TAURINO ARAÚJO PELÉ, SUA MAJESTADE E A CIVILIZAÇÃO BRASILEIRA JORNAL A TARDE 5 1 2023

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SALVADOR QUINTA-FEIRA 5/1/2023

OPINIÃO

Os conteúdos assinados e publicados nas páginas A2 e A3 não expressam necessariamente a opinião de A TARDE. Participe desta página: e-mail: opiniao@grupoatarde.com.br Cartas: Redação de A TARDE/Opinião - R. Professor Milton Cayres de Brito, 204, Caminho das Árvores, Salvador-BA, CEP 41822-900

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Tempo Presente Entidades debatem escolha para Iphan Entidades ligadas à Rede Integrada de Bens Imateriais Registrados (Ibir) uniram forças para ajudar a ministra da Cultura, Margareth Menezes, na composição da nova equipe de trabalho do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan). Entre as mais empenhadas em contribuir com a escolha das novas lideranças está a Associação Nacional das Baianas de Acarajé e Mingau, Receptivos e Similares, sediada em Salvador. Depois de comemorar a revalidação, em alcance nacional, do reconhecimento da atividade de fritura e comercialização do acarajé como patrimônio do País, as baianas se animaram a participar com sugestões para a composição da equipe do Iphan. – É momento de sonhar e de reconstruir o Brasil e, mais do que nunca, devemos somar forças em um projeto popular, democrático e participativo – assina embaixo a presidenta da associação, Rita Dantas, ao ampliar o volumedeentidades signatárias dedocumento enviado à ministra cantora de axé. Para Dantas e demais representantes de entidades relacionadas aos bens imateriais do Brasil, as instituições públicas precisam ser reconstruídas e fortalecidas, tomando como bem mais valioso a democracia. O objetivo de restabelecer o Ministério da Cultura é considerado, assim, um passo importante nesse processo, seguido por um reordenamento político das instituições vinculadas, em especial o Iphan, “desmontado por interesses nada republicanos”, conforme o texto da carta de abaixo-assinado. O nome preferido pelos representantes da Rede Integrada para presidir o instituto é o do arquiteto e urbanista Nivaldo Andrade, por acumular ações relacionadas ao tema, tendo sido o primeiro coordenador do Fórum de Entidades em Defesa do Patrimônio Cultural Brasileiro.

“Vamos atuar internamente para que o Brasil volte, em vez de pária ambiental, ser o país que vai nos ajudar a finalizar o acordo com o Mercosul, (...) que a gente deixe de ser o pior cartão de visitas para nossos interesses”” MARINA SILVA, ministra do Meio Ambiente, em discurso ao assumir seu posto à frente da pasta

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“Fevereiros da Purificação”

POUCAS & BOAS

Quem aprecia a estética relacionada à “arte devocional” tem uma boa chance de contemplação na mostra a ser aberta ao público amanhã às 15 horas, no Museu do Recolhimento dos Humildes. Situado na Praça Frei Bento, no centro de Santo Amaro, o museu é o endereço certo para os adeptos desta experiência de beleza divina, até o dia primeiro de fevereiro. A exposição "Fevereiros da Purificação: memórias de um povo" apresenta aspectos da história da paróquia, por meio da exibição de registros fotográficos referentes ao misticismo teológico de origem europeia. Trata-se da celebração dos 415 anos da chamada “Ereção Canônica”, como se denomina no jargão da Igreja, o ato através do qual uma autoridade eclesiástica reconhece e aprova os estatutos de uma paróquia.

Usuários de águas dos rios e reservatórios da União têm até o final deste mêsparafazeraDeclaraçãoAnualdeUso de Recursos Hídricos (Daurh), para a Agência Nacional de Águas e Saneamento Básico (ANA). Na Bahia devem ficar atentos usuários dos rios e barragens situadas ao longo da bacia hidrográfica do rio São Francisco, de Contas, Pardo, Itapicuru, Mucuri, Ipojuca, Vaza Barris, dentre outros. A cobrança de cada bacia hidrográfica obedece parâmetros próprios que podem ser consultados no portal da ANA. As informações coletadas pela Declaração Anual são importantes para que a real demanda de usos de água seja conhecida oficialmente e deste modo as autoridades competentes possam aperfeiçoar a gestão de recursos hídricos nas bacias.

Uendel Galter / Ag. A TARDE

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Recomeçam hoje as atividades do projeto ‘oficinas na Ocupação’ que foi aberto no último mês de dezembro no Museu de Arte Contemporânea Raimundo de Oliveira (Mac), em Feira de Santana. As atividades são gratuitas e contam hoje e amanhã com a professora Ananda Nunes com o tema ‘Autorretrato como ferramenta de autoconhecimento e expressão artística’, entre às 9h e 12h. A programação prossegue até o dia 13 de janeiro.

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FÉ E FESTEJO | As festas de largo, como a de Reis, com o ponto alto amanhã na

Lapinha, adquiriram cores ecumênicas no Brasil. O espaço de convivência em contato com a fé não é exclusividade nossa, mas é uma das nossas marcas mais fortes.

Em Juazeiro acontece hoje a última apresentação da segunda edição do projeto ‘Natal Iluminado – Um Novo Tempo de Esperança’, a partir das 19h na Orla II. Passarão pelo palco apresentações artísticas da Cantata Natalina, com os alunos da Rede Municipal de Ensino, da Orquestra Sinfônica da Fundação Promenor e também das Fanfarras BANDEJ, FAMIRY, BAMUSTER e BAMAD. DA REDAÇÃO, COM MIRIAM HERMES

Pelé, Sua Majestade e a Civilização Brasileira Taurino Araújo Advogado, escritor, professor Doutor em Ciências Jurídicas e Sociais, lifementoring consultant academico@taurinoaraujo.com

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rama escrito e dirigido por Michael e Jeff Zimbalist. Pelé: o nascimento de uma lenda (2016). Ressignificar das origens e rumos da Civilização Brasileira, desde os fundos antropológicos, gerenciais, imagéticos, filosóficos, abrangentes de todos e diversos, que o futebol evoca, justamente antes da posse presidencial. 1º do Ano, Confraternização Internacional. Hora de relembrar a infância de Sua Majestade em Três Corações e, depois, em Bauru, onde demonstra imensa habilidade ao jogar nos campos de várzea perto de sua casa e, incentivado pelo pai (Seu

Dondinho), aceita o desafio de jogar na equipe do Santos. Como pretexto do filme, outra época decisiva para a nossa nação, depois da vergonha da Copa 50, no Uruguai: “Se você quer jogar profissionalmente não pode ter vergonha de si; você deve praticar. Todo o resto virá depois”, dizia o pai e mentor, debaixo de uma mangueira e tendo as próprias mangas como bolas de treinar e de fazer gols. Momento de reviver o triunfo da ginga, da

Esse é um pálido adeus à personalidade brasileira mais conhecida de todos os tempos

autenticidade e da alegria de viver do brasileiro, cujo ponto de partida teria sido o país mais azarão de todos, antes da verdadeira volta por cima de Pelé, depois de vencer as próprias dificuldades decorrentes da distância da família e de sua juventude perante os demais jogadores, ele finalmente supera os problemas exibindo talento e, além de convocado para a Copa do Mundo da Suécia, em 1958, aos 17 anos, entra em campo para a disputa final que o consagra. É certo que as biografias valem até mesmo pela mera iconização e modelagem do triunfo individual. Porém, Capararo, Freitas Junior, Lise e Lise (2017) afirmam que a extensão da biografia de Pelé não está relacionada apenas ao uso linguagem fílmica, mas à holística acerca de um jogador negro, no auge de sua carreira, que possivelmente dialogava com os ideais identitários coletivos edificados pelos intelectuais de então.

Logo, Gilberto Freyre – Adriana Facina (2004) – teria elaborado uma tese a respeito de uma brasilidade, cujo traço essencial é a malemolência e criatividade presentes no futebol. Trata-se do triunfo da ideia mestiçagem que influenciou José Lins do Rego, Mario Filho e Nelson Rodrigues na análise do imaginário nacional. Quando estive no Japão em 2005, Pelé era a palavra que mais ouvia, em qualquer canto que fosse, quando se referiam ao fato de eu ser brasileiro e a esse meu fazer plural e cheio de esperança, pensamento, sentimento e ação, ao reforçar a figura do receptor também protagonista, fundamento teórico de um todo à época construção: a Hermenêutica da Desigualdade. Esse é um pálido adeus à personalidade brasileira mais conhecida de todos os tempos, que já rivalizou até com a Coca-Cola. Pelé, Sua Majestade e a Civilização Brasileira.

sair, mas com IR progressivo. O bilionário precisa pagar imposto de renda e deixar de lado a hipocrisia. Essa é a diferença com 2016.

que são os responsáveis por esse tipo de decisão, pois recebem muito bem pra isso. Por ser bom de bola e não de discurso, o apelo do Rei nunca foi levado a sério, mas sim até ridicularizado por muitos preconceituosos, e políticos que de uma certa forma ficaram enciumados por aquele lampejo do super atleta. Isso tudo acabou fazendo com que continuássemos indiferentes e buscando atacar os efeitos e não as causas, gastando para blindar nossos carros, investindo na sofisticação tecnológica de sistemas de segurança para as nossas casas. Fez também com que continuássemos a dar esmolas não por generosidade, mas para "lavar" as nossas consciências. MAX MATOS, MAX.CORALGIRASSOL

ESPAÇO DO LEITOR

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Turismo

A Coluna do Levi Vasconcelos tem sempre prioridade na minha leitura deste centenário diário. Terça-feira a coluna foi muito especial noquesitoTurismo.Vejam.OPortalBrasileiro de Turismo informa que antes da pandemia o Brasil recebia cerca de 6 milhões de visitantes. O que, convenhamos, é um número bastante modesto. Em 2022, conforme declaração da Embratur, a expectativa é que “o número de turistas ao Brasil se aproxime dos 4,2 milhões”(...). Mais modesto ainda. Mas o secretário de Turismo da Bahia prevê que “6,2 milhões de pessoas passarão pela Bahia”. Quanto aos navios de cruzeiro, teremos 400 mil cruzeiristas. Se cada navio tem uma média de 5 mil passageiros, daria um total de 80 navios entre 1 de dezembro e 7 de abril (SemanaSanta).Ouseja:umamédiade20navios por mês durante quatro meses. Acontece que moro com vista privilegiada sobre o porto e vejo diariamente o movimento dos cargueiros, rebocadores, escunas, barcos de pesca, canoas e navios de cruzeiros. Se considero altamente respeitável o otimismo das previsões oficiais, acho, no entanto, saudável relativizar o entusiasmo. DIMITRI GANZELEVITCH, DIMITRI.SANTOANTONIO@GMAIL.COM

A ganância do mercado

Em 2016 o mercado financeiro e seu mo-

nopólio midiático interromperam o projeto de crescimento econômico e redistribuição de renda do PT que vinha dando certo. Agora, o mercado faz inúmeras cobranças e exigências esquecendo que a destruição e crise da economia herdada por Lula é de sua total responsabilidade, pois apoiou a eleição e a reeleição de Bolsonaro. Moral da história: quem deu a vitória a Lula foi o pobre. Empresários votaram em Bolsonaro. Lula tem o Poder Executivo, mercado o Congresso. O projeto neoliberal (mercado) está em crise no mundo e não é sustentável. Por que radicalizar? Lula já provou que seu projeto atende a capital e trabalho. A reforma tributária pode

Em 2016 o mercado financeiro e seu monopólio midiático interromperam o projeto de crescimento e redistribuição de renda do PT que vinha dando certo

ANTONIO NEGRÃO DE SÁ, NEGRAOSA1@ UOL.COM.BR

Pelé e suas palavras perdidas

Quando Pelé fez o seu do milésimo gol em 1969, no momento crucial daquela euforia coletiva, ele teve a humildade de alertar a todos nós, que estávamos embevecidos por aquele grande feito, de que o mesmo era insignificante diante do que poderíamos enfrentar no futuro, e que os "holofotes" deveriam ser voltados para o cuidado com as criancinhas do Brasil! lembram-se? ...Ele clamou para que tivéssemos apenas um pouco mais de atenção com as nossas crianças. Mas nós não ouvimos. Nas entrelinhas seriam: Que verbas oficiais fossem aplicadas em projetos que alcançassem as favelas e periferias do Brasil. Que as ONG's se proliferassem, que políticas públicas, realmente acontecessem, para que num futuro próximo, não transformássemos em monstros perigosos e poderosos, aquelas crianças de então, a exemplo de; Fernandinho Beira Mar, na época com apenas três anos de idade, e Marcola, que ainda não havia nascido. Seria Pelé um profeta?... É claro que não: Ele teve apenas a sensibilidadequefaltouemnósenoshomens

@GMAIL.COM

Etarismo

A única justificativa para o recente afastamento dos competentes jornalistas Jânio de Freitas, da Folha de São Paulo, e Ernesto Paglia, da Rede Globo, é o etarismo. Quem passou pelo mesmo problema sabe bem o drama e o ressentimento de quem se dedica a uma empresa, e de repente é descartado, como um absorvente. Que sirva de alerta para todos que enfrentamomercadodetrabalho,quecasade patrão, não é morada de empregado. BENEDITO FERNANDES DE OLIVEIRA, FERNANDESDEOLIVEIRAB49@GMAIL.COM


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