Erre Balada

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– Zero. Lá vem a biomassa. E lá vai R., perdido em meio à turba, procurando em meio ao caos social o que é câmara e o que é taipa, o que é chinelo e o que é sapato, o que é gel e o que é gomalina, o que é Chanel e o que é Avon... quem são os eleitos, quem é a lei, quem é mausoléu, e quem é cova, urna. Cem por cento de chance de uma contaminação cruzada. E quando perigava entrar em uma crise de identidade assombrada por alucinações de pesquisas, comícios, cestas básicas, promessas e siglas, muitas siglas, quando, neste estado alterado de consciência, totalmente abduzido, perigava perder, inclusive, a identidade, além da paciência, principal órgão vital avariado num caso desses, o Sr. Rua, em um gesto desesperado, gritou – Dotô! E imediatamente, junto às tapinhas que, sabe-se lá vindas de qual dos sete ou oito círculos do inferno instantaneamente estalaram às suas costas, o caos pôsse em ordem. Goma para cá, sebo para lá. Habemus Civitas, novamente. Que alegria! Uma piada, o Estado. Mas ai de quem rir. E a vida continua, a doze passos da saída do Parque de Vaquejada Balduíno Minervino de Carvalho, nome feio do cacete. Oito. Quatro. Dois. – Zero. Três. Seis. Doze. – Zero. Ôpa. Que houve? Ele está voltando? 65


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