Revista MÊS 13

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Roberto Dziura Jr.

5 perguntas para: Amaury Ribeiro Jr.

O Brasil da lavanderia O jornalista Amaury Ribeiro Jr. está do outro lado do balcão (como diriam os colegas jornalistas). O paranaense está na mídia depois do sucesso e da repercussão de seu livro “A Privataria Tucana” que, segundo ele, trata-se “do maior assalto ao patrimônio público brasileiro”. Ele tem percorrido o Brasil para falar sobre os bastidores da lavagem de dinheiro público por parte de políticos e empresários que revelou na obra. Em uma rápida passagem à Curitiba, o autor concedeu entrevista exclusiva para a Revista MÊS. Mariane Maio - mariane@revistames.com.br Colaborou Iris Alessi - iris@revistames.com.br

Qual o envolvimento do ex-governador José Serra no esquema dessas privatizações do Governo FHC? Amaury Ribeiro Jr. (AR) - Não aparece ele diretamente, mas a prima, o genro, o sócio, a filha, sempre tem uma pessoa. A rede das pessoas descritas, todas têm um elo com o José Serra. No caso o principal, o articulador, era o Ricardo Sérgio de Oliveira, mas tinha também o João Bosco Madeira da Costa, que era o braço dele na Previ, havia o pessoal do BNDES, o pessoal do Ministério das Telecomunicações que aparece muito com o Mendonça de Barros. Existe alguma ramificação desse esquema aqui no Paraná? AR - A lavanderia que movimentou isso tudo veio do Banestado. E com certeza, se abrir, vai chegar à questão da privatização daqui do Paraná. Eu ainda não investiguei isso. O que eu posso dizer é que o tentáculo que tem no Paraná são com os doleiros que 22 | REVISTA MÊS | FEVEREIRO DE 2012

lavaram o dinheiro. Os nomes dos lavadores de dinheiro aqui são conhecidos, tem o Alberto Youssef, aqueles doleiros todos. O que mais te surpreendeu nessa pesquisa? AR - O que está me surpreendendo é após a publicação do livro. Estou começando a entender o sofrimento que causou nas pessoas. Talvez ajude a explicar porque esse livro vende. Tem funcionário público que perdeu o emprego e ficou louco. Tem gente que é revoltado. Causou muita dor. E o cinismo da outra parte. Como eles são cínicos, como eles são hipócritas ao se defender. Como eles são covardes, né? Esse pessoal do PSDB é covarde acima de tudo. Acredita que todo o seu trabalho de apuração nos últimos 10 anos mais essas acusações em forma de livro servirão para ajudar a punir essas pessoas? AR - Acredito que vai ter repercussão ainda. A Polícia Federal vai ser obri-

gada a abrir um novo procedimento. Tenho certeza de que isso vai acontecer. O que aconteceu no passado é que o Ministério Público entrou com quatro ações de improbidade administrativa e criminais contra essas pessoas e muitas delas foram prescritas sem serem analisadas pela Justiça. Essa é a realidade do País. A realidade que impulsiona a impunidade do País todo. E quais os projetos para o futuro? AR - Há um projeto de lançar, se houver documentos necessários para isso, um segundo livro sobre esse tema da Privataria e lançar outro livro sobre outro assunto que estou apurando ainda. Como está em fase de apuração, não posso anunciar porque é perigoso. E vai ser um livro que vai chocar também. É outro aspecto de corrupção de violação de direitos humanos que eu gostaria de concluir esse ano. Têm outros projetos de livros, outros projetos maiores. Eu acho que o caminho é esse, do jornalismo editorial.


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