REVISTA BRILIA INSIGHT EDIÇÃO 10

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Uma Publicação Brilia - Luz Muda Tudo

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EDIÇÃO ESPECIAL





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CARTA EDITORIAL |

PLUG A Brilia Insight chega à sua décima edição. Desde o seu surgimento, a revista reafirma o conceito LUZ MUDA TUDO da Brilia. Uma ideia que vai além de um simples slogan, pois revela o jeito de vermos a iluminação como elemento transformador, desde a simples percepção da luz até as mais sutis e diferentes irradiações que assume no ambiente, além do efeito emocional e sensorial que nos afeta como seres humanos. Com o mesmo espírito de pioneirismo da Brilia, percebemos que havia espaço para uma publicação mais eclética e diversificada para desenvolver um conteúdo sobre o papel da luz em áreas como a fotografia, o cinema e o teatro, entre tantos outros temas que a revista foi incluindo ao longo de sua história. Nesta edição comemorativa destacamos as artes visuais na seção ART. A maioria das páginas a seguir é dedicada a um time de artistas plásticos que usa a luz para criar obras dos mais diferentes matizes e propósitos. Ao todo, são cinco artistas, uma dupla e três coletivos que revelam linguagens diferentes e surpreendentes do universo da iluminação. Destacamos os trabalhos de Anthony McCall; do coletivo Bijari, da dupla Camille Laurent e Stefanie Egedy; o veterano Carlos Cruz-Diez; a britânica Liz West; o canadense Maotik; o americano Stephen Knapp e os coletivos teamLab e Tundra. Na seção INSTITUCIONAL, a conquista do selo B Corp pela Brilia, a primeira empresa brasileira no segmento de iluminação a ganhar essa certificação que identifica empresas que usam o poder de seus negócios para solucionar problemas sociais e ambientais. Os principais lançamentos de 2018 da Brilia podem ser conferidos na seção SPOT. Para completar, uma retrospectiva das edições anteriores com seus respectivos highlights na seção ESPECIAL. Esperamos que a Brilia Insight continue com constantes avanços, tornando seu conteúdo cada vez mais relevante aos nossos clientes e leitores – seja na versão impressa ou em nossas plataformas digitais – em áreas de interesse tão abrangentes que revelam o poder transformador da luz. Acreditamos que não hajam limites para atingirmos esse objetivo. Vinicius Marchini e Leandro Neves

* Sugestões e comentários: briliainsight@brilia.com

Co-Fundadores da Brilia

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CONTEUDO CONTEÚDO abril / 2018

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Capa: Detalhe da instalação Chromosaturation do artista Carlos Cruz-Diez. Foto: Cortesia Atelier Cruz-Diez Paris.

EQUIPE BRILIA Vinicius Marchini Leandro Neves Lígia Nunes

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PROJETO EDITORIAL

A RT Artistas do Brasil e do mundo que unem arte e luz em suas obras

036 Carlos Cruz-Diez 040 Tundra 042 Liz West 046 teamLab 056 Bijari 064 Stephen Knapp 074 Anthony McCall 082 Maotik 088 C amille Laurent e

008 010

I NSTITUCIONAL

A Certificação B Corp da Brilia

S POT

As novidades de 2018 da Brilia

012 E SPECIAL A retrospectiva das principais reportagens da Brilia Insight

Stefanie Egedy

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www.studiolemon.com.br Rua Patizal, 38 CEP 05433-040 Tel (11) 2893 - 0199 São Paulo - SP DIRETOR DE CRIAÇÃO Cesar Rodrigues cesar@studiolemon.com.br DIRETOR EXECUTIVO Chico Volponi cvolponi@studiolemon.com.br PROJETO GRÁFICO Lemon Comunicação & Conteúdo DESIGN Cesar Rodrigues Eduardo Barletta EDITOR Luiz Claudio Rodrigues JORNALISTAS Claudio Gues Lauro Lins ARTE FINAL Pedro Enrike Carlos REVISÃO Claudio Eduardo Nogueira Ramos


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INSTITUCIONAL |

BRILIA CONQUISTA CERTIFICAÇÃO B CORP Primeira empresa brasileira no segmento de iluminação com o selo B Corp, a Brilia passa a integrar o movimento global para a promoção de uma sociedade mais sustentável

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INSTITUCIONAL |

AO INGRESSAR NO GRUPO DAS B CORPS, A BRILIA FORTALECE O MOVIMENTO GLOBAL DE EMPRESAS QUE PÕEM SEUS NEGÓCIOS EM BENEFÍCIO DE UM MUNDO MELHOR” Vinicius Marchini

No segundo semestre de 2017, a Brilia con-

todo. Para receber o selo é necessário passar

quistou a Certificação B Corp. Com esse selo,

por um processo rigoroso de certificação e atin-

os consumidores identificam as empresas que

gir pontuação mínima de 80 pontos de um total

unem o seu desenvolvimento de negócios ao

de 200. A avaliação exige que sejam realiza-

desenvolvimento humano e do planeta. A Cer-

dos investimentos e mudanças de práticas em

tificação B Corp foi criada em 2006 pelo B Lab

pilares como governança, modelo de negócio,

– organização sem fins lucrativos que reúne

impacto ambiental, relação com a comunidade

empresas convictas de que, por meio de seus

e relação com os colaboradores. Além disso,

produtos, práticas e governança possibilitam

as companhias são avaliadas desde a eficiên-

o desenvolvimento socioambiental, além do

cia energética até a transparência corporativa.

econômico. Atualmente, existem cerca de 100

Com a certificação, as empresas devem fazer

empresas B no Brasil e mais de 300 na Amé-

uma alteração em seu estatuto social, no qual

rica Latina. Em todo o mundo o movimento B

se comprometem a ser uma empresa para o

Corp reúne cerca de 2.500 empresas de 130

mundo e não apenas do mundo. No Brasil, em-

setores diferentes. As empresas chamadas B

presas como a Natura e a Mãe Terra também

Corps (benéficas) formam um novo tipo de em-

são certificadas pelo sistema B. “Ao ingressar

presa que usa o poder dos seus negócios para

no grupo das B Corps, a Brilia fortalece o mo-

solucionar problemas sociais e ambientais.

vimento global de empresas que põem seus

Com o selo, a Brilia tornou-se a primeira

negócios em benefício de um mundo melhor,

B Corp do segmento de iluminação no Brasil,

transformando desafios em oportunidades que

reafirmando seu compromisso de ser uma em-

geram impacto positivo nos âmbitos financeiro,

presa melhor para os seus clientes, colabora-

social e ambiental”, comemora Vinicius Marchi-

dores, parceiros e para a sociedade como um

ni, CEO e fundador da Brilia.

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SPOT |

O PORTFÓLIO DA BRILIA GANHA NOVOS PRODUTOS COM AS LINHAS DE TRILHOS, SPOTS E FILAMENTOS VINTAGE

LANÇAMENTOS 2018

Pontos de luz Indicados para direcionar a iluminação para um lugar específico no ambiente, os spots também são peças curingas para ressaltar cores e texturas. A Brilia incluiu, em sua linha 2018, a coleção Spot LED para Trilho nas cores branca e preta, em versões 7W, 10W, 15W e 30W, todos com LED integrado na temperatura de cor 2700k . A linha ainda conta com acessórios específicos, como powerplug (35mm), ponteiras (16mm), conectores IL TX e trilho eletrificado (de 1m, 1,5m e 2m). www.brilia.com

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SPOT |

VINTAGE Tudo o que é antigo e se torna um clássico entre os objetos contemporâneos é considerado vintage. Dentro desse conceito, a Brilia lança a coleção Filamento Vintage com oito lâmpadas de design diferenciado. As estrelas da coleção são a Bulbo; a Balloon G95; a Balloon G125; a T30; Mini Globo; Vela Lisa; Vela Chama e Bulbo ST64. Todas com 2,5W, 200 lumens, luz quente e bivolt. www.brilia.com

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01. Bulbo St64 02. Vela Lisa 03. Balloon G125 04. Mini Globo 05. Vela Chama 06. T30

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A BRILIA INSIGHT chegou à sua edição número 10. Criar algo novo e sem paralelo no mercado editorial brasileiro é um desafio e continua sendo a cada nova edição. Em cada pauta, reportagem, pesquisa, entrevista, fotografia, edição de textos e imagens, direção de arte e impressão. Buscamos surpreender o leitor com assuntos e personalidades que são marcantes e influentes no seu modo de viver e trabalhar. Tal qual um lampejo – como o seu próprio nome diz –, a BRILIA INSIGHT surgiu com uma linguagem inédita para explorarmos o universo da iluminação em todas as áreas, formando um arco, quase completo, de criadores que utilizam a luz como suporte para seus trabalhos, desde o lighting design, passando pelas artes, a tecnologia e a moda até o urbanismo, destacando cidades que apostam na inovação quando o assunto é luminosidade.

Uma retrospectiva do que a Brilia Insight publicou até atingir sua décima edição

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E não poderia ser diferente. Inovação faz parte do DNA da BRILIA, não só pelo pioneirismo no desenvolvimento e comercialização de iluminação e tecnologia LED no Brasil, mas também pelo seu espírito de fazer a diferença de se lançar em projetos culturais de projeção nacional e internacional, como uma das mais influentes e tradicionais mostras de arte contemporânea do mundo: a Bienal Internacional de Arte de São Paulo; e a mais importante mostra de decoração do Brasil: a Casa Cor. Nesses dois eventos de grande porte, a BRILIA contribuiu como fornecedora oficial de iluminação 100% LED. Dois marcos que fazem parte da história da BRILIA. Um feito e tanto para uma empresa tão jovem, mas que nasceu para se destacar e brilhar no seu segmento. Por trás das ações e iniciativas da Brilia estão seus fundadores, os empresários Leandro Neves e Vinicius Marchini. “Acreditamos no poder transformador da luz e, nesse sentido, a Brilia Insight tem contribuído por abordar a luz sob as mais variadas áreas. Quanto mais conseguirmos transmitir esse poder e colocá-lo nas mãos das pessoas, através dos nossos produtos e serviços, mais reforçaremos o posicionamento de marca da Brilia. É uma questão de convicção e alinhamento”, afirma Leandro Neves. “Esperamos que a Brilia Insight continue passando por constantes avanços, tornando seu conteúdo cada vez mais relevante aos nossos clientes e leitores e disponível em nossas plataformas digitais. Com áreas de interesse tão abrangentes e um poder tão presente e transformador como a luz, não há limites para atingirmos esse objetivo”, completa Vinicius Marchini. Para marcar esta edição comemorativa, apresentamos uma retrospectiva do que publicamos nesses quase quatro anos no desenvolvimento de reportagens tão marcantes quanto surpreendentes.


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1ª ED. | AGOSTO DE 2014 Na capa da primeira edição, nada menos que o consagrado Ingo Maurer. Considerado um ícone internacional por seus objetos de iluminação e instalações artísticas, além de ser um dos designers mais influentes da atualidade, Ingo foi nosso primeiro perfilado, graças à atenção dispensada por sua representante no Brasil, a empresária Arystela Rosa Paz, da FAS Iluminação. Um time de figurões brasileiros também fez parte da estreia da Brilia Insight: o fotógrafo Sebastião Salgado, o diretor de fotografia Affonso Beato e os lighting designers Güinter Parschalk e Maneco Quinderé. A reportagem da seção Fiat Lux atualizou os leitores sobre o LED como tecnologia inovadora, limpa e sustentável para o século 21. Para completar, a seção Art destacou importantes artistas que exploram os efeitos da luz em seus trabalhos, entre eles, clássicos contemporâneos como James Turrel e Dan Flavin.

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2ª ED. | Novembro de 2014 As imagens hiper-realistas e saturadas de cor do fotógrafo de moda internacional David LaChapelle deram o tom de alto-astral na edição número 2. O grande destaque da revista foi a participação da Brilia na 31ª Bienal Internacional de Arte de São Paulo com seu apoio luminotécnico numa das mais importantes mostras de arte contemporânea do mundo. Com essa ação, a empresa reforçou junto ao público a excelência de seus produtos e o conceito de apresentar a luz sob novas perspectivas, conceitos e soluções. Outra ação importante da Brilia em São Paulo foi a primeira intervenção pública na América Latina do grupo japonês Lighting Detectives, realizada no edifício Copan, no centro da cidade. Outros destaques que abrilhantaram a edição foram a breve entrevista do lighting designer Carlos Fortes em Talk; o perfil do designer italiano Ferruccio Laviani e a arte do britânio Garry Fabian Miller.

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3ª ED. | FEVEREIRO DE 2015 O icônico retrato da modelo Carmen Kass para a revista Allure, feita pelo fotógrafo Mario Testino – colaborador das principais revistas de moda do mundo – foi capa da edição. Testino foi o personagem da seção Fotografia. Outros criadores internacionais estavam no conteúdo da revista: o memorável artista minimalista Dan Flavin, o alemão Moritz Waldemeyer e o inglês Paul Cocksedge. O tradicional Festival de Luzes em Berlim, que atrai milhões de visitantes à capital alemã, fez parte da edição, assim como o talentoso diretor de fotografia Walter Carvalho, perfilado na seção Cinema.

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4ª ED. | JUNHO DE 2015 A estreia da Brilia como fornecedora oficial de iluminação na edição de 2015 da Casa Cor São Paulo foi a reportagem especial da revista. A principal mostra de decoração do Brasil pela primeira vez intensificava o conceito de desenvolvimento sustentável e a Brilia estava lá com seu portfólio de mais de cem produtos a fim de garantir a iluminação 100% LED do evento, com 6.547 lâmpadas LED distribuídas entre os 76 espaços exibidos no Jockey Club de São Paulo. Entre os arquitetos que participaram da mostra, a edição fez entrevistas com Dado Castello Branco e Benedito Abbud e fez o perfil de Roberto Migotto. A edição também jogou luz no trabalho da cenógrafa Daniela Thomas, que no ano seguinte iria deslumbrar o mundo com as cerimônias de abertura e encerramento dos Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro.

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5ª ED. | Outubro de 2015 Para acompanhar a participação da Brilia como fornecedora oficial de iluminação LED na Casa Cor Rio de Janeiro, a revista ganhou uma edição temática com profissionais da cidade. Entre eles, o fotógrafo Dario Zallis, argentino que tem o Rio como principal fonte de inspiração para sua vida e seu trabalho, que de tão intenso e afetuoso transformou-se na matéria de capa da edição. Outros cariocas deram o ar de sua graça em nossas páginas, como a coreógrafa Deborah Colker; o cineasta Walter Salles; o artista plástico Artur Omar; os arquitetos Paola Ribeiro e Maurício Nóbrega e a lighting designer Mônica Lobo. Além do especial sobre a mostra de decoração na Cidade Maravilhosa, a revista apresentou a campanha publicitária da Brilia fotografada por Hick Duarte.

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6ª ED. | Abril de 2016 O trabalho da arquiteta iraquiana Zaha Hadid – que um mês antes havia nos deixado – foi capa da edição. Além de sua arquitetura desconstrutivista, Zaha iluminava suas obras com sistemas de iluminação LED que acentuavam o desenho fluido dos seus edifícios. A seção Tecnologia apresentou aos leitores o lançamento da linha Sense, o LED inteligente desenvolvido pela Brilia, com sensores integrados ao ambiente, conectados à internet e controlados por App através dos dispositivos móveis iOS e Androide. Para completar, a arte digital de Scott Draves e as imagens subaquáticas, com refração de luz, da americana Christy Lee Rogers.

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7ª ED. | Julho de 2016 Pelo segundo ano consecutivo, a Brilia é fornecedora oficial de iluminação LED em todos os ambientes da Casa Cor São Paulo. O fato vira reportagem especial e matéria de capa da edição. O evento se desdobra em outras seções da revista, com o espaço da Brilia exibido na mostra, ambientado por Maurício Arruda, Laís Delbianco e Fabio Mota (do escritório Todos Arquitetura); entrevista de Lívia Pedreira, diretora-superintendente da Casa Cor e perfil da designer de interiores Cristina Ferraz, diretora de relacionamento do evento. A edição também trouxe criadores internacionais, como o encenador Bob Wilson, o artista David Batchelor e a fotógrafa Zoe Zapot.

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8ª ED. | Março de 2017 Celebrando o verão – a estação mais luminosa do planeta –, a revista faz um giro internacional com reportagens sobre experts nas mais diversas áreas: Karim Rashid e seu design orgânico e colorido; o mix entre natureza e tecnologia nas luminárias do australiano Alex Fitzpatrick e as instalações luminosas ao ar livre do britânico Bruce Munro. No Brasil, a abertura do hotel Yoo2, no Rio de Janeiro – da rede Yoo2, dirigida pelo inglês John Hitchcock em sociedade com o designer francês Philippe Starck – com projeto luminotécnico dos gaúchos Eduardo Becker e Kati Carbonell. O hotel ganhou uma reportagem especial na edição por conta de a Brilia ter fornecido toda a iluminação LED em sua ambientação.

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9ª ED. | Setembro 2017 As intervenções de arquitetura híbrida de Guto Requena – pioneiro no Brasil desse novo segmento que une tecnologia digital e interativa aos materiais tradicionais usados na arquitetura – marcaram a edição. O arquiteto paulista nos concedeu uma entrevista exclusiva e um dos seus projetos foi selecionado para ser nossa capa. A moda virou alvo de nossa reportagem com a criação de roupas com o uso de tecidos inteligentes, LEDs e microeletrônicos. Assunto que virou hype pelas mãos de estilistas como Zac Posen, Hussein Chalayan, Carol Hungria e marcas como a Cute Circuit e a Luminous Fabric. O celebrado lighting designer brasileiro Gilberto Franco – autor de mais de dois mil projetos luminotécnicos em 35 anos de trabalho – também brilhou nessa edição. Outro luminar presente em nossas páginas foi o artista Julio Le Parc, ícone internacional conhecido por suas instalações cinéticas desde a década de 1950.

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POR: LUIZ CLAUDIO RODRIGUES • FOTOS: DIVULGAÇÃO

NO BRASIL E NO MUNDO, ARTISTAS VISUAIS EXPLORAM A LUZ COMO ELEMENTO FUNDAMENTAL EM SUAS CRIAÇÕES Cada obra de arte possui um significado único e diferente. É onde a realidade e a imaginação dividem o mesmo espaço. Seja qual for a ideia por trás de um trabalho artístico, o pano de fundo sempre é a expressão dos sentimentos e emoções do homem. Ao criar beleza a fim de demonstrar o mundo material ou imaterial que lhe serve de inspiração, o artista faz um movimento em diferentes direções. Todo espectador tem uma reação diante de uma apresentação artística. Para referendar esse ponto de vista, podemos citar o filósofo Immanuel Kant, que afirmou que toda arte é uma manifestação que produz uma “satisfação desinteressada”. Em todas as edições da BRILIA INSIGHT destacamos artistas visuais que são apaixonados ao criar arte com a luz. Os grandes mestres da pintura sempre foram buscar na luz o ponto mais adequado para expor a dramaticidade de suas obras, ora com sombras, ora com a saturação de cores. Vale lembrar que os impressionistas não pintavam as coisas, mas as luzes refletidas por elas.

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Hoje, um time do mais alto nível de artistas contemporâneos utiliza a imaterialidade da luz para criar objetos luminosos, instalações e site specifics (arte ambiente). São eles que movimentam as reportagens da seção Art. Mas o que a arte tem a ver com a iluminação? Para nós, tudo. Com ela, podemos descobrir como a luminosidade afeta a percepção do observador e aprimora a nossa sensibilidade. Com ela, aprendemos que o estudo das cores e texturas das superfícies são essenciais nos projetos de iluminação. E até a diferença entre olhar e ver para descobrir quantos tons de azul existem e que nós não víamos antes. Para comemorar a décima edição da BRILIA INSIGHT destacamos cinco artistas, uma dupla e três coletivos que se manifestam das mais diversas formas, mas com uma coisa em comum: a luz. Entre os artistas nacionais, a dupla de novatas Camille Laurent e Stefanie Egedie e o coletivo Bijari. Entre as estrelas internacionais, os coletivos teamLab e Tundra; o veterano Carlos Cruz-Diez; Stephen Knapp; Liz West; Maotik e Anthony McCall.

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LABIRINTO

NO Fotos: Cortesia Atelier Cruz-Diez-Paris

Em Chromosaturation, Carlos Cruz-Diez transforma o espaço num ambiente complexo de percepção sensorial Um dos mais importantes artistas da arte cinética e óptica, o franco-venezuelano Carlos Cruz-Diez vive e trabalha em Paris desde a década de 1960. Sua arte explora a percepção da cor como uma realidade autônoma que evolui no espaço e no tempo, sem forma ou suporte, em um presente perpétuo. Algumas de suas obras fazem parte da coleção permanente do MoMA (Nova York); Tate Modern (Londres); Centre Pompidou (Paris) e outras instituições de prestígio mundo afora. “Nas minhas obras, a cor aparece e desaparece ao longo de um diálogo com espaço e tempo reais. Quando vemos a cor através de um prisma elementar que foi despojado de significados preexistentes, podemos despertar outros mecanismos de percepção sensorial que são mais sutis e complexos do que aqueles que estão enraizados em nós pelo nosso condicionamento cultural”, afirma o artista.

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NAS MINHAS OBRAS, A COR APARECE E DESAPARECE AO LONGO DE UM DIÁLOGO COM O ESPAÇO E O TEMPO” Carlos Cruz-Diez

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Retrato: Luz Perez-Ojeda

Uma de suas obras mais emblemáticas, criada em 1965, tornou-se um clássico ao ser reeditada ao longo dos anos por museus e instituições culturais na Europa, Estados Unidos e Ásia. A mais recente foi apresentada até janeiro passado na exposição ‘Kinesthesia: Arte Cinética Latino-americana 1954-1969’, exibida no Museu de Arte de Palm Springs, na Califórnia, Estados Unidos. Chamada de ‘Chromosaturation’, a instalação – que permanece atual e influente – é composta por três câmaras (uma vermelha, uma verde e uma azul) que imergem o visitante em um ambiente monocromático total. A experiência desencadeia distúrbios na retina, que está acostumada a exposições simultâneas de uma ampla gama de cores, desafiando a ideia de cor no espectador ao gerar uma situação física e material que ocorre no espaço. “A instalação Chromosaturation é uma experiência vital e física da cor em nossos mecanismos de percepção”, destaca Cruz-Diez.

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M U LT I M Í D I A Site specifics semelhantes aos filmes de ficção científica são a marca registrada do coletivo russo Tundra Fotos: Cortesia Farol Santander-Renato Suzuki

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Especializado em performances multimídia e instalações, o coletivo Tundra é formado por artistas de São Petersburgo, Rússia. Além dos artistas visuais, sua equipe inclui músicos, engenheiros de som e programadores. Ao contrário das sofisticadas instalações de tecnologia digital que se aproximam mais da indústria do entretenimento, a proposta do coletivo é o de alinhamento ao discurso da arte contemporânea. Suas instalações site specifics exigem o uso integral do espaço onde são montadas, onde comparecer à exibição já é em si parte da própria obra. Primordialmente, sua arte é uma experiência sensorial que deve ser sentida. O Tundra é conhecido por suas instalações imersivas exibidas em festivais de arte multimídia nos Estados Unidos, Europa, Ásia e Rússia. A maioria de suas obras foi lançada, avaliada e apoiada por meios de comunicação de grande visibilidade, como Creators Project, FastCoDesign e diversos outros.

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Pela primeira vez no Brasil, com uma exposição que segue até maio próximo no Farol Santander, na capital paulista, o coletivo russo apresenta a obra inédita ‘O Dia que Saímos do Campo’ (The Day We Left Field). Idealizada como uma paisagem vertiginosa, a instalação audiovisual mergulha o espectador em uma jornada envolvente, semelhante aos filmes de ficção científica. Do teto pende um jardim invertido constantemente escaneado por disparos de laser que criam diferentes padrões sobre a cabeça dos visitantes, acompanhados por um cenário sonoro atordoante. Ao mesmo tempo plástica e angustiante, a obra propõe a fusão “natureza-máquina distópica”. De acordo com o comunicado de imprensa do Farol Santander, a instalação representa um jardim digital suspenso entre a Terra e o céu, feito de som e luz, onde o virtual se torna um portal para os visitantes. “O público é totalmente imerso dentro de um espaço sinistro de sonhos, sentindo-se vulnerável e, ao mesmo tempo, consciente do simbolismo genuíno produzido pela observação da natureza que sobrevive dentro do ambiente urbano e fechado. Essa coabitação dissonante desperta uma longa lista de oposições binárias, como o sintético versus o natural, o real versus o virtual, o humano versus a máquina, etc.”, diz o comunicado.

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NATUREZA DIGITALIZADA Ultrapassar os limites entre arte, ciĂŞncia, tecnologia e criatividade faz parte da natureza do coletivo teamLab Fotos: Cortesia teamLab

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Criado em 2001, o coletivo teamLab foi idealizado para eliminar fronteiras no meio artístico.

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tureza. Tudo existe em uma longa, frágil e milagrosa continuidade da vida”, afirma o coletivo.

Para isso, se apoia em aglutinar profissionais de

Com quatro exposições simultâneas, em

disciplinas diferentes para produzir arte com o

diferentes lugares, neste primeiro semestre do

suporte das tecnologias digitais. O grupo reúne

ano, o teamLab apresenta seu repertório criativo

profissionais de diferentes especializações e

na National Gallery of Victoria, em Melbourne,

habilidades. Sua formação inclui artistas, progra-

Austrália; a mostra Future Park, em Hangzhou

madores, engenheiros, matemáticos, arquitetos,

e Tianjin, na China; e no Parc de la Villette, em

designers gráficos e editores de impressão. O

Paris. Suas instalações monumentais viajam o

coletivo chama seus integrantes de ultratecnólo-

mundo a convite de museus, galerias e institui-

gos e pretende ultrapassar os limites entre arte,

ções culturais. Com elas, os artistas transmitem

ciência, tecnologia e criatividade através de ativi-

sua visão de mundo aos visitantes. “As pessoas

dades cocriativas. “O teamLab explora uma nova

ficam imersas na exposição. Essa experiência

relação entre os seres humanos e a natureza

incentiva as pessoas a sentir e pensar em seus

através da arte. A tecnologia digital nos permitiu

corpos. Acreditamos que essa experimentação

liberar a arte dos limites físicos e transcendentes.

possa mudar a percepção das pessoas”, afir-

Não vemos nenhuma fronteira entre nós e a na-

mam os artistas.

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A TECNOLOGIA DIGITAL NOS PERMITE LIBERAR A ARTE ALÉM DOS LIMITES FÍSICOS” teamLab

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Ao usar o digital como plataforma para suas criações, o teamLab afirma estar expandindo a forma de produzir arte, mudando o formato tradicional de como o espaço é tratado em museus e galerias. As pesquisas do coletivo estão focadas no tema ‘Arte da Natureza Digitalizada’ e como suporte utilizam softwares, luz (com destaque para o uso do LED) e som. Com esses elementos, as exposições do teamLab exploram o papel da tecnologia digital em transcender os limites físicos e conceituais que existem entre diferentes obras de arte, com imagens de um trabalho que se libertam de um quadro e entram em outro espaço. “As instalações dissolvem distinções entre obras de arte e espaços de exposição, envolvendo o espectador através da interatividade”, destacam os participantes do coletivo.

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URBANA A cidade como plataforma viva para performances e instalações dão o tom na arte do coletivo Bijari Fotos: Cortesia Bijari

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Retrato: Nelson Aguilar

Formado há vinte anos, o coletivo Bijari é um centro de artes visuais e criação multimídia. O grupo desenvolve projetos que utilizam diversos recursos e tecnologias, propondo experimentação artística, especialmente de natureza crítica, com intervenções urbanas, performances, videoarte, design e webdesign. Para os integrantes do coletivo, é importante discutir e pensar sobre a arquitetura, o urbanismo e as cidades a partir de conotações políticas e ideológicas. “São Paulo com toda a diversidade, complexidade e contradições sempre foi um grande desafio para o Bijari. Ela tem todos os problemas que caracterizam as grandes cidades de hoje, numa escala imensa e altamente explosiva. Há a poluição causada pelos automóveis; a estupefação causada por grupos marginalizados que vivem em locais impróprios, sem o menor uso sanitário e de infraestrutura; e níveis elevados de violência. Por outro lado, há a promoção de uma imagem rica e globalizada, com o mito do sucesso profissional a todo custo, a cultura da celebridade e ostentação. Todos esses ingredientes compõem o caldeirão explosivo que é a cultura de São Paulo”, afirmaram os artistas do coletivo em entrevista a Virginia Gil Araújo, do portal LatinArt.com.

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NOSSOS PROJETOS NUNCA TÊM UMA CARACTERÍSTICA DE MERA CONTEMPLAÇÃO. ELES EXIGEM DO ESPECTADOR ALGUM TIPO DE ENGAJAMENTO OU REAÇÃO” Maurício Brandão

Ao aliar ativismo político e tecnologia, o Bijari se destaca na produção de arte nacional por mostrar a realidade brasileira sem retoques. Trabalhos contundentes marcam a trajetória do grupo, como, por exemplo, a performance ‘Ocupalândia’, onde foi servido um churrasco na cracolândia no centro de São Paulo, um manifesto contra a violência policial na região. Ou a exposição ‘Estado de Sítio’, realizada em 2012 na Galeria Choque Cultural, uma reflexão sobre os estados de exceção não declarados que permeiam a vida cotidiana, as formas de poder e sedução e a dinâmica das tensões humanas. Esse posicionamento crítico da sociedade permeia toda a criação do coletivo. “A atenção aos contextos e fluxos que atravessam os espaços urbanos e que os tornam únicos é uma característica fundamental em nosso trabalho. Dialogar a partir dessas leituras na hora de criar uma intervenção ou ação é fundamental para nós, já que nossos projetos nunca têm uma característica de mera contemplação. Eles exigem do espectador algum tipo de engajamento ou reação”, pontua Maurício Brandão, integrante do coletivo.

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Além do universo político, a tecnologia é outra característica marcante do Bijari. “Há muitos anos trabalhamos na convergência entre o analógico e o digital de forma fluida. Se a cidade nos estimula, bem como a transformação do espaço que habitamos e circulamos, as linguagens digitais aliadas ao design são peças fundamentais na criação de experiências estéticas que impactam pessoas. Essa é uma das bases da nossa missão”, avalia João Rocha, outro integrante do coletivo. No fim do ano passado, o Bijari abriu a galeria Anti-Pop – no mesmo espaço que o grupo mantém na Vila Madalena, capital paulista, para se reunir e produzir sua arte. O nome da galeria é uma referência à primeira série de intervenções gráficas criadas pelo Bijari, que se expandiu para sets de live-images exibidos em grandes festivais de música eletrônica no começo dos anos 2000. A primeira exposição no espaço foi ‘Arquivo Bijari 1997-2017’. A mostra apresentou a trajetória de obras públicas e intervenções do grupo nos últimos vinte anos, com lambe-lambes, projeções, videomappings e uma obra de videodança em 360 graus.

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LIGHTPAINTINGS Com objetos tridimensionais luminosos, Stephen Knapp acredita tocar o sublime com sua arte Fotos: Cortesia Stephen Knapp

Inspirado em seus estudos de luz, cor, dimensão, espaço e percepção, o artista americano Stephen Knapp há trinta anos iniciou suas pesquisas até chegar ao estágio atual de seu trabalho: a fase dos lightpaintings. Objetos tridimensionais que evidenciam a luz e a transforma em algo físico e, ao mesmo tempo, transcendental. Knapp começou sua carreira como fotógrafo e desenvolveu seus próprios processos por meio de pesquisas e experimentações. Seu trabalho evoluiu para a construção de grandes painéis metálicos e murais (de cerâmica vitrificada) reflexivos e sensíveis às condições de mudança de luz; em seguida passou a criar esculturas de aço e de vidro até chegar a sua fase mais recente, as lightpaintings – expressão inventada por ele para descrever suas instalações. “Sou fascinado por luz em toda minha vida, tanto pelo que se pode fazer com ela quanto pelo efeito que tem sobre nós. Ao mesmo tempo que são objetos físicos e ilusões, eles nos lembram que sonhos, esperanças e aspirações são o centro da habilidade da arte de tocar o espírito humano. Quando encontrei uma maneira de me expressar de forma exclusiva através da luz, abracei-a completamente”, afirma o artista.

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QUANDO ENCONTREI UMA MANEIRA DE ME EXPRESSAR DE FORMA EXCLUSIVA ATRAVÉS DA LUZ, ABRACEI-A COMPLETAMENTE” Stephen Knapp

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A arte de Knapp reúne pintura, escultura e arquitetura. São composições multidimensionais de radiância pura. Com elas, o artista cria um senso de lugar e destinos. Por trás das cores vibrantes e composições impressionantes, há uma exploração do espaço e da dimensão a fim de impactar o espectador. Os lightpaintings são criados usando um vidro especial tratado com camadas de revestimentos metálicos que atuam como um prisma seletivo para separar a luz focada em diferentes comprimentos de onda do espectro. Knapp corta, molda e faz o polimento do vidro em seu estúdio para criar uma paleta que capta e reflete a luz sobre a superfície do espaço circundante. De acordo com Susan Stoops, curadora de arte, a força do trabalho de Stephen Knapp reside, em parte, em como ele amplifica a experiência, estabelecendo um momento especial para o espectador. “Embora incorpore elementos de cor, luz e espaço, o trabalho nunca pode ser definido simplesmente por uma ou outra dessas práticas. Da mesma forma, identificá-lo com o material de vidro também é inadequado. Em vez disso, é uma forma exclusivamente híbrida, que é verdadeiramente mais do que a soma de suas partes. Com toda a precisão das complexas configurações de Knapp, o fenômeno resultante inspira um senso de maravilha que faz fronteira com a magia”, elogia a curadora.

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SENSORIAL Despertar os sentidos é a intenção primordial no trabalho da artista Liz West Fotos: Cortesia Liz West

Ao trabalhar com uma variedade de meios, a artista inglesa Liz West pretende despertar a consciência dos sentidos de quem tem a oportunidade de ver de perto os seus trabalhos. Segundo os críticos especializados, a artista está interessada em explorar como os fenômenos sensoriais podem invocar respostas psicológicas e físicas a partir da vivência pessoal de cada espectador com a cor. Adepta do site specific, West gosta de tirar partido da materialidade do espaço para irradiar a luz fora dos seus limites físicos. Suas instalações utilizam luz cromática artificial para testar as respostas psicológicas, físicas, emocionais e espirituais que os visitantes experimentam em seu trabalho. “Minha investigação sobre a relação entre cor e luz é muitas vezes realizada através de um envolvimento entre materialidade e um determinado site. Nossa compreensão de cor só pode ser realizada através da presença da luz. Ao tocar e ajustar a cor, mostro a intensidade e a composição dos meus arranjos espaciais”, afirma a artista.

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FICO FASCINADA COM A CAPACIDADE DA LUZ E DA COR DE TRANSFORMAR, PERCEBER, ENGANAR, ILUMINAR E DESAFIAR OPTICAMENTE OS ESPECTADORES” Liz West

A reação do público talvez seja a maior das expectativas de Liz a respeito do seu trabalho. Ao observar a resposta da audiência, ela aprendeu que, muitas vezes, depois de caminhar pelo espectro de cores, as pessoas retornam à cor que acham mais confortável, parando um momento para absorver sua sombra colorida favorita. “Fico fascinada com a capacidade da luz e da cor de transformar, perceber, enganar, iluminar e desafiar opticamente os espectadores”, revela Liz. Acostumada a usar tubos fluorescentes, o LED entrou recentemente para o rol de materiais que Liz usa em suas instalações. Sua segunda experiência com essa nova tecnologia aconteceu na Light+Building de Frankfurt do ano passado, quando fez uma instalação no lounge da IALD (International Association of Lighting Designers). A instalação apresentava paredes coloridas que mudavam o tom gradualmente ao longo do tempo. O efeito suave tornou-se possível com o LED, que garantiu uma distribuição uniforme da luz do alto das paredes até o chão sem “pontos quentes”. “Minha primeira experiência com LED foi frustrante, mas fiquei surpresa com o efeito agradável obtido no espaço da IALD e isso era devido à qualidade comparada ao que eu tinha experimentando antes. Agora, quando estou olhando produtos LED, vejo os aspectos positivos, como o controle de cores e o fato de serem incrivelmente ecológicos”, relata a artista.

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ARTE EXPERIMENTAL Com videoinstalações, Anthony McCall explora a ilusão cinematográfica com projeções de luz Fotos: Cortesia Anthony McCall

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Com a instalação, que também é um curta-metragem, chamada ‘Linha que descreve um cone’ (Line Describing a Cone) – criada em 1973 –, o britânico Anthony McCall tornou-se conhecido internacionalmente por sua arte conhecida como “luz sólida”. Nela, uma forma volumétrica composta de luz é projetada lentamente e evolui no espaço. Por sua característica tridimensional, a instalação exige um espectador móvel, o que estimula a interação dos visitantes com a obra. Com esse trabalho, o artista desafia a experiência de visualização passiva e imóvel do cinema convencional. “Meu trabalho é uma maneira de abrir espaço escultural usando um dispositivo cinematográfico”, define o artista.

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McCall estudou design gráfico e fotografia no Ravensbourne College of Art and Design, em Kent, Inglaterra, na década de 1960. Na década seguinte, tornou-se um conhecido cineasta de vanguarda em Londres. Seus primeiros filmes são documentários de performances ao ar livre. Após emergir na cena cultural inglesa, McCall foi viver em Nova York (cidade na qual está radicado até hoje) em 1973 e passa a desenvolver sua série de filmes de “luz sólida”. Com base em desenhos de linhas simples, os filmes – exibidos em alguns dos mais prestigiados museus da Europa e dos Estados Unidos – enfatizam as qualidades escultóricas de um feixe de luz.

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MEU TRABALHO É UMA MANEIRA DE ABRIR ESPAÇO ESCULTURAL USANDO UM DISPOSITIVO CINEMATOGRÁFICO” Anthony McCall

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Em salas escuras e cheias de névoa, as projeções criam uma ilusão de formas tridimensionais, elipses, ondas e planos que se expandem, se contraem ou varrem gradualmente o espaço. “O movimento da luz cria uma complexidade no espaço. O que o visitante encontra no escuro são formas silenciosas e translúcidas feitas de paredes de luz que mal se movem”, explica McCall sobre a dinâmica de seu trabalho. Após ficar afastado durante vinte anos do circuito de arte, McCall ressurgiu na década de 2000 com instalações celebradas pela crítica, como ‘Into the Light’ apresentada em 2001 no Whitney Museum, em Nova York, e não parou mais. Em 2004 exibiu ‘Films de Lumière Solid’ no Centre Pompidou, em Paris; e ‘Doubling Back’, na Gagosian Gallery, em Londres. Em 2007 foi a estrela do ano na Serpentine Gallery, na capital inglesa. Os paulistanos tiveram a oportunidade de conhecer seu trabalho, em 2011 e 2014, com as exposições ‘Vertical Works’ e ‘Circulation Figures’, ambas apresentadas na Luciana Brito Galeria.

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ARTE GENERATIVA A programação digital é o pilar das instalações do artista canadense Maotik Fotos: Cortesia Maotik

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Arte, ciência e tecnologia formam o pilar do processo de criação do artista canadense Maotik. “Sempre estive interessado na ideia de construir novas ferramentas e usá-las. Aprendi que o tipo de arte que faço é um poderoso meio de expressão”, diz o artista. Maotik é um artista do século 21 e para compreender o que ele faz é preciso entender o que significa arte generativa. Esse tipo de arte é feito através de processos e recursos autônomos, muitos dos quais são definidos por ferramentas de programação. A partir dessa base, todo artista digital cria programas inteligentes para geração de imagens e sons. Na arte generativa há uma confluência entre criador e criatura, onde códigos e programações fazem arte, com obras mutáveis, onde nem sempre fica claro quem é o artista: o homem ou computador? Mas essa questão é somente uma provocação. No caso de Maotik sabemos muito bem quem está por trás das imagens e sons de sua arte: “Estou muito interessado em ver como o mecanismo da natureza funciona e como ele está intimamente relacionado com a arte generativa. Tive a chance de trabalhar em um projeto de colaboração com um pesquisador de química na França. Mesmo que as práticas sejam completamente diferentes, o processo de trabalho é muito parecido. Experimentando novas técnicas e receitas é a base de como cientistas e artistas digitais trabalham”, revela o artista.

APRENDI QUE O TIPO DE ARTE QUE FAÇO É UM PODEROSO MEIO DE EXPRESSÃO” Maotik

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Em seu trabalho ora a imaginação vem antes da tecnologia ou então se alimenta dela para ser desenvolvida. “Às vezes quero explorar algumas tecnologias, então imagino uma concepção em torno das ferramentas que decidi usar. Para o projeto Light Bearers foi imposto que eu deveria trabalhar com o tema vagalumes e, naquele momento, eu queria explorar a tecnologia laser, então planejei a instalação com esses dois elementos. Minhas ideias podem vir de uma citação filosófica (Dromos), um fenômeno natural (Flow) ou mesmo uma abordagem matemática (Hyperform). A instalação Dromos é um marco em sua trajetória. Criada em 2009, seu conceito é a velocidade e a aceleração. Nela, o público é imerso num ambiente multimídia. Em Montreal foi exibida numa cúpula de 360 graus na Société Des Arts Technologiques. “Este foi o lugar perfeito para apresentar Dromos. Dois anos depois, trabalhei nesse sistema generativo em tempo real usando o sistema touchscreen do software. Essa ferramenta nunca havia sido usada antes em um ambiente desse tipo. Foi uma exploração completa no desconhecido. Eu acho que é por isso que o projeto teve tanto sucesso”, comenta Maotik. Com ambientes multimídia imersivos, luzes e imagens em movimento, geralmente acompanhados por uma trilha sonora, a arte de Maotik provoca sentimentos e emoções na audiência. “Ao fazer instalações interativas, com visuais generativos abstratos e a sincronização do som, ver a resposta da audiência é inspirador e muitas vezes tenho surpresas ao ver reações diferentes do que eu esperava.”

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SOM O espaço tomado pelo som e a luz faz parte das experimentações da dupla Camille Laurent e Stefanie Egedy Fotos: Cortesia Camille Laurent e Stefanie Egedy

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Citando Vasco Pimentel, “o som não tranquiliza, ele desperta e adverte, inquieta e não revela a sua origem”. Ao unir som e luz em suas instalações, as artistas Camille Laurent e Stefanie Egedy fazem exatamente o que o diretor de som português define na frase acima. Juntas desde 2016, a dupla investiga a suspensão, ainda que momentânea, do controle físico e mental por meio da espacialização da luz e do som. A partir dessa ideia, criam instalações e performances que exploram o uso de movimentos sonoros e luminosos. No fim do ano passado, o duo participou da residência artística do Red Bull Station, lab da marca de energéticos focada na formação e produção de arte contemporânea. Como resultado dessa imersão artística, criaram a instalação ‘Sala de Passagem’ feita com lâmpadas incandescentes, subwoofer e um par de cadeiras. “Usamos em nosso trabalho muitos textos do Gilles Deleuze. Nossa pesquisa começou sobre a questão do deslocamento das pessoas, de sair da realidade, nos questionamos sobre o que é a realidade e o momento que a gente vive”, diz Camille. “O principal texto que estudamos foi o do livro ‘Deleuze, os movimentos aberrantes’, de David Lapoujade, um aluno que reflete o pensamento do mestre”, completa Stefanie. Nessa instalação, a audiência é impactada pelo jogo do invisível e visível. Por um lado, o som do subgrave cria uma atmosfera de apreensão pela percepção fisíca. Por outro, o flicker das lâmpadas incandescentes aquece o ambiente. Durante a experiência, que dura apenas três minutos, o espectador percebe que a realidade – vivida naquele momento – pode ser alterada, uma vez que a imaterialidade do som e da luz é subvertida, tornando esses dois elementos quase palpáveis pelos sentidos. A manipulação do som e da luz pelas artistas é tão real que, por um triz, a vibração das ondas sonoras e a energia irradiada pelas lâmpadas se tornam físicas, a ponto de tocar o corpo e a mente.

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Camille é francesa, tem formação em Arquitetura, com especialização em lighting design. Sua atuação profissional se estende para além da arte, ao fazer iluminação para espetáculos teatrais e shows musicais. Sua arte busca, através da luz, uma forma de apreensão sensorial e a expressão do sensível. Stefanie é designer de som, estudante de Filosofia e artista multimídia. Utiliza gravações de campo e sons eletrônicos em suas composições. Atualmente pesquisa as ondas de baixa frequência sonora na ocupação do espaço e no deslocamento da matéria. O foco do trabalho da dupla é a interação do som e espaço a fim de levar o espectador a suspender o controle mental e físico durante a experiência de imersão em suas instalações. O duo já criou performances anos atrás. Entre elas, a LUGAR3 – uma composição de movimentos sonoros e luminosos, controlados em tempo real, através de vários controles digitais e analógicos, como arduino (conjunto de ferramentas de prototipagem para a criação de aparelhos eletrônicos) e controladora MIDI. As instalações fazem parte da fase atual das artistas. Antes da ‘Sala de Passagem’ apresentaram a videoinstalação ‘Ensaios Líquidos’, também exibida na Red Bull Station.

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