Sumol X Magazine 3

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3ª Edição


Inês Costa Monteiro

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De repente, estamos na terceira edição da SxMag. Parece que foi ontem que este projeto começou. As redes sociais estão mais presentes do que nunca no nosso dia-a-dia. Acompanhamos amores e desamores, vitórias e fracassos, mas até que ponto é que conseguimos conhecer alguém verdadeiramente através do pequenopequeníssimo ecrã? Não conseguimos e é por isso que a SxMag assume um papel relevante quando se trata de dar a conhecer aqueles que admiramos: em conversas honestas, através de perguntas ingénuas, conseguimos respostas sinceras. Aqui não escondemos borbulhas nem celulite. Não pretendo ser mais do que aquilo que sou nem inspirar a uma perfeição que não existe. Pessoalmente, luto por isso todos os dias, na minha vida pessoal e no meu trabalho. E porque nem tudo aquilo que parece é, é imperativo para mim nesta edição deixar um alerta de que saúde não é só física. Vivemos tempos estranhos, onde estamos cada vez mais conectados e cada vez mais afastados. Por mais que tudo possa parecer assustador, não estás sozinha/o. Nunca.

Nem todos os dias são fáceis e, para esses dias, deixo as técnicas que utilizo para lidar com a minha ansiedade, os pensamentos novelo ou até mesmo ataques de pânico: Vai ao congelador, tira um cubo de gelo e passa pela cara, pulsos e pescoço. Respira fundo, seca-te com uma toalha e repete o processo 3 vezes. Escreve uma carta de agradecimento ao teu eu do passado ou ao teu eu do futuro - diz-lhe coisas bonitas. Usa a app HeadSpace para meditar. Não vai ser fácil à primeira, mas se conseguires um minuto já é ótimo. Em situações extremas, foca o olhar em 5 coisas, o tato em 4, a audição em 3, o olfato em 2 e o paladar em 3. Last but not least, considera procurar ajuda médica. Pode ser na medicina tradicional ou na medicina alternativa. O que interessa é cuidares de ti. O teu eu do futuro vai agradecer.

Se eu consigo, tu também consegues. O quê? Não sei porque há uma coisa que tu tens e eu não: a tua personalidade. É a única coisa que é verdadeiramente tua e que nunca ninguém te conseguirá tirar. Embrace it.

C/Amor Inês Costa Monteiro Diretora Editorial.

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Mariana Cardoso Woman Power

Miguel Fersou

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Religião / Resiliência

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Yolanda Hopkins Surf

Patrick Costa

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Skate

32 Núria Serrote Modelo

Andreia Chanel Moda

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Soraia Lopes Fotografia

Rafael Alex

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Geração TikTok

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20Chatear Música

Inês Gonçalves

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Cinema

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Bruno Oliveira Sumol

Francisco Gualter Design Gráfico

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WOMAN POWER Mariana Cardoso

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Mudar o mundo não é para todos. É para quem quiser começar pelas gavetas mais pequenas. A Mariana Cardoso, com 21 anos, sempre quis ser jornalista para o poder fazer. Assume-se como uma pessoa envergonhada, talvez até antissocial. “A primeira impressão é sempre uma análise”, conta. No entanto, tudo é diferente no Instagram. Sente-se mais à vontade por ser uma plataforma onde tem total controlo daquilo que diz e mostra, por mais que seja um ponto de interrogação a persona que está a criar. Pessoa de causas, não consegue dizer uma que não mereça o seu apoio. Nascida e criada numa casa com cinco mulheres, cedo percebeu que é essencial a definição de conforto na vida. Luta para que, acima de tudo, as mulheres se sintam confortáveis umas com as outras. “Ajudar a próxima é essencial”. Depois de anos de polarização dentro do sexo feminino, esses tempos estão a chegar ao fim. Mulher independente, sabe aquilo que quer e aquilo que defende. Não está contra o mundo, muito pelo contrário: usa-o a seu favor. Nem sempre se sentiu confortável com o corpo - mas mostrá-lo fez com que o conseguisse ver com outros olhos. Parece fácil publicar uma fotografia com muita pele e pouca roupa numa rede social mas só quem o faz sabe o amor próprio que é necessário existir. Nem sempre existe, nunca é estanque e há dias em que decide não aparecer. É um processo e só quem passa por ele sabe como funciona. Há dias em que acorda a julgar-se, por mais que não o mostre. Há dias em que nota uma evolução, mas, depois de anos, de uma construção sexualizada e de padrões inalcançáveis por parte da sociedade, sabe que é um processo que vai demorar a vida toda a cimentar. Mas não há problema. Mariana não sofre por antecipação. Com uma consciência real de que nem todos temos os mesmos timings, deixa um conselho para quem possa estar a ler: “Dá tempo para te apreciares e aprenderes quem realmente queres ser. Cada um é diferente e o tempo é relativo”.

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“MUDA MUND NÃO É TODOS 10


AR O DO É PARA S“ 11


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MIGUEL


Quem o segue nas redes sociais sabe o que Miguel Fersou é 100% ele mesmo. Apaixonou-se pelo processo de criação de conteúdo e há um ano que não para de produzir. Nasceu em Lisboa mas mudou-se para o Senegal, onde viveu mais de 9 anos. Teve uma rápida passagem pelo interior de São Paulo, até se ter mudado definitivamente para Braga. A sua vida tem sido uma aventura que contada ninguém acredita. Porquê? O pai é Pastor Evangélico e isso permitiu-lhe conhecer as diferentes culturas e mostrar um universo novo a quem o segue.

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No geral, o conteúdo que produz está relacionado com lifestyle. Nunca procurou um nicho porque sempre considerou o TikTok um hobbie, embora ultimamente esteja a pensar dedicar-se ao Youtube e às artes cénicas. Não, o seu canal não vai ser sobre religião, até porque isto é um segredo bem escondido — até agora. Não gosta de espalhar ao mundo aquilo em que acredita porque não quer influenciar ninguém. Considera-se uma pessoa com uma mente aberta e sabe que a liberdade de cada um começa onde a do outro acaba. Adora debater pontos de vista e perceber o funcionamento de outras culturas, embora saiba que não pode nem deve impor aquilo em que acredita. É exatamente por ser como é que, muitas vezes, a título de curiosidade, os amigos ou conhecidos o procuram para algum tipo de aconselhamento. Acredita que, por vezes, as pessoas não seguem um determinado tipo de religião porque não se identificam com as figuras próximas que a guiam. No entanto, o interesse pela criação de conteúdo foi tão longe que estudou qual seria o approach correto perante este tema e acabou por descobrir que, para criar um safe place, não poderia falar de religião, política ou dinheiro. Mostra aquilo que é através de atitudes e quem o segue sabe perfeitamente com o que pode contar.

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O objetivo? Um lugar seguro para todos. Com sentimentos saudáveis e, claro, amor pelo próximo. Talvez pense assim por acreditar naquilo que acredita, talvez não. A vida de Miguel foi, até agora, uma roller coaster. Depois de se ter mudado para o Brasil, o seu peso aumentou drasticamente. Como vivia no Senegal, andava numa escola privada, onde todas as refeições eram pensadas a pormenor segundo os ingredientes disponíveis. Bebia água a todas as refeições e praticava desporto. Em São Paulo, com acesso ilimitado a fast food, processados e uma infinita gama de chocolates, o seu peso aumentou. A água foi substituída por sumo. O desporto pelo sofá. Chegou a pesar 106kg, deixando de se reconhecer ao espelho. Quando voltou para Portugal, no auge da adolescência, percebeu que não poderia continuar assim e perdeu todo o peso. Atualmente, trabalha para conseguir transformar gordura em massa muscular. O que mais se orgulha? A sua força de vontade. Criou uma pessoa nova e, claro, o TikTok e o Instagram ajudaram. Miguel é a prova viva de que tudo é realmente possível, desde que seja sempre fiel a si próprio. Basta querer. E acreditar. Sempre.

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LIFE IS BETTER ON THE WATER Yolanda Hopkins

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Não nasceu na água, mas sempre viveu perto dela. Yolanda Hopkins, de 22 anos, mudou a sua vida para se dedicar a 100% ao surf. Nascida em Vilamoura, no Algarve, foi viver para São Torpes, em Sines, para conseguir alcançar o Mundial de Surf. Sim, o Mundial. Já lá vamos. Começou a praticar surf aos 8 anos depois de experimentar futebol, natação e ténis. A água apaixona-a. Depois do professor de ginástica ter criado a primeira escola na área de Vilamoura, não olhou para trás e dedicou-se a 100% a este desporto. Ganhou o que podia ganhar até ter percebido que estava a começar a estagnar.

Nos entretantos, conheceu John, o atual treinador, que lhe mudou a vida por completo. Foi viver para São Torpes, começou a treinar todos os dias e largou a vida louca - que adorava, mas não a iria fazer ganhar aquilo que queria. Sad but true. Não tem medo de o admitir. Muito pelo contrário, orgulha-se da pessoa em que se está a tornar. Hoje, olha para o passado e percebe que a vida de adolescente não é compatível com o sucesso. As vitórias já começaram: ganhou o título nacional e o primeiro campeonato internacional em Inglaterra, o Boardmasters QS1000 Winner. Não é fácil, passa muito tempo longe da família e dos amigos, no entanto o objetivo fala mais alto. Pela primeira vez na história, os Jogos Olímpicos abriram a categoria de Surf e Yolanda tentou a sua sorte na qualificação. Teve a oportunidade de representar Portugal em Tóquio e deu tudo aquilo que tem e que não tem para o conseguir. O 5º lugar garantiu-lhe o diploma olímpico e uma oportunidade única na vida. Depois de ganhar tudo aquilo que ganhou até agora, there’s no turning back. Ninguém conseguirá parar esta mulher. E por falar em mulher, perguntámos como é que se sentia num mundo predominantemente masculino. “O sexismo existe”, e nem pensou duas vezes em continuar: “depende do tipo de campeonato: os campeonatos internacionais são mais inclusivos: pagam o mesmo valor a cada vencedor, mas o mesmo não acontece em Portugal”. Os valores descem para metade quando se trata de uma campeã feminina. Se fica chateada? A sua visão lutadora não lhe dá espaço para tal sentimento. “A igualdade está a chegar. É lenta, mas está”, remata. A luta não acontece só dentro de água. Mas se é mais divertida com ondas? Obviously.

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DESTINO DE SONHO PARA SURFAR? -INDONÉSIA

MELHOR QUE JÁ ESTIVESTE? -AUSTRÁLIA

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TIPO DE ONDA IDEAL? -ONDAS COM TUBOS

UM TÍTULO? -SER CAMPEÃ MUNDIAL 23


PATRICK VIEIRA

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“O skate tornou-se uma terapia” Pode ser um meio de transporte ou um desporto, um hobbie ou um trabalho, uma bênção ou uma salvação. Para Patrick Costa, o skate é tudo isto e muito mais. Tudo começou por influência do irmão mais velho. Quando chegou a Portugal, depois de anos entre Angola e Londres, estava no auge da adolescência e precisava de um escape para toda a energia que lhe corria nas veias. Perto de casa estava um skatepark que a mãe incentivou a ir conhecer. Pegou no skate do irmão e foi. Sentia-se desmotivado e confuso. Acabado de chegar a um país novo e sem amigos, tudo parecia impossível. 25


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“MAIS DO O FUTU NO DE É DEFINIÇÃ FUTURO NA


QUE

URO ESPORTO, ÃO DO A VIDA”

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“NUNCA O skate tornou-se uma terapia. O início foi complicado, mas, rapidamente, a esperança e os objetivos foram restaurados porque percebeu que poderia evoluir. Hoje, dá aulas a outras pessoas e, olhando para trás, parece um sonho. Claro que gostava de conseguir ser remunerado apenas pelo resultado do esforço e do talento, fazendo de si e do skate o seu ganha pão. No entanto, por agora, já é suficiente tudo aquilo que está a acontecer. “Nunca imaginei que fosse possível. Nunca parei para racionalizar o que estava a acontecer”, diz. As responsabilidades vão aumentando, mas ainda é tudo muito natural. Admite que se sente honrado. Desde sempre que adora crianças e quando surgiu a oportunidade de poder dar aulas foi ouro sobre azul. Pensar ensinar pessoas que um dia poderão ser skaters profissionais é um sonho tornado realidade. Mais do que o futuro no desporto, trata-se da definição do futuro na vida. Passa os seus valores, aquilo que acredita e sente que as pode guiar. Por agora, está a viver o momento e a aproveitar o melhor dele. Daqui a 10 anos gostava de já ter conseguido visitar os EUA. “Aprender na fonte”, diz, para se conseguir motivar ainda mais. Para já, deixa um conselho: “Ser persistente e bem forte. Simplesmente deixar-nos levar pelo desporto e fairplay”.

PAR

RACIONALIZ

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PAREI

RA

ZAR”

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Como surgiu o gosto pela moda? Segundo aquilo que a minha mãe diz, cresceu comigo. Sempre fui teimosa porque decidia o que queria vestir. Quando era pequena, os meus pais tentavam vestir-me calças de bombazine, mas tirava-as sempre. Hoje, já olho para elas com outros olhos. Uma vez fui à Serra da Estrela e queria umas botas da neve cor de rosa. Como não havia o meu número, saí de lá com as botas dois números acima do meu. O gosto pela moda foi-se tornando maior quando comecei a interessar-me por fotografia e a sonhar em ser modelo. O Hip Hop também teve imensa influência no meu estilo. E o Tumblr, claro. Era onde eu via imagens de editoriais e passerelle dos anos 90. Como sempre me fascinou, tentei descobrir quem eram as pessoas por detrás de uma Chanel ou uma Louis Vuitton. Perceber quem era Raf Simons ou Yohji Yamamoto, por quem tenho um enorme carinho, visto ser um homem de 77 anos com uma maneira de olhar para o mundo da moda tão criativa e diferente. Gabrielle Chanel também é uma grande influência para mim: a primeira mulher a fazer frente num mundo machista. As mulheres naquela altura eram obrigadas a usar só um determinado tipo de roupa. Depois de fazer uma longa pesquisa sobre a Chanel, encontrei muitas parecenças comigo, por ser uma pessoa determinada, criativa e lutadora. Isto fez com que o meu fascínio pela moda e o querer ser diferente crescessem.

Que impacto tem a moda em ti ? Crescemos numa sociedade que nos impõe aquele típico pensamento de que não podemos usar roupa de homem por sermos mulheres ou que temos de usar um determinado tipo de roupa para ser aceites. Eu cresci a ser teimosa e a vestir-me à minha maneira e foi assim que fui descobrindo a minha identidade: para sermos quem somos temos também de nos vestir como gostamos. A moda, para mim, é vestir aquilo que nos faz sentir bem. Não é seguir tendências, mas sim inspirarmo-nos nelas e fazer à nossa maneira. É assim que fazemos a diferença e somos autênticos. Qual o estilo que gostas mais e porquê? Eu sou apaixonada pelo estilo streetwear e vintage - adoro conjugar os dois. Sempre fui muito influenciada pela cultura do Hip Hop. Aquilo de que gosto mais é ir a lojas de segunda mão e descobrir peças únicas e com uma excelente qualidade. Sempre gostei muito de roupa larga por me deixar sempre confortável. Costumo dizer que faço parte das “streets”: adoro a rua, a cultura, o sentimento que me cria. Olhar ao redor e sentir vários “tastes” de estilos, várias pessoas, torna-me mais culta e a querer experienciar novas coisas. Andar pelas ruas também me inspira para as minhas photoshoots. O streetwear é uma cultura que cresceu do Hip Hop e do skate. Sempre gostei de estar nesses meios. Transmitem-me um sentimento de adrenalina e de amizade que eu gosto de sentir. A minha relação com o vintage começou quando conheci lojas de segunda mão, onde encontrava roupa antiga mas cheia de qualidade, cores e pormenores que me deixavam de boca aberta. Hoje, é raro comprar em primeira mão porque dá-me mais prazer comprar em segunda mão - não só pela sustentabilidade, mas também pela qualidade das peças e a sua autenticidade. Gosto de pegar nestas roupas e dar-lhes uma nova vida A peça de roupa indispensável no teu armário? A peça que nunca pode faltar no meu armário é sem dúvida um hoodie. É tão prática e confortável. Sinto que o meu lema são roupas confortáveis e, por isso, não consigo viver sem elas. A peça de roupa que não te faz falta e que nunca usas? Skinny jeans. Sem dúvida que é algo que eu não consigo usar e nunca vai estar presente no meu armário. Não faz parte da minha identidade. Há peças de roupa para toda a gente e fico contente por quem consiga usar skinny jeans, significa que faz parte da sua identidade.

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“CONSEGU PULL IT OFF QUALQUER COISA”


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Núria, 22 anos, modelo há 6. Alta, gira e com zero paciência para tendências. É este o perfil que a marca. Há medidas, claro, mas essas são irrelevantes para aqui. Sempre quis ser cantora quando crescesse. A moda nunca foi uma opção. Diz-nos que não era nada bonita, tinha os dentes partidos e era muito maria-rapaz. É chocante, nas suas próprias palavras, olhar e conseguir ver aquilo em que se tornou. Para nós, é só normal. Quem estava ao seu lado sempre a incentivou e fez acreditar que podia ser possível. Nem sempre foi fácil aceitar-se. Sempre se considerou desleixada e tinha vários aspetos pessoais que a incomodavam, mas teve a sorte de se rodear de pessoas que viram o potencial na sua evolução, mais concretamente garra e personalidade. Já desfilou na ModaLisboa e já fez campanhas para marcas como a Calzedonia. Não conseguiu acreditar quando lhe disseram que iria estar pelo país todo. O mais difícil de ser modelo? As restrições para não aumentar de peso. A fórmula? Dançar, dançar muito. Afro House ou Funk na coluna, extra loud, para exercitar o corpo e a mente. Come tudo aquilo que lhe apetece. E, mais do que a força, tem outro ponto a seu favor: a cor de pele. “Ser negra está a meu favor”, diz. Os tempos mudam e a inclusão nunca foi tão importante. As expressões exóticas seduzem o público. Por mais que Portugal ainda esteja a meio caminho, internacionalmente é quase um must have. Nunca se sentiu menor e com menos possibilidades. É boa naquilo que faz e veio para ficar, apesar de não ser super fã de moda. Ironic, right? Não perde tempo com tendências e detesta ir às compras. O seu armário está recheado de roupa em segunda mão e sabe que consegue pull it off qualquer coisa. Perguntámos qual era a passerelle em que queria estar daqui a 10 anos? Respondeu que prefere uma mini van com dois cães e uma estrada pela frente para poder conhecer o mundo.

YOU GO, GIRL.

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SORAIA LOPES 50

aka SOU A BLUE


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“Sou A Blue” é um mood. Uma personalidade. Um alter ego. Kind of real, kind of not. Soraia Lopes nasceu em Ílhavo, tem 25 anos e sempre esteve perto de máquinas fotográficas - aos 20 recebeu a primeira e nunca mais parou. Em todas as viagens que fazia o objeto que eterniza memórias acabava sempre por lhe vir parar às mãos. Assume-me uma pessoa de pessoas e adorar tirar retratos. Tem como objetivo ser fotojornalista e poder viajar o mundo. Até lá, vai criando projetos pessoais, como é o caso d”Anjos Caídos”. Comprou asas de anjo e desenvolveu o conceito de que os jovens são anjos à procura do seu destino, sem saberem para onde e como vão. Os amigos foram os modelos e a pesquisa foi intensa. Usou-se como objeto de estudo para perceber como cruzar semelhanças com quem o poderia ver. Foi um sucesso.


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Apesar de ser (agora) decidida, nem sempre foi assim. A timidez faz parte de si e, durante muito tempo, conta-nos que teve a mente muito fechada devido, principalmente, à zona do país onde vivia, sem acesso a muito informação fora da caixa. A máquina fotográfica foi o seu mecanismo de defesa. Permitiu-lhe sair, viajar, conhecer pessoas e abrir horizontes. Nem sempre foi fácil, admite. Era uma pessoa fechada. Mas orgulha-se de ter conseguido sair da sua bolha e ver o mundo um pouco mais perto daquilo que ele é. “Sou A Blue” é a Soraia com um determinado estado de espírito. É azul porque está ligado ao mar. É intenso porque é intensa. É o caos porque é como descreve as suas imagens - mas, acima de tudo, é uma menina simples e com certeza de que a vida, quase sempre, não é aquilo que parece.

APPS: VSCO

Sim, ainda usamos filtros e os melhores são os do VSCO.

LIGHTROOM

Porque nunca foi tão fácil alterar cada cor individualmente de uma fotografia.

SNAPSEED Quem disse que o Photoshop tinha de ser complicado?

UNUN

Planeamento é bom e aconselha-se.

UNFOLD As stories nunca mais serão as mesmas.

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Se pudesse voltar ao Rafael de 15 anos, diria para começar a trabalhar na melhor versão de si próprio. No entanto, aos 21, o caminho que já fez mostra que, apesar de não ter ouvido tal conselho, nada aconteceu por acaso. Criador de conteúdo, licenciado em Ciências da Comunicação, professor em part-time de expressões artísticas para crianças, Rafael sabe bem o caminho que quer percorrer. Tudo aconteceu num abrir e fechar de olhos. Sempre percebeu que tinha nascido para ser entertainer. Adora dançar, falar e rir. Três verbos que facilmente definem a sua personalidade e aquilo que faz. O TikTok é agora a sua casa, mas nem sempre foi assim. Começou há cerca de um ano. Transformou um hobbie numa missão de vida. Com esforço, dedicação e, acima de tudo, muita disciplina. Deixa um aviso à navegação: o sucesso não se faz com motivação. Parece uma falácia, mas não podia ser mais real. Trazer todos os dias algo novo que mostre a paixão que sente pelo que faz é a meta. “O espetador sente quando se faz algo por amor ou por interesse”, avisa. E, por isso, o segredo é só um: “amar de coração aquilo que se está a fazer”. Seríamos hipócritas se não disséssemos que é importante estar atento às trends, às estatísticas e, acima de tudo, às preferências do público dentro da app. O seu conteúdo é planeado: todas as semanas faz uma lista daquilo que vai gravar com base nos resultados da semana anterior. Atualmente, chega a publicar 18 vídeos por semana. Às vezes, menos, às vezes, mais. Nem todos são super vídeos, mas o segredo está em continuar e aprofundar conhecimento. Quando questionado sobre as contas, não tem medo de responder que nunca se importou de ter um trabalho qualquer para as pagar desde que conseguisse fazer nos tempos livres algo de que gostava realmente. Com o tempo, começou a perceber que podia capitalizar as suas paixões e arriscou com toda a força. Orgulha-se de saber que desde sempre foi uma pessoa que não encaixava na sociedade e, de perceber, sem medo, que isso seria uma vantagem. Há quem considere um defeito, há quem tenha medo. Rafael sabe que o seu destino é traçado por si. Pelo trabalho e por muita – muita mesmo - dedicação.

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Dizer que é apaixonado por música é pouco. Dizer que é impossível não rir em cada conversa não é suficiente. Fomos chatear quem se auto apelida de “mais chato”. Valeu a pena. Se não o seguem nas redes sociais, chegou a hora: @20chatear e os vossos dias nunca mais serão os mesmos. ​

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Qual é a tua história com a música? O meu pai tinha uma aparelhagem em vidro gigante com gira-discos que estava ligada a quatro colunas (naquela altura eram bem maiores que eu, iá) espalhadas por toda a casa. Como podem imaginar, todos os fins de semana as colunas bombavam Bonnie M, ABBA, Mireille Mathieu, Bee Gees. Etc. Enquanto isso, eu deliciava-me com as capas dos vinis e estragava algumas delas (risos). O meu pai e mãe cantavam durante quase todo o dia. Impossível não ganhar gosto quando na infância temos acesso direto a tanta música boa. Que impacto tem a música em ti? Atrevo-me a dizer que a música me educou de certa forma (e ainda educa). Teve e tem efeito nesta minha maneira animada de ser e dá-me sensações que mais nada consegue dar. Sou mesmo viciado em música e gostava de saber cantar (imaginem ter aquelas vozes chateadas que arrepiam, esqueeece). Um dos meus sonhos é aprender a tocar saxofone, mas isso são outros quinhentos.

Aproveito para contar que já tive dois projetos musicais.​ Um deles como D’Murphy, um rapper cheio de BARS chateadas por cima de Boom Baps ainda mais chateados. Vale a pena ir ouvir.​ Outro, como G’SUS, um trapper meio perdido que gravou apenas duas faixas: “Sê” e “Lola”, ambas produzidas pelo Bernardo Infante.​ Continuo a fazer música para mim e tenho uns hits que vos deixariam surpreendidos, como por exemplo o “Mary Boo”, com a Marta, que eu ainda estou a pensar se o lanço ou não. Ajudem-me, lanço? ​ Como não consigo não ter projetos ligados à música, hoje em dia podem ver os vídeos de uma das minhas personagens, o Lil Killin’ It, sempre a dar #BOOST em grandes garage vibes.​ ​ o início de cada mês também faço uma playlist N “Top20” com as músicas que mais ouvi no mês anterior, disponível no Spotify. ​ Diz-se que somos 70% água - eu cá sou 70% música, os outros 30% são parvoíce (risos).​

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E vocês agora perguntam: “porquê para um dia bom?” ​ Nada melhor do que acordar, ligar as colunas e ouvir estas cinco músicas em shuffle.​Torradas a fazer, café, groovy moves, a minha voz esganiçada em ação e a Marta a mandar-me calar (nunca percebi bem o porquê, visto que canto super bem). ​ Experimentem e vão ver que o dia vai fluir de outra maneira. Se não tiverem groovy moves nem vale a pena (risos)​. 69


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Dias maus todos temos. Cabe a cada um de nós decidir se pretendemos ficar em baixo. Podem sempre fazer como eu e usar as músicas do dia bom para se animarem.​ 71


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Nos 80s começou a aceitar-se a diversidade e a individualidade, ou seja, uma luz verde para seres tu mesmo. Vestir o que quiseres, ouvir o que quiseres, fazer o que quiseres e ser o que quiseres. Pela primeira vez, as oportunidades existiam para quem as queria alcançar. Se calhar, até mais do que hoje. Prova disso foi o boom cultural que a década trouxe, com a arte de artistas como Jean-Michael Basquiat, Keith Haring e Andy Warhol, com quem me identifico imenso e convido-vos a darem uma vista de olhos nos seus trabalhos.​

Como saber se aquilo que oiço é bom? Se te cria emoção, é bom. Much love, o mais chato.

Por estas e outras razões que agora não me lembro, a música da minha vida é:​ “Eart, Wind & Fire – September”. E a tua? Ah, quando a fores ouvir não te esqueças de dar BOOST.​ 73


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INÊs GONÇ 76

CINEMA


ÇALVES 77


“As primeiras memÓrias de séries que tenhO sãO cOm a minha mãe, nO sOfá de casa. O restO fOi OrgânicO, um pOucO cOmO quandO decidimOs que gOstamOs de uma música. NãO sabes bem pOrquê, às tantas encOntras justificaçãO” Sabem aquelas pessoas irritantes que pedem sugestões de filmes e depois dizem “já vi” a todas as respostas? Sou eu. Peço desculpa, mas é que vejo mesmo muitos filmes. É a minha forma de não ficar uma hora a fazer scroll no Instagram. Vejo um filme. Começo uma série.

estudado cinema na escola ajuda, claro. E serve para, por vezes, dizer que os filmes de que gosto são os melhores que podes ver porque eu tenho um conhecimento que mais ninguém tem. Isto vale o que vale. São gostos, não se discutem (mas se gostas de “A Culpa É das Estrelas”... pensa duas vezes no teu bom gosto).

Por isso, quando me perguntam “como é que vês tantos filmes?” respondo “para não ser tão viciada”. Mas calma. Também não é bem assim. Quando era miúda já consumia muito cinema e não tinha redes sociais. As primeiras memórias de séries que tenho são com a minha mãe, no sofá de casa. O resto foi orgânico, um pouco como quando decidimos que gostamos de uma música.

O cinema é uma das minhas grandes paixões. Uma das coisas de que tenho mais saudades agora, durante a pandemia é de sair de casa, ir até a uma sala grande, com um bom ecrã — as pipocas são dispensáveis (problemas de quem tem misofonia) — e, descobrir uma boa história. Não tem de ser sempre complexa, só tem de ser bem contada. Por isso, vamos ao que interessa. Uma lista de boas histórias que, de uma forma ou de outra, impactaram a minha vida.

Não sabes bem porquê, às tantas encontras justificação, mas num primeiro instante só consegues pensar “porque sim”. O facto de ter 78


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CincO filmes para um dia bOm Isto é difícil para mim. Tenho tendência para os filmes depressivos. Raramente gosto de coisas felizes. Mas pensei muito e consegui eleger três filmes que, provavelmente, te vão deixar num bom mood. 1 - “O Fabuloso Destino de Amélie” (JeanPierre Jeunet) - foi o filme que me fez ficar apaixonada por Paris. Quando fui à capital, passei por todos os sítios reais que aparecem no filme. De forma descontraída, e muitas vezes engraçada, fala sobre a vida da Amélie, uma jovem francesa que parece tornar a vida de todos mais feliz... menos a sua, que é naturalmente trágica. 2 - “Little Miss Sunshine” (Valerie Faris, Jonathan Dayton) - um dos filmes mais amorosos que vão ver na vossa vida. Sobre amor-próprio e descoberta. Conta a história de uma menina, Olive, que foi selecionada para um concurso. A família, com particularidades bem específicas, embarca numa aventura a bordo de uma carrinha amarela para a levar a concretizar o sonho. 3 - “Capitão Fantástico” (Matt Ross) um pai e os seis filhos, que vivem à margem da sociedade, numa espécie de comunidade hippie. Com uma educação diferente daquela a que estamos habituados. Sem telemóveis, sem internet: só a Natureza e aquilo que os pais lhes ensinam. Depois da trágica morte da mãe, veem-se obrigados a ir para a cidade. É bonito do início ao fim. Faz-nos aprender muitas coisas e questionar muitas outras. 4 - “The Farewell” (Lulu Wang) - foi um dos meus filmes favoritos de 2019. Fala de forma engraçada sobre um tema frágil: a morte iminente de alguém que amamos. Uma família descobre que a avó tem poucos dias de vida e, em vez de lhe contar, decide omitir esta informação. Em vez disso, preparam um casamento. Querem garantir que os seus últimos dias se enchem de felicidade, e não de sofrimento. Mas até que ponto podemos esconder a proximidade da morte de alguém? 5 - “Grand Budapest Hotel” (Wes Anderson) - fiz um pouco de batota porque a verdade é que todos os filmes do Wes Anderson são para dias bons. O olhar “infantil” que oferece às histórias faz com que, por mais complexo que um tema seja, ele se torne leve e estético. O “Grand Budapest Hotel” é talvez o meu favorito. “O Fabuloso Destino de Amélie” (Jean-Pierre Jeunet)

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CincO Filmes para um dia mau Filmes que acabam mal e são óptimos para acabares a chorar baba e ranho? Sim, sou especialista. Não chorei com nenhum mas acho mesmo que é por ver tantos filmes tristes — já estou habituada a que nem sempre acabem bem. O que há de comum a todos os que vou sugerir é que a viagem até ao fim trágico é muito bonita, quase perfeita, e isso é, provavelmente, mais importante que o resto. Falam todos sobre amor. Ou sobre as suas falhas. 1 - “Her” (Spike Jonze) - o filme em que me apaixonei por uma voz, tal como a personagem principal que, depois de um casamento falhado, se apaixona perdidamente por uma espécie de siri — algo que nem “existe”. 2 - “Blue Valentine” (Derek Cianfrance) - um casal que vê a sua história de amor a estagnar. Cheios de bagagem emocional, passados conturbados, tentam salvar algo que já sabem não ter salvação. A prova de que o amor, mesmo quando verdadeiro, nem sempre acaba com um final feliz. 3 - “Call Me By Your Name” (Luca Guadagino) - vão-se apaixonar pelo Timothee Chalamet e por Itália e as suas paisagens maravilhosas. Ao mesmo tempo que te descobres, descobres o teu grande amor. E essa é uma mistura explosiva que nem sempre dá certo. Se não se comoverem na cena final, têm uma pedra no lugar do coração. 4 - “Eternal Sunshine of The Spotless Mind” (Charlie Kaufman) - dos poucos filmes em que o Jim Carrey não faz um papel de comédia. Pelo contrário, é um homem que descobre que o amor da sua vida participou numa experiência médica e o apagou da memória. 5 - “Moonlight” (Barry Jenkins) - um filme que mostra que até o amor pode ser político. Mas calma, não se assustem com esta frase: o filme não fala sobre política. Pelo menos, não directamente. Fala sobre a história de um homem que quer fugir a um destino que lhe parece traçado e encontra o amor em sítios que nunca pensou descobrir.

“Her” (Spike Jonze)

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Filme de uma vida Odeio sempre que me fazem esta pergunta. Mas passo a vida a fazê-la a outras pessoas. Cheguei ao ponto de escrever uma lista com “Os Filmes Da Minha Vida”. Um dia, cheguei a casa e, decidi que iriam ser aqueles. Assim, teria sempre resposta pronta. Problema: eu cresci e agora dou aquelas respostas mas já não é bem verdade. No entanto, admitindo que posso ser cliché, vou ter de escolher “Pulp Fiction”, do Tarantino. Foi o filme que me fez gostar mesmo a sério de cinema, que me fez questionar o que tinha visto até ali e que me pôs quase de pé e a bater palmas assim que acabei de o ver. Agora, que já o vi mais de 10 vezes e já sei frases de cor, admito que pode nem ser o melhor filme do Tarantino. Mas é especial para mim. E pode ser para vocês também. Conta três histórias criminosas que se cruzam. E sabias que uma das atrizes é portuguesa? A Maria de Medeiros.

“Pulp Fiction” - Quentin Tarantino

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DICAS ÚTEIS PARA ENTRAR NO MUNDO DO CINEMA AS A PRO Em jeito de despedida, até porque tenho mais filmes para ver, deixo algumas dicas que considero importantes. 1 - Não percam tempo com coisas que não gostam, não vale a pena. Provavelmente, temos uma quantidade estúpida de histórias de que vamos gostar à nossa espera e, mesmo assim achamos que temos de ver aquela série/filme, que não estamos a gostar assim tanto, só porque alguém nos disse que era mesmo bom, certo? 2 - Não vejam só filmes complexos e densos. Às vezes sabe bem rir e não pensar muito. Não somos mais cineastas por vermos filmes europeus que mais ninguém sabe o nome (mas também não vamos ver só filmes americanos). 3 - Ide ao cinema. Juro que vale a pena e prometo que não é o mesmo que ver em casa (a menos que o destino seja o Colombo e, apanhemos uma sala que é um café e não uma sala de cinema). A qualidade da imagem e do som são importantes. Ah! E a tendência de pegar no telemóvel a meio é menor. 4 - Garante que ninguém incomoda durante um filme. Os filmes são feitos para ver de seguida e não com interrupções. Isso pode mudar completamente a forma como os percepcionamos. Se ninguém nos incomodar, vamos ficar focado no que estamos a assistir. 5 - A mais importante: NUNCA IR COM DEMASIADAS EXPECTATIVAS. Até hoje, quase todos os filmes de que não gostei foi porque ia com demasiadas expectativas. O melhor, para mim, é saber o mínimo possível. Assim, é quase garantido que te vais surpreender.

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BRUNO OLIVEIR

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O RA Ninguém diria, mas quando era pequeno queria ser corretor da bolsa. Desde cedo que gostava de vender coisas com o propósito de amealhar. Nasceu na Margem Sul e estudou na Universidade Nova. Bruno Oliveira é Senior Brand Manager da Sumol há mais de 7 anos. É formador de Marketing Digital na Lisbon Digital School, WIT e IADE. É criador de conteúdos para o Linkedin. Pai de 2 filhos. Marido da sua mulher e, um eterno visionário.

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Saído da street da Margem Sul, como gosta de lhe chamar, cedo percebeu que o mundo não era só a sua realidade. Foi estudar para a Nova, onde encontrou uma realidade tendencialmente elitista, pouco conectada com o Portugal real. Sentia-se um outsider. Não vinha de grandes famílias nem de escolas privadas. Seguiu Gestão, porque como já enunciado, gostava de dinheiro. Quem não? Da ideia de corretor da bolsa passou para Marketing, que, embora não fosse mindset da universidade, percebeu cedo que existia ali uma oportunidade. Depois de uma breve passagem numa empresa de Bricolage e Decoração, aprendeu que aquele não era o caminho, que as regras existiam, mas que o mundo ainda estava todo para ser conquistado. Candidatou-se pelo Expresso à antiga Sumol,. Começou no trade-marketing com uma ligação muito forte às vendas. E em 2014 teve a oportunidade de ser o gestor da marca Sumol. Aqui estabeleceu o seu primeiro objetivo: queria aproximar a marca da nova geração Sumólica e torná-la disruptiva, já que inovação estava desde sempre no seu ADN. Escusado será dizer que conseguiu. E consegue, todos os dias, mas Bruno discorda, porque no momento em que ficar confortável “morre na praia”. Criou o conceito de co-creators, já que não acredita em influenciadores. É uma visão mais à frente. ”Co-creators materializam as diferentes personas de Sumol, desde do mais certinho ao mais irreverente. Trabalhamos numa lógica de cocriação, onde tem total liberdade de interpretação Sumol na sua linguagem e de forma nativa de forma a inspirar sua audiência”, afirma Bruno. “É uma espécie de lógica da ONU: todos são diferentes e todos contribuem com o seu ADN”, conta-nos.

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Quando deu por si a Sumol torna-se um estudo de caso, não só a nível de comunicação, mas também pela forma como gere a sua comunidade. Foi a primeira marca a entrar no TikTok ou a ter NFTs. Todos os dias luta contra desafios: um deles (e dos mais recentes) é comunicar para a Gen Z, uma geração naturalmente diferente e insatisfeita. “É um target que inspira”, porque “faz-me pensar fora da caixa”, confessa. Onde é que vai buscar inspiração? A quem o rodeia, às inúmeras revistas de moda e lifestyle que tem em casa, ao pinterest e, last but not least, à equipa de co-creators que com ele trabalha todos os dias. Mas a vida não é só trabalho, embora reconheça que não tem o chip de log off. Desligar-se é difícil porque divide a vida em trabalho e ”tempo livre onde me posso inspirar”. Mesmo quando não quer pensar como pode inovar, dá por si a ligar pequenas peças no cérebro que, sabe-se lá como, fazem click e dão certo. Como tudo na vida, há coisas boas e coisas más. Embora o teletrabalho tenha permitido criar um equilíbrio e não perder tempo com viagens para o escritório, trouxe também, de alguma forma, uma ansiedade inerente. A profissão já por si é acelerada e promove um constante enraizamento em novas tendências. Não há muito tempo deu por si a perceber que estava a ficar sem memória, que estava sempre ligado e que a bateria estava a ficar fraca. Dar sinais de ansiedade ou burn out, embora seja considerado tabu e sinal de fraqueza na nossa sociedade, tem de ser falado. A Sumol+Compal é uma empresa que se preocupa com a saúde mental dos trabalhadores e, felizmente tem abertura para expor quaisquer problemas que possam surgir às chefias. No entanto, não desfazendo, a necessidade de alterar comportamentos não pode estar entregue às empresas, mas sim às pessoas. “Não são elas [as empresas] que têm de mudar a mentalidade”.

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Três guilty pleasures? Jantar fora para experimentar novos conceitos Jogar Playstation Andar de bicicleta pela cidade, por caminhos que não conhece 3 irritações… Misoginia Micro-agressões Atrasos e ghosting Tempo livre combina com… Estar com os filhos, ler na cama e rebolar no pinterest Sumol acompanha com….? A meio da tarde, com bifana, numa esplanada à beira mar. 3 livros Como fazer amigos e influenciar pessoas; Os superfãs; Building a story brand; 3 séries Billionarie Euphoria Lost 90


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Se lhe dissessem que um dia ia ser designer da Sumol, não acreditaria. Francisco Gualter, tem 24 anos e é de Tabuaço, Viseu. A sua arte? Toda aquela que vemos, diariamente - com o nome Sumol associado.

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Quando comecei a brincar com o Photoshop não fazia ideia de que um dia seria profissão. Usava como ferramenta para editar equipamentos de futebol num jogo de computador e, a partir daí, só sabendo o básico, foram surgindo pedidos de amigos que me fizeram trabalhar com o programa e aprender cada vez mais. Tudo mudou quando acabei o 12° ano. Foram tempos difíceis em que não sabia exatamente o que queria fazer. O meu percurso até ao fim do secundário não tinha sido propriamente fácil, então tinha a necessidade de dar o próximo passo em função do que ia ser melhor para mim, visto que na altura não me julgava “bom” em nada específico. Com o tempo de decisão a apertar decidi seguir o conselho de um amigo de infância e coloquei Arte e Design no Instituto Politécnico de Bragança como primeira opção. Porém, dada a minha falta de confiança em entrar no campo das artes e não tendo nenhuma experiência prévia, acabei por meter um curso diferente em cada linha 😂 (a minha escola secundária só tinha humanidades e ciências). O início do curso não foi fácil, de todo. A maior parte dos meus colegas estavam um passo à frente pois tinham tido estudos em artes e vinham razoavelmente preparados. Para além disso, eu vinha à procura de cadeiras de design - e o que tive foi tudo menos design. Mesmo assim, penso que as cadeiras que encontrei me ajudaram a criar uma perspetiva diferente. Até hoje, levo conhecimentos de escultura, pintura, desenho, e até design gráfico, sobretudo na composição de elementos e teoria de cor. A minha entrada na marca Sumol aconteceu no segundo ano de universidade. Depois de ser recomendado por uma colega que tinha contatos na empresa, enviei o meu portfólio. Foi um choque quando soube que fui aceite para fazer alguns trabalhos para uma empresa tão grande - nessa altura só partilhava alguns projetos pessoais numa página de Instagram. Queria muito, mas não tinha noção de que poderia alcançar algo assim. A partir daí foi tudo muito natural, fui provando o meu valor e aprendendo coisas novas. Hoje, para além de trabalhar com a Sumol, recebo também outros pedidos (alguns de fora) e está a ser uma experiência incrível. Um conselho que dou a quem quer seguir design gráfico como profissão é criar clientes fictícios: ao início, como ninguém me pedia nada a nível profissional, fazia rebrands fan made para várias marcas ou inventava as minhas. 94


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