PUBLICAÇÃO SWIMRUN PORTUGAL
SWIMRUN PORTUGAL SERIES | ASRP | #2
GRANDE ENTREVISTA
HEAD SwimRun PT TEAM
10 MINUTOS COM...
MILLENIUM BCP TEAM
PRO SwimRunner
FANNY FROM SWEDEN
A PROVA NO MEIO DO
OCEANO AZORES ISLANDS SwimRun
MYBOOST PRO
(RUI DOLORES)
Neoprene de célula pneumática de 4 mm, com superfície Glideskin no peito e área quad para maior flutuabilidade e posicionamento perfeito na água. Neoprene de 1,5 mm Glideskin nos braços e mangas destacáveis. Os braços e as pernas têm um manguito de neoprene que se fecha firmemente para criar um efeito antifuga, minimizando o arrasto na água. O neoprene flexível de dupla face de 2 mm nos quadris e coxas oferece os melhores resultados de corrida. O sistema de bolso multifuncional pode ser usado para personalizar sua roupa de mergulho. Inclui um bolso traseiro com zíper para transportar todos os itens essenciais. Um zíper frontal e traseiro oferece a melhor respirabilidade durante a corrida. Laços de nylon extra na frente e nas costas. Perfeito para todas as condições meteorológicas e de água. Modelos de mulheres e homens disponíveis.
SL
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índice
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09 Editorial
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Atravessamos um momento diferente e, por isso, mostramos como a modalidade se adaptou e quais as mudanças futuras...
Estivémos à conversa com uma SwimRunner profissional e mostramos o lado profissional da modalidade, fora de portas.
... por Bruno Safara
Entrevista
... Fanny from Sweden
09 10 minutos com...
33 Entrevista
Uma das mais regulares equipas do circuito, desde o ínicio, formada pelo João Silva e Sofia Marques, fala um pouco da aventura pessoal nesta modalidade.
A dupla campeã nacional fala um pouco da experiênca pessoal na modalidade e como tudo funciona para que os resultados surjam.
... Millenium BCP Team
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Circuito Nacional
... AZORES ISLANDS SwimRun
O SwimRun chegou finalmente aos Açores e assinalou o início da temporada 2020 da Portugal Series. A partida foi dada no Ilhéu de Vila Franco do Campo, um vulcão submerso já extinto que se transformou em piscina natural...
... Head SwimRun PT team
38 Treino Zêzere
... pelos trilhos da prova
Treino/reconhecimento do Zêzere, ou como apaixonar-se pelo SwimRun. Duas SwimRunistas com níveis e expectativas muito diferentes, vieram treinar com a SwimRun Portugal Publicação Swimrun Portugal #2 | 5
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editorial Caros #SwimRunners, amigos e familiares!
Nos últimos meses, todos sofremos, de uma maneira ou de outra, as consequências globais do Covid-19. Foi uma primavera muito longa, com muita incerteza. Estaríamos todos nós longe de imaginar que o Mundo e o Desporto em geral, mais concretamente no que diz respeito a organização de eventos, sofresse este enorme abalo, tendo sido obrigados a uma reinvenção quase diária das nossas vidas. Reagimos como muitos eventos desportivos nacionais e reagendámos todo o nosso calendário de eventos de SwimRun para o segundo semestre de 2020. Foi e continua a ser um período bastante difícil, mas temos mantido o nosso foco em querer fazer acontecer novamente SwimRun em Portugal ainda este ano, estando em permanente comunicação com todos os nossos parceiros e entidades institucionais, para que tal aconteça.
BRUNO SAFARA Associação SwimRun Portugal
Apesar de todas as contrariedades, alguns eventos desportivos em Portugal já se realizaram neste mês de Julho, nomeadamente o Triatlo, mediante a aplicação de um plano de contingência suplementar de medidas Covid-19. Recomendações essas que também irão ser aplicadas ao SwimRun e que irão ser comunicadas em breve. Este plano será revisto e atualizado sempre que seja necessário, nomeadamente pela existência de novas recomendações ou exigências por parte das autoridades competentes. Como sempre, iremos continuar a acompanhar de perto o desenvolvimento da pandemia Covid-19 no nosso país, comunicando sempre que for pertinente, qualquer alteração que possamos ser forçados a realizar. Apesar de todo este turbilhão de acontecimentos e incertezas, é com muito agrado que conseguimos fechar esta segunda edição da publicação SwimRun Portugal que queremos partilhar com todos vós. Iremos passar mais “10 minutos com...” Uma equipa que nos acompanha desde a primeira edição do SwimRun em Portugal em 2017, na altura ainda em registo individual, e perceber a razão que os fez tomar a decisão de competirem em equipa. Voltamos por breves momentos ao ambiente único da ilha de S. Miguel para vos relatar toda a ação do “Azores SwimRun”, que marcou a estreia da modalidade nos Açores. Desde a tensão da partida do ilhéu de Vila Franca do Campo até às emoções da chegada na Praia de Água d’Alto, foram momentos únicos que queremos voltar a viver já no inicio do próximo ano. Nesta edição, vão ter também a oportunidade de conhecer a Fanny Kuhn, a campeã do mundo do circuito internacional Ötillö 2019 e perceber um pouco do seu trajeto desportivo, ficar a conhecer algumas das suas rotinas e projetos que se encontra envolvida e também de que forma integra o SwimRun na sua vida quotidiana. Dedicámos ainda tempo de antena à equipa masculina campeã do Circuito SwimRun Portugal em 2019 – a HEAD SwimRun PT - que abraçou há muito o SwimRun como um dos seus desportos de eleição. Um longa entrevista onde falam sobre a atualidade do Covid19, a família, aspirações e a importância do SwimRun nas suas vidas. Por fim, pedimos a três iniciantes no SwimRun, que nos contassem o seu primeiro contacto com a modalidade, após dois dias de reconhecimento do percurso do “Zêzere SwimRun” na Barragem Castelo de Bode. Esperemos estar juntos de todos vós muito em breve, para desfrutarmos ainda este ano de muitas aventuras em modo SwimRun! Um abraço e mantenham-se seguros e saudáveis! Boa leitura!
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10 MINUTOS COM...
milleniumbcpteam UMA DAS DUPLAS MAIS REGULARES DO CIRCUITO, DESDE A PRIMEIRA EDIÇÃO, APRESENTA-SE NESTE ESPAÇO.
ANA CATARINA PALMA || 1. Inicialmente decidiram alinhar em modo individual. Como surgiu a ideia de formarem uma equipa? JS: Em 2017, aquando do arranque do SwimRun em Portugal, participamos no modo individual porque era uma primeira experiência e queríamos ver como funcionava e se iríamos gostar. Claro que adoramos e em 2018, eu e o Filipe Horta resolvemos participar com uma dupla masculina enquanto a Sofia manteve a participação individual. Em 2019, a dupla masculina não foi possível; por motivos de afazeres profissionais do Filipe; e assim lembrei-me de desafiar a Sofia a participarmos no Circuito Nacional como dupla mista. SM: Sim, em 2017 impulsionados pela novidade do desporto alinhamos, e foi espetacular. Em 2018 foi desafiante conseguir superar novos percursos tão peculiares. Quando em 2019 o João me propôs fazer dupla fiquei muito satisfeita mas ao mesmo tempo senti o peso da responsabilidade. 2. Porque se juntaram os dois e não fizeram dupla com outras pessoas? JS: Escolhi convidar a Sofia porque para além de ser uma pessoa 5 estrelas é uma companheira divertida e também uma grande atleta, como nadadora e como corredora e porque nos damos muito bem em termos de sintonia, quer fora quer durante a competição. SM: O João é um exagerado (risos). Mas sim fazer dupla com o João é um enorme privilégio pra além das qualidades que
tem como pessoa e atleta, é alguém com muita experiência e com quem muito tenho aprendido. E como uma enorme paciência. 3. O nome da vossa equipa tem algum significado especial? JS : Não temos assim um nome especial para a equipa… O nome da equipa é o nome do Clube Millennium BCP que nos apoia 100%... Se tivéssemos um nome seria qualquer coisa divertida tipo “Golfinhos Alpinistas“ … 4. Qual o vosso desporto base? JS : O meu desporto base é a natação . Aprendi a nadar aos 6 anos e não mais larguei as piscinas. Dos 14 aos 20 anos fiz 6 épocas de federado nas categorias de júnior e sénior e desde 1999 que sou até hoje federado master e master águas abertas, na FPN . SM: À semelhança do João, também o meu desporto base é a natação, e atualmente também sou federada master e master águas abertas, na FPN. 5. Estão praticamente desde o início do SwimRun em Portugal. O que vos atraiu nesta modalidade até então desconhecida?
Quando o SwimRun apareceu foi amor à primeira vista ! Como na sua essência, continha águas abertas, pensei : “Aqui está um desporto inovador e que tem segmentos de água e de trail alternados e ininterruptos… deve ser fantástico !“ SM: O João disse tudo... Conseguirmos juntar numa prova duas modalidades que privilegiam o contacto com a natureza. O trail e as águas abertas. 6. O que gostam mais no SwimRun? JS: A possibilidade de desfrutar da beleza natural (trilhos e planos de água) que o nosso país tem e que de outra maneira não teríamos oportunidade de conhecer. SM: Sem dúvida, o fato de ter acesso a lugares e paisagens que de outra forma nunca teria tido a possibilidade de conhecer. 7. Qual a prova que mais se adequa a vocês (no sentido localidade)? JS: Julgo que será a prova da Arrábida porque se desenrola perto da nossa zona de residência e nos permite assim treinar nos sítios onde poderemos passar em prova. SM: Arrábida... O primeiro grande amor.
JS: Eu sempre tive a curiosidade de experimentar o trail mas sempre adiei essa experiência por ter medo de contrair lesões que pusessem em causa a natação e o triatlo, pelo qual também me apaixonei em 1985.
8. Em qual prova que te recordes que tiveram mais dificuldades? JS: A prova que até agora tive mais dificuldade foi a “famosa” prova do Zêzere SwimRun 2018, que na altura Publicação Swimrun Portugal #2 | 9
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12. Que tipo de treino aconselham a quem nunca fez SwimRun e queira experimentar? JS: Fazer treinos de natação em piscina (1h 2 x semana) e sobretudo em águas abertas (1h ao fim de semana ) sempre acompanhados e devidamente assinalados com boia de segurança. A parte de corrida aconselharia a fazeremna (também 1h - 2x semana) sobretudo em locais que tenham trilhos porque é muito importante treinar subidas e descidas em terreno sinuoso. SM: Deixo esta para o João... Ele é que é o meu Mister. 13. Na vossa opinião é melhor fazer o SwimRun individualmente ou em dupla? JS: Em dupla, sem dúvida. O espirito de equipa e a parte psicológica sai reforçada durante o esforço e ajuda em muito o chegar ao fim. SM: Em dupla!!! Apesar do João ralhar muito comigo... Diz que falo muito... (risos) 14. Que diferenças encontram no tipo de atletas de SwimRun em relação a outras modalidades? JS: Há uma grande amizade e entreajuda entre todos os SwimRunners.
fiz em dupla com o Filipe Horta. Estava um daqueles dias bons para ficar no sofá a ver filmes na televisão, com muita chuva, vento e frio. A água da albufeira da barragem do Castelo do Bode estava gelada e isso afetou todos os participantes sem excepção. SM: Essa mesmo. Não consegui terminar por hipotermia. Quero realçar a preocupação pela segurança dos atletas acima de tudo. Nesse dia, não fiz a escolha adequada do fato e a água estava gelada, a conjugação destes fatores com o fato de estar a chover fez com que não tivesse conseguido aquecer e a meio do percurso cruzei-me com o Bruno que ao verificar que não estava bem me fez aconselhou a abandonar a prova. Ainda hoje me lembro e agradeço a sua intervenção, pois tenho agora a certeza de que se tivesse continuado o desfecho teria sido outro. 9. Já fizeram provas de SwimRun fora de Portugal? JS e SM: Ainda não fizemos mas gostaríamos muito de o fazer. A participação numa das 10 | Publicação Swimrun Portugal #2
etapas do OTILLO World Series é para nós um sonho. 10. Acham que a proporção de natação nas provas em Portugal é adequada relativamente à corrida? JS: Eu não acho… mas sou suspeito, certo? Os nadadores gostariam muito que as distâncias aumentassem para equilibrar a balança versus trail. SM: Concordo... Mais água. 11. Qual o pior momento por que passaram em prova e como o superaram? JS: Para mim todas as subidas, em prova e em treino, são piores momentos… e então aquelas subidas “tipo parede” nem vos conto… Felizmente com a ajuda e a paciência da Sofia lá consigo chegar lá acima… SM: Sim as paredes são tramadas e se estiver calor é mesmo muito complicado, mas o companheirismo e a entreajuda tornam o estes momentos menos agressivos.
Há também muita alegria. Sentimonos bem uns com os outros e diria que criamos uma nova família. E quando digo isto refiro-me a todos os envolvidos : atletas, organizador, staff e patrocinadores. Não quer dizer que não exista o mesmo noutras modalidades mas aqui, é uma constatação. SM: E sem dúvida que temos feito bons amigos. 15. De que forma o SwimRun faz de vocês pessoas melhores na vossa vida quotidiana? JS: Faz de nós pessoas com mais consciência de que temos de preservar cada vez mais a natureza natural e faznos pessoas mais felizes e isso é tudo. SM: E eleva-nos o espírito de entreajuda.
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azores islands TEMA DE CAPA
O SwimRun chegou finalmente aos Açores e assinalou o início da temporada 2020 da Portugal Series. A partida foi dada no Ilhéu de Vila Franco do Campo, um vulcão submerso já extinto que se transformou em piscina natural situado a 1 km da costa da Ilha de São Miguel. Os sonhos também se tornam realidade. Desde que iniciamos esta aventura do SwimRun em Portugal que desejámos que os Açores fizessem também parte do nosso Circuito Nacional. Das várias opções que estudámos ao longo destes anos em todo o Arquipélago, a ilha de S.Miguel surgiu como uma boa opção, e foi-nos apresentada pelos entusiastas Carlos Medeiros e Luís Onça. Nós gostamos da ideia; o percurso seria deslumbrante e ao mesmo tempo muito desafiante; iria realizar-se na maior ilha do Arquipélago com muita oferta de voos e de alojamento. Uma ilha com uma grande tradição em desportos náuticos, mas também desportos de natureza, e de endurance como o triatlo longo e as corrida de trail de ultra distância. Começando pelo profundo mar azul, os vulcões, as praias de areia vulcânica, os trilhos verdejantes o ilhéu da Vila (ah e os degraus, claro) os Açores são um lugar único para montar uma prova única. Algo que temos orgulho, simplesmente por estarmos envolvidos. Sábado - Dia de marcação do percurso e briefing técnico. Um dia perfeito para começar os trabalhos. O mar estava agitado o que criou um pouco de preocupação para o dia seguinte. Digamos que em Março, o mar e o tempo dos Açores podem criar bastantes surpresas. 12 | Publicação Swimrun Portugal #1
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E O FÔLEGO NÃO FALTOU AOS NOSSOS ATLETAS QUE, APESAR DO ROSTO CANSADO NO FINAL, SOUBERAM ULTRAPASSAR TODOS OS OBSTÁCULOS APRESENTADOS E CORTARAM A META COM UM SORRISO DE MISSÃO CUMPRIDA.
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Enquanto as marcações em terra prosseguiam a bom ritmo, a nossa atenção estava virada para o oceano. Um dos segmentos mais desafiantes seria a natação entre a praia da Pedreira à praia de Água d’Alto. Seriam quase mil e quinhentos metros desafiantes ao longo da costa com rochas crispadas pelo mar mas com uma visibilidade e transparência na água única que iria valer todos os metros de esforço. Para muitos atletas, esta seria a sua maior distância a nadar numa prova de SwimRun e queríamos estar seguros que tudo corria dentro dos nossos parâmetros de segurança e esperar que no dia seguinte as condições fossem favoráveis. Já perto do final do dia, o briefing. Tínhamos encontro marcado no Hotel Pestana Bahia Praia, um magnífico edifício que faz parte da história da ilha, com excelente vista para a Praia de Água d’Alto, a reta final da prova e a partida da prova curta. Abrimos o secretariado da prova e recebemos a grande maioria dos participantes para o briefing técnico da prova. Ambiente descontraído onde procuramos responder a todas as dúvidas dos participantes. O tiro de partida com mais de um quilómetro de natação era, sem dúvida, o que causava mais apreensão. Encerrada a reunião, foi tempo de jantar calmamente e conviver com alguns atletas antes do descanso fundamental em vésperas de prova, que nem sempre “sabe” a descanso devido à ansiedade e preocupação para que tudo saia perfeito no dia seguinte. Domingo – Dia de competição Finalmente o dia de competição. A concentração dos atletas na marina de Vila Franca do Campo foi marcada cedo para que o transporte, cerca de 10 minutos de barco para o ilhéu da Vila, fosse feito sem grandes atrasos. 14 | Publicação Swimrun Portugal #2
O nascer do dia veio nublado mas sem vento o que seria favorável para o desafio que era nadar pelo canal ilhéu Vila Franca Campo. A grande atração deste evento seria mesmo a partida da prova do ilhéu de Vila Franca do Campo. Situado em frente desta vila, outrora a primeira capital dos Açores, dista cerca de 1 km da costa, e é o resultado da cratera de um antigo vulcão submerso, considerado uma das principais atrações turísticas da ilha de São Miguel, especialmente desde que se realiza uma das etapas do Red Bull Cliff Diving – o campeonato mundial de mergulho em penhascos. Classificado como Reserva Natural, o ilhéu da Vila tem as paredes da sua cratera revestidas por uma vegetação endémica, possui um pequeno cais de encosto para as embarcações e o interior é uma piscina natural com uma forma quase perfeitamente circular, que comunica com o mar por uma
estreita passagem No verão é uma zona balnear concorrida, dada a limitação de entradas imposta. Foi um privilégio conseguirmos iniciar esta aventura de um local de acesso tão restrito, especialmente nesta altura do ano. Apreensão natural antes do tiro de partida mas a saída decorreu sem incidentes. Cavalgaram sobre as ondas de azul profundo do mar Açoriano em direção à Praia do Corpo Santo, localizada a cerca de um quilómetro de distância. A saída da natação foi desafiante. Apesar de não estar grande ondulação, todos tiveram que ultrapassar alguns rochedos naturais semi-submersos que provocaram alguns momentos de tensão no pelotão. O primeiro a sair da água foi o atleta individual François Vie, seguido de um
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grupo compacto de atletas perseguidores que rapidamente atravessaram a Vila e seguiram rumo às Escadarias da Nossa Senhora da Paz, uma pequena capela, situada num morro acima da Vila, com um valor religioso grande para os Vilafranquenses e um dos locais mais visitados deste concelho. A chegada à Praia da Pedreira iria revelar-nos como estavam os ritmos e a liderança da prova. Os primeiros a aparecerem foram as equipas AR Casaense e Zero2Hero seguidos pelo atleta individual François Vie que foram todos muitos rápidos na transição. A travessia entre as praias da Pedreira e a praia de Água d’Alto, um percurso costeiro com algumas formações rochosas, foi feito a favor da maré o que possibilitou aos atletas chegarem sem grandes dificuldades à saída do 2º segmento de natação, junto ao Hotel Pestana Bahia Praia. Foi neste local que também demos a saída ao percurso “Sprint” com alguns atletas a terem contacto pela primeira vez com o SwimRun. Esta prova estava montada num percurso total de 11 quilómetros. Já com praticamente metade da prova “Standard” realizada, as paisagens deslumbrantes da ilha de S. Miguel continuavam a surpreender. Seguiuse uma subida quase interminável Publicação Swimrun Portugal #2 | 15
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A SAÍDA DA NATAÇÃO FOI DESAFIANTE. APESAR DE NÃO ESTAR GRANDE ONDULAÇÃO, TODOS TIVERAM QUE ULTRAPASSAR ALGUNS ROCHEDOS NATURAIS SEMISUBMERSOS...
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pelo trilho das 4 Fábricas da Luz, com passagem na Cascata do Segredo. Em alguns pontos mais altos deste segmento, o nevoeiro instalado trouxe com ele alguma chuva que ajudou em muito a arrefecer a temperatura corporal dos atletas, embora estivesse uma temperatura moderada de 18ºC. Nesta altura, já alguns participantes sentiam algumas quebras físicas, a meta estava mesmo perto. Após uma longa descida nos intermináveis degraus da Prainha, o último esforço foi a secção de natação no regresso à Praia d’Alto e depois finalmente a corrida ao longo do areal até aos jardins do Hotel Pestana Bahia Praia, onde estava situada a meta. O fôlego não faltou aos atletas que, apesar do rosto cansado no final, souberam ultrapassar todos os obstáculos apresentados e cortaram a meta com o tal sentimento de missão cumprida. No final, o primeiro a chegar à meta foi o atleta individual François Vie abaixo das 3 horas de prova, seguido da equipa masculina AR Casaense - Rui Borges/João Rodrigues – que chegaram também passados cerca de 15 minutos. Na categoria feminina, a nova dupla Margarida Madeira / Pauline Vie (HEAD Xiks) mostraram um pace firme terminando apenas 30
minutos atrás da primeira equipa masculina. Já nas equipas mistas Joana Craveiro e o João Batista levaram o troféu ao lugar mais alto do pódio nesta categoria, com quase 4 horas de prova, demonstrando bem a dureza do percurso. Mas quem já conhece o SwimRun sabe que é sempre assim: provas exigentes em lugares fantásticos. E a nossa missão foi cumprida! O SwimRun finalmente encontrou um porto de abrigo nos Açores, alargamos a nossa oferta a todo o país continental e ilhas e criamos uma excelente base para construir um fim semana de SwimRun ainda melhor no próximo ano. O nosso agradecimento a todas as entidades institucionais que tornaram possível o evento e a todos os envolvidos: equipa local do “Azores SwimRun”, atletas, patrocinadores, voluntários e equipas de segurança, foi um enorme sucesso. Marca na tua agenda. O SwimRun regressa aos Açores nos dias 20 e 21 de Março de 2021. As inscrições irão abrir em breve.
RESULTADOS OFICIAIS Prova Standard (20 km) Equipas Masculinas 1º Rui Borges / João Rodrigues (AR Casaense) - 3:02:06 2º Álvaro Tojinha / Paulo Henriques (Santiago’s) - 3:24:18 3º Filipe Carneiro / Miguel de Medeiros (Zero2Hero) - 3:41:00 Equipas Mistas 1º Joana Craveiro / João Baptista (JJ Team) – 3:50:12 2º Filipa Castela / Samuel Castela (Lynx) – 4:08:47 Equipas Femininas 1º Margarida Madeira / Pauline Vie (Head Xiks) - 3:32:53 Individual Masculino 1º François Vie (Team Vie) - 2:48:08 2º Eryk de Sousa (Clube Naval de Ponta Delgada) - 2:56:31 3º Nuno Botelho (SnackBar Apito Dourado/C&F,Ld) - 3:03:19
Prova Sprint (11 Km) 1º Ricardo Bettencourt - 1:33:31 2º Mário Leitão (Morcegos Trail) - 1:41:46 3º Pedro Faria (Morcegos Trail) - 2:00:31
VÍDEO OFICIAL DA PROVA
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CIRCUITO 2020
local DATA | LOCAL Ehenectur, simporr uptaspi ctenihil inveri odissi ut que cus voluptas et volores sam re ma corempos et audicid qui dolora sincia dolupta quodit, consedi omnitatur sequam quate nis quiat audae porem et la voluptasi optat verchiliquam reptae abo. Ita volupta aut ped qui vendemquid es eic tem veliant aut volor as mo explicab imus. Alibusd anditate reicium con peligni squibus de vel incimo etusam, con pero ipit qui con ra illibusam, veliqui reictint ipsam ut od quiat ditiume ndiste labore, audae. Nem imendi net mil et, quis asimendis ipitas et ea doluptam eatem sandignam, iscium quo cores unt quiatis dolorat uriae. Xeritinci ne velestorem rem incienihicit as modis ande molorumquis ea saes eatium sin parcili genderia cum harum, con re por molenes tiassum alia veribus et ducil etus dolupta inus est auditassi temporibusti vidio mod quiam dolorrum fugiam il in culpa dolorehenda dendio bercid quae aut que non eatur, officid quatio. Apiene dit fugitiist et vollore natur? Qui offictem qui omnihil luptasit alibus etum eseque et laborese ommo dolorib usamendae nia quam, consedit prorum essusam quatem digenda nderior auda siminiscia dollaturit quatem qui vita vel min reperum eatur aut aliquo descide poriam, quamus. Bitatur aceperis sam et pererch icillupid maximol laborro volorporum secea doluptium aut odis eost libus, nulpa voluptus, corem qui aliciam, acit volorum earibus est ut quassit unt autecatis dignitat qui od ma que velesti nvendamusdam rerferi tatur? Ducillo recabo. Imagnistio quat est, venis aborio omnitatatem eliqui iditae am faccate dolorposa audam quia que et que evenis elent, vellit, nus eos dolescipsam volum none nim exeribus, enis as min commolu pienis audae cum exeritis maionsequi arum repersp edictatet essus delitat ecatect orepers perit, quiaero exceper itemporem iliquam facerit, eatur magni dolesci picaborporum quodio quamus et inverum ut quatibus. Runt exeri resequasinus rem ilias plam, occum aut quid qui acepudae ma que posa nullant odigenderrum velendit, occae pre veliqui officto delende lisque voluptatur ra volorae dit eatio. Pudandi ut lis eatur moluptis am lantur? Ucia volorrovid quid mod maxime et rati reic tem aut a comnita quos sinto quiatem repernam niet hilitio delique seque nem siti ut que explis ati nis isciendi totaqui odis explabore dolo evenda sim exceaqui to commoluptati aut ligeniet harum quametur, simint ressinc tenisqui te exeria non rectenita volut la sequis digenecat faccuptam aribus pa as commolu ptibus, se re, tor auteserum solesti oreruptis doloratus aut ipitiisit quiaspicia commosa dunt ut laccustia corupta tiones porae rest lam quam et am, sinctur alique nia praerat urepererumet qui que dem fuga. Ullias aut apedia sequos dolorectem in re
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ENTREVISTA
fannykuhn
Desde que a atleta sueca Fanny Kuhn completou a sua primeira prova de SwimRun em 2014, nunca mais olhou para trás, vencendo várias provas com a sua parceira de SwimRun, Desiree Andersson - incluindo o Campeonato do Mundo “ÖtillÖ” em 2019, que consiste em 10 km de natação e 65 km de corrida em trilhos, divididos em 23 transições. No entanto, esta ex-nadadora profissional, de personalidade alegre e aberta à comunicação, não se contenta apenas em competir – embarcou numa “missão” para incentivar mulheres e jovens a experenciarem o SwimRun através da WILD SwimRun, uma plataforma que lançou juntamente com a sua companheira de natação Maria Rohman, que oferece campos de treino de SwimRun exclusivos para mulheres, com aconselhamento técnico e ajuda através de uma comunidade online. Quem é o “SwimRunner”? É alguém que está disposto a aventuras, que adora o trabalho em equipa e se sente ativo e realizado na natureza. Qualquer um pessoa pode experimentar o SwimRun, é que tem de melhor este desporto: podes sempre praticá-lo ao teu nível. Qual a importância do desporto para ti nos dias de hoje? É uma parte muito importante da minha vida, tanto para me manter saudável mas também em termos sociais, e claro, para manter minha mente sã. E porquê o SwimRun? Porque eu adoro a aventura que está associada ao SwimRun e todas as possibilidades que tenho de poder nadar e viajar para lugares diferentes. Além disso, toda a comunidade em torno de SwimRun é fantástica e muito afável, e eu realmente concordo com todos os valores que ela modalidade representa no seu entorno geral, tais como a saúde, a natureza, a sustentabilidade e camaradagem. Como passaste de nadadora de piscina para atleta de SwimRun? Após minha carreira de natação na faculdade nos Estados Unidos (fui para a Universidade de Louisville e nadei pela equipa de natação da I Divisão), queria experimentar um novo desafio. Então, entrei para uma equipa de triatlo para experimentar e lá conheci outro ex-nadador, Pär Kristoffersson, que me falou pela primeira vez sobre SwimRun. Um dia, ele perguntou-me se queria entrar numa prova como sua parceira. O desafio era o ÖTILLÖ Utö SwimRun, a distância total. Eu corria somente 10km de cada vez e nessa prova, só os segmentos de corrida totalizaram 35km. Foi doloroso, frio e completamente maravilhoso. É espetacular poder estar na natureza e também partilhar a experiência com um amigo em equipa. Foi uma experiência especial e acabámos ainda por conseguir vencer a corrida, embora digamos que não foi por causa das minhas habilidades de corrida! Lembro-me também perfeitamente no final, as minhas costas cederam e tinha imensas câimbras nas pernas, e o Pär teve que literalmente me puxar até à meta (não usamos corda nessa altura). Desde então, sou completamente viciada neste desporto! O que dirias a alguém que não tem a mínima ideia do que é o SwimRun, para convencê-lo a experimentar? Que podes praticá-lo com um amigo e que não precisa ser longo ou difícil, se não quiseres. É só sair lá para fora e desfrutar da natureza! Publicação Swimrun Portugal #2 | 21
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A AUTOMOTIVAÇÃO NOS MOMENTOS DIFÍCEIS EM QUE NÃO QUERO TREINAR, DIZER NÃO A OUTRAS COISAS DA VIDA QUANDO É NECESSÁRIO OU QUANDO TENS UM DIA MAU NUMA COMPETIÇÃO.
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De onde és? Sabemos que te mudaste recentemente mãe Kerstin e meu pai Peter, assim como minha para Espanha. Como está a correr a tua vida e tra- irmã Anna, sempre deram muito apoio nos meus desportos. Especialmente nos dias de natação, meus balho? pais sempre me acompanhavam nos e passavam o Sou originária da Suécia, nascida e criada em fim de semana nas piscinas dando apoio e incentivo Huddinge, nos arredores de Estocolmo. Atualmente, a mim e à minha irmã Anna quando competíamos. moro em Barcelona há mais de 4 anos, o tempo passa Agora com o SwimRun, eles vêm sempre apoiar-me muito rápido. Eu realmente amo tudo aqui e não é nas competições caso estejam pela Suécia. É incrível apenas pelo clima. A cidade tem tudo – há sempre ter o apoio deles. Para o ÖtillÖ WC, eles trouxeram muitas coisas para fazer e estás perto quer do oceano inclusive um barco para nos seguir ao longo do para nadar e da montanha para correres em trilhos. percurso. A minha irmã também costuma estar com Por isso, as condições de treino são excelentes. Eu eles na claque de apoio! também amo a cultura aqui. Eu acho que aos poucos me ajudou a ser mais relaxada como pessoa à medida Qual é a parte mais difícil no caminho para o primeiro que me fui adaptando ao estilo de vida catalão. Tens lugar? que ter um pouco mais de paciência e aceitar as A automotivação nos momentos difíceis em que coisas à medida que avanças. não quero treinar, dizer não a outras coisas da vida Tens patrocinadores ou parceiros? Que papel quando é necessário ou quando tens um dia mau desempenham eles para ti como SwimRunner? numa competição. Sim, tenho uma parceria com a Vivobarefoot, uma marca de calçado minimalista e com a HEAD Swimming para o meu equipamento SwimRun. A Vivobarefoot é também o nosso principal parceiro no meu projeto “WILD SwimRun”.
Como geres um “mau momento” durante uma prova com o teu parceiro?
Com a minha parceira Desiree, tentamos conversar e incentivar-nos uma à outra. Somos ambas pessoas muito positivas, o que na minha opinião ajuda imenso. Na tua opinião, de que forma o desporto ajuda na Mas o mais importante é falar sobre isso e gerenciar bem a tua comunicação. Se a Desiree me diz que está vida? a ter um mau momento, eu tento animá-la e talvez Eu acho que o desporto ajuda em todas as áreas dar-lhe um gel para um boost de energia! da vida, cobrindo uma variedade de necessidades básicas: relaxar, restaurar a mente, aptidão física, Existe algo que te assuste sobre SwimRun? E algo cariz social para treinar com amigos, autorrealização que lhe dá segurança? e, claro para o SwimRun, também para nos conectar O meu parceiro dá-me segurança. No SwimRun tu com a natureza. nunca estás sozinho e isso faz-me sentir forte. Não posso dizer que há algo que me assusta. Talvez Qual é o papel da tua família nos teus resultados? durante o treino eu não goste muito de nadar no mar Sim, eu tenho um marido incrível (Jonathan) que sozinha. Mas isso também não faz parte do SwimRun! apoia tudo o que faço, mas que também me leva ao Às vezes fico preocupada quando na vespera de uma mundo real sempre que é necessário e me acalma prova não me sinta a 100%, pois tenho receio não quando é hora de descansar, uma vez como eu sou estar no meu melhor nível no dia seguinte. uma pessoa “sempre ligada”. Então isto é mesmo fundamental para o equilíbrio da minha vida. A minha 22 | Publicação Swimrun Portugal #2
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CIRCUITO 2020
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AINDA NÃO É TÃO INTENSA QUANTO NA CATEGORIA DOS HOMENS, MAS ACHO QUE ESTÁ A FICAR CADA VEZ MAIS COMPETITIVA CADA ANO QUE PASSA, O QUE É EMOCIONANTE.
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Tens treinador de SwimRun ou treinas por ti Já tiveste que sacrificar algo para ganhar o campeonato do mundo? própria? Sim, mas eu não chamaria isso de sacrifício, mas sim mais uma escolha. Essa opção foi dedicar mais tempo ao treino em vez de dedicar à família e aos amigos, e escolher viagens de SwimRun em detrimento de outras possibilidades. Acho que essa é provavelmente a escolha mais difícil - às vezes sintome egoísta quando treino demais e digo não a outros Tem vindo a aparecer cada vez mais equipas profissio- eventos ou oportunidades divertidas de viajar ou nais nos últimos anos. Isso significa que o Swimrum experimentar coisas novas com amigos / família. Às vezes é possível combinar treinando e viajando com está a tornar-se cada vez mais competitivo? amigos, mas nem sempre. Sim, se olharmos para o desenvolvimento nos últimos anos, a concorrência está a crescer rapidamente. À Tens alguma prova favorita? O WC Otillo é um evento medida que mais pessoas descobrem o SwimRun, os especial? Porquê? atletas de maior nível competitivo de outros desportos (triatlo, natação, trailrunning) mostram interes- Hmm não, acho que não consigo escolher uma! Acho se em participar e aí teremos uma competição mais que o fascínio por SwimRun é viajar para muitos acesa. Eu penso que isso é necessário e irá ajudar o lugares diferentes e obter as boas vibrações da natureza. O OTILLO é definitivamente uma das provas SwimRun a crescer exponencialmente. mais especiais que já fiz. A extensão do percurso contribui para a aura desafiadora em torno deste Como é atravessar a linha de meta em primeiro? evento, e é muito especial passar a noite anterior É incrível e sinto sempre uma sensação de realiza- perto da linha de partida e também permanecer em ção, como se eu tivesse vindo e feito o que deveria Utö após a prova. Creio que estas particularidades amplificam ainda mais a experiência e tornam única fazer. Partilhá-lo com a Desiree é a melhor parte. a partilha com os outros atletas. Não tenho um treinador pessoal para ser honesta. Treino com um treinador no meu grupo de Natação aqui em Barcelona e agora entrei para um grupo de corrida em trilha que também tem um treinador. Tenho tido também ajuda e dicas de amigos experientes ao longo do caminho.
Como é a tua semana tipica de treino na temporada de verão? E fora de época competitiva? Agora, durante este período de Covid, certamente foi diferente! Mas numa temporada alta dita normal, faço 3-4 sessões de natação, 3-4 corridas e 2 sessões de força / flexibilidade ou ioga. Isto é o volume que acho razoável que encaixa no meu dia a dia e no trabalho. No “off season”, diminuo o volume de treino de corrida, pratico mais yoga e vou experimentando outras formas divertidas de treino. Que tipo de treino de corrida costumas realizar? As corridas durante a semana faço-as normalmente no asfalto. Elas têm cerca de uma hora de duração e normalmente sempre com um propósito especifico, como treino intervalado por exemplo. Para corridas mais longas, aí sim vou para trilhos ou estradões. Para ser sincera, não gosto muito de correr na cidade e nas estradas. O que eu realmente gosto é entrar no comboio até o Parque Nacional Colserolla nas montanhas ao redor de Barcelona e perder-me nos trilhos íngremes lá em cima. Corrida em trilhos é mais uma aventura, nunca sabes o que vai aparecer de excitante no percurso! E em relação ao volume de treino de natação em águas abertas versus treino em piscina? No verão, tento fazer o máximo possível de sessões de águas abertas, porque é o que mais amo. Mas vou mantendo pelo menos uma sessão na piscina, pois acho que é bom para apurar a técnica e praticar velocidade. Normalmente, treino em grupo nas minhas sessões na piscina, misturando equipamento e nadando sem ele. É importante realizar sessões de natação sem equipamento para não perderes a tua Publicação Swimrun Portugal #2 | 25
técnica e postura na água, contando sempre com o pullbuoy.
consiga acompanhar! Quais são os teus objetivos de vida?
O que é mais importante no teu processo de treino? Penso que é importante encontrar uma rotina e algo que se encaixe na tua vida quotidiana e que gostes e te dê energia extra. Para alcançar objetivos mais ambiciosos, tens que te esforçar também de forma inteligente – ter um objetivo especifico para cada sessão de treino. Para mim, acho que o meu grupo de treino também é muito importante. Preciso de pessoas que sejam um pouco melhores que eu ou semelhantes para treinar. Desta forma alcanço sempre outro patamar quando estou perante um treino difícil na piscina ou nas montanhas, junto de um amigo ou companheiro de equipa. Uma das questões-chave nas provas de SwimRun é a nutrição. Podes nos contar um como de como isso funciona para ti antes e na corrida? Sou um pouco “nerd” em relação ao tema saúde e gosto de comer alimentos naturais e coloridos. Tento comer alimentos que não sejam importados de muito longe e orgânicos sempre que estão disponíveis. Tenho por hábito alimentar-me de forma variada e não mudo muito a minha dieta antes de uma prova. Normalmente, como aveia com manteiga de amendoim no café da manhã e tomo um pouco de hidratação. Durante a prova, tomo alguns géis mas também costumo usar a comida regular nos postos de abastecimentos. Quão forte é a rivalidade na categoria feminina? Ainda não é tão intensa quanto na categoria dos homens, mas acho que está a ficar cada vez mais competitiva cada ano que passa, o que é emocionante. Fala nos um pouco sobre a tua companheira de equipa, Desiree Andersson. Sempre competiste em dupla feminina? De que forma comunicam numa prova? Costumam usar corda? Que equipamento costumas usar em prova? Estou tão feliz por poder correr com Desiree. Ela é ótima, sempre positiva e tem uma incrível força e atitude de resistência que a mantêm ativa em qualquer prova como uma rainha. Antes de conhecer Desiree, também participei na categoria mista - com meu amigo nadador sueco Pär Kristoffersson. Corri também com outros parceiros também, é sempre divertido e uma experiência diferente, um desafio e trabalho em equipa. Quando eu e a Desiree estamos em prova, não usamos muito a corda. Raramente na água, às vezes apenas no segmento de corrida, quando estou realmente cansada. A Desiree tem vindo a melhorar bastante a sua corrida e acredito que em breve talvez eu não a 26 | Publicação Swimrun Portugal #2
Normalmente, estabeleço metas para cada ano, mas tenho algumas coisas que quero realizar em geral na minha vida. Eu acho que, no curso da vida, algumas vão mudar e cada coisa acontece a seu tempo. Quero continuar esta linha empreendedora da minha carreira profissional, fazer um doutoramento em media/marketing em determinado momento e ter filhos e a minha própria família um dia. Gostaria de continuar a trabalhar na área do desporto /saúde e continuar a inspirar outras pessoas a serem ativas, além de ajudar o SwimRun a tornar-se um desporto reconhecido no mundo. Espero que possa ser lembrada como uma pessoa feliz e inspiradora! O que te faz feliz? O meu marido, a natação, o SwimRun , aprender coisas novas, a minha família, resolver problemas, criar experiências para outras pessoas, realizações, pipocas ... e muito mais! Eu tento sempre dar o meu melhor e olhar para o lado bom das coisas. Conta-nos um pouco sobre o projeto “WILD SwimRun”. Qual é a ideia e a missão principal? Com o WILD SwimRun, temos como missão atrair cada vez mais pessoas para o SwimRun - especialmente para que mais mulheres experimentem o desporto. Acreditamos que o desporto e o SwimRun, em particular, porque potenciamos ao máximo o contacto com o elemento natureza, tem o poder de tornar uma pessoa invencível. Tanto eu como a minha parceira neste projeto, Maria Rohman, sentimos que temos muito que agradecer pelo envolvimento no desporto SwimRun nas nossas vidas, e como tal, queremos que outros beneficiem também disso. Acho que o SwimRun é um desporto bastante equilibrado, mas em geral, há ainda muito poucas mulheres praticando desportos de resistência. Queremos mudar isso e realizar com elas os nossos eventos e atividades, facilitando desta forma as etapas iniciais e integrando cada vez mais mulheres no nosso desporto. Com a Comunidade WILD, nosso Clube WILD e a Equipa WILD, estamos a construir uma comunidade em que qualquer mulher, independentemente do seu nível de desportivo / ambição, pode participar e experimentar o SwimRun. Acreditas que Portugal poderia ser um possível destino para os campos de treino WILD SwimRun? Absolutamente, devíamos explorar isso!! Gostamos sempre de visitar os locais dos nossos campos de treino antes de executar os nossos cursos e claro
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... SE OLHARMOS PARA O DESENVOLVIMENTO NOS ÚLTIMOS ANOS, A CONCORRÊNCIA ESTÁ A CRESCER RAPIDAMENTE. À MEDIDA QUE MAIS PESSOAS DESCOBREM O SWIMRUN, OS ATLETAS DE MAIOR NÍVEL COMPETITIVO DE OUTROS DESPORTOS (TRIATLO, NATAÇÃO, TRAILRUNNING) MOSTRAM INTERESSE EM PARTICIPAR.
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ACHO QUE IREMOS VER DIFERENTES FORMATOS DE PROVAS, ALGUMAS MAIS PEQUENAS EM NÚMERO DE PARTICIPANTES E ATÉ MAIS LOCAIS MAS TAMBÉM IREMOS ASSISTIR ÀS VIRTUAL RACES, POR EXEMPLO.
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garantir que o hotel, as instalações e o ambiente envolvente se encaixam naquilo que pretendemos fazer. Portanto, se têm alguns locais que nos possam recomendar, podemos definitivamente ver Portugal como destino. Durante o recente bloqueio do Covid-19, de que forma conseguiste manter-te mental e fisicamente saudável? O que conseguiste aprender sobre ti própria nestes últimos meses? Foi um desafio muito difícil. Eu tive os meus dias maus mas também dias bons. No entanto, uma situação como essa coloca as coisas em perspectiva: mas foi-nos retirada a liberdade de simplesmente sair à rua para passear, o que me afetou mais! Vindo isto de uma maior perspectiva, nós, como atletas, não podemos ser egoístas e reclamarmos que não podemos treinar quando as pessoas estão a esforçar-se imenso para combater a pandemia. Para manter a minha sanidade, realizei muitos treinos funcionais on-line e sessões de força em casa. Tentei correr um pouco nas escadas, mas também me concentrei em outras matérias, tais como aprender coisas novas e terminar projetos que estavam um pouco na gaveta. Que impactos achas que o Covid-19 terá nas provas deste ano e talvez nos próximos eventos? 28 | Publicação Swimrun Portugal #2
Acho que iremos ver diferentes formatos de provas, algumas mais pequenas em número de participantes e até mais locais mas também iremos assistir às Virtual Races, por exemplo. Este formato é um pouco mais desafiante no SwimRun, mas estamos a tentar organizar um evento com a Race.se, que podes ver aqui neste link e participar! (https://race.se/en/races/6897/about) As viagens entre países irão estar ainda condicionadas por mais algum tempo do que pensamos pelo que irá ser mais difícil chegar aos destinos para competir. Eu realmente espero que possamos voltar ao normal em breve! Que provas de SwimRun ainda esperas realizar este ano?
Alguma curiosidade sobre o nosso calendário de provas de SwimRun em gostasses de competir? Sim, já ouvi falarem sobre os diferentes locais em que a SwimRun Portugal organiza eventos, e estou muito curiosa. Eu também vos sigo no Instagram e as imagens desses spots SwimRun parecem muito apelativos. Se eu tivesse que escolher um destino, acho que os Açores seriam um deles porque me parecem ser muito interessantes e deslumbrantes! Podem acompanhar o dia a dia de treino e as provas da Fanny através dos seus canais de social media: INSTAGRAM e TWITTER
Não tenho a certeza para ser honesta devido a toda a situação, teremos que aguardar e ver! O SwimRun em Portugal ainda é um desporto muito recente e pequeno mas certamente irá crescer no futuro. Como vês a expansão do SwimRun para países mais a sul da Europa? Sim, eu tenho acompanhado de perto em Espanha, onde moro. Creio que estes países estão cerca de cinco anos atrás do desenvolvimento sueco mas está a ficar cada vez mais popular, o que é muito divertido de ver. Eu creio que em França foi onde mais rapidamente o SwimRun levantou voo.
website: www.fannyfromswe.com Para saber mais sobre o WILD SwimRun, visite www.wildwomenSwimRun.com ou siga em www.instagram.com/wildSwimRun.
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NOME DO FOTÓGRAFO || #INSTAGRAM ID 30 | Publicação Swimrun Portugal #2 GUIA DE INICIAÇÃO À MODALIDADE | SWIMRUN PORTUGAL | 15
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ENTREVISTA
HEAD SwimRun pt team
Rui Dolores é Nº1 do Ranking Nacional em Duatlo Cross, Triatlo Cross e 4º do Ranking Profissional XTerra europeu 2019. Hugo Baluga é Vice-campeão AG de Duatlo Cross e Triatlo Cross e Meia Distância. Os dois formam a HEAD SwimRun PT Team, a dupla masculina vencedora do Campeonato Nacional de SwimRun. Estes SwimRunners tranquilos e humildes, apesar dos seus títulos, baseiam a sua colaboração em valores e paixões comuns. Descobrem-se e falam sobre a atualidade do COVID 19, a família, aspirações, a importância do SwimRun nas suas vida quer em termos pessoais, desportivos e profissionais. KARINE VIE || Em 2019, assistimos à consagração de uma nova dupla SwimRun. Este sucesso é o fruto de uma história comum: são da mesma cidade, praticam o mesmo desporto, são do mesmo clube. Decidiram avançar este um novo desafio juntos. Como nasceu a HEAD SwimRun PT Team ? Rui Dolores descobriu, ainda a solo, o SwimRun em 2017 na prova da Arrábida, o primeiro evento em Portugal. Desde logo ficou entusiasmado com a dinâmica da modalidade. Mais tarde, em 2019, desafiou o Hugo. Para além de já se conhecerem desde há muitos anos, a Head Portugal e o Rui, que era o treinador e colega de equipa no triatlo, perceberam a vantagem que seria ter o Hugo na equipa. “Para além de estarmos equilibrados a nível físico, o que é muito importante para desfrutarmos melhor da experiência, o facto de treinarmos juntos torna as coisas mais fáceis na gestão e na estratégia de prova, pois sabemos os limites, os pontos fortes e os fracos um do outro” explica o treinador grandolense. Esta oportunidade foi uma autêntica surpresa para Hugo Baluga. “Confesso que não estava à espera deste convite. Mas a confiança que a HEAD e o Rui Dolores depositaram em mim, deu-me uma motivação extra!”. Quando começou com 6 anos a praticar Triatlo, Hugo não era um jovem prodígio. Incentivado pelo seu irmão, praticava desporto pela harmonia que existia na escola de Triatlo do Amiciclo de Grândola e não pela competição. O seu treinador na altura acreditava nas suas capacidades e incentivava-o, mas ele só se permitia sonhar com vitórias e títulos. “Sempre olhei para o Rui Dolores como uma referência. Mas eu nunca pensei conseguir estar entre os melhores... Hoje sei que estou mais perto!“ declara com sinceridade. Formar uma dupla treinador-atleta é uma vantagem, mas também desafios A HEAD SwimRun PT Team, “funciona como equipa e não há o papel de treinador-atleta” afirma Rui. Para a dupla, a autoridade do treinador não é um privilégio, nem uma prioridade. A hierarquia não se manifesta dessa forma tradicional. Não há ascendência, há situações. “Todas as provas têm particularidades e situações únicas. Talvez eu, de uma forma natural, tenha mais iniciativa, dê mais indicações ao longo da competição simplesmente por uma questão de experiência em SwimRun. Mas a leitura de prova dos dois é igualmente importante para tomar as melhores decisões.” Outra problemática é a paixão. Neste caso, a importância que o desporto ocupa na vida de um atleta, o que às vezes pode provocar conflitos numa família ou num casal. Mas ainda mais quando se pratica um novo desporto radical, que se está a desenvolver, como é o caso desta aventura à volta do SwimRun. A sociedade mudou muito quanto à visão e promoção do desporto, em termos de instalações, mentalidades, investimento, evolução técnica. Mas nesta mudança social, a história familiar continua a condicionar a prática desportiva, como exemplo positivo ou negativo. “Sem dúvida Publicação Swimrun Portugal #2 | 33
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que o contexto familiar é importante para incentivar a continuação ou abandono de um jovem no desporto. Desde criança que eu e a minha irmã praticamos natação, os nossos pais sempre estiveram presentes. Mais tarde, na minha adolescência, o meu pai, que foi jogador amador de futebol antes de eu nascer, começou a fazer alguns passeios de BTT em lazer, altura em que também me iniciei na modalidade. No meu caso sempre pude contar com eles, tanto no incentivo presencial como nas necessidades e custos associados.” Relembra Rui Dolores. A história de Hugo Baluga é diferente. “Os meus pais nunca foram ligados ao desporto, mas sempre me apoiaram no que podiam. A Margarida (a minha namorada) apoia-me e sempre que pode, acompanha-me nos treinos e competições. Neste momento, é a minha principal motivação. O apoio familiar é fundamental para nós, atletas.” Ainda assim, mesmo com uma boa percepção dos benefícios desportivos, o SwimRun pode preocupar os familiares pela dificuldade e o formato das provas. “Tal como nós atletas, no início eles acharam um pouco estranho o facto de nadarmos calçados e com palas ou corrermos com todo o equipamento ‘às costas’” reconhece Rui, “mas depois de verem alguns vídeos, ficaram rendidos à beleza e ao desafio da modalidade. É importante envolver as pessoas que mais gostamos mesmo que de uma forma diferente daquela que é ser atleta.” Para a HEAD SwimRun PT Team, a dedicação é efetivamente um fator fundamental de sucesso. Mas não é o único. Existem outros: a gestão da prova, a desconstrução dos problemas e do medo, o dever cumprido. “Nunca fui de partilhar os resultados com a minha família, mas gosto que se sintam orgulhosos de mim. Por isso, a superação pessoal é o meu principal estímulo” assume o Hugo. A parte psicológica é essencial. “Efetivamente a 34 | Publicação Swimrun Portugal #2
auto-superação do desafio é a principal fonte de motivação. A parte competitiva ou a conquista de um determinado objetivo é importante, sim, mas não depende apenas de nós. Se dermos o nosso melhor, cruzarmos a meta com essa certeza, é a sensação de dever cumprido” analisa o Rui Dolores. Gerir uma prova de SwimRun A gestão de prova no SwimRun passa muito pelo equilíbrio e entreajuda da dupla. A estratégia pré-definida ideal é, estudar previamente as informações dadas pela organização sobre o percurso e definir um plano pré-prova com os segmentos em que cada membro da dupla lidera ou impõe o ritmo conforme as suas características. “No fundo, ver onde cada um é mais forte para poder ajudar o outro”, resume o Rui Dolores , antes de completar : “Apesar deste plano muitas vezes ser ajustado durante a prova por fatores que não se controlam à partida, é importante sair com um plano definido para ser mais fácil tomar decisões no momento e facilitar na comunicação entre nós. Mesmo seguindo esta estratégia prédefinida, os momentos chave dependem do desenrolar da competição. Não há nada em particular que me assuste no SwimRun. Poderia dizer que não sou grande apreciador de águas frias, mas tudo é uma questão de desconstrução do problema na nossa mente e a mensagem que ela passa para o nosso corpo. Sendo o SwimRun um desporto praticado em dupla por si já transmite segurança e sentindo o apoio de toda a organização com elementos em água e terra ao longo do percurso, sintome sempre em segurança” avalia. E o Hugo conclui com humildade “a única preocupação que tenho no SwimRun é o facto de poder não estar ao nível exigido. Felizmente sou muito bem acompanhado pela NewID coaching, o que me permite continuar no bom trabalho.” Acerca do medo, a filosofia do Rui não varia, “O medo é nada mais que uma dúvida para algo desconhecido. A
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TAL COMO NÓS ATLETAS, NO INÍCIO ELES ACHARAM UM POUCO ESTRANHO O FACTO DE NADARMOS CALÇADOS E COM PALAS OU CORRERMOS COM TODO O EQUIPAMENTO ‘ÀS COSTAS’... MAS DEPOIS DE VEREM ALGUNS VÍDEOS, FICARAM RENDIDOS À BELEZA E AO DESAFIO DA MODALIDADE.
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OLHANDO 10, 15 ANOS PARA TRÁS, VENDO O HUGO COMO UM ATLETA SONHADOR E AMBICIOSO, DIR-LHE-IA PARA NUNCA DESISTIR, APROVEITAR CADA MOMENTO E ACREDITAR SEMPRE QUE TUDO É POSSÍVEL.
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confiança deve ser trabalhada através da realização de pequenas tarefas, até desconstruir a ideia de que algo é difícil ou impossível. Tal como em tudo na vida, há uma evolução e isso apenas depende da nossa dedicação e força de vontade em atingi-la. Como eu diria ao Rui de há 15 anos, afinal não existem assim tantos impossíveis. Faço aquilo que gosto para continuar a acreditar, pois é o melhor caminho para um dia mais tarde recordarmos histórias e não sonhos.” Para muitos atletas, na hora de formar uma dupla, o facto de ser ridículo, ou de existir uma diferença de idade e de nível pode ser uma preocupação. Incomoda alguns, mas outros acham que se torna uma mais valia.
Acabar com o medo do ridículo
“A diferença de idade não é um fator condicionante. No entanto a diferença de ritmo é significativa nas duplas desequilibradas que procuram ser competitivas, porque obriga o mais forte ir ao encontro do ritmo do mais lento e o mais lento acaba por, muitas vezes, ter de se esforçar demasiado e ser penalizado com um desgaste maior“, reflete a parte competitiva do Rui. “No caso do objetivo da dupla ser apenas desfrutar e terminar pelo desafio, aí funciona bem uma dupla de amigos ou casal que pretende desenvolver este espírito de grupo e entreajuda“ relativiza a parte descontraída do multi-campeão.
A comunicação e colaboração para enfrentar os elementos climáticos, da natureza e do nosso próprio corpo constituem a pedra angular do SwimRun. Esta modalidade permite desenvolver competências desportivas. Mas, segundo a HEAD SwimRun PT Team, até melhora outras áreas da vida.
Quanto ao ridículo, o Hugo que, no seus inícios desportivos também tinha poucas facilidades e duvidava muito de si mesmo, é categórico: “Ninguém se deve sentir ridículo ou ter medo dos preconceitos. O SwimRun é uma modalidade com um ambiente muito descontraído. Devemos sim, concentrarmo-nos nossos objetivos, desfrutar das maravilhosas condições que o SwimRun nos proporciona e nunca desistir de objectivo! Como eu diria ao Hugo de há 10 anos, temos de aproveitar cada momento e acreditar sempre que tudo é possível. Se trabalharmos, se nos dedicarmos e nos focarmos na meta, iremos ser sempre recompensados. Uns obtêm o resultado mais cedo, outros mais tarde, mas vai acabar por aparecer!”
Uma constatação que faz o Hugo, à luz das suas particularidades, “Sempre me foi dito que as minhas caraterísticas não me permitiriam ser rápido e que deveria experimentar distâncias maiores nas provas de Triatlo. Por isso, tenho apostado principalmente
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CONSIDERO O SWIMRUN UM EXCELENTE COMPLEMENTO NA PREPARAÇÃO DO TRIATLO CROSS, POIS DESENVOLVE SITUAÇÕES DE PROVA QUE FORTALECEM FÍSICA E TECNICAMENTE O ATLETA...
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em Triatlo Cross, Duatlo e Triatlo Meia Distância. O SwimRun tem-me ajudado bastante nestas modalidades que adoro, porque exige mais treino em terreno montanhoso e assim trabalho mais nas águas abertas, principalmente para o Triatlo Cross. Também gosto do ambiente, do caráter desafiador da modalidade que nos dá a sensação de liberdade!” E a referência do Hugo, o Nº1 do Ranking Nacional em Duatlo Cross e Triatlo Cross não contradiz : “Considero o SwimRun um excelente complemento na preparação do Triatlo Cross, pois desenvolve situações de prova que fortalecem física e tecnicamente o atleta, como o nadar de palas e pullbuoy ou correr em trilhos técnicos e muitas vezes mais exigentes que um Triatlo Cross. Em outras áreas da vida também tem um papel construtivo ao incentivar o espírito de equipa, partilha e entreajuda que se aplicam no nosso dia a dia, seja no trabalho, na escola ou na interação com a comunidade em geral.”
Uma visão que partilha com o N°4 europeu de Xterra que já tinha agendado provas internacionais. Teve de cancelá-las e mudar os hábitos : “Depois de perceber o verdadeiro impacto que trouxe para a nossa sociedade e a impossibilidade de competir e viajar nos próximos meses, acabei por adotar um treino base para manter a condição física, mas sobretudo, o equilíbrio emocional. Neste período de pandemia mantive o treino de ciclismo (maioritariamente indoor), corrida e treino funcional respeitando as normas de isolamento e segurança recomendadas e adaptadas à realidade do local onde vivo, o Alentejo.
Treinar em tempos de COVID-19
Penso que continuar a praticar atividade física nesta fase é importante, mas competir não é uma prioridade. No entanto, em algumas modalidades como o SwimRun, com algumas adaptações de regulamento incluindo, por exemplo, partidas separadas e distanciamento entre atletas, talvez seja possível praticar sem risco acrescido de contágio. Terá que prevalecer o bom senso e avaliar cada situação individualmente.”
O COVID mudou a nossa realidade. Todos nós somos afetados. Todos esperamos que a situação termine e muitos atletas esperam ansiosos pelas provas. Até lá, trata-se de nos adaptarmos, não desistir dos treinos e dos objetivos. “Este terrível vírus apareceu e complicou a vida de todos. Provas importantes foram canceladas e os treinos condicionados desmotivam um pouco. Então, procurei motivação de outra forma, para continuar em boa forma. Pedalar em casa, corridas curtas em locais pouco frequentados, trabalho com elásticos simulando a natação e treino funcional. Apesar disso acredito que este ano ainda haja competições. Mas o mais importante é que fiquemos todos bem!”, espera o Hugo.
A palavra “esforço” é uma evidência para definir a HEAD SwimRun PT Team. Ninguém ganha uma prova de SwimRun ou de outra modalidade sem esforço. “Ponderação” também é fácil de perceber para quem conhece um pouco esta dupla. Já sabia por ter visto provas muito difíceis e emocionantes que o Rui, tanto nas vitórias como nos momentos em que não atingia os seus objetivos, é uma pessoa reservada, para não dizer fechada. Mas o que realmente me emociona e impressiona até hoje é que, mesmo assim, nestes momentos de decepção duros (em que devia ter ainda menos vontade de falar) ou de alegria intensa, sempre conseguiu conservar o seu sorriso e umas palavras simpáticas e elogiosas para os adversários. Essa atitude reflete uma análise objetiva e justa do valor das provas.
Do Hugo, descobri o seu passado de triatleta numa conversa com o Rui e associei a imagem dele a um relatório de Norbert Kranz (o atual diretor técnico da FFH em Desporto de verão e Técnico do INSEP) sobre a diferença entre os desportistas jovens com muitas facilidades e os “esforçados”, duas palavras fundamentais: disciplina e mérito. Mas desde o início desta entrevista surgiu a palavra “paixão”... paixão pelo desporto e pela vida. E esta palavra não me parecia compatível com as anteriores, quando na realidade é tudo o contrário. A associação das três palavras “esforço, ponderação e paixão” é a única explicação do sucesso da HEAD SwimRun PT, e a atitude dos verdadeiros campeões.
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TRAINING CAMPS
treino no zêzere
Treino/reconhecimento do Zêzere, ou como apaixonar-se pelo SwimRun? Três SwimRunistas com níveis e expectativas muito diferentes, vieram treinar com a SwimRun Portugal. A primeira, Karine VIE, mal sabe nadar mas gosta de trail e de acompanhar os filhos e o esposo nas aventuras desportivas deles para partilhar e perceber melhor e mais intensamente o que eles sentem. A segunda, Catarina de Brandão Barroca, é treinadora de Sup paddle, pratica surf, nada bem e adora estar na água. Descobriu há um ano o BTT e o trail com o objetivo de se preparar melhor para as provas de Sup paddle. Duas amigas completamente diferentes a nível desportivo, reunidas pela versatilidade do SwimRun. Por fim, a Alexandra Martinho, atleta de triatlo do Alhandra Sporting Club.
Karine VIE Eu nunca estive muito à vontade na água. Uma vez quando era muito nova quase me afoguei. Desde então, fiquei com medo da água. Apenas aprendi a nadar aos 13 anos, em Espanha num piscina. O que explica o facto de me sentir segura apenas em piscina. Praticar SwimRun foi para mim uma catarse, uma forma de ultrapassar os meus medos e limitações impostas por estes medos. Depois de acompanhar a Pauline no SwimRun de Monsaraz em maio 2019, e de assistir à prova dela, fiquei simplesmente encantada. Eu que já adorava o Trail, ver que os participantes tinham a oportunidade de nadar de vez em quando e desta forma refrescar-se pareceu-me uma ideia genial. Cometi o “erro” de dizer à TeamVie que gostaria de experimentar. Dito e feito! Fui embarcada: treinos de natação 3 vezes por semana, para além dos treinos de corrida. Em setembro 2019, realizei o meu primeiro treino de SwimRun em Setúbal. Fui para lá cheia de medo. Na altura nadava apenas bruços e não conseguia fazer mais de 25 metros de crawl. No 38 | Publicação Swimrun Portugal #2
entanto, o treino reconfortou-me. O percurso e as distâncias eram bem pensadas. Mesmo sendo a última do grupo, todos, nadadores e staff (canoas, e orientadores...) Foram tão pacientes, atenciosos e descontraídos que pude treinar sem pressão e considerar fazer uma prova de SwimRun. Em março, estava na linha de partida do SwimRun dos Açores. Ondas, correntes, frio dentro e fora de água, e uma hipotermia. A aventura acabou com um DNF rico em aprendizagens para nós todos. Para ter esperança de acabar um SwimRun, iria ter que rever toda a estratégia de treino e melhorar se possível a técnica. Mas o medo de nadar no mar , ainda presente, já não era maior do que a minha força de vontade. Depois chegou o COVID… A impossibilidade de treinar em piscina pôs em evidência, um problema maior: a diferença de nível e a angústia de ficar sozinha em águas abertas. A solução a mais evidente, e completamente em acordo com o espírito do SwimRun, era tentar nadar em dupla. Mas ainda era preciso encontrar alguém que nadasse bem e em quem tivesse confiança suficiente, mas que quisesse renunciar a uma dupla do seu nível ou a uma prova solitária. A decisão
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que Jean-Michel, o meu esposo, ocupasse este posto impôsse progressivamente com o passar dos treinos. O treino/reconhecimento de SwimRun do Zêzere chegou num momento chave: estávamos cansados dos treinos desde março ao nascer do sol, sozinhos para evitar contacto social a fim de não colocar os outros nem nós próprios em perigo. Este reconhecimento permitiu-nos avaliar os progressos no segmento de natação num rio e de correr com o cabo pela primeira vez. O sítio, o tempo e a temperatura e claridade da água, eram ideais. O início dos treinos estava marcado para às 9h, na partida da praia fluvial de Aldeia do Mato ainda não havia ninguém. Éramos os únicos. Foi o mesmo caso para cada segmento, pois uma das características do SwimRun é justamente de correr e nadar em locais pouco acessíveis. O ambiente de camaradagem e boa disposição dos participantes e da equipa de enquadramento seguia sendo o mesmo do que nos treinos e provas anteriores. Também vínhamos com a vontade de mostrar a disciplina a duas amigas, Xana e Catarina, e com o desejo de que elas gostassem. E a magia operou mais uma vez, como pôde-se ver no testemunho da Catarina.
Alexandra Martinho Adorei a experiência do SwimRun! Estava muito bem organizado. O que mais gostei? O contacto com a natureza, as paisagens maravilhosas, adorei correr in the wild, o desafio do sobe e desce que não é habitual no Triatlo. Não sou particularmente amante de silvas (e o mato estava bastante cerrado), mas um arranhãozito aqui, outro ali dá o seu charme... e quem não gosta de uma aventura assim? Até os trambolhões nas descidas foram engraçados. Ai aquela pedra solta na areia... Só de lembrar fico com um sorriso na cara. Aspectos menos positivos: Custou-me muito o calor. Para a temperatura que estava não devia ter levado fato. Mas é aprender com os erros. Assim como correr com o pullbuoy na mão... Chegou inteiro ao fim, sem ser retalhado pelas silvas, mas correr com ele na mão... Está compreendida a utilidade e necessidade dos elásticos. Acho que fazem muito bem em agendar as provas para alturas mais frescas.
Catarina de Brandão Barroca “SwimRun, um fim de semana em família” como alguém no grupo disse. E, por acaso, foi essa a sensação. O fim de semana foi organizado com o objectivo de fazer um treino/reconhecimento do percurso e o espírito foi de entreajuda, claro, com momentos onde todos fizemos o “gosto ao dedo” numa pequena aceleração de ritmo tanto a nadar como a correr. Não fôssemos nós atletas…Mas no final de cada segmento lá estávamos todos reunidos de novo. Quem quis ficou na água e fez mais uma ida e volta enquanto alguns acabavam o segmento e o mesmo se passou com a corrida. No sábado fizemos um percurso mais longo e, por isso, mais divertido. No último segmento, que era feito na água, e no grupo onde eu estava, percebemos que nós tínhamos perdido uns dos outros. Como estávamos a brincar aos selvagens, ninguém tinha telemóvel. Usámos a voz e os assobios e o eco da natureza para comunicar. E como estávamos dependentes apenas de nós e da natureza, procurámos um caminho no mato para chegar à água e na água fomos a nadar até à meta. Portanto, nestas palavras, acho que fica espelhada a beleza simples do que é um SwimRun. É na simplicidade que sobressai a verdadeira beleza das coisas.
Adorei o intercalar de natação-corrida-natação-corrida. Foi uma experiência nova e bastante positiva. Surpreendeu-me o facto de ser tão fácil e natural oscilar entre os segmentos. Com a experiência que tenho do triatlo, pensei que me ia custar muito, mas não. Assim que o calor apertava era hora de entrar na água e refrescar e dar descanso às pernas, quando começávamos a arrefecer e a ficar com os braços pesados, hora de sair e dar uso às pernas. É de facto uma modalidade muito interessante, de fácil adaptação é muito, mas mesmo muito libertadora, de grande interação com a natureza, que adoro. E ainda tivemos tempo para um “abastecimento” não programado - mas com árvores de fruto à mão de semear é difícil resistir. Mesmo depois de uns estrondosos 16km no primeiro dia, e do cansaço de tanto sobe e desce, a vontade para voltar à carga no segundo dia era ainda maior!! Foi tão agradável que ainda fizemos uma natação extra só porque sim. O desafio da volta ao hotel foi lançado, e lá fomos nós ! Adorei e estou desejosa de repetir a experiência.
Nunca tinha feito SwimRun num ambiente tão natural como é o Zêzere. Já tínhamos treinado SwimRun no rio Tejo com corrida na estrada e no calçadão. Confesso que num cenário mais natural e, por isso, mais autêntico, somos transportados para a nossa essência animal. Aquela em que somos um pouco selvagens e não precisamos de mais nada a não ser do nosso corpo e da nossa mente. Não existem fronteiras pedestres nem existem fronteiras aquáticas. Se encontrarmos água, atiramo-nos e nadamos. Se encontrarmos terra, corremos. Tão simples quanto isto. A sensação de liberdade é brutal. A aventura é extraordinária. O contacto com a natureza, o cheiro, a cor, a temperatura e a beleza que nos envolve são indescritíveis. A organização deste treino/reconhecimento por parte do Bruno Safara tem a minha vénia e profunda admiração. Não deve ser fácil estar à frente de um projeto deste tipo. Os meus parabéns e um grande obrigada pelos momentos que me foram proporcionados com amigos e em família como dito no início do texto. Publicação Swimrun Portugal #2 | 41
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FOI O MESMO CASO PARA CADA SEGMENTO, POIS UMA DAS CARACTERÍSTICAS DO SWIMRUN É JUSTAMENTE DE CORRER E NADAR EM LOCAIS POUCO ACESSÍVEIS.
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