Erre Balada

Page 73

destro, Erre, que por vezes acerta, quase nunca no alvo, é vero, noves fora – Ecce homo: nada. Tudo em potência. Páginas em branco. Organismos pluricelulares conscientes de si pensam que são gente. Deixe que pensem. É um equívoco comum ordinário. Vidas assim apenas são. E estão sempre doentes. Gente, fina ou grossa, é outra coisa, definitivamente. Gente, só as comprovadas cientificamente. E a ciência, meu caro, é um caso raro de misticismo rebelado. Em águas turvas velejamos, e nossa quilha é cega para bússolas eletromagnéticas. Ventos digitais imagéticos sopram nossas velas derretidas pela maresia ancorada em nossos corações. Nossa carcaça oxidada, nossa bandeira negra, esfarrapada, hasteada a meio mastro, drapejando... Aporias, distopias nos guiam pelo mar revolto da história, e estamos em meio a uma maré de azar, camarada. Só que... A realidade é uma alucinação coletiva, marujo. E daí que, mais nada, só isso. Calcular é preciso. Viver, outros quinhentos. As jóias da coroa de Édipo Rei são os olhos da cara, meu caro. Se i$$o é tudo, vale nada.

69


Issuu converts static files into: digital portfolios, online yearbooks, online catalogs, digital photo albums and more. Sign up and create your flipbook.