Guia Saúde - JCS

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SOROCABA • QUARTA-FEIRA • 5 DE ABRIL DE 2017

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As doenças que mais matam no mundo ACERVO PESSOAL

Pressão alta, colesterol alto, tabagismo, obesidade e aids estão entre as principais patologias que levam à morte Adriane Mendes jadriane.mendes@jcruzeiro.com.br

ressão alta, colesterol alto, tabagismo, obesidade e aids, entre outras doenças, estão entre as dez maiores causadoras de mortes no mundo, de acordo com dados da Organização Mundial da Saúde (OMS). E os especialistas alertam que a população deve adotar hábitos de vida saudáveis para evitar os riscos de ser atingida por esses males. O cardiologista Daniel Horta Costa, pós-graduado em cardiologia e terapia intensiva, e o infectologista e

P

CHECK-UP

Daniel Horta Costa: há mais jovens com problemas cardíacos

professor do curso de Medicina da Pontifícia Universidade Católica (PUC) Sorocaba, Fernando José Goes Ruiz, falam como driblar tais doenças por meio da prevenção, bem como minimizar seus efeitos após diagnosticadas. Para o cardiologista Horta, pressão alta, colesterol alto, obesidade e tabagismo, são fatores de risco importantes para doenças cardiovasculares, principalmente, o infarto, que segundo ele, está entre as

três principais causas de morte no Brasil. O médico observa que esses males afetam cada vez mais os jovens, e atenta que, “no jovem, a doença cardiovascular tem como característica ser mais grave, porque o coração está menos preparado, resultando em consequências piores que no idoso”. Ele também afirma que em comparação ao número de homens, as mulheres são menos acometidas pela vantagem dos hormônios

Mário Cândido de Oliveira Gomes

Os dez maiores riscos para a saúde A Organização Mundial da Saúde (OMS) divulgou a lista dos dez maiores riscos para a saúde da população. Estes riscos juntos são responsáveis por 40% das 56 milhões de mortes que ocorrem anualmente. O controle desses fatores de risco pode aumentar a vida útil das pessoas, como na África, que pode ganhar mais 16 anos de expectativa de vida, ou mesmo nos países ricos, que pode aumentar mais cinco anos. Confira a seguir os dez itens mencionados: A pressão alta é responsável por 7,1 milhões de mortes por ano ou 13% da mortalidade global, através das complicações cardiovasculares (infarto, derrames, tromboses, etc). O tabagismo provocou 9 milhões de mortes em 2000, com significativo aumento em relação a 1999, quando matou 3,9 milhões de pessoas, por meio de câncer de pulmão, bronquites, doença pulmonar obstrutiva crônica, enfisemas, etc. A OMS prevê 8.4 milhões de mortes até 2020, caso não sejam adotadas medidas radicais pelos governantes. Embora o número de fumantes tenha diminuído nos últimos anos, o ingresso de adolescentes no clube dos tabagistas continua alto. O colesterol está associado diretamente a 7,9 milhões da mortalidade global ou 4,4 milhões de mortes/ano, através da aterosclerose e suas conse-

quências, como angina, infarto, derrames, tromboses, etc. A taxa ideal de colesterol total para os adultos é abaixo de 200mg/dL, devendo ser mantido o mau colesterol (LDL) inferior a 130mg/dL. A subalimentação é a maior causa de mortalidade infantil nos países pobres e responsável por 3,4 milhões de óbitos totais em 2000, sendo 1,8 milhões somente na África. O sexo sem proteção respondeu por 2,9 milhões de mortes somente em 2000, sobretudo por causa da aids. que é a quarta maior causa de mortes no mundo. Aliás, existem 40 milhões de portadores do vírus, sendo 29 milhões somente na África. A aids já matou mais que a somatória de todas as guerras e as perspectivas para os próximos anos continua sombria, em virtude da falta de profilaxia. As bebidas alcoólicas afetam principalmente a Europa e a América, matando 1,8 milhões de indivíduos por ano, por meio da cirrose hepática, decadência física e psíquica. Entre os alcoólatras é grande a taxa de suicídio, em virtude da psicose alcoólica. A má qualidade da água provoca 1,7 milhões de mortes por ano, em decorrência das infecções intestinais, desidratação e diarréia crônica, pois a água é elemento vital para a manutenção da vida, visto que

o organismo é composto de 70% de líquido. A fumaça de combustíveis sólidos acarreta 35,7% das infecções respiratórias, 22% das doenças pulmonares crônicas e 1,5% dos tumores de pulmão e traquéia. A carência de ferro é responsável pela morte de 800 mil pessoas/ano, sendo que dois bilhões de pessoas sofrem de anemia ferropriva, principalmente nos países do terceiro mundo, em decorrência de parasitoses intestinais, como os ancilostomídeos. Também por falta de ingestão de alimentos que contêm ferro, como legumes, verduras e proteínas animais. E, finalmente, a obesidade, que mata mais de meio milhão de pessoas/ano, somente na América do Norte e Europa Ocidental, onde se situam os países mais ricos do planeta. A obesidade mata através de suas consequências, como diabetes, pressão alta, aumento de colesterol, etc. O conjunto destes dez fatores reduz a expectativa de vida e aumenta uma infinidade de enfermidades e suas complicações. A redução destes índices constitui um dos projetos mais importantes da OMS para os próximos anos. Artigo extraído do livro Doenças - Conhecer para prevenir (Ottoni Editora), de autoria do médico Mário Cândido de Oliveira Gomes, falecido aos 77 anos, no dia 6 de junho de 2013. OBS: Artigo escrito no início dos anos 2000

EMÍDIO MARQUES / ARQUIVO JCS (5/12/2013)

(coquetel), nos idos de 1995/6, fazendo com que muita gente ainda venha a se contaminar. Ele também observa bastante desleixo das pessoas na prevenção, a despeito das frequentes campanhas públicas de conscientização. Ele alerta que “estamos enfrentando o recrudescimento da epidemia nos dias de hoje, com um grande número de casos de sífilis associados ou não. Embora isto esteja ocorrendo com mais frequência na população homossexual Fernando Ruiz: mais casos de sífilis associados à aids masculina, todas as pesfemininos, como o “estró- ser minimizada, explica o soas estão susceptíveis”, geno”, serem protetores infectologista Fernando afirma. cardíacos. Porém, isso Ruiz. Ele também chama a Ruiz orienta que quem muda com a menopausa e atenção para o fato de que toma medicação antirretroos índices de problemas o Brasil hoje há uma polí- viral de forma contínua, recardiovasculares acabam tica bem estabelecida no gular, e cultiva hábitos sause igualando ao dos ho- atendimento às pessoas dáveis, inclusive com ativique vivem com HIV/Aids, dade física orientada, tem mens. O cardiologista destaca com atendimento, subsí- sobrevida muito semeque tais riscos podem ser dios e fornecimento de me- lhante à população em gereduzidos com dieta equili- dicação correta. O que ral. Porém, “observa-se brada, bem como evitando ainda deixa muito a dese- uma ocorrência acima da o tabagismo (fator de risco jar, segundo o especialista, média de doenças malignas fundamental, onde a única é a prevenção mais eficaz. associadas ao HIV (neoplaRuiz explica que hoje “a sias), doenças cardiovascusolução é abandonar o vício), o consumo excessivo falta da prática lares e pulmode álcool e praticar ativi- do sexo seguro nares associatem maior pardade física regularmente. das ao taban Adotar ticipação na gismo. Essa Aids ainda mata hábitos de vida elevada morcasuística, até Apesar dos avanços no porque o uso ocorre saudáveis ajuda talidade tratamento, a aids conti- de drogas injeem países nuará a matar nos países táveis tem sido subdesenvolna prevenção, em desenvolvimento, onde s o b r e p u j a d o vidos, populaorientam os as condições de diagnóstico por drogas ções especiais precoce e atendimento orais, inalácomo drogadimédicos mais especializado inexis- veis, etc.” O intos, excluídos tem, segundo os médicos. fectologista não e encarceraPor outro lado, com uma descarta, porém, que novos dos. Políticas de prevenção política eficaz de enfrenta- casos surjam a cada dia e de tratamento eficazes mento e condições adequa- pelo fato da doença tornar- evitariam essa mortalidas para o exercício da me- se crônica desde o advento dade”, destaca o infectolodicina, a situação poderá da terapia de alta eficácia gista.


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