Agrinforma, nº 56, setembro-outubro/2013

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Chefe-adjunto de Transferência de Tecnologia: João Camargo Neto Supervisora do NCO: Luciana Alvim Santos Romani Diagramação, criação & arte: Suzilei Carneiro Capa: Pedro de Matteu Redação: Nadir Rodrigues (MTb/SP 26.948) Colaboração: Armando Sagula Neto e Vanessa Cagliari Fotos da capa: Google.com e Stock.xchng

Embrapa Informática Agropecuária Av. André Tosello, 209 - Campus da Unicamp Barão Geraldo - Caixa Postal 6041 13083-886 - Campinas, SP Fone: (19) 3211-5747 Fax: (19) 3211-5754 Visite: www.cnptia.embrapa.br Serviço de Atendimento ao Cidadão (SAC): cnptia.sac@embrapa.br


AGRInforma

Jornal da Embrapa Informática Agropecuária - Ano X, nº 56 - Campinas, SP, setembro-outubro/2013

O Comitê Assessor Externo (CAE) da Embrapa Informática Agropecuária reuniu-se, em 9 de setembro, para conhecer a programação das atividades de pesquisa e desenvolvimento e também o resultado da pesquisa conduzida pelo Núcleo de Desenvolvimento Institucional (NDI), com foco no ambiente externo, que vai orientar a elaboração do V Plano Diretor da Unidade (PDU). O PDU é um documento orientador que incorpora cenários, pesquisas qualitativas, visão interna e uma série de desafios científicos, tecnológicos, organizacionais e institucionais. Durante a reunião, o pesquisador Aryeverton Fortes de Oliveira apresentou uma síntese das ações voltadas à análise do ambiente externo para produção do novo PDU. Entre essas ações está um levantamento das áreas de atuação e visão de futuro dos grupos de pesquisa da Unidade e uma pesquisa interna com os empregados sobre tendências, oportunidades e ameaças para a Empresa. Também houve consulta a membros e parceiros da Embrapa, que puderam classificar e apontar novas tendências, oportunidades e ameaças consideradas relevantes. Pesquisa e inovação em tecnologia da informação na agricultura foi o tema da apresentação feita pela chefe de pesquisa e desenvolvimento, Silvia Massruhá. Ela abordou o uso das tecnologias de informação e comunicação (TIC) no Brasil e as tendências em pesquisas na área de agroinformática. Silvia falou sobre as estratégias de pesquisa, desenvolvimento e inovação conduzidas pela Embrapa Informática Agropecuária para contribuir com a informatização e disseminação da tecnologia de informação (TI) no setor rural.

Daniela dos Santos

Comitê assessor externo conhece ações de planejamento

Membros assistem a apresentações e propõem sugestões de melhoria

Ainda apresentou os principais projetos em andamento na Unidade, além de produtos e serviços focados na aplicação da TI na agricultura. O secretário-executivo do CAE, João Camargo Neto, chefe de transferência de tecnologia da Unidade, disse que o comitê apresentou uma série de sugestões visando melhorar a atuação do centro de pesquisa. Por exemplo, aproveitar a oportunidade para desenvolver projetos que sirvam de suporte a políticas públicas para fortalecer o uso da TI no setor agrícola brasileiro, proposta pelo professor Antonio Mauro Saraiva, da Escola Politécnica da Universidade de São Paulo (USP). A reunião foi presidida pelo membro do CAE José Augusto Maiorano, engenheiro agrônomo e diretor do Escritório de Desenvolvimento Rural de Campinas. Participaram ainda José Roberto Postali Parra, da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp); Fernando Amaral, chefe do Departamento de Transferência de Tecnologia da Embrapa; e Gustavo Beduschi, analista da Gerência de Desenvolvimento de Ramos e Mercados da Organização das Cooperativas Brasileiras (OCB).


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AgMip

Mudanças climáticas desafiam cientistas a aperfeiçoar modelos de produção agrícola Atualmente mais de trinta atividades do AgMip estão em andamento, de acordo com Alexander Ruane, cientista do Goddard Institue for Space Studies da Agência Espacial Americana (GISS/Nasa). Para entender qual é a sensibilidade dos atuais sistemas de produção agrícola às mudanças climáticas é preciso incorporar os estudos sobre as tendências de produtividade aos modelos econômicos globais. Também é importante simular cenários de produtividade para o cultivo de grãos e a pecuária em condições com ou sem mudanças climáticas para que se possa prever quais serão os impactos na produção futura, segundo o especialista.

Fotos: Vanessa Cagliari

Vanessa Vanessa Cagliari Cagliari

Como as mudanças climáticas vão impactar os sistemas de produção agrícola e quais os benefícios das adaptações? Essas são algumas das questões que estão desafiando os cientistas do AgMip, projeto internacional de Intercomparação e Aprimoramento de Modelos Agrícolas que busca incorporar os estudos de clima a modelos econômicos e de produção, visando apresentar soluções científicas para as principais regiões agrícolas do mundo, tanto de países desenvolvidos como em desenvolvimento. O AgMip é um projeto que reúne mais de 600 membros de diversos países preocupados em aperfeiçoar os modelos agrícolas, usando dados regionais e globais de alta qualidade e as melhores práticas científicas para aplicações em avaliações integradas, considerando a heterogeneidade regional e a maior complexidade dos sistemas de produção. Além disso, objetiva desenvolver ferramentas para identificar e avaliar políticas e tecnologias de adaptação promissoras e priorizar estratégias, considerando séries históricas de clima e futuros cenários climáticos. Para estabelecer um programa de avaliação regional integrada especialmente voltado a países da América Latina, cerca de 50 especialistas nacionais e internacionais participaram de um workshop na Embrapa Informática Agropecuária (Campinas, SP), de 24 a 26 de setembro. Durante o encontro, eles discutiram modelos de avaliações nas produções agrícolas, vulnerabilidade econômica, segurança alimentar sob projeções de cenários climáticos futuros e o desenvolvimento de métodos e técnicas para avaliar e identificar tecnologias e políticas de adaptação. “O AgMip já possui muitos estudos e referências dos Estados Unidos e da África e queremos impulsionar essas atividades na América Latina”, disse o coordenador regional do projeto Roberto Valdivia, pesquisador da Universidade do Estado do Oregon (EUA). Ele explicou que o AgMIP está desenvolvendo uma nova metodologia para analisar quais serão os impactos futuros de mudança de clima na agricultura, de maneira coordenada e padronizada. Segundo Valdivia, realizar essas pesquisas na América Latina é muito importante porque a região conta com capacidade técnica e metodologia que vão ser de grande ajuda para o desenvolvimento científico.

Kleber Sampaio (acima), chefe-geral da Unidade, abre o encontro


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AgMip

Estudos regionais O pesquisador da Embrapa Informática Agropecuária Eduardo Assad lembra que as mudanças do clima impactam a agricultura independente de fronteira. Então, esse trabalho de juntar as análises do Brasil e dos demais países é muito importante para traçar uma estratégia continental na América do Sul, pois todos têm muita experiência, bons resultados e conhecimentos específicos, que serão socializados. “Nós vamos ter trocas de experiência com grupos que estão mais avançados. Por exemplo, a Argentina está bem avançada em análises de fenômenos extremos. A Colômbia ofereceu modelos para estudos com o café. Nós também vamos oferecer um pouco da nossa expertise com modelos de cana-de-açúcar. Será uma sinergia muito forte entre esses países”, afirmou Assad. Os próximos passos serão formalizar as parcerias entre as várias instituições internacionais envolvidas e desenvolver trabalhos conjuntos para responder a cada uma das questões científicas do projeto. Os coordenadores do evento vão estabelecer um comitê geral para organizar as tarefas e coordenar a interação entre os países da América do Sul. Em outubro ocorreu um encontro anual do AgMip nos Estados Unidos. Também estão previstos workshops regionais na Ásia, África e Europa nos próximos meses, quando deverão ser apresentados os planos de trabalho e resultados preliminares. Vanessa Cagliari

Vanessa Cagliari

Estudos pilotos de intercomparação de modelos de produção e avaliações regionais integradas estão sendo desenvolvidos pelas equipes internacionais do AgMip para a América do Norte, América Latina e Caribe, Europa, África Subsaariana, África do Sul, Ásia e Austrália. Os cientistas estão analisando 27 modelos de trigo, 18 de milho, 14 de arroz, além de pilotos de cana-deaçúcar. Para isso, é necessário construir modelos para simular e avaliar diferentes cenários e modelos econômicos que, integrados, ajudem a responder àquelas questões. Representantes do Brasil, Argentina, Colômbia, Peru, Uruguai, Estados Unidos e Itália presentes ao evento discutiram como compartilhar experiências e informações técnicas que possam contribuir para a integração científica visando produzir conhecimento e gerar modelos, dados e recursos que beneficiem a comunidade mundial. “É preciso reconhecer que devemos avaliar não país por país, mas em conjunto, para obter um projeto consistente em toda a América do Sul”, contou Ruane. “Quando as equipes trabalham juntas, há mais oportunidades de produzir um grande impacto na comunidade científica e política. Além disso, partilhando com o outro, somos capazes de desenvolver ferramentas para melhorar todas as equipes para obter resultados científicos sólidos”, ressaltou.

Equipes discutem como integrar dados regionais para beneficiar comunidade científica mundial


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Labex

Brasil e Alemanha investem em pesquisas de fenotipagem vegetal

Nadir Rodrigues

Pesquisadores do Forschungszentrum Jülich (FZJ), um dos maiores centros de pesquisa da Alemanha, visitaram a Embrapa, de 16 a 27 de setembro, com o intuito de estabelecer uma nova etapa de cooperação científica entre os dois países. Os cientistas Stephan Bloßfeld e Anke Schickling, do Institute of Bio-Geoscience-2: Plant Science (FZJ/IBG-2), foram acompanhados pelo pesquisador da Embrapa Instrumentação Paulo Sergio de Paula Herrmann Júnior, que desde outubro de 2012 atua no Labex Europa Alemanha. Os Laboratórios Virtuais da Embrapa no Exterior (Labex) são um modelo de cooperação científica que beneficia não apenas o Brasil, mas também as demais nações parceiras. Já existem parcerias nos Estados Unidos, França, Grã-Bretanha, Alemanha, Coreia, China e Japão. Agora o Centro de Pesquisas Jülich está criando o Labex invertido Brasil-Alemanha (LgiB), cujo principal foco estará relacionado à aplicação de novos métodos para fenotipagem de plantas no campo. Por meio desse modelo, o pesquisador brasileiro Paulo Herrmann Jr. vai desenvolver trabalhos na Alemanha na área de desenvolvimento de métodos e

processos avançados em caracterização de funções biológicas e fenotipagem vegetal. No Brasil, no próximo ano, a pesquisadora Anke Schickling, do instituto alemão, usará a estrutura da Embrapa e trabalhará em conjunto com pesquisadores brasileiros realizando estudos de interesse comum. “Queremos reunir competências para fazer pesquisa de excelência e melhorar a fenotipagem de plantas aqui no Brasil, além de ampliar a nossa atuação em redes de pesquisa”, disse Herrmann. Ele conta que a Alemanha criou este ano uma rede nacional de fenotipagem de plantas, com investimentos de 35 milhões de euros para os próximos cinco anos. O país também está investindo dois bilhões de euros na bioeconomia, que busca transformar o conhecimento e novas tecnologias em inovação para a indústria e a sociedade. A primeira atividade prática do Labex invertido foi o wokshop “Phenotyping for the Future”, que reuniu especialistas brasileiros e alemães, no dia 17, na Embrapa Estudos e Capacitação, em Brasília. O debate abordou as novas técnicas de avaliação de características genéticas que organismos manifestam em contato com o meio ambiente. Antes do workshop, uma cerimônia para marcar o início da nova fase de cooperação contou com a presença do embaixador da Alemanha no Brasil, Wilfried Grolig, do secretário do ministério alemão da Educação e Pesquisa, Georg Schütte, e do diretor do Instituto de Bio e Geociências do Centro de Pesquisas Jülich, onde funciona o Labex Alemanha, Ulrich Schurr. A Embrapa foi representada pelo presidente Maurício Lopes e pelo chefe da Secretaria de Relações Internacionais, Márcio Porto.

Anke Schickling e Stephan Bloßfeld, do FZJ/IBG, com Paulo Herrmann, da Embrapa


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Labex

Cientistas conhecem pesquisas da Embrapa (Planaltina, DF) e Embrapa Arroz e Feijão (Santo Antônio de Goiás, GO). Herrmann ainda participou do II Encontro da SBPMat (Sociedade Brasileira de Materiais), evento que ocorreu de 28 de setembro a 3 de outubro, em Campos do Jordão (SP), com o objetivo de discutir os recentes avanços e perspectivas em ciência e tecnologia de materiais. No encontro, ele apresentou o trabalho “Key technologies for plants for the future - plant phenotyping at Forschungszentrum Jülich (IBG-2), and his partnership with Embrapa-Brazil: Labex Europe in Germany”. O propósito era falar da experiência do Labex na Alemanha e mostrar o potencial de novos métodos para as pesquisas em fenotipagem, como a ressonância magnética nuclear, tomografia e sensores especiais, aplicados em modelagem e robótica, que estão em uso no FZJ. “A genômica cresceu muito rápido, mas a fenotipagem não seguiu o mesmo passo. Com esses novos métodos, estamos tentando nos aproximar desse avanço. E aí pode haver um salto na vertical, pois já temos conhecimento em fenotipagem e competência”, avaliou o pesquisador. Nadir Rodrigues

O programa da viagem incluiu visitas a diversos centros da Embrapa no país para conhecer linhas de pesquisa e estreitar parcerias. Na visita à Embrapa Informática Agropecuária, ocorrida em 19 de setembro, os cientistas Stephan Bloßfeld e Anke Schickling tiveram um panorama das pesquisas conduzidas pela Embrapa, que impulsionaram o desenvolvimento agrícola brasileiro. Durante reunião com a chefia e pesquisadores da Unidade, eles apresentaram o trabalho realizado pelo Centro de Pesquisas Jülich e conheceram projetos relacionados à aplicação da tecnologia da informação na agricultura desenvolvidos pela Embrapa, especialmente nas áreas de bioinformática e medição por imagem de plantas. Essas novas tecnologias são extremamente úteis para auxiliar as pesquisas com fenotipagem vegetal, permitindo melhorar a qualidade das plantas e obter cultivares tolerantes à deficiência hídrica e adaptadas a novos cenários climáticos. Os cientistas também visitaram a Embrapa Meio Ambiente (Jaguariúna, SP), Embrapa Monitoramento por Satélite (Campinas, SP), Embrapa Instrumentação (São Carlos, SP) e Embrapa Milho e Sorgo (Sete Lagoas, MG). Em seguida, conheceram a Embrapa Agroenergia, Embrapa Hortaliças e Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia (Brasília, DF), Embrapa Cerrados

Fotos: Nadir Rodrigues

Bloßfeld (ao lado) mostra pesquisas desenvolvidas pelo instituto alemão


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Sistema Gotas auxilia no controle do uso de agrotóxicos

Zineb Benchekchou

oferece vários parâmetros de deposição. Com isso, o agricultor poderá decidir sobre a melhor combinação de bicos de pulverização, consumo de calda, velocidade de aplicação etc., que deem o máximo de deposição no alvo desejado. A calibração de deposição de gotas de pulverização é importante tanto para aplicação de produtos químicos como para produtos biológicos. A tecnologia é recomendada pela Embrapa como uma das ações para controle da Helicoverpa armigera, lagarta que tem surpreendido produtores e pesquisadores pelo seu poder de destruição, causando prejuízos, principalmente, às lavouras de milho, soja e algodão. O programa Gotas é de acesso gratuito e está disponível na Rede AgroLivre, no endereço <https://repositorio.agrolivre.gov.br/projects/gotas>. Também foi produzido um manual de utilização, que orienta sobre as especificações técnicas necessárias para o funcionamento do software.

Fabiano Bastos

Colaboração: Cristina Tordin (MTb 28.499/SP)

Cristina Tordin

Um programa de computador desenvolvido pela Embrapa vai ajudar os agricultores a controlarem a quantidade ideal de agrotóxicos que deve ser aplicada à lavoura. É o sistema Gotas versão 2.2, que auxilia a calibrar a deposição de substâncias químicas para que o uso seja mais eficiente, evitando danificar as culturas e prevenindo o desperdício. “O Gotas foi desenvolvido para auxiliar os agricultores a obterem os parâmetros adequados de deposição de agrotóxicos nos alvos desejados”, explica o pesquisador Aldemir Chaim da Embrapa Meio Ambiente (Jaguariúna, SP), que idealizou o programa com apoio da Embrapa Informática Agropecuária (Campinas, SP). Entre as funcionalidades incorporadas nesta versão, destacam-se uma ferramenta para recortar determinada área da amostra selecionada; possibilidade de salvar o experimento em formato compatível para uso dos resultados em planilha de cálculo; recursos para salvar e recuperar o experimento inteiro, com todas as imagens das amostras analisadas; e uma ferramenta para eliminar as amostras indesejadas. Para alvo de amostragem, é recomendada a utilização de cartão comercial sensível à água, disponível no mercado. Esse cartão, com imagem digitalizada, é processado pelo programa que

Tecnologia pode ser usada como uma ação de controle da Helicoverpa armigera, diz Chaim


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Unidade promove capacitação em bioinformática

Vanessa Cagliari

Vanessa Cagliari

curso, os assuntos abordados foram: introdução à biologia molecular, introdução ao Linux, alinhamento de sequências, montagem de genomas, análise de dados de RNA-Seq (RNA Sequencing), análise de dados de metagenômica e filogenia, entre outros temas. Os participantes também visitaram o Laboratório de Biotecnologia da Embrapa Meio Ambiente. Para Silvina Ghio, do Inta da Argentina, o curso foi excelente e os conteúdos, tanto das aulas teóricas como das práticas, foram muito claros e com informações atualizadas. “Este curso contribuiu para a minha formação, principalmente no que diz respeito à análise e montagem de sequências genômicas, já que trabalho com isolados bacterianos cujos genomas serão sequenciados. Além disso, foram muito úteis os conceitos relacionados à metagenômica, uma vez que é uma das linhas de trabalho do meu grupo”, afirmou. O treinamento ainda contou com a presença de pesquisadores e estudantes brasileiros das Unidades organizadoras e da Embrapa Pecuária Sudeste (São Carlos, SP), além da Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz” da Universidade de São Paulo (Esalq/USP), Universidade Federal de São Carlos (UFSCar) e Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).

Vanessa Cagliari

Representantes de instituições de pesquisa agrícola da Argentina, Chile, Paraguai e Uruguai, ligadas ao Programa Cooperativo para Desenvolvimento Tecnológico, Agroalimentar e Agroindustrial do Cone Sul (Procisur), participaram de um curso de introdução à bioinformática, realizado em Campinas (SP). A capacitação foi promovida entre 21 e 25 de outubro pelo Laboratório Multiusuário de Bioinformática da Embrapa Informática Agropecuária, com apoio da Embrapa Meio Ambiente (Jaguariúna, SP). “A Embrapa está se tornando uma referência na área de bioinformática para as instituições do Procisur”, afirma a chefe de pesquisa e desenvolvimento (P&D) da Unidade, Silvia Massruhá. O treinamento para a equipe internacional foi solicitado durante a reunião plenária da Plataforma Regional Uso de Tecnologias Emergentes, do Procisur, ocorrida em julho, no Uruguai. Nessa reunião, Silvia representou a Embrapa no grupo de tecnologia da informação e comunicação (TIC), mostrando como a Empresa vem aplicando essa tecnologia para apoiar a atividade agropecuária brasileira. Além da capacitação, a chefe de P&D destaca a oportunidade de intercâmbio de conhecimento entre os grupos de pesquisa da Embrapa e das instituições representadas: Instituto Nacional de Pesquisa Agropecuária (Inia), Instituto Nacional de Tecnologia Agropecuária (Inta) e Instituto Paraguaio de Tecnologia Agropecuária (IPTA). “É uma excelente oportunidade para a interação entre os pesquisadores porque, além de estreitar as parcerias, possibilita a ampliação dos contatos para o desenvolvimento de futuros projetos conjuntos em biotecnologia e bioinformática”, avalia Silvia. De acordo com o pesquisador da Embrapa Informática Agropecuária Adhemar Zerlotini Neto, um dos organizadores do


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2º Encontro Mídia e Pesquisa

Embrapa debate desafios da divulgação científica Fotos: Graziella Galinari

Contribuir para a melhoria da divulgação científica no Brasil, com ética, transparência e responsabilidade. Com este objetivo, especialistas reunidos na Embrapa Meio Ambiente (Jaguariúna, SP), em 1° de outubro, discutiram os desafios para a educação científica e a popularização da ciência, consideradas fundamentais para o desenvolvimento social e econômico sustentável do país. A Embrapa desenvolve uma série de ações com o objetivo de aproximar a sociedade da pesquisa agropecuária, valorizando a ciência e a tecnologia e apoiando a transferência dos resultados de suas pesquisas aos cidadãos. “Além de gerar informações, tecnologias e serviços, é necessário disseminar o conhecimento para estimular a cidadania”, disse Heloiza Dias, jornalista da Secretaria de Comunicação (Secom). Diversificar os canais de comunicação, especialmente na web, produzir conteúdo criativo e estabelecer maior interação com a sociedade são algumas das estratégias apontadas pela jornalista para a comunicação da Empresa. O uso e monitoramento das redes sociais também é uma das prioridades, com a criação de canais voltados a públicos segmentados. “Todo mundo gosta de ciência; depende da forma como se aborda. A curiosidade é o motor da ciência”, afirmou o físico Ildeu de Castro Moreira, professor da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Ele mostrou um estudo sobre a percepção pública da ciência que comprovou que 65% dos brasileiros têm interesse pelo assunto. Entretanto, considera essencial uma reflexão sobre a qualidade da divulgação científica e a expansão dos espaços científicosculturais. A formação de competências em divulgação científica foi um dos desafios citados pelo professor da UFRJ, que ressaltou os cursos desta universidade e do Laboratório de Estudos Avançados em Jornalismo da Universidade Estadual de Campinas (Labjor/Unicamp) para suprir essa carência. Ele ainda destacou a iniciativa do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) em incluir no currículo Lattes uma seção para o registro das atividades de comunicação da ciência realizadas pelos pesquisadores. Para Ildeu de Castro, existe uma tensão permanente entre cientistas e jornalistas, mas essa é uma tensão essencial, importante para a comunicação

pública da ciência e para a democratização da ciência e da tecnologia. Uma proposta para esse conflito é a busca pelo equilíbrio entre a linguagem científica e a jornalística, de acordo com a pesquisadora da Embrapa Meio Ambiente Raquel Ghini, que abordou as diferentes visões desses profissionais sobre a cobertura de ciência. “É importante também que o pesquisador compreenda que a informação divulgada pela mídia é diferente da publicação científica”, alertou Graça Caldas, jornalista e professora do Labjor. Para ela, o discurso da mídia é um terceiro discurso e é fundamental que o receptor compreenda a questão que está sendo debatida sob a perspectiva dele, ou seja, é preciso contextualizar, mostrar como essa questão impacta a vida das pessoas. “A mídia precisa construir a notícia de uma maneira crítica. Divulgar ciência não é só mostrar resultados positivos, mas as suas implicações”, defende Graça.

Heloiza, Graça, Ildeu e Raquel defendem comunicação da ciência


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2º Encontro Mídia e Pesquisa

Maria Guimarães, Joanicy e Cilene falam sobre o impacto das redes sociais

resultados de pesquisas de maneira qualificada. Entretanto, além do domínio de ferramentas, “é preciso saber lidar com feedbacks instantâneos com o máximo de transparência, retidão e reconhecimento de erros”, afirmou. A experiência da Embrapa nas redes sociais foi abordada pela jornalista Joanicy Brito, da Secom. Ela destacou as mudanças na divulgação científica com o uso da internet, que amplia o acesso aos resultados de pesquisa e desafia os comunicadores a produzirem conteúdo criativo multimídia. Uma das ações da Empresa foi a criação, em 2012, de um manual de conduta em mídias sociais, mostrando que as redes podem ser usadas profissionalmente e valorizando o compartilhamento de conteúdos para o avanço e a divulgação da ciência. Além de perfis corporativos no Facebook e no Twitter, a Embrapa tem divulgado conteúdos científicos em redes temáticas, voltadas para públicos específicos. Um exemplo é a RepiLeite, Rede de Pesquisa e Inovação em Leite, coordenada pela Embrapa Gado de Leite (Juiz de Fora, MG). O caso desta Rede pode servir como modelo para outros temas, com diferentes públicos, usando variadas ferramentas, entre elas blog, wikis, galerias de imagens, vídeos, grupos de discussão e chat, de acordo com Joanicy. O 2º Encontro Mídia e Pesquisa foi coordenado pela Embrapa Meio Ambiente, Embrapa Informática Agropecuária e Embrapa Monitoramento por Satélite (Campinas, SP), com apoio da Embrapa Produtos e Mercado - Escritório de Campinas e da Secom (Brasília, DF). O evento contou com a participação de cerca de 80 profissionais de comunicação, cientistas e estudantes de jornalismo. Graziella Galinari

Graziella Galinari

As novas tecnologias de comunicação contribuem para democratizar o diálogo na rede. A editora on-line da Revista Pesquisa Fapesp, Maria Guimarães, mostrou como cientistas e comunicadores estão interagindo na web para divulgação de conteúdos científicos. Além de contar com uma série de ferramentas digitais que facilitam a publicação e o compartilhamento de conteúdos, os profissionais ampliam suas redes de relacionamento e criam um diálogo mais igualitário com os diferentes públicos, que podem participar efetivamente da análise e produção dos conteúdos, explica a editora. As assessorias de comunicação das universidades e instituições de pesquisa precisam aprimorar suas ferramentas, abordagens e, sobretudo, a criatividade para superar os desafios da divulgação científica, segundo Cilene Victor, professora da Faculdade Cásper Líbero e diretora da Revista Com Ciência Ambiental. Ela acredita que a ciência ainda é vista de forma estigmatizada e, por isso, é preciso fazer a conexão entre a ciência e a realidade de uma audiência cada vez mais apressada e conectada a diversos canais e envolvida com centenas de temáticas. “Conjugar boas práticas do jornalismo com habilidades multimídia, com criatividade para produzir conteúdo e a compreensão de que a blogosfera científica pressupõe uma nova lógica de relacionamento com o público e com seus pares são desafios da divulgação científica”, aponta Cilene. Ela lembrou que há um número crescente de blogs, em diferentes regiões do mundo, com o perfil de informar, analisar e difundir

Graziella Galinari

Novas tecnologias de comunicação e ciência


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SBIAgro 2013: inovação para sustentabilidade do agronegócio A 9ª edição do Congresso Brasileiro de Agroinformática - SBIAgro, realizado em Cuiabá (MT), de 21 a 25 de outubro, teve como temática a inovação na informática aplicada ao agronegócio e ao meio ambiente. O principal objetivo foi promover discussões e trocas de experiências acerca da inovação tecnológica e sustentável no agronegócio, por meio de palestras nacionais e internacionais, painéis e apresentações orais e em pôsteres. Promovido pela Associação Brasileira de Agroinformática (SBIAgro), o congresso foi organizado pela Universidade Federal do Mato Grosso (UFMT), em parceria com a Sociedade Brasileira de Computação (SBC) e a Embrapa Informática Agropecuária. A organização do evento contou com a colaboração das pesquisadoras da Embrapa Informática Agropecuária Carla Geovana do Nascimento Macário, presidente da comissão científica dessa edição do congresso, e

Sônia Ternes, membro da comissão organizadora, além do analista Leandro Henrique Mendonça de Oliveira, na coordenação da comissão de iniciação científica. Os anais estarão disponíveis em: http://www.ufmt.br/sbiagro2013/. Premiação - O trabalho “Um modelo baseado no indivíduo para estudo da transmissão da anemia infecciosa equina por mutuca no Pantanal Brasileiro”, de Sônia Ternes, Edgard dos Santos e dos bolsistas Raphael Vilamiu e Natalia Siqueira, foi premiado entre os dois melhores artigos submetidos e apresentados no congresso. Colaboração: Daniela dos Santos (Conrerp nº 924)


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Sipat

Sipat estimula adoção de hábitos saudáveis e seguros

Armando Sagula Neto

Armando Sagula Neto

na plateia”, ele descontraiu os participantes da Sipat mostrando a importância dos cuidados com a saúde, da mudança de comportamento e da prática regular de atividades físicas. Um curso de direção emocional abordou o estilo de comportamento e o controle das emoções na hora de dirigir como formas de evitar acidentes. A psicóloga Madailda de Lima mostrou que o nervosismo, a ansiedade e a impaciência são características que influenciam a maneira de dirigir e que podem causar um acidente. Ela também orientou os participantes sobre como controlar as emoções negativas, ressaltando a importância do não consumo de bebidas alcoólicas ao dirigir.

Vanessa Cagliari

Com o objetivo de orientar empregados e colaboradores sobre segurança e qualidade de vida no trabalho, no trânsito e no dia a dia, realizou-se, de 7 a 11 de outubro, na Embrapa Informática Agropecuária, a 18ª Semana Interna de Prevenção de Acidentes no Trabalho e a 12ª Semana de Qualidade de Vida no Trabalho – Sipat 2013. Para apoiar a campanha nacional “Outubro Rosa”, a semana foi aberta com a palestra “Câncer de mama e suas particularidades”, proferida pela fisioterapeuta Ana Carolina Godoy, especialista em saúde da mulher pelo Centro de Atenção Integral à Saúde da Mulher da Universidade Estadual de Campinas (Caism/Unicamp). “A falta de conhecimento provoca medo, sofrimento e desespero; por isso, a informação é importante”, alertou a palestrante. Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), a taxa de incidência de casos novos no Brasil é de 52%. Em 2012, foram registrados 52.680 deles, de acordo com o Instituto Nacional de Câncer (Inca). Embora raramente, a doença também ataca os homens. A cada cem novos diagnósticos em mulheres há um caso no sexo masculino. Ana Carolina afirmou que o auto-exame permite a detecção precoce, destacando que o câncer de mama tem cura se descoberto em sua fase inicial. Adotar hábitos seguros e saudáveis também são importantes para reduzir o estresse, orientou o médico do trabalho Leonardo da Vinci Ribeiro Siqueira. Com a palestra “Qualidade de vida – seu lugar é no palco, não


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Sipat

Cuidados com o corpo e alimentação são temas de destaque

Vanessa Cagliari

Vanessa Cagliari

Embrapa Produtos e Mercado – Escritório de Campinas, da Rede Nacional de Ensino e Pesquisa (RNP) e do Centro de Pesquisas Meteorológicas e Climáticas aplicadas à Agricultura (Cepagri/Unicamp).

Anderson Hermida Alves

“Cuide do seu corpo no trabalho e nas horas de lazer" foi o tema da palestra da fisioterapeuta Cláudia Peres, da Unicamp. A especialista falou sobre as principais lesões que ocorrem na coluna devido a má postura, idade e sobrepeso, e deu dicas para a prevenção, como a alternância de posturas ao longo do dia, os exercícios de alongamento e a prática constante de atividades físicas. A programação do evento contou, ainda, com a palestra "Aspectos atuais da Aids, desafios e perspectivas". O infectologista da Unicamp Francisco Hideo Aoki fez uma retrospectiva da doença e destacou o avanço das pesquisas na prevenção e no tratamento. “O diagnóstico precoce é fundamental para a qualidade de vida”, disse. Atualmente há no Brasil 600 mil pessoas infectadas com o vírus da aids. Por isso, ampliar a oferta de testes gratuitos que identifiquem precocemente os soropositivos é um dos principais desafios para garantir o acesso à prevenção. A importância da alimentação saudável também foi discutida durante a semana. Segundo a nutricionista da Unimed Alessandra Pagnano, os hábitos alimentares do brasileiro mudaram bastante em decorrência da correria da vida moderna. Uma pesquisa mostrou que o aumento no consumo de refeições prontas foi de 82%, aliado à maior ingestão de açúcar, sal e gorduras. Assim, montar um prato com a maior parte composta por saladas e legumes, consumir frutas e beber bastante água ajudam a manter uma dieta saudável, prevenindo várias doenças. Para encerrar a semana com alegria, a Sipat contou com uma apresentação do Coral da Faculdade de Ciências Médicas da Unicamp. Ainda foram arrecadados brinquedos, livros, produtos alimentícios e de higiene, que foram destinados ao Lar da Criança Feliz, instituição beneficente de Campinas (SP). Também houve uma exposição de produtos do projeto Recicle, do Laboratório de Protótipos da Faculdade de Engenharia Agrícola (Feagri/Unicamp). A Sipat 2013 foi realizada pela Comissão Interna de Prevenção de Acidentes (Cipa) da Embrapa Informática Agropecuária, com apoio da


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