casa quilombola
A relação com o espaço exterior é um dos grandes conceitos presentes nas comunidades tradicionais negras. Os assentamentos possuem suas edificações distribuídas em círculos concêntricos: ao centro, as casas dos chefes das famílias, e, em volta, as casas dos filhos, de serviços e plantações. O último nível espacial é ocupado pelos espaços de uso comum, destinados para as manifestações culturais como festas, rituais e casamentos.
Atualmente, os quilombos em Goiás recebem visitantes interessados em turismo ecológico, o que tem modificado a paisagem territorial. Com isso, torna-se possível a implantação de projeto com tipologia habitacional de estrutura convencional de concreto armado com elementos que remetem às construções tradicionais. Apropriando-se do conceito de distribuição não linear e centralidade dos espaços de uso comum, foi elaborada a
1. cômodo central comum (sala) com acesso aos demais
2. integração da sala e cozinha acesso externo ao banheiro e cozinha
proposta de projeto de habitação quilombola. A sala foi o ponto de partida do projeto, e a partir dela, se conectam os demais cômodos. Optou-se por integrar a cozinha à sala para estimular o uso comum dos dois ambientes. Além disso, da cozinha se dá o acesso externo à área de serviço coberta e ao banheiro. Na parte frontal da residência, a cozinha conecta-se à varanda com fogão à lenha, o que possibilita a reunião de mais pessoas em volta da mesa de jantar.
3. destaque da volumetria social e recuo da cozinha para criação da varanda
4. consolidação da volumetria com telhado de duas águas; possibilidade de expansão
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O habitar quilombola está enraizado no conceito de sobrevivência em que as comunidades foram criadas. Historicamente, esses assentamentos possuem casas espalhadas ao longo de uma grande área, em distribuição não-linear, afastadas de acessos como rios e estradas, para garantir a invisibilização e proteção. As casas, em sua maioria, são construídas pelos próprios moradores com técnicas tradicionais e materiais locais.