entender como tais povos e comunidades estão modificando seus meios de vida e incorporando novas abordagens para lidar com o que eles entendem serem transformações do mundo, do tempo e do espaço em que vivem – transformações das quais eles são, como eles mesmos reconhecem, agentes e pacientes.
(Almerindo Raposo – Coordenador Regional do Centro de Formação Serra da Lua)
O clima tem hora
que está chovendo e tem hora que está sol, antes, tinha a bananeira, a maçã, e, hoje, não tem mais. Até outros tipos de banana, não tem mais, hoje, como antigamente. O jacaminzão era produtor de banana, e hoje não é mais. Também, tem as doenças que vêm junto com a mudança do clima como pneumonia e gripe. As acácias estão aí, o clima não é apropriado para estas acácias. Na minha observação, não tem mais o peixe sulamba no Rio Quitawaú, está sendo extinto por várias situações, colocávamos muito timbó e degradamos. Dentro destas mudanças, estão as nossas madeiras de lei e, principalmente, o cedro, que tiraram bastante. Tem muito pouco na região, pau-rainha e caferana estão crescendo muito, nessa derrubada. A maniva está ficando fraca, achamos que deve ser adaptação difícil ao clima. Sabemos que a mata, de tanto ser queimada, vai perdendo a força de plantar. Vamos, com certeza, continuar com este trabalho. (Sr. Simeão Messias – Coordenador Regional Serra da Lua)
Henyo T. Barretto Fº (Diretor Acadêmico/IEB)
E
sta publicação se soma a um conjunto de publicações similares, que tem se avolumado recentemente, enfocando a relação entre povos indígenas e mudanças climáticas em diferentes contextos culturais e ambientais no Brasil e no mundo. Ela brota do protagonismo do Conselho Indígena de Roraima (CIR) em discutir a questão nos âmbitos regional e internacional, tal como descrito na apresentação. Considerando que a variação climática é uma característica cada vez mais preocupante no cotidiano dos indivíduos e comunidades em áreas agrestes em todo o mundo, o CIR percebeu a necessidade de conhecer de modo mais aprofundado as complexas relações entre os povos indígenas da sua região de abrangência e os seus meios ambientes.
PERCEPÇÕES DAS COMUNIDADES INDÍGENAS SOBRE AS MUDANÇAS CLIMÁTICAS | REGIÃO SERRA DA LUA - RR
Amazad Pana’adinhan se junta, assim, ao movimento crescente de fazer pontes entre regimes de conhecimentos indígenas, resultantes de experiências locais, e a formulação de políticas e estratégias de enfrentamento às mudanças climáticas – nas escalas nacional e global – desafiando estas a abdicarem de posturas tecnocráticas, cientificistas e coloniais.
saúde? E de educação? E na convivência das famílias? Causa interferência na nossa economia? Tem a ver com pobreza? Sobrevivência? É um tema muito importante. É um trabalho riquíssimo. A cigarra não cantou, o pau d’arco não florou, tudo o que é a sabedoria que temos para dar para plantar, para colher. Desde quando mesmo, começou a variação climática aqui, na Malacacheta? Fazer um acompanhamento. Tudo é produto de pesquisa. Às vezes, não damos valor à pesquisa do nosso aluno; pesquisar é detectar o problema, para solucionar depois.
AMAZAD PANA’ ADINHAN
Toda mudança climática vai afetar alguma coisa na área de
Conselho Indígena de Roraima - CIR APOIO:
PERCEPÇÕES DAS COMUNIDADES INDÍGENAS SOBRE AS
MUDANÇAS CLIMÁTICAS Região Serra da Lua - RR
Expressão da preocupação do CIR com a melhor forma de apoiar os povos de Roraima na sua adaptação a tais mudanças, garantindo simultaneamente a sua segurança ambiental e os seus meios de vida, esta publicação sistematiza e sintetiza um longo e cuidadoso processo de pesquisas colaborativas (os “estudos de caso”) conduzidas por agentes territoriais e ambientais indígenas (os ATAIs) em comunidades e terras indígenas de uma região específica (a Serra da Lua). Seu objetivo é evidenciar e valorizar a contribuição dos conhecimentos e práticas tradicionais indígenas, de modo a