Gordon Child - Introdução a Arqueologia

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INTRODUÇÃO A ARQUEOLOGIA

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como próximo de um dos três ou quatro tipos de calçado. Da mesma maneira, embora a moda mude com o tempo, todas as facas usadas na Inglaterra em determinada data (seja em 1950, 1750, 1250, 250 d. C. ou 250 a. C.) reproduzem exactamente uma ou outra espécie de um grupo muito limitado de padrões. Os arqueólogos têm que ignorar as pequenas particularidades individuais de uma dada faca e tratá-la como um exemplo de um ou outro destes tipos-padrão, uma unidade Ce uma detex*minada classe de facas. Só assim é possível reduzir a espantosa variedade da conduta humana a proporções ajustáveis ao tratamento científico. Um arqueólogo, portanto, renuncia a alguns dos objectivos usualmente pretendidos pelos historiadores. Um" arqueólogo, como tal, pode estudar as características gerais da pintura de um vaso grego, traçar o seu desenvolvimento estilístico e distingui-lo da arte cerâmica fenícia ou egípcia. Não seria já próprio de um arqueólogo, mas de um historiador de arte, procurar atribuir determinado phiale * mais a Euphronios do que a Euthimedes ou fazer a apreciação estética sobre uma qualquer idiossincrasia do pintor. Assim também um arqueólogo, sem outro qualquer auxílio, poderia pretender determinar aproximadamente onde e quando foi inventado o carro de rodas ou a locomotiva. Mas só com a ajuda de documentos escritos é que provaria que a Rocket I 2 foi realmente a primeira locomotiva; e, como os carros foram inventados antes da escrita, nunca logrará identificar qual foi o primeiro. Em cada caso, só quando o modelo original foi copiado e reproduzido é que se tornou ura tipo e deste modo um dado arqueológico normal.

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Prato grego. (N. do Tj Refere-sé à locomotiva inventada por Stephenson em 1827 e que recebeu essa designação diferencial. (N. ão T.) 2


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