – disse a Sra. Flynn suavemente. Com um guincho da cadeira, Annabelle ficou de pé. A mesa inteira virou-se para ela, olhos arregalados, incluindo os dele. — Sr. Rivers, gostaria de um passeio pelos jardins? – Ela perguntou, mãos abrindo e fechando ao seu lado. Ele piscou, surpreso com esse pedido estranho. — No escuro? – Rafe perguntou, inclinando a cabeça para olhar mais de perto a irmã. Marcus conteve um gemido. Se Annabelle continuasse solicitando, não, exigindo tempo a sós com ele, a verdadeira natureza de seu arranjo se tornaria clara como cristal. E, no entanto, a ideia de que ela queria estar com ele era quase irresistível. — Há uma lua – Annabelle insistiu entre dentes. — Annabelle, estávamos prestes a nos retirar para a sala de estar para vinho e porto – disse Serafina, observando a cunhada tão de


perto quanto o duque estava atualmente. — Levaríamos apenas um momento. — Se não se afastarem muito, não posso ver nada de mal – a sra. Flynn o surpreendeu dizendo. — Ficou um pouco nervosa esta noite, Annabelle, talvez a brisa noturna lhe faça bem. Com a bênção de sua mãe, Marcus se levantou e ofereceu a Annabelle o braço. Ela pegou, lançando um breve olhar por cima do ombro antes de apontar para uma porta adjacente à sala de estar com saída para o terraço. Ele sentiu três pares de olhos neles a cada passo que os afastava da festa. Mas quando saiu de casa e fechou a porta da varanda atrás deles, soube que estavam mais uma vez sozinhos. E as coisas que ele queria fazer com essa mulher eram totalmente inapropriadas. Ela não pareceu sentir seu desejo, mas se afastou do braço dele e caminhou para a beira do terraço. — Marcus – ela começou. — Se vai me repreender por falar tão abertamente com sua mãe ou por estar aqui, então, por favor não. – Ele encolheu os ombros. — Esta noite provavelmente não se repetirá. Ela o olhou com surpresa no rosto. — Eu não ia repreendê-lo – disse ela, seu tom subitamente gentil. — Sua presença aqui foi realmente boa para minha mãe. Mamãe está obviamente muito magoada com as ações de Crispin ultimamente e hoje é a primeira vez que a vejo sorrir tão brilhantemente e se envolver com outra pessoa tão completamente. Ele recuou. — Se isso for verdade, fico satisfeito por qualquer parte que tenha desempenhado na felicidade dela. Eu realmente gosto da sua mãe. – Ele não pôde evitar e se aproximou. — Mas ela foi a única que gostou da minha companhia hoje à noite? Annabelle respirou fundo e ele viu a resposta em seu rosto antes de ela sussurrar: — Sabe que não foi. Sabe que não consegui me concentrar em nada além de você desde o momento em que entrei pela porta e o encontrei com meu irmão e sua esposa. — Eu gosto dessa resposta – ele murmurou, segurando seu queixo e inclinando-o para cima. Se inclinou, amando que as


sombras das árvores ao longo do terraço os protegessem daqueles que estavam lá dentro. Aproveitou a oportunidade e pressionou seus lábios nos dela. Imediatamente ela soltou um gemido desesperado e se abriu para ele. Ele pegou o que ela ofereceu, mergulhando sua língua profundamente dentro de sua boca, chupando, provando e provocando-a até que suas mãos subiram para agarrar seus antebraços com sua respiração curta e pesada. Ele queria apoiá-la no canto e levantar as saias. Ele queria violar o acordo e reivindicá-la até que ela se arqueasse contra ele e gemesse seu nome. Ele queria fazer coisas más com ela, mesmo com sua família estando a malditos poucos metros de distância. Mas, em vez disso, ele gentilmente a colocou de lado e se afastou, esperando que o comprimento furioso de sua ereção diminuísse se não sentisse mais o aroma tentador de jasmim, não provasse sua respiração, não sentisse seu corpo macio moldando-se ao dele. Quando se atreveu a olhá-la, ela também havia dado as costas para ele. A mão dela estava agarrada ao topo da parede, os ombros levantando e caindo a cada respiração áspera. — O que estamos fazendo, Marcus? – Ela sussurrou. — Por que não consigo me controlar sempre que o vejo? Ele estendeu a mão, mas se forçou a baixá-la para não tocá-la. — Seja o que for, nós dois sofremos da mesma aflição – ele disse. Ela se virou, seu lindo rosto pálido e luminoso ao luar. Era como se ela fosse de porcelana, impossivelmente fina e quebrável. Ele não queria ser o responsável por destruir seus sonhos. E, no entanto, ele ainda deu um passo em sua direção e sussurrou: — Voltará ao clube? O olhar dela disparou para o dele e ficou lá. — Terça-feira – afirmou, com a voz trêmula. — Bom – ele disse, esperando que seu imenso alívio não se refletisse em sua voz. Sua ida significava mais para ele do que deveria. Ele limpou a garganta. — Agora me leve de volta para dentro e eu irei me despedir. Ela respirou fundo. — Marcus?


Ele encolheu os ombros. — Estar perto de você é muito difícil, e seu irmão não é tolo. Ele verá uma conexão se permitirmos que ele nos observe por muito tempo. Ela mordeu o lábio gentilmente e assentiu. — Suponho que esteja correto. — E eu deveria voltar de qualquer maneira. Como soube ao examinar meus livros, sempre há trabalho a ser feito no Donville Masquerade. Ela sorriu. — Sempre. Venha comigo então. Ela se virou e começou a voltar para a porta da sala, mas antes que ela pudesse abri-la e levá-los de volta à retidão e à realidade, ele deu um passo em sua direção. — Annabelle. Ela parou e o encarou. — Sim? — Eu gosto da sua família. Seu rosto se iluminou com o comentário, ampliando sua beleza até que fosse quase demais para se olhar. — Fico feliz, Marcus. — Mas não acredito, mesmo nas minhas fantasias mais loucas, que pertenço a este lugar. Ou que pertenço a você. – Ele franziu os lábios. — É importante que nós dois percebamos isso à medida que avançamos em nosso... nosso arranjo. O sorriso dela desapareceu com essas palavras bruscas, e por um momento Marcus teve certeza de ter visto um lampejo de decepção cruzar seu rosto. Mas então se foi e ele provavelmente imaginara, porque Annabelle tinha planos e eles não o incluíam. O que tinha dito era tanto para si quanto para ela. — Venha – disse ela, abrindo a porta. Ele a seguiu para dentro, mas no fundo do estômago, teve uma forte sensação de que havia perdido alguma coisa. Mesmo que fosse algo que nunca teve verdadeiramente.

Annabelle olhou para seu reflexo no espelho, concentrando-se na expressão oca, nos olhos vazios. Ela balançou a cabeça. — Senhorita?


Ela pulou com a voz de Deirdre e ao olhar para sua criada, encontrou-a esperando que ela soltasse as mãos para poder remover o vestido que estava desabotoando enquanto Annabelle se perdia em pensamentos. — Sinto muito – disse ela, abrindo as mãos e ajudando Deirdre a remover o vestido. A criada sacudiu o tecido e dobrou-o cuidadosamente, colocandoo em uma cadeira onde seria levado para lavar. — Está muito quieta – observou a criada sem olhar para Annabelle. Annabelle fechou os olhos com força. Ela era tão óbvia? Ela estava tentando se manter impassível desde que Marcus deixou a casa de seu irmão horas atrás. Tentando permanecer normal, como se fosse uma ocorrência diária seu amante secreto vir visitá-los. — Sinto muito, parece que estou distraída, Deirdre – ela murmurou. Deirdre acenou para o chemise de Annabelle e ela a puxou por cima da cabeça, depois se inclinou para rolar as meias. Deirdre entregou a camisola antes de pegar as roupas que Annabelle havia tirado e dobrá-las para serem adicionadas àquelas a serem lavadas. — Sei que o Sr. Rivers estava na reunião na casa de seu irmão hoje à noite – sua criada disse depois de um tempo, o suficiente para que Annabelle já estivesse começando a voltar ao seu devaneio. Annabelle tremeu com a imputação e cuidadosamente alisou a camisola com as duas mãos antes de responder. — Oh, sabe? Quem te contou isso? — Minha irmã é a criada de sua cunhada – disse Deirdre com um leve sorriso. — E nós conversamos abaixo das escadas. Sabe disso. — O que foi dito sobre o Sr. Rivers? Deirdre deu de ombros. — Que ele era um convidado imprevisto na mesa de jantar. Alguns dos criados brincaram um pouco sobre o passado de lorde Hartholm, mas Lathem sempre interrompe isso, não importa o quão boas sejam as palavras. — O bom e velho Lathem. – Annabelle sorriu. — Mas ninguém julgou Marcus... o Sr. Rivers?


As sobrancelhas de Deirdre se levantaram. — Quer saber se a reputação dele foi discutida? Annabelle assentiu. — Não. Iludido, mas nunca discutido. No entanto, todo mundo sabe o que ele é, senhorita. Quem ele é. Estou com um pouco de medo pela senhorita, por sua reputação. — Eles estavam falando de mim? – Annabelle explodiu, dando um passo em direção a Deirdre. — Não, não, claro que não! Ninguém sabe o que está fazendo ou para onde está indo – sua criada a tranquilizou. Annabelle quase caiu de alívio, estendendo a mão para se apoiar em sua cama. — Graças a Deus. — Mas ainda se arrisca indo a esse clube. Usa uma máscara, sim, mas e se sua carruagem fosse reconhecida? Ou um vestido for familiar? Ou a sua voz? Annabelle cobriu os olhos com a mão por um momento. — Eu sei. Essas são todas as coisas que considerei, Deirdre, mas o que devo fazer? Meu irmão precisa de alguém cuidando dele. — E isso é tudo o que está fazendo? Porque eu me pergunto se... – Deirdre corou e depois se virou de repente, cortando suas palavras. — O que? – Annabelle perguntou. Sua criada balançou a cabeça, brincando com as roupas empilhadas na cadeira. — Eu não deveria. — Por favor – disse Annabelle, tentando manter o tom calmo. — Por favor, me diga o que está pensando. Deirdre virou-se para olhá-la. Seu rosto estava pálido e sua voz tremia quando ela disse: — Não tenho direito, eu sei, mas vejo coisas e ouço coisas e a conheço, senhorita, depois de todos esses anos. Gostaria de saber se não gosta demais do Sr. Rivers. Annabelle ficou tensa. Sua criada estava saindo da linha para trazer isso à tona e ela teria o direito de repreendê-la. Certamente encerraria o assunto se o fizesse. No entanto, ao longo dos anos, Deirdre tornou-se muito mais do que uma mera serva para ela. Era uma amiga. Alguém que a tinha visto através das muitas dificuldades com bondade.


Deirdre também era a única pessoa em sua vida que sabia uma fração da verdade sobre suas atividades atuais. Ela não tinha outro confidente nem outra pessoa que a ouvisse sem julgar. Certamente não podia contar a Georgina, de todas as pessoas, sobre sua obsessão por Marcus. E se ela dissesse algo para sua mãe ou Serafina? Bem, isso seria como se reportar diretamente ao próprio Rafe. Seu irmão não entenderia. Provavelmente ficaria furioso com ela e Marcus. — Fui longe demais? – Deirdre perguntou, a voz tremendo. Annabelle estendeu a mão para cobrir a mão da criada gentilmente. — Não, claro que não. Estou apenas pensando em sua acusação. E devo admitir que está... certa. Eu posso estar gostando muito do Sr. Rivers, é verdade. Os olhos de Deirdre se arregalaram com a admissão e o calor inundou o rosto de Annabelle. — Não precisa parecer tão chocada – ela disse com uma risada forçada. — Ele é mais bonito do que deveria ser, mas também muito inteligente e... interessante. — Mas ele não é o tipo de homem com quem a senhorita alega que deseja se afiliar. Casar. – Sua criada balançou a cabeça. — A menos que tenha mudado de ideia. Annabelle engoliu em seco. Desde sua noite com Marcus, foi cada vez mais difícil se concentrar em seus objetivos. E, no entanto, ela não podia mudá-los. Ela tinha chegado tão longe. — Não, eu não mudei de ideia – disse ela suavemente. — Conheço os riscos quando se trata de passar um tempo com o Sr. Rivers. E sei as linhas que não posso cruzar. E eu não vou cruzá-las. Não quando finalmente estou tão perto da respeitabilidade. O rosto de Deirdre ficou subitamente triste. — Srta. Annabelle, a senhorita é respeitável. Ninguém poderia olhá-la e pensar o contrário. Annabelle deu uma risada. — Mas eles o fazem. Eles sabem e tenho certeza de que você também sabe disso, graças às mesmas conversas abaixo das escadas que discutimos anteriormente. — Há uma diferença entre algumas criadas arrogantes que precisam ser colocadas em seu lugar e a Sociedade em geral –


Deirdre bufou. — Oh, minha querida. Coloca-os em seus lugares e eu a adoro por isso. – Annabelle soltou um suspiro longo e pesado. — Mas não há diferença. O que é dito abaixo das escadas é alimentado de cima. Por causa da minha família e de suas travessuras, minhas chances de um futuro sério e respeitável foram materialmente prejudicadas. Ela se mexeu. Foi isso o que ela disse a si mesma por tanto tempo: que foram Crispin, Rafe e até o pai que alteraram seu futuro com seus modos. Por mais que amasse a todos, às vezes se ressentia por sua falta de preocupação. Mas agora tinha que se perguntar... e ela, era culpada? — Afinal – ela meditou em voz alta. — Talvez aqueles ao meu redor possam ver meu verdadeiro eu. Meu coração sombrio e os desejos que me faz sentir. Desejos que haviam sido despertados poderosamente na cama de Marcus. Desejos que eram mais fortes agora do que fracos. — Não há nada sombrio em seu coração – protestou Deirdre, o rosto uma máscara de horror pela sugestão. Annabelle sorriu com a defesa da criada, mas seus pensamentos não mudaram. Ela sabia do que era capaz. O que ela desejava no escuro da noite em seu quarto, quando seus dedos encontravam seu sexo e ela vergonhosamente se liberava. Ou pior, quando permitiu que Marcus a tocasse e seu corpo se rendesse a tudo o que não poderia, não deveria ter. — Eu posso me controlar – ela disse. — Eu vou fazê-lo. Porque, se eu não aproveitar a oportunidade agora, temo que não se repita. E então meu futuro será... Ela se interrompeu quando pensamentos errantes sobre Marcus nublaram sua mente. Marcus tocando-a, beijando-a, agradando-a... Marcus em sua sala de estar como esteve na sala de estar de seu irmão essa noite. Eles rindo juntos, fazendo amor completamente, sem as barreiras que ela havia erguido em seu arranjo. — Não pode ser – ela sussurrou. — Eu não posso deixar isso me distrair. Mas, enquanto sorria para a criada, esperando tranquilizar Deirdre ainda mais, antes de ir para a cama, sabia que já estava distraída.


Por Crispin, por seus prĂłprios desejos, por Marcus. E se nĂŁo tomasse cuidado, poderia perder tudo o que estava tentando construir.


Capítulo 14

Fazia meses desde a última vez que Marcus estava sentado em seu cavalo do lado de fora do portão da sra. Flynn, observando a casa, esperando um vislumbre de Annabelle. A primeira vez que ele fez isso foi após o primeiro encontro deles anos atrás. O Sr. Flynn ainda vivia na época e não havia nada mais alegre do que a família caótica, conversando ao mesmo tempo e acolhendo todos os que chegavam. E, no entanto, Marcus sabia que ele não pertencia àquela noite. Assim como ele sabia que não pertencia ao salão da mesma família, apenas doze horas antes. Ele ficou de lado todos aqueles anos, segurando sua bebida, observando a alegria, feliz por estar lá, mesmo que não fosse realmente uma parte disso tudo. Até Annabelle Flynn entrar na sala. Ela tinha 21 anos então, seu rosto mais cheio do que era agora, seus olhos um pouco mais brilhantes e menos cansados. Ela invadiu a sala como a luz do sol através de um véu escuro, e de repente ele não conseguia pensar, respirar ou se mover. Rafe os apresentara, e ele sabia que ela não sentia o mesmo raio que o atingiu. Ela sorriu, é claro, educadamente assentiu. Ele pensou que a tinha visto dar uma segunda olhada para ele um pouco depois, antes que ela se afastasse com um grupo de amigos, mas isso não poderia estar correto. Não pretendia cavalgar de volta para a casa do pai dela no dia seguinte. Não tinha a intenção de sentar e vigiar o pátio através do portão para vê-la enquanto ela embarcava na carruagem com a mãe e a criada. Mas ele fez isso. Nesse dia e em outros dias. Incluindo este. O portão estava aberto hoje, permitindo uma visão desobstruída do pátio. O pátio, onde uma carruagem estava estacionada. Uma carruagem que pertencia a um homem muito rico e com aparência e


título, que passara pela porta meia hora antes e entrara, obviamente bem-vindo e convidado. Marcus agarrou as rédeas do cavalo com mais força. Isso era o que Annabelle queria. O que ela merecia. Ele não poderia ser irritante ou tolo sobre isso. Ele nunca pensou que ela seria dele, não importava o quão docemente ela se rendesse. Ele olhou por mais um momento para a carruagem do estranho, depois virou o cavalo e partiu. Ele precisava conversar com alguém sobre esse impulso, esse desejo, essa mulher. E ele conhecia a pessoa perfeita, a única pessoa, em quem ele realmente podia confiar.

Annabelle estava sentada na beira do sofá, as mãos cruzadas no colo, um sorriso falso estampado no rosto, os tornozelos cruzados perfeitamente e encarando lorde Claybrook. Ele chegou meia hora antes para um chá planejado com o irmão, Serafina e a mãe. Até agora eles conversaram amigavelmente sobre o clima, as estradas, a Sociedade em geral e os cavalos de Claybrook. Ninguém poderia dizer que a reunião não tinha sido perfeitamente agradável. Mas ela também não pôde deixar de compará-la com a que havia compartilhado recentemente com sua família e Marcus. Sentar-se com Claybrook era bastante agradável, sim, mas ele não fazia sua mãe rir. Ele não se derretia na sua família como se tivesse nascido para ser um Flynn. Ele não fazia seu corpo formigar. Não que ela quisesse que ele fizesse o último. Esse tipo de coisa era exatamente o que ela deveria estar evitando. — Senhorita Flynn, gostaria de dar um passeio no jardim? — Claybrook perguntou. Annabelle tremeu, arrancada de seus devaneios com a pergunta inesperada. Ela lançou um olhar para a mãe e o irmão e Claybrook seguiu seu olhar. — Com a permissão da sua família, é claro — disse ele. Sua mãe sorriu, mas era fraco. — Não vejo objeção.


— Excelente — disse Claybrook, levantando-se e oferecendo um braço a Annabelle. Ela se levantou e aceitou com um sorriso para a mãe e o irmão agora carrancudo, depois permitiu que Claybrook a levasse da sala. Foi só quando já caminhavam pelo corredor, juntos, que ela percebeu que nunca havia concordado com essa pequena excursão. Claybrook estava satisfeito com a permissão da mãe, mas não com a dela. Empurrou esse pensamento para longe quando saíram da casa no belo jardim de sua mãe. Respirando uma longa quantidade de ar perfumado e florido, ela imediatamente começou a relaxar. — Um pequeno jardim bonito, não é? — Claybrook disse enquanto desciam o caminho. Annabelle olhou-o pelo canto dos olhos. Ele estava sendo desdenhoso? Era difícil dizer. — Minha mãe supervisiona toda a jardinagem — explicou ela. — Este jardim é seu quarto filho. — Quarto? — Claybrook perguntou. — Bem, sim. Raphael, Crispin e eu. — Ah sim. Seu outro irmão. — Claybrook a olhou brevemente. Ela fez uma careta. Ele realmente esqueceu que ela tinha um segundo irmão? Não era como se Crispin estivesse morto ou ido embora. Apesar de que essas duas coisas fossem os medos que frequentemente a incomodavam. — Sim. Ele não anda entre a Sociedade — ela disse, de alguma forma querendo explicar Crispin ao homem que estava... bem, cortejando-a era a frase, não era? Embora não se sentisse particularmente atraída quando Claybrook estava com ela. Embora segurasse seu braço, ele nunca tentou fazer mais nada. E eles nunca discutiram nada mais profundo do que a cor do vestido dela. Mas talvez esse tópico mudasse tudo isso. Claybrook agiu como se estivesse desconfortável. — Não, ele não frequenta a ton. Afinal, ele não é um duque como seu irmão e nem uma dama adorável como a senhorita. Mais uma vez, Annabelle franziu o cenho. Claybrook estava definitivamente sendo desdenhoso dessa vez. — Ele é uma pessoa


maravilhosa — ela insistiu. — Talvez um dia o conheça. Por um breve momento, houve uma expressão desprotegida no rosto de sua companhia. Um olhar de nojo com a ideia de se aproximar de Crispin Flynn. Mas então se foi, e Claybrook voltou a ser benigno, desprovido de qualquer emoção extrema. — Claro. Talvez na casa da sua mãe ou de seu irmão, algum dia. — Ele soltou o braço dela e entrou no pequeno círculo de rosas e lírios que formavam o centro do jardim de sua mãe. — Nossa, isso não é bonito. Annabelle apertou os lábios. Então esse era o fim da discussão sobre o irmão, ao que parecia. E embora ela estivesse um pouco aliviada com o final do intercâmbio, também estava irritada. Este homem não sabia nada sobre sua família, apenas os boatos. Pior, ele não parecia querer conhecer sua família. Ou pelo menos nenhuma parte que não fosse perfeita. O que significava que ele não gostaria de conhecê-la se ela provasse não ser. Mas talvez isso fosse injusto. Afinal, ele a abordara, independentemente de suas desvantagens na sociedade. Ele dançou com ela, depois de apenas um pouco de hesitação. E estava aqui, vindo para uma visita, sua carruagem com o brasão estacionada bem na entrada da casa dela, onde qualquer um poderia ver. E ainda assim sentia-se de uma classe abaixo com o Claybrook. Como se tudo isso ocorresse apesar de quem ela era, e não por causa disso. Como se ele estivesse lhe concedendo um benefício por sua própria existência em sua vida. — Parece muito séria — disse Claybrook, apontando para o banco no meio das flores de sua mãe. — Venha, vamos descansar um momento. Apertou os lábios, mas o seguiu, e eles tomaram seus lugares no banco. Notou que ele teve o cuidado de não deixar as pernas se tocarem, apesar de quão perto eles tinham de se sentar, graças ao tamanho do assento. Ela o observou. Ele parecia perfeitamente satisfeito neste momento, sorrindo amplamente e aparentemente inconsciente do seu desconforto.


No entanto, ela tinha que ser justa. Por mais que ele evitasse qualquer conhecimento sobre sua vida, ela sabia quase nada sobre a dele. Ele era intitulado e respeitável, o que era tudo o que importava para ela até agora. Isso não era tão desdenhoso e mercenário como qualquer coisa que Claybrook fizera? Se ela queria que ele se abrisse, talvez tivesse que expressar mais interesse primeiro. — Sabe, lorde Claybrook, o senhor conheceu grande parte da minha família agora, mas sei muito pouco sobre a sua — disse ela. — O que? — Claybrook grunhiu, endireitando-se um pouco. Ele a examinou por um breve momento e deu de ombros. — Temos um dos melhores pedigrees da Inglaterra, é claro. Intitulado por treze gerações. Annabelle tentou sorrir. — Oh não, me entendeu mal. Eu quis dizer sua família. Quando o rosto de Claybrook permaneceu em branco, ela continuou: — Tem irmãos ou irmãs? — Ah — ele disse, a confusão desaparecendo de seu rosto. — Eu tenho dois irmãos e duas irmãs. As irmãs são mais velhas, ambas casadas muito bem. Meu irmão mais novo casou-se na casa do duque de Westenfield. Seu peito inchou quando ele disse isso, como se de alguma forma o casamento de seu irmão o fizesse... melhor. — Entendo — ela disse. — E sua mãe ainda está viva? Ele balançou sua cabeça. — Não, ela está enterrada desde antes do meu pai. — Sinto muito — disse Annabelle, pegando sua mão reflexivamente. Ele olhou os dedos dela cobrindo os dele e depois afastou a mão lentamente. — Não é nada, eu garanto. Ela fez uma careta. Na maioria dos casos, ela presumiria que sua dispensa significava que ele não estava pronto para compartilhar sua dor, mas em se tratando de Claybrook o fato realmente não parecia incomodá-lo. — É próximo de seus irmãos? Ele encolheu os ombros. — Tão próximo quanto se justifique. Às vezes nos vemos nos feriados.


Ela esperou que ele desenvolvesse o assunto, mas ele parecia não ter vontade de fazê-lo. De fato, ele se levantou e foi examinar uma rosa um pouco mais de perto. — A senhorita gosta de caçar, senhorita Flynn? Ela se abalou com o encerramento abrupto do assunto anterior. — Não costumo ir, mas não tenho objeções. Ele sorriu. — Excelente. Eu tenho as melhores cadelas de caça em sete condados. Ela assentiu quando ele se lançou em um longo monólogo sobre seus cães. Depois de alguns minutos, ela deixou sua mente vagar. Este homem estava cortejando-a, sim, e ele parecia nada além do que decente. Mas não sabiam nada um do outro, e isso parecia estar bem para ele. Então, quando o olhou, viu o futuro que ele apresentava, e não pôde deixar de sentir que era a conversa mais insatisfatória que já tinha tido com uma pessoa. E enquanto sua mente vagava, é claro que pousou firmemente em Marcus. Um lugar que era perigoso para ir, e ainda assim não conseguia desviar seu navio das rochas de costa dele.

Marcus ficou na sala e não pôde deixar de sorrir. Era o mesmo de sempre, brilhante... muito brilhante... e decorado com itens de móveis muito diferentes. Olhar para a sala era como uma experiência visual de um sino tocando. No entanto, era tudo, menos desagradável. A porta atrás dele se abriu e, através dela, apareceu uma mulher minúscula e vestida de cores que combinavam perfeitamente com seu salão selvagem. — Marcus! — Ela disse, correndo em sua direção. — Calliope! — Ele disse enquanto se abraçavam. — Está maravilhosa. Eles se separaram e ela acenou para o sofá. — Sente-se, sentese. Se soubesse que estava vindo, eu teria alguns desses biscoitos que ama.


Marcus riu quando se sentou. Ele a observou enquanto ela zumbia com seu chá. Conhecera essa mulher por metade de sua vida. Ela e o marido haviam sido seus salvadores. E ela era a coisa mais próxima de uma mãe que ele tinha. Ela entregou o chá e sentou-se à sua frente. — Amor, fica mais bonito toda vez que o vejo. Um cavalheiro. Marcus olhou para si mesmo. Suas belas roupas eram o que ela queria dizer. — Eu ainda sou um lobo sob tudo isso. — Nada de errado em ser um lobo, amor. Ele franziu a testa. — Não quando é necessário um carneiro. As sobrancelhas dela se ergueram um pouco. — Quem quer que você seja um cordeiro? Pôs o chá de lado e se inclinou para a frente, os cotovelos apoiados nos joelhos. Ele não era de confidências, mas agora precisava de conselho. E Calliope daria isso sem julgamento, mas também sem adoçar, qualquer verdade que ele precisasse ouvir. — Acho que não me pedem para ser um cordeiro — esclareceu. — Só me pergunto se eu poderia ser. Sabendo que não seria. — É sobre uma mulher? — Ela pressionou, tomando um gole de chá enquanto seu olhar permanecia focado no rosto dele. Ele hesitou e depois assentiu. — Sim. O sorriso dela foi sua recompensa. — Maravilhoso. Realmente alcançou uma idade em que deveria parar de se mexer, cuidando apenas daquele clube que você e seu pai amavam tanto. Marcus não pôde deixar de sorrir também. Seu "pai", seu falecido marido Oliver, que possuía o Donville Masquerade quando não passava de um conjunto degradado de salas onde os cavalheiros vinham lutar boxe. Quantas coisas haviam mudado. — Se lembra dos Flynns? — Ele perguntou. O rosto de Calliope se suavizou. — Claro que sim. Eles o trouxeram para nós, não foi? Marcus virou o rosto. — Sim — ele sussurrou, tentando bloquear pensamentos de sua vida antes de Calliope e Ollie. — Eles têm uma filha. Calliope riu. — Bem, isso parece a combinação perfeita, não é? Uma mulher criada por lobos, por que ela iria querer um cordeiro?


— Porque ela foi criada por lobos — ele suspirou, esfregando a mão no rosto. — Deve ter ouvido falar que Raphael Flynn assumiu esse ducado no ano passado e se casou com uma dama da mais alta qualidade. Calliope assentiu. — Todo mundo sabe disso. Embora seja difícil imaginar esse inferno como um duque de verdade. Não quando me lembro dele quase incendiando as cortinas de um desses clubes como uma espécie de aposta. Marcus abafou uma risada. — Seu pai o fez pagar pelos danos do próprio bolso. Eu acredito que ele pode ter tido que varrer o chão. Calliope sorriu junto com ele. Sempre gostei de Reggie Flynn. Ele era bom. Mas está me dizendo que a filha Flynn, qual é o nome dela? — Annabelle — Marcus disse, o nome dela como uma colher de chá de mel em sua língua. — Que essa Annabelle quer se casar com alguém no novo mundo de seu irmão? — Calliope balançou a cabeça como se esse desejo fosse totalmente tolo. Marcus deu de ombros. — Pode culpá-la? Ela passou a vida vivendo com as consequências de ações tomadas pelos homens de sua família. A ela está sendo oferecida a chance de algo estável, por que não aceitaria? — Se a outra alternativa fosse você? — Ela zombou. — Ela é idiota? Marcus riu. — Não, ela é muito brilhante, na verdade. Gostaria que ela a conhecesse. Não é como ninguém que eu já tenha conhecido. E ela me quer, mas nós dois sabemos que não poderá durar. Calliope o observou por um momento. — Por que veio aqui, Marcus? Ele piscou com a pergunta repentina e pontiaguda. — Não sou bem-vindo? — É bem-vindo todos os dias e duas vezes no domingo, e sabe disso. Quero vê-lo mais vezes, sinto sua falta. — Ela inclinou a cabeça. — Mas o que quer que eu diga sobre essa moça? — Diga-me que é impossível e que eu devo me afastar. Diga-me para pensar nos negócios e não ter a cabeça nas nuvens.


Ela pegou a mão dele. — Marcus, é impossível e deveria se afastar. Tire sua cabeça das nuvens e pense nos negócios. Ele fechou os olhos com força. Suas palavras, repetidas de volta para ele, exatamente como pediu. Mas ela era como um vício em torno de seu coração. — Agora, quer saber o que eu realmente acho? Ele abriu os olhos e a encontrou observando-o com muita atenção. — Calliope... — Eu acho que se essa moça é parecida com o pai ou com os irmãos, ela ficaria entediada com lágrimas por um cara que nunca se meteu em problemas. Eu acho que se ela está vindo para você, ela deve ver em você seu verdadeiro coração e desejos. E acho que se você precisar conversar com alguém sobre seus problemas, deve se importar profundamente com ela. E nunca se afastar disso. — Isso não me ajuda — disse ele, sorrindo para ela, apesar de suas palavras. Ela não retribuiu o sorriso. — Não é o que acha que deveria ouvir. Isso é algo diferente. A mão dela ainda cobria uma das dele e ele a segurou com a mão livre. — Eu te adoro, mamãe. Sabe disso. O rosto dela se iluminou. — Adoro quando me chama assim. E eu sei, amor. — Ela se levantou. — Agora, ficará para o jantar? Podemos falar mais sobre sua moça. Ou pode me dizer que seu homem de negócios, Abbot, está ansiando por mim. Ele riu enquanto balançava a cabeça. A grande piada de Calliope era que um dia ela perderia o título de viúva e se casaria com Abbot. Ele teve a impressão de que assustou o pobre Paul até a morte. — Claro que ficarei. Quem mais se entregará às suas fantasias? Embora se quiser torturar Abbot, deveria ir ao clube com mais frequência. — Eu posso fazer isso — ela riu, ligando o braço ao dele para levá-lo para fora da sala. Mas mesmo quando se uniu à risada dela, não conseguia parar de pensar em Annabelle. Calliope se recusou a ajudá-lo a se separar dela. E agora ele tinha um pequeno e terrível vislumbre de esperança, a qual teria que esmagar antes do próximo encontro.


Capítulo 15

Annabelle mal conseguia respirar enquanto estava no escritório de Marcus sentada em sua mesa. O homem não sabia que, quando se inclinava sobre ela, parava seu coração? Ou ele estava realmente tentando matá-la? — Vê aqui, onde suas taxas de associação são coletadas? — Ela perguntou, esperando que sua voz não tremesse tanto quanto suas mãos. Ele assentiu. — Analisando alguns dos seus registros enquanto estava lá embaixo lidando com... o que era exatamente? Ele encolheu os ombros. — Uma briga por uma mulher. Annabelle ficou tensa. — Isso acontece aqui frequentemente? Marcus balançou a cabeça. — Não muito frequentemente. É mais comum que dois 'pretendentes' decidam compartilhar uma dama do que duelar por ela nesses corredores. Annabelle apertou o punho contra a mesa. Dois homens, uma dama? Isso soou incrivelmente chocante e altamente erótico. Ela queria perguntar mais a ele, talvez até lhe mostrasse como isso era possível, mas, em vez disso, inclinou a cabeça. — Ah, entendo. Bem, de qualquer forma, parece que não alterou o que muda por ser membro há muito tempo. Ele pressionou uma mão na mesa, perigosamente perto da dela, e se inclinou. — Não por dez anos, desde que herdei o lugar e fiz as primeiras mudanças e atualizações. Ela olhou para cima. — Herdou o clube? Ele continuou a olhar para o livro por um momento, depois lentamente olhou para ela. Os olhos deles se encontraram e ela viu um lampejo de dor no verde brilhante de seu olhar. — Sim — ele disse suavemente e não explicou mais nada. — Suponho que esteja certo que, em dez anos, mudou o suficiente para que talvez eu deva reexaminar meus honorários.


— Outra coisa que notei foi que têm alguns membros que não fazem parte da sociedade vitalícia e, no entanto, não pagam sua taxa anual há vários anos. — São membros estabelecidos — ele murmurou, olhando a lista que ela havia compilado. — Nós os pressionamos, mas não os expulsamos. — Acho que deveria reconsiderar — disse ela. — Tenho certeza de que a maioria dessas pessoas, se não todas, possam pagar mais do que facilmente sua taxa. E eles não conseguem atrair tantos negócios que compensem o que recebem. Eles estão tirando vantagem de você. Ela cruzou os braços e Marcus riu. — Eu não sabia que havia escolhido uma campeã quando concordamos que revisaria meus livros. Annabelle levantou a mão e tirou os óculos de leitura, colocandoos na mesa antes de dizer: — Obviamente, trabalhou duro para tornar este lugar o sucesso que se tornou. Eu simplesmente odeio vê-lo jogar fora até mesmo o menor valor do lucro de tudo que fez. Ele ficou quieto por alguns segundos, mas depois se inclinou ainda mais, segurando os dois braços da cadeira em que ela se sentava antes de arrastá-la para longe da mesa e virá-la para encará-lo. As mãos dele estavam entre seus braços e os da cadeira, então ela ficou presa, tendo apenas seu belo rosto para encarar. E o encarou, sua respiração engatada quando caiu sob o feitiço de sua mandíbula forte, lábios carnudos e olhos absolutamente espetaculares. — Marcus — ela sussurrou. Ele sorriu. — Sabe quantas vezes eu pensei em você desde que nos conhecemos, Annabelle? Quantas vezes pensei em tê-la sozinha neste espaço? Ela engoliu em seco. — Espero que seja tantas vezes quanto as que pensei em você. Seus olhos se arregalaram com a admissão antes de sua boca, normalmente severa, formar em um sorriso. — Pensou em mim, Srta. Flynn? E o que pensou?


— Coisas muito inapropriadas — ela admitiu, sentindo a onda de calor em suas bochechas. O sorriso dele vacilou um pouco. — Como o quê? — Como estarmos aqui sozinhos — ela começou. — Como sentir suas mãos e sua boca em mim, em cima de mim. Receio que esses pensamentos sejam uma doença agora, não posso fazer nada para expulsá-los da minha mente. — Então gostaria de se render a eles? — Ele sussurrou. Ela assentiu. — Sim. Por favor, sim. Ele não disse mais nada, mas apenas a agarrou, puxou-a da cadeira para seus braços. Não pôde deixar de se render. Parecia uma eternidade desde que ele a tocara, apesar de terem se passado apenas alguns dias. Ela derreteu contra ele. Os dedos dele se enredaram nos cabelos dela, inclinando seu rosto para cima e o dele para baixo, mas não a beijou. Ele apenas olhou para ela. — Sabe quantas mulheres eu tive, Annabelle? Ela se encolheu. Ela realmente não queria considerar isso. — Essa é uma pergunta apropriada para fazer a sua amante? Ele sorriu, mas foi apenas um lampejo de seu sorriso anterior. — De modo algum. Houve muitas. Não aqui, eles estão certos de que você é a primeira mulher que eu já trouxe aos meus aposentos particulares, aos meus negócios. Mas eu não fui um monge fora dessas paredes. E, no entanto, apesar da minha experiência, quando estou contigo... Ele parou, e ela ficou tensa. — O que? — É como a primeira vez que vi uma mulher. Como se o antes não importasse nada. Ela piscou. Não era isso que ela esperava que ele dissesse. E, no entanto, presa como estava, não podia se afastar da admissão íntima. Ela só podia olhar nos olhos dele e ver que ele queria dizer cada palavra. Mas isso não poderia ser verdade. As coisas que ele disse eram preciosas demais e próximas de sentimentos que ela não sentiria, não podia permitir-se sentir. — Marcus — ela sussurrou, balançando a cabeça. A luz em seus olhos desapareceu com a indicação negativa dela, mas ele não se afastou. Em vez disso, ele se aproximou e, de


repente, sua boca estava na dela, dura e insistente. A mão dele deslizou pelas suas costas, acariciando sua coluna antes que ele a levantasse contra ele, moendo a crista dura de seu pênis contra sua coxa. Ela estremeceu com a sensação, sabendo que ele estava pronto e com tesão por ela. Não podia negar que estava do mesmo jeito por ele. No momento em que ele entrou na sala, quase uma hora atrás, seu corpo ficou molhado e ela não parou de formigar. E agora ele a tocaria e faria esses desejos desaparecerem, pelo menos por um curto período de tempo. Ele a conduziu pelo escritório, beijando-a e acariciando-a por todo o caminho, até que chegaram à porta do quarto. Ele se atrapalhou ao abri-lo, e eles quase caíram dentro quando ele finalmente conseguiu. Ainda assim, ele não parou de beijá-la, mas a guiou para sua cama, onde finalmente parou e se afastou. — Se eu pudesse arrancar esse vestido, eu faria — ele falou, deixando as pontas dos dedos viajarem pelo corpete do vestido dela. Ela estremeceu quando ele caiu sobre o peito, a ponta do polegar acariciando seu mamilo através do tecido. — Então eu estaria nua e presa aqui — ela sussurrou. Ele sorriu. — Perfeito. Eu a manteria assim até que me desse tudo. Ele começou a desabotoar o vestido e ela o encarou. — Mas não podemos compartilhar tudo — lembrou-lhe gentilmente. — Apesar do quanto eu gostaria disso. Ele não hesitou em desatar e não olhou para cima. — Confie em mim, Annabelle, eu não poderia esquecer suas regras, mesmo que eu tentasse. Ela fez uma careta. Havia uma tensão na voz dele quando disse aquilo que ela não entendeu. Ele não podia se importar com o que ela fazia quando não estava aqui com ele. Ela era uma diversão, uma atração que ele queria se livrar de sentir, assim como ela tinha que se livrar desses desejos sombrios em sua alma. Marcus Rivers não era o tipo de homem que realmente se importasse com alguém, ela pensou, principalmente não com uma mulher como ela. Ele poderia ter cantoras de ópera, amantes e


viúvas que saberiam exatamente como agradá-lo. Ela era apenas... Annabelle Flynn, uma mulher que não era do mundo dele, nem do mundo que estava tentando invadir nos bailes e nas reuniões da Sociedade. Os dedos dele roçaram o queixo dela, e ela respirou fundo quando o encontrou concentrado inteiramente nela. — Por que essa expressão tão triste? — Ele perguntou, sua voz baixa e hipnótica. Ela se viu querendo se enroscar nele, contar tudo o que ela sempre temeu, amou e perdeu. Em vez disso, ela balançou a cabeça. — Deveria saber que isso é difícil para mim também. Não tenho prazer em negar a você. — Eu sei disso — disse ele. A boca dele cobriu a dela novamente e ela suspirou com prazer e alívio. Conversar com ele era tão confuso às vezes, era melhor apenas tocar, provocar, ter e dar prazer. Essas coisas eram separadas das coisas que ele a fazia sentir, pensar e temer. Ele abriu o vestido e empurrou-o com o chemise para o lado, descobrindo-a da cintura para cima. Ela se viu arqueando as costas, dando-lhe melhor acesso. Ele sorriu quando se afastou e simplesmente a encarou. — Esses seios lindos assombram meus sonhos mais perversos — ele ronronou enquanto os segurava, juntando-os gentilmente, apertando os mamilos, desta vez sem tecido para impedi-la de sentir o toque. Ela ofegou e deixou a cabeça cair sobre os ombros. Ele riu. — Tão sensível. — Inclinando-se para a frente, ele lambeu um mamilo duro e ela sacudiu. — Sente isso em todo o caminho até seu sexo? Ela sacudiu o rosto para olhá-lo. Ele continuou a lamber e chupar o mamilo, mas estava olhando para ela. — Sim — ela admitiu. — E está molhada e doendo por mim? — Ele perguntou, novamente tão benigno, como se estivesse perguntando se ela queria chá. — Desde o momento em que entrou na sala, ela disse, desta vez com os dentes cerrados. Ele estava brincando com ela, testando-a. Mas não podia fazer o mesmo? — E você, Sr. Rivers?


Ele a chupou com força e depois disse: — E eu? — Eu senti o quão teso está por mim — disse ela, corando com a franqueza de suas palavras. — Senti seu membro pressionar contra mim. Está pronto para sentir minhas mãos o acariciarem, minha boca chupá-lo? Ele se endireitou e puxou o vestido da cintura que aos seus pés. — Está caminhando em águas perigosas, Annabelle — ele disse, com a voz aguda. — Porque eu tenho estado excitado por você por muito mais tempo do que o primeiro momento em que a vi hoje à noite. Estou doendo por você há dias e, se não tomar cuidado, sentirá como estou perto de perder o controle. — Você perde o controle? — Ela provocou, mesmo que seu ardor fosse tão assustador quanto emocionante. — Eu não acreditaria até ver. —Atrevida — ele cuspiu, depois a arrastou contra ele. — Se continuar provocando, então verá. Ela encontrou o olhar dele uniformemente. A parte dela que se esforçava pela reputação disse-lhe para parar este jogo com ele. Para recuar. Mas a parte mais escura nela, a parte maior, a incentivou. E, naquele momento, ela afastou a Annabelle social e liberou seu verdadeiro eu. Lentamente, ela passou a mão entre os corpos fortemente pressionados, balançando entre eles até encontrar a crista do seu pênis. Ela o acariciou por entre as calças, observando o queixo dele ficar tenso, os olhos fechados, a respiração exalando suavemente. — Annabelle — disse ele, mas desta vez sua voz estava implorando. — Tire sua roupa e vamos começar — ela ordenou, empurrando-o do abraço e dando um passo para trás para observá-lo. Ele não se negou, mas demorou a remover cada item. Seu olhar nunca a abandonou quando tirou a jaqueta, puxou a camisa da cintura e lentamente a abriu. Finalmente a tirou e foi ela quem perdeu o fôlego. — Como pode ser tão bem formado? — Ela murmurou, aproximando-se para tocá-lo. Achatou a palma da mão contra a


carne dele, deleitando-se com o calor da sua pele contra a dela, a maneira como seus músculos se flexionavam. — Porque eu não sou um idiota inútil — ele rosnou. Ela estremeceu. Ele estava abordando o desejo dela de se casar com um daqueles idiotas inúteis. Embora, naquele momento, ela não conseguisse se lembrar por que aquilo parecia uma boa ideia. Especialmente quando poderia ter isso em pé na frente dela. Este espécime da perfeição masculina. Este homem que, se ela lhe dissesse que permitiria, a reivindicaria e a agradaria até ficar fraca. E isso destruiria todos os seus sonhos. Ela piscou e se afastou. Não podia permitir que seus desejos sombrios fossem seu único guia. Ela tinha que manter sua razão viva no meio desses prazeres. Ele moveu as mãos para as calças, seu olhar quase desafiador quando as abriu e deu de ombros para tirar o tecido. Ela recuperou o fôlego. Ele era magnífico. Ainda melhor do que se lembrava. Cada parte dele era dura e musculosa, desde as coxas e as costas até a crista de seu pênis que se curvava contra seu estômago com orgulho. Ela o queria. Tão desesperadamente. Sem pensar, ela o alcançou, envolvendo a mão em volta dele em um punho apertado e acariciando-o uma vez, depois duas vezes. Ele rosnou baixo, e sem aviso, ele a atacou. Ele agarrou a cintura dela, jogando-a na cama e depois se apoiou sobre ela, a respiração no pescoço dela, agitando suas mechas emaranhadas. Ela arqueou embaixo dele, esfregando o corpo contra o dele em uma tentativa desesperada de controle, mas ele balançou a cabeça. — É minha agora, Annabelle. Não esqueça disso. A boca dele esmagou a dela antes que ela pudesse responder, mas ele não ficou assim por muito tempo. Ele mordeu o lábio inferior levemente e depois arrastou a boca pelo corpo nu dela. Ele chupou de um lado para o outro entre os seios dela e depois deslizou para o estômago, lambendo o umbigo. Seu corpo estava pegando fogo com a sensação, mas ele nunca se estabeleceu em nenhum lugar do corpo dela, deixando-a desconcertada e gemendo com o prazer que a provocava.


Finalmente, sua boca deslizou sobre seu quadril e ele abriu suas pernas, revelando seu sexo. Ela lembrou da boca dele contra ela antes e corou, mas também se levantou em direção a ele, ansiando pelo alívio que ele poderia trazer com sua boca perversa. Ele riu. — Tão ansiosa. Mas acho que devemos tentar algo diferente. Ele acariciou seus dedos sobre o sexo dela, abrindo seus lábios suavemente. Ela não pôde deixar de gritar quando ele a tocou, como um virtuoso a seu instrumento. Ele se inclinou, ainda acariciando seus dedos contra ela gentilmente. Ela esperou o roçar da língua dele contra ela, mas não veio. — Marcus? — Ela sussurrou. Ele sorriu para ela. — Quer minha boca? Ela assentiu, sem se importar com o quão parecia desesperada. — Hoje não. — Ele se levantou, posicionando-se entre as pernas dela. Ela assistiu, impressionada, quando ele abaixou seu pênis em sua direção. — Não, nós dissemos... — ela começou, um protesto fraco quando o corpo dele dentro do dela era exatamente o que ela queria. Ele balançou sua cabeça. — Não vou violá-la. Ela não teve resposta para isso. Se não pretendia preenchê-la, ela não sabia o que mais ele poderia fazer. Até que ele aninhou seu pênis dentro das dobras externas dela e acariciou ao longo do lado de fora de seu sexo. — Meu Deus, Annabelle — ele gemeu, acariciando-a novamente. — Está tão molhada. Ela ofegou com a lâmina dele ao longo de seu sexo. Ele era tão duro contra a suavidade dela, e a cabeça de seu pênis pressionou seu clitóris perfeitamente. Ele gentilmente aumentou seu ritmo, tomando o tempo necessário, tomando cuidado para não deixar seu membro mergulhar em seu sexo e quebrar a promessa que havia feito. Ela sentiu seu orgasmo crescendo à medida que a velocidade dele aumentava. Ele floresceu de onde seus corpos se chocaram,


formigamentos se espalhando por suas pernas, estômago, braços, até que, em uma explosão de luz e prazer, arrebentou. Ela gritou, flexionando-se contra ele, mas também buscando mais. Tremeu e ele acariciou até que ela finalmente desabou, fraca em seus travesseiros. Ela esperava que ele se afastasse, talvez pedir para que o agradasse com a boca, mas em vez disso, ele deslizou os dedos ao longo de sua abertura mais uma vez e depois começou a acariciar seu pau, lubrificado com seus sucos. Ela se sentou nos cotovelos, incapaz de desviar o olhar quando ele empurrou a mão sobre sua carne dura. Seus olhos se fecharam, seu pescoço ficou tenso e, com um grito enorme, sua semente se soltou.


Capítulo 16

Marcus ofegou, lutando para recuperar o fôlego e abriu os olhos. Encontrou Annabelle ainda espalhada sobre sua cama, observandoo, os olhos arregalados e cheios de desejo renovado. Ele franziu a testa em confusão. — Por que me olha assim? Ela sorriu. — Eu gostei de vê-lo perder o controle — ela explicou. — Quase tanto quanto gosto quando rouba o meu. Ele balançou sua cabeça. Ela não tinha ideia de quão poderosos eram seus desejos. Como suas palavras mexiam com ele de corpo e alma. — E ainda assim vê o que fazemos aqui como sombrio e distorcido, não é? — Ele perguntou. Ela fez uma careta. — Quando estamos juntos, não há nada obscuro ou distorcido sobre como me sinto. Mas uma dama não deveria... Ele rolou de costas com um suspiro, cortando-a. — Sinto muito, mas o que está prestes a dizer é pura tolice. Uma dama não deveria... Esteve no andar de baixo, Annabelle, viu damas, damas poderosas, fazendo exatamente o que desejam e muito mais! Ela mordeu o lábio. — Eu sei. Sei que elas estão aqui e que estão envolvidas em tais atividades. Mas me diga uma coisa: nem todo mundo no seu clube usa máscara, não é? Marcus virou o rosto para olhá-la. — Não. Não é obrigatório, mas incentivado. A maioria usa. — E dos que não as usam, alguma delas é mulher? Damas? Ele hesitou, não querendo dar a resposta que ela procurava como prova de que o que sentia estava errado. Pior, que o que eles compartilhavam estava errado. — Não — ele finalmente admitiu. — Eu só vi os cavalheiros renunciarem às suas máscaras.


Ela assentiu. — E se alguém invadisse este lugar e descobrisse quem está envolvido em certas atividades... como aquelas que observamos pelas vigias no corredor, por exemplo... quem acha que seria mais prejudicado? — Dependeria da patente de quem conseguisse passar por meus guardas, o que eles estariam procurando — disse ele. Ela balançou a cabeça. — Os homens ou as mulheres? — Annabelle. —Sabe tão bem quanto eu que as histórias dos homens podem prejudicá-los, sim, mas está certo ao dizer que isso dependeria da circunstância. A maioria deles iria embora envergonhada, talvez, mas não materialmente prejudicada. Posso dizer, mesmo depois de pouco tempo na ton, que as mulheres seriam destruídas. Inferno, mesmo na vida muito menos rigorosa que eu mantinha antes, a descoberta de que uma dama estava realizando atividades em um clube de sexo significaria morte social. — Há viúvas que ostentam seu comportamento mais abertamente — ele ofereceu, mas o tom não era convincente. Como poderia ser quando sabia que ela estava certa? — Viúvas — ela repetiu. — E geralmente aqueles com dinheiro e algum poder, graças aos títulos ou reputações de seus maridos. Mulheres que não precisam se casar novamente e não se importam com a Sociedade. Eu não sou casada. Se não me casar, não seria jogada na rua, é claro, mas não teria chance de ter uma vida respeitável. Ele caiu de lado. — Continua dizendo que quer uma vida respeitável, mas como no mundo pode dizer que a sua não é respeitável? É uma dama em todos os sentidos do mundo e os que a rodeiam sabem disso. Ela estendeu a mão para segurar suavemente o rosto dele, e Marcus quase ronronou com o calor de suas mãos, apesar da natureza frustrante desse relacionamento. — Estou nua na cama de um homem que possui um clube popular, mas incrivelmente notório. Como alguém poderia me chamar de dama se soubesse que tenho feito isso? Que eu ansiava isso?


— Que me ansiava, você quer dizer? — Ele pressionou, uma ferroada o atravessando nessas palavras. Ela o estava rejeitando, tanto quanto a reputação de sua família ou a vida que temia perder, se cedesse à sua verdadeira natureza. Sua verdadeira natureza não era boa o suficiente. E ele também não. — Você é o porquê de isso ser tão difícil — disse ela balançando a cabeça. — Você é incrível. — Mas abaixo de você. — Ele começou a sair da cama. — E não apenas por isso que não me permite tê-la. Ela agarrou o braço dele. — Não na minha opinião. Marcus... O que quer que ela tenha dito foi interrompido por uma batida repentina na porta do escritório dele. Marcus lançou um olhar através da sala adjacente. — Marcus, vamos terminar isso — ela disse, sentando e se envolvendo com o lençol. — Eu não posso ignorar — ele agarrou as calças e as subiu enquanto caminhava pelo escritório até a porta. Ele a abriu. — O que é? — Ele gritou com quem o interrompeu. Ficou surpreso ao encontrar Abbot do outro lado da porta. E, a julgar pela maneira como o olhar de seu amigo esvoaçava sobre o corpo semi vestido de Marcus, a surpresa foi mútua. — Desculpe interromper sua... — Abbot balançou a cabeça. — ...seu trabalho, Rivers, mas temos uma situação. Com Crispin Flynn. Marcus fechou os olhos e esperou a reação de Annabelle. Assim como ele suspeitava, ela soltou um grito de dor e correu do quarto dele com apenas um lençol enrolado em seu corpo flexível. — Meu irmão? — Ela explodiu quando parou ao lado dele. Abbot se moveu, mudando o olhar para um ponto fixo bem atrás de Annabelle. — Er... sim, senhorita Flynn. Ele está fazendo grandes apostas, Rivers. — Quão grande? — Marcus perguntou. — Dez mil libras. Annabelle levou a mão aos lábios. — Meu Deus, ele vai à falência se continuar assim.


— Veja se pode distraí-lo. Descerei imediatamente, preciso me vestir. Abbot assentiu e saiu da sala com uma expressão que ninguém poderia não entender como alívio. Ele claramente não queria estar na sala com Marcus e sua aparente amante. Marcus não estava ansioso pelo que certamente seria uma conversa pontual com Abbot mais tarde. — Marcus — Annabelle respirou quando ele fechou a porta atrás de seu amigo. Apertou o braço dele e seu lençol escorregou um pouco, revelando uma curva tentadora do seio. Ele afastou seus pensamentos perversos. — Vou descer, Annabelle. — Vou contigo — ela insistiu. Ele balançou sua cabeça. — Não, não vai. Eu consigo... — Eu vou contigo! — Ela repetiu, desta vez gritando. Ele a olhou. Nesse momento, ela era tão selvagem quanto qualquer um de seus irmãos já havia sido. E determinada. Se ele discutisse com ela, isso significaria apenas mais tempo perdido. — Bem. Vista-se e use sua máscara — ele retrucou enquanto se movia em direção ao quarto com ela em seus calcanhares. — E vai ouvir e fazer tudo o que eu disser, Annabelle. Ela assentiu, mas quando eles entraram em seu quarto para se vestir, ele suspeitou que ela estava mentindo. E havia muito pouco que ele pudesse fazer sobre isso.

Pela primeira vez desde que veio ao clube, enquanto seguia Marcus pela multidão, Annabelle não estava olhando para os casais envolvidos em brincadeiras eróticas. Sua mente estava ocupada demais com os pensamentos em seu irmão. Marcus andava com propósito e era difícil acompanhá-lo enquanto ele manobrava com facilidade através das pessoas. Sua boca estava em uma linha sombria, embora ele ainda reconhecesse os clientes nas mesas e acenava com a cabeça para aqueles que diziam seu nome.


Ele estava em casa aqui. Ele fez uma curva acentuada, e ela se viu no mesmo corredor em que haviam espionado antes. Ela corou quando Marcus a levou para o corredor escuro. — Marcus — ela começou. — Eu não quero... — Seu irmão está na sala de jogos aqui — disse ele, deslizando o tampão para olhar lá dentro. — Temos nos garantido fazendo-o ficar em uma sala onde poderíamos observá-lo. Os lábios dela se separaram. Está de olho nele? Marcus assentiu. — Eu te disse, e ao Rafe, que faria isso. Eu mantenho minha palavra, apesar do que possa acreditar sobre mim. Ela estendeu a mão para pegar a mão dele. — Eu acredito que seja honrado. Ele não disse nada, mas continuou olhando pelo olho mágico. Ele bloqueou sua visão, então ela se levantou, não exatamente paciente, mas esperando enquanto observava o que estava acontecendo lá dentro. De repente, houve um estrondo de dentro da sala onde estava seu irmão e que Marcus observava. Ele tremeu e apertou a mão dela. — Espere aqui — ele ladrou quando começou a correr de volta pelo corredor. — Não se atreva a se mexer! Com a respiração curta, Annabelle se colocou em posição para poder ver dentro da câmara. Seu irmão tinha virado a mesa de jogo. Dinheiro e cartas estavam espalhados pela sala. E agora Crispin cambaleava, dando tropeços até o homem muito grande e muito sério com quem estava jogando. E o homem não parecia feliz ou tolerante. — Trapaceiro! — Crispin rugiu, apenas ziguezagueando para fora do caminho do punho carnudo do homem. Antes que ele pudesse balançar novamente, a porta se abriu e Marcus e vários de seus funcionários entraram. Três deles contiveram o parceiro de jogo de Crispin, enquanto Marcus se aproximava de seu irmão. — Cris — ele disse, seu tom suave, diferente de tudo que ela já ouvira. Na verdade, ele lembrava o Rafe falando com Crispin.


Marcus até usou seu apelido há muito abandonado. — Cris, me escute. — Deixa entrar um bando de malditos trapaceiros em seu clube, Rivers — Crispin arrastou. Annabelle ficou tensa com a linguagem feia, mas se inclinou para mais perto para ver a reação de Marcus. Ele poderia ter ficado bravo, mas em vez disso riu. — Qualquer um que pague, como bem sabe. O parceiro de jogo de Crispin se ergueu. — Eu não sou nenhum trapaceiro, Rivers. Marcus olhou para ele. — Acalme-se, Porter. Tirem-no daqui, deem a ele uma bebida, homens. Os criados obedeceram, escoltando e arrastando o parceiro de Crispin. Isso deixou Crispin, Marcus e Abbot juntos na sala. — Qual é a causa de tudo isso, Crispin? — Marcus perguntou suavemente. — Ela se foi, meu irmão se foi — Crispin arrastou-se. Annabelle piscou. Ela? — Eu não sei quem ela é — Marcus disse suavemente. — Mas seu irmão está perfeitamente bem. Eu jantei com ele há três dias. O irmão dela bufou. — Jantou com o maldito duque. Annabelle virou a cabeça quando a dor a atravessou. Crispin nunca aceitou a herança do Rafe ao título de primos. Pareceu quebrá-lo saber que Rafe precisava mudar para se adequar ao seu novo futuro. Mesmo que Crispin tivesse realmente ajudado o irmão quando sua vida com Serafina não andava bem. — O Duque e seu irmão são os mesmos — Marcus o tranquilizou. — Não, não são. Rafe não pode ser quem ele já foi. — Ele parece o mesmo para mim — disse Marcus. — Você não é irmão dele. — Não — Marcus concordou. — Eu não tenho esse privilégio, você está correto. Mas eu os conheço há muito tempo. Eu devo muito aos dois. E eu quero ajudá-lo. Crispin olhou para ele e Annabelle pôde ver sua miséria. — Como pode me ajudar? — ele resmungou. — Deixe-me deixá-lo sóbrio e poderemos conversar sobre isso — ofereceu Marcus. — Nós dois, mais ninguém. Sabe que estou do seu


lado. Annabelle prendeu a respiração enquanto esperava a resposta do irmão. Ela observou o rosto de Crispin e, por um instante, pensou que ele poderia aceitar a oferta de Marcus. E então ele se afastou do homem que aparentemente era um amigo muito mais próximo do que ela imaginara e gritou: — Apenas me traga uma bebida, Rivers. É assim que pode me ajudar. Marcus suspirou, seus ombros rolando para frente. — Acho que não posso fazer isso. — Eu pago para você fazer isso — disse Crispin, sua voz baixa e com raiva. Annabelle cobriu a boca com o tom desdenhoso dele. Mas Marcus nem sequer vacilou. — Você paga pelo privilégio de jogar e se prostituir nesses corredores — ele corrigiu suavemente. — Um privilégio que posso remover a qualquer momento, meu amigo, embora espero que não me empurre tão longe. Annabelle sabia o que o irmão faria antes mesmo dele se mexer. Ela viu a postura dele endurecer, a forma do punho ao lado, o rosto torcido numa ira animal, uma emoção descontrolada que não tinha nada a ver com Marcus. Ele estava erguendo o braço. — Crispin! — Ela gritou quando ele o fez. Seu irmão estremeceu com a voz dela e seu soco foi selvagem. Marcus saiu facilmente do caminho e Crispin cambaleou no chão. — Que diabos? — Ele ladrou, olhando em volta e depois diretamente para o olho mágico onde ela estava. Pior, Marcus olhou para ela também, seu rosto uma máscara de horror. Se retraiu o corredor escuro, achatando-se contra a parede oposta ao visor. O que ela tinha feito? Seu irmão olhou na direção do visor por mais um momento e depois olhou para Marcus. — Espiões, amigo? — Você conhece essas salas — disse Marcus, sua voz suave, embora ela pudesse ver a tensão em seus músculos. — Vá para o inferno — Crispin estalou, depois marchou para fora da sala.


Annabelle correu pelo corredor escuro e entrou na sala principal. Ela viu o irmão ziguezagueando na multidão, mal evitando bater nos outros. Ela deu um passo para segui-lo, mas foi parada quando Marcus saiu da sala de jogos e a pegou pelo braço. — Não — ele sussurrou, puxando-a de volta. — Ele chamou atenção suficiente para si mesmo, não se arraste com ele. Ela se virou para ele. — Não posso deixá-lo ir! Não neste estado! Marcus não disse nada, mas fez um gesto com a cabeça para Abbot e começou a arrastá-la através da sala, longe das costas de Crispin. — Não! — Ela disse, puxando contra seu aperto, mas sem sucesso. — Marcus! Ele a ignorou e a arrastou escada acima para o escritório. Abbot o seguiu e, sem palavras, fechou a porta atrás deles quando Marcus a soltou. — Marcus! — Ela repetiu, pediu, implorou. Ele assentiu. — Eu sei. Sei que está chateada e tem todo o direito de estar. Mas Annabelle, o que estava pensando ao dizer o nome dele ou ao tentar segui-lo quando eu lhe disse especificamente para não se mexer? — Ele é meu irmão! — Gritou, batendo a mão na mesa de Marcus, como se ela pudesse fazê-lo entender caso derrubasse a sala. — E ele é meu amigo — ele retrucou. Ela ficou parada por um momento, ofegante,olhando para ele. Então assentiu. — Sim. Sim, eu vi aquilo. — Você queria que o Rafe oferecesse ajuda a Crispin. Acreditou de coração que, se a oferta fosse feita, Crispin aceitaria. — Marcus continuou, sua voz mais suave agora, cheia de ternura, não por Crispin, mas por ela. — Mas eu ofereci o mesmo e ele recusou, Annabelle. Violentamente. Abbot pigarreou. — Devo colocar o Sr. Flynn na lista proibida do clube? Annabelle se virou para ele. Crispin banido? Ela sabia que ele não merecia nada menos. Afinal, tentou agredir o proprietário, virou uma mesa e causou uma perturbação que fez os que estavam lá embaixo


provavelmente gritavam, em vez de sussurrar. Ele não usava máscara durante tudo isso. Seu coração afundou. — Não — disse Marcus. Abbot balançou a cabeça. — Não? — Não — ele repetiu, erguendo as sobrancelhas como se desafiasse Abbot a questioná-lo. — Se Crispin não vier aqui, ele não terá para onde ir, onde seja cuidado. No entanto, é óbvio que precisamos controlar mais essa situação. Quando ele joga, tenha certeza de que é com um de nossos homens. Eles não deixarão a situação ficar fora de controle e podem devolver quaisquer 'ganhos' no final da noite. — Ele começou a andar, e Annabelle podia ver sua mente girando. — Quando ele beber, tenha certeza de que está diluído. E se puder direcioná-lo para uma mulher, por Deus, faça-o. Ele terá menos problemas. Abbot escreveu as anotações cuidadosamente. — Pretende mimálo. Annabelle olhou furiosa. O homem de Marcus não estava errado, mas mesmo assim ela o odiava por apontar isso. Ele tinha influência e poderia mudar a ideia de Marcus sobre cuidar de Crispin. — Pretendo fazer tudo o que puder por um amigo que salvou minha vida — Marcus rosnou. Abbot hesitou apenas um momento antes de assentir. — Então deve ser feito. Vou descer, começar a fazer arranjos e tentar acalmar as penas eriçadas. A menos que haja mais alguma coisa? — Não — disse Marcus, apoiando as mãos na mesa, a cabeça inclinada. Abbot saiu da sala e por um longo tempo depois de deixá-los sozinhos, tudo que Annabelle pôde fazer foi encarar Marcus. Este homem, seu amante, seu campeão quanto ao seu irmão, este homem inesperado... ele tinha tanto poder sobre ela. E ainda assim ela não podia fazer nada com seus sentimentos. — Marcus — ela sussurrou. Ele levantou a cabeça, mas não olhou para ela. — Por favor, não me pergunte como seus irmãos salvaram minha vida. Não essa noite.


Ela se encolheu. Ele não compartilharia essa história com ela. Era pessoal demais; talvez ela não merecesse. E, no entanto, ela queria saber. — Então quando? — Ela perguntou. Ele finalmente se virou para ela. — Na próxima vez. Quando nossas emoções estarão menos intensas. Eu direi, Annabelle. Vou te contar tudo. Ela assentiu antes de se mover em direção a ele, deslizando a mão em sua bochecha. — Obrigada Marcus. Ela ficou na ponta dos pés e deu um beijo na boca dele. Ele gemeu com o toque, abrindo a boca para conceder acesso a ela. Ela provou a língua dele, provocando-o como ele a provocara tantas vezes. Então deu um passo para trás. — E eu sinto tanto — ela acrescentou antes de ajustar a máscara no rosto e sair da sala. Deixando-o. E se deixando mais confusa e agitada do que jamais estivera antes.


Capítulo 17

Marcus estava sentado em sua mesa uma hora depois, olhando para os padrões rodopiantes da letra de Annabelle, quando ouviu uma leve batida. Ele ficou tenso. Depois desta noite, não havia ninguém que quisesse ver. Ninguém com quem se sentia preparado para conversar. E, no entanto, ele tinha um clube para administrar e não podia ignorar seus deveres. — Sim — ele resmungou, sua voz mal carregando. A porta se abriu lentamente e Abbot entrou, apoiando-se no batente enquanto o examinava longamente. Marcus forçou o olhar para a papelada diante dele. — Existe algo acontecendo lá embaixo que eu preciso saber? — Perguntou suavemente. Abbot não respondeu por tempo suficiente para que Marcus olhasse para ele. — Bem? — Não, nada lá embaixo. — Se não tem assuntos do clube para discutir, então eu gostaria de ficar sozinho por um tempo — Marcus resmungou. — Eu tenho negócios no clube — disse o amigo, empurrando a porta, fechando-a atrás dele e sentando-se em uma cadeira em frente a Marcus. — Deus, Abbot — Marcus gemeu. — São amantes, então? Marcus olhou para ele. — Não é da sua conta. — Talvez não. São? Marcus recostou-se na cadeira, observando Abbot de perto. Ele conhecia Paul Abbot por quase tanto tempo quanto dirigia este clube. Eram maiores de idade, e confiava ao homem à sua frente seu dinheiro, seus negócios... ao ponto de falar sobre sua vida. Apesar de tudo, dizer a ele algo tão pessoal era difícil. Marcus havia sido ensinado há muito tempo, por circunstâncias amargas, a


não oferecer aos outros muito de si mesmo e tinha poucos confidentes. — Não estou perguntando como seu homem de negócios — disse Abbot suavemente. — Eu não me importo com o impacto aos negócios, embora mais tarde eu possa lhe mostrar, mais uma vez, que suas ações podem muito bem ter um. Mas hoje à noite, neste momento, estou lhe perguntando como amigo. Porque acho que poderia precisar de um. Se concordar, deixe-me perguntar novamente. É amante de Annabelle Flynn? Marcus passou a mão no rosto e depois deu de ombros. — É mais complicado que isso. — Como assim? Ele encontrou o olhar de Abbot. — Ela exige permanecer virgem para seu futuro marido sem nome e sem rosto, do qual, sem dúvida, não serei digno nem de engraxar seu sapato podre. Abbot se recostou na cadeira. — Ela disse isso? Ela parece muitas coisas, mas não cruel! — Não, ela nunca disse isso — Marcus sussurrou. — Mas eu sei, não é? Nós dois sabemos o que eu sou. — Um homem bem sucedido por si mesmo que era amigo de seu falecido pai, assim como de seus dois irmãos? Um homem que escolhe proteger um de seus irmãos, mesmo em detrimento de si próprio? Marcus apertou os lábios. — Ela quer respeitabilidade. O tipo que vem com um título. O tipo que eu nunca poderia fornecer graças a este clube e à minha história pessoal. — Hmmm. — O barulho que Abbot fez foi evasivo. — Então sem sexo. Mas obviamente muito mais, a julgar pela cena que encontrei no início da noite. — Sim — Marcus admitiu, seu tom áspero ao pensar na doçura escorregadia do corpo de Annabelle, no desejo doloroso que ele teve para violar o acordo e reivindicá-la como dele. O enorme autocontrole necessário para resistir fazê-lo. — Alguém mais sabe? — Perguntou Abbot. — Minha mãe.


Os olhos de Abbot ficaram quase impossivelmente arregalados. — Falou para Calliope? Marcus deu de ombros. — Eu precisava conversar com alguém que me dissesse exatamente o que eu precisava ouvir. Que não camuflaria a verdade. — Bem, Calliope certamente é assim. E o que ela disse? — Nada que ajudasse — Marcus disse com um longo suspiro. — Embora ela tenha perguntado por você, é claro. — Essa é a minha garota — disse Abbot, seu tom cheio de provocações. — Os dois estão de acordo, pelo menos. — Isso porque sua mãe é uma mulher incrivelmente inteligente e nós dois nos importamos contigo. — O rosto de Abbot era totalmente sincero. — Embora quando perguntei se alguém mais sabia, eu quis dizer mais da parte de Annabelle. Marcus passou a mão no rosto. — Eu não sei. Suponho que ela possa ter contado a alguém, mas, considerando seu desejo de proteger sua reputação, duvido que meu nome cruze seus lábios, exceto aqui neste escritório, quando forço. — É por isso que ela vem aqui? Para um quase caso com você? — Não. Não. A situação entre nós surgiu porque ambos nos desejamos fisicamente. Sugeri que não lutássemos e isso foi o máximo que ela permitiu. Então eu pego o que posso conseguir. — Marcus se afastou da mesa. — Mas ela vem aqui porque realmente acredita que pode salvar Crispin. Que se ela puder observar o irmão no seu pior, ela pode ajudar a trazer de volta o seu melhor. — E concorda? Ele olhou para os corpos contorcidos abaixo. A noite estava chegando ao fim e a maioria dos que restavam no clube havia desistido das cartas e agora estava se concentrando em atividades muito mais agradáveis. Odiava todos eles por isso, por conseguir algo que ele não podia ter. — Eu não sei. Annabelle é teimosa o suficiente para poder forçar a mão dele. — Ele suspirou. — Mas depois desta noite, depois de ver Flynn tão perdido, duvido que ela possa consertá-lo. Ele terá que


querer fazer isso sozinho, seja qual for o demônio que assombre todos os seus passos. Temo que isso a machuque profundamente. — Você gosta dela — Abbot soprou. Marcus ficou rígido. — Absurdo. — Não, não é. Posso ouvir isso em suas palavras, posso ver na maneira como a observa, na maneira como fica tenso quando fala sobre ela. O fato de ter procurado o conselho de sua mãe reforça ainda mais minha teoria. Marcus olhou para o amigo por cima do ombro. — Eu sei que ela não é para mim, Abbot, não precisa se preocupar com isso. Tudo o que compartilhamos é temporário, na melhor das hipóteses. De acordo com seu irmão mais velho, o duque, a sua temporada está indo muito bem. Provavelmente serei uma lembrança desagradável em breve. Ele franziu o cenho com o pensamento. Esperava que Annabelle não se arrependesse com o tempo. Mas talvez, se encontrasse um marido que a amasse e respeitasse, desejasse não ter se rendido tanto a Marcus. — Rivers — disse Abbot, seu tom de repente diferente. — Quem escreveu em seus livros? Marcus virou-se para descobrir que Abbot estava de pé e se mudou para sua mesa. Ele estava debruçado sobre os livros, as duas sobrancelhas levantadas. Marcus pigarreou. — Annabelle é muito esperta com números. E ela tem algumas boas ideias para gerenciar alguns de nossos assuntos. Talvez possamos discuti-los outro dia. Abbot olhou para ele. Não havia raiva em seu rosto, apenas surpresa pura. — Cuidado, meu amigo — ele disse suavemente. — Não porque eu não confie no seu julgamento, não porque eu não goste dessa mulher, não porque eu não entenda por que se sente atraído por ela..." — Então por que? — Marcus olhou para ele. Abbot mudou sentindo desconforto. — Eu te conheço há quase uma década, Rivers. Normalmente, não se permite sentir nada por ninguém, independentemente das circunstâncias. Pode não conhecer o poder que tem quando ama tão profundamente.


Marcus rangeu os dentes. Ele poderia dizer a Abbot novamente que ele não amava Annabelle. Ele poderia negar isso ao céu, à lua e ao sol até o mundo acabar. Mas em seu coração, ele sabia que não era verdade. E ele suspeitava que dizer em voz alta só iria provar o argumento de Abbot ainda mais. Em vez disso, o que tinha que fazer era remover esses sentimentos de sua mente. Separar o desejo que sentia por Annabelle por qualquer sentimento bobo que já havia associado a ela a partir daquele dia, anos atrás, quando a conheceu. Essa era a única maneira de se proteger. A única maneira de salvar os dois.

—Estou tão feliz que pudemos tomar chá juntas, apenas nós duas hoje. Annabelle foi retirada de seu devaneio pela voz de Serafina. Ela olhou para cima e encontrou a esposa do irmão a observando, um sorriso brilhante no rosto bonito, mas um olhar estranho nos olhos. Annabelle afastou os pensamentos de Crispin e Marcus, como fazia há quase dois dias, e forçou um sorriso para Serafina. — Eu também estou — disse ela, e não precisava mentir. — Eu gosto de nossos momentos juntas. — Sim. — Serafina mexeu o chá, olhando para Annabelle. — Mas temo que esteja muito distraída ultimamente. Annabelle engoliu em seco. — Estou? — Acredito que saiba que está, minha querida. Gostaria de falar comigo sobre o porquê? Annabelle procurou o rosto de Serafina, tentando determinar o quanto sabia. Pelo seu tom, parecia que ela queria dizer mais do que estava dizendo, mas seu rosto não revelou nada. Mas, é claro, sua cunhada tinha suas razões para desenvolver essa habilidade, embora ela não precisasse mais usá-la. — Suponho que alguém se distraia com uma incursão na sociedade — disse Annabelle, baixando o olhar. Ao contrário de


Serafina, era difícil para ela esconder suas emoções e temia que elas ficassem claras em seu rosto. — Eu sinto que é mais do que isso. — Serafina estendeu a mão e pegou as duas de Annabelle. Ela apertou gentilmente, forçando Annabelle a olhá-la. — Tem certeza de que não precisa me dizer nada? Talvez seja algo difícil de explicar para o Rafe ou sua mãe? Porque de que adianta ter uma irmã para não confessar nossos segredos mais profundos e obter conselhos, perspectivas e até ajuda? Annabelle respirou fundo. Ela adorava a esposa do irmão. Como Serafina acabara de dizer, ela era a irmã que Annabelle nunca teve e, nos meses em que ela e Rafe se casaram, as duas se aproximaram mais do que nunca. O que significava que ela queria desesperadamente contar tudo a ela. Mas contar a Serafina qualquer coisa significaria dizer ao próprio Rafe. E não podia imaginar que seu irmão não fosse ficar furioso se conhecesse seus planos desesperados. Se soubesse até onde ela tinha ido com Marcus e quanto mais ela desejava ir. Mais uma vez Rafe diria a ela para esquecer Crispin, para abandoná-lo até que estivesse pronto para procurar sua família. Depois de ver seu irmão perder o controle duas noites atrás, ela não poderia fazer isso. Mesmo que em algum lugar do seu coração soubesse que era um bom conselho. E, no entanto, seus lábios se separaram, eles tremeram com as palavras que ela queria desesperadamente dizer em voz alta. Serafina inclinou-se para a frente, antecipando a verdade, olhos azuis arregalados de prontidão para confortar e conciliar. — Só estou preocupada com o meu futuro na sociedade — disse Annabelle finalmente, virando o rosto para não ver o reconhecimento de Serafina por aquela mentira amarga. — E preocupada com Crispin. Ele parece empenhado em se destruir. Serafina suspirou. — Eu posso imaginar que a condição de seu irmão no momento a incomode muito. Eu nunca tive meu próprio irmão, mas venho me preocupando tanto com vocês desde o meu casamento com Rafe que também penso em Crispin com frequência e temo por sua segurança.


Annabelle a olhou. — Não há como convencer o Rafe a procurálo? Para oferecer assistência a ele? Serafina inclinou a cabeça. — Não acredita que ele já tenha feito isso? Nos últimos meses, quando Crispin caiu para o seu nível mais baixo, Rafe ofereceu-lhe ajuda várias vezes, apenas para ser rejeitado de maneira sólida e muitas vezes bastante cruel. Garanto que parte o coração do Rafe deixar Crispin partir, sabendo que está com muita dor e que não pode fazer nada para ajudá-lo. Annabelle respirou fundo pelas lágrimas que saltaram nos olhos de Serafina com suas palavras. Ela estava assumindo que Rafe estava simplesmente escolhendo ser frio em relação ao irmão, mas agora podia ver suas profundas emoções, refletidas na dor empática de Serafina por ele. — Eu tenho sido muito dura com Rafe, posso ver isso — ela sussurrou. — E depois do que vi, talvez ele esteja certo. Serafina virou o rosto em sua direção. — O que viu? O que quer dizer? Annabelle mordeu a língua. Que confissão mais idiota essa que saiu em um momento de fraqueza, desprotegida e revelando demais. — Só quero dizer saber que Crispin se separou de todos nós — ela se apressou a mentir. — Depois das minhas descobertas, quando entrei na carruagem do Sr. Rivers naquela noite, algumas semanas atrás. A sobrancelha de Serafina arqueou. — Sim, Sr. Rivers. Ele é um sujeito muito interessante, não é? — O que quer dizer? — Annabelle perguntou, ouvindo sua própria voz falhar e tentando desesperadamente impedir que isso acontecesse novamente. — No jantar, ele foi muito espirituoso e envolvente. Você parecia gostar muito dele, na verdade. Annabelle virou o rosto. Como não poderia? Como me disse, ele foi inesperado. — Hmmm. Annabelle arregalou os olhos. — O que significa hmmm? Serafina ficou de pé, um processo lento, graças à barriga cada vez mais arredondada que segurava seu filho. Ela atravessou a sala


antes de se virar para olhar para Annabelle. — Eu não posso estar contigo enquanto caminha na sociedade. Sinto muito por isso, porque eu poderia ter sido capaz de facilitar a sua transição. Annabelle piscou, incerta dessa mudança repentina de assunto de Marcus para sua estreia. Mas não lamentava, Marcus era um tópico infinitamente mais perigoso. — Eu entendo — disse ela lentamente. Serafina continuou: — Mas eu tenho sido capaz de observá-la durante suas semanas fora no mundo da Ton, e vejo que está ganhando o interesse de Lorde Claybrook. Annabelle engoliu em seco. Claybrook. Ela não pensava no homem há dias, na verdade. No momento em que ele deixou a sala que compartilharam, era como se ele não existisse mais. Não era um bom começo, sabia, mas não tinha intenção de admitir isso para Serafina. — Sim, estou muito satisfeita com esse fato — disse ela, esperando que sua voz soasse mais brilhante do que se sentia. — Se nos acertássemos, acho que seria um bom casamento. Para mim, especialmente, considerando que ele é tão bem visto. E tenho certeza de que meu dote nem machucaria seus cofres. Os lábios de Serafina se apertaram. — Eu odeio ouvi-la falar tão descuidadamente sobre o resto da sua vida. Colocar o seu futuro em termos de vantagem e riqueza, quando eu sei melhor do que ninguém o quanto essas coisas podem danificar se elas são todas partilhadas com essa intenção. E a amizade e a atração? E o amor, Annabelle? — Nem todos nós podemos ter a mesma sorte que você e meu irmão — Annabelle sussurrou. — Sim, temos sorte de termos sido reunidos pelas circunstâncias e ainda assim ter encontrado uma conexão que nos manterá nos braços e corações um do outro por todos os tempos. — E, no entanto, Rafe também é inegavelmente um bom partido — Annabelle apontou gentilmente. Serafina sacudiu a cabeça. — Eu amaria seu irmão se ele não tivesse um centavo para o pão. Se ele não tivesse propriedade nem título. — Ela encontrou os olhos de Annabelle. — Se ele não fosse mais do que um dono de clube famoso.


Agora foi Annabelle quem se levantou. Ela se afastou de Serafina, com as mãos trêmulas ao lado do corpo e os olhos cegos enquanto estava de pé no aparador, olhando as garrafas de whiskey do irmão. — Bem, eu não tenho ninguém que eu ame tão profundamente — disse ela, sua voz tremendo. Serafina ficou quieta por um longo tempo e Annabelle teve que se forçar a não olhar para a cunhada. Por fim, Serafina suspirou. — Os melhores planos geralmente não são tão bons quanto acreditamos que serão. E talvez o que pensa que deseja não seja o que realmente precisa. Annabelle virou-se para ela. O rosto de Serafina, tão gentil e aberto, ainda não lhe dizia nada sobre o que sabia. Ou pensava que sabia. — Eu queria que fosse tão fácil quanto querer e precisar — disse Annabelle. — E que eu tivesse escolhas sobre como eu seria vista pelo mundo em geral. Mas agora é a minha única chance de ter a vida que eu queria, Serafina. Devo aceitar, não devo? Sua cunhada piscou e seu sorriso vacilou. — Só você pode decidir isso, Annabelle. Só você pode saber o que está disposta a perder para conseguir o que pensa que deseja. Annabelle inclinou a cabeça, sua mente girando sobre Marcus. A boca de Marcus, seu toque, suas palavras suaves e gentis que roçavam sua pele e se estabeleciam embaixo dela. —Agora tem certeza de que não tem nada a revelar? — Serafina perguntou. — Nada que eu possa ajudá-la? Annabelle engoliu em seco. — Não. Receio que eu deva determinar meu futuro sozinha. Não há mais nada a dizer afinal. Ela viu o desapontamento de Serafina com sua resposta, mas o flash de emoção desapareceu de seu rosto tão rapidamente quanto chegara. Ela sorriu novamente e voltou a sentar. — Gostaria de mais chá? — Ela perguntou, como se a conversa mais profunda e sombria que haviam compartilhado nunca tivesse acontecido. Annabelle assentiu enquanto também se sentava. Mas não pôde deixar de sentir que havia perdido uma oportunidade aqui. E esperava não se arrepender mais tarde.


Capítulo 18

Marcus observou Annabelle rabiscando notas de seu lugar em sua mesa. Sua máscara havia sido substituída por seus óculos mais uma vez e ela estava concentrada na tarefa em questão, exatamente como estava desde que chegou meia hora atrás. Mas ele sabia em seu coração que algo havia mudado entre eles. Havia um ar estressante em como ela se sustentava e seus olhares para ele haviam sido furtivos e não naturais. — Annabelle, o que está errado? — Ele finalmente perguntou, dando a volta para se sentar do outro lado da mesa, forçando-a a encará-lo. Ela balançou a cabeça rápido demais. — Nada. Claro que nada. Ele se recostou e cruzou os braços. — Annabelle... Ela prendeu a respiração, olhou para os livros dele por um momento longo e silencioso e depois sussurrou: — Acha que meu irmão voltará aqui hoje à noite? Marcus apertou os lábios. — É a noite regular dele, sim. Mas está atrasado. Pode ser que, após sua recente explosão, ele possa ficar longe por um tempo. As bochechas dela queimaram, e ele viu tanto vergonha quanto dor no rosa do seu rosto. — Sinto muito, novamente, pela maneira como ele se comportou. — Por que pede desculpas? — Ele perguntou com um encolher de ombros. — Não fez com que ele perdesse o controle. — Por que acha que ele é tão infeliz? — Sua voz falhou quando ela fez a pergunta. Ele olhou para a mão dela, apertada na mesa. Ele queria desesperadamente tocá-la, confortá-la fisicamente. Mas esse definitivamente não era o lugar dele. Ele se inclinou para frente de qualquer maneira e fez exatamente isso. Ele cobriu a mão dela brevemente, deixando seus dedos


acariciarem os dela. — Eu não saberia — disse ele, a voz rouca enquanto se afastava. — Você o conhece melhor, não é? Para sua surpresa, ela inclinou a cabeça e uma lágrima escorreu por sua bochecha. — Se tivesse me perguntado há um ano, dois anos atrás, eu diria que o conhecia melhor do que ninguém, exceto talvez o Rafe. Eu diria que pensei nele não apenas como meu irmão às vezes destrutivo, mas como meu amigo. Marcus recuou. Ele nunca ouvira uma dama chamar um irmão de amigo. Mas, claro, Annabelle era inteiramente singular. Por isso ele gostava tanto dela que doía fisicamente. — Mas agora não? Ela balançou a cabeça. — Desde o casamento de Rafe, vi Crispin ficar fora de controle, mas não tenho ideia do porquê. Quando ele ia te dar o soco, eu sabia o que ele faria; foi por isso que gritei. Mas quando ele olhou em volta, tentando encontrar a voz que dizia seu nome, não foi meu irmão que vi em seu rosto. Aquele homem era um estranho. — Ele disse algo sobre ela — Marcus falou, pensando naquela noite. — Havia uma mulher? — Sempre há uma mulher com Crispin — disse ela com um suspiro. — Mas nunca conheci alguém que pudesse deixá-lo fraco ou machucá-lo. Marcus olhou para ela. Ele teria dito a mesma coisa sobre si mesmo antes de conhecer Annabelle, ou talvez fosse mais correto dizer antes de ela entrar no clube e forçá-lo a fazer mais do que perseguir a carruagem da mãe dela, à espera de um vislumbre. — Talvez ele tenha encontrado a moça certa — disse ele, com a voz baixa enquanto procurava o rosto dela. — Ela teria que ser a moça errada se o machuca tanto — ela rosnou, sua proteção com seu irmão brilhava em seu rosto. Marcus balançou a cabeça. — Às vezes, as pessoas não querem machucar aqueles com quem se importam. Isso simplesmente acontece. Ela desviou o olhar para ele. — Suponho que seja verdade. Tenho certeza de que magoei pessoas no meu passado sem querer fazê-lo.


E embora eu espere que não, temo repetir isso no futuro. Marcus virou o rosto. Ele não tinha certeza de que ela estivesse falando sobre ele, sobre o arranjo deles, mas foi até aí que sua mente o levou mesmo assim. Ele podia imaginar claramente o momento em que se afastaria dele. E logo depois disso, ela certamente o esqueceria, mesmo enquanto ele estivesse assombrado com imagens de quão perto esteve da perfeição, da felicidade. Do amor. Ele levantou da cadeira e se afastou dela para que ela não visse seus ridículos pensamentos em seu rosto. Para que não tivesse que olhar para ela enquanto eles infectavam sua mente. Ele limpou a garganta. — Acho que seu irmão realmente tem sorte de tê-la como amiga. Ela suspirou. — Parece que ele tem sorte de ter um em você também. Poderia tê-lo banido do seu clube e não o fez. Poderia tê-lo golpeado e não o fez. Marcus se mexeu, sem olhar para ela. — Eu nunca faria isso. — Porque sente que deve a ele e a Rafe? Ele assentiu. — Sim. — Me disse na última vez que nos vimos, que me explicaria como os conheceu, por que sente que deve tanto a eles. — Ela se aproximou dele. — Me dirá agora? Ele lentamente a encarou. Ela era tão bonita, tão desejável, tudo o que ele sempre quis e mais do que ele jamais teria. Talvez contar a ela a história de por que ele devia a sua família seria um lembrete para ele do por que não podia querer as coisas que queria agora. Ele apontou para o fogo e as duas cadeiras diante dele. Ela foi para lá devagar, colocando os pés embaixo dela e observando-o enquanto ele se sentava ao seu lado. Ele respirou fundo, desejando que o acalmasse. — Eu conheci seu pai e seus irmãos quando eu tinha catorze anos — ele disse balançando a cabeça quando as memórias o inundaram. — Havia um clube que seu pai costumava frequentar. — Como este? — Annabelle interrompeu, trazendo-o de volta, temporariamente, para este local e hora.


Ele balançou sua cabeça. — Não, não exatamente. O Donville Masquerade é um estabelecimento de alta qualidade, orgulho-me de sua limpeza, segurança e reputação. Mas o clube onde eu os conheci não era nada disso. Era uma casa de jogos, e sempre havia uma luta acontecendo. Era de propriedade de um bastardo chamado Jack Quill. Ele era um bêbado e um miserável e aproveitava todas as oportunidades para roubar a clientela. — E meu pai ia lá? — Annabelle disse, sua voz arqueada com incredulidade. Marcus deu de ombros. — Sabe como seu pai era. Gostava de jogar e Quill pagava bem as probabilidades. Provavelmente porque sabia que seus clientes raramente venciam; eles estavam tão satisfeitos que ficavam praticamente com os olhos vendados. — E onde você se encaixa? — Ela perguntou. Ele hesitou um longo momento. Aqui estava a parte difícil. — Eu trabalhava para a Quill. Ela inclinou a cabeça e ele pôde ver que ela não entendia completamente. Claro que não faria. Aos catorze anos, ela ainda tinha tutores, ficava lendo seus livros, costurando e tocando piano. Ela não tinha noção do desespero das ruas. — Foi assim que conheceu meu pai, no clube de jogos. — E seus irmãos — disse ele. — Seu pai os trazia, apesar de muito novos. Ele esperava que Annabelle ficasse chocada com esse fato, talvez até horrorizada, mas ela apenas balançou a cabeça. — Oh, papai. Tão previsível. E eles eram os jogadores mais jovens do lugar? Ele sorriu. — De fato, eles eram. Embora seu pai não os deixasse brincar com frequência. Acredito que o estabelecimento de Quill foi uma lição para eles sobre o quão longe um homem poderia cair se deixasse bebida, cartas e má companhia se misturarem. Annabelle apertou os lábios. — Como se essas lições tivessem feito bem a Crispin. — Apenas recentemente — ele disse suavemente. Ela assentiu, mas a dor permaneceu em seus olhos escuros. — Então, lá estavam todos, no clube do seu pai... — Ele não era meu pai — Marcus retrucou, endurecendo.


Ela se inclinou para trás com a repentina nitidez de seu tom. — Sinto muito. — Quill essencialmente me possuía — disse ele, com uma amargura em sua voz que não podia conter, mesmo depois de todos esses longos anos. — E ele nunca me deixou esquecer. Ele forçoume a trabalhar para ele, roubar para ele, obedecer às suas ordens, e quando eu não fazia isso direito, ou quando ele tinha um dia ruim, ou quando sentia vontade, porque era terça, sexta ou domingo... ele me batia. Às vezes com o punho, às vezes com uma vara, às vezes com ferro quente, se ele estivesse realmente zangado. Annabelle engasgou, e naquele som ele sentiu, novamente, a disparidade de suas infâncias. Annabelle, que havia sido criada com tanto amor, e ele que quase se afogara como um gatinho indesejado uma vez, que havia sido espancado até não poder se mexer, que tinha sido lembrado diariamente ou mesmo a cada hora que ele era um lixo. — Marcus — ela sussurrou, e agora foi a mão dela que o alcançou, cobriu a dele, apertada com um conforto tão pequeno, mas significativo. — Lamento muito. — Uma noite, Quill ficou furioso. Ele me pediu para esvaziar um barril nos fundos. Estava cheio de... Ele se encolheu. — Não irá querer saber com o que tinha sido preenchido. Mas era tão pesado e eu não era mais que uma criança. Não consegui levantá-lo, tentei arrastá-lo, mas não se mexeu. Quill entrou e começou a gritar comigo. Apenas gritando e gritando. E então os gritos pararam e os golpes, socos e chutes começaram. Annabelle emitiu um som dolorido na garganta e apertou a mão na dele. Era estranho, pois a pressão de seus dedos parecia ajudá-lo enquanto ele lutava através das camadas de lembranças, o pesadelo da dor que sempre acompanhava os pensamentos daquela noite. Ele engoliu em seco. — Tudo fica nebuloso depois de um tempo. Mas Quill jogou o conteúdo nojento do barril em mim enquanto ele me batia. Ele me disse que era isso que eu merecia. E então disse que se eu era tão inútil, ele não estava disposto a me manter por perto. Disse que ia me matar e me jogar no rio com os outros meninos que não podiam fazer o trabalho deles.


Ao lado dele, Annabelle cobriu a boca com a mão que não estava apertando a dele. — Eu não sei se ele teria feito isso ou se havia feito o que ele alegou antes. Mas ele estava me chutando repetidamente e eu tinha certeza de que morreria. Eu quase gostei, apenas para me afastar dele. Da bota, da mão, da vida que não era uma vida. — Mas algo o parou — ela sussurrou. — Porque você está aqui. Marcus engoliu em seco, lutando contra a emoção que o assolava por um momento. — Lembro que os chutes pararam e olhei para cima e havia um homem iluminado como um anjo e ele estava puxando Quill para longe, jogando-o para o lado como se não fosse nada. E mesmo sendo um cavalheiro, isso estava claro em sua roupa e seu cheiro, ele me pegou, coberto de merda e mijo e Deus sabe o que mais, e me levou embora. — Quem? — Ela ofegou. Ele encontrou os olhos dela, manteve-se firme e observou quando eles se arregalaram. — Meu pai. Ele assentiu. — Crispin escapou pelo corredor e viu o que estava acontecendo comigo. Ele disse a Rafe e juntos eles correram para o seu pai. Ele não hesitou em nenhum momento em me ajudar, apesar de não me conhecer. — Você era quase da idade de seus amados filhos e ninguém merece o que passou. — Ela balançou a cabeça com um sorriso suave. — Claro que ele faria isso. Imperfeito, mas maravilhoso, meu pai. —Sem dúvida. — E esse é o motivo pelo qual acredita que deve a minha família. Ele assentiu. — Por aquela noite e o que aconteceu depois. Acordei em uma cama limpa três dias depois, minhas feridas curavam, inclusive a que me deu a cicatriz que examinou tão de perto na primeira noite em que estivemos juntos. Ela se encolheu. — Meu Deus. — Havia uma mulher sentada ao meu lado. Calliope Rivers. Ela e o marido, Oliver, administravam este lugar. Seu pai me levou ali. Suponho que ele sabia o que eles fariam. — Quill não estava furioso? Ele acreditava que era seu dono, você disse.


Marcus riu. — Ele não dava a mínima. Afinal, seu pai pagou por mim e me comprou. Pagou generosamente, pelo que eu soube depois. Muito mais do que eu valia. Annabelle se lançou para ele, cobrindo suas bochechas com as mãos macias, puxando-o para mais perto. — Nunca diga isso de novo, Marcus Rivers. Nunca, jamais afirme que não é digno. Meu pai fez uma boa barganha, qualquer que tenha sido o preço, e tenho certeza que ele lhe diria o mesmo se pudesse perguntar a ele. Ele cobriu as mãos dela, perdido por um momento na paixão fervorosa de sua expressão. Ela estava tremendo de indignação pelas circunstâncias de sua infância e pela maneira como ele se diminuiu. Ele ansiava pelo quanto ela parecia se importar, pelos sentimentos que a verdadeira conexão alimentava nele. Ele sabia o nome deles e como eles eram tolos nessas circunstâncias. Ele não poderia amar Annabelle Flynn. — O que aconteceu com o Sr. e a Sra. Rivers? — Ela perguntou, recuando como se lesse a mente dele e soubesse, como ele, que a distância era necessária. — Eles me acolheram, me curaram. Na primeira chance que tive, tentei fugir. Ela ofegou. — Por quê? — Porque eu passei minha vida como um animal em uma gaiola. E agi como tal — ele explicou. — Eu corri dez vezes naquele primeiro ano. Também gritei com eles. E os roubei duas vezes. Os lábios dela se separaram. — O que eles fizeram? — Quieta e gentilmente me domaram, como o potro que eu era. — Ele sorriu. —Eles me trouxeram para casa e falaram comigo com compaixão. Poderiam ter me enviado para as oficinas ou até me expulsado, suponho. Eu tinha idade suficiente para qualquer um dos dois. Mas eles não fizeram isso. E depois de um ano, comecei a me acalmar. Eles me ofereceram o nome e eu o aceitei. Eles me ofereceram educação e eu bebi dela. Mas, principalmente, eles me ofereceram amor. E eu mergulhei nele. — Eles soam como pessoas incríveis — ela sussurrou, piscando com as lágrimas que brilhavam em seus olhos.


— Calliope é notável. Engraçada e livre. Oliver era o homem mais decente que eu já conheci. Ele morreu há dez anos e me deixou o clube. Dobrei seus lucros em um ano e o tripliquei em dois. Gostaria que ele pudesse ter visto isso. Annabelle sorriu. — Tenho certeza que sim, Marcus. Tenho certeza que ele vê e ambos estão orgulhosos. Você deveria ter orgulho de si mesmo. — Mas agora entende por que devo tanto à sua família. Sem a intervenção de seus irmãos, intervenção em nome de um garoto com o qual eles não deveriam se importar, sem que seu pai resolvesse o assunto por conta própria, eu provavelmente estaria morto. Ela olhou para o rosto dele, entendendo suas feições. — Estou tão feliz por eles serem os homens que eles são e terem salvado você para que pudesse se tornar o homem que é. Ele piscou, mais uma vez apanhado em sua beleza. Então, ele balançou a cabeça. — Ele veio me ver com frequência, sabe. Seu pai. Primeiro homem a se associar ao clube por toda a vida. Seus irmãos logo seguiram o exemplo, e com eles vieram mais e mais. Ele encolheu os ombros. — Eles eram meus patronos, eu suponho. — Eu acho que eles diriam amigos — ela sussurrou. — E eu os paguei seduzindo sua irmã, a filha dele — disse ele. Ela inclinou a cabeça. — É isso que está fazendo? Me seduzindo? — Não? — Ele perguntou. Ela se levantou devagar e foi até a cadeira dele. Quando ela se abaixou no colo dele, balançou a cabeça. — Nós dois sabíamos exatamente o que estávamos fazendo quando começamos este assunto, Marcus Rives. Não sou uma tímida wallflower, isso é certo, e faço o que desejo. Pelo menos muito de mim é Flynn. — Annabelle — ele sussurrou. Ela gentilmente cobriu sua boca com dois dedos. — Por favor, não me diga por que eu deveria ir embora, Marcus. Ou o que devo fazer ou não fazer. Agora eu não quero ouvir isso. Agora eu simplesmente quero estar em seus braços. Eu quero sentir seu corpo contra o meu. Eu quero você. Ele estremeceu quando ela afastou a mão e a substituiu pela boca, empurrando a língua contra a dele, exigindo o que ela acreditava que


ele iria reter. Exceto que ele não estava prestes a negar nada para ela. Em vez disso, ela o interrompeu em uma loucura muito maior. Ele estava prestes a dizer a ela que a amava. Porque essa era a verdade que ardia em seu coração, seu sangue, sua alma. E apenas seu desejo os salvara de seu poder destrutivo.


Capítulo 19

Annabelle tremeu quando suas mãos encontraram a jaqueta de Marcus. Ela as deslizou para dentro e se deleitou com o calor dele. Era a prova de que ele estava vivo, e estava aqui com ela. Sabendo que ele quase tinha morrido, que provavelmente só havia sido salvo por causa da sua família... isso causou um medo nela que era muito mais do que mera empatia por uma criança abusada. O próprio conceito de Marcus não existir era… Horripilante. Ela empurrou a jaqueta dos ombros dele lentamente, permitindose sentir cada centímetro de seus ombros e braços. Ele a olhou, seus olhos verdes escuros e cheios de desejo e... e algo mais. Algo mais profundo e mais rico, totalmente aterrorizante. Ela piscou e voltou seu foco para puxar a jaqueta da cadeira atrás dele. Ela a jogou de lado antes de passar para sua camisa. Mas continuou a sentir o olhar dele enquanto trabalhava em todos os botões. Continuava cercada de calor que tinha muito a ver com o calor do corpo. Tinha que tirar a cabeça das nuvens. Marcus Rivers não podia amá-la. Queria-a, certamente, mas qualquer coisa mais profunda tinha que ser um erro. Tinha que ser apenas um caso sobrepondo seus próprios sentimentos estranhos por ele. Ela simplesmente teria que esquecer esses sentimentos, fingir que não existiam. Era a única maneira. Seus dedos se moveram mais rápido sobre a camisa dele, abrindo-a, quase arrancando os botões enquanto ela lutava para tirála e encontrar a paixão entre eles, em vez das emoções que não queria enfrentar. Ele não se mexeu como ela o fez, ele não parou de encará-la e, finalmente, ela se obrigou a olhá-lo.


— Annabelle — ele sussurrou, levantando as mãos para cobrir as dela. — Não deve haver desespero aqui. Ela prendeu a respiração, observando como os dedos se entrelaçavam. A mão dele era de longe maior que a dela e, no entanto, parecia tão bem fechada ao redor de sua carne. Como se eles se encaixassem de maneiras que ela não queria compreender. Ela balançou a cabeça. — Sempre haverá desespero, Marcus, em algo tão temporário. Ela disse as palavras tanto para si mesma quanto para ele, mas as viu acertar o alvo. Seus olhos brilhantes embotaram uma fração e sua boca se apertou. Ele lentamente soltou as mãos dela e se levantou, fazendo-a ficar com ele para que ela não fosse depositada de costas no chão. —Sim, um bom argumento — disse ele, sua voz tão tensa quanto seu rosto. Ele a pegou pelo cotovelo e, de repente, ela estava sendo levada às pressas para fora do escritório, pela porta da câmara. Só então ele a girou e tirou os botões ao longo das costas do vestido, sem nenhum esforço. Ele puxou o vestido dela e o chutou para o lado, depois seguiu o exemplo com a camisa dela. Ele a virou para encará-lo e a olhou de cima a baixo. Ela não sentiu vergonha em sua avaliação franca, apenas desejo por ele. Desejo por seu toque. — Deite na cama — ele ordenou. Ela inclinou a cabeça. — Não vai remover sua roupa? Por um momento seus lábios se apertaram, como se ele estivesse pensando em não o fazer. Mas então ele apontou para a cama. — Deite-se e eu tiro. Ela fez o que lhe disse, acomodando-se nos travesseiros dele enquanto o observava terminar de tirar a camisa que desabotoara. Ele se sentou em uma das cadeiras do quarto para tirar as botas, e as calças as seguiram. Ela respirou fundo. Era incrível ver esse homem nu. Toda vez a deixava sem fôlego. Ela olhou para cada curva de músculo, cada centímetro de pele esticada, do peito ao estômago, ao membro duro. Então ela o alcançou. Ele aceitou a ordem silenciosa, ficando ao lado dela.


Ela passou os dedos sobre seu estômago, quadril e costas. Lá ela encontrou a cicatriz. Quando a viu pela primeira vez, ficou surpresa e curiosa. Agora tocou a crista de pele dura e se encolheu com o que quase havia sido perdido. — Não se preocupe, amor — ele sussurrou enquanto se inclinava, cobrindo-a, prendendo-a na cama com seu peso. — Não está doendo agora. Fechou os olhos quando a boca dele se inclinou sobre a sua. Ela o abraçou, agarrando-se a ele enquanto a beijava até o tempo derreter e tudo em seu mundo ser reduzido à língua dele tocando a sua. Se ergueu no beijo dele, buscando mais. E ele deu, suas mãos deslizando pelo corpo dela até que ele segurou seus seios e começou a deslizar suavemente os polegares sobre os mamilos distendidos. Ela engasgou com a corrente elétrica de prazer que balançou em seu sexo. Apertou-se com o vazio, esperando que ele a preenchesse. Mas ele não quis. Essa era a barganha deles, pelo menos. Ela nunca o sentiria flexionando dentro dela. No momento, esse fato era tão doloroso como se ele tivesse levado seu ar. Mas ela ignorou a perda e concentrou-se no prazer. Ela deslizou as unhas nas costas dele, provocando uma risada de seus lábios que estavam perdidos quando ele começou a deslizar pelo corpo dela com a boca. Ficou tensa quando recolocou a língua no mamilo e a mão dele se moveu para baixo até que ele cobriu seu sexo com dedos grossos. Ele a abriu, alisando o dedo indicador na entrada dela. Então, devagar, gentilmente, ele pressionou dentro. Ela sacudiu e ele levantou os olhos dos seios. — Se eu for gentil, não vou romper sua barreira — explicou ele, começando a bombear os dedos para dentro e para fora em um ritmo suave. Ela se viu erguendo-se nas mãos dele, virando a cabeça para o alongamento de seu corpo. Mas ainda parecia tão vazio. Ela queria o que tinha visto nos livros ao longo dos anos. Ela queria que seu


membro a preenchesse. Seu pênis penetrasse nela, mesmo que parecesse impossível que ele pudesse caber dentro. Ela grunhiu sua insatisfação e ele parou de se mover. Lentamente, ele retirou os dedos, lambeu-os e depois rolou para o lado dela. — Estou te machucando? — ele perguntou. Ela balançou a cabeça. — Então por que o rosto infeliz, Annabelle? Ela apertou os lábios. Foi ela quem determinou que ele não a penetraria. Seria injusto se ela mudasse as regras agora. Então mentiu. — Eu só quero tocá-lo também, Marcus — disse ela. Ele lambeu os lábios. — Se lembra do que vimos dos amantes quando olhamos pelo visor em uma das primeiras noites que esteve aqui? Ela assentiu e entendeu completamente. — Quer fazer o que eles fizeram? — Dar prazer um ao outro ao mesmo tempo. Ele assentiu e deitou-se. — Vai me montar como aquela dama fez com seu amante? Annabelle corou quando se virou para o pé da cama e depois colocou a perna sobre Marcus. Seu pênis estava logo abaixo dela, e ela o pegou na mão, concentrando-se nele, em vez de seu próprio constrangimento. Ela acariciou-o, roçando a cabeça contra o rosto. Ela sentiu Marcus enrijecer embaixo dela, sua respiração falhando, e sorriu. Era sempre um prazer fazê-lo estremecer. Com gosto, ela o levou para a boca e começou a mergulhá-lo profundamente em sua garganta. Ela sorriu ao redor dele quando seus quadris se ergueram em sua direção. Mas o sorriso desapareceu quando ele enterrou a língua profundamente em seu sexo sem aviso ou preâmbulo. Ela engasgou quando ele a acariciou, levando-a ao orgasmo com uma degustação implacável, provocando e sugando, que a fez moer seu corpo contra ele. Ela mergulhou em seu próprio trabalho para se concentrar, e eles caíram em um ritmo semelhante ao se agradarem. Seus golpes começaram a combinar, como se estivessem realmente unidos da


maneira mais íntima. Annabelle estremeceu quando seu orgasmo aumentou, e finalmente, quando Marcus chupou seu clitóris, ela explodiu. Ela gritou, seu pênis caindo de seus lábios, montando-o com força enquanto ele a trazia através dos tremores selvagens de sua libertação, forçando cada vez mais prazer nela até que ela implorou que ele parasse, implorou para que ele continuasse. Ela caiu para a frente quando os tremores começaram a desaparecer, ofegando. — Deus, eu quero estar dentro de você — ele murmurou. Suas palavras a fizeram abrir os olhos. Ela olhou para o pau ainda duro e mais uma vez suas fantasias a levaram a lugares onde ela não podia ir. Mas parecia que Marcus podia ler sua mente, pois ele mudou de repente, deslizando por baixo dela e enrolando seu corpo em volta dela por trás. Ela sentiu o pênis dele contra a entrada escorregadia de seu corpo, e levou todo o seu autocontrole para não simplesmente recuar contra ele. Ela estava tão molhada que não tinha dúvida de que ele entraria sem problemas. E então ela seria dele em todos os sentidos da palavra. Ele deslizou pela entrada dela sem violá-la. — Quero sentir seu corpo ordenhar o meu com seu orgasmo, Annabelle. Eu quero acariciar dentro de você até você gritar. Ela fechou os olhos. Ele a estava seduzindo com aquelas palavras, com aquelas imagens. Ela não podia. Por quê? Ela estava tendo dificuldade em lembrar o porquê. Respeitabilidade. Sim foi isso. — Eu não posso — ela chorou. Ele parou de esfregar contra ela, e por um momento parecia que o mundo havia parado de girar. A sala estava perfeitamente silenciosa. Finalmente, ele disse: — Não pode comigo. Nunca. Ela olhou para ele por cima do ombro. O rosto dele era uma máscara dura. Ela não conseguia ler as emoções em sua expressão. Mas ouviu dor em seu tom. Fraco, mas lá. — Eu não posso — ela repetiu. — Eu quero... Ele virou o rosto. — Eu sei o que quer, Annabelle. Eu entendo o conceito de sua respeitabilidade. Por favor, não reitere.


Ela rolou e ficou de joelhos para encará-lo. — Não é... — Ela balançou a cabeça. — Não é fácil para mim também, Marcus. — Deve ser mais fácil para você — ele rosnou. — Não sente... Ela mergulhou em sua direção e o interrompeu beijando-o. Ela não queria ouvir como ele se sentia nesse momento carregado, quando isso poderia influenciá-la a mudar de ideia sobre promessas feitas e ações determinadas há muito tempo. Ela sentiu sua hesitação, mas então ele a esmagou contra ele, segurando-a tão quieta e firme que ela não teve chance de escapar. — Tudo bem — ele retrucou enquanto se afastava. — Não vai me permitir isso. O que me dará? Porque eu quero estar dentro de você, Annabelle. Quero reivindicá-la, preciso reivindicá-la. Ela engoliu em seco. — Minha boca, minhas mãos, não são suficientes? O que seria suficiente? Ele a encarou, segurando o olhar dela enquanto passava um braço em volta da cintura dela. Ele massageou o quadril dela, não gentilmente, mas propositalmente. Então ele segurou seu traseiro e ela estremeceu com o toque íntimo. Mas assim que ela começou a relaxar, ele deslizou os dedos entre os globos das nádegas dela e pressionou contra a entrada de lá. Uma emoção proibida e sombria pulsou de onde ele a tocou e ela o encarou, incapaz de piscar, pensar ou se mover. — Aqui — ele rosnou. Os lábios dela se separaram. — Pode... pode fazer isso? Ele assentiu. — Sim. — Vai doer? — Ela sussurrou. Sua hesitação respondeu antes de ele dizer: — No começo, mas assegurarei que receba mais prazer do que dor, Annabelle. E no final, isso será melhor. Seu marido — ele cuspiu essas palavras — nunca pensará em levá-la aqui. Então isso sempre será apenas meu. Somente nosso. Ela olhou para ele. O que ele estava sugerindo era aterrorizante não apenas no ato, mas também na emoção que implicava. Se ela permitisse que ele a levasse... lá seria um segredo que pairaria entre eles, mesmo muito depois de ele ter saído de sua vida. Ele levaria uma parte dela com ele. Ela manteria uma parte dele.


E se infiltraria no casamento dela. Ela sabia disso. E não dava a mínima. — Sim — ela sussurrou, tão desesperada para oferecer-lhe uma reivindicação como ele estava para possuí-la. — Sim. Ele gemeu de desejo e a puxou contra seu peito duro. Ele mergulhou a língua profundamente em sua boca antes de virá-la para que ela estivesse mais uma vez de frente para o pé da cama. Ela mudou-se para as mãos e joelhos por instinto e prendeu a respiração enquanto esperava o que viria. Mas ele não se limitou a se enfiar dentro dela. Para sua surpresa, ela sentiu os dedos dele contra o botão rosa de seu traseiro mais uma vez. Ele os pressionou contra ela. Eles estavam molhados e escorregadios com mais do que apenas seus sucos. Ela espiou por cima do ombro para descobrir que ele havia retirado algum tipo de óleo de uma gaveta na pequena mesa ao lado de sua cama e estava usando-o para lubrificá-la. A pressão de seus dedos foi suave quando ele a abriu e depois deslizou outro para dentro. Ela ofegou com o choque de entrar, e ele congelou, deixando-a se acostumar com a brecha. — É doloroso? — Ele perguntou. Ela balançou a cabeça enquanto olhava para ele. Ele estava se esforçando enquanto pairava atrás dela, seu pau duro e suas mãos tremendo. — Não, apenas... estranho — ela disse. — Vou me mexer, Annabelle — ele a avisou. Seu dedo empurrou, retirando-se e pressionando novamente, desta vez ainda mais. Havia uma pontada de dor no ato, mas também um prazer florescente que era muito diferente quando ele tocou seu clitóris ou lambeu seu sexo. Depois de um momento, a estranheza começou a desaparecer e ela se viu arqueando, entre os dedos dele enquanto os gemidos deixavam seus lábios. — Meu Deus — ele murmurou enquanto deslizava outro dedo dentro e continuava a esticá-la. — Você é como o céu. — Por favor — ela engasgou quando levantou as costas descaradamente. — Por favor.


Ele parou de mexer os dedos e olhou para ela. Seus olhares se encontraram por cima do ombro dela e ele sacudiu a cabeça. — Irei devagar, Annabelle. Bem devagar. Ela viu quando ele molhou seu traseiro novamente com o óleo. Ela prendeu a respiração, agarrando-se à colcha quando seu corpo começou a formigar, palpitar, perder o controle. O que ele estava fazendo com ela? — Marcus — ela gemeu. Ele acariciou uma mão sobre seu membro agora, molhando-o também, e então ele se esfregou sobre ela. Primeiro sobre seu sexo, e ela sibilou prazer. Então ele moveu a cabeça quente de seu membro contra o traseiro dela. — Devagar — ele prometeu novamente, embora ela não tivesse certeza se isso era direcionado para ela ou para si mesmo. Ele empurrou e o corpo dela se abriu para aceitá-lo, estendendose para acomodar seu comprimento e circunferência. Ela rangeu os dentes com a mistura de prazer e dor com essa invasão. Polegada por polegada, ele a levou até que ela sentiu seus quadris colarem com suas costas. — Dentro — ele gemeu, a tensão óbvia em sua voz. — Você está bem? Ela assentiu. — Toda cheia, tem... dentro há dor, mas mais prazer. É assim no outro lugar? Ele se inclinou sobre ela, segurando seus seios. — Não é diferente. Mas prometo que vou fazer ser bom para você. Ele empurrou devagar, gentilmente, e Annabelle deixou seus olhos se fecharem. A perversidade que ela sempre tentara combater, ignorar, mudar em si mesma, inchou alto, assumindo o controle. Ela se viu se movendo contra ele, exigindo mais sem palavras. E ele devagar, gentilmente lhe deu. Ele empurrou dentro dela, permitindo que o corpo dela se esticasse antes que ele começasse a aumentar o ritmo de seus quadris. Ela o conhecia a cada golpe, sua respiração ficando mais curta quando o prazer sombrio aumentava cada vez mais, até que um inferno que ela temia a queimasse viva. Mas, quando temeu não


sobreviver, ele alcançou entre suas pernas e pressionou contra seu clitóris. Explosões, vulcões, fogos de artifício eclodiram diante de seus olhos, e Annabelle gritou quando o prazer a invadiu e a inundou. Foi a sensação mais intensa que ela já experimentou e se agarrou à cama enquanto a cavalgava. Atrás dela, ela estava vagamente consciente das investidas de Marcus, e então ela o sentiu tenso e houve uma explosão de sementes quentes dentro dela. Eles caíram juntos em sua cama, seus corpos ainda unidos. Seus braços a envolveram, e ele a embalou enquanto sua mente selvagem se acalmava. Ela não sabia quanto tempo eles ficaram juntos. Pode ter sido um momento, uma hora, uma vida inteira, mas finalmente ela se afastou, separando-os e rolou para encará-lo. Ele a observava atentamente enquanto ela acariciava sua bochecha. — Isso foi maravilhoso — ela sussurrou. Ela esperava que ele sorrisse, mas ele não sorriu. — Eu não deveria ter feito isso. — Por quê? — Ela inclinou a cabeça. — Porque eu era inexperiente? Essa foi a nossa barganha, Marcus. E eu... as palavras não podem descrever o quanto isso me comoveu. — Eu não deveria ter feito nada disso — ele repetiu. Ela piscou com a dureza do tom dele. — Marcus. Ele afastou seus braços e saiu da cama. Olhou para ela, mas era como se nunca a tivesse visto antes. — Você queria a escuridão, Annabelle, bem, já a alcançou. Agora vá para casa e brinque à luz. Não é mais bem-vinda aqui — ele rosnou. Ela sentou-se, as palavras dele atingindo-a no coração como se ele tivesse apontado uma flecha diretamente para ela. — Por quê? Por quê? — Devo dizer? — Ele perguntou, levantando as mãos. — A minha morte será tudo o que te agrada? — Eu não entendo... — Eu te amo, Annabelle — ele rosnou. — Por mais que eu me odeie por essa fraqueza, por mais que eu a despreze por me fazer


sentir isso. — Não — ela sussurrou enquanto o encarava. Ela tinha que estar perdendo a audição... ou sua mente. — Isso não pode ser. — Porque eu estou tão abaixo, e um animal como eu não poderia ousar sentir uma coisa dessas por você? — Ele zombou. — Se ao menos isso for verdade. Mas quando me livrar de você, talvez eu seja alguém novamente — Marcus! — Ela disse, seus olhos arregalados e se enchendo rapidamente de lágrimas que não conseguia controlar diante de sua frieza, dureza e das palavras que ele disse que a deixaram em pedaços. Ele a amava e a odiava. Isso foi o que ela fez com ele. O que sua rejeição havia lhe feito. — Por favor — ela sussurrou. Ele vestiu a calça, as linhas de sua mandíbula retesadas com tensão, raiva e dor. Teria dito algo para ela, mas antes que pudesse, ele foi interrompido por uma batida na porta da escada. — Marcus, ignore — ela implorou, levantando o lençol ao seu redor. Em vez disso, ele ignorou-a e saiu para a sala. — O que é? — Ele gritou. Não houve a resposta esperada do outro lado. Nenhum som da voz de Abbot ou outro servo. Em vez disso, Annabelle ouviu a porta se abrir, bater na parede e então seu coração parou. Sua mente parou. Tudo parou. — O que diabos está acontecendo aqui, Rivers? — Uma voz perguntou. Uma voz muito familiar. A voz de seu irmão Rafe. — E onde está minha irmã?


Capítulo 20

Marcus olhou para o rosto muito zangado do duque de Hartholm, mas quando Rafe entrou na sala, seus olhos se arregalaram. Rafe não estava sozinho. Atrás dele havia duas mulheres usando máscaras, mas estava claro quem elas eram. A esposa de Rafe, Serafina, e sua mãe, a sra. Flynn. A mulher mais velha estava muito pálida e Marcus desviou o olhar para Rafe. — Trouxe sua mãe aqui? — Ele estalou quando espiou a escada para se certificar de que nenhum deles havia sido seguido. Não que uma grande quantidade de dano, em teoria, já não tivesse sido feita. Rafe girou sobre ele. — Não tem cacife para falar comigo sobre decência quando minha irmã está aqui e você está meio vestido. O olhar do duque percorreu a sala e, na porta aberta do quarto de Marcus, ele hesitou. — Desgraçado! — Ele explodiu enquanto caminhava em direção a ela e depois pela porta com as mulheres e Marcus logo atrás dele. — Annabelle! — Rafe gritou quando entrou no quarto e encontrou sua irmã ao lado da cama de Marcus. Annabelle obviamente fez um esforço para se vestir, mas ela não usava nada além de sua camisola, suas meias e um chinelo. Quando o irmão entrou, ela agarrou o lençol e o puxou ao redor de si mesma. Ela se endireitou e manteve o olhar em sua família, apesar das bochechas, que ardiam de humilhação. Apesar das circunstâncias, Marcus derreteu ao vê-la. Tudo o que ele disse a ela um momento atrás era verdade. Bem, tudo, menos uma coisa. Ele a amava. Oh, como ele a amava. Não havia como negar isso a si mesmo. Ele se odiava por ser tão tolo. Ela havia dito a ele desde o início que não iria, não poderia descer ao nível dele. Ele até entendia o porquê, com base no passado dela.


Mas ele disse a ela que a desprezava, e essa era a mentira. Nunca poderia. E, no entanto, tinha que fingir para que ela fosse embora e acabasse com essa tortura. Algo que seria muito mais fácil de garantir agora que o irmão dela estava em seu quarto com Annabelle seminua. Para sua surpresa, foi Serafina quem falou em seguida. Ela olhou para Annabelle, depois para Marcus e disse: — Muito bem, Annabelle. Rafe se voltou contra ela, com uma expressão de horror no rosto. — Serafina! Ela encolheu os ombros delicadamente e lançou um olhar para a sra. Flynn. Os lábios da mulher mais velha se separaram e suas bochechas coraram, mas não havia raiva em seu rosto. — Rafe, discutiremos isso — disse Serafina, levantando a mão quando o marido começou a conversar. — Sim, nós iremos. Mas por que não damos um momento para o Sr. Rivers e Annabelle se recomporem e se vestirem? Ela pegou o braço do marido e começou a arrastá-lo para fora da sala. Ele a sacudiu. — Está realmente sugerindo que os deixemos sozinhos juntos? — Acho que qualquer dano que pudesse ter sido feito já foi feito — disse Serafina suavemente. — Rafe. Olhe para mim. Rafe fez como sua esposa disse. Ela segurou o olhar dele por um momento e uma riqueza de comunicação tácita aconteceu entre eles. Marcus não pôde deixar de encará-los. Dizia muito sobre o amor deles um pelo outro. O respeito e o cuidado deles. Ele se viu olhando para Annabelle, mas a cabeça dela estava inclinada, a respiração curta, os olhos inchados de lágrimas. Ela não o olhou. E isso foi o melhor, realmente. — Tudo bem — Rafe disse entre dentes. — Vista-se. Mas se não estiver aqui em cinco minutos, arrombarei a maldita porta. E um de nós três pode não sair vivo. Ele olhou para Marcus enquanto falava, mas passou por ele e voltou para o escritório. Marcus suspirou, entrou no quarto e fechou a porta. Ele estava sozinho com Annabelle novamente.


E, no entanto, não sentiu a conexão normal. Ela ainda se recusava a olhá-lo, mas olhava para suas roupas descartadas. — Como souberam que eu estaria aqui? — Ela sussurrou. Ele encolheu os ombros enquanto pegava a camisa e a puxava pela cabeça antes de começar a mexer nos botões. — Estou certo de que descobriremos a resposta para essa pergunta em um momento. Ela finalmente olhou para ele, seus olhos escuros ocos e vazios. — Eu sinto muito. Ele parou de se vestir e se forçou a encontrar os olhos dela. Havia muito nele que queria tomá-la em seus braços, confortá-la, dizer-lhe que ele iria consertar isso para ela da maneira que pudesse. Que enfrentariam as consequências juntos. Mas não era isso que ela queria. Certamente não era o que ela merecia. Ela queria um homem com um título. Roubar isso dela seria cruel para os dois. Isso levaria apenas ao ressentimento e arrependimento no final. — Vista-se — disse ele, dando-lhe as costas com grande dificuldade. — Não estou com disposição para levar um tiro em algum beco esta noite. Ele ouviu a respiração dela afiada, mas ignorou quando se concentrou em encontrar e calçar as botas. Atrás dele, ele podia ouvi-la lutando com seu vestido. — Vai me ajudar? Ele se virou para encontrá-la enrugada e meio abotoada, mas o vestido que ela usava fechava nas costas e ela não parecia capaz de chegar mais longe. Ele hesitou. Tocá-la sempre foi um perigo, uma tentação. E agora que ele esteve dentro dela, queria fazer mais. O que ele estava pensando? — Marcus? — Seu rosto ficou sem cor enquanto esperava. — Não vai me fazer sair assim, vai? — É claro que não — disse ele, seu tom tão formal quanto na primeira noite em que ela foi ao clube. Ele a virou e apertou os botões rapidamente, trabalhando duro para não a tocar enquanto o fazia. — Pronto. Nós somos o mais apresentáveis possível. Vamos enfrentá-los?


Ela olhou para ele, esforçando-se para encontrar alguma conexão entre eles. A conexão que ele se recusava a compartilhar quando soube que tudo estava acabando. — Marcus... Ele a interrompeu andando até a porta e abrindo-a. Fez um gesto para que saísse, e ela respirou fundo antes de fazê-lo. Ergueu a cabeça, passou por ele e entrou no escritório, onde sua família esperava. Onde o fim chegaria.

Annabelle mal conseguia respirar quando entrou na sala. Era engraçado, ela estava prestes a enfrentar sua família irritada, provavelmente muito decepcionada, mas era o homem atrás dela cuja despedida a machucava mais. Marcus a odiava por rejeitá-lo esta noite. Por deixar claro que ele não era digno de sua virgindade e, mais importante, de seu futuro. Mesmo que ela não acreditasse em nenhuma dessas coisas. Ele era mais do que digno. Só que ela não podia dizer. Porque uma vida com ele era uma vida com seu pai e irmãos mais uma vez. Ela seria perseguida com sussurros, olhares, relacionamentos rompidos... E ela era covarde demais para enfrentar isso depois de uma vida inteira. Não era? Descobriu que Serafina e sua mãe tinham sentado perto do fogo no escritório de Marcus, mas o Rafe continuava em pé ao lado da lareira, com sua mão abrindo e fechando enquanto a observava sair do quarto de Marcus. Ela nunca o viu tão bravo. — Annabelle — ele retrucou quando ela inclinou a cabeça. — O que diabos estava pensando? Ela apertou os lábios. — Fiz muito menos do que você ou meu irmão ao longo dos anos, eu apostaria. Rafe balançou a cabeça. — Não seja simplista. É diferente e sabe disso. O que está fazendo? Por quê está aqui? Sobre o que é isso?


Annabelle olhou para Marcus, esperando encontrar um aliado nele. Mas ele olhava para a frente como se ela nem estivesse na sala. Ela estava sozinha. E sentiu isso profundamente. — É sobre Crispin — ela sussurrou. Seu irmão tremeu, focando seu olhar em sua direção, seus olhos se estreitando. — Crispin — ele cuspiu. Ela assentiu, mas antes que pudesse dizer mais, houve ainda mais pancadas na porta. Annabelle se virou. — Deus, o que mais? — Ela gemeu. Marcus murmurou algo baixinho e abriu a porta. E lá estava Crispin, com Abbot nos calcanhares. O irmão dela estava desgrenhado, sim, mas quando entrou na sala, ela pôde ver que ele não estava bêbado. Pelo menos ainda não. — O que está acontecendo? — Ele latiu enquanto olhava ao redor da sala. — Vi Rafe atravessar o corredor com pessoas junto a ele, mas não podia acreditar... o que está fazendo aqui, mamãe, Serafina? — Ele voltou o olhar para ela. — Annabelle? Rafe olhou furioso. — Uma pergunta interessante, irmão. Parece que Annabelle veio aqui em seu benefício, e eu apostaria que nosso 'amigo', o Sr. Rivers, está se aproveitando do seu desejo de ajudá-lo. Annabelle se lançou para a frente. — Isso é uma mentira! Marcus nunca se aproveitou de mim. — Estava na cama dele — Rafe assobiou. Abbot entrou e bateu a porta atrás dele, trocando um olhar com Marcus que dizia, sem palavras, o quão alto estava o volume da conversa. Se Crispin reconheceu toda a sua família atravessando o corredor, isso significaria que os outros também? Todo sacrifício que ela fizera fora em vão? Crispin girou para ela, e seus olhos selvagens apagaram seus pensamentos. — Na cama dele? — Ele repetiu horrorizado. Annabelle olhou de um membro da família para outro, depois para Marcus com seu olhar frio. Ela balançou a cabeça. — Eu apreciaria se todos vocês calassem a boca — ela retrucou, cruzando os braços. — Antes de começar a fazer acusações, ameaças e gritar através desse clube, serei ouvida.


Os dois irmãos fecharam a boca, surpresos supôs, mas pensou que viu sua mãe e Serafina trocarem um sorriso muito breve. — Primeiro, todos obviamente vieram aqui esta noite me procurando. Como souberam que eu estaria aqui? Serafina levantou-se. — Isso foi minha culpa, Annabelle. Annabelle olhou para a cunhada, e amiga surpresa. — Sua? — Nossas criadas são irmãs. Deirdre conversou com Bridget sobre o que estava fazendo. Ela estava preocupada com você. E Bridget falou comigo. Tentei falar contigo sobre isso mais cedo, mas quando negou que tinha algo a compartilhar, fiquei em uma posição difícil. Rafe balançou a cabeça. — Ela nos disse hoje à noite. O calor inundou as bochechas de Annabelle. — Por que não falou diretamente comigo, Serafina? — Eu tentei. Eu fiz. Eu até pensei que poderia esperar e abordar o assunto contigo novamente, mas Bridget e Deirdre estavam tão preocupados e eu... Serafina suspirou. — Eu senti que tinha que contar ao seu irmão. Nós não guardamos segredos. Annabelle olhou para o teto quando o horror do que estava acontecendo a atingiu. — Deirdre... maldição. Rafe bufou uma risada. — Darei a essa menina uma fodida... me desculpe, mamãe... uma maldita comenda por dizer a verdade. Crispin assentiu. — Ela nunca deveria ter estado em posição de manter esse segredo em primeiro lugar. Annabelle cruzou os braços. —Não tem por onde falar sobre segredos, Crispin Flynn. Lentamente, a mãe deles se levantou. — Todos vocês, silêncio agora. Quero ouvir de Annabelle exatamente o que está acontecendo aqui. Annabelle corou. Sua pobre mãe, tendo que atravessar aquele corredor perverso lá embaixo. Com um grito, ela correu para ela, segurando as duas mãos. — Mamãe, sinto muito. Sinto muito por ter sido exposta à maldade lá embaixo por minha causa e de minhas escolhas. Sua mãe arqueou uma sobrancelha. — Acha que nunca vi essas coisas? Eu era casada com seu pai. — Annabelle fechou a boca e sua mãe tocou sua bochecha. — Não estou com raiva, amor. Estou


apenas confusa. Me disse que queria se casar na sociedade. Ter decência depois de tantos anos sendo punida pelo comportamento de seus irmãos. Rafe e Crispin se mexeram com essa avaliação, e Annabelle lançou um olhar para eles. E então ela balançou sua cabeça. — Muito bem, mamãe. Deixe-me começar do início. Ela agarrou a mão da mãe e começou a contar a história. Ela deixou de fora sua barganha com Marcus para explorar o desejo, é claro, mas contou a eles todo o resto. Sobre como ela queria ajudar Crispin e como o Rafe não o seguiria aqui e todo o resto. Quando ela terminou, Crispin se afastou para se apoiar na mesa de Marcus, de costas para ela. — Marcus me ajudou — explicou ela, olhando para ele. Ele não correspondeu ao seu olhar. — Ele me protegeu, de fato. — Protegeu para depois comprometê-la — disse Rafe, seus punhos serrados ao seu lado. Ela esperou que Marcus explicasse, negasse o que o irmão disse, mas ele ainda não dizia nada. Ele ficou estoicamente parado, como se estivesse apenas esperando que tudo acabasse. Talvez ele estivesse. Ela engoliu em seco. — A posição em que nos encontrou hoje à noite não parecia boa, eu sei. Mas..., mas Marcus não me comprometeu. Eu ainda estou intocada. Isso não era exatamente verdade, mas no sentido que um futuro marido saberia, era. — Mentira — Rafe rosnou. — Não me faça ter que explicar para você — Annabelle retrucou. — Dê-me o respeito de simplesmente acreditar em mim. — Então não veio aqui porque na realidade não queria um casamento na sociedade? — Sua mãe perguntou. Annabelle recuou. Era decepção na voz de sua mãe? — N... não. — Ela olhou para Marcus novamente. — Meus planos não mudaram. — Fez isso por mim — murmurou Crispin, na primeira vez que falou em dez minutos completos. — Por minha causa.


Annabelle deu um passo em sua direção. — Eu te amo Crispin. Queria protegê-lo, mas fiz minhas próprias escolhas. Crispin olhou para Marcus. — Ele deveria tê-la parado. Ele deveria ter tê-la enviado para casa. Rafe assentiu. — Sim, ele deveria ter feito isso. Rivers, como pôde? Como pôde depois de tudo o que passamos, tudo o que fizemos? Annabelle virou o rosto diante da advertência. Agora que ela entendia o que Marcus havia suportado, também sabia o quanto seus irmãos significavam para ele. E, no entanto, ele continuava estoico diante da raiva deles. — Eu aprecio muito o que vocês e seu pai fizeram por mim — disse ele, com a voz baixa. — E está certo que eu não deveria ter permitido que Annabelle viesse aqui. Foi... uma fraqueza. Ela se encolheu. Uma fraqueza. A fraqueza dele. E conhecendo-o, ele poderia superar uma vez que ela desaparecesse de sua vida. Tudo o que haviam compartilhado seria esquecido por ele, porque ele precisava esquecer. Por ela, porque ela escolheu um caminho diferente. Era tudo tão horrível. A testa de Rafe enrugou e ele olhou para Marcus mais de perto, como se estivesse vendo algo nele que nunca tinha notado antes. Annabelle ficou entre eles, esperando difundir a situação, mesmo sabendo que não podia. — Desabafe sua raiva em mim, não nele — disse ela suavemente. — Ele é e sempre foi seu amigo. Eu me aproveitei da gentileza dele, nada mais. O olhar de Rafe voou para ela e ele balançou a cabeça. — Venha, devemos ir para casa. Dano suficiente foi feito aqui para durar duas vidas. Abbot, que estava em silêncio desde a sua entrada na sala, avançou agora. — Posso mostrar a todos uma saída particular para que não precisem atravessar o corredor e chamar a atenção para si mesmos. A mãe de Annabelle assentiu. — Obrigada, isso seria muito apreciado.


Abbot apontou para a porta e sua família começou a passar, mas Annabelle ficou parada, incapaz de deixar de olhar para Marcus. Ele a encarou pela primeira vez desde que a deixou em sua cama, mas ela não conseguia entender nenhuma emoção nele. Era como se uma luz tivesse sido apagada e ela desejava que ela voltasse. — Venha, Annabelle —, disse Rafe, sua voz forte. — Eu quero um momento — disse ela. Seu irmão se aproximou dela, mas foi sua mãe quem o deteve. — Deixe-a em paz, Raphael — ela disse suavemente. — Levará um momento para a carruagem ser trazida para trás de qualquer forma. Deixe-a em paz. Rafe emitiu um som de raiva no fundo da garganta, mas não disse mais nada e saiu da sala. Depois que o resto deles se foi, Annabelle deu um passo à frente. — Marcus — ela sussurrou. — O que acontece? — Não sei o que quer dizer, senhorita Flynn — disse ele, sua voz rígida e formal. — Nós compartilhamos algo bonito, Marcus. Por favor, não finja que era feio. Seus lábios pressionaram juntos e ele balançou a cabeça. — Nunca foi feio. Foi apenas um erro. Para nós dois, Annabelle. Ela recuou com essas palavras. — Por favor, não diga isso. Ele se virou. — Vá para casa, senhorita Flynn. E seria melhor se não voltasse. Ela levantou a mão para cobrir a boca, atordoada pela dispensa dele. Atordoada ainda mais com o quão profundamente a cortou ao ouvi-lo dizer isso. Era como se ele tivesse aberto seu peito e removido o coração com uma precisão insensível. Recuando, ela pegou a maçaneta da porta. Mas antes que a abrisse, ela disse: — Sinto muito, Marcus. Por tudo que fiz que te machucou. Juro que não era minha intenção. Bom... adeus. Então ela se virou e fugiu cegamente da sala.


Marcus encostou-se na janela, observando a multidão diminuir abaixo. Quanto tempo se passou desde que Annabelle saiu de sua vida para sempre? Um minuto? Uma hora? Já parecia uma eternidade, porque ele sabia que seria. Ele tinha garantido isso. — É o melhor para ela — ele disse, precisando ouvir essas palavras em voz alta. Talvez isso o ajudasse a acreditar nelas. A porta atrás dele se abriu e se virou para o caso do Rafe ou Crispin voltarem, desafiando-o ao duelo que ele merecia tão ricamente. Mas era apenas Abbot quem entrara. Seu amigo parecia cansado. — Você sabia que isso era uma péssima ideia desde o início — Marcus murmurou enquanto voltava a atenção para o copo. — Pode esfregar isso no meu nariz, se quiser. Abbot não disse nada, mas passou por Marcus e foi para o bar lateral, onde serviu dois copos cheios de whiskey. Entregou um para Marcus e suspirou. — Espero que me conheça o suficiente para saber que não comemoraria sua dor, amigo. Nem o horror que aconteceu nesta sala hoje à noite. Marcus engoliu a bebida em um só gole e colocou o copo na mesa atrás dele. — Eles foram todos embora? Abbot assentiu. — Sim. Eles estavam quase totalmente em silêncio, exceto o jovem Sr. Flynn. Marcus estremeceu. — Ele causou problemas? — Ele não parava de falar e se recusava a partir com o resto de sua família. O duque de Hartholm ficou bastante zangado, mas saiu com as mulheres sem incidentes. E logo depois o Sr. Flynn chamou seu cavalo e partiu para a noite. Eu deveria tê-lo parado? — Não. Receio não estar em posição de oferecer minha ajuda ou amizade a ele agora. Perdi esse direito com minhas ações. — Ele limpou a garganta. — Como estava... como estava Annabelle? — Pálida — disse Abbot, muito mais silencioso. — Mas não chorosa. — Bom. — Marcus sentou-se e fingiu encarar a papelada diante dele. — Talvez isso signifique que ela reconhece que o fim de nossa


afiliação é o melhor. — É isso? Marcus olhou para o tom incrédulo de seu amigo. — Certamente sabe que é. Veja o problema que isso causou para você, para mim, para ela... — Eu não sei — pensou Abbot. — Parecia felizes sempre que estavam juntos. — Quando Marcus olhou para ele, ele deu de ombros. — Mas o que eu sei? Só estou ao seu lado há quase dez anos. — Então deve saber exatamente o porquê de a ideia de estar com ela... amá-la... ser tão tola — ele retrucou. — Sabe de onde ela vem e o que eu sou. Ela deixou claro, inúmeras vezes, que eu não poderia ter tudo. — Com suas palavras ou suas ações? — Abbot pressionou. Marcus bateu a mão em sua mesa. Por que seu amigo estava incentivando pensamentos ridículos que só o machucariam no final? — Ambos — ele retrucou. — Palavras até hoje à noite, mas ações nas últimas horas. Ela deixou sua decisão clara. Abbot ficou quieto pelo que pareceu uma eternidade enquanto terminava sua bebida. — Então está certo em deixá-la ir. — Eu sei disso — disse Marcus entre dentes. — Estou certo de que a perda dói, no entanto. Há algo que eu possa fazer? Ele olhou para o amigo e encontrou Abbot completamente sério. Ele apreciou a oferta, mas balançou a cabeça. — Deixe-me trabalhar. E não chore por mim, Abbot. Eu não perdi nada. Eu nunca tive isso para perder.


Capítulo 21

Annabelle serviu-se de uma xícara de chá e se sentou em sua cadeira favorita. Ela respirou fundo e apreciou o som do silêncio ao seu redor. Certamente fazia três dias desde que ela experimentara uma coisa dessas. Desde sua remoção do clube de Marcus... desde que ele lhe disse para nunca mais voltar, ela esteve cercada. Sua mãe ria e sugeria, mas nunca fez perguntas. Rafe a observava como se pensasse que ela iria fugir no momento em que todo mundo estivesse de costas. E Serafina apenas se desculpava e continuava tentando fazer coisas que "ajudariam". Mas ninguém podia ajudar. No final, Annabelle tinha tomado sua decisão e viver com isso estava simplesmente se mostrando muito mais difícil do que ela esperava. Especialmente quando seus pensamentos em Marcus assombravam sua mente e a impediam de dormir. Hoje, porém, sua família parecia ter reconhecido que ela estava segura para sair sozinha. Sua mãe fora visitar uma amiga doente, Rafe deixara a cidade para negócios imobiliários e ainda não havia indícios de Serafina. Então Annabelle estava sozinha com seus pensamentos e as memórias que continuavam a assombrá-la. — Faz apenas alguns dias — disse a si mesma. Mas isso era uma mentira. A perda era tão dura porque ela sabia que era permanente. Nunca mais veria Marcus, nunca mais o tocaria, nunca ouviria sua risada ou seria capaz de falar com ele sobre a vida dela ou dele. O que eles compartilharam foi retumbante e permanente. E essa verdade era como uma faca em seu estômago. Uma morte lenta e dolorosa que fazia com que sentisse vontade de chorar sempre que pensava nisso por mais de um momento.


A porta da sala se abriu e o mordomo de sua mãe, Sanders, entrou. Ela forçou um sorriso para o homem, pois não era culpa dele que seu mundo havia sido destruído. — O que foi? — Tem uma visita, senhorita Flynn. — Não é a duquesa? Ele balançou sua cabeça. — Não, senhorita. Ela deu um suspiro de alívio, que foi rapidamente seguido por confusão. — Não tenho certeza de que sou favorável a visitantes, Sanders. Quem é esse? — É lorde Claybrook — explicou. Annabelle congelou. Ela recusou dois convites desde seu último encontro com Marcus, então não via Claybrook há dias. Seu coração realmente afundou com o pensamento de ter que sentar com ele, fingir para ele. Mas foi isso que escolheu, não foi? E talvez esse fosse seu castigo. — Por favor, traga-o. A criada saiu e Annabelle levantou-se, alisando o vestido e verificando os cabelos no espelho acima da lareira. Era importante ser perfeita, afinal. Era importante estar bem. E uma minúscula voz dentro dela gritou, isso nunca foi problema com Marcus! Ela ignorou a voz quando a porta atrás dela se abriu e se virou para cumprimentar Claybrook com um sorriso largo. — Milorde — ela disse, enquanto assentia para Sanders para indicar que ele poderia partir. — Senhorita Flynn — Claybrook respondeu com um sorriso enquanto o criado fazia exatamente isso, deixando a porta numa posição aberta muito apropriada. — Vai se sentar comigo, não vai? — Annabelle perguntou apontando para as duas cadeiras diante do fogo, onde ela acabara de explorar seu devaneio. Se torturando. Lorde Claybrook assentiu, e uma vez que ela se sentou, ele fez o mesmo, cuidando de ajustar o paletó para que não ficasse enrugado. Ela o observou por um breve segundo antes de começarem a falar.


Ele era bonito o suficiente, é claro. Sempre educado. Nunca nada além de gentil. Mas aquela pequena voz persistia. Não é Marcus. Não é Marcus. Não é Marcus. — E como está a sua família? — Claybrook perguntou. Annabelle tremeu, trazida de volta à realidade com suas palavras. Ela sorriu, tentando não pensar no encontro no Donville Masquerade. Sobre Crispin deixá-los mais uma vez, culpa por ela se juntar a qualquer outra dor que ele sentisse. — Eles estão bem — ela mentiu, com a voz embargada. Ele não pareceu notar. — Excelente, estou feliz em ouvir isso. E sua mãe está na residência hoje? Ou talvez seu irmão esteja aqui em algum momento? Ela piscou para sua estranha linha de questionamento. — Eu... não, na verdade. Meu irmão teve negócios para atender hoje no campo. Tanto quanto eu sei, ele não estará em casa por dois dias. Mas a esposa dele está em sua casa, se precisar contatá-lo. — Oh, não, não é nada disso. — Claybrook franziu a testa. — Dois dias, hein? Isso é ruim, mas não é o fim do mundo. Annabelle balançou a cabeça. Ele parecia estar murmurando para si mesmo ao invés de falar com ela. — Milorde? — E a sua mãe? — ele pressionou. Ela hesitou. — Mamãe está visitando uma amiga doente. Ela voltará antes do jantar. Ela certamente esperava que ele não ficasse por tanto tempo. Algumas horas para si mesma eram exatamente o que ela precisava agora. E estava ficando cada vez mais claro que não estava com vontade de passar aquelas poucas horas com esse homem. Aquela voz minúscula gritou de novo e ela desejou poder amordaçá-la, pois estava apenas confundindo o assunto. Claybrook franziu a testa, desapontamento claro em seu rosto. — Hummm. Bem, nós podemos falar primeiro, não podemos? Não é impróprio com a porta aberta como está. Ela lutou contra o desejo de fazer uma careta. — Por que simplesmente não me explica o que quer dizer, milorde? Eu me sinto muito confusa no momento.


E irritada, mas ela não acrescentou isso. Ele limpou a garganta. — Passamos algum tempo juntos nas semanas desde que começou a frequentar a boa sociedade. E eu gostei. Annabelle piscou. Ela sabia como deveria responder a esse elogio, mas nesse momento as palavras pareciam muito difíceis de dizer. — Senhorita Flynn? — Ele disse quando ela simplesmente o encarou. — Me desculpe. Sim, também gostei de nosso tempo juntos. — Ela não sabia por que soava tão falsa dizer essa frase. Não era totalmente mentira. Ela não tinha desgostado do seu tempo juntos e era quase a mesma coisa. — Bom — ele disse com um sorriso fino. — Senhorita Flynn... Annabelle... Ela ficou rígida. Ele nunca disse o nome dela antes. Soou muito estranho vindo de seus lábios. Naquele momento, ela tentou imaginá-lo gemendo, sussurrando, como Marcus havia feito tantas vezes. Ela achou que era impossível fazer isso. Claybrook continuou, totalmente inconsciente de seus pensamentos inadequados. — Eu sei que deseja se elevar na sociedade. E seu dote é muito tentador. Desde que nos damos tão bem, vim aqui hoje de manhã para pedir sua mão em casamento. Annabelle respirou fundo. Desde menina, imaginara como lhe pediriam a mão. Quando ela era mais jovem, as propostas foram sempre muito românticas, mas como ela percebeu, seu nome afetou suas perspectivas e elas se tornaram menos atraentes. Mas nenhuma tinha sido tão pragmática como esta. Claybrook olhou para ela, o mesmo sorriso fino em seu rosto como quando ele perguntou pela saúde de sua mãe. Ele não parecia nervoso ou empolgado, nem especialmente feliz por pedir sua mão. — Minha... o quê? — ela conseguiu gritar, mesmo que apenas para ganhar tempo para formular algum tipo de resposta. O sorriso dele desapareceu um pouco. — Estou pedindo que se case comigo, senhorita Flynn. Obviamente, perguntar a sua mãe e irmão primeiro seria o mais adequado, mas de certa forma assim é melhor.


— Melhor? — Ela repetiu, as palavras dele ainda rolando em sua cabeça. Elevar-se, dote tentador... Ele assentiu. — Porque gostaria de lhe falar sobre um pequeno problema que será motivo de preocupação em nosso casamento. Ela o olhou. Ele estava falando sobre o casamento deles antes que ela tivesse concordado com um. Ele tinha tanta certeza na resposta dela. E por que ele não teria? Ele era um bom partido, e nenhum outro homem havia manifestado tanto interesse. Ela seria uma tola para não capitular. Ela limpou a garganta. — E essa questão é? — Seu irmão — ele disse solenemente. — Rafe? Ele balançou sua cabeça. — Não, o outro. Ele disse a palavra com tanto desdém que ela desviou o rosto como se fosse um golpe físico. — Crispin — ela conseguiu sussurrar. — O nome dele é Crispin. Claybrook parecia não se importar, pois continuou sem reconhecer sua correção. — Ultimamente, ouvi coisas preocupantes, senhorita Flynn, sobre seu irmão. — Crispin — ela repetiu. E novamente, ele a ignorou. — Ouvi dizer que ele teve uma briga de algum tipo com um dono de clube de jogatina. — Ele torceu o nariz com nojo. — É claro que não frequento esses lugares, mas muitos com influência optam por passar suas noites com tanta ralé. Annabelle apertou os lábios. Agora este homem não estava apenas desmerecendo Crispin, mas Marcus. — Acredito que muitos o fazem, milorde. Ouvi rumores de que esses estabelecimentos são bem-sucedidos. Ele recuou um pouco, como se apenas o fato de que ela soubesse algo tão básico fosse repugnante. — Não duvido que alguns homens façam fortunas de maneiras tão revoltantes, mas isso não significa que sejam aceitáveis. Tampouco é o comportamento que seu irmão exibiu na frente de muitas pessoas. E não apenas com este incidente. Existem outros rumores que circularam, que não repetirei. Escusado será dizer que estou preocupado com isso.


— Por quê? — Ela balançou a cabeça e tentou controlar seu tom. Era difícil quando estava começando a sentir raiva. — Não vejo por que isso tem alguma coisa a ver com o senhor. — Como não pode, quando acabei de lhe fazer uma proposta, Srta. Flynn? Sua família e tudo o que... as dificuldades que eles causarem terão um impacto direto em mim e no futuro de nossos herdeiros. Ele não estava errado, ela sabia disso melhor do que a maioria. Diabos, foi por isso que tantos homens se recusaram a sequer considerá-la. Mas tê-lo tão diretamente abordando o assunto ainda era pior. — E o que gostaria que eu fizesse? — Ela perguntou, cruzando as mãos no colo, deixando as unhas cravarem em sua pele para impedir que ela gritasse. Ele suspirou. — Se aceitar minha proposta, devo insistir para que não veja seu irmão novamente. Para proteger nossa reputação. Annabelle levantou-se surpresa. Ele a observou, uma expressão suave em seu rosto sempre neutro, mas não disse nada enquanto ela se afastava dele. No bar lateral, ela parou e começou a mexer nas garrafas de álcool alinhadas ali. — Me pediria para abandonar minha família — ela finalmente disse quando encontrou compostura suficiente para falar. Ela o ouviu se levantar. — Não é sua família. Seu irmão. Ela se virou para encará-lo e não conseguiu controlar o tom quando gritou: — Não acha que é a mesma coisa? — Um dos rumores que circulam é que seu irmão já se separou do resto da família. Isso não pode ser uma perda, senhorita Flynn, especialmente quando considerar as grandes vantagens que obterá com a nossa união. Nada do que ele disse estava errado. Essa era exatamente a mentalidade que Annabelle havia compartilhado quando decidiu usar a nova posição de Rafe para ingressar na Sociedade. Para perseguir um casamento com um homem direito. E, no entanto, ouvir Claybrook dizer isso, ouvir seus termos, era ofensivo para ela. — Eu amo meu irmão — ela sussurrou. — Eu amo Crispin.


Ele inclinou a cabeça como se não entendesse completamente o que ela estava dizendo. — Acho que seria muito tolo deixar o amor determinar se alguém faz um casamento ou não. Annabelle balançou a cabeça. Ela pensou no casamento de seus pais, que transbordou de amor até o dia em que seu pai morreu, e mesmo além do túmulo dele. E ela pensou em Serafina e Rafe, que quase jogaram fora um amor que ardia tão intensamente entre eles que às vezes dificultava vê-los. Eles eram uma parceria em todos os sentidos da palavra. E, naquele momento, Annabelle percebeu que não queria nada menos do que o que sua família já havia encontrado. Ela também percebeu que o único homem no mundo que poderia lhe dar isso era Marcus Rivers. Um homem que a compreendeu e aceitou por tudo o que ela era. Um homem que ela amava de todo o coração. — Está sorrindo — disse Claybrook, aproximando-se dela. — Isso significa que tomou uma decisão? Annabelle piscou. Pobre Claybrook. Ele não ia gostar do que ela diria. — Eu tomei, milorde — disse ela, encontrando seu olhar, porque ele merecia. — Receio ter de respeitosamente recusar sua oferta. Claybrook congelou ao atravessar a sala, e seu rosto finalmente refletiu uma emoção mais poderosa, ele parecia totalmente confuso. — Perdão? Ela se mexeu. Isso não era nem de longe agradável. — Sinto muito, lorde Claybrook. Aprecio muito sua oferta e reconheço a sorte de recebê-la. Mas eu devo recusá-la. Eu não posso me casar com o senhor. Claybrook flexionou as mãos ao lado do corpo. — Senhorita Flynn, não pode estar falando sério, especialmente se reconhecer como tem sorte em receber esta oferta. Talvez devamos deixar isso de lado e esperar até que a senhorita tenha sua mãe ou irmão aqui para guiá-la. Annabelle quase riu da ideia de que alguém da família a obrigaria a aceitar. Seu irmão não dava a mínima para a Sociedade e sua mãe nunca pareceu aprovar completamente seus planos.


— Eu não preciso de um acompanhante para me aconselhar — ela insistiu. — Receio que minha resposta permaneça a mesma, milorde, se tivermos uma audiência de dez ou nenhuma e se esperamos algumas horas ou alguns anos para discuti-la novamente. Afinal, não acho que somos uma combinação adequada e, em sã consciência, não poderia aceitar uma proposta que temo que nos traga dor. Seu rosto se contorceu de raiva. — Acha que terá uma oferta melhor, senhorita Flynn? Sua experiência desde que ingressou na Sociedade não lhe mostrou que ninguém a fará? Eu estava me rebaixando com a senhorita. Apenas o seu dote poderia tentar um homem a se ligar ao escandaloso nome de sua família. Annabelle ficou rígida. — Aparentemente, o senhor foi afastado de seus modos pelo choque dessa resposta, e acho que deveria ir, lorde Claybrook. Sua postura ficou rígida e sua expressão voltou a ser de controle sereno. — Peço desculpas, senhorita Flynn. A senhorita está certa de que minha resposta não ter sido cavalheiresca. Perdoe-me. Ele se curvou formalmente e saiu da sala. Ela o seguiu até o vestíbulo e viu Sanders entregar seu chapéu. Quando Claybrook o colocou na cabeça, ele acenou para Annabelle. — Boa tarde, Srta. Flynn — disse ele com outro daqueles arcos. Ela assentiu, mas quando ele saiu de casa, ela suspirou. — Não, creio que seja um adeus. Ela observou quando ele montou em seu cavalo e se afastou como se os cães do inferno estivessem atrás dele. — Precisarei da carruagem — ela disse a Sanders, alisando o vestido como se quisesse afastar a situação desagradável que acabara de acontecer. — Eu quero ir visitar Serafina imediatamente. — Sim, senhorita. Vou providenciar imediatamente. Ela sorriu para ele e depois caminhou até as escadas. Tomou uma decisão graças à proposta inesperada de Claybrook. Uma decisão importante, de fato. Mas ela não seria capaz de decretar isso sozinha. Só podia esperar que Serafina a ajudasse.


Capítulo 22

Serafina sorriu quando Bridget e Deirdre deixaram, os braços entrelaçados e as cabeças juntas. — É bom ver o vínculo delas. Annabelle sorriu também. — Costumo concordar, embora esse vínculo tenha me deixado mal, não foi? A expressão de Serafina caiu. — Não está com raiva de Deirdre, está? Ela suspirou. — Não, suponho que não. Ela contou à irmã um segredo. Elas são tão próximas que eu deveria ter esperado. E como estou aqui para fazer o mesmo, não posso julgá-la. — Um segredo? — Serafina inclinou a cabeça. — Sim. — Annabelle engoliu em seco pelo nó na garganta. — Para uma pessoa que considero minha irmã e não apenas porque se casou com meu irmão. — Oh Annabelle, penso a seu respeito da mesma forma em todos os aspectos. Isso significa que não me odeia por contar a Rafe e sua mãe sobre onde estava? Annabelle moveu-se para sentar ao lado de Serafina no sofá. — Odiar você? Como eu poderia te odiar? Foi colocada em uma posição insustentável. E no final... bem, talvez tenha sido melhor que a verdade fosse revelada. Destacou alguns fatos que eu hesitaria enfrentar. Serafina a observava atentamente agora, seus olhos azuis lendo-a toda. Annabelle permitiu, querendo que ela visse. — Lorde Claybrook me visitou hoje — ela sussurrou. — Ele pediu minha mão em casamento. Os lábios de Serafina se separaram e por um momento houve um lampejo de hesitação, decepção em seu rosto. Então ela sorriu e o lampejo se foi.


— Parabéns! — Ela se moveu para abraçar Annabelle, mas Annabelle balançou a cabeça. — Eu o recusei — ela disse suavemente. Serafina ofegou. — Mas..., mas não era isso que queria? Não era esse seu objetivo de entrar na sociedade? Claybrook é intitulado, ele tem alguma fortuna e não tem defeito em seu caráter. — E pensei que tudo isso seria suficiente. Mas acabou que não era. — Annabelle suspirou. — Eu tentei me interessar por ele. Eu tentei gostar dele, mas não havia nada de caloroso ou afetuoso em nosso cortejo. Eu nem sei se ele me desejava. Parecia ser apenas uma troca de boas circunstâncias para ele. E ele... — ela parou com um estremecimento ao recordar as palavras dele. — O que? — Serafina disse, inclinando-se para a frente. — Ele exigiu que eu nunca mais visse Crispin se quiséssemos nos casar — ela sussurrou. Serafina desabou sobre o sofá e suas mãos vieram cobrir o inchaço da barriga. — Entendo. — Sim. Não consegui imaginar negar minha família por uma 'boa troca', Serafina. Os lábios de Serafina se afinaram de dor. — Claro que não podia. Annabelle balançou a cabeça. — Eu também percebi que ele queria algo mais sem dizer isso. Ele queria que eu negasse a mim mesma. E a pior parte é que eu o levei a esse modelo. Eu disse a ele com minhas ações, que eu estava disposta a fazer exatamente isso. — O que está querendo dizer? — Serafina perguntou. Annabelle sorriu e, pela primeira vez em muito tempo, seu sorriso pareceu certo. Parecia o dela. — Eu sou uma Flynn, como meu pai, como meus irmãos. Tenho um coração selvagem que tentei ignorar ou negar por anos, mas principalmente desde que comecei a procurar um marido sério e respeitável. Mas nunca fui feliz fazendo isso. Serafina assentiu. — Seu irmão disse isso. — Rafe disse? — Os lábios dela se separaram. — Por que ele não disse nada para me dissuadir do caminho que eu estava? — Porque ele sabia que suas ações, as ações deles, já a haviam feito perder muito. Ele se recusou a impedi-la de seguir o que seu


coração desejava. Mas ele se abriu comigo, mais de uma vez, que você se perderia na busca de ser respeitável. Annabelle balançou a cabeça. — Ele cantará quando descobrir que eu determinei que ele estava certo. — Eu acho que não. — Serafina cobriu a mão dela. — Acredito que ele ficará satisfeito, mas não triunfante. Annabelle pigarreou. — E o que ele pensará se eu seguir o amor? Mesmo que não seja apropriado? Serafina recuou. — O amor é sempre apropriado. — O que ele pensará se eu disser que estou apaixonada por Marcus Rivers? O que pensará se eu disser que quero me casar com ele? — Não está perguntando o que o Rafe pensará, está perguntando o que eu penso —disse Serafina suavemente. — E lhe direi exatamente isso. Annabelle prendeu a respiração. Serafina fora criada como uma dama da mais alta ordem. O mundo de Marcus tinha que parecer terrível para ela. Mas, para sua surpresa, a cunhada sorriu. — Não estou chocado ao saber que está apaixonada por ele. Eu vi no seu rosto naquela noite horrível há alguns dias atrás. Quem poderia culpá-la? Ele é diabolicamente bonito. Annabelle quase engasgou com o riso. — Ele é sim, embora eu esteja surpresa que você diga o mesmo. Serafina acenou com a mão. — Sou casada, não estou morta. Qualquer mulher diria o mesmo se fosse honesta. Ele não é o Rafe, é claro, mas quando eu disse muito bem no escritório de Rivers, eu quis dizer isso. — Estou começando a perceber que eu a subestimei muito — Annabelle meditou. A cunhada sorriu, mas diminuiu um pouco quando disse: — Se ama este homem, espero que se case com ele. Porque eu sei o quão desesperado esse sentimento de amor pode ser se sentir que não pode dar certo. — Eu sei que sabe. — Annabelle se inclinou. — É por isso que estou lhe pedindo ajuda agora.


Serafina hesitou, mas depois assentiu. — Não sei que ajuda posso oferecer, mas tentarei da maneira que puder. — Mesmo que meu irmão não aprove? — Se você acabar feliz, eu juro, ele aprovará. — Serafina inclinou a cabeça. — Sabe que o título não significa nada para ele e, apesar de sua raiva atual com Rivers, Rafe gosta muito dele. Ele aceitará qualquer decisão que você tomar. E se ele não o fizer imediatamente, eu o convencerei. — Excelente, eu esperava que dissesse isso. Mas temo que precise de mais do que sua ajuda com o Rafe. Preciso de sua ajuda com meu plano para Marcus. — Seu plano para Marcus não é simplesmente dizer que você o ama? — Serafina perguntou. — Afinal, por mais claro que esteja que se importa com ele, ficou igualmente claro que ele se importa contigo. — Ficou? — Annabelle balançou a cabeça. — Tudo o que senti dele naquela noite foi seu desdém, mesmo que ele confessasse, com certa relutância, que ele me amava. Ou uma vez se importou. Ela suspirou. — Eu nem sei mais. — Santo Deus, no ano passado eu provavelmente parecia contigo, não é? Annabelle sorriu. — Meu irmão era pior, eu lhe garanto. — E veja como ficou bem. — Sim, tenho esperanças de que em um ano eu seja tão feliz como você é agora. Mas somente se eu puder convencer Marcus a ver que eu o amo. Veja bem, naquela noite em que todos entraram, eu neguei o que ele queria. E eu o fiz sentir como se ele não fosse digno de mim. Eu o machuquei. Eu sabia naquela noite e sei agora. — Ela balançou a cabeça. — Se eu for até ele, temo que ele se recuse a me ver. E mesmo que de alguma forma eu obtenha uma audiência, ele provavelmente rejeitará quaisquer propostas que eu faça. Ele não vai acreditar em mim. Seu orgulho e seu coração não deixarão. — Tem muito o que fazer. — Serafina assentiu devagar. — Sim — Annabelle admitiu.


Serafina suspirou. — Muito bem, me diga seu plano. Tem uma parceira em mim! Annabelle bateu palmas com alívio e alegria. Estou tão feliz. Agora para o meu plano. É muito chocante, então prepare-se. E pode exigir a ajuda do Sr. Abbot.

Marcus andava pelos corredores do clube, fazendo suas anotações mensais sobre manutenção e mudanças a serem feitas na aparência do local. Normalmente, ele gostava do exercício, mas esta tarde não passava de outra tarefa miserável que não tirava de sua mente os pensamentos persistentes sobre Annabelle. Ele não a via há quatro terríveis dias. E esperava que o tempo provasse ser um amigo na separação deles, mas estava se tornando seu pior inimigo. Ele a queria o tempo todo, sentia sua falta o tempo todo, sonhava com ela dia e noite. — Você é um idiota de proporções maciças — ele se repreendeu ao verificar outra sala em sua lista. — Rivers? Ele se virou para encontrar Abbot atrás dele. Obviamente, o homem ouviu Marcus falando sozinho, mas não disse nada sobre isso. — O que foi? — Marcus perguntou, endireitando-se. Abbot se mexeu, quase desconfortavelmente. — Já foi para a ala leste? Marcus olhou para ele. — Como está totalmente ciente da minha rota habitual de inspeção, sabe que não. — Eu sugiro que talvez queira mudar seu hábito e ir para lá agora — disse Abbot. — Há um problema na sala três. Marcus olhou para o lençol. Ele tinha vários outros cômodos para inspecionar antes de trocar as alas, e a ala leste não era nem a próxima em sua programação. — Santo Deus, homem, você deveria administrar as coisas aqui, não pode resolver isso?


Abbot balançou a cabeça. — Receio que isso deva ser tratado inteiramente por você. Marcus fechou os olhos e contou lentamente até dez em sua cabeça. Ele havia estourado com o pobre Abbot pelo menos cinco vezes nos últimos dias. Eliminar sua frustração no amigo não era o melhor caminho, e ele sabia disso. Mas caramba, o homem não facilitava as coisas. — Tudo bem — ele resmungou quando se acalmou o suficiente para fazê-lo. — Eu irei para a sala três na ala leste. Agora mesmo. Em vez de completar minha lista. Abbot estendeu a mão. — Se me der a lista, vou mandar a equipe iniciar todas as alterações que já anotou e lhe devolverei isso quando tiver lidado com a situação. Marcus balançou a cabeça, mas entregou a lista antes de sair da sala e seguir pelo corredor. — Agora é uma situação? O que no mundo poderia ser tão importante? — Eu não poderia nem começar a explicar isso, Rivers — disse Abbot, com aquele tom de voz que Marcus conhecia tão bem. — Deve ver para crer. Marcus cerrou os dentes mais uma vez e não disse mais nada enquanto atravessava a sala principal vazia e entrava no corredor da ala leste. Ele parou na porta da sala três, que por algum motivo estava fechada, e olhou para Abbot. — Eu juro, se isso for uma tolice... Abbot balançou a cabeça. — Não é. Por favor. — Ele fez sinal para Marcus entrar, e ele o fez. As persianas sempre eram fechadas nos aposentos privativos, mas normalmente havia lâmpadas e uma lareira acesa nos dias em que Marcus fazia suas inspeções. Hoje, ainda não havia sido feito e ele entrou na escuridão. — Que diabos... — ele começou. — Agora — Abbot o interrompeu suavemente. Marcus foi atingido por três lados por corpos pesados, suas mãos e as pernas presas por braços invisíveis, ainda que totalmente fortes. — Foda-se! — Ele berrou, lutando contra os desconhecidos enquanto eles o puxavam através da sala. Ele foi pressionado na


cama e seus braços e pernas abertos. Sentiu laços em torno de seus tornozelos e pulsos, não importando o quanto lutasse, não importando quanto puxasse. E então os atacantes se foram. Ele podia vê-los sair da sala, apenas sombras delineadas à luz do corredor. — Que diabos, Abbot? — Ele gritou, ainda puxando os laços. O amigo não disse nada, mas entrou. Marcus ficou tenso ao sentir o outro homem andando pela sala. Quando ele ouviu o som de pederneira, uma luz foi acesa. Abbot passou para a próxima e para a próxima, diminuindo a velocidade, levando a câmara à plena luz. Ele foi até a lareira e a acendeu antes de chegar ao pé da cama. — Eu insisti na escuridão para que não demitisse mais tarde aqueles que o amarraram — explicou ele. — Ao contrário de você — Marcus rugiu, puxando contra as amarras que eram aparentemente impossíveis de quebrar. — Não vai me despedir — disse Abbot com um pequeno sorriso. — Ou, se o fizer, mudará de ideia em breve. — E por que eu faria? — Marcus perguntou, perfurando o amigo com os olhos. — Porque eu faço este lugar funcionar tanto quanto você. — Ele se virou para sair. — E porque sua mãe gosta de mim. — Que diabos é isso? — Marcus estalou, mas Abbot já estava puxando a porta atrás dele. — Verá — seu amigo falou antes de fechar a porta, deixando Marcus amarrado à cama e totalmente à mercê de... o que estava acontecendo. Ele se debateu mais algumas vezes, mas a menos que ele quebrasse a cama, era evidente que não estava indo a lugar algum. — Maldição! — Ele gritou. A porta da sala se abriu naquele momento, e ele prendeu a respiração quando Annabelle entrou. Ela não estava usando uma máscara, embora provavelmente isso não importasse no meio do dia, com apenas a equipe interna dele na casa. Ela usava um vestido verde escuro, bordado com flores negras ao longo da saia. Seus cabelos estavam presos frouxamente, de modo que pequenas mechas caíam ao longo de suas bochechas e


pescoço. Ela era completamente, perfeitamente, gloriosamente bonita, e ele virou o rosto para não se deixar influenciar por esse fato. — O que está acontecendo, senhorita Flynn? Ela fechou a porta e silenciosamente girou a chave. Então se moveu para a parede e deslizou a tela de privacidade que bloqueava o visor escondido lá. Quando a trancou, ela disse: — Vai se machucar se agitando assim, Marcus. — Desamarre-me — ele rosnou. Ela virou-se para encará-lo. — Não, acho que não. Ele se esforçou contra as amarras. — Annabelle. Ela suspirou. — Eu não vou libertá-lo, Marcus, então pare de se fazer de bobo e se acalme. Ele balançou a cabeça em sua resposta, mas relaxou contra a cama. — Explique-se. Ela assentiu. — Eu vou. Ele a observou enquanto ela caminhava calmamente até uma pequena mesa perto da lareira. Ela enfiou a mão na gaveta e sacou uma tesoura muito afiada. Quando ela se aproximou dele, ela sorriu. — Não precisa se preocupar, não tenho intenção de machucá-lo. — Ela colocou a tesoura de lado e começou a desatar as botas dele. Ao removê-las, ela disse: — Eu só quero torná-lo mais confortável e pronto. — Pronto para que? Ela olhou para o corpo dele enquanto tirava uma bota. Ela acariciou seu pé gentilmente, enviando ondas de reação de choque através de seu corpo. — Não deve ficar com raiva do Sr. Abbot — ela disse, ignorando a pergunta dele. — Ele não ignorou sua ordem de proibir minha entrada de todas as maneiras. Foi uma carta da minha cunhada que o atraiu para mim. E uma vez que me expliquei... e implorei um pouco... ele se convenceu de que eu estava certa. Ele só está fazendo isso porque se importa contigo. — Se importa o suficiente para mandar minha própria equipe me amarrar? — Marcus ladrou, embora ele assistisse sem piscar enquanto ela removia sua segunda bota. Ela jogou longe e deslizou


os dedos macios sob as calças dele, acariciando suas pernas o mais longe que podia alcançar. — Mais uma vez, meu plano, não dele. — Por quê? — Ele rosnou. Ela pegou sua tesoura e rapidamente cortou uma longa linha na perna da calça. Ele se mexeu e ela parou. — Sinto muito, e garanto que lhe pagarei um novo terno, é claro. — Que diabos está fazendo? — Ele perguntou, mas não vacilou quando ela cortou a outra perna da calça. Estou te despindo. Obviamente, eu normalmente o faria ficar de pé e fazer isso de uma maneira mais convencional, mas como provavelmente escaparia ou viraria a mesa comigo, não posso arriscar. Então, cortar suas roupas deve servir. — Ela sorriu para ele, totalmente perversa. — Devo admitir que estou gostando. Você está? — Não deveria estar aqui — ele ofegou. Ela cortou mais algumas vezes e depois puxou. Suas calças caíram ao redor dele, deixando-o nu da cintura para baixo. Ela sorriu para seu pênis meio duro. — Realmente não pensa assim — ela insistiu. — Mas eu sabia que diria isso, e é por isso que recorri a esse tipo de plano. — Qual plano? — Ele perguntou, seguindo-a enquanto ela se movia para a camisa dele. Graças a Deus ele havia deixado sua jaqueta no escritório no andar de cima, pois ela não hesitou antes de começar a se afastar pela segunda vez, rasgando o tecido de sua camisa fina como se não fosse nada. — Eu cometi um erro terrível — ela disse, colocando a tesoura de lado e rasgando a camisa com as próprias mãos. Agora ele estava nu e olhando para ela. — Suponho que este momento não é esse erro. — Não. — Ela estendeu a mão e segurou sua bochecha. Levou tudo nele para não se inclinar para o toque, para não virar o rosto para beijar sua palma da mão. — Meu erro, meu amor, foi fugir de toda a beleza, paixão e amor que encontrei em você. Meu erro foi acreditar que eu precisava de algo diferente da perfeição que está aqui mesmo diante de mim. Ele balançou sua cabeça. — Não sabe o que está dizendo...


— Sim, eu sei. — Ela se inclinou para mais perto, perto o suficiente para que ele sentisse sua respiração em seu rosto. — Eu te amo, Marcus Rivers. Te amo com tudo o que sou.


Capítulo 23

Por um breve momento desprotegido, Annabelle viu a verdadeira reação de Marcus à sua confissão. Ele se iluminou, com alegria e alívio no rosto, mas depois o escondeu. Sua expressão ficou dura e sem coração. — Eu não dou a mínima — ele resmungou. Ela assentiu. — Eu mereço isso, eu acho. Mas não aceito. No entanto, eu esperava, e é por isso que está atualmente nu em uma cama. — Do que está falando? — Eu sabia que me negaria, em parte por seu orgulho e em parte porque acha que deve me proteger do que eu quero. Então pensei na primeira noite em que cheguei aqui. Quando amarrou meu irmão em uma cama para que ele pudesse ficar sóbrio. E eu pensei, que ideia maravilhosa. Então planejei. E agora temos o dia todo para conversar juntos. Com a porta trancada e o visor trancado, mesmo se as festividades da noite começarem, ninguém nos interromperá. Então você é meu. No corpo, pelo menos. E espero, muito em breve, em alma e espírito. Ela sorriu para ele. Como não o faria? Ele estava tentando tanto manter-se desapegado, mas seu corpo o traiu. Seu pênis estava endurecendo com cada palavra, cada toque. Ele a queria. E se ela fosse forçada a fazê-lo, usaria isso contra ele. — Quer uma vida respeitável, Annabelle — ele cuspiu. — Não encontrará isso comigo. Então vá embora. — Sim. — Ela suspirou. — Minha vida respeitável. Eu disse isso mesmo e eu a alcancei. E quando consegui aquilo que pensei querer mais do que tudo, achei muito, muito vazia. Ele olhou para ela. — O que quer dizer? — Recebi uma proposta de um conde — confessou. — Ontem.


Sua mandíbula apertada. — Então eu não entendo por que não está anunciando alegremente seu noivado e planejando sua vida. — Estou planejando minha vida. — Ela encolheu os ombros. — Uma vida contigo. — Annabelle... — Cale a boca, Marcus. Eu não quero ter que amordaçar você — ela disse balançando a cabeça. Ele apertou os lábios, a frustração clara em seu rosto, e ela aproveitou a rara oportunidade de silêncio para continuar. — Sabe como eu estava totalmente entediada na sociedade? Sabe o quão duro eu tive que trabalhar para não apenas me encaixar, mas também para ser importante para esses idiotas? Foi uma tortura, Marcus. Pior tortura era o fato de eu pensar em você a todo momento, fingindo ser o tipo de mulher que um daqueles homens desejaria. Eu pensava no seu toque. Ela deslizou a mão pelo estômago dele e gostou de como a respiração dele assobiava. — Eu pensava no seu beijo. Ela se inclinou e passou a língua pelo mamilo. — Pensava em toda aquela paixão que borbulhava e não era realizada entre nós. Ela olhou para o membro dele e, em seguida, alcançou-o, acariciando-o apenas uma vez, apenas o suficiente para que ele erguesse os quadris. — Mas mais do que isso — ela confessou, recuando. Eu pensava em você. De como era fácil conversar com você, compartilhar com você. De como me ofereceu bondade sem pensar em como isso o fazia parecer. Respeitou minha mente, agradou meu corpo... me deu tudo o que eu sempre quis. Me deu mais do que eu pensava que merecia. Ele balançou sua cabeça. — Annabelle, por favor. Por favor, não diga essas coisas. Me disse o que queria, eu me odiaria se a afastasse disso. E você me odiaria também. Talvez não hoje, quando se convenceu de que sua segunda escolha é boa o suficiente, mas algum dia. — Acha que é minha segunda escolha? — Ela perguntou, sentando ao lado dele na cama. Suas mãos flexionaram, e ela sabia que ele queria tocá-la. — Você queria...


— Eu te disse, ele me pediu em casamento. E descobri que ele era minha segunda escolha. Na verdade, ele não era minha escolha. Havia apenas você, Marcus. E eu deveria ter percebido isso há muito tempo. Eu deveria saber desde o momento em que me beijou. Inferno, desde o primeiro momento em que me conheceu e tudo que eu pude fazer foi olhá-lo, meio intrigada, meio aterrorizada contigo. A testa dele enrugou. — Sim, teve tanto impacto em mim. Mesmo todos aqueles anos atrás. — Ela balançou a cabeça. — Mas eu era tola e movida por medos e desejos que tinha certeza de que poderia me tornar outra pessoa. Mas eu não quero mais ser outra pessoa. Eu quero ser Annabelle Flynn. Sua Annabelle. Quero que meus desejos sombrios e meu coração selvagem tenham um lar seguro com o seu. Ela parou de falar e o observou, esperando sua resposta. Ela podia ver o quanto suas palavras o comoveram. Ela podia vê-lo lutando contra seus desejos, seus sentimentos por ela e seu desejo de protegê-la, e provavelmente a ele próprio, do que ela pedia. E o segundo venceu. Seu rosto endureceu e ele olhou para ela com uma máscara de desdém na qual ela teria acreditado inteiramente se não o conhecesse tão bem. — Vá embora, Annabelle — ele cuspiu. — Eu não a quero. Era um jogo, um ardil, um brinquedo. E estou cansado de você. Ela assentiu. — Foi por isso que não tirou minha virgindade? Ele olhou para ela. — Não valeu nada para mim. Ela inclinou a cabeça com um longo suspiro. — Vejo que pretende ser difícil. Eu esperava que não fosse o caso, mas nem sempre se pode ter o que se quer. Então agora suponho que passemos à segunda parte do meu plano. Ele revirou os olhos, mas ela podia ver o interesse ali, onde ele tentava esconder. — E qual é a segunda parte? Ela se levantou da cama e rapidamente tirou o vestido que ela e Serafina haviam escolhido apenas por sua facilidade de remoção. Quando o tirou, revelou o chemise rosa por baixo. O chemise muito fino que não deixou curva para a imaginação. — Eu vou... como você diria, meu querido... eu vou me entregar para você — Ela observou os olhos dele se arregalarem e seu pênis


crescer duro com suas palavras muito diretas, e sorriu. — Parece que seu corpo vai te trair mesmo quando diz que não me quer. — Droga, Annabelle — ele rosnou, puxando contra as amarras novamente. Sabe que eu a quero. Mas não faça isso, vai se arrepender. Ela o ignorou e se concentrou no corpo dele. Seu belo corpo que ela queria há semanas e só experimentara de maneiras limitadas, mas muito satisfatórias. E agora ele era dela. Todo dela. Ela voltou para a cama ao lado dele e se inclinou, beijando sua carne gentilmente, saboreando seu calor e sabor. Ela o sentiu puxando aquelas amarras, esforçando-se para escapar, para que não pudesse forçá-lo a sentir o que sentia. Ela chupou o mamilo suavemente e a luta parou. — Droga — ele respirou, seus olhos se fechando. Ela sorriu contra a carne dele. Ela ganhou por um tempo, embora não acreditasse que ele não lutaria mais. Mas, por enquanto, girou a língua ao redor e ao redor do disco plano do mamilo, chupando e acariciando até que ele gemesse, e ela se mudou para o outro. Repetiu suas ações por um tempo antes de começar a descer o ápice do corpo dele. — Eu amo beijar você — ela murmurou contra a carne dele. Ela acariciou o estômago dele com sua bochecha. — Eu poderia fazer isso o dia todo. Ele gemeu e ela sorriu para ele. — Eu não vou. Tenho planos muito mais interessantes. — Por favor, não — ele sussurrou novamente, mas não houve calor na negação. Ele a queria, apenas se convencera de que não podia se sentir assim. Que ele não faria. — Mas eu devo — disse ela, encontrando seu olhar. — Eu devo, Marcus. E sabe o porquê. No seu coração, sabe o porquê e quer que eu me entregue a você. Está tudo bem se estiver com medo. Ele endureceu. — Eu não estou com medo. Ela inclinou a cabeça. — De me amar, eu acho que está. De se compartilhar completamente comigo, não apenas desse jeito com nossos corpos, mas mais, você está. De pegar o que teme que eu


não entenda, você está. Mas eu te amo. E mesmo que eu também tenha medo do futuro, estou disposta a encará-lo se tiver você ao meu lado. Ela sorriu para ele, vendo pura descrença cruzar seu rosto. E então ela deslizou por seu corpo, pressionando beijos em seu quadril musculoso. Ele sacudiu com o contato. Passou seu cabelo em seu pênis. Ela virou o rosto, descansando a bochecha no quadril dele e se inclinando perto de sua ereção dura. Ele estava pronto para ela, com o corpo que ela já havia vencido. Ele estava tentando protegê-la, mesmo admitindo que a queria. — Me assustou na primeira vez que vi isso — ela admitiu, estendendo a mão para arrastar uma unha ao longo de seu comprimento. — Mas comecei a desejá-lo. Sonho com você deitado embaixo de mim e deslizando profundamente para dentro. Hoje não será um sonho. Ele ficou tenso, mas não fez mais nenhum protesto quando ela o envolveu e acariciou seu calor. Ela se mexeu, prendendo as pernas dele com o corpo e passou a língua por cima dele. Era um ato familiar e seu corpo inchou com um desejo crescente ao fazê-lo. E ela estava feliz por isso também. Apesar de toda a sua cuidadosa confiança, ela estava nervosa por seduzi-lo. Nervosa por se render. E nervosa com o que aconteceria quando ela finalmente afrouxasse os laços dele e lhe desse liberdade para rejeitá-la. — Eu te amo, Marcus — ela murmurou entre longas lambidas em seu pênis. — Não — ele gemeu, seu tom de prazer e dor. — Sim eu amo. Negar não vai mudar. Eu te amo. Ele fechou os olhos com força e apertou os punhos enquanto lutava, desta vez emocionalmente, com as palavras dela. Ela montou nele, posicionando-se sobre ele, e seus olhos se abriram novamente. — Espere, espere, não pode estar pronta — ele resmungou. — Não quando não a toquei. — Eu quero isso — ela insistiu.


— Então venha aqui. Monte em minha boca e deixe-me prepará-la para que não doa tanto quando finalmente... quando finalmente fizermos isso. Ela o olhou. — Me agradaria, apesar de suas dúvidas? Ele assentiu. — Não quero machucá-la mais do que necessário, Annabelle. Venha aqui. A voz dele mudou um pouco e ela sorriu. Ele a amava. Naquele momento, ela soube, mesmo que ele negasse repetidamente. Ele a amava e esse era seu ato de amor, embora estivesse com raiva, magoado e perdido. Ela deslizou até conseguir se abaixar sobre a boca dele. Ela se agarrou à cabeceira da cama quando ele começou a lambê-la, separando suas dobras com a língua, encontrando seu clitóris pela sensação. Ela balançou contra ele, dando os golpes, alcançando o prazer que já estava provocando entre suas pernas. — Venha — ele sussurrou contra o sexo dela. — Venha até mim. Ela arqueou as costas quando ele chupou seu clitóris e seguiu sua ordem instantaneamente. O prazer caiu em cascata através dela e ela gemeu em seu rastro, seus quadris tremendo enquanto ele continuava a chupar e lamber sua carne macia. Quando começou a voltar a si, ela se afastou dele e o olhou nos olhos. — Não pode me dizer que não me ama. Ele não disse nada, apenas observou quando ela voltou à sua posição original, preparada acima dele para que reivindicasse sua virgindade. — Vá devagar — ele finalmente sussurrou. — Vá pouco a pouco. Ela assentiu e se abriu, abaixando-se em seu pênis. Ele pressionou o sexo dela, depois começou a deslizar para dentro até uma polegada e então ela se encolheu quando a dor a percorreu. — Um pouco mais — ele insistiu, e ela fez o que ele pediu, levando mais dele, mais dele até que estivesse completamente sentada nele, seus corpos colados. — Agora fique parada. Há muita dor? Ela olhou nos olhos dele, maravilhada com a plenitude de seu sexo, o alongamento de seus corpos sendo unidos. — Um pouco —


ela admitiu. — Mas não tão ruim quanto pensei que poderia ser. — Para algumas mulheres é terrível, para outras não é tão ruim — explicou. — E meu Deus, Annabelle, você é o céu. Ela sorriu. — Eu me perguntei quando você admitiria. — E agora deve se mexer. Se não o fizer, não poderei me controlar e vou atirá-la desta cama. Ela arregalou os olhos. Ele tinha uma selvageria em seu olhar que lhe dizia o quanto ele estava lutando por controle. Ela revirou os quadris, imitando os atos que assistira aqui entre casais, os desenhos que observara ao longo dos anos. Ela se moveu e, finalmente, encontrou o ritmo que veio naturalmente entre eles. Ela se agarrou aos ombros dele, balançando sobre ele quando o prazer que ele criara com a boca começou a se construir lentamente novamente com o movimento do corpo dela. — É isso aí — ele murmurou, observando o rosto dela. — Um pouco mais, anjo. Só um pouco mais. — Oh Deus — ela gemeu. — Eu v... eu vou... sim! Ela veio uma segunda vez enquanto o acariciava, cravando as unhas na carne dele, gritando o nome dele, e quando o fez, seu pescoço ficou tenso, seu corpo empurrado nela, e ele gemeu quando sua semente quente jorrou dentro dela. Ela caiu no peito dele, sua respiração dura e difícil, seu corpo mole e lânguido de prazer e eles ficaram lá juntos.

Marcus olhou para Annabelle, que se enrolara contra o lado dele, acariciando as mãos ao longo do seu peito. Sua pele estava corada de prazer e seus olhos brilhavam com todo o amor que ela repetia, que sentia por ele. E ele estava começando a acreditar que ela realmente se sentia assim. Pensar em Annabelle invadindo seu clube, colocando seus funcionários contra ele e, em seguida, colocando suas mãos nele. Aquele coração selvagem que ela sempre quis negar, se tornou poderoso quando o libertou completamente. — Annabelle — ele murmurou.


Ela olhou para ele, sua expressão de pura felicidade apenas tingida de preocupação com o que ele diria. — Sim? — Desamarra-me. Ela mordeu o lábio por um momento, depois se inclinou para soltar os nós em torno de seus tornozelos. Ele esticou as pernas, observando-a enquanto ela pegava uma mão. Ela hesitou, olhando para ele. — Não vai se afastar, vai? Ele balançou sua cabeça. — Não. Ela desamarrou um pulso e, assim que a mão dele ficou livre, ele puxou a outra, soltou-a e a cobriu com seu corpo. Ela gritou agora que o jogo tinha virado e estava presa ao invés dele. — Por que acha que me ama? — Ele demandou. Ela piscou para ele. — Eu não acho que te amo. Eu sei que te amo. E a razão é porque sempre me aceitou como eu sou. Sempre me viu, de uma maneira que ninguém mais vê. Quando estou contigo, estou segura, sou real e sou... sou livre. Não posso perder isso, Marcus. Sei que não tenho muito a te oferecer... Ele a interrompeu com uma risada. — Está brincando? Claro que me fornece muito. Ela inclinou a cabeça. — O que eu forneço? — Me desafia. Me deixa louco porque é imprevisível. E me aceita. Mas não quero que fique cega por algum conto de fadas, Annabelle. Minha vida não é como a sua, mesmo a vida que levou crescendo, fora da ton. Ela assentiu. — Aprenderei. — O clube fornece o que fornece. E vou continuar a operá-lo. Eu me perco no meu trabalho. Às vezes sou forçado a lidar com assuntos muito escandalosos. Vai perder mais amigos por me amar do que nunca perdeu pelo comportamento de qualquer um dos seus irmãos. — Mas ganharei você — ela sussurrou, seu olhar sombrio no dele. — E te ajudarei no clube. Terei que me ajustar a viver aqui, mas... Ele riu. — Eu tenho uma casa, Annabelle. Ela inclinou a cabeça. — Tem? Ele assentiu. — Há dias em que esqueço de ir para casa, de comer, de dormir, acabo ficando aqui. Mas tenho a sensação de que,


se estivesse me esperando na minha casa muito agradável na Charles Street, eu priorizaria correr de volta para você todas as manhãs. — Está dizendo que me permitiria esperar por você em sua bela casa na Charles Street? — Ela perguntou. Ele fechou os olhos. Depois de uma vida que consistia em tantos altos e baixos, tantos desgostos e sucessos, Annabelle oferecia a ele um sonho que não tinha certeza de que ela entendesse completamente. E neste momento, ele queria esse sonho. Ele queria mais do que qualquer coisa no mundo. — Sim — ele sussurrou. — Se você se casasse comigo, Annabelle Flynn, eu compartilharia minha vida contigo. Seus olhos se iluminaram e ela levantou a boca para encontrar a dele. Ele a beijou sem hesitar, sem nada além de todo o amor que sentia por ela. Todo o amor que eles compartilhavam e compartilhariam para sempre. — Claro, seu irmão provavelmente vai me matar quando eu pedir sua mão — ele riu enquanto se afastava. Ela deu de ombros como se isso fosse facilmente superável. — Então faça o que seria de se esperar que correspondesse a um Flynn e me leve para Gretna Green hoje à noite, Sr. Rivers. Rafe não matará meu amante se esse amante for meu muito amado e muito feliz marido. Ele olhou para ela, incapaz de esconder o sorriso. Acho que farei exatamente isso, Annabelle. Mas depois. — Ele abriu as pernas dela e gentilmente a violou uma segunda vez. — Mais tarde.


Epílogo

— Me odeia por me casar com ela? — Marcus perguntou a Rafe enquanto eles estavam juntos à lareira, assistindo Serafina, a sra. Flynn e sua própria mãe murmurarem e suspirarem sobre a história de Annabelle ter sido roubada para o casamento na Escócia e a lua de mel à beira-mar. Os Flynns tinham, é claro, aceitado Calliope com tanta facilidade e rapidez quanto a todos. Nem por um momento sentiu que ela estava afastada. Mesmo agora, Annabelle tinha um braço em volta da cintura da nova sogra e estava rindo. Rafe olhou para ele e sorriu. — Não. Não se ela é tão feliz. E sabe, sempre te olhamos como se fosse nosso próprio irmão. Agora é verdade. E Deus, nosso pai teria aprovado. Marcus franziu a testa, embora seu coração tenha inchado com essas palavras. — Nós — ele repetiu com um aceno de cabeça. — E, no entanto, ouvi do Abbot que Crispin não retornou ao Donville Masquerade desde aquela noite em que todos invadiram e surpreenderam Annabelle e eu. Rafe suspirou. — Sim. Ele desapareceu de todos os lugares que eu compareço também. Acho que não quer ser encontrado. — Acredita que ele está bem? — Marcus perguntou. Rafe deu de ombros. — Acredito que sim. Talvez você e eu possamos formular um plano para encontrá-lo. — É melhor envolver Annabelle — Marcus disse enquanto se separava dos outros para se aproximar dele, seu sorriso largo. — Ela não será deixada de fora, você sabe. — Deixada de fora? — Sua esposa perguntou enquanto passava os braços pela cintura dele e o encarava com olhos adoradores. — Deixada de fora de qualquer coisa — ele brincou. — É uma moça teimosa. — Se arrependeu por se casar comigo, Sr. Rivers? — Ela brincou de volta.


— É melhor que não — Rafe se juntou, embora Marcus pudesse ver que seu cunhado não havia terminado o tópico de Crispin. — Não há como devolvê-la. Rafe riu enquanto se afastava, mas o riso de Marcus desapareceu quando ele olhou nos olhos de sua esposa. Seu amor. Sua vida. Sua Annabelle. — Eu não a devolveria — ele sussurrou enquanto abaixava a cabeça para beijá-la. — Ela vale mais que ouro.


Próximo Lançamento da série Livro 3 de Os Notórios Flynn

Apostando a Viúva



Capítulo 1

Crispin Flynn acordou com pulsações dolorosas a cada movimento. Sua cabeça ardia como se estivesse pegando fogo e seu estômago revolvia com bile e quaisquer bebidas horríveis que permanecessem ali desde o devaneio da noite anterior. Ou não tinha sido devaneio? Na verdade, não conseguia se lembrar muito depois do momento em que montou em seu cavalo e saiu de casa, obcecado com bebida e mulheres e jogos de azar e... bem, sua completa auto destruição. Nada disso soava tão divertido quanto o devaneio, especialmente não na luz fria da manhã, que podia sentir queimando contra suas pálpebras ainda fechadas. Hesitou em abri-los, primeiro para evitar a luz um pouco mais, mas segundo porque nunca tinha certeza mais de onde se encontraria depois de uma noite fora. Ele acordara em sarjetas, em sua carruagem e uma vez na cama de uma duquesa amável cujo duelo com o marido, ele tinha conseguido escapar. E a terceira razão de evitar abrir os olhos era que, uma vez acordado, todos os problemas de seu mundo voltariam correndo, esmagando-o e afogando-o. No entanto, ele não podia fingir para sempre que estava morto, então abriu cautelosamente um olho turvo. Ele se encolheu com a luz ardente do sol que o atingiu da janela que enfrentava. Não estava em uma cama, mas em seu próprio sofá. Ele reconheceu o tecido de brocado que sua mãe havia escolhido para a espreguiçadeira, o que parecia uma vida atrás. Soltou um suspiro de alívio. Pelo menos se tinha conseguido tropeçar em casa, ele não devia ter causado muito dano. Abriu o outro olho e engoliu o vômito que o saudava. Seu corpo o punia pelo que ele havia feito, mas valeu a pena desligar sua mente por algumas horas felizes.


Lentamente, se moveu, rolando de costas. Todos os músculos do seu corpo doíam, o que significava que ele provavelmente dançou em uma mesa, caiu de um cavalo ou entrou em uma briga na noite passada. Se a noite foi ruim, pode ter sido os três. Certamente ele ouviria sobre isso, no entanto, se realmente tivesse feito algum dano. Ele sempre fazia e sempre pagava a conta, sem argumento ou pergunta, e com qualquer semelhança de um pedido de desculpas que pudesse reunir, pelos pecados que cometera quando estava fora de si. Ele rolou um pouco mais e congelou. Podia ver sua cama a cerca de três metros do sofá. E não estava desocupada. Um caroço estava embaixo das cobertas. Um caroço do tamanho de uma mulher. Ele gemeu. Agora teria que tirar uma sirigaita de sua casa. Geralmente uma total estranha. Ao som de seu gemido, o caroço girou para encará-lo e Crispin congelou. O caroço em forma de mulher tinha o rosto mais bonito que já vira em anos. Ela tinha olhos cinza brilhantes cheios de inteligência e um rosto em forma de coração com lábios carnudos e rosados. O cabelo dela também era vermelho. Droga, era uma maldição. Ele nunca foi capaz de resistir a uma mulher ruiva que se oferecesse para ficar de quatro. Ele sentou-se. — Bom dia, amor — ele falou, feliz por não ter vomitado ou desmaiado graças à sala que girava descontroladamente quando se moveu tão rapidamente. Ela não disse nada, mas também se sentou para revelar que estava completamente vestida com um vestido verde amassado. Lentamente, ela se sentou na cama, o mais longe possível dele. Crispin cobriu a testa com uma mão e tentou manter alguma dignidade, pelo menos. Ele tentou sorrir. — Se te devo algo, pode pegá-lo do mordomo quando sair — disse ele. Seus olhos se arregalaram a princípio, depois se estreitaram para fendas raivosas que mal revelavam o brilho cinza embaixo. — Eu não sou uma vagabunda, Sr. Flynn — ela retrucou.


Crispin ficou distraído por um momento pela qualidade musical de sua voz, que mesmo quando zangada era provavelmente a coisa mais bonita que já ouvira. Mas então percebeu o que havia dito aquela bela voz e endureceu. — Não é? — Ele perguntou. Ela cruzou os braços. — Certamente não. Ele pigarreou e conseguiu se levantar sem cair de lado. Parecia que ele havia conseguido se meter em bastante confusão, na noite passada. Esta podia ser mais difícil de sair do que a habitual no qual pagava por um vaso quebrado ou devolvia um faeton roubado. — Droga. Veja bem, senhorita, eu estava tão bêbado ontem à noite que posso ter dito ou feito coisas que não me lembro. Ela o observava com aqueles olhos cinzentos ainda, cautelosos e aparentemente prontos para correr. — Deve me achar muito estúpida — ela rosnou. Ele balançou sua cabeça. — Honestamente, senhorita, eu não me lembro de nada. — Ele olhou para ela um pouco mais de perto. — Eu gostaria de lembrar, na verdade. Sua testa se enrugou e uma cor rosa atraente encheu suas bochechas com o elogio. Então ela inclinou a cabeça. — Está sendo sincero, então? Realmente não se lembra da noite passada? Um sentimento de afundamento atravessou Crispin. Um sentimento que gritou que ele realmente ultrapassara dessa vez. — Não — ele disse suavemente. Ela segurou seu olhar por um momento, como se o estivesse lendo. Como se ela estivesse determinando sua honestidade apenas com uma varredura de seu olhar. Ele se mexeu sob a qualidade íntima do exercício e depois a observou se levantar. Ela tinha um corpo tão bonito quanto o rosto, com um seio adorável e o toque de um brilho nos quadris enquanto o vestido enrugado flutuava ao seu redor. — Então acho que devo começar dizendo bom dia, Sr. Flynn — disse ela, mas não estendeu a mão. — Meu nome é Gemma. Sou sua esposa. O estômago de Crispin se agitou mais alto e ele caiu de volta no sofá com um gemido. — Não. — Ele balançou sua cabeça. — Não,


isso não pode ser verdade. Ela apertou os lábios. — Receio que seja verdade. Nós nos casamos no meio da noite passada. Apesar dos meus protestos. Crispin lançou seu olhar de volta para ela. Protestos? Ele forçou essa mulher? Ela estava vestida agora, mas isso não significava que ele não tinha... Santo Deus, ele nunca se perdoaria. — Você é minha esposa — disse ele lentamente. Ela assentiu, com a mandíbula firme, enquanto as lágrimas brilhavam fracamente em seus olhos. — Sim — ela disse em um suspiro. Ele engoliu em seco. — Gemma. É assim que disse que se chamava? — Sim — ela sussurrou uma segunda vez. Ele assentiu. Era um nome bonito para combinar com seu rosto bonito. Um rosto bonito que parecia odiá-lo completamente, o que lhe deu ainda mais pausa em seu estupor sobre o que ele havia feito. — Gemma, preciso que me conte exatamente o que aconteceu ontem à noite. — Ele balançou sua cabeça. — Eu preciso lembrar.


Primeiro Livro da SĂŠrie



Jess Michaels


9786580754038 Adquira Aqui

Durante anos, Serafina McPhee está comprometida a se casar o duque de Hartholm e, por quase o mesmo tempo, ela luta para encontrar uma maneira de sair desse noivado. Quando ele morre repentinamente, ela não chora, mas se emociona com a ideia de que estará livre. Infelizmente, os melhores planos dão errado quando o próximo na fila para o título, o primo do duque, Raphael "Rafe" Flynn, é forçado a assumir o compromisso. Mas Serafina conhece a reputação de Rafe como libertino e também não quer nada com ele, mesmo ele sendo devastadoramente bonito. Ela lhe propõe um acordo: ela concorda com o casamento e fornece a Rafe seu herdeiro e um sobressalente. Depois que cumprir seu dever, ele a deixará ir. Rafe está intrigado tanto por sua beleza quanto por seu total desgosto com a ideia de ser sua noiva. As mulheres normalmente caem aos seus pés, não o temem. Como o casamento arranjado não é algo do qual Raphael "Rafe" Flynn possa escapar, ele concorda com os termos de Serafina McFhee. Mas quando, na noite de núpcias, descobre a verdade sobre a tortura que ela sofreu nas mãos de seu antecessor, se vê impelido a não apenas cumprir sua barganha com sua nova esposa, mas a apresentá-la ao desejo. Enquanto eles se aproximam, se rendendo a prazeres perversos, emoções perigosas podem violar todos os acordos que fizeram. Adquira Aqui



Sobre o autor Jess Michaels



A autora best-seller do USA Today, Jess Michaels, gosta de coisas nerds, Vanilla Coke Zero, qualquer coisa de coco, queijo, gatos fofos, gatos macios, gatos, muitos gatos, muitos cães e pessoas que se preocupem com o bem-estar de seus semelhantes. Ela teve a sorte de se casar com sua pessoa favorita no mundo e viver no coração de Dallas, TX, onde está tentando comer toda a comida incrível da cidade. Quando ela não está obsessivamente checando seus passos no Fitbit ou experimentando novos sabores de iogurte grego, ela escreve romances históricos com machos alfa quentes e mulheres atrevidas que fazem tudo, menos esperar para conseguir o que querem. Ela escreveu para numerosas editoras e agora é quase totalmente independente e ama cada momento (bem, quase todo momento).


Prรณximo Lanรงamento



Katharine Ashe


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Lady Constance Read é independente, bonita e precisa de um marido - agora. O último homem na terra que ela quer é o libertino que partiu seu coração seis anos atrás, não importa que seus beijos sejam ardentes. Evan Saint-André Sterling, o melhor espadachim da Grã-Bretanha, é rico, respeitado, mas resolveu que não quer se envolver seriamente com as mulheres - nunca mais. Ele não pretende perder a cabeça pela beleza encantadora que uma vez virou sua vida de cabeça para baixo. Mas Constance precisa de um guerreiro, e Saint é o homem perfeito para o trabalho. Somente como mulher casada ela pode penetrar na sociedade secreta mais notória da Escócia e levar um duque diabólico à justiça. Quando Constance e Saint se tornam aliados e amantes apaixonados, ele arrisca tudo para proteger a única mulher que já amou. Adquira aqui


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Emma V. Leech


9786599019845 Adquira aqui Dentro de cada erudita pulsa o coração de uma leoa, um indivíduo apaixonado disposto a arriscar tudo pelo seu sonho, se puder encontrar a coragem para começar. Quando essas jovens esquecidas fazem um pacto para mudar suas vidas, tudo pode acontecer. Dez mulheres - dez desafios inesperados. Quem se atreverá a arriscar tudo? Desafiando um Duque Sonhos de amor verdadeiro e felizes para sempre. Sonhos de amor são todos muito bons, mas tudo o que Prunella Chuffington-Smythe quer é publicar seu romance. O casamento a custo de sua independência é algo que ela não considerará. Experimentou o sucesso escrevendo sob um nome falso na revista semanal The Ladies, onde seu álter ego está alcançando notoriedade e fama, a qual Prue gosta bastante. Um dever que tem que ser suportado... Robert Adolphus, o duque de Bedwin, não tem pressa em se casar, ele já fez isso uma vez e repetir esse desastre é a última coisa que deseja. No entanto, um herdeiro é um mal necessário para um duque e não pode se esquivar disso. Uma reputação sombria o precede, visto que sua primeira esposa pode ter morrido jovem, mas os escândalos que a bela, vivaz e rancorosa criatura forneceu à sociedade não a acompanharam. Devia encontrar uma esposa. Uma esposa que não seria nem bonita nem vivaz, mas doce e sem graça, e que com certeza ficasse longe de problemas. Desafia a fazer algo drástico O súbito interesse de um certo duque desprezível é tão desconcertante quanto indesejável. Ela não vai jogar suas ambições de lado para se casar com um canalha assim como seus planos de autossuficiência e liberdade estão se concretizando. Se mostrar claramente ao homem que ela não é a florzinha que ele procura, será suficiente para dar fim às suas


intenções? Quando Prue é desafiada por suas amigas a fazer algo drástico, isso parece ser a oportunidade perfeita para matar dois pássaros. No entanto, Prue não pode deixar de ficar intrigada com o ladino que inspirou muitos de seus romances. Normalmente, ele desempenhava o papel de bonito libertino, destinado a destruir sua corajosa heroína. Mas será realmente o vilão da trama desta vez, ou poderia ser o herói? Descobrir será perigoso, mas poderá inspirar sua melhor história até o hoje. **** Atenção: Este livro contém uma seleção cuidadosa de determinação silenciosa, boca firmemente fechada e níveis (quase) intransponíveis de tensão. Embora acoplado à presença de encontros sexuais ocasionalmente descritivos, temos o prazer de destacar que este livro - e série - não está de modo algum próximo da erótica. **** Adquira aqui



Caroline Mickelson


9786599019883 Adquira aqui Londres - 1940 Enquanto as bombas alemãs caem sobre a cidade de Londres, Emma Bradley arruma apressadamente uma mala, embala o filho recém-nascido nos braços e embarca em um trem com duas crianças refugiadas que concordou acompanhar em troca de um emprego no sul de Londres, Inglaterra. Embora ela seja apenas uma das milhares que deixam a cidade, Emma está fugindo de mais do que os horrores da guerra. Seu maior medo é que o pai de seu filho a encontre e se vingue pelo que roubou dele. O renomado pianista holandês Andrej Van der Hoosen é um homem que preza sua privacidade acima de tudo. Sua riqueza e privilégio lhe deram o luxo de evitar estar perto de crianças por causa de uma dolorosa perda em seu próprio passado. Então, quando ele conhece a mulher e as crianças com quem vai morar durante a guerra, fica instantaneamente em guarda. As crianças são barulhentas e cheias de vida, a casa de campo em que foi designada para viverem é pequena, e ele acaba intrigado com o segredo que Emma está claramente tentando esconder. Apesar da relutância em confiar um no outro, Emma e Andrej logo se vêem unidos em um mundo dilacerado pela guerra. Adquira aqui



Emmanuele de Maupassant


9786599019814 Adquira aqui Capturada. Seduzida. Desejada. À mercê de um bando de vikings selvagens, liderado por um formidável guerreiro. Mantida em cativeiro contra sua vontade. Pela primeira vez, a força de vontade de um homem corresponde à de Elswyth. Sob o domínio de seu cruel captor, Elswyth descobre que o desejo de um viking não deve ser negado. Ela será forte o suficiente para estabelecer seus próprios termos com o homem que deseja dominá-la, ou estará destinada a entregar tudo, inclusive o coração? Descubra o desejo ardente e a paixão brutal, em um mundo ameaçado por ambição, ciúme e vingança. Nível de calor: vulcânico Viking Trovão é o prequel da série dark Guerreiros Vikings. Adquira aqui



Victoria Howard


9786599019838 Adquira aqui Quando o contador inglês Daniel Elliott morre em um acidente de carro em uma noite chuvosa, sua viúva, Grace, é tomada de tristeza ... e pânico. Daniel era controlador e o casamento deles sem amor, mas sempre cuidou da proteção de Grace. Ou assim ela pensava. Ela logo descobre que Daniel guardava segredos: um pseudônimo, laços com a máfia, uma lista de números, uma misteriosa casa de praia na Flórida ... e uma namorada que se parece com Grace. Engolindo seu medo, ela voa para Miami para reivindicar a casa que Daniel deixou. Mas o preço de sua curiosidade é perigoso. Figuras do submundo a perseguem. A outra mulher deixa um rastro condenável de evidências apontando para ela. E bonito e problemático agente do FBI, Jack West, já se cruzou com Grace antes. Ele poderia ser seu salvador ou sua condenação. Tudo o que ela sabe com certeza é que deseja estar em seus braços. Com pouco para continuar e correndo perigo a todo momento, Grace deve depender de Jack para ajudá-la a percorrer o mundo criminoso do sul da Flórida e encontrar a verdade por trás do Anel de Mentiras. Adquira aqui



Elizabeth Johns


9786580754090 Adquira aqui Rhys Godfrey, Lorde Vernon, e Lady Beatrice Chalcroft, filha do Duque de Loring, haviam sido prometidos desde a infância em um acordo feito por seus pais. Ao contrário da maioria dos casamentos arranjados, Vernon amara Beatrice desde a primeira vez que a viu. Na temporada em que deveriam se casar, o relacionamento foi rompido por ciúme e orgulho. Beatrice foi enviada para longe de casa com intuito de que reformasse seu comportamento maldoso, e Vernon, magoado, resolveu abandonar o amor. Lorde Vernon decide seguir em frente com um casamento de conveniência e sem emoção. Lady Beatrice se vê reduzida da filha de um duque a uma vida de serviço na Escócia, tendo que aprender os caminhos dos menos privilegiados. Os dois irão se reencontrar? Ou Vernon escolherá outra noiva antes disso? Beatrice será capaz de se humilhar e parar de ser rabugenta e mimada? Adquira aqui



Maggi Andersen


9786580754083 Adquira aqui Um romance gótico vitoriano Uma nuvem escura paira sobre Wolfram, a antiga abadia que Laura chama de seu novo lar. Ela poderia confiar no homem misterioso com quem se casou? Depois de um namoro relâmpago, Laura Parr se casa com um Barão, lorde Nathaniel Lanyon, que a leva para morar em sua antiga casa no sul da Inglaterra. Laura chega à Cornualha animada para começar a vida com o homem ardente com quem se casou. Mas segredos espreitam nas sombras. A morte da primeira esposa de Nathaniel nunca foi resolvida e alguns moradores acreditam que ele foi o responsável. Lutando para entender seu novo marido, Laura tenta descobrir a verdade. A cada nova descoberta, ela se aproxima do perigo. Lorde Nathaniel Lanyon decidiu nunca mais se casar. Mas, quando conhece a Srta. Laura Parr, filha de Sir Edmund Parr, numa tarde chuvosa, percebe quase imediatamente que tem que tê-la em sua vida. E a única maneira de poder fazer isso, era se casando com ela. Nathaniel acredita que seu passado conturbado ficara para trás e que poderá oferecer uma boa vida a Laura em Wolfram, mesmo que ele nunca possa lhe oferecer seu coração. Mas assim que passam a morar na antiga abadia, o passado volta a assombrá-lo, revelando segredos que pensava terem sido enterrados para sempre. Enquanto tenta lutar contra as forças que o ameaçam, percebe que Laura, determinada, exigirá mais do que ele pode dar a ela. “Um romance gótico no estilo clássico, a autora é uma mestra em criar uma atmosfera sinistra e personagens multifacetados.” Coffee Time Romance e muito mais. “O enredo é interessante e o mistério adicionado me manteve fascinado. O romance me fez pensar até o fim.” The Romance


Studios. “Foi difícil largar a história, pois o mistério permaneceu fora de alcance, atraindo o leitor para além do enredo. [Isso] me manteve acordado até tarde da noite, seguindo o quebra-cabeça da Abadia de Wolfram. Estou ansioso para ver mais de Maggi Andersen.” Sirene Book Reviews. Adquira aqui



Phillippa Nefri Clark


9786580754076 Adquira aqui Thomas e Martha acreditavam que seu amor era invencível até que uma série devastadora de eventos os separou. Para seu encontro final, eles prometeram se reunir no cais onde se conheceram. Cinquenta anos depois, Christie Ryan herda uma casa de campo em ruínas em uma cidade litorânea da qual nunca ouviu falar. Com a descoberta de um mistério comovente, se torna obcecada para desvendar velhos segredos de família. O artista recluso Martin Blake cresceu com seu avô depois de perder os pais. A chegada em sua cidade de uma garota da metrópole com uma conexão para o passado desafia tudo o que ele sabe sobre si mesmo. Em lados opostos de um mistério, dois estranhos têm algo em comum e correm o risco de ver seus mundos seguros destruídos. Cinquenta anos de segredos estão prestes a ruir. Uma história fascinante de amor perdido, coragem e redenção, e de como as consequências da manipulação de uma mulher se espalha por três gerações. Adquira aqui



AnneMarie Brear


9786580754069 Adquira Aqui


1864 De repente, Kitty McKenzie é deixada como chefe da família e deverá encontrar sua força interior para mantê-la unida contra todas as probabilidades. Despejada, após a morte de seus pais, de sua resplandecente residência na parte elegante de York, Kitty precisará combater o legado da falência e da falta de moradia para garantir um lar para ela e seus irmãos Com determinação e pura força de vontade, ela se agarra às oportunidades, desde trabalhar com roupas e barracas no mercado até abrir uma loja de chá para os ricos. Seu caminho para a felicidade é repleto de obstáculos, dificuldades e desespero, mas Kitty se recusa a deixar morrer seu sonho de uma vida melhor para sua família. Ela logo descobre que amor e lealdade trazem sua própria recompensa. Adquira Aqui



Mirella Sichirollo Patzer


9786580754021 Adquira Aqui Uma mulher prestes a fazer seus votos religiosos. Uma fuga desesperada de um massacre assassino. Um homem vem em seu socorro. Outro se torna seu inimigo e captor. E uma busca mortal para se reunir com seu único amor verdadeiro. No século X em Nápoles, os sarracenos correm desenfreados, aniquilando aldeias, assassinando mulheres e crianças. Morte e desespero estão por toda parte. Sozinha no mundo, Sara é uma jovem noviça atormentada com dúvidas sobre os votos finais para se tornar freira. Quando seu convento é atacado, ela foge para salvar sua vida caindo direto nos braços de um grupo de sarracenos que a deixam para morrer sozinha na floresta. Um Cavaleiro honorável chamado Nicolo vem em seu socorro e se oferece para levá-la em segurança para Nápoles. Enquanto viajam juntos, são irresistivelmente atraídos um pelo outro. Acreditando que Sara é freira, o honorável Nicolo está dividido entre o amor e o dever de respeitar seus votos. Desolado, ele faz o que a honra exige e a liberta antes que ela possa lhe dizer a verdade, de que ela não é freira. Em sua busca de se reunir com Nicolo, ela encontra Umberto, um homem sombrio e perigoso que tem obsessão por possuí-la. Com seu intelecto afiado e seu coração, Sara deve confiar em sua própria coragem e força para escapar de seu agressor e encontrar o único homem que ela amará. Uma história que brilha com intensidade, intriga e paixão. Da autora do romance Órfã da Oliveira, grande sucesso internacional e nosso futuro lançamento Adquira Aqui



Katharine Ashe


9786580754014 Adquira aqui A tentação de seus lábios... Libby Shaw se recusa a aceitar os ditames da sociedade. Ela está determinada a se tornar um membro do Royal College de Cirurgiões – uma Academia exclusivamente masculina de Edimburgo. Disfarçando-se de homem, ela frequenta a sala de cirurgia e engana a todos - exceto o homem que nunca esqueceu a forma de seus lábios deliciosamente sensuais. ...fará um príncipe dizer sim a todos os seus desejos. Forçado a deixar sua casa quando menino, o famoso retratista Ziyaeddin é secretamente o príncipe exilado de um reino distante. Desde que conheceu Libby, memorizou todos os detalhes de seu rosto e desenhou-a. Mas seus lábios perfeitos deram trabalho a ele - aqueles mesmos lábios que agora deseja beijar. Quando Libby pede sua ajuda para esconder sua identidade feminina do mundo, Ziyaeddin concorda com uma condição: Deveria posar para que ele a pintasse - como uma mulher. Mas esse esquema ousado poderia fazer com que ambos fossem arremessados ao perigo... e a um amor inigualável. Adquira aqui



Kathleen McGurl


9876580754007 Adquira aqui 1829 O belo e bem-sucedido Henry Cavell, acaba de retornar à Inglaterra depois de servir ao exército na Índia, se instala na cidade de Worthing, em frente ao mar. Ele está de posse de um grande diamante, dado a ele na Índia, que promete dar à mulher que ama quando encontrá-la. Jemima Brown, uma jovem de dezesseis anos e de bom coração, passa a trabalhar para ele como criada de serviços gerais. Quando o Sr. Cavell a defende das atenções indesejadas de alguns trabalhadores que prestavam serviços em sua casa, percebe imediatamente o quanto ele é íntegro e respeitável. Mas foi Caroline Simpson, filha de um desses trabalhadores de Henry, quem chamou a atenção dele. Podia ser socialmente inferior, mas era bonita, sabia flertar e como usar seus encantos. Ela manipula Henry para que se case com ela, e apenas a fiel Jemima sabe que ele fora enganado. Como Jemima poderia lutar contra seus sentimentos crescentes pelo Sr. Cavell, manter sua moral e permanecer no emprego, apesar do comportamento cada vez mais errático de sua patroa? Adquira aqui


TĂ­tulo Infantil



Berni Pajdak e Silver Rios


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Toni, o protagonista de O Grande Circo Iris é um garoto tímido, apaixonado e muito talentoso. Sua irmã Sara o apoia dia após dia e o encoraja em um momento oportuno, para que Toni realize um de seus grandes sonhos e possa se tornar o protagonista de uma performance de circo. O Grande Circo Iris é uma história infantil que exala humor, sensibilidade e respeito que aborda sutilmente o problema da deficiência infantil. É um livro dedicado a crianças com diversidade funcional, a seus irmãos, que os apoiam dia após dia e a seus pais, que às vezes não têm em casa as ferramentas necessárias para trabalhar com seus filhos, emocional e fisicamente frágeis. Adquira aqui


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Gilberto Nascimento


B085B9F38W Adquira Aqui Em 23 de maio de 1848, uma carta anônima é enviada ao Delegado com a informação de uma mulher mantida presa por 15 anos por sua mãe, em um sótão sórdido, entre o lixo e vermes. Mariana tinha sua vida planejada, se casar, escrever um livro e ter uma família. Até que um homem inesperado muda o rumo de todo seu destino. Miguel, um jovem de classe média se apaixona perdidamente por Mariana, mas a mãe da jovem, que é conhecida em toda cidade, proíbe esse romance, que ao ver a desobediência de sua filha descarrega sua ira sobre ela, lhe causando muitas dores, lágrimas, perdas e medos constantes. Após uma breve fuga, Mariana é forçada renunciar ao seu amor. Sem medir esforços, Constância chegará ao extremo para manter seu nome e seus méritos na sociedade. Até mesmo retirar seu neto das entranhas da filha. A jovem antes cheia de vida e sonhos só podia desejar a morte, sem conseguir sobreviver ao caos que seus dias se transformaram após ser trancafiada no sótão pela própria mãe, desejava paz para seus dias solitários e sem esperança... Durante 15 anos. Adquira Aqui


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