Erre Balada

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sete passos e topou com seu primo, que o convidou a mais uma lata. E como o que ele procura ele desconhece, pois mesmo em busca de um culpado pelo seu infortúnio ele sabe que não é o último rei enforcado nas vísceras do último papa, nem sua ex-patroa a afogar-se no próprio sangue, a solução. E como, no fundo no fundo, o que há é “desce mais uma, brother”, ele aceitou a cerveja oferecida pelo primo, e depois de dar-lhe um gole profundo, encarou-lhe o, desculpem a redundância, fundo, e exclamou – Tô liso. Tu paga? Vai fundo, gritou de volta o primo, atiçando-o à outra. Eu te contei da pelada maluca? Não? Não. Você não estava. Ano passado. Aqui. Vai me deixar contar? Então, ano passado, tô eu aqui, tomando minha cerveja, aí, do nada, no mei da poeira... O erro é dele, mas vamos dar um desconto que Adamastor, é esse seu nome, já vai pela sétima latinha. Poeira, estrume, gente, gado, cavalo, né que me aparece uma mulher correndo nua? Nua. Vaquejadadentro. E um monte de guardas atrás dela. Eles estão entre nós, pensou Mister Rua, mas não falou, que de UFO adamastor não entende bulhufas. E era bonita? Indagou. Disso não é preciso ter ido à escola para saber. Ao que seu primo, cursista do terceiro ano do segundo grau no Liceu, respondeu – Não sei. Resposta que não convenceu nem a um nem a outro nem à namorada do outro, que estava o tempo todo ao lado deles e ouvia com as duas orelhas em pé a conversa. Mas assim ficam todos satisfeitos. Né? É. 63


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