Valores Próprios 2017-020

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PT competição. “Não são exercícios de todo fáceis, e estão relacionados com as várias categorias de segurança, desde criptografia até cibersegurança forense”, explica Filipe Casal, aluno de Doutoramento em Segurança da Informação, e capitão de equipa. “O Filipe já resolveu um exercício em 30 segundos e já houve casos em que estivemos os dois 48 horas a olhar para um e não deu em nada”, afirma o professor Pedro Adão. Não é necessário nenhum requisito para fazer parte da equipa. “Não temos filtro. É só querer aprender e vir”, frisa o coordenador dos STT. Há muita gente que aparece, mas nem todos ficam: afinal “isto dá trabalho, é resolução de problemas. Estamos muitas horas a tentar resolver problemas, onde nada acontece”, conta o professor Pedro Adão. É este o skill obrigatório para alinhar no desafio: ser obstinado. Como estímulo constante, recebe-se “uma espécie de shot de adrenalina” a acompanhar a resolução de cada problema. Quando Filipe entrou na equipa, sabia muito de criptografia, uma das categorias mais importantes da competição, área que aprofundou na matemática, a sua formação de origem. “Era o nosso craque”, solta Diogo Silva. Teve de aprender mais do que os outros sobre informática, área da qual todos os restantes quatro elementos provêm. Aprendeu tanto que agora quer resolver todos os outros problemas — dizem que é a curiosidade natural de quem está na área. Foi aliás essa curiosidade que os trouxe todos a esta equipa — isso e o facto de a segurança da informação ser um tema muito quente. Se o termo hacker associado àquilo que fazem não os assusta, o mesmo não pode dizer-se da conotação que as pessoas colocam no conhecimento que detêm. “Só porque eu tenho conhecimento não quer dizer que vá fazer algo mau com ele”, frisa Diogo. “O que nos desperta o interesse é resolver os problemas em busca de uma solução, e a dificuldade está em resolver esse problema; estragar as coisas é fácil”, acrescenta. O professor Pedro Adão não podia estar mais de acordo: “a sociedade não entende, ou custa-lhe perceber que uma pessoa queira aprender a fazer estas coisas, que podem ser muito mal usadas, mas com o propósito de aprender a fazer bem, a corrigir problemas”. “Nós não estamos a invadir nada, nós participamos em competições com sistemas propositadamente criados para serem invadidos, com falhas propositadas. Temos todas as autorizações para o fazer”, colmata o coordenador da equipa. Estão numa “área onde nunca se sabe o suficiente, sabe-se alguma coisa” como ressalva João Godinho. Existe sempre alguém que descobriu algo, uma espécie de “uma agulha no palheiro”, como lhe chamam, e que fará toda a diferença. Não acham que sabem “coisas do outro mundo”, afinal, este tipo de conhecimento

está ao acesso de qualquer pessoa numa pesquisa pelo Google. Mas o que é que não dá para fazer nesta área?, perguntamos-lhes. “Acho que nada, só se tiver mesmo uma tranca física, tirando isso nada é impossível”. E se for demasiado complicado? “Voltamos a tentar”, soltam quase em uníssono. E é esta tenacidade que faz a equipa estar entre as 50 melhores a nível mundial, e as 20 melhores a nível académico. Recentemente, participaram na final da competição Volga CTF2017. Antes da partida para a Rússia, além do frio, esperavam encontrar equipas muito boas, com claras hipóteses de alcançar o pódio; agora, à chegada, o balanço é bastante positivo. “Aprendemos bastante, tanto na competição como na conferência que lhe antecedeu”, conta o coordenador dos STT. Entre voos e escalas, arranjaram tempo para ganhar uma passagem direta para a final do CSAW’2017, no mês de novembro. É caso para dizer que isto da segurança informática lhes invadiu completamente o sistema. •

“Não são exercícios de todo fáceis, e estão relacionados com as várias categorias da segurança, desde criptografia até cibersegurança forense” ~ “These are not easy exercises at all, and they cover the different security categories, from encryption to forensic cybersecurity”


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