Six of crows

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a seguinte. Mas ali algo chamou sua atenção, uma moeda largada perto do ralo – não, não uma moeda, um botão. Um pequeno botão de prata com o emblema de uma asa, o símbolo de um Aeros Grisha. Ela sentiu um arrepio percorrer seus braços. Essas celas tinham sido construídas por Grishas escravos para conter Grishas prisioneiros? O vidro, as paredes, o chão tinham sido feitos para impedir a manipulação pelos Fabricadores? As salas não tinham metal. Não havia encanamento, nem tubos para levar água que um Hidro pudesse aproveitar. E Nina suspeitava que o vidro pelo qual olhava era espelhado do lado de dentro, de modo que um Sangrador na cela não fosse capaz de localizar um alvo. Aquelas eram celas projetadas para conter um Grisha. Projetadas para contê-la. Ela deu meia-volta. Bo Yul-Bayur não estava lá e ela queria sair daquele lugar imediatamente. Pegou o tecido da fechadura e disparou pela porta, sem parar para verificar se a havia fechado. O corredor de celas de ferro pareceu ainda mais escuro depois daquela claridade, e ela tropeçou enquanto corria pelo caminho de onde tinha vindo. Nina sabia que estava sendo imprudente, mas não conseguia tirar a imagem daquelas celas da cabeça. O ralo. As manchas em volta dele. Será que os Grishas eram torturados ali? Obrigados a confessar seus crimes contra a humanidade? Ela havia estudado os fjerdanos – seus líderes, seu idioma. Tinha até sonhado em entrar na Corte do Gelo como uma espiã, exatamente assim, em atingir o coração daquela nação que tanto a odiava. Mas agora que estava lá, ela só queria ir embora. Ela havia se acostumado a Ketterdam, com as aventuras vindas do seu envolvimento com os Dregs, com a vida simples na Rosa Branca. Mas mesmo lá, ela havia se sentido segura algum dia? Em uma cidade onde não podia andar pelas ruas sem medo? Quero voltar para casa. A vontade veio com tudo, uma dor física. Quero voltar para Ravka. O Elderclock começou uma badalada suave marcando quarenta e cinco minutos. Ela estava atrasada. Ainda assim, forçou-se a andar mais devagar antes de abrir a porta que dava para a escada. Não havia ninguém ali, nem mesmo Kaz. Ela enfiou a cabeça na passagem oposta para ver se ele estava vindo. Nada – portas de ferro, sombras profundas, nenhum sinal de Kaz. Nina esperou, incerta do que fazer. Eles deviam se encontrar na plataforma faltando quinze minutos para a próxima hora. E se ele estivesse metido em algum tipo de problema? Ela hesitou, então seguiu pelo corredor que havia ficado sob responsabilidade de Kaz. Ela correu pelas celas, os corredores serpenteando de um lado para o outro, mas não encontrou Kaz em lugar algum. Chega, pensou Nina quando atingiu o fim do segundo corredor. Ou Kaz a havia abandonado e já estava lá embaixo com os outros, ou tinha sido capturado e arrastado para algum lugar. De qualquer modo, ela precisava chegar ao incinerador. Assim que encontrasse o restante do grupo, eles pensariam no que fazer. Ela acelerou pelo corredor e abriu a porta para a plataforma. Dois guardas estavam de pé, conversando no topo da escada. Por um momento, eles a encararam boquiabertos. “Sten!”, um deles gritou em fjerdano, ordenando que ela parasse enquanto se atrapalhavam com suas armas. Nina ergueu as duas mãos, fechando-as em punhos, e viu os guardas tombarem para trás. Um caiu duro na plataforma, mas o outro desceu rolando pela escada, seu rifle atirando, balas pipocando contra as paredes de pedra, o som ecoando pelo vão da escada. Kaz iria matá-la. Ela seria a responsável pela morte dele. Nina passou voando pelos corpos dos guardas, desceu um lance, dois lances. No terceiro piso


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