Objetivos, Princípios e Técnicas da Condução Ambiental
Condutor de Ecoturismo
Técnicas de Interpretação Ambiental, Responsabilidades e Ética profissional
Elaboração
de Roteiros Ecoturísticos
Desenvolvendo Roteiros, Planejamento Interpretativo, Roteiros de Interesses Específico
C O N D U T O R
Modulo 02
1. A CONDUÇÃO AMBIENTAL
Objetivos, Princípios e Técnicas da Condução Ambiental
2. O CONDUTOR DE ECOTURISMO
Técnicas de Interpretação Ambiental, Responsabilidades e Ética profissional
p.07
3. O CONDUTOR DE TURISMO DE AVENTURA
Conhecimentos, Habilidades e Atitudes do Condutor de Turismo de Aventura
4. ELABORAÇÃO DE ROTEIROS
Desenvolvendo Roteiros, Planejamento Interpretativo, Roteiros de Interesses Específico
INTRODUÇÃO
Entende-se por condutor ou monitor de ecoturismo pessoa apta a acompanhar visitantes de áreas naturais em atividades de ecoturismo e turismo de aventura, percorrendo trilhas préexistentes e autorizadas pelas instituições responsáveis por cada local, optando pela aplicação de atividades de interpretação ambiental.
O condutor de ecoturismo tem a dupla responsabilidade de propiciar um passeio agradável e interessante aos visitantes, ao mesmo tempo em que os introduz no universo das trilhas e dos ambientes conservados, zelando pela segurança dos clientes e pela conservação dos patrimônios históricos e ambientais.
Seus procedimentos devem estar fundamentados nos conceitos e práticas da interpretação ambiental e no conhecimento prévio do local, garantindo, desta forma, a qualidade da visita
O condutor de ecoturismo deve ter participação direta e continua na formatação e aprimoramento dos produtos e roteiros ecoturísticos desenvolvidos na sua região.
ACONDUÇÃOAMBIENTAL
Neste tópico inicial, apresentaremos indicações de Moraes (2000) que trata a respeito dos conceitos, técnicas, princípios e objetivos da condução ambiental, bem como nos revela algumas atividades do interprete ambiental, ou Condutor Ambiental.
Antes, podemos dizer que a condução ambiental se trata de explicar mais que informar, de revelar maias que mostrar e de despertar a curiosidade mais que satisfazê-la.
A condução ambiental é o modo de educar, sem que o público se sinta o objeto dessa atividade educativa, e deve suficientemente ser sugestiva para estimular o público a trocar a atitude e adotar uma postura determinada.
1.1 Conceitos da Condução Ambiental
Assim, vários autores têm definido a condução ambiental, dentre eles:
La Countryside Comission (1970): é o processo de desenvolver o interesse, o desfrute e a compreensão de suas características e suas inter-relações.
Don Aldrige (1973): é a arte de explicar o lugar do homem em seu meio, com fim de incrementar a consciência do visitante acerca da importância dessa interação, e despertar o desejo de contribuir com a conservação do meio ambiente.
Yorke Edwards (1976): a condução ambiental possui quatro características que fazem dela uma disciplina especial: comunicação atrativa; oferece uma informação breve; é realizada na presença de um objeto em questão; e seu objetivo é a relação de um significado.
1.2 Objetivos da Condução Ambiental
Se dividem em três categorias:
(1) Ajudar o visitante a desenvolver uma profunda consciência, apreciação e entendimento do lugar que visita;
(2) Cumprir finalidades de manejo, de dois modos: 1º alertar o visitante para fazer uso adequado do recurso recreativo, destacando a idéia de que se trata de um lugar especial que, por isso, requer um comportamento especial; 2º, utilizar o poder de atração dos serviços interpretativos para influenciar a distribuição espacial do público; e
(3) Promover uma compreensão dos fins e das atividades de determinado empreendimento.
1.3 Princípios da Condução Ambiental
Consideramos estes princípios como uma forma de conhecer as várias maneiras de se aproximar do ecoturista, para que ele se sinta a vontade neste novo meio que ele esta visitando. Para tanto, nada melhor que um morador da região e profundo conhecedor do local fazer esta atividade.
Assim, seguem algumas considerações a respeito:
(1) A condução é uma forma de comunicação que, baseada na informação, deve tratar com significados, inter-relações e implicações sobre certas questões;
(2) Motivar o ecoturista a compreender e compartilhar com entusiasmo tudo que o condutor comunicar;
(3) O ecoturista deve ser provocado e persuadido. De alguma forma, o condutor terá de colocar-lo em uma posição “incomoda” perante certos conceitos, para que reaja e se comprometa com alguma atitude;
(4) O condutor tem de saber e aproximar e se relacionar com destinos públicos;
(5) A condução ambiental é um tipo de comunicação. Isto implica não somente que se envie uma mensagem, como também que se seja recebida; e
(6) A condução ambiental deve ser utilizada como uma ferramenta educativa para uma troca de atitude além de ser um instrumento de manejo do recurso natural.
1.4 Técnicas de Condução Ambiental
No contexto da condução ambiental, entende-se por técnica a aplicação de uma idéia que pode ser usada para incrementar a consciência e o entendimento do público, através de um método menos tangível que o uso de um meio de comunicação específico, comumente, a técnica associada a vários meios de comunicação e pode incluir áreas combinações destes meios, como:
1. Incentivar a Participação
Utilizando os cinco sentidos: com essa técnica podemos obter máxima compreensão do visitante frente aos recursos, pois estaremos trabalhando todo o cognitivo do ecoturista.
1.3 Princípios da Condução Ambiental
Consideramos estes princípios como uma forma de conhecer as várias maneiras de se aproximar do ecoturista, para que ele se sinta a vontade neste novo meio que ele esta visitando. Para tanto, nada melhor que um morador da região e profundo conhecedor do local fazer esta atividade.
Assim, seguem algumas considerações a respeito:
(1) A condução é uma forma de comunicação que, baseada na informação, deve tratar com significados, inter-relações e implicações sobre certas questões;
(2) Motivar o ecoturista a compreender e compartilhar com entusiasmo tudo que o condutor comunicar;
(3) O ecoturista deve ser provocado e persuadido. De alguma forma, o condutor terá de colocar-lo em uma posição “incomoda” perante certos conceitos, para que reaja e se comprometa com alguma atitude;
(4) O condutor tem de saber e aproximar e se relacionar com destinos públicos;
(5) A condução ambiental é um tipo de comunicação. Isto implica não somente que se envie uma mensagem, como também que se seja recebida; e
(6) A condução ambiental deve ser utilizada como uma ferramenta educativa para uma troca de atitude além de ser um instrumento de manejo do recurso natural.
1.4 Técnicas de Condução Ambiental
No contexto da condução ambiental, entende-se por técnica a aplicação de uma idéia que pode ser usada para incrementar a consciência e o entendimento do público, através de um método menos tangível que o uso de um meio de comunicação específico, comumente, a técnica associada a vários meios de comunicação e pode incluir áreas combinações destes meios, como:
1. Incentivar a Participação
Utilizando os cinco sentidos: com essa técnica podemos obter máxima compreensão do visitante frente aos recursos, pois estaremos trabalhando todo o cognitivo do ecoturista.
2. Provocar
Despertando a curiosidade sobre o tema, obrigando-o a refletir: com essa técnica estaremos colocando o ecoturista, talvez, em uma posição desagradável para que ele defina uma postura íntegra frente ao ambiente que o cerca, incluindo o homem.
3. Valorização do Ecoturista
Explicando situações com o ecoturista: proporcionar uma interação do ecoturista com o ambiente, fazendo dele um ator ativo do processo de conservação da natureza.
4. Elegendo um tema
Definindo o objetivo do contato entre o ecoturista e o meio ambiente: facilitando para o ecoturista sua integração no grupo que irá participar da caminhada da trilha.
5. Sequência de informação/ Roteiro:
Demonstrando sequência de tempo e espaço nas informações, sendo mais bem assimilada pelo ecoturista: proporciona-se com essa técnica uma melhor forma de aprendizagem e assimilação do ecoturista na mensagem enviada.
6. Uso do Humor/Ironia/Suspense/Surpresa:
Destacando recursos naturais importantes: com essas técnicas favorecemos uma melhor dedicação do ecoturista com a trilha, envolvendo-o.
1.5 Atividade do Condutor de Ecoturismo
1. Antes da Trilha:
• Ter percorrido a área para verificar alguma modificação;
• Chegar sempre primeiro no local marcado para iniciar a atividade;
• Á medida que os turistas chegam, falar informações informalmente com eles para conhecer os seus interesses, propiciando um clima agradável de descontração;
• Começar com uma introdução:
- apresentar-se como condutor e sua instituição; se achar adequado falar algo pessoal;
- explicar ao grupo o destino final da trilha. O tempo a ser gasto, a distância da trilha, hora de retorno e algumas características relevantes da trilha;
- mencionar as normas de boa conduta para melhor aproveitar o passeio e a conservação da área;
- dizer quais são os seus objetivos.
2. Durante a Trilha:
• Manter-se sempre na dianteira do grupo;
• Estabelecer um passo e um ritmo que não exija esforço demasiado do grupo;
• Ser sensível às necessidades do grupo: quando parar e quando avançar;
• Assegurar-se de que todos podem vê-lo e ouvi-lo;
• Evitar falar o que não esta sendo observado;
• Proporcionar a utilização dos sentidos;
• Nos pontos de interesse, não começar a falar antes que todos cheguem ao local;
3. Conclusão da Trilha
• Dar a possibilidade de todos expressarem suas inquietudes e respondê-las;
• Fazer perguntas com fins avaliativos;
• Agradecer em nome próprio e da instituição;
• Não desaparecer repentinamente..
OCONDUTOR DEECOTURISMO
Considerando os conceitos de interpretação ambiental, condução ambiental e o papel do condutor de ecoturismo no guiamento de visitantes em atrativos naturais, apresentaremos neste capítulo respostas a muitas questões que justificam a importância do guiamento de visitantes em ambientes naturais. Veremos ainda algumas técnicas de condução, apresentadas pelos Condutores Ambientais do Parque Nacional da Chapada dos Veadeiros, localizado no estado de Goiás.
2.1 O CONDUTOR DE ECOTURISMO COMO
INTÉRPRETE AMBIENTAL
O interprete ambiental é aquele que pode transmitir noções de como funciona os processos naturais, históricos ou culturais, usando exemplos locais para ilustrar não somente fatos fascinantes, como também a dinâmica básica do ambiente, de que dependem nossa existência e bem-estar (MORAES, 2000).
Assim, temos os interpretes ambientais que também podem ser chamados de condutores ambientais, ou condutores de ecoturismo, cuja função central é “interpretar aspectos relevantes do patrimônio cultural e ambiental de forma que o visitante possa interagir e otimizar sua experiência junto a natureza”.
O condutor tem papel de intérprete, aproveita cada oportunidade para interpretar o que pode interessar ao turista e também como uma forma de estimular a correção de atitudes e comportamentos indesejados por parte do turista. Sendo assim, o guia mantém a qualidade da atividade, enriquece o tempo do turista e sensibiliza o turista sobre o impacto de sua presença no local (Delgado, 2000). Numa caminhada conduzida, o condutor pode utilizar a interpretação para dar uma noção mais completa sobre o recurso, valorizando assim o produto que lhe foi vendido.
2.2 POR QUE CONDUZIR VISITANTES?
As áreas ver dês e os patrimônios culturais são pólos de atração de visitantes. Quando chegam a estes locais, os turistas, dos mais variados tipos como veremos a seguir, se ocupam em atividades como caminhadas, visitas a cachoeiras, rios e lagos, entre outras.
Se eles passeiam a sós, pode ocorrer:
A) Risco de destruição ambiental, por o turista ser com frequência pouco educado;
B) Desconforto, por o turista não saber os procedimentos básicos de bem estar em um ambiente selvagem;
C) Perigo, por o visitante ignorar técnicas básicas de segurança em ambiente selvagem.
Porém se a visita ocorre monitorada, os turistas:
A) Conhecerão melhor os atrativos, irão nos melhores lugares e receberão muito mais informações interessantes;
B) Não comprometerão a natureza e seus atributos, pois o condutor estará zelando por eles;
C) Aprenderão como se comportar em atrativos naturais através de um processo de conscientização ambiental.
Fica claro assim, com apenas alguns poucos motivos que a visita conduzida é geralmente mais interessante para o turista e para a natureza.
O Condutor de Visitante é o elo entre o turista, completamente desabituado com o ambiente selvagem, e o próprio ambiente que, apesar de ameaçar o turista por um lado, é frágil e requer cuidados para que não se degrade por outro. Em outra forma, no contato direto entre o turista e a natureza, o condutor tem o importante papel de interprete que sabe conciliar da melhor forma possível os interesses e as necessidades de ambas as partes.
2.3 AS FUNÇÕES E RESPONSABILIDADES DO CONDUTOR
* Para com os Excursionistas:
A) Guiar o Caminho Muita gente acredita que conduzir um grupo é só uma questão de levar pelo caminho certo. É claro que essa é uma função muito importante e sem o domínio da qual não se pode levar ninguém para canto algum. É fundamental que se conheça o caminho como a palma da mão, mas conduzir bem um grupo vai muito, além disso.
B) Informar o Grupo: As informações que o condutor deve passar ao grupo de forma fluente e clara são de três tipos:
B.1) Instruções de Comportamentos - São os procedimentos que devem ser observados durante a atividade.
B.2) Informações Ilustrativas - São aquelas que complementarão a caminhada com à histórias e dados ecológicos, geológicos, etc. É o “algo mais” que diferencia o passeio.
B3) Avisos - São instruções especificas que determinam alguma ação localizada dos visitantes.
C) Cuidar do Grupo: Os cuidados se dividem em dois aspectos interligados:
C.1) Cuidar fisicamente - É estar sempre dentro dos conceitos de segurança, imaginando e evitando acidentes antes que eles ocorram.
C.2) Cuidar psicologicamente - e manter o astral da turma elevado motivando o grupo a vencer as dificuldades.
D) Socorrer: obrigação dos guias prestar primeiros socorros, salvar, resgatar, transportar, em fim, garantir a integridade do excursionista.
* Para com a Natureza:
A) Zelar diretamente: Cabe ao guia cuidar do parque vigiando seus excursionistas quanto ao bom comportamento.
B) Conscientizar o visitante: É a contribuição dos condutores para educar a população com relação a como se visita um parque corretamente.
2.4 TIPOS DE VISITANTES, SUAS MOTIVAÇÕES E EXPECTATIVAS COM O CONDUTOR.
Vamos analisar agora como se caracterizam e como se comportam os principais tipos de turistas que aparecem com mais freqüência para visitar um Parque Nacional.
A) Turista Aventureiro
É um personagem todo equipado, treinado e habituado a andar em grupos independentes por trilhas de todas as dificuldades e comprimentos. Podem ser Alpinistas, Montanhistas ou simplesmente dedicados amantes da natureza empenhados em freqüentes e proveitosas viagens. Normalmente esses visitantes não usam guias pois localizar o caminho é uma de suas habilidades, são auto-suficientes em quase tudo e não representam perigo para a natureza. Não estragam nem sujam nada, as vezes até ajudam a reparar o estrago dos outros e freqüentemente voltam às mesmas trilhas.
B) Turista Ecológico
É o que, apesar de não ter por hábito estar sempre na natureza, valoriza muito esse encontro e vem desfrutar da natureza respeitosamente. Costuma estar em harmonia com o ambiente e com as pessoas, é bem disposto para as caminhadas espera muito de um condutor, como levar nos melhores locais em segurança e passar muitas informações de animais, plantas e histórias da região. É uma classe de turistas em rápida expansão com a divulgação cada vez maior do Turismo Ecológico a nível nacional e internacional. Em geral os turistas estrangeiros que procuram os parques são turistas ecológicos. Na maioria dos casos, os ecoturistas dão gosto de lidar pois ouvirão com atenção tudo o que se disser e farão observações oportunas e perguntas inteligentes.
C) Turista Tradicional
É um tipo abundante, que em geral não se movimenta muito, o movimento mais freqüente é o de jogar lixo onde não deve, costuma achar que tudo lhe pertence e age como se fosse o último a estar por ali: carrega tudo o que acha interessante sem se tocar que outro visitante futuro não terá nada para ver. Em cavernas, quebra formações seculares de cristal para levar de lembrança, nas matas e campos colhem plantas e coletam diversos materiais. O turista tradicional normalmente só espera que o condutor não encha a sua paciência, com lições do tipo não pode fazer isso ou aquilo, que tem que recolher e levar o lixo e etc. Normalmente reclama de tudo, exista ou não o motivo e falar-lhes é quase como jogar palavras ao vento. O turista tradicional é facilmente reconhecível pelo seu rastro de sujeira.
D) Turista Fantasiado
É um terror para a natureza. Costuma se vestir com roupa camuflada, como se estivesse indo para uma guerrilha, anda equipado com mil e uma inutilidades dependuradas pelo corpo sendo a mais característica a enorme “faca-do-rambo”, bem exposta para intimidar, quem sabe, as laranjas que encontrar pelo caminho... Na falta, talham e derrubam muitas árvores. Parece que eles são o resultado de um “acidente genético” e ficaram com as piores características do “cruzamento” entre turista aventureiro e turista tradicional. Geralmente não querem nada com condutores, que poderão coibi-los em suas manifestações de vandalismo. O turista fantasiado é facilmente reconhecível pelo seu rastro de sujeira e destruição.
A predominância de um ou de outro tipo depende das características geográficas e localização do parque. Assim um parque muito próximo a uma capital, por exemplo, vai ser freqüentado em maior número por turistas tradicionais enquanto um outro caracterizado por trilhas difíceis recheadas de penhascos vai ter mais freqüentadores do tipo aventureiro.
É importante saber que um tipo de visitante não exclui o outro, o que ocorre é uma variação da proporção entre os diversos tipos. É claro que essa classificação não é absoluta, existindo sempre exceções em todos os casos e turistas que não se enquadrem em nenhum tipo.
2.4 OS TAMANHOS DO GRUPO E DA EQUIPE DE CONDUTORES
Quando pensamos em guiar uma excursão na natureza, uma das primeiras questões que nos surge é a de quantas pessoas deve ou pode ter o grupo e quantos condutores são necessários para guiá-las?
A experiência tem nos mostrado que o grupo nunca deve exceder a 40 excursionistas, sendo sempre melhor grupos médios (até 20 pessoas) ou grupos pequenos (até 10 pessoas). Grupos muito grandes, com mais de 40 pessoas, são muito problemáticos para lidar.
Por mais que se usem vários guias, o comprimento do grupo atrapalha a comunicação entre os guias, ocorre muita dispersão do excursionista ao longo da trilha e fica muito difícil exercer controle absoluto sobre o grupo, diminuindo a segurança da caminhada Um grupo nessas proporções gera um grande impacto sobre a natureza, fora do controle e orientação dos guias.
Pelo lado dos excursionistas, eles terão a atenção dos seus guias muito dividida entre todos, sobrando a cada um muito pouco. Por outro lado, se o grupo é pequeno, o grupo é facilmente controlável, os riscos de acidentes são bem reduzidos e o guia pode dar mais atenção aos seus guiados, tornando o passeio bem melhor para ambas às partes.
Caso você se defronte com um grupo maior que 40 pessoas, já formado, a sugestão é que ele seja dividido em dois ou mais subgrupos, que farão roteiros diferentes ou a mesma trilha, mais com um intervalo mínimo de tempo calculado para que os grupos não se encontrem. Casos de grupos muito heterogêneos podem ser divididos também, adequando-se assim roteiros de diferentes graus de dificuldade, as diferentes condições dos subgrupos.
Para a maioria dos grupos, o número de condutores deve variar entre dois, para pequenos grupos (10 excursionista), a três (20 excursionista), para um grupo grande. A relação ideal é um condutor + um auxiliar para cada 10 (dez) excursionistas.
2.5 TÉCNICA PROFISSIONAL
Conduzir um grupo começa bem antes do primeiro passo da caminhada a ser dado. O condutor dispõe de certa técnica que ao mesmo tempo em que cumpre os procedimentos preliminares à atividade, o coloca como guia de fato do grupo, ou seja, o guia assume a sua posição de liderança.
Por mais adverso que seja o humor de seu grupo, existem dois argumentos, muito fortes, que devem ser sempre empregados para ganhar a confiança e a simpatia dos excursionistas; são eles a paciência e simpatia.
Cative seu grupo, sorria, seja atencioso, responda sempre que inquirido, seja paciente até com os menos aptos á atividade, estando sempre ligado a todos os indivíduos do grupo. Essa postura deve começar assim que você colocar os pés fora da cama e pensar: “Hoje vou conduzir um grupo”. É muito importante que essa simpatia e paciência sejam verdadeiras, que brotem de dentro, pois é isso que as pessoas percebem. Aqui, estamos falando em como, através de um sentimento, conseguir despertar o sentimento recíproco em seu grupo. Portanto frases decoradas e sorrisos plastificados estão descartados.
A idéia agora é fazer da apresentação a reunião para instruções iniciais, uma oportunidade para o guia se posicionar como profissional que liderará a atividade, em troca de segurança e informações. Uma possível seqüência de ações pode ser assim:
1º . Conclame o grupo disperso, a se reunir em circulo. Para isso conte com a ajuda dos demais guias para dar mais peso & chamada e orientar a formação. A formação de uma roda permitirá que os guias ao conversarem, falem igualmente para todos. É o inicio do processo democrático de conduzir o grupo, todos tem direito à mesma informação, de maneira bem transmitida. Por fim, o circulo permite que o diálogo coletivo seja também pessoal, na medida em que o guia pode olhar diretamente nos olhos dos guiados.
Essa forma de “diálogo” subjetivo é importante para a definição do guia como tal. Imagine um guia falando baixinho e olhando para o chão ou para o alto. Daria para os seus excursionistas sentirem firmeza?
2º. Proceda às apresentações dos guias.
Cada um dos condutores pode se apresentar ou um apresenta os demais, o uso de roupa diferenciada e em bom estado e eventualmente um crachá com seu nome contribuirão para essa apresentação de guias. É importante que além do seu nome, você mencione qual será sua função na caminhada.
3º. Esclareça ao grupo a atividade que irão desenvolver. É uma espécie de panorama geral do dia. Fale, por exemplo, o nome da caminhada, o tempo, a distância, o que tem de bonito, o que tem de desafio, onde vão parar para comer, algum objetivo especifico que desejem alcançar, etc.
Aqui o objetivo é “remotivar” o grupo para a caminhada. Com a sua descrição por alto das atividades (deixe os detalhes para a surpresa) o excursionista criará uma ilusão verdadeira sobre o que irá fazer. Isso acabará com idéias distorcidas sobre a atividade, que porventura já venham com o visitante e que poderá frustrá-lo ou desanimá-lo quando de sua não concretização. A imagem da atividade que você pintar, com suas atrações e desafios, é o que motivará os excursionistas a superarem com mais facilidade e objetivo as dificuldades da trilha e o cansaço do corpo.
A outra formação é a fila que obedece apenas a ordem dos guias atrás e na frente. É usada em estradas e estradinhas onde não há qualquer problema das pessoas andarem ao lado umas das outras.
É importante que o tipo de fila seja uma conseqüência natural e lógica do tipo de caminho percorrido. Essas definições de posição são cartadas fortes na definição dos papéis de guia e guiados.
5º. Esclareça-os sobre comportamentos na natureza.
É aqui que começa o lado ecológico da atividade. O visitante deve ser lembrado que:
a) Não deve deixar lixo nas trilhas ou locais de parada; todo o lixo gerado deve ser trazido de volta em sacos plásticos, bolsos de mochila ou da própria roupa. De um plástico de bala ao tênis que arrebentou, passando pela casca da laranja que ele chupou, tudo deve voltar.
b) Nada que pertença à natureza deve ser levado dali. Não se cata plantas, flores, cristais ou pedras, madeiras, animais, enfim, aquela única orquídea que falta na coleção do seu guiado, vai continuar faltando. Não é justo que alguns coletem plantas e outras coisas interessantes do parque, fazendo com que os futuros visitantes não possam admirá-los também.
Em relação aos fumantes, vale a pena lembrar que é muito bom evitar fumar numa caminhada, deixando o corpo mais forte e beneficiando-se do ar puro. Mas se a vontade for irresistível (dado ser um vicio) o fumante deve se encaminhar ao fim do grupo para que a fumaça do cigarro não incomode quem quer respirar. Após dar os toques de comportamento, fale de uma lema do montanhismo:
“DA NATUREZA NADA SE TIRA A NÃO SER FOTOGRAFIAS, NADA SE DEIXA A NÃO SER PEGADAS E NADA SE MATA A NÃO SER A SEDE”.
Conforme o tipo de envolvimento dos turistas do parque com as comunidades locais, esse é um bom momento para falar que respeito pela natureza inclui também respeito pelos hábitos culturais dos moradores da região. Atos como usar roupas escandalosas e consumir em público, ou passar drogas para os nativos não devem ser consumados em hipótese alguma.
6º. Fale ao seu grupo sobre o ato de caminhar. Pode parecer inútil, à primeira vista, falar sobre o ato de caminhar para um ser adulto. Afinal, andar é uma das primeiras coisas que aprendemos na vida. Mas para a maioria das pessoas da cidade, caminhar por um terreno irregular encerra alguns mistérios e requer uma dedicação toda especial. Isso ocorre porque uma pessoa normalmente urbana anda, desde que aprende, pisando em
superfícies regulares como calçadas, escadas, e pisos quase sempre planos a antiderrapantes. Na hora de descer um barraco ou simplesmente trafegar por uma trilha irregular com raízes, pedras, buracos ou lama, as pessoas vêem-se com problemas. É ai que um esclarecimento de como andar pode ser útil.
As principais dicas que podem ser dadas são as seguintes:
1 - Preste muita atenção ao relevo do chão;
2 - Procure estudar, em cada passo, onde é a melhor posição, para colocar o pé;
3 - Pise com firmeza;
4 - Procure dar passadas regulares e mantenha o corpo em equilíbrio; e
5 - Respire com ritmo e profundamente, inspirando pelo nariz e expirando pela boca.
O exercício físico é uma atividade que consome muito oxigênio diretamente nas células dos músculos. Esse oxigênio entra no corpo através do pulmão. Por isso é importante respirar fundo e com ritmo, principalmente em subidas onde a velocidade deve baixar e a cada passada devese respirar uma vez. (é um segredo para subir se cansando o mínimo possível).
As pessoas que estão acostumadas a caminhar em trilhas dão uma rápida olhada para o chão e avaliam as irregularidades do terreno. Dai por diante o cérebro comanda os movimentos das pernas e pés para se ajustarem ao terreno, sem que isso exija uma atenção consciente. A pessoa pode estar olhando a paisagem ou pensando alto e andando sem tropeçar.
Quem começa a caminhar sem experiência, não consegue fazer isso logo e tem que prestar atenção ao chão, mesmo que no fim, se perguntado sobre o que achou da caminhada, esse responder: “Linda, era toda marrom e cheia de folhas secas...” (só olhou para o chão!).
7º.Cheque o equipamento do pessoal.
Consiste em verificar se o grupo está portando os itens indispensáveis à caminhada, como lanche, agasalho, mochila própria, cantil, etc... Isso é feito mediante perguntas tipo: Quem trouxe isso? Quem está sem aquilo?
Não comece a revistar mochilas, pois isso dá a péssima impressão que você não confia em seu grupo (mesmo que você não confie). É claro que você não vai, obrigatoriamente, fazer voltar ou impedir que façam a trilha os que não tiverem tudo em cima, mas poderá avaliar se no todo o grupo tem o mínimo de coisas indispensáveis; por exemplo, se metade não tem lanternas, podese fazer cada dois usando uma luz. Em uma outra situação você não deverá permitir que um excursionista vá sem estar levando um agasalho se na região fizer um frio muito intenso quando o sol se põe. Nessa checagem rápida, ainda dá para salvar alguma coisa como os que estão trazendo o que precisam, mas deixaram no carro ou ônibus que ainda está porventura, estacionado próximo. Use o seu bom senso e sensibilidade para decidir o que fazer se os equipamentos não estiverem 0K.
Em contrapartida a verificação do equipamento do pessoal, você deve explicar o que está levando consigo e onde eventual ou certamente será usado. Naturalmente a corda, por exemplo, chama muita atenção e desperta a curiosidade dos participantes. Não se esqueça de dizer que você está com um completo estojo de primeiros socorros, e que pode e deve ser solicitado medicamentos e cuidados a qualquer instante.
Aproveitando a forma de circulo, feche a reunião com uma numeração para facilitar a conferência do grupo durante a caminhada.
Comece falando “um” e cada um diz o próximo número até fechar com o outro guia que estará ao seu lado e falará o último número. Recomendo que esse número seja mantido na memória até o fim da caminhada. Obviamente grupo não deverá caminhar na ordem numérica.
Essa reunião informativa deve durar entre 5 e 15 minutos e não mais do que isso, pois no início de um dia de caminhada sempre há uma grande ansiedade em começar logo a atividade por parte dos visitantes.
Todas essas informações e conselhos, faladas com desinibição, conhecimento e descontração são fortes instrumentos de definição de liderança para os guias.
2.6 AS TÉCNICAS DE CAMINHADA EM GRUPO
Imagine agora que nosso grupo está instruído, os guias bem definidos, um na frente e o último fechando e a fila indiana começa a andar.
O que vai acontecer? Se tudo ocorrer normalmente, após algum tempo de percurso haverá um espalhamento do grupo da seguinte forma: junto ao guia da frente o pessoal mais rápido; junto ao guia de trás o pessoal mais lento; e no meio do grupo um monte de gente perdida, sem ver os guias.
É normal que em um grupo heterogêneo, existam pessoas que andem mais rápido e pessoas mais lentas ou com maior dificuldade. Ocorre que a atividade é em grupo, ou seja, a velocidade final do grupo vai ser igual ou menor que a velocidade do andarilho mais vagaroso.
Não significa isso, que todos devam andar estritamente juntos. O grupo estica ao longo do tempo e se ajunta de novo pelo emprego de técnicas que veremos a seguir. Esse efeito de esticar e diminuir é conhecido como “efeito minhoca”. Vamos ver agora através de técnicas específicas, como lidar com caminhadas em grupo.
2.7.1 A COMUNICAÇÃO
Comunicação Guia - Excursionista:
*MOTIVOS:
1. Informações:
Que podem ser de caráter ilustrativo de ocorrências e fatos que valham a pena ser notados, informações de tempo de caminhada, cotas, previsões de chegada, entre outras.
2. Avisos:
Que são chamadas explícitas para uma ação ou atenção especifica, como tempo de permanência em paradas, momento de parar, de recomeçar a andar, aviso de perigos ou instruções de passagem, entre outros. Vejamos agora como fazer essas comunicações.
*FORMAS:
1. Reunião do grupo:
É usado principalmente para explicar algo interessante que exija presença de todos ao mesmo tempo. E importante observar o impacto sobre o ambiente dessas reuniões e ver onde pode e onde não deve ser feita.
2. Telefone sem fio:
Usa-se este método, que consiste em um passar a informação para o próximo, nas situações em que você não tenha abrangência vocal ou visual do grupo todo, mas que queira alertá-los de um buraco não muito perigoso, por exemplo, onde é recomendável mais atenção ao chão.
Comunicação Guia - Guia:
*MOTIVOS:
A comunicação entre os guias é muitíssimo importante, e é através dela que uma caminhada conduzida se define como uma atividade organizada. Entre os aspectos mais importantes, os guias devem comunicar-se para:
1. Verificação se a caminhada pode continuar:
Quando ocorre distanciamento das extremidades do grupo, faz-se necessário parar até chegar o último (efeito minhoca). Quando o último guia chega, é feita a comunicação se está tudo bem e se pode prosseguir.
2. Em casos de retardatários:
Se nesses momentos de comunicação houver alguém para trás, fora do grupo, é hora de dizer para o guia da frente esperar ali ou onde for conveniente.
3. Necessidade de parada breve:
É quando são identificados elementos isolados ou o grupo todo em estado excessivamente
cansado necessitando parar antes do local previsto para descanso. É muito importante os guias estarem atentos e ligados ao que cada excursionista está sentindo. Muitas pessoas por timidez, vergonha ou machismo não falam que não estão agüentando mais. Essa percepção do estado de cada um pode vir através de papos “desintencionados” análise do semblante e dos movimentos.
4. Alerta de Obstáculos à Frente:
Quando aparece um obstáculo na trilha (cobra, por exemplo) e é necessário o uso de alguma estratégia para transpô-lo, é útil que todos os guias se comuniquem para agirem e orientarem o grupo corretamente.
5. Necessidade de Auxílio:
Quando o grupo chega em algum lugar onde, prevista ou imprevistamente, haja necessidade de um guia auxiliar outro ou o grupo, mas fora de sua posição, faz-se necessário uma comunicação.
6. Necessidade de Socorro:
Quando é necessárias a atenção e presença dos guias em torno de uma urgência é feita uma comunicação rápida e precisa.
*FORMAS:
1. Dialogo Direto:
Quando seu grupo é pequeno, você pode nos determinados momentos em que se juntar comunicar-se falando diretamente com o outro guia. Mas se o grupo é mais que 15 ou 20 pessoas e nas paradas tenha que permanecer em fila indiana, você teria que berrar ou usar um megafone para ser ouvido pelo guia da outra ponta. Como esses dois métodos são descartados, existem outras formas de comunicação que veremos a seguir.
2. Sinais em ngulo de Visão:
É a técnica mais imediata, prática e eficiente. Funciona quando o guia da frente para em um local em que possa ver a todos e espera o grupo chegar. Sempre atento aos que estão chegando, para averiguar, inclusive, estado de cansaço do grupo. Os guias acabam ficando em ângulo de visão. Ai procede-se a uma troca de sinais com a mão ou os braços e a comunicação está feita. É claro que esses sinais tem que estar previamente combinados entre eles ou usada uma convenção internacional em comum acordo.
3. Apitos:
Usa-se principalmente em casos emergências para notificar o(s) outro(s) guia(s) instantaneamente antes dos momentos regulares de comunicações. Pode-se combinar também variações nos toques de apito para significar mensagens diferentes; como “ pare e espere” ou “venha cá imediatamente”, por exemplo.
4. Rádios Transmissores:
Usados com pelo menos duas unidades, é uma técnica moderna, segura e eficaz de comunicação que permite diálogo direto e imediato em qualquer sentido.
2.7 VELOCIDADE DE CAMINHADA
Como regra geral um grupo de caminhada é constituído por pessoas que não realizem treinamento continuo e específico para andar por trilhas irregulares deve andar DEVAGAR. Se esse grupo for muito heterogêneo ou formado por pessoas em má forma física sua velocidade de progresso deve ser menor ainda. Na prática, as velocidades de caminhadas são muito variáveis e alguns fatores importantes devem ser considerados na determinação da velocidade do grupo. São eles:
1 - Homogeneidade ou Heterogeneidade do Grupo:
Quanto mais homogêneo for o grupo, ou seja, formados por pessoas com a mesma capacitação física, os mesmos objetivos ou a mesma maneira de caminhar, por exemplo, maior a sua liberdade em acelerar a caminhada quando for conveniente. Já se o grupo for muito heterogêneo, ou seja, formados por pessoas com características muito diferentes entre si, certamente haverão pessoas que só consigam caminhar lentamente, obrigando o grupo a andar devagar pois de outra forma abria-se uma distância muito grande entre as pontas, assim como entre os outros elementos do grupo.
2 - Disposição Mental e Física do Grupo:
É uma medida de ânimo das pessoas em fazerem a caminhada lentamente ou rapidamente. Se um grupo está animado e em boa forma para uma caminhada em marcha acelerada, você pode e deve andar rápido, lembrando apenas que a caminhada pode ser muito mais do que ir correndo a uma cocheira e voltar. Não deixe de falar e mostrar coisas interessantes pelo caminho.
3 - Na Ida ou Na Volta.
É um fato que também determina a velocidade da caminhada. Geralmente as pessoas estão com mais energia na ida e mais desgastada na volta, determinando assim ir mais rápido ou mais devagar. Por outro lado, dependendo da trilha, na ida as pessoas podem querer ir mais devagar para apreciar melhor o que vêem pela primeira vez.
4 - Condição Física e mental do Grupo:
É uma medida de cansaço das pessoas como determinante principal da velocidade do grupo. O cansaço físico é o cansaço do corpo, que pode ser bem acentuado em algumas pessoas, enquanto que o cansaço mental é aquele que dá por exemplo, quando o indivíduo pensa: “não agüento mais subida” e olha para frente e vê outra daquelas subidas fortes igual às cinco últimas que ao vencê-las achou que já tinha pago ‘todos os seus pecados... O cansaço mental, em geral, é o que se manifesta com mais peso.
5 - Situação Geográfica:
É o ponto que se refere à condição de estar caminhando por uma reta, uma subida ou uma descida. Se essa subida ou descida é forte, moderada ou fraca. Nas subidas normalmente
Acontece como descritos no item “comunicação”, para fechar o distanciamento normal que ocorre (efeito minhoca) quando o grupo anda. São feitos em média a cada 10 minutos se você não tem visão do grupo ou a intervalos de 30 minutos se você pode acompanhar visualmente se a caminhada vem ocorrendo sem problemas.
2 - Paradas Para Descanso:
São paradas importantes, quando o pessoal recompõe as forças para seguir adiante. Há uma parada principal, onde há uma grande atração, como por exemplo o local onde se pode nadar, quando se fica mais tempo: no mínimo 30 minutos e no máximo por volta de 2 horas. A outras paradas para descanso são curtas, de 3 à 10 minutos, somente para recobrar o fôlego e não devem deixar esfriar os músculos pois senão fica muito mais difícil retornar a caminhada.
O intervalo de tempo entre essas paradas é muito variável, devendo ser levado em conta muitos fatores, como na determinação da velocidade do grupo. Em linhas gerais, o grau de solicitação física, o clima, se é no inicio do dia, se é na ida ou na volta ou o preparo do grupo são fatores que indicam quando parar descansar. Indícios mais imediatos como a medida do tamanho da língua de fora, do suor correndo em bicas, das súplicas para parar, ou ver o seu grupo parar lá atrás ajudam muito na decisão de parar para descansar.
Procure estar avaliando o tempo todo o estado físico e psicológico do seu grupo e antes de sair de um descanso pergunte a todos se estão bem e se podem prosseguir a caminhada. Se ainda houver alguém muito cansado, com respiração muito ofegante ou coração acelerado, espere mais. Nas paradas para descanso, lembre-se que o último a chegar também tem direito a um tempo de descanso, independente dos primeiros já estarem a meia hora esperando e descansados.
3 - Paradas para Alimentação:
Preferencialmente as paradas para refeições devem coincidir com a parada mais longa, para dar tempo de as pessoas descansarem antes de reiniciar a caminhada com estômago cheio.
Quando a parada preferencial para comer estiver demorando a chegar e a turma apresentar sinais de fome pelo avanço da hora, pode ser estimulado o consumo de alguma coisa leve e energética durante as paradas de descanso
4 - Paradas para Explicações:
Dentro do espírito do turismo ecológico, a caminhada não é só andar e andar como uma locomotiva puxando seus vagões. É preciso dar muitas explicações ao longo da trilha, rechear o passeio de informações interessantes como histórias, aspectos ecológicos, curiosidades que você saiba sobre plantas, animais ou minerais entre outros. Essas explicações geralmente pedem uma parada breve, tempo suficiente para dá-las. Deve-se programar para coincidir o
máximo possível as paradas para informações com as paradas para juntar o grupo, para que não se fique andando e parando a todo instante como um carro rateando.
5 - Paradas Cênicas:
São paradas para observar algo notadamente belo. É um dos motivos pelo qual se está ali, portanto são muito importantes. Sempre que possível, devem coincidir com as paradas para descanso e alimentação.
6 - Parada Por Forças de Obstáculos:
São paradas obrigatórias, onde uma passagem critica como uma descida com corda ou uma travessia de rio por exemplo, onde se gasta muito tempo para passar de um em um, faz com que cada elemento espere um longo tempo parado, antes ou depois do obstáculo. É necessário nesses pontos instruir o grupo para comportamentos específicos, adequados à situação. Exemplos disso, é avisar a existência de abismos, pedir para não tentarem apressar tomando iniciativas próprias para descer ou atravessar o rio, etc... Em qualquer caso, algum guia deve permanecer atento ao grupo.
7- Paradas para Socorro:
São paradas obrigatórias para atender a uma ocorrência qualquer, como prestação de primeiros socorros, confecção de macas, etc.
O tratamento deve ser o mais rápido possível, pois quanto mais tempo para ser tratado, mais preocupante é para o grupo a situação da vitima. E isso deprime psicologicamente o grupo.
Qualquer que seja o motivo da parada, a atenção sobre o grupo deve permanecer continua.
2.9 ORDEM DE CAMINHADA
Determinar quem vai a frente e quem vai atrás do grupo além dos guias, é claro, é uma tarefa difícil e delicada. Normalmente não se muda a ordem natural que se estabelece entre os participantes. Mas há casos nos quais você precisa “intervir cirurgicamente” no grupo e mudar a ordem dos caminhantes . Isso altera o resultado!
Por exemplo, se no fim de uma trilha, já voltando, um ou um grupinho é sempre identificado como os retardatários do grupo. Se essa demora está sendo muito grande, basta você colocar os mais lentos à frente, que dois fatores positivos passam a correr:
1º. Quem está na frente tende a ficar cada vez mais para trás. Isso colabora para igualar a velocidade dos participantes.
2º. Se os mais lentos estão à frente, não será preciso fazer parada para esperar, o que dá a sensação de estarem todos indo mais rápido.
O conceito também se explica para pessoas debilitadas, que apresentem cansaço acentuado, machucados, pessoas inseguras ou traumatizadas que na frente do grupo e junto ao guia terão mais atenção, neutralizando seus problemas.
2.10 ÉTICA PROFISSIONAL:
A ética em caminhadas tem vários aspectos a considerar:
* Ética Entre os Condutores:
Os guias têm que se respeitarem mutuamente, não tomarem decisões contraditórias e em caso de discrepância, devem resolver isso em particular. Divergências em tom de briga ou discussão de guias em plena caminhada é muito feio e desmoraliza a função líder. É aconselhável que a equipe de guias seja de ‘gênios e idéias compatíveis.
Da mesma forma guias mulheres devem ser respeitadas e consideradas sem discriminação alguma. Não só elas tem praticamente as mesmas capacitações que o homem, perdendo apenas em força física, mas que é amplamente compensado pelo fato de terem um canal de comunicação de ida e volta com a porção feminina dos grupos (que são a maioria dos excursionistas, segundo as estatísticas de participação homem/mulher). Nesse ponto elas são, muito mais eficientes do que os homens. As mulheres do grupo nunca se abririam em seus sentimentos e necessidades com os guias homens quanto o fazem com as guias. Cabe lembrar que mulher que se torna guia pode perfeitamente manter a graça da feminilidade. São coisas compatíveis
* Respeito com o Guiado:
Ao falar ou se referir a seus excursionistas, mantenha sempre o respeito. E só respeitando que podemos ser respeitados.
Quando falamos em respeito, não estamos dizendo submissão, abaixar a cabeça aos seus guiados, de fazer-lhes todas as vontades e caprichos. Há uma linha bem clara que divide o respeito da submissão.
* Igualdade:
“Todos os participantes tem direito de serem guiados de forma igualitária”. Infelizmente não ocorre sempre assim. É inadmissível mas há “guias” que dão mais atenção à algumas pessoas preferencialmente dentro do grupo. Essas “elites” podem ser amigos participando, “aquela(e)” belezinha que você olhou e se amarrou, mas nada disso é motivo que justifique guiar melhor uns, preterindo a outros. O uso da posição de destaque do guia para influenciar as pessoas em caráter pessoal é uma ação bastante vulgar e baixa. E ainda pior é que o resultado final é péssimo, uma vez que isso fica patente e você terá o grupo todo com péssimo juízo a teu respeito como guia.
normas de segurança dos conceitos de mínimo impacto e cuidado com a natureza. Não é bom fazer coisas ou ir aos locais onde aos guiados seja proibido, para simples diversão.
2.11 Os 10 Mandamentos do Condutor de Ecoturismo
Jamais leve um grupo a locais e trilhas onde nunca tenha estado antes e que não conheça muito bem;
Habitue-se a manter bom condicionamento físico, além de praticar bastante as habilidades que aprendeu no curso de monitoria ambiental;
Procure transmitir segurança e equilíbrio emocional ao grupo de visitantes, utilizando o bom senso em qualquer situação, mantendo a calma e controlando o grupo em situações de risco ou emergência;
Procure o consenso em situações onde haja conflito, respeitando e tratando a todos com cortesia; acolha opiniões e sugestões, mas seja firme em ações que envolvam a segurança do grupo;
Evite dar ordens, oriente e busque a cooperação de todos;
Controle suas reações, pense bem antes de emitir uma opinião de responsabilidade;
Evite responsabilidades que sejam atribuições de outras pessoas ou de instituições;
Evite crítica a qualquer pessoa;
Evite demonstrar simpatia excessiva ou sentimento de animosidade por qualquer membro do grupo, seja profissional;
Conheça e respeite a legislação e as regras concernentes às unidades de conservação, às outras áreas de visitação e à sua atividade.
2.12 Princípios de Conduta Consciente em Ambientes Naturais
O texto a seguir, foi elaborado com o objetivo de divulgar para os visitantes os princípios de mínimo impacto nas atividades realizadas nos mais diversos ambientes naturais do País, podendo subsidiar a prática da monitoria ambiental.
1. Planejamento é fundamental
- Entre em contato prévio com a administração da área que você vai visitar para tomar conhecimento dos regulamentos e restrições existentes.
- Informe-se sobre as condições climáticas do local e consulte a previsão do tempo antes de qualquer atividade em ambientes naturais.
2. Você é responsável por sua segurança
- Salvamento em ambientes naturais é caro e complexo, podendo levar dias e causar grandes danos ao ambiente. Portanto, em primeiro lugar, não se arrisque sem necessidade.
- Calcule o tempo total que passará viajando e deixe um roteiro de viagem com alguém de confiança, com instruções para acionar o resgate, se necessário.
- Avise a administração da área que você está visitando sobre a sua experiência, o tamanho do grupo, o equipamento que estão levando, o roteiro e a data esperada de retorno. Estas informações facilitarão o seu resgate em caso de acidente.
- Tenha certeza de que você dispõe do equipamento apropriado para cada situação. Acidentes e agressões à natureza em grande parte são causados por improvisações e uso inadequado de equipamentos. Leve sempre lanterna, agasalho, capa de chuva e estojo de primeiros socorros, alimento e água, mesmo em atividades com apenas um dia ou poucas horas de duração.
3. Cuide das trilhas e locais de acampamento
- Mantenha-se nas trilhas pré-determinadas, não use atalhos que cortem caminhos. Os atalhos favorecem a erosão e a destruição das raízes e plantas inteiras.
- Mantenha-se na trilha mesmo se ela estiver molhada, lamacenta ou escorregadia. A dificuldade das trilhas faz parte do desafio de vivenciar a natureza. Se você contorna a parte danificada de uma trilha, o estrago se tornará maior no futuro.
- Acampando, evite áreas frágeis que levarão um longo tempo para se recuperar após o impacto. Acampe somente em locais pré-estabelecidos, quando existirem e pelo menos a 60 metros de qualquer fonte de água.
- Não cave valetas ao redor das barracas, escolha melhor o local e use um plástico sob a barraca.
- Bons locais de acampamento são encontrados, não construídos. Não corte nem arranque a vegetação, nem remova pedras ao acampar.
4. Traga seu lixo de volta
- Ao percorrer uma trilha ou sair de uma área de acampamento, certifique-se de que elas permaneçam como se ninguém houvesse passado por ali. Remova todas as evidências de sua passagem. Não deixe rastros!
- Não queime nem enterre o lixo. As embalagens podem não queimar completamente e animais podem cavar até o lixo e espalhá-lo. Traga todo o seu lixo de volta com você.
- Utilize as instalações sanitárias que existirem. Caso não haja instalações sanitárias (banheiros) na área, cave um buraco com 15 (quinze) centímetros de profundidade a pelo menos 60 (sessenta) metros de qualquer fonte de água, trilhas ou locais de acampamento, em local onde não seja necessário remover a vegetação.
5. Deixe cada coisa em seu lugar
- Não construa qualquer tipo de estrutura, como bancos, mesas, pontes, etc.. Não quebre nem corte galhos de árvores, mesmo que estejam mortas ou tombadas, pois podem estar servindo de abrigo para aves ou outros animais.
- Resista à tentação de levar “lembranças” para casa Deixe pedras, artefatos, flores, conchas etc., onde você os encontrou, para que outros também possam apreciá-los.
- Tire apenas fotografias, deixe apenas leves pegadas e leve para casa apenas suas memórias.
6. Não faça fogueiras
- Fogueiras matam o solo, enfeiam os locais de acampamento e representam grande causa de incêndios florestais.
- Para cozinhar, utilize fogareiro próprio para acampamento. Os fogareiros modernos são leves e fáceis de usar. Cozinhar com fogareiro é muito mais rápido e prático que acender fogueira.
- Para iluminar o acampamento, utilize um lampião ou uma lanterna em vez de uma fogueira.
- Se você realmente precisa acender uma fogueira, utilize locais previamente estabelecidos e somente se as normas da área permitirem. Mantenha o fogo baixo, utilizando apenas madeira morta encontrada no chão. Tenha absoluta certeza de que sua fogueira está completamente apagada antes de abandonar a área.
7. Respeite os animais e as plantas
- Observe os animais à distância. A proximidade pode ser interpretada como ameaça e provocar ataque, mesmo de pequenos animais. Além disso, animais silvestres podem transmitir doenças graves.
- Não alimente animais. Os animais podem acabar se acostumando com comida humana e passar a invadir os acampamentos em busca de alimento, danificando barracas, mochilas e outros equipamentos, além de modificar seus hábitos alimentares.
- Não retire flores e plantas silvestres. Aprecie sua beleza no local, sem agredir a natureza e dando a mesma oportunidade a outros visitantes.
OCONDUTOR DETURISMODE AVENTURA
A competência – conceito estabelecido na NBR 15285 - do condutor tem como finalidade gerar resultados. Ela está ligada a sua capacidade de mobilizar, desenvolver e aplicar conhecimentos, habilidades e também atitudes.
3.1 Conhecimentos, Habilidades e Atitudes do Condutor
O foco de nosso trabalho está diretamente conectado à satisfação de nossos clientes, lembrando de zelar pela segurança de todos e respeitar o meio e a cultura do local onde praticamos nossas atividades. Esse é o princípio básico que vem nos orientando a buscar conhecimentos mínimos sobre o ambiente e sua dinâmica. Também nos coloca como líderes frente a um grupo de pessoas, o que exige habilidades para melhorar nosso relacionamento com os outros e com o meio. Assim, nossas atitudes devem condizer com os conhecimentos e habilidades necessários a realizar essa grande empreitada: conduzir um grupo de pessoas numa atividade do Turismo de Aventura. A condução, ou melhor, a liderança não é um assunto trivial, é complexo, requer bom senso, atenção e melhoria contínua de nossas competências.
Existem tratados enormes sobre a atuação de um líder e se desejássemos colocar aqui uma lista de atributos necessários, ocuparíamos diversas páginas.
De qualquer maneira, além dos conhecimentos técnicos, é preciso que saibamos lidar com pessoas, trabalhando em conjunto e jamais nos esquecendo de que cada indivíduo possui seus valores, suas filosofias, suas dificuldades, suas expectativas e sua forma de viver.
3.1.1 Papel do Condutor
Um condutor adequadamente capacitado faz a diferença, pois ele está apto a:
- Conduzir os clientes de forma a respeitar e cumprir a legislação específica das regiões em que atua, bem como dos esportes e atividades praticadas;
- Prestar atendimento e serviços de qualidade, orientando o grupo de modo adequado em cada uma das etapas e situações do trabalho, e relacionando-se de forma saudável com todos;
- Assegurar o bem-estar e a segurança física e emocional do cliente, gerenciando perigos e riscos;
- Prevenir riscos ambientais e sociais decorrentes das atividades, sensibilizando e orientando o grupo sobre a importância da conservação do meio ambiente e o respeito às comunidades locais.
Assim, precisa ter claro qual é o seu papel e como desempenhá-lo de forma adequada a fim de fazer a diferença” e encantar os clientes no transcorrer do seu trabalho.
Relacionamento afetivo: seja cortês, educado, atencioso e gentil, mas evite intimidades ou relacionamentos exclusivos com os clientes;
- Situações constrangedoras: os clientes podem se sentir mal durante as atividades ou passar por momentos difíceis, o condutor deve apoiá-lo e incentivá-lo a sair da situação ajudando no que for possível e determinando que o grupo se ajude;
- Linguagem e forma de tratamento: devem ser apropriados a cada pessoa, evitando gírias, palavrões ou expressões de conteúdo malicioso.
3.2 Conhecimento sobre Relacionamentos Humanos
Ressaltamos que boa parte das atitudes necessárias às boas práticas na condução de TA refere-se à nossa capacidade de comunicação e ao bom relacionamento entre pessoas, já que, via de regra, seremos os líderes desses grupos.
Nunca devemos exercer a liderança de forma autoritária, ou seja, impondo nossa posição sobre os demais. Talvez possamos exercê-la de forma democrática, dividindo as responsabilidades com o grupo e conduzindo-o de forma a atender os anseios da maioria. Mas, certamente, devemos desenvolver nossa liderança de forma sociocrática, ouvindo a todos, mediando os conflitos existentes entre as diversas opiniões e fazendo com que todos compreendam e tomem o caminho do consenso.
Em uma aventura em grupo, é necessário que todos trabalhem como uma equipe. Assim, o grupo independe de sua natureza, da formação dos indivíduos, faixa etária e outras características individuais.
Esse será o momento inicial de qualquer atividade de aventura. É importante lembrar que no contexto do projeto de normalização, temos uma norma que estabelece as informações mínimas4 a serem passadas aos clientes. Essas informações devem ser passadas antes da atividade, ou seja, no momento da venda do serviço. É o que chamamos de informações preliminares. Isso nos ajudará no princípio da atividade, quando algumas informações serão reforçadas. O êxito do trabalho em equipe depende muito dessas preliminares e do momento inicial da atividade.
3.2.1 Como Conduzir o Grupo I – Preparação
Grupo
Um grupo no Turismo de Aventura não é apenas um amontoado de pessoas fazendo atividades juntas, mas sim pessoas que se reúnem por um determinado período de tempo para alcançar metas específicas, de modo integrado.
Dessa forma, além dos conhecimentos técnicos, o condutor precisa saber lidar com pessoas trabalhando em conjunto e jamais esquecer que cada uma delas possui seus valores, sua filosofia, dificuldade, expectativas e forma de viver.
Fases de Atuação
Para conduzir um grupo de clientes de forma adequada, a atuação do condutor será focada em três fases fundamentais: preparação, desenvolvimento e encerramento. Cada uma delas possui suas características e atividades específicas.
Fase 1 – Preparando-se para Começar
Esta primeira fase é composta pelo planejamento do trabalho e pela preparação do grupo. Vejamos cada um deles separadamente.
Planejamento
É através dele que o condutor prepara os objetivos e planos de ação para garantir o êxito no cumprimento das metas, além de servir também para avaliar o progresso do trabalho e elaborar relatórios no encerramento.
No plano de ação constam:
• Objetivo(s) a atingir, para dar a direção correta ao trabalho.
• Rotas e atividades que atendam aos objetivos.
• Escolha e preparação de itinerários, considerando o local de operação e sua
• infra-estrutura disponível (equipamentos apropriados, planos de emergência, seguro etc.).
• Materiais e equipamentos a serem utilizados.
• Alternativas e estratégias para os casos de condução de grupos sob mau tempo, conduta inadequada por parte de clientes, indisposições físicas e psicológicas ou outros aspectos inesperados.
• Medidas em caso de emergência, como por exemplo, plano para remoção de vítimas, rotas e caminhos alternativos, registro de incidentes para mapeamento dos riscos etc.
Preparação do Grupo
Esta preparação é de fundamental importância para o sucesso do trabalho, pois é nela que se estabelece a forma de funcionamento do grupo durante as atividades. Você precisa lembrar que, embora queiram participar das atividades, os integrantes do grupo, nos momentos iniciais, podem ter incertezas, desconfiança e até mesmo medo do que poderá ocorrer durante a atividade.
Portanto, preparar o grupo significa:
1. Recepcionar, dando boas-vindas aos clientes e dizendo da satisfação em recebê-los para a realização da atividade do Turismo de Aventura.
2. Apresentar a si mesmo e a empresa a qual pertence, sempre discorrendo sobre a experiência de ambos. Isso dará maior credibilidade e confiança aos clientes.
3. Integrar os participantes do grupo a fim de promover os primeiros contatos e facilitar o relacionamento entre eles.
4. Esclarecer o(s) objetivo(s) e a duração da atividade.
5. Conhecer as expectativas, interesses e possíveis preocupações dos participantes com relação ao trabalho. Caso tenham alguma motivação especial, verificar se essa necessidade pode ser atendida através da participação nas atividades do Turismo de Aventura.
6. Esclarecer o seu papel, explicando suas responsabilidades e modo de ação, além de esclarecer o que se espera de cada integrante do grupo.
7. Estabelecer os contratos de convívio, proporcionando aos participantes diretrizes sobre como trabalharem juntos.
8. Obter compromisso do grupo quanto aos contratos de convívio e demais instruções, assegurando que os objetivos sejam atingidos.
No transcorrer dessa preparação é muito importante que você fique atento às reações dos clientes, mantendo-se sempre aberto a perguntas, além de tirar todas as dúvidas que por ventura surgirem.
Quando um grupo está em ação muitas variáveis precisam ser trabalhadas pelo condutor, a fim de que os objetivos dos clientes sejam atingidos e suas expectativas, superadas. Portanto, as três fases necessárias para a condução do grupo (preparação, desenvolvimento e encerramento) precisam ser desenvolvidas de forma adequada e competente. O planejamento e a preparação do grupo são fundamentais na primeira fase.
3.2.2 Como Conduzir o Grupo II – Liderança
A liderança do condutor ocorre tanto nas atividades a serem realizadas quanto no relacionamento das pessoas do grupo Isso o levará a influenciar as pessoas a agirem da direção certa e na forma adequada de atingir os objetivos estabelecidos, pois liderar significa assumir uma posição de responsabilidade para dirigir e coordenar todas as atividades, assim como para influenciar os relacionamentos e o clima do grupo.
1) Processo de Interação Grupal
O processo de interação grupal ocorre quando as pessoas estão reunidas e começam a se relacionar para a realização das atividades. Desse modo, as relações interpessoais se desenvolvem em decorrência do processo de interação.
As pessoas são diferentes umas das outras e a forma como elas se comunicam e se relacionam é que vai determinar o chamado “clima do grupo”.
Quando um grupo de pessoas está reunido para atingir algum objetivo conjunto, ocorre o que chamamos de processo de interação grupal, ou seja, os participantes vivenciam diversas situações ao realizarem as atividades e ao se relacionarem entre si.
Embora na fase de preparação do grupo o condutor já esteja desempenhando a função de líder, é nesta fase que sua liderança se estabelece de forma mais clara e decisiva.
2) Liderança de Grupos
Liderar grupos significa inspirar e influenciar o grupo a agir na direção certa e na forma adequada de atingir os objetivos estabelecidos. Significa assumir uma posição de responsabilidade para dirigir e coordenar todas as atividades, assim como para influenciar os relacionamentos e o clima do grupo.
Durante o desenvolvimento da atividade do Turismo de Aventura, a liderança do condutor se estabelecerá em dois níveis: atividade e relacionamento interpessoal.
3) Liderando as Atividades
A liderança das atividades se refere a dirigir e coordenar todas as tarefas, levando os clientes a atingirem suas expectativas. Para ter sucesso nesta liderança, caberá ao condutor:
a) Assegurar a satisfação, bem-estar e a segurança do cliente, da seguinte forma:
- Informar sobre as características genéricas das atividades, antes do seu início, recomendando alimentação, vestuário e equipamentos de segurança adequados à realização das atividades.
- Reforçar a importância da prevenção, o grau dos riscos e a existência de perigos na atividade oferecida.
- Estar atento às necessidades individuais, características do grupo e possíveis situações de emergência
- Aplicar primeiros socorros adequadamente a cada situação, quando necessário e de acordo com o permitido por lei.
b) Prevenir impactos ambientais e sociais decorrentes das atividades, da seguinte forma:
- Aplicar técnicas de mínimo impacto.
- Sensibilizar e orientar o grupo sobre a importância da conservação do meio ambiente e o respeito às comunidades locais.
c) Gerenciar riscos e acidentes:
Gerenciar riscos (ver glossário) é a atividade exercida pelo condutor para prevenir, minimizar e corrigir possíveis perdas. Envolve avaliação e análise de riscos e acidentes (ver glossário) (perigos), desenvolvendo e implementando medidas preventivas para remover ou controlar tais riscos.
Os riscos mais comuns nas atividades de Turismo de Aventura estão geralmente relacionados com a exposição às intempéries do meio ambiente e a modalidade da atividade.
Seguem alguns exemplos de atividades e os riscos que oferecem:
- Caminhada curta (de 1 dia): entorses nas articulações;
- Caminhadas de longo percurso: exposição prolongada a chuva, intermação, hipotermia, insolação (ver glossário), desidratação, dores físicas, diarreia;
- Técnicas verticais: escoriações, pânico de altura (acrofobia), quedas;
- Turismo Fora de Estrada: lesões provocadas por acidente automobilístico.
4) Liderando os Relacionamentos
As pessoas que compõem o grupo têm seus valores, suas filosofias e orientações de vida. Assim, o relacionamento interpessoal desenvolvido entre elas pode tornar-se e manter-se harmonioso e prazeroso ou, então, tender a tornar-se tenso e conflitivo. Em decorrência disso, o clima do grupo poderá variar desde sentimentos de bem-estar e satisfação até malestar e insatisfação.
Portanto, tratando de relacionamentos, a liderança do condutor será expressa de modo a influenciar comportamentos através da sua forma de motivar o grupo, administrar e ajudar a resolver conflitos e a tomar decisões acertadas.
3.2.3
Como Conduzir o Grupo III – Motivação
"O desejo de fazer é uma atitude mental, surge de dentro das pessoas. Em decorrência disso, a motivação é interna a cada pessoa, ou seja, vem de dentro para fora.”
"Cabe ao condutor entender os motivos que levam os clientes a fazerem o Turismo de Aventura e criar um ambiente no qual o desejo interno deles possa ser atendido."
Na fase de preparação do grupo, o condutor investigou as expectativas do turista e soube que ele, através das atividades de montanhismo, queria superar alguns medos.
Assim, o condutor criou condições seguras e estimulou o turista a atingir seus objetivos. Portanto, o condutor agiu de forma correta.
Saber quais os motivos levam um cliente a fazer o Turismo de Aventura ajuda o condutor a criar um ambiente no qual o seu desejo interno pode ser atendido, pois a motivação do cliente está relacionada com o desejo em realizar a atividade.
Por isso é muito importante que, antes de realizar o trabalho, o condutor conheça as expectativas de cada um dos clientes do grupo, verificando se poderão ser atendidas através da participação nas atividades do Turismo de Aventura.
Após conhecer as expectativas dos clientes, uma forma prática de você motivá-los é agindo de forma estimuladora. Aqui vão alguns exemplos:
- Dê objetivos e desafios concretos, mostrando que as pessoas fizeram progressos.
- Estimule e encoraje os participantes a atenderem suas próprias expectativas e a ultrapassar desafios, de forma responsável e segura.
- Tenha uma atitude positiva em relação à interação e trabalho do grupo, como por exemplo ajuda mútua para realização de uma determinada atividade.
- Mantenha as pessoas informadas e bem orientadas, principalmente em situações que possam trazer algum desconforto ou risco.
- Tolere erros, medos e incertezas das pessoas que ainda não dominaram totalmente uma atividade.
- Divida os aplausos, demonstrando reconhecimento pelas realizações, contribuições e superações individuais ou grupais.
3.2.4 Como Conduzir o Grupo IV – Administração de Conflitos
Se na primeira situação você assinalou a segunda e a terceira alternativas, acertou. De fato, o turista, por ser experiente e possuir senso crítico, estava exaltado e, em vez de apresentar seu ponto de vista, estava impondo sua vontade na “base do grito”. Isso é o que acontece na grande maioria das vezes.
Contudo, o conflito, em si, não precisa ser destrutivo. Dependendo da forma como é encarado e resolvido, funciona como um estimulador das mudanças pessoais e grupais
Levando isso em conta, o condutor precisará conversar com os envolvidos para levantar dados e compreender as razões que levaram ao conflito, para depois lançar mão de uma estratégia adequada de resolução. Portanto, se na segunda situação você assinalou a terceira alternativa, acertou.
A estratégia ganha/perde, que dá vantagens somente a uma das partes, não é a mais adequada para a resolução desse tipo de conflito.
Conflitos
As pessoas diferem na maneira de perceber, pensar, sentir e agir. As diferenças individuais, portanto, influenciam as relações interpessoais.
Num grupo, as diferenças individuais trazem naturalmente diferenças de opinião que podem conduzir a discussões, tensões, insatisfações e conflito aberto, ativando sentimentos e emoções que podem afetar a objetividade do trabalho e transformar o clima do grupo.
O conflito, em si, não precisa ser destrutivo. De um ponto de vista amplo, o conflito tem muitas funções positivas uma vez que funciona como um estimulador das mudanças pessoais e grupais.
O conflito é, digamos assim, uma trombada de idéias que, dependendo da maneira como é encarado, pode gerar uma solução muito criativa.
Ao condutor do Turismo de Aventura caberá, então, aprender a lidar com os conflitos e extrair o melhor deles. Tratar devidamente o conflito pode gerar satisfação ou mesmo realizar as necessidades das partes envolvidas.
As divergências entre as pessoas se fundamentam em diferenças quanto a valores e crenças, considerações sobre moral, concepções sobre justiça e julgamentos éticos. Assim, o condutor precisa primeiro, descobrir as possíveis causas do conflito e, a seguir, selecionar as melhores opções para a solução do problema.
No Turismo de Aventura, os conflitos mais comuns são aqueles relacionados a insatisfações e desistências na realização das atividades, atrasos do grupo por fatores psicológicos, físicos ou motores de um ou mais participantes e desentendimentos familiares.
Confronto Interpessoal
A melhor maneira de tratar um conflito, na tentativa de solucioná-lo ou controlá-lo, é a confrontação interpessoal, ou seja, a conversa direta entre as partes, para analisar as divergências existentes.
Uma confrontação permite:
- Aumentar o grau de franqueza entre as partes;
- Aumentar o comprometimento mútuo;
- Diagnosticar as causas do conflito;
- Elevar o controle sobre a qualidade do relacionamento entre as partes;
- Identificar alternativas para diminuir a gravidade do conflito;
- Aplicar os procedimentos adequados;
- Negociar.
Antes de iniciar o processo de resolução de conflitos, o condutor conversará particularmente com cada uma das partes, pedindo a elas que “desarmem o espírito” escutem o outro lado da questão sem interrupções e reconhecendo que o outro tem as razões dele.
3.2.5 Como Conduzir o Grupo V – Tomada de Decisão
É uma situação que ocorre quando o estado atual das coisas é diferente do estado desejado. No Turismo de Aventura a maior parte das decisões a serem tomadas se referem ao cancelamento de uma operação por problemas climáticos ou de segurança, por desobediência e por problemas comportamentais.
Passos para a Tomada de Decisão
Para haver uma tomada de decisão adequada são necessários alguns passos:
1 - Identificação das Causas
Diz respeito à exploração da situação e do ambiente, a fim de levantar informações e dados palpáveis. Refere-se à análise dos pontos positivos e negativos de uma determinada situação, conhecendo os riscos e oportunidades de decisão.
2 - Estabelecimento de Prioridades
Uma vez que o problema foi identificado, é preciso priorizar por onde começar, ou seja, definir a ordem em que as coisas devem acontecer.
Inicia-se aí um processo para se tomar uma decisão sobre qual das possíveis alternativas de ações ou Medidas Corretivas propostas será a melhor para o caso em questão, de forma a eliminar permanentemente a causa que deu origem ao problema.
Caso não se possa tomar a medida corretiva por qualquer razão (tempo, falta de infraestrutura etc.), é necessário pensar e escolher Medidas Provisórias de contemporização, que fazem ganhar tempo, enquanto se buscam as condições ideais para a eliminação definitiva do problema.
Levante algumas questões:
- Que conseqüências este problema poderá acarretar?
- Este problema necessita solução urgente?
- Permite a adoção de medidas provisórias?
- Qual a probabilidade de acontecer de novo?
3 - Escolha das opções - TOMADA DE DECISÃO
Selecionadas as ações ou medidas, podemos dizer que você já definiu a sua “estratégia de execução”, mas sem um planejamento adequado para colocá-la em prática, a solução estará condenada a um possível fracasso.
Problema pode ser entendido como algo que acontece num determinado instante, provocando um desvio da realidade (normalidade/padrão) e ocasionando efeitos indesejáveis preocupantes. Mediante essa situação ocorrerá uma tomada de decisão por parte do condutor.
No Turismo de Aventura a maior parte das decisões a serem tomadas se refere ao cancelamento de uma operação por problemas climáticos ou de segurança, por desobediência e por problemas comportamentais dos clientes.
As ações para resolução dos problemas podem ser corretivas e provisórias e, uma vez escolhidas, é necessário planejar sua execução com as pessoas que serão envolvidas na execução das tarefas, pois dessa forma sua decisão já nasce “comprometida” e “fortificada” pelas decisões e o consenso se estabelece para a Tomada de Decisão.
3.2.6
Como Conduzir o Grupo VI – Encerramento
Embora o condutor deva sempre realizar seu trabalho com dedicação e competência, a principal finalidade das atividades de encerramento será verificar a satisfação dos clientes, rastreabilidade de incidentes e realizar um processo de melhoria contínua nos serviços prestados. Isso garantirá a continuidade dos trabalhos e o aumento da segurança nas atividades, com a presença de novos e antigos clientes.
O final do trabalho do Turismo de Aventura será marcado por algumas atividades do condutor, com a finalidade de assegurar-se da satisfação dos clientes e ter um processo contínuo de melhoria dos serviços prestados.
Dessa forma, caberá ao condutor:
- Registrar as críticas (reclamações) e as sugestões dos clientes;
- Fazer análise da qualidade turística realizada, perguntando aos clientes sua opinião acerca das atividades, infra-estrutura e outros serviços prestados;
- Realizar a revisão dos equipamentos de segurança;
- Preencher o relatório de atividades, diário de incidentes e planos de emergência (caso ocorra);
- Discutir com a equipe de profissionais envolvidos com o trabalho os pontos fortes e fracos de toda a atividade, buscando melhoria contínua.
3.3 Habilidades Comportamentais do Condutor
Para o condutor ter sucesso no seu trabalho junto ao grupo de clientes no Turismo de Aventura, precisará desenvolver sua competência interpessoal, ou seja, sua habilidade de lidar com outras pessoas de forma adequada às necessidades de cada uma e às exigências da situação.
3.3.1
Percepção
A percepção é o processo de perceber, captar, sentir através dos sentidos o que é dito e o que não é dito, comportamentos, atitudes, expressões, sinais das pessoas e dos ambientes.
Percepção é a aplicação cuidadosa da mente a alguma coisa. Em termos gerais, a percepção pode ser descrita como a forma como vemos o mundo à nossa volta, o modo segundo o qual o indivíduo constrói em si a representação e o conhecimento que possui das coisas, pessoas e situações. Perceber algo ou alguém é captá-lo através dos sentidos e também fixar essa imagem.
O processo perceptivo inicia-se com a captação, através dos órgãos dos sentidos, de um estímulo que, em seguida, é enviado ao cérebro. A percepção pode então ser definida como a recepção, por parte do cérebro, da chegada de um estímulo, ou como o processo através do qual um indivíduo seleciona, organiza e interpreta estímulos.
É fundamental, por isso, que o condutor desenvolva cada vez mais sua percepção do que ocorre com o grupo de clientes e com o ambiente no qual se encontra, atentando-se sempre ao que vê, ouve e sente.
Isso o ajudará a entender as pessoas, liderar com eficácia, administrando conflitos e tomando decisões acertadas quando elas se fizerem necessárias. Enfim, a percepção apurada é a base fundamental para que o condutor desenvolva seu trabalho com competência.
3.3.2
Confiança
As pessoas buscam uma relação de confiança. Todos sabemos que confiança não pode ser decretada, é preciso que seja conquistada através da consistência entre aquilo que falamos e aquilo que praticamos.
A sabedoria milenar nos diz que é preciso compreender para ser compreendido. É preciso que todos nós reconheçamos o direito do outro de ser ele mesmo, de se expressar com autenticidade. Portanto, a empatia (capacidade que temos de nos colocar no lugar do outro, de ver pelo ponto de vista do outro) é uma base segura para o condutor lidar de forma eficaz com as diferenças individuais dos participantes do grupo.
3.3.3 Saber Ouvir
Uma das maiores dificuldades apresentadas pelo ser humano é a de trocar informações de forma eficaz, primeiramente porque existe uma grande diferença entre ouvir e escutar. Enquanto o primeiro refere-se à decodificação do som emitido, o segundo significa estar atento ao que foi falado, ou seja, ouvir com atenção e envolvimento.
Se o condutor demonstrar isso, encorajará os clientes a exprimirem seus sentimentos, idéias e opiniões, o que os levará a sentirem-se importantes e bem atendidos em suas necessidades. Além disso, saber ouvir ajudará o condutor a tomar decisões acertadas nos momentos em que elas forem necessárias.
Algumas atitudes ajudam o condutor a saber ouvir. São elas:
- Manter a atenção em quem fala: inclui a postura, movimentos do corpo, contato visual e interesse. Evitar distrações.
- Acompanhar e encorajar quem fala: permite que o outro fale sem interrupções. Perguntas na medida certa encorajam quem está falando.
- Retransmitir à pessoa o conteúdo, sentimentos e significado que está recebendo dela: ou seja, responder sem julgar, de forma concisa e objetiva, de modo pertinente ao assunto. A resposta deve resumir o que foi dito e acrescentar informações.
3.3.4
Comunicação
É a habilidade de expressar idéias, pensamentos e transmitir informações, com linguagem clara e objetiva. Comunicação é dialogar, trocar informações, entender o ponto de vista do outro, é transmitir uma mensagem, ou seja, compreender e ser compreendido, influenciar e ser influenciado.
Comunicação implica, portanto, num profundo processo de interação humana. O condutor necessita ser um bom comunicador, tanto para transmitir de modo eficaz o que deseja quanto para entender o que o grupo de clientes está, efetivamente, dizendo.
O processo da comunicação ocorre da seguinte forma:
- Emissor: quem emite a mensagem
- Receptor: quem recebe a mensagem
- Mensagem: conteúdo da informação
- Código: linguagem utilizada na mensagem
- Canal: forma ou meio de transmissão da mensagem
Existem dois tipos de comunicação, que se complementam: a verbal e a não-verbal.
3.3.4.1 Comunicação Verbal
A comunicação verbal, isto é, a comunicação oral e escrita, refere-se ao conteúdo da mensagem, ao que foi dito, às idéias proferidas por um encadeamento de palavras. Assim, é necessário que o condutor fale de forma clara e objetiva, de modo a proporcionar bom entendimento e interesse dos clientes nas atividades. Fazer verbalmente a descrição de um procedimento com uma série de etapas encadeadas também ajudará os clientes a terem um melhor entendimento sobre o assunto.
O entendimento da mensagem não ocorre, apenas, pela decodificação das palavras, ele está relacionado também à comunicação não-verbal.
3.3.4.2 Comunicação Não-verbal
A comunicação não-verbal está relacionada à forma, à maneira pela qual a mensagem é proferida. Sua importância reside justamente aí, pois ela pode tanto complementar quanto contradizer a fala e, conseqüentemente, aumentar ou diminuir o seu impacto e credibilidade. Ela é composta por vários elementos, que podem ser utilizados de maneira consciente ou inconsciente.
Conscientemente, sempre associamos algum, ou vários, dos elementos para reforçar a idéia que queremos transmitir; é o caso, por exemplo, de quando dizemos que algo é grande e acompanhamos a fala com as mãos e a abertura dos braços para dar a idéia exata de quão grande é o objeto.
Contudo, mesmo sem sabermos, os elementos não-verbais estão presentes em nossas mensagens, ajudando-nos ou não naquilo que desejamos transmitir:
- A Face: As diferentes expressões faciais produzidas durante a fala ou mesmo quando estamos quietos, dão veracidade ou não ao que queremos transmitir.
- Os Olhos: O olhar tem uma enorme capacidade de transmitir, ou trair, emoções e sentimentos. Através do olhar é possível transmitir medo, raiva, amor, insegurança, carinho, frieza, etc.
- A Voz: A maneira pela qual utilizamos a voz também influi na mensagem que transmitimos. Quando queremos acalmar alguém diminuímos o tom de voz e falamos mais pausadamente, ao contrário, se queremos pôr alguém em movimento, falamos mais alto e numa velocidade maior
- O corpo: O uso conjunto de movimentos e posições adotadas pelo corpo tem um impacto muito grande na mensagem que se deseja transmitir, ao ponto de que, se as palavras forem mentirosas, os gestos as denunciarão. É bom que o condutor aprenda a entender os sinais do corpo para melhor conduzir o grupo de clientes ao objetivo desejado.
3.4 Conhecimentos Técnicos do Condutor
A NBR 15285, que trata sobre as competências mínimas do condutor de turismo de aventura, destaca ainda a importância de temas como Cartografia, Meteorologia, Primeiros Socorros, Legislação e Educação e Interpretação Ambiental estarem incorporadas no cardápio de conhecimentos técnicos dos condutores.
Em cartografia, o condutor deve entender o que são mapas e cartas topográficas, entender sobre navegação e orientação através do uso da bússola, GPS e relógio. Em meteorologia é importante que o condutor compreenda conceitos sobre clima, tempo e previsões através de sinais naturais climáticos. Para isso, é indicado que o condutor busque aprofundar-se em literatura sobre os temas ou cursos específicos.
Além disso, um curso de primeiros socorros é de vital importância para o condutor de Turismo de Aventura. Saber o que fazer para socorrer um cliente acidentado, mas principalmente o que não fazer, para preservar e não complicar ainda mais as condições da vítima, em uma situação de emergência, pode fazer a diferença nas atividades de Turismo de Aventura.
No que diz respeito às questões ligadas à legislação, para o condutor torna-se imprescindível entender as relações entre o Turismo e o Direito. Questões como as atividades turísticas, as empresas, as relações contratuais, dentre outras, precisam estar amparadas pela legislação para garantir a implantação e/ou a expansão da prestação de serviços turísticos de qualidade, tanto sob o aspecto legal, quanto sob o aspecto motivador da prática de um Turismo seguro.
ELABORAÇÃO DEROTEIROS ECOTURÍSTICOS
Segundo orientações do Ministério do Turismo para elaboração de roteiros turísticos, o processo de roteirização turística de uma região possui caráter norteador que subsidia o fortalecimento das ações locais, presentes e futuras, podendo contribuir para o aumento do fluxo de turistas a um determinado destino, assim como para ampliar seu tempo de permanência e os gastos que realizam durante suas viagens.
Assim, entendemos por roteiro turístico, como sendo “ um itinerário caracterizado por um ou mais elementos que lhe conferem identidade, definido e estruturado para fins de planejamento, gestão, promoção e comercialização turística das localidades que formam o roteiro” (Ministério do Turismo, Programa de Regionalização do Turismo, 2007).
Com vistas à uniformização e difusão da linguagem técnica, relacionam-se a seguir alguns conceitos utilizados.
Atrativo turístico
Serviços e equipamentos turísticos
Infraestrutura de apoio ao turismo
Produto turístico
Região turística turísticos
Destino turístico
Destino indutor
Local, objeto, equipamento, pessoa, fenômeno, evento ou manifestação capaz de motivar o deslocamento de pessoas para conhecê-lo.
Conjunto de serviços, edificações e instalações indispensáveis ao desenvolvimento da atividade turística. Compreendem os serviços e os equipamentos de hospedagem, alimentação, agenciamento, transporte, eventos, lazer, etc.
Conjunto de serviços, edificações e instalações indispensáveis ao desenvolvimento da atividade turística. Compreendem os serviços e os equipamentos de hospedagem, alimentação, agenciamento, transporte, eventos, lazer, etc
Conjunto de atrativos, equipamentos e serviços turísticos acrescidos de facilidades, ofertados de forma organizada por um determinado preço
Espaço geográfico que apresenta características e potencialidades similares e complementares, capazes de serem articuladas e que definem um território.
Local, cidade, região ou país para onde se movimentam os fluxos turísticos.
Local que possui infraestrutura básica, turística e atrativos qualificados, capazes de atrair e distribuir significativo número de turistas para seu entorno, dinamizando a economia do território em que está inserido.
Compreendemos aqui que um atrativo turístico seja simplesmente o valor potencial de um dado local, objeto, equipamento, pessoa, fenômeno, evento ou manifestação, seja ele natural ou cultural, que, através de uma interpretação e combinação de outros valores, serviços e infraestrutura, poderá se transformar em um produto turístico.
Esse, por sua vez, é a soma de componentes materiais e imateriais que são percebidos pelos visitantes, a um determinado valor, como um conjunto de atrativos, serviços e infraestrutura do destino turístico.
4.1 Desenvolvendo Roteiros
Desenvolver produtos e roteiros turísticos significa “criar uma programação de visitas a um determinado local, combinando atrativos, equipamentos, informações e serviços, observando a infra-estrutura básica” (Creato, 2005).
Pode parecer simples, mas demanda planejamento, conhecimento do local visitado, interpretação do meio natural e cultural, articulação, foco no público alvo, preocupação com a formação do preço de venda e com o mercado consumidor.
Inicialmente, o desenvolvimento de produtos depende da determinação de quais as principais aptidões turísticas de sua região. As aptidões ou vocações facilitam o processo de desenvolvimento dos produtos e definem o que temos de melhor e mais original para apresentarmos ao mercado.
Para tanto, é necessário antes, identificar estas aptidões naturais e culturais usando as seguintes interpretações:
→ Quais as aptidões ou vocações do Destino turístico?
1 Cultural
2. Ambiental
3. Aventura
4. Estudos
5. Rural
→ Para quais atrativos em sua região você levaria um visitante?
TABELA DE ATRATIVOS AMBIENTAIS E CULTURAIS
DESCRIÇÃO CARACTERIZAÇÃO TIPO
Atrativo
Atrativo
Atrativo
Atrativo
Atrativo
Atrativo
Atrativo
Atrativo
Atrativo
Atrativo
Atrativo
Atrativo
Atrativo
Atrativo
Atrativo
Atrativo
Atrativo
Atrativo
Atrativo
Atrativo
Atrativo
Atrativo
Atrativo
Atrativo
Ambiental
Ambiental
Ambiental
Ambiental
Ambiental
Ambiental
Ambiental
Ambiental
Ambiental
Ambiental
Cultural
Unidade de Conservação REBIO, RPPN, PARQUE, APA
Montanha
Lagoa
Praia
Restinga
Costão Rochoso
Mirante
Ilha
Mata
Falésia
Monumento Religioso
Museu
Cemitério
Casario
Fazenda
Artesanato
Agroindústria
Ruínas
Biblioteca
Centro Cultural
Represa
Festejos
Comunidade Quilombola
Igreja, Catedral, Capela, Oratório, Santuário
Com base na tabela de atrativos turísticos, o quadro abaixo apresenta o nível de representatividade satisfatório ligados a cultura, natureza, gastronomia e demais serviços de agregam valor aos demais atrativos disposto dentro do destino turístico.
REPRESENTATIVIDADE
Cultura Autêntica e Rica
Natureza Preservada
Alimentação
Agregação de Valor
INTERPRETAÇÃO
Identificar história, patrimônio, folclore, manifestações artísticas,artesanato, eventos e costumes locais.
Buscar parques, reservas naturais, praias, rios, lagos, montanhas e matas em condições especiais.
Gastronomia genuína e de qualidade, geralmente oferecida em conjunto com os serviços de hospedagem em estabelecimentos adequados que considerem a manipulação segura de alimentos e a higiene.
Buscar atividades, serviços, valores e outros atributos que aumentam a atratividade do destino (incentivo à pesquisa, promoção do conhecimento, responsabilidade social e valorização da cultura local).
4.1.1 Interpretação dos Atrativos Turísticos
Interpretar é fornecendo informações sobre os lugares visitados e também estimulando o olhar, provocando a curiosidade levando assim o turista a descobrir toda a magia do lugar (Cardozo, 2007).
A interpretação dos atrativos turísticos - ou do patrimônio cultural e ambiental - visa otimizar o produto turístico, agregando valor e levando ao visitante uma experiência única através da revelação do atrativos ecoturísticos dôo local visitado.
Interpretar um patrimônio cultural ou natural significa dar nova força, restituir à vida e, no nosso caso, com muita originalidade e adequação mercadológica, pois muitas vezes um produto turístico pode não ter sido comercializado da forma correta e por este motivo não está sendo operado. Saber acessar o mercado é um dos principais desafios do turismo brasileiro (Creato, 2005).
Interpretar é o processo de adicionar valor à experiência de um lugar, por meio de informações e representações que realcem sua história e suas características culturais e mbientais.
Através da interpretação, compreendemos quem somos e qual o valor de nossos patrimônios, valorizamos nossa cultura e natureza e percebemos a real importância de proteger nossa terra e nosso povo.
A interpretação busca o entendimento da história daquele lugar, transformando o que está sendo visto em algo de valor perceptível, valorizado, mágico, de vivências e experiências reais.
Resgatar a história do lugar, proporcionar um momento do entendimento e vivência adequada da natureza e da cultura local é remontar, reviver e contar, de forma inusitada, o que temos de melhor.
A informação é o maior valor agregado do Produto Turístico, principalmente aquela que une história, cultura e natureza. Um bom exemplo de como a informação agrega valor ao produto é através do trabalho dos condutores locais e da correta instalação de sinalização turística.
4.2 Roteiros Ecourísticos
Os Roteiros são aqueles que abordam temas específicos, identificando e combinando as principais potencialidades do ambiente natural e cultural de uma região, interpretando-as, combinando-as e transformando-as em produtos turísticos comercializáveis.
4.2.1 Roteiros de Interesses Específico
Cada Roteiro possui uma lógica que orienta o arranjo e a combinação das atividades e serviços. Exemplos:
O Roteiro Ecocultural possui a característica de ser mais eclético. É um roteiro capaz de agradar públicos diversificados, dispostos a viagens com atividades temáticas, que não exigem esforços físicos intensos. Este envolve leves caminhadas por centros históricos, visitas a fazendas, refeições típicas além de oficinas de arte, artesanato e compras. As atividades de natureza e aventura são colocadas como atividades opcionais.
O Roteiro de Natureza possui uma característica mais despojada. Inclui passeios que chegam a um dia inteiro com caminhadas e possibilidades de atividades de natureza e aventura. Este é direcionado a pessoas com disposição física e interesse pelo convívio respeitoso com a natureza. Por essa razão, este Roteiro atrai um público mais específico. As Atividades
Opcionais podem oferecer atividades rurais, ou mesmo outras opções de atividades ao ar livre, além de algumas opções de compra e caminhadas urbanas.
4.2.2 Planejamento
Interpretativo
Considerados todos os aspectos que envolvem a elaboração e implementação de um plano interpretativo, encontramos na literatura diferentes métodos utilizados para potencializar a identificação de pontos interpretativos.
Com base nas diferentes metodologias que tratam a respeito do tema, desenvolveremos neste tópico a concepção de um plano de interpretação simplificado, onde iremos dividi-lo em três etapas:
Etapa 1: Levantamento de informações inventariadas
O processo de interpretar uma trilha começa com um exercício de observação e estudo de seus recursos naturais e culturais. Nesta etapa, devemos recorrer a todas as fontes de informação que estão ao alcance, como documentos, mapas, imagens aéreas e entrevistas com pessoas conhecedoras do lugar, onde os dados compilados devem ser os mais detalhados possíveis, já que eles resultarão em beneficio para todo o processo de planejamento interpretativo (Moraes, 2000).
Etapa 2: Levantamento dos pontos potenciais para a interpretação
É um diagnóstico geral dos atrativos naturais e culturais. É basicamente um exercício de observação, onde se define que temas podem ser trabalhados. Determinado o tema de interesse, inicia-se a seleção dos pontos que estarão no roteiro previsto. Uma vez realizado o inventário do que há de mais importante no local, escolhe-se o tema a ser interpretado e inicia-se então, o processo de seleção dos pontos que estarão em seu programa de visitação.
Etapa 3: Escolha do local a ser interpretado
De posse do universo de informações a cerca dos aspectos históricos, culturais e ambientais do destino turístico, associadas a apoio visual de imagens e fotografias, o interprete inicia um trabalho de resgate histórico e valorização dos atributos ambientais de sua região e parte para a definição das vocações turísticas locais (cultural, aventura, ambiental, rural e/ou estudos) elegendo os principais atrativos que possam ser interpretados e que ele gostaria de conduzir os visitantes.
Etapa 4: Levantamento e seleção de indicadores
Inicia-se, então, um levantamento dos recursos naturais visíveis a partir dos pontos préselecionados na trilha para a escolha de alguns “indicadores de atratividade”. A atratividade do sítio relaciona-se de maneira geral, com fatores naturais como variedade de vegetação, proximidade com corpos d’água, relevo, áreas históricas ou arqueológicas, entre outros.
4.1.2 Operacionalização do Produto Turístico
Depois de respondidas às perguntas para a Formatação do Produto é necessário o desenvolvimento da operação, organizando a visita a cada produto desenvolvido. Assim, este terá condições de ser colocado no mercado, de forma a atender e responder as primeiras demandas, com qualidade, segurança e profissionalismo.
O que deve ser organizado:
Definição de horários e dias de visitas regulares; Tamanhos dos grupos - mínimo e máximo de atendimento; A melhor forma de transmitir a informação ao visitante; Articulação e organização dos contatos da Rede de Serviços; Formação do preço de venda;
Definição dos serviços que estarão incluídos no preço do produto; Elaboração do roteiro descritivo e do roteiro operador (descrição comercial do produto –NBR 15286).