cura arquitetura da em clínica de retaguarda
elaboração de um modelo de espaço de acolhimento aos pacientes em tratamento intermediário pós internação












elaboração de um modelo de espaço de acolhimento aos pacientes em tratamento intermediário pós internação
elaboração de um modelo de espaço de acolhimento aos pacientes em tratamento intermediário pós internação
universidade presbiteriana mackenzie
arquitetura da cura em clínica de retaguarda: elaboração do modelo de espaço de acolhimento aos pacientes em tratamento intermediário pós internação são paulo 2022
Steffi Yurie Yamamuro Monografia apresentada ao curso de Arquitetura e Urbanismo da Universidade Presbiteriana Mackenzie como pré requisito para obtenção do título de Bacharel em Arquitetura e Urbanismo.
Steffi Yurie Yamamuro Orientadora: Profa Dra Maria Augusta Justi Pisani
Data de aprovação: 05-dezembro-2022
Monografia submetida a banca examinadora:
Profª Drª Maria Augusta Justi Pisani Orientadora
Profª. Drª. Luciana Monzillo de Oliveira Convidada interna
Profª. Me. Natacha Seabra Viana de Freitas Convidada externa
Ao decorrer desta longa, e ao mesmo tempo, curta jornada que passei nestes 5 anos da faculdade, tive a grande oportunidade de conhecer pessoas incríveis que sempre me encorajaram a continuar buscando por conhecimento e novos desafios. Não existem palavras capazes de expressar o quanto sou grata as pessoas que estiveram ao meu lado no decorrer desta jornada, mas palavras são tudo o que eu posso usar neste momento. Gostaria de agradecer a todos os professores que me acompanharam durante esses 5 anos. Agradecer pela paciência, pelo profissionalismo e pela confiança que vocês proporcionaram ao longo das salas de aula. À minha orientadora de monografia Professora Doutora Maria Augusta Justi Pisani, que me acompanha deste o quinto semestre, gostaria de agradecer fortemente por todas as orientações, clareza nas proposições e por toda atenção, disposição e carinho em cada um dos atendimentos realizados. Com certeza levarei comigo todo conhecimento adquirido pela professora, junto com as lembranças de conversas com risadas dos atendimentos de segunda feira. Para o meu orientador de projeto Professor Esp. Pedro Nosralla Junior, gostaria de agradecer fortemente pelo incentivo desde o primeiro dia de aula a buscar novas propostas projetuais, pela energia, ânimo e perseverança e paciência de transmitir seu conhecimento pera a formação acadêmica de seus alunos. Aos professores de atividade 3 e 4 Prof. Dr. Milton Vilhena Granado Júnior, Prof. Dr. Adhemar Carlos Pala e Prof. Dr. Afonso Celso Vanoni de Castro, gostaria de agradecer a disponibilidade e todas as proposições que permitiram a concretização deste trabalho final de graduação.
Além disso, gostaria de agradecer aos meus colegas Vanessa, Maria Paula, Bella, Beatriz, Carol, Letícia, Luciana e Belle que caminharam ao longo de todos os momentos destes anos comigo, pelo companheirismo em momentos mais difíceis da faculdade e pela segurança emocional que vocês proporcionaram no cotidiano universitário. Agradeço também a todos os integrantes do time de basquete da arquitetura Mackenzie, que me permitiram conhecer veteranas, calouras e treinadores incríveis que marcaram a minha vida universitária dentro e fora das quadras. Para as minhas amigas Laura, Giulia e Bianca, que me acompanham desde infância e colégio, mesmo não estando presente na mesma faculdade (ou até no mesmo país), gostaria de agradecer muito por sempre me incentivarem nos momentos mais desafiadores da faculdade e do cotidiano.
Por fim, ao meu pai Herberto Macoto Yamamuro e minha mãe Kyoko Yamamuro, gostaria de agradecer por sempre colocar a educação em primeiro lugar desde a infância. O incentivo por frases doces e as vezes rígidas permitiram a hoje, estar concluindo o trabalho final de graduação. Ao meu irmão Nicolas Rikiya Yamamuro, agradeço pelo companheirismo e pelo apoio durante esta jornada. Meu imenso obrigada, e com muito amor dedico este trabalho a vocês.
Doença, sofrimento, morte, dentre outros sentimentos são elementos pejorativos que historicamente o ser humano atribuiu para os ambientes hospitalares, embora este mesmo local também atue como ambiente de passagem que proporcionam a cura de enfermidade aos pacientes que frequentam o equipamento. Nesse contexto, conforto e qualidade são termos que os ambientes hospitalares veem requerendo cada vez mais por estar diretamente ligado à saúde e bem-estar do homem. Diante disso, o presente trabalho busca trazer um estudo sobre o processo de transformação por humanização da arquitetura hospitalar, procurando fatores que visam a melhoria de sua qualidade espacial e de sua infraestrutura para o conforto e bem estar dos frequentadores do equipamento.
Tendo em vista o acréscimo da demanda ao tratamento de pacientes com doenças crônicas, a ampliação de serviços de reabilitação e tratamentos intermediários que visam auxiliar os pacientes com acompanhamento médico de longa durabilidade, torna-se crucial para a garantia da qualidade da saúde pública. Dessa forma, o objetivo principal do trabalho é estudar como os projetos de intervenção em serviços de saúde podem trazer impacto na garantia da ambiência hospitalar digna para os frequentadores do espaço, em que o ambiente físico, social, profissional e de relações interpessoais devem estar relacionados a um projeto de saúde voltado para a atenção acolhedora, resolutiva e humana.
Assim, para o desenvolvimento do trabalho projetual, optou-se por intervir no distrito de vila mariana, em frente ao Hospital Japonês Santa Cruz, propondo a implantação de uma Clínica de Retaguarda (ou transição) em que futuramente, o seu modelo arquitetônico possa ser replicado e adaptado em diversos locais da cidade. O equipamento de saúde visa dar continuidade ao tratamento iniciado no hospital, oferecendo processo de tratamento de baixa complexidade com internação hospitalar prolongada, em que o ato de “habitar” no ambiente bem projetado impacta fortemente na recuperação do bem-estar do paciente, ajudando a reinserção dele na sociedade.
Palavras chaves: Clínica de retaguarda; humanização; conforto ambiental; ambiência hospitalar; arquitetura da cura; sustentabilidade
Illness, suffering, death, among other feelings, are pejorative elements that human beings have historically attributed to the healthcare environments, although this same place also serves for transition environment that provide the cure of illness to patients who use the equipment. In this context, comfort and quality are terms that hospital environments are increasingly demanding because they are directly linked to human health and well-being.
In view of this, the present academic work seeks to bring a study of the hospital architecture transformation process by humanization, looking for factors that aim to improve its spatial quality and its infrastructure for the comfort and well-being of the users of the equipment.
Considering the increased demand for the treatment of patients with chronic diseases, the expansion of rehabilitation services and intermediate treatments that aim to help patients with long-term medical follow-up becomes crucial to guarantee the quality of public health. Thus, the main objective of this work is to study how the architectural intervention on the healthcare services can give a positive impact on guaranteeing a dignified hospital environment for those who frequent the space, in which the physical, social, professional environment and interpersonal relationships must be related to a project focused on welcoming and resolute healthcare attention.
Thus, for the development of the design work, it was decided to intervene in the district of Vila Mariana, in front of the Japanese Hospital Santa Cruz, proposing the implementation of an Intermediate Care Clinic (or transition care clinic) in which, in the future, the architectural model can be replicated and adapted in several places in the city. The health equipment aims to continue the treatment started in the hospital, offering a low-complexity treatment process with prolonged hospitalization, in which the act of “dwelling” in the well-designed environment has a strong impact on the recovery of the patient’s well-being, helping to his reintegration into society.
Keyword: Intermediate care clinic; humanization; environmental comfort; hospital ambience; healing architecture; sustainability
Figura 01: fotografia da cartilha “reabilitação”.
Figura 02: fotografia da cartilha “reabilitação”.
Figura 03: fotografia da cartilha “reabilitação”.
Figura 04: imagem ilustrativa da implantação Royal Naval Hospital.
Figura 05: fotografia cartilha “Humaniza SUS”.
Figura 06: quarto de internação Centro de oncologia infantil Princess Máxima (LIAG Architect). O projeto trouxe atenção especial a aspectos como a luz do dia, o ar, as possíveis vistas, a claridade e o layout geral, a fim de facilitar o processo de cura dos pacientes.
Figura 07: área externa do Centro de oncologia infantil Princess Máxima (LIAG Architect) com vistas com área verde.
Figura 08: fotografia da clínica de tratamento de infertilidade feminina - Japão (Takaharu Tezuka). O projeto trouxe atenção na diversidade na escolha de materialidade e a presença de vegetação nos ambientes internos, afim de transmitir conforto e qualidade ambiental por meio da sensação do tato pelos pacientes.
Figura 09: quarto da clínica de tratamento de infertilidade feminina - Japão (Takaharu Tezuka).
Figura 10: diagrama sintético elaborado pela pesquisa de Danny Boglev e David Peoples da AECOM, apontando os principais problemas acústicos apontados em hospitais.
Figura 11: organograma de atendimento à saúde em clínica de retaguarda de Althea.
Figura 12: fotografia academia Humana Magna.
Figura 13: fotografia quarto internação Humana Magna.
Figura 14: fotografia quarto internação Yuna.
Figura 15: fotografia Yuna.
Figura 16: fotografia sala fisioterapia Althea.
Figura 17: fotografia sala convivência Althea.
Figura 18: delimitação da área de intervenção.
Figura 19: inserção urbana do distrito de Vila Mariana.
Figura 20: principais Eixos de mobilidade do distrito Vila Mariana.
Figura 21: planta da Capital do Município de São Paulo do ano de 1888, publicada no livro História de Santo Amaro, vendo-se nela as localidades de Morro Vermelho, Cruz das Almas (Vila Mariana), Pinhaíba e Curral Grande.
Figura 22: pátio de Manobras e Oficinas da Companhia Carris de Ferro São Paulo a Santo Amaro, em Vila Mariana (1900).
Figura 23: estação da Companhia Carris de Ferro São Paulo a Santo Amaro, localizado no Largo de Vila Mariana (1900).
Figura 24: mapa da rede de trilhos na cidade de São Paulo.
Figura 25: dados cobertura vegetal e áreas verdes públicas por habitante.
Figura 26: mapa cobertura vegetal de Vila Mariana.
Figura 27: percentual da população residente distante a mais de 1 km de parques.
Figura 28: mapa de equipamentos de saúde de vila mariana.
Figura 29: coeficientes de Leitos SUS por mil habitantes.
Figura 30: população total e densidade demográfica, 1980 a 2010.
Figura 31: índice de desenvolvimento Humano do Município, 2000 e 2010.
Figura 32: mapa de macroáreas.
Figura 33: mapa Lei de parcelamento, uso e ocupação do solo (LEI Nº 16.402/16).
Figura 34: delimitação da área de estudo sobre mapa das chácaras.
Figura 35: proposta “Eixo Av. Jabaquara/Rua Domingo de Morais/Rua Vergueiro”.
Figura 36: ocorrências; Mortes e número de afetados por tipo de desastre.
Figura 37: mapa meio físico.
Figura 38: localização da Bacia Hidrográfica do Córrego Ipiranga
Figura 39: processo de urbanização 1872.
Figura 40: processo de urbanização 1882 - 1914.
Figura 41: processo de urbanização 1915 a 1929.
Figura 42: levantamento cartográfico Sara Brasil 1930.
21 23 23 31 35 37 37 38 38 39 41 42 42 42 42 42 42 49 50 51 52 53 53 54 54 55 55 56 56 57 57 58 59 59 60 61 62 63 63 63 64 64
Figura 43: alagamento da Av. Ricardo Jafet em 2008.
Figura 44: fotografia dos diretores e sócios da Dojinkai.
Figura 45: panfleto sobre febre amarela distribuído pela Dojinkai com o intuito de realizar o programa de orientação sanitário para os imigrantes japoneses.
Figura 46: clínica médica fundada pelo Dr. Hosoe em Bastos com o intuito de ajudar a assistência de saúde do interior de São Paulo.
Figura 47: capa de publicação da Dojinkai que destacava a construção do novo hospital.
Figura 48: vista aérea do Hospital Santa Cruz durante a sua construção, podendo identificar-se o Colégio Arquidiocesano (acima) e a Casa modernista do arquiteto Gregori Warchavchik, construída em 1928.
Figura 49: fotografia da entrada do Hospital Santa Cruz.
Figura 50: planta do Hospital Santa Cruz.
Figura 51: tsurus gigantes modelado pela ceramista Olga Ishida da exposição exibida no jardim do Pavilhão Japonês do Parque Ibirapuera para comemorar seus 60 anos; depois colocado no jardim japonês do Hospital como parte da decoração.
Figura 52: fotografia retirada na visita do principe Akishino e princesa Kiko do Japão no Hospital Santa Cruz.
Figura 53: fotografia do arquiteto João da Gama Filgueira Lima (Lelé).
Figura 54: fotografia do hospital sarah kubitschek de salvador.
Figura 55: topografia do terreno onde foi implantado o Sarah Salvador.
Figura 56: fotografia aérea da implantação do hospital Sarah Kubitschek.
Figura 57: planta baixa do hospital Sarah Kubitschek de Salvador.
Figura 58: fotografia do centro de estudo hospital Sarah Kubitschek.
Figura 59: fotografia da hidroterapia do hospital sarah kubitschek de salvador.
Figura 60: fotografia das divisórias dos ambientes feitas com argamassa armada.
Figura 61: carta bioclimática de Salvador.
Figura 62: corte e planta esquemáticos do sistema de ventilação.
Figura 63: obra de Athos Bulcão na fachada.
Figura 64: sala de espera integrado com jardim.
Figura 65: corredor integrado com jardim.
Figura 66: fotografia Maggie Centre de Dundee.
Figura 67: fotografia da entrada de Maggie Centre de Dundee.
Figura 68: : vista aérea da implantação do Maggie Centre de Dundee. Percebe-se a independência do edifício da unidade proposta do complexo hospitalar de seu entorno.
Figura 69: planta térreo Maggie Centre unidade Dundee.
Figura 70: fotografia da Sala de estar de convivência de Maggie Centre de Dundee.
Figura 71: fotografia cobertura Maggie Centre de Dundee.
Figura 72: corte longitudinal do edifício, demonstrando a estrutura de madeira da cobertura. Percebe-se que a inclinação variável das tesouras permitiu o dimensionamento de janelas com tamanhos distintos, possibilitando a entrada da luz natural com incidência e intensidade distintas ao longo do dia.
Figura 73: fotografia do paisagismo Maggie Centre de Dundee.
Figura 74: fotografia espaço de convivência de Maggie Centre de Dundee.
Figura 75: fotografia sala leitura Maggie Centre de Dundee.
Figura 76: fotografia do centro de estudo Albert Einstein.
Figura 77: corte perspectivado do projeto. Percebe-se a presença da passarela que conecta o centro de estudo com o hospital.
Figura 78: fotografia implantação do centro de estudo Albert Einstein
Figura 79: fotografia montagem da cobertura.
Figura 80: esquema indicando a densidade dos pontos de proteção.
Figura 81: fotografia do paisagismo do projeto.
Figura 82: colagem ilustrativa do projeto.
Figura 83: cartografia sensível da área de intervenção desenvolvida na fase inicial da concepção do projeto.
Figura 84: mapa inserção geral da área de intervenção e vista aérea do terreno escolhido.
65 66 67 67 68 68 69 69 70 70 73 74 75 76 76 77 78 78 79 80 81 82 82 83 84 84 85 86 87 87 87 88 88 89 90 91 91 92 92 95 96 98
Figura 85: vista aérea da área de estudo.
Figura 86: trecho da cartografia sensível.
Figura 87: fotografia da rua santa cruz, uma das principais ruas que norteiam o bairro.
Figura 88: mapeamento inicial do terreno de intervenção.
Figura 89: fotografia estacionamento descoberto (atual terreno).
Figura 90: fotografia posto de gasolina desativado (atual estacionamento).
Figura 91: fotografia do da residência que abriga o instituto fonte.
Figura 92: diagrama das pré-existências da área de intervenção.
Figura 93: fotografia do Hospital Japonês Santa Cruz.
Figura 94: fotografia entrada Parque Modernista.
Figura 95: fotografia muro de delimitação do Parque Modernista.
Figura 96: mapa de zoneamento.
Figura 97: mapa uso do solo.
Figura 98: mapa meio físico.
Figura 99: mapa vegetação.
Figura 100: mapa de transporte.
Figura 101: mapa equipamento de saúde.
Figura 102: corte esquemático da área de estudo.
Figura 103: diagrama de programa preliminar.
Figura 104: isométrica da área de intervenção.
Figura 105: corte urbano da área de estudo.
Figura 106: diagrama transposição.
Figura 107: diagrama implantação.
Figura 108: diagrama volumétrica.
Figura 109: diagrama volumetria final.
Figura 110: croqui inicial.
Figura 111: perspectiva explodida com setorização do programa.
Figura 112: gráfico de distribuição programática.
Figura 113: implantação geral do projeto.
Figura 114: planta térreo cota 795.
Figura 115: perspectiva externa acesso térreo (cota 795).
Figura 116: perspectiva interna átrio central do térreo (cota 795).
Figura 117: isométrica do pavimento térreo (cota 795).
Figura 118: perspectiva interna do átrio central.
Figura 119: planta térreo cota 790.
Figura 120: perspectiva externa praça (cota 790).
Figura 121: perspectiva externa espelho d’agua (cota 790).
Figura 122: perspectiva interna cafeteria (cota 795).
Figura 123: planta subsolo (cota 783).
Figura 124: planta do primeiro pavimento cota 800,5.
Figura 125: perspectiva interna da unidade de internação.
Figura 126: ampliação planta unidade de internação 25m².
Figura 127: ampliação planta unidade de internação 27m².
Figura 128: diagrama isométrica da unidade de internação.
Figura 129: perspectiva interna do corredor de enfermagem.
Figura 130: planta do segundo pavimento cota 805.
Figura 131: perspectiva interna da passarela no átrio central.
Figura 132: planta ático.
Figura 133: isométrica estrutural.
Figura 134: ampliação laje steel deck metform.
Figura 135: diagrama dos detalhes construtivos.
Figura 136: gráfico de pré-dimensionamento pilar e vigas metálicas.
Figura 137: dimensionamento pilar e vigas metálicas.
Figura 138: corte detalhado do jardim na laje steel deck.
Figura 139: corte aa.
Figura 140: elevação rua capitão rosendo - fachada noroeste.
98 99 99 100 100 101 101 102 102 103 103 104 104 105 105 106 106 107 107 108 109 110 110 110 110 111 112 113 114 117 118 120 122 123 124 126 128 130 131 132 134 136 136 136 137 138 140 142 143 143 143 144 144 144 145 146
Figura 141: elevação praça fundo - fachada nordeste.
Figura 142: corte bb.
Figura 143: corte cc.
Figura 144: elevação rua santa cruz - fachada sudeste.
Figura 145: elevação rua dr. lopes de almeida - fachada sudoeste.
Figura 146: corte dd ampliado.
Figura 147: elevação trecho corte dd.
Figura 148: segmentos de planta corte dd.
Figura 149: corte detalhado 01 - encontro divisória + piso.
Figura 150: corte detalhado 02 - transição piso elevado + jardim.
Figura 151: corte detalhado 03 - fixação superior painel móvel.
Figura 152: corte detalhado 04 - fixação inferior painel móvel.
Figura 153: corte ee ampliado.
Figura 154: corte detalhado 05A - vidro laminado low-e.
Figura 155: corte detalhado 05A - vidro insulado laminado low-e.
Figura 156: corte perspectivado - átrio central.
Figura 157: perspectiva interna do segundo átrio com vegetação.
Figura 158: gráfico de temperatura.
Figura 159: carta bioclimática Givoni – SP.
Figura 160: gráfico de irradiação anual.
Figura 161: gráfico da rosa dos ventos.
Figura 162: isométrica do projeto com indicação das fachadas analisadas.
Figura 163: carta solar de São Paulo.
Figura 164: fotografia do muro do parque casa modernista.
Figura 165: planta 1°pavimento.
Figura 166: análise da obstrução do entorno.
Figura 167: máscara de obstrução térreo.
Figura 168: máscara de obstrução 1°pavimento.
Figura 169: máscara de obstrução 2°pavimento.
Figura 170: dimensionamento dos brises de acordo com a carta solar.
Figura 171: corte e elevação do pré-dimensionamento dos montantes horizontais.
Figura 172: planta do dimensionamento dos montantes verticais.
Figura 173: elevação do brise colmeia dimensionado.
Figura 174: adaptação do brise colmeia dimensionado para painel móvel modular de madeira.
Figura 175: isométrica do quarto com painéis de madeira móvel servindo de quebra-sol.
Figura 176: fachada dos quartos de internação.
Figura 177: análise da obstrução do entorno.
Figura 178: fotografia do entorno residencial.
Figura 179: planta 2°pavimento.
Figura 180: máscara de obstrução 2°pavimento.
Figura 181: dimensionamento dos brises de acordo com a carta solar.
Figura 182: planta cobertura.
Figura 183: planta cobertura com demarcação dos pontos de análise.
Figura 184: carta solar análise ponto A.
Figura 185: carta solar análise ponto B.
Figura 186: carta solar análise ponto C.
Figura 187: carta solar análise ponto D.
Figura 188: gráfico com período de insolação átrio central (2°pavimento).
Figura 189: cobertura shed.
Figura 190: carta solar análise ponto A.
Figura 191: carta solar análise ponto B.
Figura 192: carta solar análise ponto C.
Figura 193: carta solar análise ponto D.
Figura 194: gráfico com período de insolação átrio central (térreo).
146 148 149 150 150 152 153 154 155 155 156 156 157 157 157 161 162 164 165 165 165 166 166 167 167 167 168 168 168 169 169 170 170 170 170 170 171 171 171 171 172 172 173 173 173 173 173 174 174 174 174 175 175 175
resumo
abstract 2. objetivo geral
lista de figuras 3. objetivo específico
25
08 19
09 20
4. procedimentos metodológicos
1.1. introdução
1.2. humanização do ambiente hospitalar
1.3. conceito de saúde e surgimento da humanização
11 21 41
introdução fundamentação teórica território
1.4. programa de humanização no Brasil
1.5. relação homem e seu espaço habitado
1.6. LAR x homem
2.1. clínica de retaguarda
2.2. estratégias projetuais hospitalares
1. justificativa 1. humanização da arquitetura 1. delimitação da área de intervenção
2.3. atributos para humanização do ambiente hospitalar
2.1. inserção urbana | distrito vila mariana
2.2. vila mariana e sua estruturação urbana
2.3. infraestrutura
2.4. indicador demográfico da região 2.5. legisção urbanística e subprefeitura 2.6. córrego ipiranga | av. ricardo jafet
17 27 47 49 66
2. arquitetura da cura em clínica de retaguarda 2. contexto 3. hospital japonês santa cruz
3.1. a história do hospital
3.1.1. fundação da sociedade japonesa de beneficência no Brasil Dojinkai 3.1.2. a construção do hospital
3.2. o hospital santa cruz na atualidade
50
estudo de caso
73 2. hospital do aparelho locomotor Sarah Kubitschek | Salvador 73 83 89
93 95 107 108 162 174
1. introdução 3. Maggie’s Centres | Dundee 4. Centro de pesquisa e ensino Albert Einstein 1. objeto projetual
96
proposta projetual
2. área de estudo
2.1. cartografia sensível
4.1. partido inicial 4.2. programa de necessidades
4.3. o projeto 4.4. partido estrutural 4.5. detalhamento construtivo
5.1. objetivo 5.2. metodologia 5.3. análise climática 5.4. análise insolação
5.4. análise iluminação do átrio central 5.5. conclusão
considerações finais referências
71 179 180
parte V parte VI parte VII
A mudança do perfil epidemiológico como o advento do envelhecimento populacional, fez com que as doenças crônicas não transmissíveis (DCNT) ganhem destaque como agravante do problema de saúde pública no cenário mundial, em relação às doenças infectocontagiosas (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2018).
Levantamentos feitos por Ministério da Saúde (2018) indicaram que no ano de 2016, 76,4% das mortes no país (83,3% no sexo feminino e 71,1% no masculino) corresponderam às doenças não transmissíveis. Já as doenças transmissíveis foram responsáveis por uma parcela menor de 11,2% das mortes (5,3% no sexo feminino e 11,0% no masculino).
Tendo em vista o acréscimo da demanda ao tratamento de pacientes com doenças crônicas, a ampliação de serviços de reabilitação e tratamentos intermediários que visam auxiliar os pacientes com acompanhamento médico de longa durabilidade, torna-se crucial para a garantia da qualidade da saúde pública (WHO,2017).
Historicamente, a reabilitação tem sido uma baixa prioridade para muitos governos, especialmente aqueles com investimento
limitado em saúde, o que resultou em serviços subdesenvolvidos e mal coordenados. (WHO, 2017, p. 11, tradução nossa)
Levando em conta a importância da eficiência econômica e a otimização do uso de serviço médico para o funcionamento de um empreendimento hospitalar, o serviço reabilitação nos sistemas de saúde vêm cada vez mais demandando fortalecimento para que serviços de alta qualidade e preços acessíveis estejam disponíveis para todos os que deles necessitam. Esse fortalecimento não só garantiria o respeito pelos direitos humanos, mas também melhoraria a saúde e proporcionaria benefícios sociais e econômicos (WHO, 2017).
Além disso, conforme abordado por Rocha (2011), historicamente, o ambiente hospitalar sempre foi encarado de uma forma negativa pelos indivíduos, por possuir imagem de um local relacionado à dor, sofrimento, morte, entre outros sentimentos com aspectos pejorativos. Nesse contexto, a aplicação do conceito de hospital humanizado ou terapêutico passou a possui um papel relevante para a melhoria da qualidade de serviço de saúde, apontando novas diretrizes de projetos que estejam centralizados no paciente,
fazendo com que o ambiente desenvolva atividades que poderão agregar qualidade e senso de humanismo no contato com os usuários, com o intuito de oferecer ambientes que garantam uma prestação de serviço de saúde digna (PIZZOLATO, 2018).
Promoção da saúde é o nome dado ao processo de capacitação da comunidade para atuar na melhoria de sua qualidade de vida e saúde, incluindo uma maior participação no controle deste processo. Para atingir um estado de completo bem-estar físico, mental e social os indivíduos e grupos devem saber identificar aspirações, satisfazer necessidades e modificar favoravelmente o meio ambiente. A saúde deve ser vista como um recurso para a vida, e não como objetivo de viver. Nesse sentido, a saúde é um conceito positivo, que enfatiza os recursos sociais e pessoais, bem como as capacidades físicas. Assim, a promoção da saúde não é responsabilidade exclusiva do setor saúde, e vai para além de um estilo de vida saudável, na direção de um bem-estar global. (CONFERÊNCIA INTERNACIONAL SOBRE PROMOÇÃO DA SAÚDE, 1986, p.1)
Dessa forma, as instituições de saúde de uma maneira geral, possuem a obrigação de priorizar a saúde humana de uma forma completa, abordando tanto o aspecto físico como mental. Nesse âmbito, o estudo e o exercício da arquitetura para garantir funcionalidade, beleza e flexibilidade ao projeto, é crucial para contribuir a proporcionar espaços que ajudem na promoção da cura dos pacientes e na reinserção deles na sociedade. A partir dessas análises, foi escolhido uma área de intervenção inserida no distrito de Vila Mariana, atualmente uma das regiões em São Paulo com índice de envelhecimento elevada, como um objeto de estudo para investigar os impactos sociais que uma rede de equipamentos de apoio para cuidados prolongados pode trazer para e estruturação da saúde pública na cidade.
“Como a arquitetura pode contribuir para a cura e o bem-estar dos pacientes?”
O objetivo do trabalho é estudar como os projetos de intervenção em
serviços de saúde podem trazer impacto na garantia da ambiência hospitalar digna para os frequentadores do espaço, em que o ambiente físico, social, profissional e de relações interpessoais devem estar relacionados a um projeto de saúde voltado para a atenção acolhedora, resolutiva e humana. Analogamente, com o trabalho projetual, procura-se entender como a arquitetura é responsável em transmitir ao usuário, qualidades espaciais importantes para a terapêutica.
Portanto, pretende-se com a disciplina projetual, o desenvolvimento de um ideário programático de elementos arquitetônicos para a recuperação de pacientes em leitos de alta duração, em que o ato de “habitar” no ambiente bem projetado ajudará na recuperação do bem-estar do paciente, ajudando a reinserção dele na sociedade.
O trabalho de conclusão possui o objetivo de desenvolver uma Clínica de Retaguarda de apoio principal ao Hospital Japonês Santa Cruz, localizado na
Figura 01 fotografia da cartilha “reabilitação” fonte: WHO,2017, p.19
proximidade, que futuramente, o seu modelo arquitetônico possa ser replicado e adaptado em diversos locais da cidade.
A Clínica de Retaguarda, que também possui uma similaridade às Unidades de Internação em Cuidados Prolongados (UCP) ou Hospital Especializado em Cuidados Prolongado (HCP), é um equipamento de saúde que surgiu como uma opção de atendimento pós-hospitalar, que visa dar continuidade ao tratamento iniciado no hospital, e ao mesmo tempo diminuir o alto risco de infecção a que o paciente fica submetido em uma internação hospitalar prolongada. Em muitos casos a indicação do hospital de retaguarda também está relacionada a necessidade de cuidados paliativos, tratando cada paciente como indivíduos distintos, oferecendo tratamentos personalizados.
- Entender as demandas do Hospital Japonês Santa Cruz, e montar um programa de necessidades da Clínica de Retaguarda que sejam complementares ao equipamento de saúde existente;
- Propor um programa para o equipamento de saúde não apenas com abordagens técnicas, mas também incorporar programas de caráter público que promova lazer cultural que propicie a saúde física e psicológica dos pacientes em recuperação;
- Criar uma conexão física e programática com a malha urbana inserida, principalmente com o Parque Modernista localizado ao lado da área de estudo proposta;
- Realizar um estudo de sistemas construtivos flexíveis que facilitem a adaptação do ambiente hospitalar diante as suas necessidades, e que futuramente, esta unidade consiga ser replicada em diversos locais;
- Analisar por meio da experimentação, a eficiência do conforto térmico, lumínico, ambiental, acústico para promoção da ambiência hospitalar da clínica proposta; - Encontrar estratégias sustentáveis que auxiliem na manutenção do equipamento; - Promover estratégias para a drenagem do perímetro do Córrego Ipiranga visto que as enchentes são recorrentes no local.
1.Levantamento bibliográfico – livros, pesquisas acadêmicas, reportagens, artigos e sites que tragam informações relevantes para o desenvolvimento da pesquisa;
2.Análise do distrito da Vila Mariana e das proximidades da área escolhida para a intervenção projetual de acordo com os seguintes tópicos:
2.1 Inserção do distrito na macro metrópole e no município de São Paulo
2.2 História do distrito de Vila Mariana e sua estruturação urbana
2.3 A infraestrutura existente no bairro e análise de seus defeitos e potencialidades
2.4 Análise das Leis de zoneamento que regulamentam o perímetro
2.5 Indicadores demográfico da região
3.Pesquisa sobre o histórico e o funcionamento geral do Hospital Japonês Santa Cruz, equipamento de saúde localizado em frente à área de estudo, em que o objeto projetual proposto terá relações programáticas;
4.Estudo sobre o Parque da Casa Modernista, e reflexão de quais os impactos que o espaço público pode desencadear na malha urbana inserida;
5.Análise das referências projetuais que abordem os seguintes temas:
5.1 Referências arquitetônica
5.2 Referência programática
5.3 Referência técnica
6.Análise e tratamento dos dados levantados
7. Desenvolvimento da proposta projetual de acordo com os seguintes tópicos:
7.1 Partido inicial: -Propor um programa para o equipamento de saúde não apenas com abordagens técnicas, mas também incorporar programas de caráter público que promova lazer cultural que propicie a saúde física e psicológica dos pacientes em recuperação; -Criar uma conexão física e programática com o a malha urbana inserida, com proposição de espaços públicos de lazer que possam complementar o Parque Modernista tombado localizado ao lado da área de estudo proposta, e o próprio hospital Santa Cruz existente em frente do terreno; -Redesenho das áreas descobertas voltados para o uso público, trazendo conexão do equipamento com a malha urbana; -Encontrar estratégias de conforto e sustentabilidade que auxiliem na manutenção do equipamento, e que contribuam para implementação de ambientes que garantam a qualidade de vida dos frequentadores do equipamento; -Promover estratégias para a drenagem do perímetro do Córrego Ipiranga visto que as enchentes são recorrentes no local.
7.2 Desenvolvimento do projeto arquitetônico de acordo com os itens a seguir:
7.2.1 Análise de referências
7.2.2 Estudo preliminar e anteprojeto: implantação, planta, corte, perspectivas e diagramas conceituais
7.2.3 Experimentações de conforto (térmico, lumínico, acústico), sistema estrutural e escolha de materialidade
7.2.4 Estudo de materiais e técnicas construtivas
7.2.5 Elaboração final do Anteprojeto
8.Redação final
Figura 02
fotografia da cartilha “reabilitação” fonte: WHO,2017, p.4 fotografia da cartilha “reabilitação” fonte: WHO,2017, p.6
Figura 03
Doença, sofrimento, morte, dentre outros sentimentos são elementos pejorativos que historicamente o ser humano atribuiu para os ambientes hospitalares, embora este mesmo local também atue como local de passagem que devem abordar fatores positivos para proporcionar a cura de enfermidade aos pacientes que frequentam o equipamento (PIZOLATTO,2018). Nesse contexto, conforto e qualidade são termos que os ambientes hospitalares veem requerendo cada vez mais por estar diretamente ligado à saúde e bem-estar do homem. Assim, a aplicação do “conforto” e “qualidade” dos ambientes de cura busca trazer o equilíbrio entre a satisfação das necessidades tecnológicas da medicina, de forma a acomodar espacialmente logisticamente a infraestrutura demandada; a satisfação dos pacientes de forma a permitir a tranquilidade, bem-estar, e confiança com intuito de oferecer condições que propiciem a sua recuperação; e a satisfação da equipe
de profissionais, configurando ambientes que ajudem em um maior rendimento, produtividade e segurança desses (SAMPAIO,2005).
Nesta mesma perspectiva, diante o processo de transformação da arquitetura hospitalar visando melhoria de sua qualidade espacial e de sua infraestrutura para o bem estar dos frequentadores do equipamento, a aplicação do conceito de humanização para os ambientes hospitalares tornou-se emergente nos últimos anos. Segundo Pizzolato (2014), a humanização procura apontar novas diretrizes para os projetos de arquitetura para equipamentos de saúde, com o intuito de propor estratégias que estejam centrados na figura do paciente, propondo ambientes que propiciem o desenvolvimento de atividades que agreguem qualidade e senso de humanismo aos usuários, além de cumprir de uma forma eficiente a sua função de prestação de serviços para cura de enfermidades.
1| humanização da arquitetura 1.1. introdução
1.2. conceito de saúde e surgimento da humanização
A definição do conceito de saúde é discutida no decorrer dos anos, e a reformulação de seu significado reflete-se diretamente na determinação de prioridades para criação de novas diretrizes projetuais e logísticas para a implementação de novos ambientes de cura que possuem o objetivo de promover a saúde para os pacientes (ROCHA,2011). Costeira (2004) afirma que ao contrário de algumas definições ultrapassadas, a saúde não é apenas o estado de ausência completa de enfermidades no ser humano, ou a longetividade e risco de morte de um indivíduo:
Entendida inicialmente apenas como ausência de doenças e menor risco de morrer prematuramente, a saúde passou a ser considerada como capacidade de realizar trabalho produtivo, e, portanto, recurso estratégico do processo de desenvolvimento. Mais recentemente, a saúde vem sendo destacada também como componente indissociável da qualidade de vida, expressão de elementos positivos determinados pelas condições materiais de existência ou associados a questões subjetivas, decorrentes das relações dos indivíduos entre si e com a sociedade. (COSTEIRA, 2004 apud ROCHA, 2011, p.19)
Analogamente, a Carta de Ottawa instituído em novembro de 1986 pela Primeira Conferência Internacional sobre Promoção da Saúde também formulou o novo conceito de promoção da saúde, com o objetivo de promover ações legislativas, fiscais e organizacionais para a melhoria da qualidade de vida da população e a diminuição de desigualdade social por meio de uma formulação de políticas públicas que influenciam o setor de saúde (CONFERÊNCIA, 1986). No documento, a promoção de saúde não é tratada apenas como ausência da doença, mas sim como a capacidade de um indivíduo poder realizar um trabalho produtivo, ter acesso à qualidade de vida e uma interação social digna (PIZZOLATO, 2014).
Promoção da saúde é o nome dado ao processo de capacitação da comunidade para atuar na melhoria de sua qualidade de vida e saúde, incluindo uma maior participação no controle deste processo. Para atingir um estado de completo bem-estar físico, mental e social os indivíduos e grupos devem saber identificar aspirações, satisfazer necessidades e modificar favoravelmente o meio ambiente. A saúde deve ser vista como um recurso para a vida, e não como objetivo de viver. Nesse sentido, a saúde é um conceito positivo, que enfatiza os recursos sociais e pessoais, bem como as capacidades físicas. Assim, a promoção da saúde não é responsabilidade exclusiva do setor saúde, e vai para além de um estilo de vida saudável, na direção de um bem-estar global. (CONFERÊNCIA, 1986, p.1)
Diante disso, a ampliação do conceito de saúde trouxe a reformulação de novas diretrizes projetuais de estabelecimento de saúde, priorizando as estratégias de humanização dos ambientes de cura (ROCHA, 2011).
Segundo o dicionário, o termo “humanizar” é definido como tornar mais humano, saciável e elevar à altura do homem, dando condições humanas a qualquer coisa ou lugar (VASCONCELOS, 2004).
Em vista do conceito base de humanização, esta mesma concepção pode ser aplicada na arquitetura, tratando espaço projetado de forma a trazer o equilíbrio entre a garantia da funcionalidade e ao mesmo tempo o bem estar e conforto dos usuários. O bem estar no espaço projetado pode ser garantido não apenas pelos aspectos físicos que configuram o ambiente, mas pelo tratamento, interação e comunicação entre os diversos agentes que atuam em um local. Para isso, prioriza-se o estudo para o entendimento do ser humano e suas relações físicas e psicológicas entre os espaços e condições que circundam no cotidiano de cada um dos indivíduos, além de conhecer as necessidades e expectativas
dos usuários para conceber espaços que atendem às suas necessidades e que estejam próximo dos seus pensamentos e valores pessoais (BETTINELLI, WASKIEVICK, ERDMANN, 2003).
Humanizar é resgatar a importância dos aspectos emocionais, indissociáveis dos aspectos físicos na intervenção em saúde. Humanizar é adotar uma prática em que profissionais e usuários consideram o conjunto dos aspectos físicos, subjetivos e sociais que compõem o atendimento à saúde. Humanizar refere-se à possibilidade de assumir uma postura ética de respeito ao outro, de acolhimento e de reconhecimento dos limites. Humanizar é fortalecer este comportamento ético de articular o cuidado técnico e científico, com o inconsolável, o diferente e singular. Humanizar é repensar as práticas das instituições de saúde, buscando opções de diferentes formas de atendimento e de trabalho, que preservem este posicionamento ético no contato pessoal. (MEZZOMO, 2002 apud ROCHA, 2011, p.20)
Sendo assim, para Vasconcelos (2004), a proposição de um ambiente que adeque as necessidades do homem é possibilitado por meio de um planejamento prévio do espaço projetado, levando em consideração de que elementos como cor, luz, cheiro, som, morfologia possuem uma forte influência na percepção positiva ou negativa de um indivíduo sobre um ambiente em que ele está inserido, atuando como atributos de humanização que agregam valor pessoal de um indivíduo ao espaço físico.
Dessa forma, conforme sintetizado por Rocha (2011), o conceito de humanização pode ser definido também como mudança de atitudes e comportamentos por parte de gestores e profissionais para contribuir com geração de novas iniciativas, com o principal objetivo de garantir a melhoria nas inter-relações pessoais de diversos agentes em um espaço projetado e a melhoria física do ambiente, influenciando diretamente na promoção de uma qualidade de vida digna e satisfatória para os frequentadores de um determinado local.
No âmbito da arquitetura hospitalar, Mezzomo (2002) afirma que em diversas situações, muitos ambientes hospitalares são projetados desconsiderando o fato de que sua vocação deveria ser essencialmente humana, abrigando espaços que se encontram em condições desfavoráveis fisicamente para o trabalho dos profissionais de saúde e para a recuperação dos pacientes. Sob a perspectiva de que os equipamentos de saúde abrigam muitos usuários em confronto de emoções de incerteza como nascimento, risco de vida, dor, doença, cura e morte, a arquitetura passa a ter um papel importante para ajudar psicologicamente na melhoria dos pacientes (MIQUELIN,1992).
Diante disso, surge-se a necessidade de desenvolver projetos arquitetônicos na área da saúde que buscam a melhorar a otimização de espaços, valorização do bem-estar e acolhimento dos usuários, por meio da proposição de ambientes que priorizem a individualidade e aconchego (sensação de local familiar) e também de espaços que valorizam a convivência entre diferentes indivíduos, mantendo a privacidade dos usuários que frequentam o equipamento (ROCHA,2011).
Segundo Ribeiro (2004), edifício hospitalar já se manifestava nos povos gregos, Roma antiga, China e no Egito, por meio de construções caracterizados como hospedaria, hospitais ou hospícios. Entre o período da Antiguidade à Idade Média, a própria medicina era vista como um procedimento espiritual prestado por meio dos sacerdotes das ordens religiosas com a finalidade de dar a assistência aos enfermos internados (TOLEDO, 2004).
A missão desses hospitais era oferecer conforto espiritual e assistência aos pobres e enfermos ali internados. Mas os procedimentos de caráter curativo raramente eram praticados. A palavra “hospital” vem do latim hospitalis, adjetivo derivado de hospes, (hóspedes, estrangeiro, viajante, conviva). Por extensão, o que dá agasalho, que hospeda. (GOÉS, 2004 apud ROCHA, 2011, p.22)
Sob a perspectiva do significado atribuído para a palavra “hospital”, a instituição tinha como o objetivo principal não a cura total de seus pacientes, mas sim o uso de sua infraestrutura para separação e exclusão dos enfermos, com o intuito de minimizar eventuais riscos sociais e epidemiológicos (TOLEDO, 2004).
Com o surgimento do conceito “hospital terapêutico” a partir do século XVIII, a definição do ambiente hospitalar apenas como local de isolamento de pacientes foi revisada, por meio da realização da conferência “O Nascimento do Hospital” pelo Michel Foucault. A partir disso, a doença passa a ser considerada como um fato patológico, tornando as questões espaciais e funcionais do ambiente projetado essencial para a anulação dos efeitos negativos do hospital. Analogamente, torna-se importante o equilíbrio entre a recuperação física e da “alma” do homem que busca por auxílio hospitalar (ROCHA, 2011).
Com base nessa forma diferente de se ver o mundo, houve uma mudança na maneira de se organizar o hospital que, até então, utilizava-se a forma do claustro, comum nas comunidades religiosas. Essa forma de organização dos hospitais é banida em proveito de um espaço que deve ser organizado medicamente. Além disso, se o regime alimentar, a ventilação, o ritmo das bebidas e outras variáveis ambientais são fatores de cura, o médico, controlando o regime dos doentes, assume, até certo ponto, o funcionamento econômico do hospital, até então de privilégio das ordens religiosas. (FOUCAULT, 2006 apud ROCHA, 2011, p.23)
Nesse contexto, no final do século XVIII, a necessidade da mudança da configuração dos ambientes hospitalares incentivou novas pesquisas sobre morfologias de edificações que mitigassem
configuração de espaços insalubres que prejudicassem o processo de cura dos pacientes. Dessa maneira, pesquisadores como Tugot, Necker e Tenon foram responsáveis por introduzir o “modelo pavilhonar”, que foi caracterizado como uma morfologia de edificação, que futuramente foi aplicado em diversos projetos de equipamentos de saúde, influenciando o design da saúde pelos próximos 250 anos (MIQUELIN, 1992).
Diante disso, o Royal Naval Hospital de Rovehead em Stoneghouse (Inglaterra) foi um dos primeiros hospitais que aplicou em sua concepção de projeto, as características demarcadas como modelo pavilhonar (MIQUELIN, 1992). Em aspetos gerais, segundo Pizzolato (2014), a nova morfologia de edifícios hospitalares possui como a sua principal diretriz a configuração de um edifício horizontal (máximo 3 pavimentos) que ofereçam ambientes com característica aberta, ricos em potencialidade de contato com a natureza, insolação e ventilação naturais que são qualidades espaciais que refletem positivamente para o processo de recuperação de pacientes, sendo pontos importantes que um conjunto verticalizado dificilmente pode oferecer.
Figura 04 Imagem ilustrativa da implantação de Royal Naval Hospital fonte: CUSACK, 2005
Parucker (2008) afirma as principais alterações que a nova morfologia “modelo pavilhonar” trouxe para a concepção dos espaços:
-Organização de toda unidade do equipamento de saúde em diversos pavilhões;
-Busca de estratégias projetuais de concepção de espaço para aumentar a iluminação e ventilação natural, com intuito de diminuir a insalubridade;
-Estudo do número de leitos por enfermaria com relação a garantia de iluminação e ventilação;
-Definição de número máximo de 3 andares para contribuir na melhor distribuição de iluminação natural e ventilação;
-Separação das categorias de enfermidades por meio de pavilhões, evitando o contágio dos pacientes com diferentes doenças;
-Incentivo da adoção de leito individual, acima dos leitos coletivos para reduzir o contágio entre os pacientes;
Em contrapartida da Europa em que se consolidava a aplicação do “modelo pavilhonar”, a necessidade de acompanhar ao crescimento urbano e a falta de terrenos amplos para a construção de edifícios com uma grande horizontalidade, na américa do norte começou o surgimento da morfologia de “modelo vertical”, que até hoje em dia é aplicada em predominância nas regiões metropolitanas (TOLEDO, 2004).
Esta nova concepção de configuração do equipamento de saúde surge pelo advento das inovações tecnológicas da construção civil, que trouxe o uso de ferro e aço para edificação de estruturas de maior porte e infraestruturas que possibilitavam o transporte vertical de peças construtivas de uma forma mais eficiente (PARUCKER, 2008).
A facilidade operacional de controle de acessos, de gestão interna dos funcionários e de distribuição de fluxos que o hospital “vertical” possibilitava, fez com que o “modelo pavilhonar” fosse questionada em algumas instâncias (PARUCKER, 2008). Miquelin (1992) afirma que os seguintes aspectos que favoreceram o questionamento do “modelo pavilhonar” e o surgimento do “modelo vertical”:
-Escassez de terreno urbano com custo baixo para a construção de edifício horizontal;
-Demanda excessiva de recursos humanos para construção de edifícios horizontais;
-Escassez de mão de obra na área de enfermagem, visto que a circulação interna de funcionários em hospitais horizontais é mais demorada, demandando um número maior de funcionários na área de saúde para monitorar os diferentes “pavilhões” do hospital com caráter pavilhonar;
-Domínio tecnológico da estrutura metálica, da construção verticalizada e o transporte vertical mecanizado durante a fase de obras;
-Diminuição do tempo de permanência dos pacientes na área de internação, devido aos avanços da técnica medicinal, trazendo ideias equivocadas de que a garantia da qualidade ambiental de alguns ambientes (jardins, iluminação e ventilação natural) não seja mais prioritária.
A forma de projetar os ambientes de saúde continua em constante mudança, junto com a conjugação dos conceitos defendidos pelo “modelo pavilhonar” e “modelo vertical”, articulação de novas descobertas tecnológicas e avanço das ciências médicas, sempre buscando transformações que tragam melhorias para a qualidade de atendimento para os pacientes que necessitam do equipamento para a cura de enfermidade. Desse modo, hoje em dia procura-se aproveitar das qualidades apresentadas pelos modelos antagônicos (“modelo pavilhonar” x “modelo vertical”), para a configuração de “ambientes terapêuticos” para promover o conforto físico e psicológico para os pacientes e a equipe médica (ROCHA,2011).
A teoria do “ambiente terapêutico” teve o seu surgimento pela contribuição da Psicologia Ambiental e da Psiconeuroimunologia e da Neurociência, definindo ações
que sejam positivas para a contribuição do bem estar dos pacientes. Dentre as ações, destaca-se a capacidade do hospital suportar de uma forma eficiente as novas tecnologias terapêuticas, ao mesmo tempo promover o conforto físico e psicológico dos pacientes e equipe médica, elevando a eficiência profissional e produzindo efeitos positivos para a melhora dos pacientes (PIZZOLATO, 2014).
Os estímulos ambientais, positivos ou negativos, podem afetar o comportamento humano de duas formas. Em primeiro lugar, pode exercer efeitos físicos e/ou fisiológicos de forma direta, o que significa que tais efeitos não são moderados ou mediados por respostas psicológicas (Taylor et al.,1997).(...)
A promoção da saúde e bem-estar através de estímulos ambientais pode então ser conseguida de duas formas: pela limitação dos estímulos negativos ou pela amplificação de estímulos positivos do ambiente (ULRICH,1991 apud PIZZOLATO, 2014, p.200).
A aplicação das estratégias de humanização do ambiente hospitalar é feita de uma forma eficiente por meio as implementações destas tanto nas diretrizes projetuais de construções de edifícios hospitalares, como no próprio sistema de atendimento à saúde. Nos últimos dez anos, o Brasil buscou trazer uma atenção maior nas políticas públicas de atendimento à saúde no país, estabelecendo programas do Ministério da Saúde que dão enfoque nas atividades de humanização no atendimento aos pacientes nos equipamentos do país (ROCHA, 2011).
Segundo Pinho (2005), dentro do Sistema único de Saúde (SUS), o desenvolvimento da aplicação das estratégias de humanização no atendimento aos pacientes ocorreu em 3 principais fases:
1.Criação de programas municipais de humanização do parto;
2.Implantação do Programa Nacional de Humanização da Assistência Hospitalar (PNHAH);
3.Aplicação da política PNH (Política Nacional de Humanização) à gestão hospitalar do SUS.
1.4.1. Programa Nacional de Humanização da Assistência Hospitalar (PNHAH)
O programa foi desenvolvido pelo Sistema único de Saúde (SUS), em maio de 2000, a partir de queixas de insatisfações de usuários referente aos maus tratos em ambientes hospitalares. Dessa forma, com o intuito de desenvolver uma cultura de humanização baseada em uma
Em vista disso, o arquiteto possui um importante papel de levar em consideração de que o espalho projetado possui a capacidade de controlar os agentes que são prejudiciais ao bem-estar e à saúde, propondo ambientes que estimulem positivamente os frequentadores do espaço, adotando a implementação de contato direto do paciente com a natureza, música, arte e convívio social, respeitando os espaços de privacidade. Para isso, segundo Pizzolato (2014), é crucial que levem em consideração, as seguintes variáveis: -Arquitetônica: organização espacial, forma e dimensão dos ambientes projetados, adaptabilidade e acessibilidade; -Ambiental: condições sensoriais de salubridade dos ambientes; -Efêmera ou aparência: utilização de elementos ornamentais, cores e equipamentos mobiliário.
filosofia organizacional (respeito, solidariedade e cidadania) que promova a relação humanizada entre os pacientes e profissionais de saúde, o programa busca abordar estratégia de melhoria de comunicação entre os usuários do equipamento (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2001).
Segundo Ministério da Saúde (2001), dentre os principais objetivos do programa, pode-se destacar:
A.Melhoria da qualidade e eficiência da atenção aos usuários dos hospitais públicos do país por meio da difusão de uma nova cultura de humanização;
B.Capacitação dos profissionais dos hospitais para o entendimento do conceito de assistência à saúde que valorize a vida humana e a cidadania;
C.Implementação de novas iniciativas de humanização e fortalecimento de estratégias já existentes na rede hospitalar pública;
D.Estímulo do intercâmbio de conhecimentos da área;
E.Desenvolvimento de indicadores de resultados e sistema de incentivos ao tratamento humanizado;
F.Modernização da relação e trabalho, com intuito de tornar as instituições harmônicas e acessíveis de modo a preservar a imagem pública do equipamento junto à comunidade.
Diante as diretrizes gerais, buscou-se desenvolvimento de um projeto Piloto em conjunto com profissionais que buscam trazer melhoria na Infraestrutura e na Gestão hospitalar. A primeira busca a recuperação das instalações físicas, barateamento dos medicamentos, renovação tecnológica dos aparelhos e capacitação do quadro de recursos humanos. A medida tem como o seu principal objetivo garantir o uso melhor uso da infraestrutura existente, trazendo a melhoria do contato humano em toda intervenção de atendimento à saúde. O segundo buscou trazer o aprimoramento da gestão hospitalar, com o intuito de melhorar o atendimento aos usuários e o fortalecimento do compromisso das equipes de profissionais com a mudança da cultura de atendimento à saúde nos hospitais, dando ênfase na necessidade de melhoria da comunicação entre os agentes que atuam no ambiente de saúde (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2001).
No entanto, a comunicação quando feita através da palavra, uma vez desrespeitado o estatuto ético desta, pode-se criar condições de arbítrio e violência. Quando a palavra fracassa somos também capazes das maiores arbitrariedades. Portanto, deve-se garantir à palavra a sua dignidade ética, ou seja, o sofrimento humano e as percepções de dor ou prazer devem ser reconhecidos pelo outro. (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2001 apud ROCHA, 2011, p.33).
1.4.1.
O programa Humaniza SUS foi criado em 2003 pelo Ministério da Saúde, devido à preocupação em consolidar da humanização nas redes e vínculos entre os usuários, trabalhadores e gestores da instituição de saúde. Procurou-se trazer uma preocupação com as condições funcionais de conforto requeridos para o bom desempenho das práticas médicas e para o bem-estar e autoestima dos usuários dos equipamentos de saúde, com intuito de favorecer o processo de cura dos pacientes (ROCHA, 2011). Paralelamente, em sua cartilha “Humaniza SUS” de 2009, destaca-se o conceito de ambiência, reforçando a importância do tratamento aos espaços físicos que podem ser interpretados como um espaço social, profissional que permitem relações interpessoais, que possuem a necessidade de proporcionar uma atenção acolhedora, resolutiva e humana para os frequentadores do espaço (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2004).
O Sistema Único de Saúde (SUS) definiu o conceito de ambiência hospitalar como um espaço físico que permite uma troca de relação entre os diferentes agentes que atuam no ambiente. No setor de saúde, a ambiência pode ser marcada por tecnologias médicas presentes e componentes sensíveis que podem ser assimilados por meio do olhar, olfato, audição e tato (PIZZOLATO, 2014). Dessa forma, a ambiência hospitalar visa trazer conforto para os sujeitos envolvidos no espaço, servindo também como uma ferramenta facilitadora do processo de trabalho, favorecendo a otimização de recursos, atendimento individual humanizado, acolhedor e resolutivo (ROCHA,2011).
Diante disso, conforme afirmado por Rocha (2011), o programa Humaniza SUS busca superar os seguintes itens:
1.Fragmentação do processo de trabalho e das relações entre diferentes agentes profissionais;
2.Falta de interação entre as equipes médicas;
3.Sistema público de saúde burocratizado e verticalizado;
4.Baixo investimento na qualificação dos trabalhadores, no que se diz a respeito da gestão participativa e trabalho em equipe;
5.Desrespeito dos direitos dos usuários;
6.Controle social frágil dos processos de atenção e gestão do SUS;
7.Modelo de atenção centrado na relação queixa/ conduta.
A humanização aponta para o estabelecimento de novos arranjos e pactos sustentáveis, envolvendo trabalhadores e gestores do Sistema, e fomentando a participação coletiva da população, provocando inovações em termos de compartilhamento de todas as práticas de cuidados e gestão.
(MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2004 apud ROCHA, 2011, p.35)
Portanto, por meio da implementação do programa, procura-se atingir diferentes níveis de atenção à saúde, entendendo o processo de humanização como uma transformação cultural que deve ser implementada em diversas instâncias (tanto nas diretrizes de construção
física dos espaços, como na reconstrução do gerenciamento de atendimento as instituições de saúde) (ROCHA, 2011).
1.5. relação do homem e seu espaço habitado
“Por que faz diferença o que o ambiente em que vivemos tem a nos dizer?” “Por que os arquitetos se preocupam em projetar prédios que comuniquem ideias e sentimentos específicos e por que somos afetados de forma negativa por lugares que reverberam o que consideramos alusões erradas?” “Por que somos vulneráveis tão inconvenientemente vulneráveis, ao que os espaços que habitamos dizem?” (BOTTON, 2007, p.106)
A percepção do espaço habitado pode ser feita de uma forma diferenciada por cada um dos indivíduos que frequentam um mesmo local. No ambiente hospitalar, um lugar pode trazer sentimentos distintos para um sujeito como medo, felicidade, tristeza, apreensão, alívio, etc. Nesse sentido, o estudo da psicologia e a relação do comportamento do homem com o seu espaço habitado torna-se primordial para o entendimento da percepção do espaço em relação aos usuários frequentes no ambiente de saúde, levando em consideração de que a formação de um espaço acolhedor dentro de serviço de saúde deveria prover um refúgio físico e psicológico para os frequentadores (PIZZOLATO, 2014).
Para Rocha (2011), o espaço projetado que abriga todas as necessidades e expectativas de um indivíduo permite que o homem estabeleça diferentes relações com o local projetado, recebendo os estímulos do ambiente e reagindo de forma distinta em relação ao ambiente, tornando o homem como sujeito do espaço. Assim, o processo de ambientação e humanização dos espaços possuem sua importância para qualificar o ambiente para a condição humana, tornando os ambientes projetados adequados para o uso dos humanos, tornando apropriados e apropriáveis.
A relação entre o “morar” e a saúde é discutido fortemente pelo sociólogo Chombart de Lauwe, que ao realizar as suas pesquisas de campo, foi possível perceber a proporção de distúrbios mentais e psicológicos nos usuários aumentavam em locais com alojamentos em condições precárias. Nesse sentido, com o resultado de sua pesquisa, o sociólogo defende que através do controle da moradia, os arquitetos possuem a habilidade de conceber efeitos psicológicos distintos em um único ambiente, reconhecendo de que mesmo que um simples layout não consiga curar doenças psicológica já existentes, esse pode prevenir o futuro desenvolvimento, atuando como agente de reforço dos traços de personalidade já estruturados no espaço (PIZZOLATO, 2014).
A obra “Dimensão Oculta” de Edward Hall, 1977, aponta a interdisciplinaridade entre a arquitetura e a psicologia, considerando a relação forte entre o homem e o ambiente inserido. Isso torna imprescindível o estudo integrado das duas disciplinas, uma vez que no processo projetual de arquitetura, o profissional tem a obrigação de compreender a atmosfera do ambiente que vai ser concebido e para quem vai ser destinado (ROCHA, 2011).
Nesse contexto, o estudo da psicologia e arquitetura torna-se crucial para compreender as relações pessoa-ambiente. Segundo Elali (1997), A psicologia busca estudar o indivíduo e a relação social no ambiente em que esse está inserido, procurando abordar nos estudos as interação ambiente-comportamento. Já na arquitetura, além dos aspectos culturais, estéticas, construtivas e funcionais, é considerado elementos como percepção, satisfação dos usuários, propiciando o desenvolvimento de propostas projetuais centradas no indivíduo/sociedade. Dessa forma, surge-se o estudo da Psicologia Ambiental para a proposição de um ambiente mais humanizado, em que o edifício construído deixa de ser
interpretado apenas pelas suas características físicas construtivas e passa a ser avaliado enquanto espaço de “convivência social”, sujeito a modificação e reinterpretação pelos próprios usuários (ELALI, 1997).
A partir disso, ao propor um ambiente hospitalar, o profissional de arquitetura possui a responsabilidade de se aliar à percepção ambiental na busca de proporcionar ambientes mais satisfatórios para os pacientes, funcionários e usuários. Segundo Gomes (1999), a percepção é considerada o primeiro momento psicológico do seu humano, em que os estímulos externos alimentam os mecanismos perceptivos captados através dos sentidos do homem: visão, audição, tato, olfato e paladar. Ao inserido em um espaço, cada um interpreta a realidade de uma forma individualizada, visto que a realidade não é percebida verdadeiramente, e sim como é sentido por cada um com a contribuição da sua própria cultura e os marcos regulatórios de cada grupo social. (DALLA, 2003).
O trabalho realizado por Lamas em “Morfologia urbana e desenho da cidade” aborda as interações humanas perante a cidade por meio dos sentidos naturais do corpo, chamando-os de aspectos figurativos do tecido urbano. Em seu texto, o autor traz a definição da figura (como poder de comunicação estética da forma) e desejo da forma “kunstwollen” (como o modo que se organizam os diferentes elementos com habilidade de comunicar algo a um indivíduo. Dessa forma, diferente da construção civil (ou ocupação do solo), a arquitetura (ou arte urbana) emprega a figura como mensagem figurativa para se revelar na malha urbana (PIZZOLATO,2014).
Nesse aspecto, conforme citado por Pizzolato (2014), os sentidos indicados a seguir permitem que o ser humano consiga se relacionar com espaços distintos e com diferentes grupos sociais, carregando o seu comportamento e bagagem cultural: A. Visão
Na obra “Topofilia: um estudo da percepção, atitudes e valores do meio ambiente” de Tuan, o ser humano é considerado como animal “visual”, em que utiliza a visão como principal fonte para captar as informações precisas de um objeto/espaço/ambiente – informações como altas, baixo, longe, perto, etc. A morfologia física do corpo humano permite a visão de forma binocular, garantindo a nitidez e sensação de tridimensionalidade, tornando mais sensível a percepção do espaço físico em que um indivíduo está inserido (PIZZOLATO, 2014).
Dessa forma, a capacidade de leitura do mundo material por meio da visão permite a apreensão de um ambiente em uma sequência visual, permitindo o deslocamento de uma cidade por meio do movimento do olhar ou da sucessão de elementos construídos significativos (LAMAS,1993). Nesse sentido, para o homem, a preocupação pela estética atribuída ao mundo material acaba ganhando uma importância forte para o bem estar deles (BOTTON, 2007).
Para o ambiente hospitalar, a busca por uma visão “agradável” aos usuários torna-se o mais solicitado, uma vez que o espaço arquitetônico decorrente da ambiência hospitalar possui uma necessidade de estimular os pacientes para que sinta motivado para a realização de procedimentos de cura para a sua recuperação. Dessa forma, elementos como aspectos visuais paisagísticos, escolha de materialidade, presença de iluminação são cruciais para a criação de um espaço terapêutico convidativo para garantia de uma melhor qualidade de vida aos usuários da instituição de saúde (PIZZOLATO, 2014).
Figura 08
fotografia da clínica de tratamento de infertilidade feminina - Japão (Takaharu Tezuka). O projeto trouxe atenção na diversidade na escolha de materialidade e a presença de vegetação nos ambientes internos, afim de transmitir conforto e qualidade ambiental por meio da sensação do tato pelos pacientes.
fonte: KATSUHISA KIDA, 2014
Segundo a obra de Tuan, o desenvolvimento do “tato” no ser humano ocorreu de uma forma muito rica por conta dos hábitos alimentares do homem, possibilitando a verificação da qualidade do objeto através do manuseio desses (por meio do ato de apalpar e examinar) (PIZZOLATTO, 2014).
Seguindo esse raciocínio, no âmbito hospitalar, o tato é responsável em transmitir sensorialmente as condições de conforto do ambiente ocupado pelo paciente, por exemplo – tecidos e lençóis utilizado nos quartos dos pacientes
necessitam transmitir uma sensação de “bem-estar” para eles, principalmente para indivíduos que possuem dificuldade visuais.
Em uma instituição de retaguarda que abriga indivíduos em processo de recuperação longa, além dos materiais empregados no ambiente de internação, o tato pode ser estimulado por exemplo, por meio do paisagismo com vegetações frutíferas que permitem que o paciente esteja em contato com a fruta na hora da coleta no pé, trazendo uma distração emocional para os indivíduos em que sofrem com o processo médico de recuperação de enfermidade (PIZZOLATO, 2014).
Figura 09
quarto da clínica de tratamento de infertilidade feminina - Japão (Takaharu Tezuka).
fonte: KATSUHISA KIDA, 2014
A audição, em comparação aos demais sentidos, é considerado por Tuan como o sentido menos adaptável por conta da evolução física do ser humano (como primatas), que não o considerava como essencial para a obtenção dos alimentos e para a sobrevivência da espécie (PIZZOLATTO, 2014).
A audição humana média de um jovem tem amplitude que se estende aproximadamente de 16 a 20.000 ciclos por segundo. Se uma pessoa é sensível a um tom mais baixo do que 16 ciclos, ela pode sofrer o incômodo de ouvir as batidas de seu próprio coração. O limite superior da amplitude da audição humana é modesto, quando comparado ao dos gatos e morcegos: estes mamíferos respondem a sons até 50.000 e 120.000 ciclos por segundo, respectivamente. O ouvido humano parece ser mais sensível ao som do tom que corresponde ao choro de uma criança ou mulher. (PIZZLATTO, 2014, p.41)
Analogamente, em comparação aos demais sentidos, os sons captados podem sensibilizar mais o subconsciente do homem, permitindo uma forte experiência emocional remetendo algumas passagens da vida do indivíduo, uma vez que o ser humano possui um menor controle sobre a captação do som – por exemplo, para o controle da visão, pode-se se controlar o olhar por meio do controle dos olhos (abrir ou fechar os olhos), porém, para controle da audição, o abafamento completo de um som não é possível (PIZZOLATO, 2014).
Nesse sentido, para a percepção espacial no espaço hospitalar, a propagação do som entre os ambientes deve ser fortemente considerada na concepção inicial do projeto, uma vez que o isolamento dos pacientes em seus leitos é imprescindível para a contenção de sons que possam causar o incômodo (gemidos de dor, perturbações no sono, barulhos de equipamentos), afim de garantir o conforto acústico e a sensação de conforto aos internados (PIZZOLATO, 2014).
O sentido do olfato também possui uma função fundamental desde a evolução dos primatas, sendo responsável por determinar as condições dos alimentos e o acasalamento. Dessa forma, o olfato ocasiona para ser humano, uma grande gama de emoções que o cérebro interliga com situações vividas anteriormente (PIZZOLATO, 2014).
Em certas cidades norte-africanas ou asiáticas, os cheiros são muito mais intensos e profundos do que no Ocidente e são presença indissociável do espaço urbano: odores de suor humano, excrementos, especiarias, comidas e esgotos pertencem ao espaço e ao conhecimento desses lugares, como de resto o cheiro a forno de pão e a lenha
queimada evoca o mundo rural português. Não imagino as ruas das cidades da Índia ou certos bairros de Macau sem os seus cheiros característicos. Os cheiros e odores caracterizam os lugares e são partes do meio urbano. O sistema olfativo pertence à experiência da cidade, embora seja um fator de menor controle e incidência no desenho da forma urbana, tal como tem sido analisada. (LAMAS, 1993 apud PIZZOLATO, 2014, p.43)
Nesta mesma perspectiva, o olfato em um espaço hospitalar possui a função de situar o paciente dentro do serviço de saúde, muitas das vezes em momentos que esses se encontram em local pouco confortável e hostil – por exemplo: o cheiro de produtos higienizantes hospitalares podem transmitir sentimentos aos pacientes de que eles estão
Figura 10 diagrama sintético elaborado pela pesquisa de Danny Boglev e David Peoples da AECOM, apontando os principais problemas acústicos apontados em hospitais fonte: BOGLEV, 2017
em ambiente isolado do cotidiano normal deles, uma vez que os odores comuns estão afastados da realidade do ambiente hospitalar (PIZZOLATO, 2014).
Dessa forma, Pizzolato (2014) conclui que o intermédio da somatória dos sentidos representado permite o homem a reler e esclarecer o ambiente em sua estrutura e essência, em que essa interpretação pode ser codificada de forma distinta de pessoa a pessoa devido ao fator cultural, uma vez que cada indivíduo possui a sua trajetória de memórias diferentes que permitem a imposição de reações distintas ao mesmo fato observado.
Sob a perspectiva de que o ser humano se utiliza dos seus sentidos sensoriais e das experiências mediadas pelo espaço em sua volta para a interpretação de um ambiente, como ser inteligente, ele escolhe e frequenta espaços que se identificam com maior afinidade para se entreter ou habitar (PIZZOLATO, 2014). Em vista disso, diante da necessidade de uma permanência longa dos pacientes em processo de internação em instituição hospitalar, Pizzolato (2014) busca entender qual é a relação do “habitar” do indivíduo com o ambiente hospitalar.
O ser humano como um animal de hábitos, cria-se ao longo de sua vida, procedimentos repetitivos que são exercidos ao longo do cotidiano, criando laços afetivos a certas pessoas ou elementos materiais. Assim, como dito na obra “Topofilia: um estudo da percepção, atitudes e valores do meio ambiente” 1de Tuan, os pertences de uma pessoa podem ser considerados como a extensão de sua personalidade, caracterizando-se como um elemento importante que representa parte da essência de um indivíduo. Nesse contexto, a cultura de investimento financeiro e emocional para a construção de seu “Lar” pode-se dar pela necessidade do homem em ter um local que represente fisicamente a sua essência, e que consiga atrelar as diversas lembranças agregadas em casa elemento que compõe a sua casa (PIZZOLATO, 2014).
A obra “Arquitetura da felicidade” de Botton (2007) afirma que a felicidade de um indivíduo pode estar dependente das características dos ambientes em que ele habita. Dessa forma, a “sensibilidade” à arquitetura pode tornar um empecilho para a garantia do bem estar do ser humano em um ambiente, a partir do momento em que o homem habita em locais que são forçados e que não possui uma melhora significativa.
1.Obra do autor Yi-Fu Tuan (1974) em que o autor, através desta obra, procurou abordar questões sobre o tema “meio ambiente”, em que discute a visão do ser humano no ambiente físico natural e humanizado, e como cada indivíduo reage sobre o espaço.
Mas a sensibilidade à arquitetura tem também seus aspectos mais problemáticos. Se um único aposento é capaz de alterar o que sentimos, se a nossa felicidade pode depender da cor das paredes ou do formato de uma porta, o que acontecerá conosco na maioria dos lugares que somos forçados a olhar e habitar? O que vamos sentir numa casa com janelas que parecem as de uma prisão, carpete manchado e cortinas de plástico? (BOTTON, 2007, p.13)
Dessa forma, partindo do pressuposto de que para a garantia da felicidade do homem, a casa não pode ser considerada como apenas um abrigo físico, Botton (2007) complementa o seu raciocínio com a comparação entre os conceitos de “habitar” e “morar”. O primeiro termo é definido como um significado genérico, em que o dono não necessariamente ter o sentimento de
pertencimento em relação ao local, podendo ser aplicado como senso comum de todas as espécies (seja humana ou não). Já o “morar” é diretamente atrelado ao “gosto” do indivíduo, em que cada um configura o seu próprio espaço de forma a moldar e adequar ao seu modo de morar.
O conceito de “Lar” pode ser considerado a junção do “morar” com “habitar”, em que é identificado como um local em que um indivíduo vulnerável consegue se identificar fisicamente e psicologicamente com o local, podendo se proteger dos estados mentais negativos. Nesta mesma perspectiva, no âmbito hospitalar, os ambientes de internação que exigem uma alta permanência dos pacientes não são considerados a casa das pessoas, porém, é de suma importância que os usuários se sintam expressados pelo ambiente, garantindo a representatividade e a identidade dos indivíduos (PIZZOLATO, 2014).
Dessa forma, a constante mudança da configuração dos ambientes, conforme afirmado pelo Le Corbusier, é um processo importante para o reconhecimento do usuário com a sua própria moradia, já que a arquitetura é fadada a processos de mudança pelo homem ser de natureza evolutiva (PIZZOLATO, 2014).
Por que nos determos nessas tipologias? Seguimos da constatação de que a internação de longa permanência faz parte desse raciocínio e configura um espaço que combina elementos das tipologias da ausência, solidão e contemplação e contribui num local estimulante ao paciente para uma possível reação perante a enfermidade e por consequência a sua alta hospitalar. (PIZZOLATO, 2014, p.52)
Em vista disso, Pizzolato (2014) traz a conclusão de que todo espaço projetado pode ser considerado como um lugar de receptáculo da identidade do indivíduo e como ele se apropria do local por meio dos seus sentidos de percepção. Dessa forma, a junção de elementos físicos em que um ambiente é composto, pode ser uma condicionante para a aceitação do ambiente hospitalar como “lar” para os pacientes de longa permanência, permitindo trazer o conforto e tranquilidade que contribua para a cura da enfermidade.
A Clínica de Retaguarda/ Transição, também conhecido por nome técnico de Unidades de Internação Prolongada (UCP) ou Hospital Especializado em Cuidados Prolongado (HCP) são definidos como equipamentos de saúde com ênfase em tratamento pós-hospitalar, para pacientes que já possuem diagnóstico e tratamento definidos relacionados a reabilitação e recuperação, porém ainda não possui independência suficiente para dar continuidade ao tratamento em suas residências. O equipamento também possui o
objetivo de reduzir o ato risco de infecção aos pacientes que necessitam ficar submetido em uma internação hospitalar prolongada (CONASS,2012).
Figura 11 organograma de atendimento à saúde em clínica de retaguarda de Althea fonte: ALTHEA, 2022
2| arquitetura da cura em clínica de retaguarda / transição 2.1. clínica de retaguarda
Tendo em vista o acréscimo da demanda ao tratamento de pacientes com doenças crônicas, a ampliação de serviços de reabilitação e tratamentos intermediários que visam auxiliar os pacientes com acompanhamento médico de longa durabilidade, torna-se crucial para a garantia da qualidade da saúde pública (WHO,2017).
A seguir, exemplos de clínica de retaguarda ou transição:
Figura 12
fotografia academia humana Magna. fonte: https://humanamagna. com.br/unidade_ibirapuera.php Acesso em: 14 de Nov. de 2022
Figura 13
fotografia quarto internação humana Magna. fonte: https://humanamagna. com.br/unidade_ibirapuera.php Acesso em: 14 de Nov. de 2022
Figura 14
fotografia quarto internação Yuna fonte: https://yuna.com.br/ unidade/jardins/ Acesso em: 13 de Nov. de 2022
Figura 15
fotografia Yuna fonte: https://yuna.com.br/ unidade/jardins/ Acesso em: 13 de Nov. de 2022
Figura 16
fotografia sala fisioterapia Althea fonte: https://www.dalben.com. br/unidade-borges-lagoa Acesso em: 14 de Nov. de 2022
Figura 17
fotografia sala convivência Althea fonte: https://www.dalben.com. br/unidade-borges-lagoa Acesso em: 14 de Nov. de 2022
Segundo ficha técnica “Intermediate care and reablement” de AGE UK (2021), o tratamento intermediário é considerado crucial para a recuperação completa do paciente pós internação hospitalar por evitar admissão desnecessária ao hospital, ajudar o paciente a ser independente possível após uma internação hospitalar não planejada e em alguns casos, evitar mudar-se permanentemente para asilo antes do necessário. Comumente, os principais suportes oferecidos pelo equipamento são:
Fornece suporte na própria casa para melhorar seu confiança e capacidade de viver da forma mais independente possível. Seus objetivos tendem a se relacionar com as tarefas da vida diária, como se lavar e vestido, preparando uma bebida ou lanche leve, movendo se com segurança em torno de seu em casa ou permitindo que o paciente participe de atividades sociais.
Fornece suporte nas residências, ou uma casa de repouso. Trabalha com uma equipe multidisciplinar de profissionais de saúde e possivelmente um social trabalhador para chegar a um acordo sobre as metas e o tipo de suporte necessário.
Oferece uma avaliação imediata em casa ou na chegada o departamento de emergência. Isso é para decidir se suas necessidades podem ser seguras gerenciado pela prestação de cuidados de curto prazo em casa (normalmente menos de 48 horas) ou, se mais apropriado, organizando uma estadia curta em uma casa de repouso.
01.reabilitação
02.cuidado intermediário em residência 03.resposta à crise
04.cuidados para pacientes acamados 2.2. estratégias projetuais hospitalares
Envolve uma permanência temporária em um centro de saúde casa, hospital comunitário ou instalação autônoma de tratamento intermediário.
A aplicação de estratégias projetuais que visam garantir o conforto e bem-estar dos usuários dos ambientes de saúde na concepção inicial do projeto de arquitetura torna-se crucial para o funcionamento eficaz do equipamento de saúde (ROCHA,2011). Diante disso, Bittar (1996) aponta os principais elementos importantes para o desenvolvimento de espaços hospitalares:
A.ORGANOGRAMA: estrutura organizacional que indica a hierarquia das áreas, organizando atividades e atribuição dos fluxos e das relações do ambiente interno;
B.FLUXOGRAMA: representação da sequência das atividades, caracterizando as fases, operações e agentes executores. Utilizado para estudo do relacionamento e fluxo (trânsito) das pessoas e dos materiais, afim de agilizar e evitar os cruzamentos indesejados (ex: lixo hospitalar);
C.QUALIDADE DO AR: controle para melhorar a qualidade de vida dos pacientes por meio de uma boa ventilação natural e climatização dos ambientes.
Diante disso, Rocha (2011) aponta o planejamento arquitetônico como um processo
importante que permite o levantamento prévio de todas as funções essenciais para um bom funcionamento técnico do equipamento de saúde, além de sugerir alternativas que podem se agregar ao projeto que contribuam para o processo de cura e bem-estar dos pacientes internados.
Nesta mesma perspectiva, Pinho (2005) destaca 4 requisitos a se atentar para elaboração de projetos arquitetônicos hospitalares que garanta a sua eficiência funcional máxima:
A.ERGONOMIA: atentar as condições ambientais adequadas à saúde dos frequentadores da instituição;
B.PSICOLÓGICO: relevar fatores psicológicos que influenciam no bem estar dos usuários
C.TECNOLOGIA: admissão de novas tecnologias que dão suporte ao funcionamento do hospital e ao tratamento;
D.ECONOMIA: atendimento às condições financeiras da instituição
O estudo da humanização dos ambientes hospitalares é um assunto que está em crescimento para garantir a proposta de projetos de assistência a saúde para a cura de enfermidades dos pacientes. Muitas das diretrizes projetuais aplicados hoje em dia, se baseiam nas pesquisas de Roger S. Ulrich – diretor do Center of Health Systems and Design no College of Architecture at Texas A&M University dos Estados Unidos, que apresentam principais atributos a serem considerados para desenvolvimento de um ambiente hospitalar humanizado (ROCHA,2011).
2.3.1.
Ambientes barulhentos, confuso com falta de privacidade não permitem o indivíduo ter o controle sobre o ambiente habitado, podendo causar depressão, passividade, aumento de pressão arterial e redução do sistema imunológico por reduzir a autonomia do paciente (UHLRICH, 1990).
Nesse sentido, projetar ambientes que oferecem a possibilidade do paciente regular alguns elementos físicos deste, pode ser responsável pelo controle do nível de estresse desses, como por exemplo: controle sobre entrada de iluminação natural (por meio de venezianas ou brises), temperatura (controles de climatização acessível ao paciente), som, possibilidade de acesso ao ambiente externo (como jardins e varandas) e criação de local que incentivem o convívio social e práticas de atividades de recreação e entretenimento (ROCHA,2011).
Tem sido demonstrado que em qualquer estabelecimento, não apenas em hospitais, o controle do ambiente reduz o estresse. Quando você sabe que tem uma opção, por menor que seja, você se sente melhor (...) as consequências para os ambientes de saúde são enormes: pacientes que podem controlar a temperatura e a iluminação do próprio quarto, a privacidade necessária, a hora e a quantidade de refeições que têm durante o dia, demonstram menor estresse e apresentam recuperação mis rápida. (MALKIN, 1991, p.14-15)
O arranjo físico do ambiente hospitalar pode influenciar no suporte social para a integração do paciente com familiar, profissional de saúde e visitantes, trazendo um impacto no estado físico e emocional do indivíduo (ROCHA, 2011). De acordo com os estudos de Ulrich (1991), os estudos da medicina comportamental apontam o aumento de nível de estresse em pacientes sem interação social, podendo ser prejudiciais para a sua recuperação.
Diante disso, Rocha (2011) afirma que a utilização de mobiliários flexíveis aconchegantes que configuram os espaços de descompressão, incitando a interação social, sem prejudicar a privacidade dos pacientes é considerado um fator positivo para aumentar o suporte social paciente-paciente, paciente-sociedade.
É um edifício típico, com as cadeiras dispostas ao longo das paredes, com seus ambientes pintados de cores institucionais e seus corredores sem fim. Quando nos deslocamos para cima ou para baixo, sofremos com a variação de iluminação, e a disposição das cadeiras nos corredores e nas salas dificulta a socialização dos pacientes. (DEL RIO, DUARTE E RHEINGANTZ, 2002, p.22)
2.3.3. Distrações positivas
O estudo das características do público alvo (idade, sexo, nível cultural e social) que irão utilizar o ambiente hospitalar e conhecer quais atividades serão desenvolvidos no ambiente permitem decidir diretrizes projetuais para propor ambientes que provoquem sentimentos positivos nos usuários, desviando a atenção dos pacientes em aspectos negativos, como a doença (ROCHA,2011).
A falta dessa estimulação, pode causar, portanto, tédio, e em casos extremos, a privação sensorial. Caso contrário, quando em excesso, pode causar distração e interferir em processos cognitivos que demandem concentração ou esforço; a super estimulação torna difícil fixar a atenção e interrompe ações continuadas. (CLEMESHA, 2007, p.61)
Nesse sentido, Vasconcelos (2004) revela soluções projetuais que permitem a transformação do espaço em ambientes que promovam distrações positivas:
A.Presença de átrios, jardins externos ou espaços abertos ao exterior;
B.Proposição de elementos naturais como água, fogo, uso de fontes, lareiras e aquários;
C.Aberturas que permitem a visão do exterior pelos pacientes;
D.Propostas de iluminação e uso de cores adequadas para o uso do ambiente;
E.Integração com a natureza, estimule o usuário e prender sua atenção através dos sentimentos positivos que causa.
Centenas de funções do corpo humano são influenciadas pela luz do dia e algumas tem ritmos que seguem o ciclo que alterna noite e dia. Permitir visuais externas e utilizar adequadamente a luz natural e artificial é um fator fundamental para a manutenção dos níveis de produtividade e de conforto psicológico para todos os usuários do edifício. O uso equilibrado da iluminação natural e artificial introduz benefícios, inclusive terapêuticos, para o paciente. (MIQUELIN, 1992, p.29)
A luz é considerada um elemento que influencia fortemente na qualidade do projeto, podendo trazer equilíbrio fisiológico e psicológico aos usuários, trazendo diferentes sensações o edifício para os pacientes que frequentam o ambiente hospitalar. Dessa forma, o controle do nível de iluminação natural e artificial (quantidade
e qualidade) no projeto de luminotécnica de acordo com o uso do ambiente projetado são fundamentais para a garantia do conforto e bem estar dos pacientes (ROCHA,2011).
2.3.5. Cor Os efeitos psicológicos causados pela cor são, em parte, associações inconsistentes com experiências já vividas ou vistas. O tédio, causado por um ambiente monótono, é uma reação do organismo a uma situação pobre em estímulos ou com pequenas variações. Os mais importantes sintomas do tédio são os sinais de fadiga, sonolência, falta de disposição e diminuição da atenção. Cientes disso, ao se escolher cores para os ambientes, deve-se observar cada lugar específico, pois as cores sofrem influências da posição solar. (CUNHA, 2004, p.59)
A cromoterapia é a prática de utilização de cores para fins de cura, buscando restaurar por meio da harmonia visual, o equilíbrio entre as energias do corpo (BOCCANERA,2006). Segundo Rocha (2011), cores quentes podem promover sensação de proximidade, calor e densidade. Em contrapartida, cores frias podem atuar como calmante, trazendo sensação de frieza, leveza, transparência e umidade. Dessa forma, no âmbito da arquitetura hospitalar, a utilização para criação de diversas sensações para os ambientes de cura com necessidades específicas torna-se primordial para a garantia do conforto visual dos usuários (ROCHA, 2011).
2.3.6. Textura
Vasconcelos (2004) afirma em sua pesquisa, sobre a importância das escolhas dos materiais para a garantia do conforto do corpo humano, uma vez que a escolha do material que não agregue qualidades táteis ao espaço, pode causar estresse ou ansiedade no paciente, contribuindo para a sensação de insegurança e dependência.
Por meio do uso, alguns materiais podem estar associados a tipos arquitetônicos específicos. Os materiais podem parecer frágeis ou resistentes, flexíveis ou duros, frios ou temperados, suaves ou ásperos, foscos ou brilhosos, evocar opulência ou austeridade, temporalidade ou eternidade, podem ser vegetais, minerais ou misturas artificiais, industriais ou artesanais. (AFONSO, HEIDTMANN JUNIOR, 2007, p.04)
2.3.7.
No âmbito hospitalar, o aroma pode ser considerado um elemento tanto um elemento positivo como negativo para o processo de cura dos pacientes, uma vez que segundo Gappel (1991), o cheiro possui um caráter mais evocativo entre os sentidos, podendo criar uma relação íntima com o emocional do indivíduo, estimulando a resgata memórias que correspondem ao odor captado.
Nesse sentido, Rocha (2011) aponta como uma percepção negativa, o aroma de produtos farmacêuticos que podem remeter aos usuários do espaço, o sentimento de doença e enfermidade. Já o emprego de vegetações nas áreas internas do edifício pode trazer um impacto positivo para o processo de recuperação dos pacientes, uma vez que segundo Vasconcelos (2004), além das plantas exalarem diversos aromas, podem possuir a função de purificar o ar interno, absorvendo toxinas e promovendo o contato do indivíduo com a natureza.
2.3.8. Som
Tem sido demonstrado que em qualquer estabelecimento, não apenas em hospitais, o controle do ambiente reduz o estresse. Quando você sabe que tem uma opção, por menor que seja, você se sente melhor (...) as consequências para os ambientes de saúde são enormes: pacientes que podem controlar a temperatura e a iluminação do próprio quarto, a privacidade necessária, a hora e a quantidade de refeições que têm durante o dia, demonstram menor estresse e apresentam recuperação mis rápida. (MALKIN, 1991, p.14-15)
Como observado anteriormente, além da composição visual como cores, textura e formas, para a proposição de um ambiente hospitalar que garanta o conforto de seus pacientes, é necessário levar em consideração os sons diretos, ecos, reverberação favoráveis para o equilíbrio acústico e uma boa audição dos usuários (ROCHA, 2011).
Dessa forma, especificação de fechamentos com superfícies isolantes (carpete, tecido, madeira, painéis acústicos) que não refletem ou amplificam as ondas sonoras são considerados estratégias projetuais importantes para a garantia do conforto acústico do ambiente, uma vez que segundo Vasconcelos (2004), o trauma auditivo e som desagradável pode acarretar mudanças fisiológicas na estrutura capilar sanguínea impedindo a circulação do sangue e obstruindo o canal vascular, resultando doenças crônicas como a pressão alta, doenças cardiovasculares e úlceras.
O espaço engloba constantemente o nosso ser. Suas formas visuais, suas dimensões e escala, a qualidade de sua luz, todas essas qualidades dependem de nossa percepção dos limites espaciais definidos pelos elementos da forma. (CHING, 2002, p. 92)
Diante disso, conforme Rocha (2011), a forma nos ambientes hospitalares pode interferir direta ou indiretamente no processo de tratamento dos pacientes, ajudando ou inibindo o seu desenvolvimento das doenças, em que o uso de formas variadas no mesmo ambiente pode provocar estimulação sensorial e criando distração positiva no ambiente. Além disso, o desenho da planta arquitetônica é outro aspecto a considerar na elaboração de um projeto de hospital, como por exemplo, quando a planta é radial, em que a área da enfermaria se posiciona na porção central da planta e os quartos de internação ao seu redor, os pacientes podem se sentir mais seguros por se encontrarem próximos aos enfermeiros (ROCHA, 2011).
área verde estação de metrô pontos de ônibus ciclofaixa
A área de intervenção escolhida para a atividade projetual está inserida no distrito de Vila Mariana, atualmente da cidade de São Paulo com índice de envelhecimento populacional extremamente elevado. Esse foi selecionado como um objeto de estudo para investigar os impactos sociais que uma rede de equipamento de saúde de apoio para cuidados prolongados pode trazer para a estruturação da saúde pública na cidade. Conforme a figura 18, o terreno escolhido para o exercício projetual é delimitado pela Rua Santa Cruz, Rua Capitão Rosendo e Rua Dr. Lopes de Almeida, além de localizar em frente ao Hospital Japonês Santa Cruz e ao Parque Modernista, que são dois elementos de importância histórica para a região.
A subprefeitura de Vila Mariana composta por distrito de Moema, Vila Mariana e Saúde, faz parte da Macrorregião Sul 1 do município de São Paulo (MSP), juntamente com Jabaquara e Ipiranga. A SPVM (Subprefeitura de Vila Mariana) ocupa uma área total de 26,4km², com população de 344.632 habitantes. Conforme a figura 19, a sua periferia é limitada ao Norte pela Subprefeitura Sé; a Leste a Subprefeitura Ipiranga; a Sul as Subprefeituras Jabaquara e Santo Amaro e a Oeste com a Subprefeitura Pinheiros (SÃO PAULO, 2016).
vila mariana moema
Figura 19 inserção urbana do distrito de Vila Mariana fonte: desenho sobre base cartográfica -GeoSampa, Mapa Digital da Cidade
Hoje em dia, a subprefeitura em estudo constitui uma das áreas mais valorizadas da cidade, concentrando atividades e programas de investimento diversificados relacionados ao setor terciário (oferta de mercadorias e serviços), setor cultural, equipamentos públicos de saúde e lazer. Além disso, esse também é composto por tradicionais bairros exclusivamente residenciais de baixa densidade associados à presença de áreas verdes, e com intensa tendência à verticalização (SÃO PAULO, 2016).
A mobilidade dentro do distrito de Vila Mariana se destaca pela presença da Linha 1 (Azul) do metrô, que foi implementada ao longo da Avenida
Domingos de Moraes e Rua Vergueiro, dois eixos principais que concentram as principais atividades de comércio de serviços; complexos relacionados a saúde (como Hospital São Paulo, Hospital Santa Cruz e Universidade Federal de São Paulo-UNIFESP); instituições educacionais (como Colégio Marista Arquidiocesano); imóveis de importância histórica ao bairro como Cinemateca, Casa Modernista, o Grupo Escolar Rodrigues Alves, a Casa das Rosas e o Museu Lasar Segall; além de conectar bairros como Paraíso, Ana Rosa, Vila Clementino, Vila Afonso Celso e Chácara Klabin, que possuem ocupação predominantemente residencial de média e alta densidade (SÃO PAULO, 2016).
av. domingos de morais
rua loefgren
rua padre machado
Além da presença significativa da linha de metrô para a garantia da mobilidade dos bairros da região, Vila Mariana também constitui um território de passagem por meio das vias expressas e corredores que integram as subprefeituras que fazem parte da área de Atração de Viagens (conforme definido pela Companhia de Engenharia de Tráfego -CET), que centralizam os fluxos procedentes da região Sul
O distrito de Vila Mariana teve o seu surgimento como uma divisão administrativa a partir da implementação da estrada de ferro da Companhia Carris de Santo Amaro em 1886, fator que permitiu o transporte tanto de pessoas como recursos da capital paulista até Santo Amaro. Porém, segundo Masarolo (1971), desde 1770 a região já era conhecida como local de passagem na época do Brasil Colônia, que apesar de não ter cadastro administrativo como um bairro oficial, o local já era residido por pequenas vilas. Durante o ano de 1770 até 1880, Vila Mariana era designado como “Meio Caminho do Carro”, visto que se situava na metade da estrada que interligava Liberdade a o Jabaquara. O percurso começava no largo da Pólvora, Liberdade, subia a atual Rua Vergueiro beirando o Morro Vermelho e passava pelo pico das vertentes do Anhangabaú e chegava no assento da Rua Paraíso. Em seguida, percorria a Rua Domingos de Morais, chegando até o bairro de Mirandópolis, em que tinha um córrego e uma pequena casa em que os tropeiros
legenda pontos de ônibus ciclofaixa linha ônibus rua santa cruz
0 250 500
e Sudeste da Região Metropolitana. Segundo Datasub (2016), a acessibilidade viária regional é garantida por meio das avenidas Professor Abraão de Morais/Dr. Ricardo Jafet, Vergueiro, dos Bandeirantes, Santo Amaro/Brigadeiro Luís Antônio, Moreira Guimarães/Rubem Berta/ Vinte e Três de Maio e Jabaquara/Domingos de Moraes, correspondendo a 20,9% do viário total da subprefeitura.
Figura 20 principais Eixos de mobilidade do distrito Vila Mariana fonte: desenho sobre base cartográfica -GeoSampa, Mapa Digital da Cidade
utilizavam o local como repouso ao final da tarde. Esse local foi chamado também como “Rua da Divisa”, que foi nomeada dessa forma por fazer a divisa entre o município de São Paulo e Santo Amaro (MASAROLO, 1971).
Nesse sentido, a frequente passagem de viajantes na região incentivou a formação de pequenas vilas entorno do “Caminho do Carro”, atraindo serviços públicos, comércios e viajantes e consequentemente, em 1878, a Vila Mariana (na época chamada de “Cruz das Almas” ou “Colônia”) recebeu os imigrantes italianos do Norte (Mântua) que se consolidaram em pequenas chácaras que determinavam o loteamento do bairro na época.
Em 1885, o vereador e tenente-coronel Carlos Eduardo de Paula Petit construiu a sua residência na atual Rua Vergueiro (em que hoje se localiza a caixa d’agua), nomeando o bairro de “Vila Mariana”, nome proveniente da junção do nome de sua mulher Maria (a primeira professora do bairro) e de sua mãe Anna (MASAROLO, 1971).
Figura 21 planta da Capital do Município de São Paulo do ano de 1888, publicada no livro História de Santo Amaro, vendo-se nela as localidades de Morro Vermelho, Cruz das Almas (Vila Mariana), Pinhaíba e Curral Grande fonte: MASAROLO, 1971, p.27
Após a consolidação oficial do limite administrativo do bairro, o principal fator de crescimento de Vila Mariana foi, em 1886-1887, a fundação da Estrada de Ferro da Companhia Carris de Santo Amaro que incentivou a moradia em torno na estrada fundada que garantia o transporte de passageiros e recursos físicos de Liberdade até Santo Amaro; e a fundação do Matadouro Municipal, atual Cinemateca Brasileira, que atraiu população e comércio para a região. Sobre a inauguração da linha da Companhia Carris de Ferro, Martins registra:
Em meados de 1883 deu-se o princípio à construção da linha da Companhia Carris de Ferro da Capital a Santo Amaro, da qual era superintendente o Engenheiro Alberto Kullman e que ficou concluída em 1886, realizando-se, com a assistência do Senador Alfredo Correia de Oliveira, Presidente da província, a inauguração oficial da linha no dia 14 de março do mesmo ano e a do ramal do Matadouro, de concluídas as obras de construção da mesma, foi pelo Presidente da Província autorizada, a 23 de setembro de 1887, sua abertura ao tráfego, sendo que, atualmente, todas as reses abatidas naquele Matadouro são trazidas em carros especiais para o tendal situado no Largo dos Ingleses, hoje São Paulo (MARTINS, 1911 apud MASAROLO, 1971, p.34).
Analogamente, sobre a construção do Matadouro Municipal na Vila, Masarolo registra:
Com a mudança do Matadouro Municipal para a Vila Mariana, vieram também numerosos italianos do Sul da Península que faziam o comércio de miúdos de boi por meio de carrocinhas apropriadas, leves, puxadas por um só animal e que anteriormente residiam no bairro do Bexiga, nas imediações do antigo Matadouro. Faziam eles esse comércio em quase todos os bairros da capital daquele tempo. (...) Agora o matadouro, com mais capacidade de matança, com maior produção de miúdos, animou os “tripeiros” aqui estabelecidos a chamarem mais patrícios da longínqua terra para também virem aqui dedicarem-se no mesmo ramo de comércio que, diga-se de passagem, era bem lucrativo. Assim, nos anos que se seguiram muito aumentou o número desses italianos residentes no então bairro do Matadouro (MASAROLO, 1971, p.49).
Diante disso, tanto o Matadouro como a Ferrovia inaugurada seguiam diretrizes de um plano diretor da cidade que estava em crescimento e, portanto, foram aspectos essenciais para o crescimento econômico populacional do bairro.
Figura 22
pátio de Manobras e Oficinas da Companhia Carris de Ferro São Paulo a Santo Amaro, em Vila Mariana (1900)
fonte: MASAROLO, 1971, p.24
Logo em seguida, o loteamento dos terrenos das antigas chácaras estabelecidas na época da imigração, trouxe o aumento da população residente no bairro, resultando a construção de instituições como igrejas, colégios e comércios que ajudaram a fixar os novos moradores na região. No ano de 1900, as principais ruas como a Rua Domingos de Morais tinham sua iluminação pública com lampiões a gás, além de abrigar diversas residências com características de casa campo que foram desenhando o loteamento do bairro. Na atual Rua Santa Cruz (antiga Rua Bela Vista), local de estudo escolhido para o desenvolvimento do exercício projetual, a partir de 1920 abrigou a Casa Modernista de Gregori Warchavchik e o Hospital Japonês Santa Cruz, que foram 2 construções que marcaram a história do bairro (MASAROLO, 1971).
Figura 23
estação da Companhia Carris de Ferro São Paulo a Santo Amaro, localizado no Largo de Vila Mariana (1900)
fonte: MASAROLO, 1971, p.24
Conforme citado anteriormente a respeito de mobilidade da região, a acessibilidade por transporte coletivo no bairro é garantida por meio da Linha 1-Azul do metrô, constituindo a principal centralidade linear da subprefeitura, abrigando uma grande oferta de transporte coletivo, comércio e serviços ao longo de seu percurso. A expansão da linha 5 Lilás do metrô que conecta as estações Capão Redondo, Santa Cruz (Linha 1-azul) e Chácara Klabin (Linha 2-verde) possibilitou a melhoria do acesso ao bairro, conectando com a região Sudoeste do município. Além disso, os dois principais corredores de ônibus – Avenida Vinte Três de maio e Ibirapuera são responsáveis por estabelecer conexão do bairro com as regiões Sul, Sudeste e Central do município
de São Paulo, ampliando alternativas para o deslocamento na cidade (SÃO PAULO,2016). Apesar da grande oferta de alternativa de transporte público, segundo São Paulo (2016), os residentes de Vila Mariana utilizam como o modo principal de viagem o individual. Nesse sentido, conforme apresenta o “Caderno de propostas dos planos regionais das subprefeituras-Quadro Analítico de Vila Mariana”, coloca-se como desafio para subprefeitura, a melhoria das condições de circulação de pedestres em torno das Estações de Metrô existentes, buscando proporcionar maior segurança e a integração entre as redes de transporte público e os equipamentos culturais, esportivos, lazer e educação, com o intuito de potencializar o seu uso.
Figura 24
mapa da rede de trilhos na cidade de São Paulo fonte: SILVA, 2019 dados cobertura vegetal e áreas verdes públicas por habitante fonte: SÃO PAULO, 2016
Figura 25
No que se refere a qualidade ambiental e paisagística do local de estudo, a existência do Parque Ibirapuera e aos bairros jardins colocam a subprefeitura de Vila Mariana em situação de destaque em comparação as demais regiões do município. Porém, conforme o levantamento realizado por São Paulo (2016), representado na figura 25, apesar da arborização viária a presença de parques e praças públicas, o índice de cobertura vegetal (área total de vegetação arbórea e rasteira classificada por imagem satélite) e áreas verdes públicas (total de parques municipais e estaduais existentes) por habitante da subprefeitura de Vila Mariana acaba apresentando um valor inferior à média do município.
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Figura 26 mapa cobertura vegetal de Vila Mariana
fonte: desenho sobre base cartográfica -GeoSampa, Mapa Digital da Cidade
Em contrapartida, conforme figura 27, o índice da população residente a mais de 1km de parques demonstra valores (60%) próximo a média do município, podendo atribuir um destaque positivo para o distrito e Vila Mariana, que indica que apenas 36% da população se enquadram nessa situação.
Levando em consideração de que a quantidade de áreas verdes interferem diretamente no ambiente urbano e na garantia da qualidade de vida dos cidadãos, a cidade contemporânea com muitas circulações de pessoas e de veículos gera uma necessidade da preservação de espaços verdes para possibilitar o escape do ruído e da poluição atmosférica (CUNHA, 1997).
Nesse sentido, os parques praças públicas tornam-se referência para grandes centros urbanos por oferecerem espaços de função recreativa para os cidadãos, possibilitando a prática de diversos tipos de atividades saudáveis ao ar livre, além de funcionarem também como ponto de socialização (ANDRADE, 2001; CASSOU, 2009). Assim, os ambientes naturais inseridos na malha urbana são fundamentais para garantir a
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2016
disponibilidade de áreas adequadas para lazer e de prática esportiva para a população local, além de oferecer um sistema ecológico que integre com a malha urbana (SOUZA, 2007).
Portanto, mediante o fato do distrito de Vila Mariana caracterizar por apresentar baixa presença de cobertura vegetal em áreas de ocupação urbana consolidada e boa infraestrutura urbana, programa de ampliação e melhoria do acesso às áreas verdes urbanas torna-se importante para proporcionar melhoria na qualidade de vida no bairro.
Figura 28
mapa de equipamentos de saúde de vila mariana fonte: desenho sobre base cartográfica -GeoSampa, Mapa Digital da Cidade
Figura 29
coeficientes de Leitos SUS por mil habitantes fonte: SÃO PAULO, 2016
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Quanto a oferta de equipamento de lazer, educação, esporte e saúde, a Vila Mariana apresenta equipamentos públicos de grande importância, em que a sua zona de atendimento extrapola os limites administrativos do distrito, como Hospitais São Paulo; Santa Cruz; Instituto Dante Pazzaneze, Servidor Público Estadual, AACD-Associação de Assistência às Crianças Defeituosas, além de instituições de ensino como: Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP), Escola Superior de Propaganda e Marketing (ESPM), Belas Artes, escolas privadas, Escolas Municipais de Ensino Fundamental (EMEF)e Escolas Municipais de Educação Integral (EMEIs).
No âmbito do atendimento de saúde na região, segundo os levantamentos estatísticos de São Paulo (2016) apresentados na imagem 29, o coeficiente de leitos hospitalares SUS acaba demonstrando uma variação entre os distritos da subprefeitura de vila mariana, em que a Vila Mariana apresenta um coeficiente de 12, com uma média superior a do município (5,9).
Caracterizado como quarto distrito com maior número de população idosa (25,1%), dentre eles, 15,1% com alguma incapacidade funcional, segundo Indicadores Sociodemográficos da população idosa residente na cidade de São Paulo por São Paulo (2020), equipamentos de saúde que oferecem cuidados especiais para o público de maior fragilidade física e psicológica tornam-se essenciais para a garantia de qualidade de vida da população. Nesse sentido, segmentos de clínicas de tratamento intermediário (post acute care), recuperação e reabilitação, que visa dar um acompanhamento prolongado e individualizado para os pacientes com necessidades especiais são crescentes hoje em dia, podendo ser concebida de acordo com pilares estratégicos
de ESG (Environmental Social and Governance), consequentemente sendo considerado um negócio com potencial a ter um crescente investimento (MEDICINA S/A, 2022).
O mapa ao lado demonstra o mapeamento de principais unidades de atenção de saúde atuantes no distrito e instituições atuantes especificamente no setor de recuperação e reabilitação. Conforme ilustrado no mapa 28, na proximidade do distrito de Vila Mariana, foi possível identificar 4 principais instituições que atuam como clínica de setor de recuperação: Althea hospital de transição; Sainte Marie (Unidade Brooklin); Humana Magna (Unidade Ibirapuera - 72 leitos); Yuna (Unidade Jardins - 100 leitos).
Segundo os dados mapeados pelo Datasub, São Paulo (2016), a subprefeitura de Vila Mariana é composta por distritos com nível alto e médio de desenvolvimento econômico, correspondendo cerca de 8,2% dos postos formais de trabalho do município de São Paulo (360 mil empregos).
A taxa de crescimento populacional entre 2000 e 2010 apresentou um crescimento de 1%, taxa superior do município (0,8%). Conforme a imagem 30 e 31, a densidade demográfica em 2010 (170,44 hab/ha) foi superior à do município (102,02 hab/ ha) e inferior à da macrorregião Sul 1 (176,20 hab/ ha). Além disso, a subprefeitura demonstra baixa taxa de vulnerabilidade (0,49%) e o IDHM (0,94) está acima do registrado para o município (0,80), sendo o segundo melhor IDHM dentre as subprefeituras (SÃO PAULO, 2016).
No que diz a respeito da composição etária da população, a participação de jovens (12,1%) demonstrou um valor inferior à do município (20,8%), em oposição à participação de idosos (19,7%) que é superior à verificada para o município (11,9%). Conforme já citado anteriormente, o baixo percentual de participação de jovens associado ao envelhecimento da população é indica a mudança na composição etária da população, trazendo indícios maior oferta de serviços públicos de assistência social e atendimento de saúde para a população, além dos serviços de educação, socioassistenciais e esportivo-culturais (SÃO PAULO, 2016).
Figura 30
Figura 31 população total e densidade demográfica, 1980 a 2010 fonte: SÃO PAULO, 2016 índice de desenvolvimento Humano do Município, 2000 e 2010 fonte: SÃO PAULO, 2016
Segundo o Quadro Analítico de Vila Mariana apresentado pelo “Caderno de Propostas dos Planos Regionais das Subprefeituras”, em termos da Política de Desenvolvimento Urbano proposta no Plano Diretor Estratégico do Município de SP (PDE Lei n°16.050/14), a subprefeitura de Vila Mariana faz parte da Macrozona de Estruturação e Qualificação Urbana da região sudeste. Esse possui o principal objetivo de promover o equilíbrio entre a urbanização e a conservação ambiental e compatibilizar
Figura 32 mapa de macroáreas fonte: SÃO PAULO, 2016
a oferta de sistema de transporte coletivo e de infraestrutura para serviços públicos com o uso e ocupação do solo (SÃO PAULO, 2016).
Conforme o mapa de macrozoneamento apresentado pela figura 32 abaixo, a maior porção da subprefeitura de Vila Mariana se encontra inserido na Macroárea de Urbanização
Consolidada (MUC), que no âmbito do planejamento e gestão urbana e ambiental do município de São Paulo, possui a sua principal diretriz em aprimorar as condições urbanísticas e otimizar o aproveitamento das terras urbanas com boa oferta de equipamentos, serviços e infraestrutura urbana (SÃO PAULO, 2022).
²ZEU: Zona Eixo de Estruturação da Transformação Urbana –territórios que promovem usos residenciais e não residenciais com densidades demográfica e construtiva alta, junto com promoção da qualificação paisagística e dos espaços públicos articulados ao sistema de transporte público coletivo) e ZM (Zona Mista – territórios que promovem usos residenciais e não residenciais com densidade construtiva e demográfica baixas e médias, buscando viabilizar a diversidade de usos e a preservação da morfologia urbana existente.
Segundo o Quadro Analítico de Vila Mariana apresentado pelo “Caderno de Propostas dos Planos Regionais das Subprefeituras”, em termos da Política de Desenvolvimento Urbano proposta no Plano Diretor Estratégico do Município de SP (PDE Lei n°16.050/14), a subprefeitura de Vila Mariana faz parte da Macrozona de Estruturação e Qualificação Urbana da região sudeste. Esse possui o principal objetivo de promover o equilíbrio entre a urbanização e a conservação ambiental e compatibilizar a oferta de sistema de transporte coletivo e de infraestrutura para serviços públicos com o uso e ocupação do solo (SÃO PAULO, 2016).
Quanto ao uso e ocupação do solo, o distrito de Vila Mariana possui uma característica variada, coexistindo setores de uso misto, residencial, corredores de estruturação urbana, áreas especiais de interesse social, proteção ambiental e preservação cultural. Porém pela imagem 32, é possível identificar que a sua maior porção é demarcada por ZEU ²(SÃO PAULO,2016).
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Dessa forma, o Plano Diretor Estratégico do Município de São Paulo estabelecido em setembro e 2002 e as Normas Complementares ao Plano Diretor Estratégico das Subprefeituras instituído em agosto de 2004, dispôs sobre o parcelamento e ordenou o uso e ocupação do solo do município de São Paulo, trazendo mecanismos que incentivam o adensamento e verticalização de algumas regiões do distrito. Nesse sentido, caracterizado como um bairro com alto desenvolvimento econômico, algumas regiões da Vila Mariana sofreram maior interferência do mercado imobiliário (ASSUMPÇÃO,2009).
Figura 33
mapa Lei de parcelamento, uso e ocupação do solo (LEI Nº 16.402/16) fonte: SÃO PAULO, 2016
Figura 34
delimitação da área de estudo sobre mapa das chácaras fonte: GALVÃO, 2020, p.76
Figura 35 Proposta “Eixo Av. Jabaquara/ Rua Domingo de Morais/Rua Vergueiro” fonte: SÃO PAULO, 2016
A partir da análise realizada por Galvão (2020), pode-se perceber que as diferentes regiões da Vila Mariana (resultante das fronteiras e divisas das antigas chácaras que constituíam o distrito) possuem uma característica morfológica urbana diferente, demonstrando a diferente atuação do mercado imobiliário em cada uma das regiões. Conforme mapeado pela imagem 34 acima, pode-se perceber:
_ Antiga Chácara Moreia e D. Alexandrina (oeste da Rua Vergueiro e a norte da Rua Sena Madureira): conta com um acervo grande de edificações antigas, edificações verticalizadas e uma ocupação diversificada;
_ Antiga Chácara da Glória (leste da Rua Vergueiro
e a norte da Av. Lins de Vasconcelos): caracteriza como um núcleo em desenvolvimento lento em comparação a ala oeste, contando hoje com poucas edificações verticalizadas com uso predominante residencial; Antigo loteamento da Vila Clementino (sul da Rua Sena Madureira e da Rua Vergueiro): possui verticalização dispersa, e uma ocupação diversificada composta por comércio, serviços e residencial, fazendo parte da área de intervenção da atividade projetual do trabalho de conclusão; Chácara Klabin: região com recente loteamento (1970) e desenvolvimento, teve a maior influência do mercado imobiliário, composta hoje em dia por edifícios residenciais de alta verticalização.
Diante o incentivo ao adensamento na região, além do crescimento e da centralidade comercial e de serviços, foram desenvolvidas propostas de planos regionais com perímetros de ação no distrito de Vila Mariana. Dentre as propostas, destaca-se o “Eixo Av. Jabaquara/Rua Domingo de Morais/Rua Vergueiro” (ID 236), que atua na proximidade da área de intervenção delimitada para a atividade projetual do trabalho de conclusão. Os eixos viários escolhidos para a proposta são caracterizados como uma centralidade comercial e de serviços com grandes fluxos de pedestres, principalmente no entorno das estações de metrô e dos equipamentos públicos existentes. Dessa forma, conforme a imagem 35 elaborado por São Paulo (2016), com o intuito de estimular o comércio e oferta de serviços locais, o plano buscou:
melhorar a qualidade viária para circulação de pedestres, dando enfoque maior nas proximidades de equipamentos existentes
e acesso às estações de metrô, alargando calçada, ampliando faixas de pedestres e lombofaixas, fruição pública; aprimorar as condições de tráfego dos ciclistas, promovendo trajetos seguros e melhoria na rede de conexão de ciclovias existentes para o estabelecimento de trajetos contínuos e eficientes; melhorar o acesso ao transporte público coletivo, buscando realizar estudos de reestruturação para aprimorar as condições de integração entre os diferentes modais de transporte; melhorar as condições de drenagem com intuito de mitigar os alagamentos dos córregos existentes, como o Ipiranga na Avenida Ricardo Jafet que corre de uma forma paralela a Domingo de Morais e Av. Jabaquara; _englobar a ampliação e melhoria dos espaços de uso público, além de ampliar as áreas verdes com a implantação de novas praças públicas.
A ação antrópica do homem na paisagem urbana pode acabar desencadeando ou acelerando os processos geomorfológicos, resultando fenômenos que se distanciam do meio físico original. Dessa forma, catástrofes naturais como escorregamento, inundação podem causar riscos e prejuízos sociais e econômicos para o próprio homem, prejudicando o funcionamento do meio urbano como todo (AMARAL,2020).
Nesse contexto, atualmente as inundações ação o tipo de desastre natural que se mostra mais frequente nos meios urbanos, trazendo impacto relacionados a prejuízo humano e financeiro. Conforme EM-DAT, 2019, durante 2003 e 2012, foi registrada uma média anual de cerca de 106 milhões de pessoas afetadas e mais de 5 mil mortes relacionadas às inundações.
A urbanização crescente de uma forma desordenada é um dos principais motivos para o aumento dos desastres naturais nos últimos anos. Segundo Steffen et al. (2015), o crescimento da população urbana em 3 vezes também trouxe de uma
forma equivalente, o aumento do consumo de água e construção de barragens, trazendo maiores transformações humanas no meio natural.
Figura 36 ocorrências; Mortes e número de afetados por tipo de desastre fonte: AMARAL, 2020
Em 2010 o Brasil apresentava 84,36% da população residente em áreas urbanas. No Estado de São Paulo esse percentual era de 96% e na Região Metropolitana de São Paulo e no Município de São Paulo, a população urbana apresentava 99% do total. Com o rápido crescimento da população, principalmente a partir da década de 1960 com a expansão das regiões metropolitanas, a urbanização também cresceu de forma acelerada e, muitas vezes, sem planejamento, desordenada e irregular. (AMARAL,2020, p.28)
Nesse contexto, segundo Amaral et al. (2020), de região metropolitana de São Paulo apresenta anualmente no verão, devido às chuvas intensas, inundações em vias marginais aos rios e córregos, causando problemas para o fluxo de veículos na região, além de atingir as construções ao seu redor como residências, comércios e indústrias. A ocorrência das inundações nessas áreas tem sido intensificada por conta da impermeabilização dos solos e pincipalmente pela ocupação das planícies e alterações antrópicas nos cursos d’água, com professos de retificações e canalizações.
A bacia do Córrego Ipiranga que possui uma presença forte na área de intervenção para a atividade do trabalho de conclusão, é uma das áreas recorrentes de fenômenos de inundação, que geram como consequência efeitos negativos para a dinâmica urbana da região.
área de estudo
Figura 37 mapa meio físico fonte: acervo pessoal com desenho sobre base cartográfica: Geo Sampa, Mapa Digital da Cidade, 2004 e Google Earth 2021
O Córrego Ipiranga é um dos principais afluentes do Rio Tamanduateí que é componente da UGRHI Alto Tietê, que abrange os munícios da Região Metropolitana de São Paulo. Com uma extensão de 11km e área de contribuição de 23km², hoje em dia, 80% da sua área está urbanizada e os 20% restantes fazem parte da mata remanescente do Parque Estadual Fontes do Ipiranga. Em sua área urbanizada, além das residências, indústrias e comércios, a margem do córrego abriga as principais vias como Avenida Dr. Ricardo Jafet e Prof. Abraão de Morais, que são responsáveis por conectar a zona sul a centro da cidade, demonstrando sempre, um grande fluxo de veículos (AMARAL,2020).
Conforme a imagem 38, a Bacia do Ipiranga faz parte de 4 subprefeituras do município: Jabaquara, Ipiranga, Sé e Vila Mariana.
localização da Bacia Hidrográfica do Córrego Ipiranga fonte: AMARAL, 2020 processo de urbanização 1872 fonte: AMARAL, 2020 processo de urbanização 1882 - 1914 fonte: AMARAL, 2020
A aglomeração urbana do município de São Paulo começou concentrada nos bairros República, Sé e Brás (nos bairros centrais da cidade). Conforme a sequência de imagens 39 e 40, entre 1882 e 1914, a área urbanizada começa a expandir para os bairros limítrofes da região central (Bom Retiro, Santa Cecília, Pari, Belém, Moóca, Cambuci, Liberdade, Bela Vista e Consolação) e em seguida para os demais bairros como Santana, Tucuruvi, Penha, Vila Guilherme, Tatuapé, Lapa, Barra Funda, Perdizes, Jardim Paulista e por fim, Vila Mariana (AMARAL,2020).
De acordo com Ab’Saber (2007), a partir da década de 20, o município de São Paulo inicia um processo de adensamento intenso nas áreas com declividade acentuada próximo a centro da cidade, principalmente em torno dos córregos que começaram a tornar um eixo de transporte importante para a conexão dos bairros do município. Diante disso, o planejamento da configuração física dos novos traçados de avenidas em torno de áreas de declive eram um aspecto essencial a ser considerado. Era desejável que as alamedas e ruas novas a serem implementadas tivessem traçados elíticos ou circulares que acompanhem as
Entre os períodos de 1915 e 1929, a região urbanizada começa a expandir em direção à zona sul do município de São Paulo, na região de confluência entre os Rios Ipiranga e Tamanduateí, conforme ilustra a imagem 41.
curvas de nível das encostas, respeitando a configuração do terreno natural.
Entretanto, conforme a imagem 42 retirada das Cartas do Sara Brasil de 1930, pode-se perceber que este planejamento das configurações viárias não foi implementado na ocupação da bacia do Córrego Ipiranga, uma vez que a maior parte das ruas implantadas ao longo da bacia seguem de uma forma perpendicular ao rio, direcionando o escoamento superficial da água em alta velocidade em direção ao rio canalizado, potencializando a ocorrência de inundações da região (AMARAL,2020).
Assim, na década de 1960, começaram a ser registrados notícias nos meios de comunicações sobre as inundações relacionados a Córrego do Ipiranga, conforme compilado abaixo: enxurrada chegou a 1,80 metros de altura. Na Avenida Ricardo Jafet o trânsito foi interrompido. (...) Às 17h20 o nível da água começou a baixar, deixando à mostra as ruas cobertas de lama e a destruição de móveis e utensílios domésticos dentro das residências. (Fonte: Estado de S. Paulo, 17/04/1991).
No Ipiranga choveu 38mm em 45 minutos. (...) No Ipiranga, o rio Tamanduateí transbordou e alagou algumas ruas segundo a Prefeitura, principalmente as ruas Ricardo Jafet e Teresa Cristina. Isso ocasionou um grande congestionamento no início da Rodovia dos Imigrantes. (Fonte: Estado de S.Paulo, 10/11/1981).
CHUVAS
No bairro do Ipiranga, a avenida Ricardo Jafet também ficou alagada, depois do transbordamento do Córrego Ipiranga, que inundou a rua Coronel Diogo e Praça do Monumento. (Fonte: Estado de S.Paulo, 14/02/1985)
As ruas dos Mongóis e D. Valverde e a Avenida Ricardo Jafet, no Ipiranga, ficaram inundadas ontem à tarde pela 12ª vez este ano, mas pela primeira vez num mês de abril, segundo pessoas que há muitos anos moram lá. A chuva começou às 16h20 e fez com que o Córrego do Ipiranga transbordasse e invadisse as casas daquelas ruas, onde a
Nesse contexto, para a mitigação das enchentes frequentes na região, evidencia-se a necessidade de criação de espaços para as águas na cidade, como propostas de implementação de infraestrutura verde (GI – Green Infaestructure) e desenvolvimento de baixo impacto (LIDs – Low Impact Development). Os dois processos possuem o objetivo de revitalizar a vegetação e prezam a recuperação dos processos hidro ecológicos impactados pela urbanização tradicional (AMARAL,2020).
O Perímetro de Ação ID30 do “Caderno de propostas dos planos regionais da Subprefeitura de Vila Mariana” elaborado em 2016, busca trazer propostas de requalificação da infraestrutura verde para mitigar os processos de alagamento do Córrego Ipiranga, atuando ao longo da Avenida Ricardo Jafet e Abraão de Morais. A proposta burca qualificar os espaços livres públicos e promover a recuperação e conservação ambiental dos cursos d’água e das áreas verdes.
CHUVA FORTE FECHA AEROPORTO E FAZ CÓRREGO
O córrego Ipiranga transbordou e a cidade chegou a registrar dez pontos de alagamento. (Fonte: Folha de São Paulo, 28/01/2015).
Assim, segundo Gogate et al. (2017), é possível empregar diversos métodos para manejo de áreas atingidas por inundações, em que cada uma dessas, requerem manutenção e resultados distintos que podem ser aplicados como estratégias em todo bairro que circundam a bacia do córrego, não se restringindo apenas no entorno imediato do rio (no caso, a avenidas Ricardo Jafet e Abraão de Morais). Dentre as estratégias destacam: sistemas de biorretenção (jardins de chuva), telhado verde e pavimentos permeáveis.
Dessa forma, percebe-se que a região demonstra a necessidade de avaliação das opções disponíveis, seus respectivos custos, impactos sociais e ecológicos para a implementação das alternativas de GI e LIDs para a mitigação dos problemas de alagamento e consequentemente proporcionar a melhoria na qualidade de vida pública e a valorização econômica da região em análise.
Figura 43 alagamento da Av. Ricardo Jafet em 2008 fonte: G1, 2008 https:// g1.globo.com/ Noticias/SaoPaulo/0,,MUL358381-5605,00-ENXURRADA+ARRASTA+CARRO+NA+ZONA+SUL+DE+SP. html Acesso em: 10-11-2022
3.1.1 Fundação da sociedade japonesa de beneficência no Brasil Dojinkai
Segundo Cytrynowicz (2016), no dia 9 de outubro de 1926, na sede do Club Japonês (Club Athletico Nippon), foi fundada a primeira Assembleia Japonesa da Sociedade Japonesa de Beneficência no Brasil (Zai Burajiru Nipponjin Dojinkai). Liderado pelo Yonosuke Yamada, a Dojinkai ficou conhecida como uma sociedade criada para “promover os meios de tratamento médico e higiênico dos japoneses residentes do Brasil” Dessa forma, a associação ficou responsável por:
1. distribuir gratuitamente ou pelo preço do custo, aparelhos médicos e medicamentos necessários;
2. promover a formatura de médicos, farmacêuticos, parteiras, e enfermeiras nos estabelecimentos de ensino;
3. distribuir gratuitamente ou pelo preço de custo, impressos de instruções de higiene; 4. promover conferência e cursos de higiene rural;
5. construir hospitais, adquirindo terrenos convenientes na capital de São Paulo e nos demais locais;
6. enviar, quando necessário, médicos seus às regiões onde houver japoneses;
japoneses, dentro de 244.535 imigrados para a América do Sul, demonstrando um valor significativo de imigrantes residentes no país. Este aspecto gerou uma preocupação por parte do governo japonês, tanto pela Bratac (Ações da Sociedade Colonizadora do Brasil) e KKKK (Kaigai Kogyo Kabushiki Kaisha) nas condições de saúde dos imigrantes japoneses. (CYTRYNOWICZ, 2016)
Em suma, o Dojinkai possuía um amplo programa, incluindo missão de formar profissionais de saúde, enviar médicos ao interior, distribuir equipamentos e remédios, difundir informações e construir hospitais. O último item foi realizado com a inauguração do Hospital Santa Cruz e, em 1939, com o apoio do governo japonês e da comunidade Nikkei, uma década e meia após a formação da Sociedade. (CYTRYNOWICZ, 2016)
Durante o ano de 1889 e 1941, o Brasil acolheu cerca de 188.986 imigrantes
Desde o início do processo de imigração, a falta de assistência médica foi um dos aspectos reivindicados pelos colonos estrangeiros. O preço de uma visita médica na fazenda mais os medicamentos era equivalente a um hectare de terra ou à remuneração do colono pelo cuidado anual de mil pés de café (40 mil réis – 60 mil réis). Os serviços públicos de saúde existentes no início do século XX eram apenas os serviços de combate à epidemia, produção de alguns medicamentos, prestação de assistência de socorros, internação e isolamento de portadores de doenças contagiosas. Na década de 1930, o Departamento de saúde do governo do Estado de São Paulo trouxe a implementação de postos no interior do estado, porém em uma quantia insuficiente para suprir as necessidades da região.
Assim, a situação de vulnerabilidade intensa em que os imigrantes eram submetidos no Brasil levou com que as autoridades estrangeiras suspendessem por um período, a emigração para o país.
(CYTRYNOWICZ, 2016)
A preocupação dos governos estrangeiros com os problemas de seus cidadãos no Brasil levou à proibição da migração para o país em alguns períodos. A contrapropaganda dos imigrantes já instalados no país, onde escreviam a parentes, amigos e autoridades consulares, queixando-se das dificuldades de adaptação e dos problemas sanitários enfrentados, e a dificuldade para o acesso dos navios aos portos brasileiros, quando da ocorrência de epidemias, são apenas algumas facetas da íntima relação entre a situação sanitária de São Paulo e o fluxo de imigrantes, influenciando a formulação das ações sanitárias estaduais nesse período (...). (Mott,2005 apud CYTRYNOWICZ, 2016, p.22)
Diante a precariedade da promoção de assistência médica por parte do Estado e a falta de estruturas políticas públicas no campo da saúde nas décadas de 1920 e 1930, o programa do Dojinkai atingiu a meta principal de trabalhar para melhorar a assistência de saúde para os imigrantes japoneses e os seus descendentes, procurando atuar também no interior do Estado e nas demais regiões insalubres o Estado em que se estabeleceram os núcleos de imigração, iniciando a sua atuação das cidades de Bauru, Lins, Santos e Presidente Prudente. (CYTRYNOWICZ, 2016)
Figura 45 panfleto sobre febre amarela distribuído pela Dojinkai com o intuito de realizar o programa de orientação sanitário para os imigrantes japoneses fonte: CYTRYNOWICZ, 2016, p.32
Figura 46 clínica médica fundada pelo Dr. Hosoe em Bastos com o intuito de ajudar a assistência de saúde do interior de São Paulo fonte: CYTRYNOWICZ, 2016, p.25
No dia 5 de agosto de 1926, a Dojinkai (Sociedade Japonesa de Beneficência) adquiriu o terreno de 14.000 m², na Rua Santa Cruz, no distrito Vila Mariana com o intuito de construir um hospital para enfrentar os problemas de assistência de saúde aos imigrantes japoneses já mencionados anteriormente. O processo de construção do Hospital trouxe o engajamento dos imigrantes japoneses e de toda a comunidade, além de receber apoio financeiro e de recursos direto do Japão – cimento, vigas de ferro, entre outros materiais – e uma doação do próprio imperador que demonstrava a preocupação da saúde da comunidade no Brasil. Colonos e agricultores dos demais Estados brasileiros também contribuíram com doações de recursos, visto que a inauguração do Hospital também significava a concretização de um símbolo da inserção do estabelecimento e do enraizamento da comunidade de imigrantes no Brasil. (CYTRYNOWICZ, 2016)
Figura 47
capa de publicação da Dojinkai que destacava a construção do novo hospital fonte: CYTRYNOWICZ, 2016, p.43
Figura 48
vista aérea do Hospital Santa Cruz durante a sua construção, podendo identificar-se o Colégio Arquidiocesano (acima) e a Casa modernista do arquiteto Gregori Warchavchik, construída em 1928 fonte: CYTRYNOWICZ, 2016, p.36
O terreno adquirido possuía uma localização estratégica, próximo à Rua Domingos de Moraes, onde passava o bonde que ligava a região da Vila Mariana com o Centro da cidade, possuindo sistema de infraestrutura (rede de água e luz elétrica) adequada para o funcionamento do equipamento. Apesar da proximidade com o sistema de transporte, na década de 1920-1930 a região era pouco adensada com algumas residências de pequeno porte apenas nas proximidades do terreno adquirido, uma vez que a Rua Santa Cruz desembocava no Rio Ypiranga (ainda não canalizado), que por ser uma área alagável, não permitia o adensamento urbano concentrado na região. Em frente ao terreno do Hospital, localizava a casa do arquiteto Gregori Warchavchik (1928), a casa hoje tombada e patrimônio do Museu da Cidade que faz parte do Parque da Casa Modernista que será mencionado mais para frente. (CYTRYNOWICZ, 2016)
O terreno adquirido possuía uma localização estratégica, próximo à Rua Domingos de Moraes, onde passava o bonde que ligava a região da Vila Mariana com o Centro da cidade, possuindo sistema de infraestrutura (rede de água e luz elétrica) adequada para o funcionamento do equipamento. Apesar da proximidade com o sistema de transporte, na década de 1920-1930 a região era pouco adensada com algumas residências de pequeno porte apenas nas proximidades do terreno adquirido, uma vez que a Rua Santa Cruz desembocava no Rio Ypiranga (ainda não canalizado), que por ser uma área alagável, não permitia o adensamento urbano concentrado na região. Em frente ao terreno do Hospital, localizava a casa do arquiteto Gregori Warchavchik (1928), a casa hoje tombada e patrimônio do Museu da Cidade que faz parte do Parque da Casa Modernista que será mencionado mais para frente. (CYTRYNOWICZ, 2016)
De acordo com Cytrynowicz (2016), o projeto de arquitetura do Hospital Santa Cruz seguiu as concepções de arquitetura hospitalar nos Estados Unidos e na Europa, superando a concepção pavilhonar ao monobloco. Para a inauguração completa do equipamento em 1939, o equipamento passou por 3 projetos distintos: o primeiro foi elaborado no Japão e enviado para o Brasil pelo arquiteto Tsunemasa Arakaki. Já o segundo e o terceiro projeto elaborado no Brasil pelo Dr. Sentaro Takaoka (com apoio da colônia japonesa) e Dr. Luiz de
Rezende Puech (com apoio dos engenheiros Takeshi Suzuki e Shintaro Sakamoto).
A construção do Hospital Santa Cruz se deu em um período de mudança de paradigmas de engenharia e arquitetura em relação à projetos de equipamentos de saúde, o que singularizou o projeto modernista e racionalista do Santa Cruz. A concepção de hospitais predominantes na época era o sistema pavilhonar, caracterizado por edifícios de no máximo dois pavimentos que trabalhavam com o isolamento de cada uma das doenças dentro do pavilhão. No século XX, o sistema foi substituído pelo modelo norte-americano monobloco, dessa forma, os pavimentos poderiam ser agrupados verticalmente com uma infraestrutura econômica e racional. (CYTRYNOWICZ, 2016)
Na época de inauguração, uma matéria do jornal “O Estado de S. Paulo” destacava que o edifício possuía linhas modernas, em que a iluminação e ventilação foram cientificamente estudadas para o melhor aproveitamento do ambiente de cura pelos pacientes. Assim, o hospital possui uma forma de “V” que permite e iluminação natural dos ambientes sem a necessidade de claraboias, além de permitir a ventilação cruzada. Nas suas extremidades, existia a instalação de varandas e solários para permitir o banho de sol dos pacientes instalados no hospital. (CYTRYNOWICZ, 2016)
Dessa forma, a construção do Hospital Santa Cruz envolveu o engajamento forte da comunidade nipo-brasileira e do governo e imperador do Japão, além de afirmar como um projeto moderno e inovador que marcou o campo hospitalar na cidade de São Paulo. (CYTRYNOWICZ, 2016)
p.48
Figura 51
tsurus gigantes modelado pela ceramista Olga Ishida da exposição exibida no jardim do Pavilhão Japonês do Parque Ibirapuera para comemorar seus 60 anos; depois colocado no jardim japonês do Hospital como parte da decoração fonte: CYTRYNOWICZ, 2016, p.172
A sede principal do Hospital Santa Cruz ainda se mantém a estrutura básica do prédio original inaugurado em 1939, em conjunto com demais construções em seu entorno que abrigam novos serviços oferecidos pela instituição desde o ano de 1990. O atual campus possui o setor administrativo e financeiro nas demais construções com o intuito de centralizar o sistema de atendimento de saúde no prédio principal, circundado pelos pequenos jardins que exibem referências da sua história e da comunidade nipo-brasileira. Atualmente, o Hospital Santa Cruz possui uma capacidade de 139 leitos distribuídos em apartamentos individuais dos 3 andares (2° ao 4°) do prédio principal, e dois leitos na enfermaria. Além disso, o hospital também conta com 10 leitos na UTI geral, 10 em UTI neurológica, 10 na unidade Coronariana, unidade específica para transplante de medula óssea e dois centros cirúrgicos (Geral e Oftalmológico), que contam com profissionais de saúde que possuem domínio mínimo da cultura japonesa para realizar um atendimento confortável para a comunidade Nikkei que frequenta o equipamento. É um hospital com atendimento voltado aos pacientes da comunidade Nikkei, com atendimento em japonês e comida japonesa. (...) Uma das características que chama atenção é que mesmo os ‘brasileiros’ vêm ao hospital porque parte do corpo clínico, enfermagem e direção é nipo-brasileira. As pessoas valorizam, gostam do tratamento. (...) Os pacientes que nos procuram, mesmo os que poderiam procurar um hospital com melhor hotelaria ou mais próximo de sua residência, referem que se sentem mais cuidados e confiantes no atendimento aqui. (...) Com as mudanças que ocorreram, de atendimento em japonês e alimentação especial, vieram muitos pacientes mais velhos. Então o Hospital tem muita experiência no atendimento a pacientes geriátricos, temos muita tarimba com idosos.” (MATSURA,2016 apud CYTRYNOWICZ, 2016, p.177)
Figura 52
fotografia retirada na visita do principe Akishino e princesa Kiko do Japão no Hospital Santa Cruz fonte: CYTRYNOWICZ, 2016, p.187
Para o entendimento de como as estratégias de humanização podem ser aplicados nos projetos de arquitetura, o estudo de referências projetuais foram fundamentais para incrementação de repertório, além de servir também como base para nortear o projeto a ser desenvolvido no trabalho de conclusão. Deste modo, a análise dos estudos de casos selecionados possibilitou na compreensão de como as soluções projetuais (tanto estrutural, conforto, setorização, etc), que buscam conceber espaços que sejam favoráveis para os usuários, permitem a manutenção dos níveis de produtividade e
conforto psicológico para todos que frequentam um certo ambiente.
Portanto, as seguintes referências estudadas apontam diretrizes projetuais (desde a sua concepção de partido até formas técnicas para sua implantação) para os projetos de estabelecimentos de atenção à saúde, a fim de que esses estejam centrados na figura do paciente, possibilitando com que os ambientes projetados agreguem qualidade e senso de humanismo no contato com os usuários, além de cumprir o seu papel de prestação de cuidados para a cura de enfermidades.
O Hospital Sarah Kubitschek de Salvador foi projetado em 1987 pelo João da Gama Filgueira Lima (Lelé) na época em que esteve na direção de RENURB (Companhia de Renovação de Salvador), concluindo a sua construção no ano de 1991 em Salvador. O equipamento de saúde a ser estudado faz parte da rede Sarah, gerida pela Associação das Pioneiras Sociais (APS), que foi criado com nome de Subsistema de Saúde na Área do Aparelho Locomotor.
Segundo Rocha (2019), o programa da rede Sarah em que o projeto a ser estudado faz parte teve como os principais objetivos:
1.Oferecer serviço médico público qualificado na área da medicina do aparelho locomotor;
2.Promover programa de desenvolvimento de conhecimento científico;
3.Geração de informações nas áreas de epidemiologia, controle de qualidades gestão hospitalar, e custos dos serviços prestados;
4.Ação educacional buscando a diminuição das causas das principais patologias atendidos na rede.
Independente dos hospitais da rede Sarah possuírem um programa padronizado que seguem as principais diretrizes da rede destacados acima, o arquiteto busca desenvolver em detalhes, cada elemento da construção, atribuindo caráter particular em cada uma das unidades propostas.
Cada unidade hospitalar da Rede Sarah se origina em projeto único, como um grande jogo de montar que emprega os diversos componentes construtivos modulados, levando em conta os condicionantes do terreno, insolação e ventilação.(...) Embora os diferentes condicionantes do terreno e localização exijam soluções diferentes, o emprego de componentes produzidos em série e o próprio programa caracterizam padrões de articulação dos componentes construtivos e do espaço, respectivamente (WESTPHAL, 2007, p.09)
Figura 53 fotografia do arquiteto João da Gama Filgueira Lima (Lelé) fonte: AGÊNCIA BRASIL, 2014
Figura 54 fotografia do hospital sarah kubitschek de salvador fonte: KON, 2018
Diante disso, aproveitando as potencialidades distintas do local de implantação dos equipamentos, o arquiteto toma como prioridade a utilização dos elementos como flexibilidade, criação de espaços internos e externos ajardinados, iluminação, conforto ambiental e integração entre arquitetura e arte, com o principal objetivo de contribuir para humanização dos ambientes hospitalares projetado. Em vista disso, como um hospital com enfoque em tratamentos de reabilitação, o Sarah Kubitchek de Salvador foi considerado uma referência tanto arquitetônica como programática para o desenvolvimento do objeto projetual do trabalho de conclusão.
O Hospital do aparelho locomotor foi a primeira unidade da Rede Sarah construída na vigência do acordo de gestão entre Fundação das Pioneiras Sociais e Governo Federal. Nesta gestão, o Aloysio Campos da Paz foi responsável por estabelecer uma nova administração pública que possibilitou a aprovação por lei que a APS (Associação das Pioneiras Sociais), instituição de interesse privado, assumissem o compromisso de gerir o patrimônio público de uma rede de hospitais especializados na cura e enfermidade de pacientes necessitados de tratamentos voltados a área de aparelho locomotor (LATORRACA, 1999).
Diante o processo de desenvolvimento do projeto, a área de intervenção foi um dos elementos condicionantes do partido e organização programática do projeto em estudo. O terreno de 70.000 m² localizado entre avenidas Tancredo Nevez e Luis Viana Filho possibilitou a concretização de um hospital horizontal, favorecendo a circulação interna do equipamento de saúde que engloba 178 leitos (Lesão Medular, Lesão cerebral e reabilitação) que buscam por procedimentos médicos relacionados a reabilitação.
Dessa forma, tendo em vista as características físicas do entorno em que o projeto foi inserido, a proposta de implantação do edifício pode ser sintetizada por uma construção baixa (pavimento único com galerias subterrâneas) localizado no alto da cumeada, com o intuito de aproveitar a brisa (sudeste/leste) proveniente do mar. Conforme a imagem 55, o terreno foi organizado de forma que a principal cota ocupada pela Sarah Salvador foi a cota 40, elevando 20m acima do nível da rua, além de demonstrar a correção do desenho dos platôs de assentamento do prédio por meio de recortes de muros de arrimo que contornam a massa arbórea
existente. Nesse sentido, pode-se perceber a preocupação do arquiteto desde a sua fase de concepção inicial do projeto, em propor estratégias projetuais que sejam harmoniosas com o seu entorno inserido.
Figura 55
Topografia do terreno onde foi implantado o Sarah Salvador fonte: ROCHA, 2011, p.141
Figura 56
fotografia aérea da implantação do hospital Sarah Kubitschek fonte: google earth
O Hospital Sarah Kubitschek de Salvador, com os seus 27.000 m² de construção, teve os seus programas distribuídos em um único pavimento, podendo ser agrupado em 10 setorizações gerais: (1) ala de internação, (2) centro de estudos (residência), (3) espaço de convivência, (4) área de terapias e exames, (5) ambulatório emergencial, (6) administração, (7) centro cirúrgico, (8) raio x, (9) espaço nutrição e (10) áreas técnicas.
Figura 57
planta baixa do hospital Sarah Kubitschek de Salvador fonte: ROCHA, 2011
Conforme a planta baixa do hospital apresentado pela imagem 57, todos os programas foram distribuídos em um único pavimento do edifício com caráter “pavilhonar”, sendo conectados por um corredor central que secciona o projeto horizontalmente. O setor de posto de enfermagem (destacado em azul) foi localizado estrategicamente na área central do projeto, possibilitando a facilidade visual de cada um dos pacientes localizados na área de internação (destacado em amarelo) inserir na sua periferia que é composta por 3 tipologias de apartamentos (apartamentos com acompanhante, enfermaria de 8 leitos e 12 leitos). Além disso, a configuração “pavilhonar” do edifício, possibilitou a incorporação de espaços ajardinados que adentram nos ambientes de terapia, como solários (destacado em verde) que permitem a integração dos pacientes com a natureza, com o intuito de contribuir para o bem estar deles.
Já o centro de estudos (destacado em vinho) e ilustrado na imagem 58, foi projetado de uma forma independente do conjunto geral, em que a conexão do programa com o a ala de internação ocorre por meio da passagem coberta interligada com corredor central. O bloco foi composto por salas para residência médica, biblioteca de estudos e auditório.
Os demais programas que compõem o setor de atendimento aos pacientes como ambulatório, centro cirúrgico e áreas de terapia também foram organizados ao longo do corredor central que se comunica com o pavimento inferior de serviços por meio da rampa localizada na extremidade do edifício.
Nesse contexto, além de propor os ambientes que atendem às necessidades técnicas com enfoque ao atendimento de saúde de pacientes com lesão muscular, o hospital busca a inclusão de programas de educação para alunos de residência e ambientes de descompressão e lazer para os frequentadores do hospital, tornando um centro de referência de equipamento de saúde com programas de educação e atividades de práticas terapêuticas para os seus pacientes.
fotografia das divisórias dos ambientes feitas com argamassa armada fonte: KON, 2018
A flexibilidade e expansibilidade foram os dois principais fatores para a escolha do sistema construtivo adotado no projeto. Essas premissas foram empregadas para suprir as demandas de ampliações, adaptações ou mudanças no equipamento de saúde que poderiam ocorrer futuramente, devido a fatores como avanço da tecnologia que acarretem na necessidade de reconfiguração dos ambientes do hospital.
Nesse sentido, foi preferido a utilização de estrutura metálica e vedações de argamassa armada com o intuito de
garantir o rigor técnico e analogamente, a flexibilidade da construção.
Segundo Rocha (2011), em comparação ao concreto, a argamassa armada é composta por alto teor de cimento e é estruturada por incorporação de malhas de aço difusa, garantindo a montagem de peças com espessuras reduzidas, com estanqueidade e flexibilidade. Dessa forma, o uso desta técnica facilitou a montagem “in-loco” e diminuição do custo do transporte das peças, contribuindo para centralização da produção e possibilidade de transporte dessas em longas distâncias.
Assim como preza as instituições que compõem a rede Sarah, o hospital Sarah Kubistchek buscou se submeter aos seguintes princípios listados abaixo, que contribuíram para garantir a humanização no sistema de tratamento aos pacientes, tornando uma base também para o desenvolvimento do projeto proposto para o trabalho de conclusão em desenvolvimento (ROCHA, 2011). São as seguintes: -Princípio de Legitimidade: respeito aos direitos humanos e fundamentos morais das comunidades que servem; -Princípio de Cidadania: garantir a todos os usuários suporte e serviço com a igualdade de atenção, de consideração e respeito; -Princípio de Eficiência: realização do trabalho de uma forma eficiente, econômica e produtiva com o intuito de valorizar os recursos postos à disposição da APS (Associação das Pioneiras Sociais);
-Princípio da Competência Profissional: buscar a ampliação e aprofundamento de conhecimentos e de aperfeiçoamento de métodos e processos por meio da vivência prática hospitalar, da pesquisa,
do debate, do estudo e troca de conhecimento científico; -Princípio da Ação; -Princípio da Criatividade: buscar o gosto pela descoberta e invenção, temperado pelo realismo, simplicidade e eficiência; -Princípio da Renovação: convívio com ideais novas e comprovar sua viabilidade; -Princípio da Liberdade de Expressão: estimular a liberdade de expressão dentro da instituição, junto com respeito mútuo e disciplina; -Princípio de Dedicação; -Princípio da Integração Institucional: busca a fidelidade à instituição, de forma que o trabalho dedicado na instituição tenha características identificadoras dos Recursos Humanos da APS (Associação das Pioneiras Sociais).
Nesta mesma perspectiva, seguindo os princípios citados acima, o arquiteto buscou incorporar estratégias projetuais que garantam a promoção de humanização nos ambientes de tratamento aos pacientes. Dentre essas, destacam se as seguintes estratégias:
Figura 61 carta bioclimática de Salvador fonte: ANDREW MARSH, 2022
Com o estudo das características climáticas de Salvador, pode-se perceber que ao explorar os recursos naturais como irradiação solar e a brisa proveniente do mar, a manutenção do conforto para o ambiente do hospital poderia ser garantida sem que haja a necessidade de usos de ventilação mecânica (ROCHA, 2011). A figura 61 acima se refere à carta bioclimática extraída pela plataforma Andrew Marsh (http://andrewmarsh.com/software/), indicando a ventilação natural como estratégia predominante para a garantia da zona de conforto (Confort Zone destacado em verde).
Em vista disso, o arquiteto propõe um sistema de ventilação proveniente das galerias semienterrada que também possuem função estrutural de fundação e vias de redes de instalações. Conforme o esquema 62 demostrado a seguir, o mecanismo funciona através do recebimento de pulverização da água em que o ar é responsável por rebaixa a temperatura e retenção de partículas de poeira em suspensão nas galerias.
Figura 62
corte e planta esquemáticas do sistema de ventilação fonte: LIMA, 2012
Dessa forma, por meio do efeito de convecção, o ar frio injetados nas galerias sobe gradualmente à medida que ganha o calor, sendo expulsos através das aberturas promovidas por sheds da cobertura. Além disso, o efeito de sucção aumentada pela insuflação do ar impulsionado pela brisa e através de aberturas nos sheds, permite a contínua troca de ar dos ambientes internos do hospital. Assim, ambientes como enfermaria foram consideradas prioritárias a aplicação do sistema de ventilação natural apresentada acima para a garantia da renovação de ar do ambiente de uma forma natural, com intuito de mitigar as contaminações internas dos pacientes residentes no equipamento. Já em ambientes que necessitam de controle rigoroso de temperatura, foi utilizado ventiladores e ar condicionados com a sua infraestrutura embutida nas calhas presentes entre as vigas duplas utilizadas no projeto.
No hospital Sarah de Salvador, foi possível identificar a integração entre a obra arquitetônica do lelé com os trabalhos do artista plástico Athos Bulcão, nos muros de argamassa armada, quadros e pinturas em peças de mobiliário, com o intuito de trazer cor para a instituição de saúde.
Conforme a figura 63 o trabalho desenvolvido pelo artista na instituição resultou em um projeto que agrega cores com alto grau de cromaticidade, superando uma crença geral de que ambientes de assistência à saúde deveriam ser completamente brancos.
Nesse sentido, segundo Santos (2016), sob a perspectiva da cromoterapia, as cores são entendidas como elementos que possuem a capacidade de estimular sensações emocionais e físicas. Lacy (1996) descreve as respostas atribuídas para cada uma das cores utilizadas no muro:
-Vermelho: energizador de emoções, elevação de pressão arterial e afeta o sistema muscular;
-Amarelo: estímulo do sistema nervoso;
-Verde: acesso às emoções profundas, podendo liberar os traumas do passado e levar à harmonia e paz;
-Azul: traz calma e cura para a mente, podendo reduzir a pressão arterial.
Diante disso, a integração da obra de arte com o equipamento teve como seu objetivo atingir o máximo de bem-estar para o público que o frequenta. Dessa forma, levando em consideração a atuação direta das cores no psicológico de cada indivíduo, esses elementos foram incorporados no projeto com intuito de influir no aspecto de conforto ambiental e consequentemente na humanização dos ambientes hospitalares.
A implantação térrea do projeto Sarah Kubitschek de Salvador favoreceu a integração dos ambientes internos com as áreas ajardinadas. Por conseguinte, com exceção dos ambientes técnicos que necessitam de maior cuidado com a assepsia, todos os ambientes públicos do equipamento contemplam áreas verdes incorporados nos seus espaços, com intuito de proporcionar melhora nas condições de saúde dos pacientes e na prestação de serviços dos profissionais que trabalham no ambiente de cura.
Analogamente, o arquiteto busca evitar o enclausuramento dos espaços projetados, trabalhando com aberturas grandes nas fachadas e varandas que possibilitam o contato do paciente com o ambiente externo, permitindo também na criação de espaços de convivência para os pacientes e possibilitando com que os ambientes projetados agreguem qualidade e senso de humanismo no contato com os usuários.
Figura 64
sala de espera integrado com jardim fonte: KON, 2018 corredor integrado com jardim fonte: KON, 2018
Figura 65
A alteração do conceito de saúde, definido pela Organização Mundial de Saúde em 1948, como o estado em pleno bem-estar físico, mental e social e não a ausência da doença e enfermidade, causou um choque de paradigma do projetar ambientes hospitalares. (PIZZOLATO, 2014). Diante disso, as instituições hospitalares passaram a considerar não apenas a eficiência técnica dos tratamentos como prioridade para a organização institucional, mas foi entendido que o processo de cura também possui o dever de restabelecer a harmonia do corpo do paciente, não pensando isoladamente ao cotidiano do indivíduo em tratamento.
Nesse contexto, em 1995 no Reino Unido, surgiu-se as unidades de Maggie Centre. Fundada por Maggie Keswick Jencks e seu marido Charles Jencks, Maggie Centre eram instituições com configuração domiciliar que possuíam o intuito de oferecer aos pacientes em tratamento oncológico, um tratamento terapêutico para promoção do bem estar. O espaço construído oferece um antídoto para a ansiedade e a fragilidade emocional decorrentes da condição oncológica, oferecendo programas de apoio psicológico individual aos pacientes, com objetivo de reduzir estresse deles. Hoje em dia, a rede está inserida no serviço público de saúde do Reino Unido (National Health Service – NHS). (PIZZOLATO, 2014).
Dentre as 20 unidades de Maggie Centre existentes, todas as instituições possuem uma área aproximada de 280 m² e um valor pré-definido de custo para a sua construção até a manutenção
do local. Dessa maneira, a sua construção possui uma configuração doméstica, para fazer com que os usuários tenham uma identificação do ambiente como o seu “lar”, propondo ambientes com relação harmônica entre espaços públicos e privativos que garantam sensação de proteção.
De acordo com o programa funcional (“Architectural Breafing”) da instituição, os centros organizam-se em quatro setores segundo uma gradação crescente de privacidade: mediador, social, atividades e privado. O setor social, imediatamente acessível a partir da entrada, integra as zonas de cozinha e a sala de estar, espaços que protagonizam a interação e o convívio social. Desempenha ainda, juntamente com o espaço de entrada e recepção, funções de mediação com os restantes setores. Mais privado, o setor de atividades engloba a zona para sessões de relaxamento/terapia de grupo. Finalmente, as zonas mais íntimas como as salas de aconselhamento/terapia e os espaços administrativos fazem parte do setor privado.” (PIZZOLATO, 2014, p.193 apud DO REGO, 2012, p.63)
Nesse sentido, o projeto estudado serviu como uma referência para o entendimento de como os espaços privativos e públicos foram articulados de uma forma que garanta a sensação de conforto de “lar” para os pacientes com necessidade de tratamento oncológico, sem prejudicar a qualidade técnica do tratamento médico.
Maggie Centre da unidade de Dundee, foi projetado em 2003 por Frank Gehry na Escócia. Essa foi a primeira unidade que foi desenvolvida inteiramente independente das construções preexistentes dos hospitais localizados em seu entorno. O processo de escolha do terreno em que a unidade foi projetada foi essencial para garantir o melhor funcionamento do Centro Maggie.
A unidade foi implantada ao lado do hospital Ninewells de Dundee, que possibilitou a atuação da unidade como apoio a uma infraestrutura de escala maior existente. Analogamente, o terreno escolhido aproveitou o ponto mais alto das colinas, possibilitando vistas de qualidades para a natureza e consequentemente, o afastamento visual da cidade. Diante o clima úmido e nebuloso da região, o arquiteto aproveitou as vistas de qualidade do local para propor janelas com grandes aberturas e torres com mirantes para permitir a captação da luz natural, com intuito de evitar penumbra e sensação de frio que poderiam prejudicar a qualidade de vida dos pacientes da unidade.
fotografia da entrada de Maggie Centre de Dundee fonte: MAGGIES, 2022
Figura 68
Figura 67 vista aérea da implantação do Maggie Centre de Dundee. Percebe-se a independência do edifício da unidade proposta do complexo hospitalar de seu entorno fonte: MAGGIES, 2022
Segundo Pizzolato (2014) o intuito de oferecer um espaço construído traga a mitigação de fragilidade emocional e ansiedade decorrente da condição de tratamentos oncológicos, o projeto em geral busca respeitar as seguintes principais estratégias: (1) utilização de técnicas de relaxamento e recuperação do sistema imunológico para redução do nível de estresse dos pacientes; (2) apoio psicológico coletivo e individual; (3) acompanhamento didático conforme a evolução da doença; (4) proposta de edifício de porte domiciliar que articule ambientes agradáveis e receptivos à arte e a natureza, com principal objetivo de
catalisar a recuperação de seus pacientes.
Em vista disso, o programa funcional base seguido pelo arquiteto destaca estratégias projetuais que visam garantir ambientes mais humanizados. Dentre esses, para as unidades do Maggie Centre (inclusive de Dundee), o acesso principal é considerado o ambiente mais importante para o projeto, tendo a necessidade de ser amplo e convidativo para facilitar a identificação pelos usuários da instituição.
Em seguida, os ambientes imediatamente interligados pela entrada são compostos por programas de uso mais descontraído para permitir o acolhimento dos frequentadores, podendo ser compostas
Como o seu partido inicial, o arquiteto buscou explorar a forma curva para o desenho das paredes internas e externas do projeto, para garantir uma setorização interna dos ambientes com caráter fluido, resultando em um layout que permite que uma “espiral” de atividades ocorra sem se esbarrarem umas nas outras, conforme apresentado na imagem 69.
Respeitando o caráter domiciliar do equipamento, o edifício possui um caráter relativamente pequeno, em que a maior parte de seu programa está localizado no pavimento térreo com intuito de facilitar a circulação interna do projeto. Conforme as premissas definidas do Maggie Centre, a unidade de Dundee também apresenta uma entrada ampla, que leva os usuários para uma circulação central que interliga os programas do edifício. Logo a esquerda da entrada, foram disponibilizados espaços de convivência como a cozinha e uma sala de estar com pequenas salas de consulta à direita, concentrando a maior parte dos programas recreativos no térreo.
Figura 71
Nesta mesma perspectiva, conforme as imagens 71 e 72, com o intuito de garantir o conforto dos pacientes e consequentemente a humanização do espaço projetado, o arquiteto optou pela utilização da madeira como elemento “quente” da ambiência dos espaços, presentes na estrutura das tesouras da cobertura, vigas, caixilho e portas, que são elementos que estão expostas no ambiente interno. Além das propriedades do material estrutural contribuir para repelir a umidade e sensação térmica de frio do inverno da região, foi feito o desenho das tesouras do telhado de uma forma que permita a entrada de luz natural que adentra pelas aberturas e banhe de forma irregular nos cômodos, criando sombras distintas ao longo do dia.
2022
Figura 72
Corte longitudinal do edifício, demonstrando a estrutura de madeira da cobertura. Percebe-se que a inclinação variável das tesouras permitiu o dimensionamento de janelas com tamanhos distintos, possibilitando a entrada da luz natural com incidência e intensidade distintas ao longo do dia.
fonte: PIZZOLATO, 2014
Por fim, o desenho do paisagismo também passou por um processo de estudo pelo arquiteto, que buscou trabalhar com vegetações de densidades variáveis ao longo da implantação geral do projeto. Da mesma forma que foi proposto vegetações densas nos dois flancos laterais com o intuito de garantir a privacidade dos pacientes, na ala central do projeto, foi implementado
um paisagismo de vegetação baixa (“tapete de grama”) que formam um labirinto que trazem uma analogia aos labirintos recorrentes nas Igrejas Católicas medievais. O caminho projetado pela paisagista Arabella-Lenox-Boyd contribuiu na criação de espaços abertos que possam ser apropriados de uma forma livre pelos próprios frequentadores da instituição.
Figura 73
fotografia do paisagismo Maggie Centre de Dundee fonte: MAGGIES, 2022
Figura 74
fotografia espaço de convivência de Maggie Centre de Dundee fonte: MAGGIES, 2022
Figura 75
fotografia sala leitura
Maggie Centre de Dundee fonte: MAGGIES, 2022
Dessa forma, o projeto estudado foi crucial para entender o conceito de hospitais terapêuticos, que buscam articular as estratégias projetuais como materialidade, paisagismo, organização espacial de fluxos e programas e principalmente o controle do ambiente público e privado para trazer o conforto para pacientes em tratamentos oncológicos, apresentando estratégias que podem ser aplicados em edifícios arquitetônicos de diversos usos e escalas, afim de garantir a humanização do espaço construído.
O centro de pesquisa e ensino Albert Einstein foi inaugurado em 2022, projetado pelo escritório Safdie Architect, localizado no bairro residencial do Morumbi em São Paulo. O projeto foi uma iniciativa da Sociedade Beneficente Israelita Brasileira Albert Einstein, como a primeira escola de medicina a ser estabelecida por um hospital privado no Brasil. Com total de 44000 m² de área construída, a instituição apresenta um enfoque em programa educacional e pesquisa que serve de apoio ao complexo hospitalar Albert Einstein localizado ao lado do centro de ensino proposto.
Segundo Safdie Architect (2022), por meio de uma conexão física e programática, a instituição teve como o principal objetivo, trazer uma abordagem interdisciplinar entre prestação de cuidados de saúde e a educação e pesquisa, sob a perspectiva do século XXI. Nesse sentido, através de passarela que conecta diretamente a instituição de ensino com o hospital, proposta de salas de aulas flexíveis, auditórios, laboratórios, sala de simulação e principalmente espaços públicos inclusivos de convivência, a instituição busca reunir estudantes de medicina, enfermagem, pós-graduação e atividades de pesquisa médica, com intuito de integrar e trazer uma troca de conhecimento saudável entre agentes como estudantes, profissionais de saúde e os próprios pacientes.
Figura 77
corte perspectivado do projeto. Percebe-se a presença da passarela que conecta o centro de estudo com o hospital fonte: SAFDIE ARCHITECT, 2022
Dessa maneira, apesar do projeto em estudo não apresentar um programa restritamente de atendimento a saúde, o estudo desse foi muito importante para compreender como a proposta de ambientes de convivência combinado com novas tecnologias construtivas podem resultar em espaços que propiciem a integração e socialização dos usuários para troca de aprendizado e experiência. Assim como o projeto Sarah Kubitschek, abordado como primeiro estudo de caso, o centro de pesquisa e ensino Albert Einstein propõe algumas estratégias projetuais que visam trazer conforto e espaços humanizadores para os frequentadores, apresentado nos próximos tópicos.
Dentre os ambientes projetados, o átrio é caracterizado como elemento principal do projeto, que cria um espaço de convivência ampla, articulando os demais programas localizados em seu entorno. Segundo Safdie Architect (2022), a estrutura de cobertura de vidro abobada do átrio abordou um sistema inovador de sombreamento e iluminação natural, trazendo equilíbrio entre 3 fatores: fornecimento da ampla iluminação do dia para a vegetação que compõe o paisagismo, controle do ganho de calor e ofuscamento de forma a garantir o conforto térmico e garantia do sombreamento por meio de filtragem da luz solar intensa.
O telhado de vidro de 3800m² projetado pelo Atelier Ten em parceria com Ca2 Consultores, foi composta por 3 cúpulas estruturais integradas. Com o intuito de garantir o conforto térmico do ambiente, a claraboia externa foi composta por 1854 painéis de vidro revestidos com proteção solar, impressos com um padrão de pontos cerâmicos translúcidos para com garantir o sombreamento da luz do sol. A densidade dos pontos de proteção foi variada conforme a incidência solar, aumentando a sua concentração em direção às extremidades leste e oeste
que sombreiam o sol de baixo ângulo. Já a cúpula central possuiu um caráter mais claro, permitindo a incidência completa do sol, com o intuito de garantir luz natural para a manutenção do jardim central com vegetações de maior porte. Consequentemente, a iluminação natural que atinge as camadas sobrepostas dos pontos cerâmicos criou um efeito de “luz do sol manchada através das folhas sobrepostas de uma árvore”, trazendo uma sensação para as pessoas, de estar sob a copa de uma árvore. (SAFDIE ARCHITECT, 2022)
esquema indicando a densidade dos pontos de proteção fonte: SEELE, 2022
O projeto de paisagismo foi considerado elemento importante para tornar o átrio central do projeto um ambiente visualmente confortável para os usuários do equipamento. Em colaboração com a arquiteta paisagista Isabel Duprat, o jardim do átrio foi composto por vegetações nativas de espécies variáveis, em que a disposição das áreas ajardinadas proporcionou a criação de variedade de espaços, desde anfiteatro social, espaço de exposições e até ambientes de convivência mais privativos ao longo dos bancos localizados em volta do espelho d’agua.
Figura 81
Figura 80 fotografia do paisagismo do projeto fonte: SAFDIE ARCHITECT, 2022
Desse modo, com intuito de garantir o conforto térmico e ambiental do ambiente, foi projetado um sistema mecânico para fornecer o resfriamento do átrio comente o necessário, em nível baixo e em baixa velocidade, para maximizar o conforto, controlar a umidade e minimizar o uso de energia. Analogamente, o ambiente também foi projetado para equilibrar os níveis de umidade no edifício, proporcionar conforto, atender às necessidades das vegetações especificadas no projeto de paisagismo e também controlar a umidade para atender aos rigorosos requisitos ambientais do laboratório.
Com o intuito de estudar o impacto dos elementos arquitetônicos para a configuração de ambientes que contribuam para a cura e bem estar dos pacientes, o trabalho possui o objetivo de desenvolver uma Clínica de Retaguarda de apoio principal ao Hospital Japonês Santa Cruz, localizado na proximidade, que futuramente, o seu modelo arquitetônico possa ser replicado e adaptado em diversos locais da cidade. Clínica de Retaguarda, que também possui uma similaridade às Unidades de Internação em Cuidados Prolongados|UCP ou Hospital Especializado em Cuidados Prolongados|HCP, é um equipamento de saúde que surgiu como uma opção de atendimento pós-hospitalar, que visa dar continuidade ao tratamento iniciado no hospital, e ao mesmo tempo diminuir o alto risco de infecção
que o paciente fica submetido em uma internação hospitalar prolongada. Em muitos casos a indicação do hospital de retaguarda também está relacionada a necessidade de cuidados paliativos, tratando cada paciente como indivíduos distintos, com tratamentos personalizados.
Dessa forma, aplicando estratégias projetuais diversas (conforto ambiental, exploração de técnicas construtivas, estudo de implantação, materialidade, acessibilidade, etc) pretende-se, o desenvolvimento de um ideário programático de elementos arquitetônicos para a recuperação de pacientes em leitos de alta duração, em que o ato de “habitar” no ambiente bem projetado ajudará na recuperação do bem-estar do paciente, ajudando a reinserção dele na sociedade.
A cartografia sensível realizada na disciplina de atividade 3, serviu como instrumento para o entendimento do território de intervenção para a implantação do objeto projetual do TFG. O principal objetivo foi compreender quais os principais agentes e elementos que atuam no território escolhido para a atividade, realizando uma análise que extrapole a visão do terreno como apenas um lote, mas sim como um espaço público que se articula com o resto da malha urbana.
Conforme mencionado anteriormente no capítulo 2 do trabalho, foi escolhida uma área de intervenção inserida no distrito de Vila Mariana, atualmente uma das regiões em São Paulo com índice de envelhecimento extremamente elevado, como um objeto de estudo para investigar os impactos sociais que uma rede de equipamentos de apoio para cuidados prolongados pode trazer para a estruturação da saúde pública na cidade.
área verde estação de metrô pontos de ônibus ciclofaixa
Ao fazer uma proposta projetual relacionada à saúde, o principal objetivo do trabalho foi compreender como os equipamentos de saúde consolidados na proximidade da área de estudo se relacionam em redes, futuramente, como a relação pode trazer o impacto no setor de serviço de saúde no contexto urbano.
Dessa forma, por meio de pontos de linhas, a cartografia apresenta um breve mapeamento dos principais equipamentos de saúde localizados no bairro (representados em pontos), e como eles podem se relacionar entre eles, e com a futura clínica de retaguarda que será implantada com o exercício projetual.
Na cartografia, foi destacado em vermelho, as principais vias que possuem uma importância relevante na mobilidade e a conectividade no bairro. São elas: Avenida Dr. Ricardo Jafet, Rua Sena Madureira, Rua Santa Cruz, Rua Loefgren e Rua Padre Machado. Diante a análise territorial realizada para o estudo da área de intervenção para o exercício projetual, pode-se perceber que a facilidade de acesso (proximidade com transporte público - ex: Metrô Santa
cruz), sua localização em frente ao Hospital Japonês Santa Cruz e ao Parque Modernista (espaço público com área verde densa) e proximidade com espaços públicos existentes são elementos que caracterizam potencialidades do terreno escolhido, uma vez que esse abrigará um equipamento de saúde que traz o enfoque em recuperação dos pacientes pós internação, servindo também como equipamento apoio ao hospital Japonês Santa Cruz.
Figura 87 fotografia da rua santa cruz, uma das principais ruas que norteiam o bairro fonte: acervo pessoal
Figura 88
Mapeamento inicial do terreno de intervenção fonte: autoral
dados do terreno
área: 4726,31 m²
parque casa modernista acesso ao parque
martins hospital japonês santa cruz
rua
3
acesso ao parque 1 2
TO máx: 0,7 CA máx: 4 CA mín: 0,5 zoneamento: ZEU recuo mín fundo e lateral: 3(j)*
terreno intervenção possível ampliação terreno
área: 1008,38 m² TO máx: 0,7 CA máx: 4 CA mín: 0,5 zoneamento: ZEU recuo mín fundo e lateral: 3(j)*
*j. Os recuos laterais e de fundo para altura da edificação superior a 10m (dez metros) serão dispensados conforme disposições estabelecidas no artigo 66, incisos II e III desta lei. demolição
1.posto de gasolina desativado (atual estacionamento)
2.estacionamento a a
rua santa cruz
rua dr. lopes de almeida
0 30 60
A figura 88 apresenta um mapeamento inicial das principais informações físicas da área de intervenção escolhida para a implantação do objeto projetual. Após a análise territorial do bairro, optou-se por trabalhar no terreno localizado na proximidade da estação Santa Cruz, rodeada por 3 vias: Rua Santa Cruz (via com maior movimentação localizada em frente do hospital existente), Rua Capitão Rosendo (ao lado do Parque da Casa Modernista) e a Rua Dr. Lopes de Almeida. Para a implantação da Clínica proposta em projeto, foi necessário a apropriação de 3 lotes, totalizando 5734,69 m²: 01 Estacionamento descoberto
Figura 89
fotografia estacionamento descoberto (atual terreno) fonte: acervo pessoal
Instituto fonte para desenvolvimento social, caracterizado como pequenos programas de assistência social. Para o desenvolvimento da atividade projetual, foi proposto a demolição da construção. No entanto, no programa de necessidades, foi proposta a implementação de programas de assistência social para possibilitar uma possível realocação da instituição demolida ilustrada pela figura 91.
Posto de gasolina desativado (atual estacionamento)
fotografia posto de gasolina desativado (atual estacionamento) fonte: acervo pessoal
Instituto fonte para desenvolvimento social
Figura 90 Figura 91
Fotografia do da residência que abriga o instituto fonte fonte: acervo pessoal
Figura 92
diagrama das pré-existências da área de intervenção fonte: autoral
parque casa modernista hospital japonês santa cruz
Figura 93
fotografia do Hospital
Japonês Santa Cruz fonte: acervo pessoal
principais fluxos
hospital japonês santa cruz parque casa modernista
tombamento casa modernista residência gregori warchavchik nível de tombamento: P1 preservação integral ano de tombamento: 1984
A figura 92 apresenta um diagrama de análise dos principais elementos pré-existentes na área de intervenção da atividade projetual. Pode-se perceber que tanto o Hospital Japonês Santa Cruz como o Parque Casa Modernista, são pré-existências marcantes na área de intervenção.
O Hospital Japonês Santa Cruz localizado em frente da área de estudo desde 1939, caracteriza-se como uma preexistência importante no bairro, tanto na questão urbanística como na configuração do sistema de saúde na época da imigração japonesa no século XX. Tendo a sua formação a partir de uma associação japonesa (Dojinkai) que possuía um programa amplo, incluindo missão de formar profissionais de saúde, enviar médicos ao interior, distribuir equipamentos e remédios, difundir informações e construir hospitais, a construção do Hospital Santa Cruz envolveu o engajamento da comunidade nipo brasileira e do governo e imperador do Japão, além de afirmar como um projeto moderno e inovador que marcou o campo hospitalar na cidade de São Paulo.
Dessa forma, na cartografia o hospital existente foi apresentado como um dos destaques na análise territorial, buscando no exercício projetual, a integração programática da clínica proposta futuramente pelo TFG.
O parque da casa modernista é um elemento marcante na configuração do bairro da área de estudo, tanto na questão histórica (tombado pelo Condephaat, Iphan e Conpresp como nível P1 a partir de 1984) como na configuração de espaços urbanos na malha urbana inserida.
A cartografia sensível desenvolvida a partir da visita realizada no bairro, traz também uma análise crítica sobre o patrimônio tombado. Apesar do parque configurar um espaço urbano com importância histórica e diversidade ambiental (atualmente o parque abriga resquícios
da mata atlântica), o muro que delimita o terreno do patrimônio acabou fechando a vista do parque para os pedestres, dificultando a interação do espaço público com a sua malha urbana.
O tombamento de preservação integral do parque como todo não possibilitou a proposição de uma intervenção física direta na no parque existente, porém, tomou-se como um dos principais partido, a implementação de praças externas de acesso público integrado ao edifício projetado, com o intuito de integrar o próprio equipamento com a malha urbana e priorizar a configuração de espaços públicos para o lazer urbano.
Figura 94
fotografia entrada Parque Modernista fonte: acervo pessoal fotografia muro de delimitação do Parque Modernista fonte: acervo pessoal
Figura 95
área de estudo
Figura 96
mapa de zoneamento fonte: acervo pessoal desenho sobre base cartográfica Geosampa
Figura 97
mapa uso do solo fonte: acervo pessoal desenho sobre base cartográfica Geosampa
0 100 200
legenda
ZEU_u ZM_u ZC ZC ZEPAM PCA_CANT
Conforme o mapeamento apresentado pela figura 96, é possível identificar que a área de intervenção escolhida é demarcada por ZEU (Zona Eixo de Estruturação da Transformação Urbana – territórios que promovem usos residenciais e não residenciais com densidades demográfica e construtiva alta, junto com promoção da qualificação paisagística e dos espaços públicos articulados ao sistema de transporte público coletivo) (SÃO PAULO, 2016). Dessa forma, percebe-se um incentivo por parte das políticas públicas a diversidade de usos e a preservação da morfologia urbana existente.
Resid. Horiz. Médio Resid. Vert. Médio Resid. e comércios Resid. e indústrias Comércios e serviços Escolas Comércios indústrias Outros
A partir da análise do uso e ocupação do solo, percebe-se a concentração de uso residencial de caráter vertical e horizontal na parcela leste da área de intervenção escolhida, com exceção ao parque e ao hospital localizado na periferia do terreno escolhido para a atividade projetual. Esta concentração se dissolve em direção Oeste, sendo substituída por edifícios comerciais e de serviços por conta da proximidade da de principais vias que desenham o bairro (como a Av. Domingo de Morais) e a presença de estação de Metro Santa Cruz.
Figura 98
mapa meio físico fonte: acervo pessoal desenho sobre base cartográfica Geosampa
legenda curva mestra (5m) hidrografia
Conforme afirmado anteriormente no capítulo 2, o córrego Ipiranga (junto com a Avenida Ricardo Jafet) possui uma presença forte na área de intervenção para a atividade do trabalho de conclusão, é uma das áreas recorrentes de fenômenos de inundação, que geram como consequência efeitos negativos para a dinâmica urbana da região. Diante disso, dentro das diretrizes projetuais, foi proposta algumas estratégias projetuais de drenagem (como piso drenante, jardim verde, canteiros de jardim de chuvas) que buscam mitigar o escoamento direta da água em períodos de chuvas em direção a Avenida existente.
Figura 99
parcão chácara klabin parcão giordano parque modernista
área de estudo parcão kisao tokio praça alexandre cabanel
mapa vegetação fonte: acervo pessoal desenho sobre base cartográfica Geosampa
áreas verdes
A figura 99 apresenta o levantamento de principais massas arbóreas e praças públicas localizadas na proximidade da área de intervenção. Conforme mapeado, pode-se afirmar uma concentração maior de manchas verdes na porção norte do bairro. A implementação de novas praças públicas também fez parte das diretrizes projetuais do equipamento proposto no trabalho de conclusão, buscando discutir a importância da formação de redes de infraestrutura verde para a melhoria do conforto ambiental e a garantia do lazer urbano nas cidades contemporâneas.
Figura 100 Figura 101
mapa de transporte fonte: acervo pessoal desenho sobre base cartográfica Geosampa mapa equipemento de saúde fonte: acervo pessoal desenho sobre base cartográfica Geosampa
0 100 200
legenda linha ônibus ciclovia
pontos de ônibus estação de metrô
A figura 100 demonstra os principais meios de transporte presente na proximidade da área de intervenção. Pode-se destacar 4 principais vias: Rua Domingos de Morais (localização da estação de metrô), Rua Santa Cruz (localizado em frente ao terreno de intervenção), Avenida Dr. Ricardo Jafet e Rua Loefgren. Todos esses abrigam passagem de linhas de ônibus que interligam as diferentes vias do bairro por meio da oferta de transporte público para a população.
área de estudo
legenda
1.Hospital Santa Cruz 2.Hospital e Maternidade Sepaco
3.UBS Santa Cruz
4. SUS Centro de referência em homeopatia medicinas tradicionais e práticas integrativas em saúde 5. AME IDOSO SUDESTE
Por meio da figura 101, foi possível mapear demais equipamentos de saúde com o intuito de compreender a rede de equipamento de saúde existente que atuam fortemente no bairro:
1.Hospital Santa Cruz
2.Hospital e Maternidade Sepaco
3.UBS Santa Cruz
4. SUS Centro de referência em homeopatia medicinas tradicionais e práticas integrativas em saúde
5. AME IDOSO SUDESTE
Após realização da leitura territorial, foi tomado como diretrizes para desenvolvimento do objeto projetual, a proposição de um equipamento de saúde que tenha a função de oferecer um espaço de acolhimento para os frequentadores do bairro, através das seguintes estratégias:
- Propor um programa para o equipamento de saúde não apenas com abordagens técnicas, mas também incorporar programas de caráter público que promova lazer cultural que propicie a saúde física e psicológica dos pacientes em recuperação;
- Criar uma conexão física e programática com o a malha urbana inserida, com proposição de espaços públicos de lazer que possam complementar o Parque Modernista tombado localizado ao lado da área de estudo proposta, e o próprio hospital Santa Cruz existente em frente do terreno;
- Redesenho das áreas descobertas voltados para o uso público, trazendo conexão do equipamento com a malha urbana;
- Encontrar estratégias de conforto e sustentabilidade que auxiliem na manutenção do equipamento, e que contribuam para implementação de ambientes que garantam a qualidade de vida dos frequentadores do equipamento;
- Promover estratégias para a drenagem do perímetro do Córrego Ipiranga visto que as enchentes são recorrentes no local.
rua dr. lopes de almeida rua capitão rosendo
Figura 102
corte esquemático da área de estudo fonte: autoral diagrama de programa preliminar fonte: autoral SETOR PÚBLICO LAZER
FUNCIONÁRIO ADM ÁREA TÉCNICA
ÁREA TÉCNICA ATENDIMENTO SAÚDE CIRCULAÇÃO VERTICAL
Diante a análise cartográfica territorial da área de estudo, percebeu-se a transposição de cotas como um dos maiores desafios a ser enfrentado. O corte urbano do entorno imediato do terreno escolhido para a atividade projetual (representado pelas imagem 104 e 105) demonstraram uma diferença total de 8 metros ao longo da Rua Santa Cruz - trecho entre a Rua Capitão Rosendo e Rua Dr. Lopes de Almeida.
Figura 104 isométrica da área de intervenção fonte: autoral
rua dr. lopes de almeida
Figura 106
Em primeiro momento, tomou-se como o partido inicial, trabalhar com a transposição de cotas no sentido transversal da quadra (sentido Rua Capitão Rosendo – Rua Dr. Lopes de Almeida), conforme ilustrado na figura 106. Devido a topografia com desnível acentuado, a transposição de cotas de pedestres foi garantida por meio dos núcleos verticais de circulação do edifício, buscando concentrar os programas de caráter público no pavimento térreo com o intuito de garantir a fruição pública do projeto.
Figura 107
_transposição _transposição
Em segundo momento, buscou-se distribuir o programa do equipamento em múltiplos blocos que fossem conectados por um elemento central. Dessa forma, o átrio central proposto teria a função programática de unificar e articular os programas que ocorrem em sua periferia, além de atuar como um espaço central de convivência, com iluminação natural garantida pelo pé direito duplo, e uma vista ampla de todo o complexo pelos usuários.
_volumetria
Figura 108
Figura 109
diagrama transposição fonte: autoral diagrama implantação fonte: autoral diagrama volumétrica fonte: autoral diagrama volumetria final fonte: autoral
Apesar do projeto consistir em um bloco único, foi considerado a criação do átrio central e a disponibilidade de acessos em níveis diferentes com o objetivo de adequar o edifício proposto na sua malha urbana, acompanhando o declive da Rua Santa Cruz. Além disso, com objetivo de disponibilizar jardins externos e internos distribuídos ao longo do projeto visando a garantia do conforto ambiental (térmica, visual) dos espaços propostos, foi configurado a criação de terraços nas lajes provenientes da diferença de altura dos ambientes que compõem o equipamento.
_volumetria final
A figura 109 ilustra a volumetria final do edifício proposto para a atividade projetual. Dessa forma, é possível perceber a proposição de áreas verdes que circundam o edifício construído, configurando praças públicas de lazer que convidam o pedestre a adentrar no equipamento e que trazem a conexão do equipamento com a malha urbana inserida.
Figura 110 croqui inicial fonte: autoral
1°-2° pavimentos Nos pavimentos tipos do projeto, foi concentrado programas do setor de atendimento a saúde, dando enfoque principalmente nas áreas de internação.
Devido ao desnível topográfico ao longo das vias que delimitam o lote do projeto, foi necessário a proposição de 2 térreos que dão acesso ao projeto:
térreo cota 795 Conforme a premissa inicial do projeto, foi concentrado os programas de caráter público nos pavimentos térreos afins de prevalecer a fruição pública do projeto.
térreo cota 790
O “segundo” térreo na cota rebaixada em relação ao acesso principal também concentra programas de caráter público, configurando um centro de estudo e lazer.
setor público | lazer
salão evento
setor saúde administrativo setor atendimento saúde
250m² 1
sala administrativa 40m² 1
qnt. qnt.
SAME (ser. de arq. médico) 11,35m² 1 sala tesouraria 7,2m² 1 sala de reunião (16,2m²) 32,4m² 2
áreas técnicas
metragem total metragem total
qnt.
metragem total
depósito de macas e cadeiras de rodas (4,35m²) 8,7m² 2
quarto internação comum (15m²) 690m² 46
leito de isolamento (18m²) 72m² 4 antecâmara de acesso (1,8m²) 7,2m² 4
vestiário (3,8m²) 38m² 10 banheiro consultórios (3,8m²) 15,2m² 4 consultório clínico geral (11,35m²) 22,7m² 2 consultório fisioterapia (11,35m²) 22,7m² 2 consultório fonoaudiologia 17,9m² 2 sala de imunização 20,2m² 1 sala terapia ocupacional 20,2m² 1 consultório nutricionista 11,35m² 1 sala de atendimento social UPA 9m² 1 consultório psicólogo (15m²) 30m² 2 sala de inspeção de med. 6,5m² 1
área de armazenagem e controle medicamento (CAF) 70,5m² 1
qnt. qnt.
recepção 50m² 1 sala descompressão equipe méd. 75m² 1
piscina (hidroterapia) 150m² 1 sala de espera consultório 100m² 1
metragem total metragem total
biblioteca 350m² 1 centro de estudos 300m² 1 refeitório 270m² 1 café 70m² 1 área de recepção familiares 150m² 1 praças + áreas externas 4000m² 1 18,32% 3,26% 1,16% 5,07%
rouparia 20,2m² 1 posto de enfermagem (8m²) 40m² 5
lavanderia 11,5m² 1 enfermaria 32m² 1
setor saúde funcionários
lobby de entrada (multiuso) 200m² 1 café + copa 70m² 1
DML (2,2m²) 11m² 5
almoxarifado (13m²) 26m² 2
central de administração de materiais e equipamentos 47,55m² 1 sala de utilidade com pia e despejo (8,65m²) 34,6m² 4 sala de preparo equipamento e material (4,35m²) 8,7m² 2
câmara fria 20m² 1 depósito resíduo tôxico 9m² 1 depósito resíduo reciclável 27,75m² 1 depósito resíduo biológico 5,4m² 1 casa de bombas e máquinas 70,2m² 1 reservatório 50m² 1 sala de equipamentos 45,5m² 1
observação: em um estudo incial, metragens relacionados a áreas técnicas de saúde foram baseados do PORTAL SOMASUS.
Figura 112 gráfico de distribuição programática fonte: autoral
O projeto tomou como o partido, proporcionar um equipamento de saúde com o enfoque nos programas de recuperação dos pacientes pós internato (oferecendo infraestrutura técnica para o tratamento deles) e no programa de humanização do ambiente hospitalar, mesclando os programas “técnicos” junto com programas de lazer de acesso público, com o intuito de oferecer ambiente de cura que propicie a reabilitação dos pacientes. O programa de necessidades do equipamento proposto foi dividido em 5 grupos:
A. Setor público (programas de lazer de acesso público, envolvendo áreas de estudo, biblioteca e salões de eventos com exposições)
B. Setor de atendimento saúde (espaços privativos destinados ao paciente)
C. Setor saúde funcionário (espaços privados destinados à equipe médica)
D. Setor de saúde administrativo (administração do equipamento)
E. Áreas técnicas
acesso (cota acesso 03 (cota 790)
acesso 02 (cota 795)
acesso 04 (cota 788)
dados do terreno terreno intervenção área: 5734,69 m²
TO máx: 0,7 CA máx: 4 CA mín: 0,5 zoneamento: ZEU recuo mín fundo e lateral: 3(j)*
*j. Os recuos laterais e de fundo para altura da edificação superior a 10m (dez metros) serão dispensados conforme disposições estabelecidas no artigo 66, incisos II e III desta lei.
c a
ambulatório a5.atendimento fonoaudiologia a6.consultório fisioterapia a7.sala de imunização a8.hidroterapia (vestiário + despósito)
de almeida
Figura 114 planta térreo cota 795 fonte: autoral
capitão rosendo
legenda setor público 01.recepção 02.átrio central 03.refeitório 04.preparo carro térmico 05.cozinha 06.despensa 07.café 08.banheiro setor funcionários 09.espaço equipe médica setor administrativo 10.sala administrativa 11.sala reunião 12.sala tesouraria setor atendimento saúde (a1-a8) 13.inspeção de medicamentos 14.controle de medicamentos áreas técnicas 15.central adm. material + equipamento 16.DML 17.sala de utilidades 18.central de gases medicinais 19.central de oxigênio 20.vaga ambulância
A figura 114 ilustra a planta térreo da cota 795 - acesso principal do edifício, pela esquina da Rua Santa Cruz e Rua Capitão Rosendo.
Conforme afirmado anteriormente, buscou-se pela concentração de programas de caráter público no pavimento térreo, com o intuito de atrair a circulação de pedestres e consequentemente, melhorar a fruição pública do local.
O edifício foi organizado por meio de 3 circulações verticais:
A. Composta pela escada aberta e 2 elevadores; B. Circulação de serviço composta por escada enclausurada e 2 elevadores; C. Escada enclausurada de emergência.
O átrio central (número 02) foi considerado como elemento central do projeto, que articula todos os programas que acontecem em sua periferia.
Nota-se que além dos programas de caráter público-lazer, o térreo 795 também abriga um ambulatório (a1-a8) que possui o intuito de oferecer serviço de atendimento básico para os pacientes da instituição de saúde.
A figura 115 ilustra a entrada principal pela Rua Santa Cruz x Rua Capitão Rosendo. Com o intuito de tornar a entrada mais convidativa para o público, foi desenhado uma praça externa com assentos de marcenaria que acompanha as duas ruas (no perímetro do edifício).
Na calçada pública dentro do lote, foi proposta o uso de piso drenante com colorações diferentes (ref: unistein) que desenham o caminho dos pedestres, delimitando a área seca e área com vegetação (pequenos canteiros e jardim de chuva) da praça. Estes elementos foram empregados como estratégia de mitigação do escoamento de água direta pela Rua Santa Cruz nos períodos intensos de chuva.
Figura 115 perspectiva externa acesso térreo (cota 795) fonte: autoral
A figura 116 representa o átrio central do projeto, vista pela cota térreo 795. Respeitando as premissas iniciais do projeto, procurou-se dar a importância da presença de vegetação nas áreas internas do edifício, com o intuito de garantir o conforto ambiental e trazer uma variação de vistas dentro do ambiente hospitalar, estimulando os sentidos sensoriais dos pacientes que frequentam o local. Além disso, foi empregado o uso de piso vinílico com colorações diferentes, que torna o piso do ambiente hospitalar menos sóbrio, buscando trazer mais “vida” ao ambiente de recuperação. Com o intuito de diferenciar da cor branca da estrutura metálica, procurou-se a utilização de vedações e revestimentos de madeira nas paredes que configuram o edifício.
Figura 117 isométrica do pavimento térreo (cota 795) fonte: autoral
setor público 01.recepção + exposição 02.central de acesso biblioteca 03.biblioteca
de estudos
evento
seminário
pesquisa
ambulância
Figura 119 planta térreo cota 790 fonte: autoral
A figura 119 representa a planta térreo (cota 790), que abriga o acesso do edifício em um nível rebaixado em relação ao acesso principal, se dando pela Rua Santa Cruz X Rua Dr. Lopes de Almeida.
Similar ao térreo principal, o térreo cota 790 também concentra programas de caráter público de lazer, dando ênfase em ambientes educacionais (biblioteca, centro de estudo, salas de informática, seminário e salas de eventos) que podem ser apropriados tanto pelos visitantes como pelos próprios funcionários da instituição.
Indicado pelo número 05, a cafeteria se localiza no segundo átrio criado no projeto - rasgo criado na laje para permitir a entrada de luz natural ao longo de todos os pavimentos do edifício, além do átrio central presente no projeto a partir da cota 795.
O acesso ao subsolo do edifício é possível pela Rua Dr. Lopes de Almeida (canto inferior direito), local escolhido por ser uma rua com menor movimentação em relação a Rua Santa Cruz.
A figura 120 ilustra a vista do edifício pela Rua Dr. Lopes e Almeida. Na imagem é possível observar novamente a implantação de praças que integram o edifício proposto com a seu entorno por meio da proposição de espaços públicos de lazer (escassos na região).
Conforme representado pela vista, é possível identificar as principais materialidades empregadas na fachada. Com o intuito de trazer o contraste com a estrutura metálica branca do edifício, foi proposto a utilização de fechamentos com brises de madeira que contribuem para o controle de entrada de iluminação natural no ambiente interno do projeto.
Figura 120 perspectiva externa praça (cota 790) fonte: autoral
Figura 121 perspectiva externa espelho d’agua (cota 790) fonte: autoral
Figura 123 planta subsolo (cota 783) fonte: autoral
0 10 20
01 03 04 09
02 02 05 06
07 08 05
áreas técnicas 01.câmara fria 02.reservatórios inferiores 03.sala de equipamentos 04.sala de máquinas + bombas 05.vestiários (fem. + masc.) 06.dep. resíduo reciclável 07.dep. resíduo biológico 08.dep. resíduo tóxico 09.sala caldeira
A figura 123 ilustra o subsolo do empreendimento, com acesso pela Rua Dr. Lopes de Almeida, possui um total de 40 vagas, além de áreas técnicas que auxiliam no funcionamento do edifício.
Figura 124 planta do primeiro pavimento cota 800,5 fonte: autoral
setor atendimento saúde 01.posto de enfermagem 02.enfermaria 03.quarto comum A (25m²) 04.quarto comum B (27m²) 05.quarto isolamento com ante câmara 06.sala fisioterapia
terapia ocupacional
banheiro
sala espera visitante
técnica
DML
depósito de macas
lavanderia
rouparia
sala de utilidades
A figura 124 representa a planta do primeiro pavimento (cota 800,5), que configura como o pavimento tipo do edifício.
Em contrapartida da organização do pavimento térreo, o primeiro pavimento abriga programas voltadas restritamente a setor de saúde, dando ênfase a ala de internação.
O pavimento é composto por posto de enfermagem na ala central, com o intuito de permitir o maior controle dos funcionários médicos sobre os pacientes internados. Todos as unidades de internação foram localizadas na periferia do edifício, com o principal objetivo de garantir iluminação e ventilação natural, e a permeabilidade visual do ambiente interno para externo pelos pacientes em procedimento médico e em internação.
Foram propostos 3 tipos de unidades de internação: (3) quarto comum de 25m², (4) quarto comum de 27m²) e (5) quartos de isolamento com antecâmara - atendendo as normas impostas pelo soma sus.
Além das unidades individuais de internação, foi implementado a ala de enfermagem para cuidados básicos de 4 leitos. Dessa forma, a clínica possui um total de 50 leitos, podendo ser ampliado futuramente, conforme as necessidades da instituição.
A figura 125 ilustra a vista interna da unidade de internação. Conforme afirmado anteriormente, todos os quartos de internação possuem vistas para área externa avarandadas, com o objetivo de garantir o conforto físico e psicológico dos pacientes em processos de recuperação. Buscou-se a utilização de materiais com tonalidades claras (madeira, pintura texturizada clara e piso vinílico com coloração diferente) que diferenciam da cor branca da estrutura metálica do edifício.
Figura 125 perspectiva interna da unidade de internação fonte: autoral
7,5m 3m 7m 0 1 3
Figura 126
ampliação planta unidade de internação 25m² fonte: autoral
As unidades de internação propostas no projeto possui uma configuração simples: 1 quarto (com maca para paciente, 1 poltrona para visitante e área de apoio) e 1 banheiro acessível.
Com o intuito de garantir o conforto acústico do
piso vinílico monolítico ref:TARKETT linha IQ surface
Figura 128
diagrama isométrica da unidade de internação fonte: autoral
Figura 127
ampliação planta unidade de internação 27m² fonte: autoral
10m 0 1 3 rev. madeira pintura clara acab. cimento marc. acab. amadeirado
ambiente, todas as paredes das unidades foram compostas por divisória com resistência ao fogo de 120 min + isolamento acústico de 50dB + áreas úmidas e secas com placas de gesso acartonado de alta densidade (ref: Gyplac).
Figura 129 perspectiva interna do corredor de enfermagem fonte: autoral
A figura 129 representa o corredor interno da ala de internação. Pode-se perceber a presença do posto de enfermagem na ala central, com o intuito de facilitar o controle dos quartos de internação, assim, garantindo a sensação de segurança para os pacientes internados.
Figura 130 planta do segundo pavimento cota 805 fonte: autoral
setor atendimento saúde 01.posto de enfermagem 02.banheiro 03.quarto comum A (25m²) 04.quarto comum B (27m²) 05.sala de espera visitante área técnica 06.DML 07.depósito de macas 08.sala de utilidades
A figura 130 representa a planta do segundo pavimento (cota 805).
Da forma similar ao primeiro pavimento, o segundo pavimento também concentra os programas do setor de atendimento à saúde, abrigando as unidades de internação.
A figura 131 ilustra a vista interna do corredor do átrio central. Conforme ilustrado na imagem, foi implementado uma viga vagão para sustentar o vão de 15m do átrio central. As passarelas de circulação são compostas por laje de concreto, com guarda corpo em chapa metálica perfurada branca (ref: sulmetais), com intuito de tornar o elemento visualmente mais ”leve”.
Foi optado pela utilização de cobertura em “shed” com fechamento envidraçado, com o intuito de permitir a entrada de iluminação natural ao longo dos pavimentos do edifício e a ventilação natural vertical, garantindo o conforto lumínico, visual e a troca de ar coerente para mitigar a propagação de doenças.
Figura 132 planta ático fonte: autoral
0 10 20
rua capitão rosendo
rua santa cruz
i=5%
02 02
01
c c
a a b
03 04 01
i=20% i=20%
legenda
b 01.barrilete 02.casa de máquinas 03.casa de bomba de incêndio 04.área técnica
Ao propor um equipamento de saúde como a Clínica de Retaguarda, a escolha do sistema estrutural deve também estar atrelado para garantir a flexibilidade da construção, permitindo futuras expansões do equipamento de acordo com as necessidades do funcionamento do departamento de saúde.
Dessa forma, o sistema estrutural empregado pelo projeto foi sistema misto: metálica + concreto (subsolo + caixas de circulação), em que o dimensionamento de todos
os ambientes foi feito de acordo com o módulo de 1,25m (modulação utilizada na rede SARAH). Os vãos utilizados entre pilares foram de 7,5m, 5m e 10m.
Além disso, com intuito de economizar o uso de concreto nas lajes e consequentemente o seu peso, foi utilizado a laje steel deck, que estão apoiadas nas vigas secundárias (metálicas) de vãos 3,75m e 5m, conforme ilustrado na segunda perspectiva isométrica.
10m 5m
7,5m
_laje steel deck
referência: Metform tipo: MF 50 _a largura útil da laje steel deck empregada no projeto foi de 915mm, podendo ser adotado em edificações urbanas tipo hotéis, hospitais, escritórios, edifícios, garagens e etc.
_ chapa metálica de 1,25 mm espessura _ escoramento a cada 3,75m
3,75m
5m estrutura secundária
Figura 133
isométrica estrutural 1.estrutura primária 2. estrutura secundária fonte: autoral
Figura 134
ampliação laje steel deck metform fonte: Metform (2009)
Figura 135
diagrama dos detalhes construtivos fonte: autoral
4 PARTE VI |
proposta projetual
poderia utilizar pilares de 30x30 cm, com vigas de altura máxima de 0,5m(2cm de espessura).
Além disso, com o intuito estético de retirar a linha de pilares no átrio central, foi utilizado a viga vagão de madeira (H=1,25 e h=0,4m) para vencer o vão de 15m criado pelo átrio.
gráfico de pré-dimensionamento pilar e vigas metálicas fonte: Rebello (2000)
0,5 10 *vãos 10m, 7,5m e 5m
Figura 137
dimensionamento pilar e vigas metálicas fonte: autoral
0.3m 0.035m
Figura 138
Figura 136 corte detalhado do jardim na laje steel deck fonte: autoral
01 02 04 03
legenda 01.terra 02.cascalho 03.perfil de resistência alumínio 04.rufo 05.peça metálica“restraint trap”
06.fech. metálico “edge trim” 07.peça metálico “Z flashing”
0.02m 0.02m
0.46m
0.46m
ralo lã poliestireno estrudido SBS de impermeabiliz. membrana de betume
impermeabilização anti-raiz ref: scudogarden
laje steel deck MF50 ref: metform
película de drenagem 05 06 07 08 0 0.2
Figura 141 elevação praça fundo fachada nordeste fonte: autoral
140 elevação rua capitão rosendo fachada noroeste fonte: autoral
A figura 140 ilustra a fachada da Rua Capitão Rosendo (em frente ao parque modernista), com a orientação Noroeste. No 1° e 2° pavimento (ala de internação), foi empregado brise em painéis móveis de madeira para a proteção solar. Após a análise de obstrução do céu na disciplina de experimentação, foi possível observar que devido a massa arbórea densa do parque modernista, não existe a necessidade de emprego de quebra-sóis no pavimento térreo, já que o sombreamento da fachada já ocorre por meio da vegetação local.
c Figura 143 corte cc fonte: autoral
795 térreo 02
790 térreo 01
809.5 cobertura
805 2°pav.
800.5 1°pav. c
Figura 145 elevação rua dr. lopes de almeida fachada sudoeste fonte: autoral
0 5 10
Figura 144 elevação rua santa cruz fachada sudeste fonte: autoral
rufo metálico
viga metálica (0.35 x 0.50)
+809.50
divisória com resistência ao fogo de 120 min + isolamento acústico de 50dB + áreas úmidas e secas com placas de gesso acartonado de alta densidade ref: Gyplac
guarda corpo metálico com acabamento branco
cobertura verde sobre laje
laje steel deck MF50 ref: metform forro de acústico amadeirado ref: nexacoustic
estrutura atirantada metálica de fixação do forro de gesso
+805.00
2°pavimento
tabica metálica com acabamento branco + forro gesso
painel deslizante amadeirado estrutura metálica de fixação do painel de madeira
1°pavimento
pilar metálico branco (0.35 x 0.35)
banco de concreto moldado in loco
piso elevado monolítico ref: werden
esquadria de correr com vidro laminado estrutura metálica clara (3x6cm) esquadria com vidro laminado estrutura metálica clara (3x6cm)
revestimento chapa metálica branca ref: sulmetais +800.50 +795.00 térreo 1
Figura 146 corte dd ampliado fonte: autoral
cobertura 0 1
01 02 03 04
revestimento amadeirado lunawood SHP ref: neobambu
fachada painel móvel amadeirado guarda corpor metálico branco
estrutura metálica fachada
Figura 147
elevação trecho corte dd fonte: autoral
Para o melhor entendimento do sistema construtivo do projeto (funcionamento da estrutura, encaixe da fachada, escolha de pisos e laje, fixação da cobertura, etc), o corte dd e sua elevação representado pela figura 146 e 147 demonstra os elementos construtivos empregados principalmente das unidades de internação.
1°pavimento e 2°pavimento (quartos) _piso: acima da laje steel deck, optou-se pela utilização de piso elevado monolítico (ref.werden), para facilitar na passagem de infraestrutura elétrica por baixo do piso. O emprego do piso elevado monolítico facilitou a aplicação do piso vinílico (ref.tarkett), que assentado junto com rodapé curvo, permite a facilidade de limpeza e higienização dos ambientes hospitalares.
Na área molhada, foi utilizado piso de porcelanato em placas (ref. eliane), revestimentos com resistência ao escorregamento e a manchas, garantindo a segurança para o tráfego de pacientes na área hospitalar.
_teto: em toda área interna do projeto, foi aplicado forro de gesso fosca com tabica em pintura branca fosca. _parede: com o intuito de garantir o isolamento acústico, e consequentemente o conforto acústico nos ambientes
de tratamento, foi utilizado divisória com resistência ao fogo de 120 min + isolamento acústico de 50dB + áreas úmidas e secas com placas de gesso acartonado de alta densidade (ref. Gypac) - conforme o detalhamento 01 (figura 149).
_fachada: conforme ilustrado no detalhamento 03 e 04 (figura 151 e 152), com o intuito de garantir o controle da incidência solar pelos próprios usuários dos ambientes, foi proposto a utilização de brises em painéis móveis de madeira como fechamento das superfícies envidraçadas. O cálculo da dimensão dos montantes verticais e horizontais que compõem o brise foram dimensionados na disciplina de experimentação, por meio da análise da obstrução do céu e a insolação das fachadas críticas do projeto.
_varanda: na varanda, optou-se pela utilização de um forro acústico ripado amadeirado (ref. nexacoutic), com o objetivo de garantir um melhor isolamento acústico. Conforme afirmado anteriormente, foram implementados trechos de laje ajardinada na varanda, conforme ilustrado no detalhamento 02 (figura 150), necessitando a realização da interrupção do piso elevado para a transição para jardim sobre laje steel deck.
laje de concreto
fechamento chapa metálica branca ref: sulmetais
calha metálica (drenagem) cobertura shed átrio
SEGMENTO DE PLANTA COBERTURA
SEGMENTO DE PLANTA TÉRREO 795
0 2 0 2
estrutura fixação painel deslizante painel amadeirado lunawood SHP PROFIX 2 ref: neobambu
piso tecnogran lavaggio (0.5x0.5m) ref: tecnogran
encontro laje e pilar camada neoprene poltrona nea ref: Century
maca hospitalar
esquadria com vidro laminado estrutura metálica clara (3x6cm) banco marcenaria ref: arauco jardim sobre laje
piso vinílico monolítico ref: tarkett linha IQ surface
balcão marcenaria ref: arauco cadeira escritório ref: my chair - flexform cadeira espera ref: cadeira yoko - adm móveis mesa escritório ref: pina - minimal design terra (solo)
painel rev. amadeirado lunawood SHP 42x140 ref: neobambu divisória de vidro industrial encontro laje e pilar camada neoprene
divisória com resistência ao fogo de 120 min + isolamento acústico de 50dB + áreas úmidas e secas com placas de gesso acartonado de alta densidade ref: Gyplac
painel rev. amadeirado lunawood SHP 42x140 ref: neobambu
jardim sobre laje esquadria com porta de correr piso vinílico monolítico ref: tarkett linha IQ surface porcelanato 0.5x0.5m ref: eliane ArqTec Platina
SEGMENTO DE PLANTA TÉRREO 790
0 2 0 2
muro de arrimo concreto
floreira
banco marcenaria com degrau ref: arauco
parafuso tipo drywall 2cm diâmetro
Figura 149
corte detalhado 01 encontro divisória + piso fonte: autoral
Figura 150
corte detalhado 02 transição piso elevado + jardim fonte: autoral
0 0.25 0 0.2
lã de vidro 100mm - 11kg/m³ montante de perfil “C” 90x38x12x0,85 (mm) soleira perfil “U” 92x30x0,85 (mm)
piso vinílico monolítico ref: tarkett linha IQ surface
placa de gesso acartonado extra resistente hidro 15mm ref: romeral guarda corpo metálico - acabamento branco
dilatação 10mm rodapé com acabamento curvo 2mm piso tecnogran lavaggio (0.5x0.5m) ref: tecnogran massa niveladora piso elevado monolítico ref: werden
massa niveladora piso elevado monolítico ref: werden manta de PVC laje steel deck MF50 ref: metform
poliestireno expandido camada de regularização
manta de PVC
polistireno expandido filme de poliestireno + polistireno expand. jardim sobre laje
PAINEL DE CORRER ref: Hunterdouglas
trilho superior carro superior porca de travamento placa de suporte
corte detalhado 03 fixação superior painel móvel fonte: autoral
Figura 151 Figura 152
corte detalhado 04 fixação inferior painel móvel fonte: autoral
painel amadeirado lunawood SHP PROFIX 2 ref: neobambu 0 0.3
PAINEL DE CORRER ref: Hunterdouglas painel amadeirado lunawood SHP PROFIX 2 ref: neobambu 0 0.3
perfil fixação horizontal perfil fixação inferior “U” guia inferior trilho inferior tipo “U”
Figura 153
corte ee ampliado fonte: autoral
revestimento chapa metálica branca ref: sulmetais vidro insulado laminado low-e ref: glassec viracon
viga de aço treliça metálica calha
viga vagão h=0.4m H=1.25m
cobertura SHED vidro laminado low-e basculante
cobertura
+805.00
+809.50 2°pavimento
05B 0 1
Figura 154
corte detalhado 05A vidro laminado low-e fonte: autoral
05A
estrutura metálica sustentação laje steel deck passarela chapa metálica branca ref: sulmetais
vidro simples PVB camada metalizada peça metálica fixação caixilho 0 0.15
Figura 155
corte detalhado 05A vidro insulado laminado low-e fonte: autoral
câmara de ar 0 0.15
vidro simples camada metalizada PVB
tamis molecular secante vidro simples vidro simples
O corte ampliado EE, representado pela figura 153, mostra o sistema construtivo empregado na cobertura do átrio central do projeto. Com o intuito de garantir a iluminação natural e a ventilação natural do complexo, foi proposto uma cobertura em “shed” com fechamento envidraçado (formando uma claraboia), composta por vidro laminado low-e no montante basculante (detalhe 05A - figura 154) e vidro insulado laminado low-e (detalhe 05-Bfigura 155) para o fechamento superior.
A passarela central foi composta por laje de concreto, com o guarda corpo com fechamento em chapa metálica perfurada, mantendo o aspecto de leveza e permeabilidade visual ao ambiente.
Figura 156 corte perspectivado átrio central fonte: autoral
A figura 158 ilustra a vista interna do segundo átrio presente no projeto. Também se buscou a aplicação da cobertura em “shed” com o intuito de permitir a entrada da iluminação natural ao longo dos pavimentos do equipamento, além de prevalecer a ventilação natural vertical.
O átrio foi importante para criar espaços de contemplação da natureza na área interna do projeto, buscando promover espaços de lazer e distração emocional para os pacientes que estão sofrendo por procedimentos médicos prolongados.
Figura 157 perspectiva interna do segundo átrio com vegetação fonte: autoral
Figura 158 gráfico de temperatura fonte: http:// www.mme.gov. br/projeteee Acesso em 05-08-2022
Além dos estudos de materialidade e as escolhas das estratégias estruturais apresentadas no capítulo do desenvolvimento do projeto, a experimentação realizada na disciplina de Atividade 4 teve como o seu maior objetivo, o dimensionamento das aberturas (janelas, shed e claraboia) e das proteções solares empregadas com intuito de garantir a entrada de iluminação natural confortável para os ambientes internos do edifício.
Centenas de funções do corpo humano são influenciadas pela luz do dia e algumas tem ritmos que seguem o ciclo que alterna noite e dia. Permitir visuais externas e utilizar adequadamente a luz natural e artificial é um fator fundamental para a manutenção dos níveis de produtividade e de conforto psicológico para todos os usuários do edifício.
O uso equilibrado da iluminação natural e artificial introduz benefícios, inclusive terapêuticos, para o paciente. (MIQUELIN, 1992, p.29)
O controle da luz influencia fortemente na qualidade do projeto, podendo trazer equilíbrio fisiológico e psicológico aos usuários, trazendo diferentes sensações o edifício para os pacientes que frequentam o ambiente hospitalar. Dessa forma, o controle do nível de iluminação natural e artificial (quantidade e qualidade) no projeto de luminotécnica de acordo com o uso do ambiente projetado são fundamentais para a garantia do conforto e bem estar dos pacientes (ROCHA,2011). Nesse sentido, tanto a entrada em excesso, ou a falta de iluminação natural podem causar sensações negativas para o bem estar dos usuários do ambiente hospitalar.
Para a realização da experimentação, foi adota a seguinte metodologia:
1. Coleta dos dados bioclimáticos da região
2. Dimensionamento brises da unidade de internação
2.1. Escolha de fachadas críticas do edifício;
2.2. Análise da obstrução do entorno por meio da inserção do modelo virtual do projeto no software Andrew Marsh;
2.3. Sobreposição da máscara extraída do Andrew Marsh com a carta solar de São Paulo retirada do programa Sol-Ar, com o intuito de mapear os períodos de insolação crítica;
2.4. Obtenção dos valores alfa, beta para dimensionamento do brise.
3. Análise da influência da cobertura de shed + claraboia proposta no átrio central do projeto para entrada da iluminação natural no edifício
3.1. Utilização do software Andrew Marsh para analisar o período de insolação dentro do átrio em 4 quinas diferentes do espaço, em pavimentos distintos, com intuito de avaliar a necessidade da utilização das placas refletoras para melhor distribuição da iluminação natural, ou utilização de quebra sol na cobertura para impedir a entrada de iluminação natural excessiva.
5.3. análise climática
temperatura elevada
dados gerais SP
temperatura média máxima 22,5 °C temperatura média mínima 16,2 °C umidade relativa do ar máxima 83,95% umidade relativa do ar mínima 74,15 % período temperatura crítica Dezembro - Março (verão) vento predominante SUDESTE
temp. média: 22,5 °C umid. média: 83,95 °C
agosto temp. média: 16,2 °C umid. média: 74,15 °C
De acordo com a análise da carta bioclimática de Givoni extraída do programa Andrew Marsh, foi possível mapear estratégias de adaptação da edificação ao clima, a partir de dados do clima externo, com intuito da garantia do conforto térmico dos usuários de um determinado edifício. A estratégias são:
VERÃO - ventilação natural: com intuito da garantia da taxa de renovação do ar interno dos ambientes e favorecer a ventilação vertical, minimizando o risco de contaminação hospitalar pela ventilação cruzada.
VERÃO E INVERNO - climatização (opção geotérmica): com objetivo de garantir a climatização por meio de uma estratégia mais sustentável e eficiente, além de garantir diferença climática dentro da construção de apenas 5ºC.
gráfico de irradiação anual De acordo com a análise dos dados, pode-se perceber que o local apresenta temperaturas elevadas entre o mês de janeiro e fevereiro, e que as fachadas NORTE, NOROESTE e NORDESTE necessitarão de maior proteção contra a insolação, com o intuito de melhorar o conforto térmico do ambiente projetado, principalmente em áreas com maior permanência (por exemplo: quartos de internação).
160
gráfico de irradiação anual fonte: http://www.mme.gov.br
gráfico rosa dos ventos
Ao analisar o gráfico da rosa dos ventos, é possível afirmar a predominância dos ventos SUDESTE na região, podendo ser um dado importante para o dimensionamento das aberturas e fechamentos do edifício para garantia de uma ventilação natural vertical no edifício proposto.
gráfico da rosa dos ventos fonte: http://www.mme.gov.br
Figura 162
isométrica do projeto com indicação das fachadas analisadas fonte: autoral
Após a análise dos dados climáticos da região, com intuito de realizar o pré dimensionamento dos brises do projeto, foi escolhido 2 fachadas críticas que compõem a área de internação dos pacientes por ser um ambiente de maior permanência dos usuários do equipamento. São essas a fachada Nordeste e Noroeste indicados na figura 163.
Conforme informado anteriormente, como o bairro em que o projeto foi implantado possui uma densidade baixa de edifícios verticalizados (concentração de unidades habitacionais de 4 a 6m de altura), pode-se perceber com a análise da máscara de obstrução demonstrada a seguir, que as fachadas em análise apresentam pouca obstrução do céu, possuindo necessidade de quebra-sóis em períodos de maior insolação.
Figura 163 carta solar de São Paulo fonte: Sol-Ar
Análise carta solar de São Paulo
Com o intuito de mapear os dados de períodos de insolação crítica, foi utilizado a carta solar da cidade de São Paulo por meio do programa Sol-Ar. Diante as análises realizadas, foi possível confirmar: _períodos críticos de maior insolação
Solstício de verão: 9:30 - 17:00
Equinócio: 10:00 - 15:30
Estes períodos considerados críticos serão utilizados como base para o projeto das proteções solares. _local do projeto: Rua Santa Cruz - Vila Mariana-SP
5.4.1. análise 01: fachada SW azimute 260º
A fachada SW (azimute 260°) foi escolhido para a realização da análise da sua obstrução por ser a face do edifício que concentra um maior número de unidades de internação, além de possuir a sua orientação próxima a Oeste, recebendo maior insolação no final da tarde.
Como a fachada SW (rua Capitão Rosendo) está voltado para o Parque Modernista, a primeira hipótese para a análise da obstrução do céu da fachada foi que a própria vegetação do parque fosse servir como uma obstrução da fachada em determinados pavimentos do edifício, não possuindo necessidade de implementação de brises para a proteção solar.
Conforme os levantamentos fotográficos da região (figura 165), para a realização da análise no programa Andrew Marsh, foi considerado uma média de 15m-25m para altura da copa das árvores do parque modernista (composta por preservação de remanescente da mata atlântica), localizado em frente ao projeto.
No modelo exportado para o programa Andrew Marsh (figura 167), foi feito uma simulação da vegetação do parque localizado em frente ao edifício, com o objetivo de compreender o efeito do elemento para a obstrução do céu para a fachada em análise. A fachada em análise possui o pavimento térreo abrigando programas da área comum (como refeitório, recepção) e no 1° e 2° pavimento, o projeto abriga os quartos de internação.
parque casa modernista
fachada analisada azimute: 260º
N
Figura 164 Figura 165
fotografia do muro do parque casa modernista fonte: autoral planta 1°pavimento fonte: autoral análise da obstrução do entorno fonte: andrew marsh
Figura 166
Figura 167
máscara de obstrução térreo fonte: andrew marsh + Sol-Ar
Figura 168
máscara de obstrução 1°pavimento fonte: andrew marsh + Sol-Ar
Figura 169
máscara de obstrução 2°pavimento fonte: andrew marsh + Sol-Ar
segundo pavimento como a situação crítica de maior insolação Como a copa das árvores não possuem altura suficiente para proteger a fachada do último pavimento (2° andar), esse foi considerado como base para dimensionar os quebra-sóis.
períodos com necessidade de proteção na fachada Ao posicionar a carta solar na fachada do edifício a ser estudado e a máscara de obstrução do céu gerada pelo software Dynamic Overshadowing, tem se que as proteções solares devem ser projetadas para os seguintes períodos:
Solstício de verão: 13:00 - 17:00 Equinócio: 13:00 - 15:30
5.4.2. dimensionamento dos brises: fachada SW - azimute 260º
alfa
beta
beta
observação:
Com a ajuda do programa Sol Ar, foi possível sobrepor o gráfico auxiliar “alfa”, “gama” e “beta” para realizar o pré dimensionamento dos brise colmeia que será implementado na fachada em análise, para melhorar a proteção contra insolação em períodos críticos.
Dessa forma, os valores dos ângulos utilizados foram as seguintes: _alfa = 20° _beta esquerda = 30° _beta direita = 30°
A. dimensionamento dos brises: montantes horizontais
Após a obtenção do ângulo alfa, foi possível realizar o dimensionamento dos montantes horizontais que compõem o brise colmeia. A figura 172 demonstra em corte e elevação, o pré-dimensionamento.
Figura 171 corte e elevação do pré-dimensionamento dos montantes horizontais fonte: autoral
alfa 30°
70°0' 20°0' .30
Após a obtenção do ângulo beta, foi possível realizar o dimensionamento dos montantes verticais que compõem o brise colmeia.
A figura 173 demonstra em planta, o prédimensionamento. Na figura 174 é possível observar a combinação dos montantes verticais e horizontais que compõem o brise colmeia.
planta do dimensionamento dos montantes verticais fonte: autoral
beta esquerda 30° beta direita 30° 30°0' .35 3.8 1.05 N
Figura 173
Figura 172 elevação do brise colmeia dimensionado fonte: autoral isométrica do quarto com painéis de madeira móvel servindo de quebra-sol. fonte: autoral
Figura 175 Figura 176
fachada dos quartos de internação. fonte: autoral
30°0' .35 3.8 1.05
painel móvel ripas de madeira (1.05m X 3.8m) Com o objetivo de garantir a flexibilidade e versatilidade, ao invez de brises colmeia fixos, foi proposto um painel móvel com brises de madeira para permitir o controle da entrada de luz natural nos quartos pelos próprios pacientes.
Figura 174 adaptação do brise colmeia dimensionado para painel móvel modular de madeira. fonte: autoral
5.4.
5.4.3. análise 02: fachada NW azimute 350º
A fachada NW (azimute 350°) foi escolhido para a realização da análise da sua obstrução por ser a face do edifício que também concentra um maior número de unidades de internação.
A partir da visita in loco, foi possível perceber que os edifícios do entorno do terreno são predominantemente residenciais, de gabarito médio de 2 a 3 pavimentos, criando pouca obstrução do céu para a fachada analisada.
fachada analisada azimute: 350º
análise da obstrução do entorno fonte: andrew marsh
A fachada em análise possui o pavimento térreo abrigando programas da área comum (como espaço de descompressão médica) e no 1° e 2° pavimento, o projeto abriga os quartos de internação.
PAVIMENTO-SITUAÇÃO CRÍTICA
períodos com necessidade de proteção na fachada
Ao posicionar a carta solar na fachada do edifício a ser estudado e a máscara de obstrução do céu gerada pelo software Dynamic Overshadowing, tem se que as proteções solares devem ser projetadas para os seguintes períodos: Equinócio: 10:00 - 15:30
Figura 178 Figura 179
Figura 180
Figura 177 fotografia do entorno residencial fonte: autoral planta 2°pavimento fonte: autoral máscara de obstrução 2°pavimento fonte: andrew marsh + Sol-Ar
Figura 181
5.4.2. dimensionamento dos brises: fachada SW - azimute 260º
Com a ajuda do programa Sol Ar, foi possível sobrepor o gráfico auxiliar “alfa”, “gama” e “beta” para realizar o pré dimensionamento dos brise colmeia que será implementado na fachada a ser analisada, para melhorar a proteção contra insolação.
Foi utilizado o mesmo valor de “alfa”, “gama” e “beta” utilizado na fachada SW analisada anteriormente para manter o mesmo desenho do brise, uma vez que estes valores satisfazem o papel de proteção solar em períodos críticos do dia para esta fachada.
5.5. análise iluminação do átrio central N
Com o principal objetivo de analisar o que o átrio central com cobertura em shed com claraboia afeta na entrada de iluminação natural no edifício, foi feito o levantamento do período de insolação dentro do átrio em 4 quinas diferentes do espaço, em 2 pavimentos, visando avaliar se existe a necessidade da utilização das placas refletoras para melhor distribuição da iluminação natural ao longo dos pavimentos, ou utilização de quebra sol na cobertura para impedir a entrada de iluminação natural excessiva.
Figura 182
Cobetura em “sheds” do átrio
dimensionamento dos brises de acordo com a carta solar fonte: andrew marsh + Sol-Ar planta cobertura fonte: autoral
Figura 183 planta cobertura com demarcação dos pontos de análise. fonte: autoral
Dessa forma, conforme a imagem 184, foram determinados 4 pontos (a,b,c,d) para a análise pelo programa Andrew Marsh e Sol-Ar, com objetivo de analisar qual o período de entrada de iluminação natural que o shed com fechamento envidraçado permite ao longo de 2 pavimentos: - pavimento térreo (cota 795): pavimento crítico com menor insolação - 2° pavimento: pavimento com maior incidência solar
período de insolação ponto A Solstício de Verão: 10h30 - 13h30 Solstício de Inverno: 7h30 - 14h00 Equinócio: 8h00 - 13h45
período de insolação ponto C
Solstício de Verão: 10h00 - 18h00 Solstício de Inverno: 11h00 - 15h30
Equinócio: 10h00 - 18h00
ponto a ponto c
X X
X X
ponto b ponto d
Figura 184
carta solar análise ponto A fonte: autoral
Figura 185
carta solar análise ponto B fonte: autoral
período de insolação ponto B
Solstício de Verão: 7h00 - 13h30 Solstício de Inverno: Equinócio: 6h30 - 11h00
Figura 186
carta solar análise ponto C fonte: autoral
Figura 187
carta solar análise ponto D fonte: autoral
período de insolação ponto D
Solstício de Verão: 10h00 - 18h00 Solstício de Inverno: Equinócio: 10h30 - 11h30
verão equinócio inverno
Figura 188 gráfico com período de insolação átrio central (2°pavimento) fonte: autoral
vidro insulado laminado low-e ref: glassec viracon treliça de sustentação
vidro laminado low-e basculante calha viga vagão madeira 0 0.5
Após a montagem do gráfico com período de insolação nos pontos A,B,C e D no último pavimento durante os diferentes períodos do ano, pode-se perceber que o átrio central permite a entrada de iluminação natural durante diferentes períodos do dia, concentrando entre 10h-13h00 tornando-se um elemento positivo para entrada de iluminação natural para o projeto. Com o intuito de barrar o superaquecimento por conta da incidência solar, foi proposto a cobertura em shed envidraçado compostas por vido laminado low-e e vidro insulado laminado low-e conforme o detalhamento demonstrado pela imagem 190.
Figura 189 cobertura shed - fonte: autoral
5.5.2. análise térreo
Figura 190
carta solar análise ponto A fonte: autoral carta solar análise ponto B fonte: autoral
Figura 191
período de insolação ponto A
Solstício de Verão: Solstício de Inverno:11h00 - 13h00 Equinócio:
período de insolação ponto B
Solstício de Verão: 7h30 - 10h30 Solstício de Inverno: Equinócio: 7h30 - 9h00
período de insolação ponto C
período de insolação ponto D
Figura 192
carta solar análise ponto C fonte: autoral carta solar análise ponto D fonte: autoral
Figura 193
Solstício de Verão: Solstício de Inverno: Equinócio: verão equinócio inverno
Solstício de Verão: 13h00 - 17h00 Solstício de Inverno:12h00 - 13h00 Equinócio: 12h00 - 16h30
Período de insolação térreo 5.6. conclusão
Após a montagem do gráfico com período de insolação nos pontos A,B,C e D no pavimento térreo durante os diferentes períodos do ano, pode-se perceber que as passarelas presentes no átrio central acabam servindo como uma barreira para a incidência direta da iluminação natural, servindo como um quebra sol para o pavimento térreo, não necessitando a implementação de brises (pergolado) na cobertura do átrio. Como todos os ambientes fechados possuem aberturas (janelas) que permitem a entrada de iluminação natural, conclui-se que não existe a necessidade da implementação de placas refletoras da iluminação natural que incide diretamente do átrio central.
Figura 194
gráfico com período de insolação átrio central (térreo) fonte: autoral
Dessa forma, com a realização da experimentação, foi possível executar um estudo de insolação concreta das principais fachadas do edifício, para o melhor dimensionamento dos brises do projeto, além de conseguir avaliar os impactos positivos e negativos que o átrio central com entrada de iluminação natural pode trazer na ambiência do espaço de saúde.
Ao concluir o presente trabalho final de graduação, foi possível perceber que a arquitetura de fato possui uma grande influência para a transmissão de diferentes sensações para os indivíduos que se apropriam de um determinado espaço projetado. Dessa forma, para o ambiente hospitalar (temática trabalhada no projeto), os aspectos físicos do espaço interno e externo do edifício proposto como a materialidade, dimensão dos ambientes, a funcionalidade dos espaços, cores aplicadas, tratamento acústico, térmico, lumínico, quando bem ampliados, são elementos responsáveis por contribuir para a cura e o bem-estar dos pacientes.
Após a realização da análise territorial do distrito de Vila Mariana, foi possível concluir que a necessidade de instituições focadas em tratamento de doenças crônicas tornou-se frequente, por conta da mudança do perfil epidemiológico causado pelo envelhecimento populacional, aumentando índice de população idosas enquadrados como um público que necessitam cuidados maiores para a garantia da saúde.
Analogamente, na região do bairro Santa Cruz (área de intervenção escolhida) foi possível identificar diversos aspectos físicos e legislativos do bairro que se caracterizam como uma potencialidade para implementação de instituição de saúde que possa servir como apoio a rede de equipamentos de saúde já existente no local. Além da presença do Hospital Japonês Santa Cruz que configura um elemento norteador para a implantação física e programática do projeto, a presença de espaço públicos como o Parque Modernista – que também possui uma importância histórica e urbanística para o bairro foi crucial para possibilitar o desenvolvimento de um objeto projetual que o edifício e a sua área externa tenham uma conexão forte com a sua malha urbana.
Dessa forma, a busca por embasamento teórico pela disciplina de atividade 1 e 3 possibilitou a aplicação de conceitos que propiciam a humanização dos ambientes arquitetônicos para o desenvolvimento do objeto projetual na disciplina de atividade 2, procurando sempre estudar soluções técnicas que tragam impacto na garantia da ambiência hospitalar digna para os frequentadores do espaço, em que o ambiente físico, social, profissional e de relações interpessoais possam estar relacionados a um projeto de saúde voltado para a atenção acolhedora, resolutiva e humana, contribuindo assim, o desenvolvimento de um ideário programático de elementos arquitetônicos para a recuperação de pacientes em leitos de alta duração, em que o ato de “habitar” no ambiente bem projetado ajudará na recuperação do bem-estar do paciente, ajudando a reinserção dele na sociedade.
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