As infancias nas tramas da cultura visual

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AS INFÂNCIAS NAS TRAMAS DA CULTURA VISUAL Susana Rangel Vieira da Cunha

Em direção aos Estudos da Cultura Visual Começo este capítulo narrando como me aproximei dos Estudos da Cultura Visual buscando entender como as diferentes Infâncias, sejam elas contemporâneas ou de “outros tempos”, estão sendo vistas, expostas, narradas e produzidas pelas materialidades simbólicas da cultura visual. Faço esta breve retrospectiva sobre minhas vivências pessoais e meus caminhos e atalhos teóricos, com o intuito de mostrar as imbricações entre uma história mais geral e as nossas “historinhas” pessoais, bem como mostrar situações cotidianas que foram transformadas em objetos de estudo. Minha trajetória, como pesquisadora e professora universitária na área de Educação Infantil e Artes Visuais, me direcionaram, por muitos motivos, a pensar a cultura como constitutiva dos aspectos da vida social. Foi um processo longo compreender que “a cultura penetra em cada recanto da vida social contemporânea, fazendo proliferar ambientes secundários, mediando tudo” (HALL, 1997, p.22). Muito mais do que compreender a cultura como produtora dos nossos modos de ver e de agir, foi entender que ela está imbricada com as disputas de poder entre os diferentes grupos sociais. Assim, meus olhares sobre o mundo, sobre qualquer produção cultural, como um filme, uma revista, propaganda televisiva ou moda, foi transformado, pois anteriormente impregnada das teorias críticas e entendendo o mundo como uma imensa luta de classes, não me dava conta do quanto as diversas produções culturais geravam práticas culturais e, que estas afetam nossas vidas, as formas como compreendemos o mundo, nós mesmos e como nos relacionamos com os outros. Embora não compreendesse mais o mundo como uma grande luta de classes e a arte como tendo o papel de agudizar e perpetuar as diferenças sociais, algumas idéias ainda reverberavam, entre elas: a dimensão política da educação e da arte, a ampliação dos conceitos sobre cultura, a crítica em relação às formas culturais hegemônicas, a imposição a determinados modelos estéticos, a desvalorização das produções culturais não sacralizadas, e, de um modo geral, os territórios da cultura e da arte.

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