Revista Linha

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PARA CONHECER

MARCAS DE ROUPAS E ACESSÓRIOS SUSTENTÁVEIS QUE VÊM GANHANDO ESPAÇO NO MERCADO

STELLA MCCARTNEY A ESTILISTA QUE DEDICOU TODA A SUA CARREIRA AO ECOLOGICAMENTE CORRETO

RE-ROUPA

A MARCA QUE CRIA PEÇAS NOVAS A PARTIR DE ROUPAS E MATERIAIS DESCARTADOS



A indústria da moda é a segunda mais poluente do planeta. Além do impacto ambiental causado pela fabricação das roupas, a forma com que tratamos as peças que compramos também deixa suas marcas. Despejamos nos aterros sanitários milhares de toneladas de resíduos anualmente com o descarte incorreto e impensado de peças que, muitas vezes, ainda estão em condições de continuarem sendo usadas. Compramos mais do que precisamos, jogamos fora quando não queremos mais e apoiamos (às vezes, sem estarmos cientes) marcas e redes de varejo que exploram sua mão-de-obra e proporcionam situações análogas à escravidão a seus trabalhadores e – na maioria dos casos – trabalhadoras. Nosso consumo exagerado, estimulado pelas tendências passageiras e redes de fast fashion, está trazendo consequências irreparáveis para nosso planeta e precisamos agir contra isso! Não somos apenas uma revista de moda! Somos uma celebração das inciativas que se propõe a resistir e lutar contra os excessos da indústria tradicional de moda. A Linha se propõe a ser um espaço de disseminação de informação sobre o movimento de moda sustentável e o que têm sido produzido de inovador e relevante nesse setor. Aqui, mostramos que a moda sustentável é tão estilosa e desejável quanto a moda tradicional, e reconhecemos e valorizamos as marcas, designers e todas as pessoas que trabalham por nós, por nosso estilo e pelo futuro do nosso planeta!

É PRECISO REPENSAR NOSSO CONSUMO! PRATICAR A SUSTENTABILIDADE NA MODA É MAIS DO QUE UMA TENDÊNCIA, É UMA NECESSIDADE!


ÍNDICE SLOW FASHION

O movimento que busca transformar a forma na qual consumimos moda

MARCAS SUSTENTÁVEIS

Uma seleção de 6 marcas para você conhecer

ATIVISMO

Moda feita no Brasil também é ativismo

LOJAS COLABORATIVAS

Endereços pelo Brasil para comprar de quem faz e apoiar seu mercado local

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BRASIL ECO FASHION WEEK

Os destaques dos três dias de desfiles da segunda edição do evento

RE-ROUPA

A marca que faz moda a partir de resíduos e peças descartadas

THAIS LAGO

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A atriz relembra seus tempos de modelo em um editorial com marcas sustentáveis


NÃO LAVE O SEU JEANS

O CEO da Levi's explica porque você deveria parar de lavar o seu jeans

CONHEÇA SEUS TECIDOS

Um guia rápido de como cuidar de cada material em seu guarda-roupa

STELLA MCCARTNEY

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Conheça o legado eco friendly da renomada estilista inglesa

BRECHÓS VS. FAST FASHION

Pesquisa indica que até 2020 as vendas de brechós irão superar a fast fashion

SUL(N)INAS

Editorial produzido pelo brechó gaúcho Nina Garimpa

BELEZA NOS DETALHES

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Acessórios feitos a partir do reaproveitamento de materiais 94


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SLOW FASHION

A moda causa diversos impactos negativos em termos sociais e ambientais. Conheรงa uma alternativa sustentรกvel: o movimento slow fashion.

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m nosso país, produzimos todos os anos mais de 175 mil toneladas de resíduos têxteis, e apenas 4% dessa quantidade é reciclada. Para mudar essa realidade, vem ganhando força na sociedade e na indústria da moda um novo conceito, que busca conciliar moda e sustentabilidade, com o objetivo de frear o consumismo, desperdício e poluição mundial: o Slow Fashion. O termo foi criado em 2008 por Kate Fletcher, consultora e professora de design sustentável do britânico Centre for Sustainable Fashion. Inspirada pelo movimento do Slow Food, Fletcher criou uma versão do movimento que pudesse ser implantada no design e consumo de roupas. Assim como em relação à nossa alimentação, o movimento Slow Fashion incentiva que tenhamos mais consciência dos produtos que consumimos, retomando a conexão com a maneira com a qual eles são produzidos e valorizando a diversidade e a riqueza de nossas tradições. abemos que a indústria mainstream da moda depende dessa produção em massa, onde oferecem preços muito baixos e inúmeros lançamentos e coleções. Tudo em um tempo curtíssimo – do processo de design (e das réplicas das tendências apresentadas nas passarelas) para as lojas. E o objetivo é para facilmente nos seduzir a comprar bem mais do que precisamos. Só que esse consumo excessivo traz um preço alto para o meio ambiente e para os trabalhadores da cadeia de produçã, que muitas vezes são explorados por mão-de-obra barata. A moda slow representa todas as coisas “eco”, “éticas” e “verdes” em um movimento unificado, tudo que demonstre preocupação com o impacto ambiental e social que o nosso consumo do mercado fashion pode causar. Carl Honoré, autor do livro “In Praise of Slowness” (“Devagar”, na sua versão em português), diz que a “abordagem lenta” intervém como um processo revolucionário no mundo contemporâneo, pois incentiva a tomada de tempo para garantir uma produção de qualidade, para dar valor ao produto e contemplar a conexão com o meio ambiente.

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MENOS É MAIS O minimalismo é uma das ideias defendidas pelo Slow Fashion. É melhor ter poucas roupas de qualidade que realmente façam o seu estilo, do que ter um guarda roupa cheio de peças tendências que cairão no esquecimento após serem usadas algumas vezes.

OLHAR ABRANGENTE E HOLÍSTICO

O movimento da moda slow incentiva que possamos reconhecer, de vez, que os impactos de nossas escolhas de consumo afetam o meio ambiente e também as pessoas envolvidas no processo de produção daquilo que compramos. Assim como as decisões dos criadores, designers, fabricantes e varejistas também geram impactos e, por isso, é preciso que tenhamos um olhar mais abrangente sobre as escolhas que fazemos.


MENOS CONSUMO

A moda slow questiona a ênfase do fast fashion, na imagem e no novo, no lugar da manutenção das roupas que já temos. Sugere então uma ruptura com esses valores e objetivos que são baseados apenas no crescimento. Incentiva um modo de pensar, agir e consumir com os clássicos “qualidade sobre quantidade” e “menos é mais” – além de resgatar o valor das roupas removendo a imagem da moda como algo descartável e o consumo como uma fonte (infinita e impossível) de superação de frustrações.

DIVERSIDADE

Produtores da moda slow se esforçam para manter a diversidade ecológica, social e cultural. Modelos de negócios diversificados e inovadores são incentivados: dos designers independentes às lojas de segunda mão, bazares, etc. Todos reconhecidos no movimento do slow fashion. Manter vivos os métodos tradicionais de fabricação, como o feito à mão e as técnicas de tingimento naturais, além da história por trás de cada peça de roupa, também fornecem a vitalidade e o significado para o que vestimos. 2019

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O “lento” do slow não é pensado como velocidade. Mas sim numa visão de mundo diferente, que promove o prazer da variedade e da importância cultural. Porque se tem algo que a globalização da moda causou é que tudo ficou muito parecido e homogêneo, não é? Todo mundo se vestindo praticamente igual. O conceito desafia então essa obsessão da moda rápida com a produção em massa e o estilo globalizado e promove a diversidade e a democratização da moda.

FASHION REVOLUTION

O Fashion Revolution é um movimento atuante em mais de 100 países e que tem como objetivo conscientizar sobre os impactos socioambientais da moda e incentivar e fomentar a sustentabilidade na indústria. O movimento é feito com o apoio de designers e criadores renomados, marcas grandes e pequenas e consumidores.

@fash_rev_brasil fashionrevolution.org

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DESENVOLVIMENTO LOCAL

As marcas adeptas do slow fashion utilizam materiais e recursos locais, sempre que possível, e tentam apoiar o desenvolvimento das empresas e talentos locais.

CONSTRUÇÃO DE RELACIONAMENTOS

Construir relacionamentos entre produtores e co-produtores é uma parte fundamental do movimento. Relações de confiança entre criadores e consumidores de moda só são possíveis em escalas menores.

MANTER QUALIDADE E BELEZA

Priorizar um design clássico sobre as tendências passageiras contribui para um tempo de uso maior das nossas roupas! Muitos designers garantem a durabilidade usando tecidos de alta qualidade, oferecendo cortes tradicionais e criando peças belas e atemporais.

RENTABILIDADE

O preço das roupas reflete seu custo real. Os preços, muitas vezes, são maiores porque eles incorporam recursos sustentáveis e salários justos. Mas é só pensar no número de vezes que iremos usar as roupas e nos seus incomparáveis caimento e qualidade que vemos que o investimento vale muito a pena!

PRATICAR A CONSCIÊNCIA

Isso significa tomar decisões baseadas em paixões pessoais, personalidade e estilo próprios. Dentro do movimento slow, muitas pessoas amam o que fazem e aspiram fazer a diferença no mundo de uma forma criativa e inovadora, não importando o tamanho de seu alcance. O que tem mesmo significado é o impacto positivo em si mesmo e refletido ao seu redor. 2019

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MARCAS SUSTENTÁVEIS

QUE VOCÊ DEVERIA CONHECER Fizemos uma seleção de 6 marcas sustentáveis que vêm ganhando destaque no mercado graças aos seus processos conscientes e produtos de alta qualidade.

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INSECTA SHOES

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“Queremos conscientizar sobre sustentabilidade, veganismo e comércio justo, incentivar novos empreendedores a trabalhar em favor do meio ambiente e mostrar para o mundo que ser consciente pode ser divertido. Estamos fazendo nossa parte na tentativa de transformar o mundo: produzimos localmente, investimos no crescimento do Brasil. Abrimos mão de margens de lucro maiores para que o produto seja mais que um sapato, mas conte uma história e leve o país e a humanidade pra frente.”

BÁRBARA MATTIVY

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“Desde que mudei meus hábitos e aderi uma rotina esportiva tive a necessidade de vestir uma roupa em que pudesse trabalhar e praticar atividade física sem ter que carregar uma sacola enorme. Precisava realizar minhas atividades entre uma reunião e outra e não tinha tempo nem paciência para o troca troca. A Squame então nasce com a multiplicidade que necessitava, visto a mesma peça para trabalhar, nadar, dançar, surfar, caminhar ou praticar yoga e depois posso voltar para a rotina do dia a dia somente trocando os acessórios.”

BETA ABRANTES

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SQUAME A Squame cria roupas para movimentos livres e gentil com o corpo feminino. A marca nasceu com intuito de proporcionar conforto e personalidade para quem pratica esportes e leva este estilo para seu dia a dia. Toda estamparia da marca é exclusiva, com tiragem limitada e desenvolvida pela própria designer e idealizadora, Beta Abrantes. A produção é local e sustentável - desde a matéria prima até o produto final, cuidando para que todos processos respeitem de verdade e com carinho suas clientes e a natureza.

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ADA Criada pelas sócias Camila Puccini e Melina Knolow, Ada é a realização de tudo o que essas duas jovens acreditam. O nome, inspirado em Ada Augusta Byron King, a mulher que criou o primeiro algoritmo para ser processado por uma máquina, dá o tom da marca que homenageia mulheres da história. As peças são minimalistas para permitir que a mulher que as vestir se liberte das tendências e consiga compor um look que esteja perfeitamente dentro da sua personalidade e estilo. Para tanto não existem coleções. Novos modelos são lançados periodicamente e cada um tem uma tiragem entre 10 e 50 unidades. Os modelos também são ofertados por altura. Ada prioriza matérias primas de fibras naturais, feitas 100% no Brasil e que respeitem os direitos dos animais.

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“A nossa principal inspiração é o Slow Fashion seguido do estilo normcore. O conforto de uma camiseta transformada em uma peça com estilo que pudesse ser utilizada desde uma ida ao shopping até um jantar da firma. Nos baseamos no estilo minimalista e design industrial para o desenvolvimento de todas as peças. O conforto é o que nos guia. Nosso processo não é terceirizado em nenhuma etapa, procuramos desenvolver os produtos quase que sob encomenda e com muita dedicação.”

MELINA KNOLOW E CAMILA PUCCINI

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“Minha inspiração vem de dois pontos importantes: o primeiro é a mulher Brisa, que é simples, elegante, sincera, justa, verdadeira, confiante e otimista. Em segundo, me inspiro no tempo da natureza, no momento certo e natural das coisas. As modelagens são retas e confortáveis, pois acredito que essa mulher pode ser elegante sem necessariamente expor as curvas de forma excessiva. As cores são feitas conforme o que há de acessível no momento, seja em chás, plantas, temperos e extratos.”

TATIANA STEIN

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BRISA SLOW FASHION Foi revirando uma composteira que Tatiana Stein encontrou um fio de lã sintética, que nunca se decompunha. Esse foi o clique para a gaúcha colocar em prática seu sonho: criar uma marca de roupas atemporais, feitas com fibras naturais e orgânicas, e tingimento natural. Além de incentivar a adesão a um guarda-roupa mais enxuto e básico, a Brisa Slow Fashion faz questão de ter acesso à forma de plantio e tecelagem da matéria-prima de seus fornecedores e só trabalha com tecidos de cultivos orgânicos (90%) e reciclados (10%).

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AHLMA.CC A marca colaborativa, fundada por André Carvalhal (autor dos livros A Moda imita a vida e Moda com propósito) no Rio, decidiu fugir do modelo comprar/usar/descartar. As roupas são feitas pra durar e dentro de um processo de produção invertido. Ao contrário das marcas convencionais, em que se desenha a peça pra depois comprar a matéria-prima, na Ahlma os materiais disponíveis para reaproveitamento é que são ponto de partida.As coleções próprias e colaborações são criadas apenas com tecidos que causam menos impacto ao planeta. Ao invés de produzir novos materiais, a Ahlma recupera do estoque de parceiros o que já está pronto e sem uso. E quando é necessário produzir algo novo, a opção é por produtos certificados ou reciclados. 22

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“Focamos em coleções atemporais e incentivamos o cuidado, a troca e o compartilhamento de peças para que durem mais. Nossas criações são para pessoas reais, cheias de desejos e, como nós, apaixonadas por moda. O que a gente não acredita é em uma cultura que gera dependência ao invés de confiança e propõe padrões estéticos que são impossíveis de se sustentar.”

ANDRÉ CARVALHAL

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“Sempre busquei, desde os meus primeiros passos profissionais como estilista, a excelência. Sou apaixonada por mar e sol, por isso, resolvi traduzir em peças exclusivas o meu fascínio pela liberdade que a praia representa. Criar uma marca sofisticada, dedicada às mulheres corajosas e conscientes se tornou meu maior desafio.”

PRISCILLA SIMÕES

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PIU

A PIU surge de um universo único e inovador com produtos que misturam a intensidade do mar com a sofisticação das cidades, para vestir uma mulher elegante, atemporal e consciente. A marca representa o processo de autoconhecimento da estilista Priscilla Simões. E, também, uma busca intensa pela solidez das suas raízes e culturas baianas, junto ao calor da natureza e a criatividade do nosso povo. Com produtos feitos a partir de processos manuais e matérias primas ecológicas a marca nasce forte no mercado de moda praia. 2019

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MODA FEITA NO BRASIL TAMBÉM É

ATIVISMO Existe ativismo no consumo e isso ninguém pode negar. Comprar de criadores e artistas locais é mais do que uma preferência, é também um ato político.

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s nossas escolhas de compra endossam as escolhas éticas e morais das empresas das quais compramos. É muito simples: se escolhemos dar nosso dinheiro para uma marca x, essa marca logo entende que nós estamos de acordo com todo o sistema de funcionamento dela. É igual votar, mas com nosso dinheiro. Isso não quer dizer que a responsabilidade das escolhas de cada empresa é 100% do consumidor, mas quer dizer que as empresas estão ligadas no que os consumidores estão exigindo e isso pode ir muito além do produto. Nós já demos a dica que ler a etiqueta é importante para saber: onde o produto foi feito e do que ele foi feito. Apesar das etiquetas não entrarem em detalhes, se nós entendermos um pouco do processo de produção da moda, ao checar a etiqueta já conseguimos saber mais sobre a peça.

Não vou sugerir que sejamos todos experts em cadeia de produção, afinal, para cada produto de moda que compramos, são mais de 100 processos e etapas até o produto chegar na loja. Mas vou te contar um pouco sobre isso para te mostrar que comprar produtos “feito no Brasil” é um baita ativismo que ajuda toda a economia do país girar, economiza recursos e diminui emissão de poluentes, além de dar uma força para a indústria de design e criação brasileira (acredite, ela precisa muito). No mundo todo existe um forte movimento de valorização do “made local” e “sorced local” (em tradução literal “feito local” e “com matérias-primas locais”). Inglaterra, Estados Unidos, Holanda, Itália, Espanha e Austrália são alguns dos países líderes do movimento que valoriza a moda da casa, feita com qualidade, através de mão de obra justa e que pode não ser a mais barata, mas com certeza é mais duradoura. 2019

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MÃO-DE-OBRA

JUSTA

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APOIO

À INDÚSTRIA NACIONAL

A indústria é uma das mais importantes fontes do PIB de qualquer país. Por isso, os EUA e alguns países da Europa estão retomando sua produção industrial, criando novamente seus pólos de produção. O Brasil é um dos únicos países que ainda é capaz de suprir toda a cadeia de moda: em terras tupiniquins é possível ter desde a produção da fibra (por exemplo, a plantação de algodão) até a confecção da peça final. Quando você compra um produto “feito no Brasil” você garante que esse processo se mantenha vivo e relevante, além de endossar o trabalho de milhões de trabalhadores de norte a sul do país. Não adianta reclamar que a economia vai mal, e não se dar ao trabalho de apoiar empresas brasileiras. O governo federal e estadual tem sua cota de responsabilidade, mas sem consumidor, a indústria brasileira também não vai pra frente. 2019

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INCENTIVO À ECONOMIA CRIATIVA

Se você é designer, artista ou estilista sabe o quão difícil é viver da economia criativa. Se você não é nada disso, saiba que é muito difícil garantir um espaço nesse meio onde os profissionais são tão desvalorizados. Quando você compra de uma marca de moda brasileira, principalmente as menores, você incentiva o trabalho desses profissionais locais talentosos, dando a chance desses se destacarem em um universo dominado pelas grandes varejistas e pelas marcas de fast-fashion, que trazem tudo de outro lugar, inclusive o trabalho criativo. Valorize os colegas e profissionais da terrinha.

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MAIS PERTO É IGUAL A

MENOS POLUIÇÃO

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COMPRE DE QUEM FAZ Reunimos aqui alguns endereços descolados pelo Brasil antenados com a economia colaborativa!

PORTO ALEGRE (RS)

A Pandorga é uma loja que reúne uma seleção de criadores de moda e design muito bem feita e inclui marcas independentes de todo o Brasil. Além de vender os produtos, o espaço – que fica em uma rua charmosa onde volta e meia acontecem feiras – tem café, cursos e um programa de aceleração.

@pandorga Rua Miguel Tostes, 897 Porto Alegre (RS)

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SÃO PAULO (SP)

O lema na Endossa é: qualquer pessoa pode vender. A curadoria do mix de produtos é feita pelo público – ou seja, se a marca não tem boa aceitação, dá lugar a outra. Cada marca tem seu espaço numa caixa. E o esquema deu tão certo que a Endossa já abriu outras filiais em Sampa e duas em Brasília.

@loja_endossa endossa.com Rua Augusta, 1372 São Paulo (SP)

BELO HORIZONTE (MG)

Tudo 100% local e design de ótima qualidade na Mooca, um espaço que possui três mulheres estão no comando: Fabi Soares, Marina Montenegroe Pamela Margarida. Muitas das marcas que expõem ali, passam antes por um programa de aceleração para chegar ao cliente no formato ideal.

@mooca.loja mooca.co Rua Antônio de Albuquerque, 458 Belo Horizonte (MG) 34

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RIO DE JANEIRO (RJ)

A loja Malha (foto acima) está sempre planejando novas experiências de consumo e de interação com a moda. Em sua sede, dá pra conhecer o que é produzido por algumas das marcas residentes, das incubadas e das convidadas do galpão mais fofo do Rio de Janeiro. A Retoke (foto ao lado) uma das feiras mais importantes de moda, decoração e novas tendências do Rio (os eventos acontecem na Lapa). Nas lojas pop up o esquema colaborativo foi uma escolha pra mostrar o trabalho de novos estilistas e designers.

@malha.cc www.malha.cc Av. Ataulfo de Paiva, 270, Rio de Janeiro (RJ)

@retoke retoke.com.br Pop-ups do Botafogo Praia Shopping e Shopping Tijuca, Rio de Janeiro (RJ) 2019

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BRASIL

ECO FASHION

WEEK Confira os destaques dos três dias de desfiles do evento que aconteceu em novembro, em São Paulo.

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Manui

Movin

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DIA 1 A Manui apostou no tema energização, com peças vibes e acessórios de cristais. O desfile de Ronaldo Silvestre foi marcado por mangas estruturadas e transparências. No âmbito da tecnologia, chamou a atenção o trabalho da Movin, que levou à passarela um couro realmente ecológico - leia-se, não-derivado de petróleo - sintetizado pelas mesmas bactérias do kombucha. A Natural Cotton Color encerrou o dia com as tramas mais desejadas da temporada, feitas de algodão naturalmente tingido.

Ronaldo Silvestre

Natural Cotton Collor 39 2019 LINHA


DIA 2 O destaque da marca Aluf foi o azul, obtido pelo tingimento com índigo natural, água do mar e sal, fazendo contraponto aos tons crus dos tecidos naturais, orgânicos e biodegradáveis. A Ana de Jour trouxe peças com modelagens românticas e atemporais, feitas sem desperdício com fibras naturais, como a seda e acabamentos handmade. A marca Comas trouxe peças feitas a partir de upcycling de materias e jeans reclicado.

Comas

Aluf

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Ana de Jour


A Aurora Moda Gentil apresentou peças feita com lã orgânica e fibra de garrafa PET. A Envido utilizou-se de materiais reciclados (algodão reciclado e poliester - PET), nylon biodegradável, linho e algodão orgânico. A Nuz apresentou peças versáteis, que podem ser utilizadas do avesso.

Nuz

Aurora Moda Gentil

Envido 2019

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DIA 3 A Jouer Couture apresentou uma explosão de cores vibrates na sua coleção, que também apareceram na maquiagem das modelos, Carlos Bacchi levou à passarela vestidos de festa artesanais que você vai querer usar no seu próximo casório! A Gram e suas peças feitas por mão-de-obra artesanal trouxeram para a passarela bermudas ciclista, sobreposições (com transparência ou não) e looks com detalhes especiais como bordados.

Joeur Couture

Carlos Bacchi Grama

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A estilista Francesca Córdova trouxe a coleção MADE BY HUMANS (feito por humanos). O xadrez tartan com patchwork remete ao movimento punk. Além disso, trouxe vestiwdos, mangas, casaco em crochê totalmente feitos à mão. A Think Blue, que trabalha principalmente com o jeans, criou roupas feitas com matéria-prima descartada. No desfile da marca as modelos entraram com placas que se posicionavam contra o então recém eleito presidente.

Francesca Córdova

Think Blue 2019

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ROUPA FEITA DE ROUPA Conheça a Re-Roupa, marca que cria moda a partir de resíduos para provocar a própria indústria.

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ma peça nunca está fora de moda aos olhos de Gabriela Mazepa, 35. A estilista faz daquilo que seria considerado lixo uma potência de mudança em cadeia. Com a Re-roupa, cujo lema é “roupa feita de roupa”, ela cria roupas novas a partir de matérias primas que eram consideradas resíduo (ou lixo mesmo!), como fins de rolo de tecido, retalhos, e peças com pequenos defeitos. E, além de impedir que o material vá para algum aterro, ela ainda qualifica mão-de-obra. O grande ponto é sua própria metodologia de transformar algo que ninguém queria em um item desejável. Com isso, a Re-roupa atua produzindo pequena coleções, de 15 a 45 itens, que abastecem sua loja online, além de oferecer oficinas, consultoria, palestras, e realizar projetos com outras marcas. Atualmente, o foco está na coleção que sai, ainda este mês, em parceria com a Farm. Serão 300 peças refeitas, num processo industrial pioneiro. Ela conta: “Entender o sintoma do excesso de consumo já é um grande passo. Fazer coleções a partir de resíduos em parceria com grandes marcas serve para falar com o público sobre este assunto”. E prossegue: “Quem faz a oficina do Re-roupa, já sacou, agora a menina que é ‘farmete’, talvez não. Então, na hora que ela compra e lê na etiqueta ‘esta peça foi feita de resíduo’, talvez impacte. É para isso que eu me esforço”.

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Entender o sintoma do excesso de consumo já é um grande passo. Fazer coleções a partir de resíduos em parceria com grandes marcas serve para falar com o público sobre este assunto.”

Criada entre as máquinas de costura da pequena confecção da mãe, em Curitiba, para ela trabalho justo sempre foi algo presente. A estilista lembra que ficava durante o dia com os filhos da costureira-chefe. “Todo mundo hoje fala de produção local e de tratar bem a costureira, mas para mim sempre foi assim que funcionou”. Preocupada com a questão social, seus projetos são feitos com cooperativas e todo o orçamento é transparente. Além disso, a cada palestra paga, ela faz uma gratuita para garantir a popularização dos conceitos.


As peças da Re-Roupa são feitas da transformação de outras, garimpadas em brechós e confeccções. 2019

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ENTRE BRASIL E EUROPA, A DESCOBERTA DO PRÓPRIO CAMINHO Gabriela gosta de dizer que teve sorte e que as coisas em sua vida foram acontecendo. Após a morte de sua mãe, quando ela tinha 17 anos, veio aquele momento de decidir a carreira. Bailarina desde os 7, ela sentia que seu caminho era na área criativa, mas teve que ser prática no vestibular. Decidiu cursar arquitetura e, no terceiro ano, ganhou uma bolsa para estudar na França. Lá, abriu os olhos para a possibilidade de uma carreira artística. Descobriu uma escola de arte, conseguiu uma bolsa e ligou para o pai dizendo que ficaria mais quatro anos. “Meu projeto de graduação é muito parecido com o que é o Re-roupa hoje: eu pedia para as pessoas as roupas que elas não usavam mais, perguntava a história daquela roupa e a transformava. Todo mundo tinha uma roupa com histórias. Hoje, isso não é relevante”, diz. 48

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Gabriela também trabalha como freelancer em projetos de cunho social que, de alguma forma,se relacionam com o que o Re-Roupa propõe.


Ninguém entendia como eu ia fazer dinheiro e, às vezes, você tem uma ideia boa, mas o mundo não está preparado.”

Era 2007, por lá crescia o debate sobre moda consciente e ela percebeu que o que fazia era o chamado upcycling. A mudança de chave de deixar de ser um trabalho artístico para um negócio veio quando ela conheceu sua ex-sócia. As duas criaram uma marca, a By Mutation. Ela fala sobre o conceito, que consiste em criar peças e produtos a partir de materiais já usados uma vez:.“O que chamam de upcycling é gambiarra. E, no Brasil, a gente é muito bom nisso”. Durante o dia, ela servia cafés para ter grana para investir na marca. Mas a falta de mão-de-obra seria uma grande barreira, que a faria se desentender com a amiga e decidir voltar para casa, em 2009. De volta ao país, porém, ela se sentiu em um verdadeiro limbo. Estar em Curitiba, uma cidade progressista na questão ambiental, não foi o suficiente para, naquela época, ver uma forma de seu projeto rodar. “Ninguém entendia como eu ia fazer dinheiro e, às vezes, você tem uma ideia boa, mas o mundo não está preparado”.

O destino acabou levando-a para fora do Brasil novamente. Ela inscreveu-se e ganhou uma bolsa do British Council que reuniu estilistas jovens de todo mundo em Londres, e assim estava de volta à Europa. Com isso, fez uma rede de contatos que acabou a levando para o Sri Lanka. Lá, criou duas coleções trabalhando com estoques de empresas de grande porte, com 25 mil funcionários. “O problema é que nós éramos atores muito pequenos para mudar uma coisa que não mudou até hoje, que é o sistema. A sensação que eu tenho é que ficamos apagando um incêndio muito grande”, conta. Durante dois anos entre Inglaterra e Sri Lanka, “foi muito carreira solo”, fazendo projetos, dando aula e fazendo outros trabalhos para conseguir se sustentar. Decidida a voltar para o Brasil de vez, ela entendeu que criar sua própria marca seria o meio de sobreviver. E foi na trilha de todo pequeno estilista: com loja online e muitas feirinhas. 2019

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UM NOME, UM CONCEITO E O AJUSTE NA ESCOLHA DE PARCEIROS Há quatro anos, ela fundou o que hoje é a sua marca. Para ficar conhecida por aqui, Gabriela fechou uma parceria com o Enjoei, um site para venda de produtos, essencialmente roupas, usados (geralmente vendidos por seus proprietários). O projeto de Gabriela com o Enjoei consistia em garimpar em brechós e fazer uma coleção com 100 peças. Em uma reunião, veio o batismo da marca: Re-roupa. A divulgação cresceu e tudo o que ela fazia como carreira solo passou a ser realizado sob guarda-chuva da marca — caso das oficinas onde as pessoas levavam sua peça para ser transformada. Logo, elas passaram a fazer exposições do conceito (e das peças) em espaços como Instituto Europeo di Design, Senac e Sesc. Este processo ajudou a consolidar a metodologia, que viria a atrair parceria com outras empresas. Com a Rede Asta, Gabriela fez um projeto em que uniformes (que normalmente têm vida útil de seis meses) seriam transformados em bolsas, como um brinde corporativo. Ela conta, no entanto, que já recusou ofertas por ver mais uma intenção de greenwashing (quando uma empresa usa o discurso da sustentabilidade sem, no entanto, ter atitudes efetivas nesse sentido) do que vontade de fazer diferente. Recentemente, divulgou uma carta aberta listando os motivos pelos quais saiu da parceria com a Malha e a C&A, em que cita um “abismo” entre discurso e prática. O “textão” no Facebook gerou uma discussão interessante e respeitosa com os demais envolvidos. As discordâncias ficaram evidentes e o desafio que é fazer moda 50

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sustentável está bem colocado. E é enorme. “Eu tenho medo de aparecerem mais marcas sustentáveis, mais produto e pouco processo“, diz Gabriela. E faz uma reflexão sobre o seu modelo de negócio: “Hoje, produzir coleções não é o carro-chefe da Re-Roupa porque eu teria de investir em quantidade e vivo falando que já existe roupa suficiente no mundo. O que precisamos são de novos processos.” Ainda que desconfiada de algumas intenções, a Re-roupa entende que consultoria e projetos com grandes empresas, assim como cursos e palestras são mais importantes até do que a produção própria de coleção. Não só como viabilidade financeira, mas justamente por ter em seu DNA a missão de reduzir os resíduos. Por isso, fechou a parceria com a carioca Farm.

Hoje, produzir coleções não é o carro-chefe da Re-Roupa porque eu teria de investir em quantidade e vivo falando que já existe roupa suficiente no mundo. O que precisamos são de novos processos.” 2019

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Mesmo falando de moda sustentável há dez anos, a gente ainda tem que falar muito porque é uma bolha.” 52

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MUDANÇA PARA SÃO PAULO Por causa de um relacionamento, Gabriela está de mudança para São Paulo, onde espera viver uma nova aventura. Apesar de amar o Rio de Janeiro, está animada com a busca de um espaço para ser seu primeiro endereço comercial. Até aqui, foi tudo conduzido no ateliê montado dentro de sua própria casa. Com a mudança, ela espera atrair novos parceiros. “A Re-roupa já conseguiu ser um case onde é possível falar sobre esses assuntos. A cada dois dias, recebo entrevista de alunos da faculdade”, diz ela, que acredita no poder da capital paulista para expandir este importante diálogo. No último ano, as palestras e consultorias representaram a maior fatia no faturamento da Re-Roupa (que foi de 72 mil reais no ano passado), e a venda da coleção própria representou um percentual baixo desse total. Apesar de não querer ser “refém” da produção de roupas, como já dito acima, ela sonha em expandir, mas com uma ambição comedida. “Vai depender do que eu preciso para ser feliz. Gostaria de ter uma sala com quatro costureiras trabalhando, mas não preciso de 40. Acho que temos que investir mais em educação, então eu me sinto realizada de viver mais do que eu falo”, diz.

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THAIS

LAGO A atriz da sĂŠrie 3% da Netflix relembra seus tempos de modelo e contracena com ela mesma em poses para este editorial com marcas totalmente compromissadas com a sustentabilidade.

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O estilo "boyfriend" ganha apelo sustentรกvel com camiseta Ecow (R$129), jaqueta jeans DeNovo (peรงapiloto; preรงo a ser definido), calรงa vermelha Reserva Natural (R$317), sandรกlia Cervera (R$198) e anel de madeira Volver (R$45).

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No primeiro plano, Thais veste regata branca Reserva Natural (R$196), calรงa pantalona vinho Flavia Aranha (R$498), relรณgio WeWood (R$399) e sandรกlia off-white Cervera (R$198). Ao fundo, ela usa vestido cru Eden (R$136), cinto Reserva Natural (R$96) e sandรกlia preta Cervera (R$189).

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Thais mostra opção de look delicado com vestido floral de gola bebê Ecow (R$159), blazer azul marinho Flavia Aranha (R$398), óculos de sol Leaf (R$400), sapatilha Cervera (R$139) e bolsa amarela Canna (R$230).

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Destaque para os recortes nos ombros do vestido cinza e os รณculos de sol Leaf (R$ 300). 2019

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Nesta dobradinha, Thais usa vestido vinho Flavia Aranha (R$ 398), cinto Reserva Natural (R$96) e relรณgio WeWood (R$399). Ao fundo, vestido cinza com vinho e detalhes vazados Reserva Natural (R$ 505).

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Thais veste jaqueta de retalhos Re-Roupa (R$150) sobre camiseta Eden (R$36), com shorts jeans Eden (R$99), lenรงo no pescoรงo Re-Roupa (R$50), sapato Cervera (R$198) e mochila Vuelo feita a partir de pneus e guardachuvas (R$298).

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Vestido verde Eden (R$268), casaqueto verde e branco com aplicações Irmãs Green (R$90), maxibolsa Canna (R$300), sapatilha Cervera (R$139), anel duplo em formato de chifres Volver (R$62), anel de madeira Volver (R$45) e pulseira Volver para Gralias (R$79).

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O macacão é a peça do momento e ganha espírito hippie-moderno no look de Thais. Ela veste macacão azul marinho Flavia Aranha (R$698), sapato preto Cervera (R$119), colares - um deles usado como tiara - Volver para Gralias (R$79 cada) e carteira Loads (R$59).

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Uma opção de look é combinar regata laranja Eden (R$139) sob tricô na mesma cor Eden (R$154) com saia Re-Roupa (R$90), bolsa Canna (R$250) e sapato Cervera (R$198.

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Thais encarna a blogueira "it-girl", usando vestido mullet com estampa de gatinho Ecow (R$189), trench coat azul Eden (R$299), carteira preta Vuelo feita a partir de pneus (R$88) e sandรกlia Cervera (R$189).

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ELE QUER QUE VOCÊ

NÃO

LAVE

O SEU JEANS Quantas vezes seus pares de jeans já passaram horas na máquina de lavar? Segundo Chip Bergh, CEO e presidente da Levis’s, uma das maiores marcas de jeanswear do mundo, a reposta certa deveria ser “nenhuma". 2019

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hip Bergh, CEO da Levi Strauss & Co., empresa detentora da marca Levi’s - uma das mais famosas fabricantes de jeans no mundo, defendeu que os jeans não precisam ser lavados com a frequência à qual estamos acostumados. Bergh falou sobre o assunto em um painel durante a conferência Brainstorm Green realizada pela revista Fortune. O mediador da conversa perguntou qual era a iniciativa da empresa para gastar menos água na produção de suas roupas, ao que Bergh respondeu: “Fizemos um estudo e descobrimos que cerca de metade da água gasta durante a vida de uma calça jeans é usada depois que o consumidor a compra na loja e começa a lavá-la sempre”, disse. Por conta disso, segundo o CEO, a Levi Strauss tenta “educar” seus clientes para que eles lavem menos os seus jeans. Para garantir que ele cumpre o que diz, Bergh afirmou que as calças que estava usando naquele momento já tinham quase um ano de vida e nunca tinham entrado em uma máquina de lavar. “E eu ainda não peguei nenhuma doença de pele ou algo assim”, brincou. A ideia por trás dessa medida não tem nada a ver com incentivar as pessoas a andarem sujinhas por aí. Bergh afirma que além de o tecido — que já é bem resistente por natureza — durar muito mais se for lavado com menos frequência, dessa forma também causaremos menos impactos ambientais ao reduzir nosso gasto de água.Sobre a frequência correta da lavagem, Bergh disse que deveria ser mínima, apenas quando absolutamente necessário. “Se você conversar com especialistas eles te dirão para não lavar os jeans. Use uma esponja ou escova de dente, por exemplo”. Outras dicas dadas pelo CEO da empresa americana são: colocar a peça no congelador para matar possíveis bactérias, passar spray neutralizador e deixar o tecido “respirar” no sol. Orgulhoso, Bergh afirma: “Somos os maiores em roupas sustentáveis. Se você comprar [nossos jeans], eles durarão muito mais do a maioria das peças que você possui". Em um momento em que a moda descartável continua dominante, a Levi Strauss & Co. poderia ser

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Para nossa empresa, durabilidade é, em essência, sustentabilidade"

considerada uma anormalidade. Além de suas roupas serem conhecidas por sua durabilidade e longevidade, a empresa está muito à frente da curva de sustentabilidade, especialmente para uma empresa de vestuário. "Na fast-fashion, você compra a roupa e usa três, quatro vezes e logo se desfaz dela. Acho que nós, da Levis Strauss, somos o melhor exemplo de slow-fashion" compara o CEO. Prova disso é o modelo 501, a primeira calça jeans lançada pela Levi's, que completa 146 anos em 2019s, e continua sendo o seu modelo mais famoso. "Para nossa empresa, durabilidade é, em essência, sustentabilidade", complementa, Bergh. A empresa é mundialmente conhecida por investir em inciativas sustentáveis. Em 1991, a empresa estabeleceu um código de conduta global ao longo da sua cadeia de produção. Isso significou criar padrões para os direitos dos trabalhadores, um ambiente de trabalho saudável e um compromisso ético com o planeta. Através de sua coleção “Water Less”, conseguiu reduzir 28%, em média, o consumo de água na fabricação do jeans tradicional. Em novos produtos, a economia chega a 96%. A marca possui uma parceria com a ONG “Better Cotton Initiative” (Iniciativa para um Algodão Melhor), a fim de promover na fase de produção e tratamento do algodão a redução do uso de água e pesticidas, a preservação da biodiversidade e o respeito às normas de proteção aos trabalhadores. Também assumiu o compromisso de eliminar todas as substâncias tóxicas de sua cadeia de fornecedores e de produtos até 2020, ao aderir à campanha Detox, promovida pela Ong ambientalista Greenpeace.


De toda a água consumida durante o ciclo de vida de uma calça jeans, de acordo com Bergh, metade dela é empregada durante a fabricação, enquanto a outra metade é desperdiçada por nós, consumidores, durante lavagens recorrentes.

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CONHEÇA SEUS TECIDOS Saber qual é o melhor jeito de lavar e cuidar dos diferentes materiais no seu guarda-roupa é também uma forma de amor. Fizemos uma guia rápido para te ajudar!

S N JEA LAVAR Antes de lavar, sempre feche os zíperes e os botões e vire a peça do avesso. Caso a peça não esteja suja, não lave, congele! Coloque a peça jeans em uma sacola e coloque-a no freezer para eliminar germes e outras impurezas. Se você definitivamente precisar lavar o seu jeans, lave-o com água na temperatura de 30ºC. SECAR Ao secar uma peça jeans, “alise-a” de volta à sua forma e pendure-a. Isso evita, ou ao menos reduz, a necessidade de passar a peça. DESCARTE O jeans é um material muito durável e vai durar anos com você. Primeiro, considere a possibilidade repassar sua querida peça a algum amigo ou familiar que vista o mesmo tamanho que você ou para algum bazar. Porém, se realmente estiver na hora de se desfazer de vez de um jeans, pesquise por profissionais e projetos que poderão reutilizar o tecido. Existem brechós, costureiras e muitas outras iniciativas de reaproveitamento que podem tirar proveito do material. É só pesquisar! 72

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ALGODÃO LAVAR Fibras naturais são propensas

a encolher, por isso sempre lave em água friaou morna (30ºC, no máximo). SECAR É melhor secar as peças sobre uma superfície ou pendurando-as num cabide. Se for necessário passar a peça, é melhor fazê-lo enquanto a roupa ainda estiver levemente úmida ou então, use a função vapor do ferro. DESCARTE O algodão é uma fibra natural e, se não for tingido pode ser decomposto. Entretanto, esse quase nunca é o caso com as peças mais comuns compramos - a não sei que tenha certificado de orgânico. Também é possível reciclar o algodão. Se sua peça já não está mais “usável” e não pode ser decomposta, leve-a para pontos de reciclagem têxtil (muitas cidades possuem ao menos um!). Se não conseguir, peças velhas de algodão dão ótimos panos de limpeza!

ACRÍLICO, NYLON E POLIÉSTER LAVAR Esses materiais sintéticos liberam alta

quantidade de microplásticos. durante a lavagem, um fator de alta contaminação de nossas reservas de água. Existem sacos de lavagem específicos para esses tipos de tecidos, por isso, sempre que possível, utilize-os. SECAR É melhor deixar tecidos sintéticos secarem pendurados. Eles não levam muito tempo para secar. Nunca utilize a secador pois isso enfraquece e danifica as fibras mais rápido. DESCARTE Se realmente for necessário se desfazer da sua peça de tecido sintético, de preferência por repassá-la para iniciativas de reutilização de tecidos. A maioria das fibras sitéticas não podem ser recicladas. 2019

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LAVAR Como o jeans, pêlos animais só devem ser lavados quando absolutamente necessário. Sempre use um sabão específico para lã e materiais afins e lave no ciclo delicado ou, de preferência, à mão. SECAR Ao secar, nunca pendure. Deixe a peça secar sobre alguma superfície, para que ela não deforme. Se a roupa foi lavada à mão, enrole-a numa toalha e torça-a para retirar o excesso de água. DESCARTE Peças de lã têm uma longa vida útil, por isso, quando quiser se desfazer de sua peça experimente doá-la ou trocá-la com alguém. Tecidos puros de pêlos animais também podem ser decomposto, desde que não sejam tingidos, nem misturados com outros tipos de fibras.

RAIOM, LYOCELL E MODAL LAVAR Vire as peças do avesso antes de lavá-las na máquina. Se for lavar à mão, utilize água a uma temperatura média de 30º com um pouco de sabão - não use amaciante. Evite puxar/esticar as peças de raiom (também conhecido como viscose) para não causar danos. SECAR Raiom é propenso a encolher, então sempre deixe a peça secar esticada sobre alguma superfície. Por serem mais resistentes, o modal e o lyocell podem ser colocados na secadora. DESCARTE Essas são muito duráveis e costuram durar por anos. Se não quiser mais as peças, leve para inciativas de reciclagem ou reaproveitamento têxtil. 74

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SEDA LAVAR Sempre confira a etiqueta. Algumas peças de seda podem ser lavadas na máquina, mas sempre no ciclo delicado (ou, se tiver, o ciclo específico para seda) a 30ºC ou menos. Para maior proteção, lave a epeça dentro de um saquinho para lavar roupas. Se for lavar à mão, adicione 1/4 de vinagre branco destilado a 3,5 litros de água - isso ajuda a restaurar o brilho. Deixe de molho e depois enxágue bem em água fria. SECAR Torça, gentilmente, a peça de seda com uma toalha. Deixe-a secando sobre uma superfície para evitar vincos e marcas. Nunca use cabides ou pregadores de madeira, pois eles podem machar a roupa. Nunca use calor para secar, pois pode danificar ou encolher a roupa. DESCARTE Se cuidada da maneira certa, a roupa de seda vai durar durante muito tempo. Mas caso você não queira mais a sua peça, tente vendê-la (seda está sempre em alta!) ou repassá-la para alguém. Outra opção é transformá-la em uma nova que terá mais utilidade para você.

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A MODA

ECOFRIENDLY DE STELLA MCCARTNEY

Impulsionada por seu espírito inovador e tenaz, a estilista bridiz não para o couro, pêlo e penas e se esforça para criar materiais sustentáveis. 2019

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A estilista inglesa posa com o boneco de uma raposa para divulgar sua linha de peles sintĂŠticas.

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tella McCartney não resiste a um desafio. Eu a teria desafiado a um jogo de selfies no final de nossa entrevista mas a designer — sempre radiante, apesar de seu itinerário agitado, pulando de cidade para cidade — teria facilmente me vencido. Herdeira de uma lenda do rock, mãe de quatro e vegana desde sempre, Stella estava definitivamente correndo contra o relógio. Em sua passagem por Hong Kong, que durou menos de 12 horas, conseguiu conciliar nossa entrevista, um coquetel VIP e um jantar de negócios. McCartney apareceu para nossa entrevista com uma maquiagem discreta, cabelo casualmente amarrado, com um sorriso caloroso, porém modesto. Esse “chique sem esforço” não é apenas como McCartney se comporta, mas também o que conquistou o seu público no mundo fashion.“[Minhas roupas] são sutis e chiques mas, ao mesmo tempo, elas dizem algo”, diz. “Eu quero achar o equilíbrio e tornar as coisas mais descomplicadas para

homens e mulheres, mas tendo sempre um ponto de vista.” Seu ethos ecologicamente correto certamente vem deixando uma forte mensagem desde sua gênese 18 anos atrás. “Desafiador” seria pouco para descrever a abordagem particular que ela teve no mundo da moda — afinal de contas, ela escolheu uma batalha difícil desde o começo. Nos últimos anos, ela introduziu tecidos inovadores e iniciativas de negócio para estimular a sustentabilidade. Ela adaptou esta filosofia para diversas categorias, incluindo acessórios, eyewear, linhas infantis e, mais recentemente, coleções masculinas, que estrearam duas temporada atrás. “Oferecemos soluções sustentáveis para consumidoras conscientes e responsáveis que também são modernas e chiques”, diz. “Então precisamos oferecer isso para nossos consumidores homens também. Ninguém está fazendo isso de uma maneira luxuosa e essa é uma das questões que me inspira a fazer coleções masculinas.” 2019

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OPORTUNIDADE DE MERCADO Aproveitando-se de uma brecha de mercado, McCartney decidiu entrar no mercado de moda de luxo masculina, oferecendo peรงas feitas de modo consciente e sustentรกvel.

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Fotos da campanha de lançamento de sua linha masculina, a coleção Outuno Inverno 2017.

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Se eu não criar coisas que são desejáveis e sexy, elas vão acabar parando no lixo do mesmo jeito.” Segundo a designer, mais de 50% de suas coleções femininas e 45% das masculinas são sustentáveis. Não é a primeira vez que McCartney aproveitou-se de uma brecha de mercado. Dezoito anos atrás, ela rompeu com a indústria fashion — a segunda mais poluente do planeta, com peças e acessórios luxuosos totalmente livre de produtos animais: sem couro, sem pêlo e sem penas. De acordo com um relatório da empresa de consultoria empresarial McKinsey & Company, a indústria da moda produz 100 bilhões de itens por ano, dos quais três quintos têm seu destino final em aterros. “Me disseram muitos anos atrás que eu não teria espaço na indústria de acessórios”, diz Stella. “Eu levei isso como um bom desafio. Se você consegue achar a estética e o design certos e constrói [os acessórios] de modo cuidadoso, responsável e consciente, então a magia acontece. Muitas marcas tradicionais matam animais para bolsas de couro e ainda não têm sucesso no design.” McCartney utiliza materiais inovadores para construir não só um negócio “pronto-para-vestir” mas também uma popular linha de acessórios. Sua bolsa do modelo Falabella é um bom exemplo. Um enorme sucesso de vendas, presente em todas as coleções da marca desde seu lançamento em 2010. “Primeiramente e antes de tudo, somos uma marca de luxo, então não comprometemos no estilo, design ou 82

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qualidade”, ela afirma. “Nós fazemos produtos bonitos, modernos e desejáveis. Abordo o negócio da maneira que sinto que é moralmente correta e moderna. Mas isso não significa que o estilo e o luxo precisem ser sacrificados”. Stella está colaborando ativamente com fornecedores para criar têxteis e alternativas inovadoras para o couro. “Levamos muitos anos para desenvolver materiais, máquinas e para treinar os artesãos”, diz McCartney. De alternativas de couro sintético, plástico marinho reciclado e seda à base de levedura, criada em colaboração com a empresa Bolt Threads, McCartney vem investindo em materiais sustentáveis que trariam mudanças para toda a indústria da moda. “[O custo] é justificado pois eu me importo e eu quero liderar pelo exemplo”, ela diz. McCartney tem, de fato, sido um exemplo na tendência de moda sustentável e ecológica. Durante os últimos anos, a marca Stella McCartney foi um dos negócios que mais cresceu dentro do conglomerado Kering Group (do qual fazem parte marcas como Gucci e Yves Saint Laurent). McCartney opera 48 lojas independentes e conta com mais de 860 estoquistas em todo o mundo. “Nos primeiros três anos, nos levou tempo e nos custou dinheiro. Mas agora temos algo que é melhor para nossos negócios de maneira consciente e emocional”, diz a estilista.


Modelo veste casaco de pele

faux fur feita de fibra orgânica, elaborada em parceria com a Bolt Threads. 2019

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MENSAGEM IMPORTANTE As campanhas de Stella McCartney sempre são criadas com alguma mensagem importante por trás e, além de vender roupas, têm também o objetivo de conscientizar as pessoas sobre questões que estão afetando o nosso mundo e o meio ambiente. No entanto, o diferencial da marca britânica é que ela consegue passar sua mensagem de modo atraente, interessante e envolvente. A campanha da coleção Primavera Verão 2018 foi inspirada pelo cenário litôraneo e faz mensão à poluição dos oceanos.

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LIXÃO ESCOCÊS A campanha Outono Inverno 2017 foi fotograda em um lixão escocês. A ideia por trás do editorial foi chamar atenção para o impacto ambiental causado pela produção de lixo e consumo exagerado. 86

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PARCERIA INFLUENCIADORA A colaboração entre Adidas e Stella, fez com que a gigante esportiva desenvolvesse métodos de produções mais sustentáveis. 88

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Acho inspirador e animador saber que é possível influenciar estando do lado de dentro.”

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tella se apaixonou por moda devido à emoção associada às peças. Foi isso que deu início à sua paixão pelo design. “Eu gosto de moda desde que tinha cinco ou seis anos,” se recorda. “Eu sempre senti uma conexão psicológica entre o modo como nos sentimos e como usamos nossas roupas, o que escolhemos vestir e o que isso diz sobre o que somos. Eu sempre achei isso inspirador e interessante.” Graduada pela Central Saint Martins em 1995, a alfaiataria marcante de McCartney colocou-a no radar de várias casas de moda já estabelecidas. Ela ingressou na marca Chloé em 1997 como diretora de criação e, em 2001, lançou sua marca homônima e sua primeira coleção em Paris. Tendo crescido sob os holofotes, o prestigiado nome da família pode ter aberto as portas para ela, mas foi per-

sistência e trabalho duro que concretizaram a sua visão. “Eu diria sempre ser verdadeiro consigo mesmo, ter confiança, trabalhar duro e tentar ser responsável”, diz ela. “Tente fazer parte de uma nova geração de seres humanos que pensam além do glamour e da fama [da moda] — pense sobre o impacto que podemos fazer.” McCartney influenciou uma série de marcas mainstream, como Adidas e H&M, através de colaborações. Sua primeira coleção Adidas by Stella foi lançada em 2004 e sua parceria com a H&M, em 2005. Ambas fizeram com que os colaboradores adotassem um modelo de negócio mais sustentável e ecologicamente consciente. “Gosto de pensar que eu tive uma influência positiva neles”, diz Stella McCartney. “Acho inspirador e animador saber que é possível influenciar estando do lado de dentro”. 2019

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Entenda porque especialistas afirmam que nos próximos 10 anos as vendas de brechós vão superar as vendas das redes de fast-fashion

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informação veio de um estudo americano feito pela ThredUp, uma empresa de revenda online: até 2027 as vendas de brechós, ou revendas como diz o relatório, vão superar as vendas das grandes redes de fast-fashion. E se hoje parece meio absurdo dizer que as vendas de brechós vão superar marcas como Zara e Forever 21, para os analistas de mercado isso não é nada impossível. 2019

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A EXPECTATIVA É QUE AS VENDAS DE BRECHÓS E REVENDAS DOBRARÁ NOS PRÓXIMOS ANOS

Devido aos recentes escândalos públicos das fast fashion, problemas financeiros (tipo a H&M que tem mais de 4.3 bilhões de dólares em roupas não vendidas e registrou queda nas vendas há vários meses) e maior conscientização do público esta parece uma realidade cada vez mais possível. O relatório ThredUp sugere que o mercado de revenda de roupas dobrará de 20 bilhões para 41 bilhões até 2022, e pode responder por até 11% do guarda-roupa das pessoas.

MILLENNIALS AJUDAM A IMPULSIONAR A TENDÊNCIA

Quando se tratam de millennials, pesquisas mostram que 77% deles dizem que preferem comprar de marcas ambientalmente conscientes e sao mais propensos a mudar seu consumo por razões ambientais. As fast fashion ensinaram o público a pagar barato pelas roupas. Só que o método de produção de roupas baratas das grandes redes não é dos melhores, como bem sabemos (se não sabe, vale assistir a True Cost na Netflix). Envolve muita exploração do meio ambiente, a utilização de mão de obra em condições análogas à escravidão e um produto com qualidade tão baixa que as roupas não duram.

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OS BRECHÓS SÃO UMA ALTERNATIVA A CRISE

O mercado de revenda tem crescido expressivamente nos últimos anos. Seja em sites hypados como o Enjoei, no aumento da busca por brechós físicos e até a proliferação de brechós online, começa a se criar uma nova cultura de moda. Comprar em brechós é a alternativa pra quem procura peças de qualidade por preços mais baixos, parecidos com os das grandes redes. Claro que isso não quer dizer que os brechós irão substituir o varejo tradicional, mas é um grande avanço rumo a um mundo mais sustentável. O relatório da TrhedUp cria vários cenários pra termos ideia do impacto ambiental disso tudo. Um dos exemplo é que se todos os americanos comprassem roupas de revenda por um ano, economizariam 13 trilhões de galões de água, o qué seria o suficiente para cobrir todas as necessidades de água da Califórnia, o estado mais populoso dos EUA por 14 anos. Acesse o relatório completo (em inglês) em: www.thredup.com/resale.


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SUL (N) INAS Um editorial pelo Brechรณ Nina Garimpa, de Pelotas, Rio Grande do Sul. 2019

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otografado no condomínio Las Acácias e nas dunas do Laranjal, em Pelotas, Rio Grande do Sul, o SUL(n)INAS saúda a natureza e suas cores, sugerindo atenção com o meio ambiente e um consumo menos apressado, que envolve reuso de roupas e memória afetiva.

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Assim foi intitulado fazendo referência à região Sul e às meNINAS fotografadas — Isabela e Yohanna — que foram estudar em Pelotas e viraram nesse projeto símbolo de todos que trazem seus amores e valores pra cidade e se misturam a outros daqui, ajudando a deixar Pelotas ainda mais mais criativa e viva.


As peรงas deste editorial foram garimpadas pelo Nina Garimpa e representam o estilo das roupas que o brechรณ possui e que seus clientes mais procuram.

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A natureza resiste e nos inspira a praticar a moda sustentรกvel!

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ESTILO NOS DETALHES

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CRUA DESIGN

Natural e leve: acessórios minimalistas feitos com resíduos de madeira. — @crua.design cruadesign.com

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ZÓIA

Arte, design e sustentabilidade aliados à sensibilidade: peças criadas a partir de resíduos urbanos reciclados. — @zoiabrasil zoia.lojavirtualnuvem.com.br

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LÍVIA BASSI

Joias artesanais, feitas com resíduos de metais nobres, inspiradas na arquitetura e em formas geométricas. — @joiasliviabassi joiasliviabassi.com.br

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HAYÔ

Óculos feitos a partis de madeira de reuso, que aliam memória e trdição, à beleza e qualidade.

hayo.com.br

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OAZÔ

Bolsas artesanais e exclusivas, feitas a partir do reaproveitamento e upcycling de sobras de materiais têxteis.e qualidade.

oazoartisan.com

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