Análise de intervenção no Convento do Carmo de Salvador

C a r o lin a M e n e s e s

NOME

M AT R ÍC U L A

201603393651

TURMA

3001

D ATA

O u tu b ro d e 2021

A N Á L IS E D E IN T E R V E N Ç Ã O E M PAT R IM Ô N IO E D IF IC A D O F IC H A T É C N IC A D A E D IF IC A Ç Ã O M O N U M EN TO

Convento do Carmo de Salvador

LO C A L IZ A Ç Ã O

Pelourinho, Salvador- Bahia

O R IG IN A L

Convento

USO AT U A L D ATA D A C O N S T R U Ç Ã O

Hotel 1586- 1730 • •

B R E V E H IS T Ó R IC O

IN S T R U M E N T O S D E PROTEÇÃO

•

Teve o início das obras no início da ocupação portuguesa no Brasil, com a chegada da ordem católica Carmelita em Salvador; Foi usado como base militar e abrigo para as tropas luso-brasileiras durante invasão holandesa em 1624, e passou a ser referência em proteção na cidade por conta da resistência de sua estrutura; Nos anos 1970, o edifício foi arrendado sob tutela do grupo Luxor, quando sofreu suas primeiras obras de restauro de requalificação, inaugurando mais tarde, em 2005, o primeiro hotel histórico de luxo no Brasil, então administrado pelo grupo Pestana.

C e n t r o H is t ó r ic o d e S a lv a d o r IP H A N • Livro do Tombo Arqueológico, Etnográfico e paisagistico: Inscrito em 07/1984 UN ESCO • Patrimônio da humanidade: Inscrito em 12/1985 C o n v e n t o d o C a r m o d e S a lv a d o r (E d ifi c a ç ã o e a c e r v o ) IP H A N • Livro do Tombo Belas Artes: Inscrito em 05/1938 • Livro do Tombo Histórico: Inscrito em 05/1938

C A R A C T E R ÍS T IC A S A R Q U IT E T Ô N IC A S

O convento possui três pavimentos voltados para dois claustros, maior e menor, e é anexado a Igreja Nossa Senhora do Carmo, com planta em nave única e torre sineira a esquerda da fachada principal. A obra possui variações entre os estilos neoclássico, barroco e rococó, por conta do tempo de construção e intervenções ao longo dos anos.

VA LO R E S PAT R IM O N IA IS ID E N T IF IC A D O S

O edifício possui uma relevância cultural, histórica e artística por se tratar de uma das obras sacras mais antigas do Brasil e conservar características de diversos estilos arquitetônicos do período de ocupação portuguesa no Brasil, além de fazer parte da paisagem do Centro Histórico de Salvador e da memória da população.

S it u a ç ã o d o C o n ju n to d o Carm o

a ce ss p r in c o ip a l

CO N VEN TO

L o c a liz a ç ã o d o C o n ju n to d o Carm o d e n tro d o Ce n tro H is t ó r ic o d e S a lv a d o r

Lad

e ir a

Do

Car

mo

IG R E JA S

CAPELA D O N O V IC IA D O

S A C R IS T IA

IN T R O D U Ç Ã O A história da urbanização no Brasil é bastante recente quando comparada a outras partes do mundo. Sua relação com o patrimônio é algo que ainda vem se consolidando, tanto em termos acadêmicos quanto em relação ao sentimento popular de proteção de sua própria história. Por essa razão as intervenções no patrimônio edificado precisam ser muito bem pensadas, de forma a conservar características da ocupação de uma sociedade anterior a atual e valorizar a história da evolução desse povo.

CO N TEXTO IG R E JA DO CARMO C L A U S T R O M A IO R

CLAU STRO M EN O R

C O N S IS T Ó R IO

ENTRADA

B IB L IO T E C A

P la n t a b a ix a o r ig in a l d o t é r r e o d o C o n v e n t o

a ce sso p r in c ip a l

V is t a a é r e a d o C o n ju n to d o Carm o

F a c h a d a p r in c ip a l d o C o n j u n t o d o C a r m o d e S a lv a d o r

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O Convento do Carmo faz parte de um conjunto composto por três partes principais: O convento, que ocupa maior área na implantação, e duas Igrejas de Nossa Senhora do Carmo uma integrada ao convento, da Ordem Carmelita, e uma em edifício independente, da Terceira Ordem. Situado no alto de uma colina frente à Baía de Todos os Santos, em Salvador, o edifício abrigava até 80 religiosos, um dos maiores da Ordem do Carmo no país.

Os dormitórios do térreo era reservado para os novos fiéis e o pavimento superior para aqueles já familiarizados com as regras da Ordem. Há ainda um terceiro pavimento, logo abaixo do telhado, o espaço funcionava como abrigo para os escravos.

Por estar inserido num Centro Histórico, o entorno possui muitas construções datadas do mesmo período, o Brasil Colonial tendo Salvador como capital do território. Neste momento, houve o desenvolvimento dos estilos de arquitetura vigentes na Europa no contexto brasileiro - neoclássico, barroco e rococó. As construções sofriam adaptações e simplificações por conta dos cenários econômicos e tecnológicos da colônia, além das diferenças nas condições físicas do espaço entre Portugal e o Brasil, como clima, topo2

gráfica, entre outras. Em relação aos edifícios religiosos, havia também uma variação de acordo com a Ordem católica a qual a obra pertencia, interferindo, por exemplo, na forma da planta baixa e distribuição do programa.

Em relação ao partido do Convento do Carmo de Salvador, a presença dos claustros seria uma influência da “escola franciscana do nordeste”, termo utilizado por Germain Bazin, historiador francês. “Apenas em 1655 foram iniciadas as obras do atual complexo carmelita, com a construção da Igreja e do Claustro Menor (...), e o Convento só foi concluído no século XVIII, com a finalização do Claustro Maior.” (BAZIN, 1983. p.20). Ambos os claustros são “envoltos por avarandados corridos, com colunas toscanas, que apoiam diretamente os beirais do telhado, tendo, no terreno, galerias com arcos em sequência”, descreve o professor e arquiteto Augusto C da Silva Teles.

O R E S TA U R O O edifício funcionou como convento até a década de 1970, quando já não tinham tantos religiosos moradores e seus claustros funcionavam como museus. A ideia partiu do desejo de se construir um hotel histórico aos padrões portugueses. Após negociações entre a Província Carmelitana de Santo Elias, o Governo do Estado da Bahia e do Grupo Luxor de Hotéis, iniciou-se o processo de levantamentos para elaboração do projeto de restauro e de implantação do hotel.

Foram feitos os levantamentos cadastrais, históricos e de patologias do edifício, que encontrava-se num estado precário de conservação. Também, ao longo os anos, foram feitos acréscimos na arquitetura original de maneira espontânea, seguindo as necessidades de uso do edifício. O IPHAN esteve envolvido durante todo o processo de restauração, avaliando todas as alterações que estariam sendo feitas, afinal

a edificação foi um primeiros inscritos nos tombamentos do Instituto, em 1938.

Na primeira fase da obra, foram demolidas e desfeitas alterações não originais na arquitetura e feitos os reparos das patologias. Haviam danos na estrutura da colunas em arenito, fechamentos em alvenaria e principalmente no madeiramento do telhado, que teve 70% de sua estrutura substituída por danos do tempo e intemperes.

Também houveram reparos e substituições de peças em suas esquadrias.

Em todo o trabalho de marcenaria foi usada a mesma técnica do tempo de construção original do edifício, revelando um cuidado em não alterar as características de origem.

Com o prédio seguro novamente, sem riscos de colapso, foi iniciada a fase de alteração da tipologia. Talvez, não por acaso - afinal foi feita uma curadoria com a finalidade de escolher uma obra para implantação do novo programa existem semelhanças entre ambos os programas, facilitando de certa forma o encaixe do novo projeto. Mesmo assim, algumas dificuldades exigiram um pensamento criativo dos arquitetos envolvidos. Ao final, toda a área do convento foi destinada ao turismo, excluindo a igreja anexa, a sacristia e os aposentos dos padres residentes.

Os quartos foram alocados nos pavimentos térreo, segundo e terceiro, totalizando 70 suítes de luxo. Foi construída também uma piscina no claustro maior, compondo a área de lazer do Hotel e mantendo o desenho original do paisagismo. Os maiores desafios, segundo Sérgio Ramos, arquiteto envolvido, foi a locação das áreas de serviços e a colocação de todas as instalações que demandada um hotel de luxo. A solução encontrada foi anexar as residências adjacentes, partes da paisagem, ao convento, fazendo a conexão através de um pavimento subsolo criado, aumentando a área cons-

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P is c in a n o C la u s t r o m a io r

C la u s t r o m e n o r

Ava ra n d a d o s n o té rre o

E sp a ço d e e sta r co m u m

Q u a rto

3

truída com um novo volume.

Quanto aos novos acréscimos, houve a preocupação de utilizar uma estética que evidencie a diferença entre o novo e o antigo, para não confundir os visitantes, inclusive nos mobiliários.

O acervo original foi restaurado com as mesma técnicas usadas no madeiramento estrutural, contrastando o espaço histórico com a contemporaneidade.

A N Á L IS E C R ÍT IC A Os primeiros pensamentos que me provocaram a iniciar minha pesquisa de embasamento a uma análise crítica do restauro do Convento foram, primeiramente, sobre sua localização no espaço do Centro Histórico e como as escolhas de intervenção eram influenciadas por esse contexto, e segundo, sobre como os teóricos veriam a autenticidade do monumento estando o restauro concluído - após me aprofundar nos escritos de Salvador Muñoz Vinãs vi que talvez essa fosse uma questão mais subjetiva, sem muita fórmula, mas vamos com calma.

Começando pela escala macro, é importante compreender que há uma tendência de esvaziamento dos centros de cidades adensados com edificações históricas e, por conta disso, as instituições reguladoras do patrimônio buscaram ao longo dos anos, e buscam até hoje, soluções para o problema.

Giovanonni, um dos primeiros teóricos a pensar o patrimônio urbano, já previa que os sítios históricos precisariam de modernizações para “atender às unidades de vida cotidiana da população, desde que não se implantem ali usos incompatíveis com sua morfologia.” [ref 7] Essas soluções vão desde investimentos em infraestrutura, a adaptações nas tipologias de uso dos centros his-

P la n t a b a ix a s u b s o lo in t e g r a d o a o co n ju n to d e r e s id e n c ia s anexadas -pós in t e r v e n ç ã o

tóricos para atender às necessidades da sociedade contemporânea, inclusive a promoção do turismo-histórico.

Este por sua vez, até por configurar uma atividade econômica, é benéfico aos próprios monumentos ao “satisfazer seus próprios fins- a manutenção e a proteção” [ref 20, pág. 2], podendo fazer com que a edificação seja autossustentável.

Não posso deixar de mencionar que nem sempre o caminho do turismo e do lazer é a fórmula mágica para a salvação dos centros históricos. Não foi para Salvador, nem como para outras cidades brasileiras. É evidente que cada cidade precisa de um planejamento estratégico próprio que considere as desigualdades de sua sociedade, pois estas são refletidas no espaço urbano.

Analiso que me parece contraditório a colocação de um hotel de luxo num local com uma tendência de marginalização, a presença de tal estabelecimento reforça a problemática da desigualdade social. No entanto, com certeza dou o benefício da tentativa de se criar uma cidade melhor, afinal o restauro é datado da década de 1980, quando a “cidade-atração” [ref 12, pág. 9] começou a ganhar força no Brasil.

Outra questão que devemos considerar em relação a intervenção e o investimento em centros históricos é o fato de que o Brasil possui uma relação relativamente recente com sua inter-

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P la n t a b a ix a d o t é r r e o n o t r e c h o d o c la u s t r o m a io r - p ó s in t e r v e n ç ã o

pretação de autenticidade, conforme é relatado na Carta de Brasília de 1955: “Nós representantes de países do Cone Sul, sentimos a necessidade de colocar a questão da autenticidade a partir da nossa peculiar realidade regional, que difere daquela dos países europeus e asiáticos de longa tradição como nações, pois nossa identidade foi submetida a mudanças, imposições, transformações que geram dois processos complementares: a configuração de uma cultura sincretista e a de uma cultura de resistência.” [ref 22, pág. 1]

Dessa forma, a preservação dos monumentos tem um papel muito importante de “consolidação do território nacional” [ref 12, pág. 8], e também explica o tipo de intervenção “historicista” [ref 9, pág .22] adotada no restauro do Convento, na busca de preservar ao máximo as características arquitetônicas e artísticas originais. O Brasil ainda busca criar uma relação de enraizamento de sua própria história, principalmente com o usuário comum, não especialistas - como refere-se Munõz Vinãs. Seria muito mais barato, rápido e menos trabalhoso construir um hotel de luxo novo, com um projeto contemporâneo com todos os atrativos que a arquitetura capitalista poderia oferecer, mas foi optado por se fazer uma intervenção histórica cheia de contratempos, reflexão muito bem pontuada por Joaquim Santos e José Neto [ref 12, pág. 23]. É a tão impor4

tante questão da significação cultural e do testemunho histórico, conceitos mencionados por teóricos mais antigos como Cesare Brandi.

Quanto a morfologia, pontuada por Giovanonni no início desta análise crítica, é perceptível que as relações de programa entre um convento e um hotel são bastante próximas, e ao analisarmos as plantas baixas antes e após a intervenção, pode-se afirmar que houve um pensamento respeitoso a lógica original da arquitetura, sem grandes intervenções no partido. Quando colocamos em questionamento o acréscimo no volume interno através das residencias adjacentes e do pavimento subsolo, vê-se uma solução eficiente, que por sua vez é respeitosa com a paisagem do sítio histórico. A paisagem construída do Largo do Carmo, permaneceu praticamente inalterada para aqueles que a vê cotidianamente.

Isso confere um valor no turismo-histórico de Salvador, fazendo o restauro ser coerente com a tipologia hoteleira, além de seguir as recomendações do artigo 8 da Carta de Burra: “A conservação de um bem exige a manutenção de um entorno visual apropriado, no plano das formas, da escala, das cores, da textura, dos materiais, etc. Não deverão ser permitidas qualquer nova construção, nem qualquer demolição ou modificação susceptíveis de causar prejuízo ao entorno. A introdução de elementos estranhos ao meio circundante, que prejudiquem a apreciação ou fruição do bem, deve ser proibida” [ref 21, pág. 2 e 3]

Mas será que a obra continua autentica pós intervenção? Confesso que fiquei um pouco confusa sobre o que pensar sobre isso quando iniciei meus estudos, principalmente porque fiz minhas leituras em ordem cronológica e as “teorias clássicas” [ref 15, pág 2] não são muito favoráveis no que diz respeito a substituição mimética - como ocorreu no madeiramento do Convento - por conta do risco de falsificação histórica. Porém, felizmente, temos a

Teoria Contemporânea da Restauração, escrita por Muñoz Viñas, que coloca questões envolvendo restauro de uma forma muito humana e sensível.

Primeiramente, Muñoz Viñas atenta para o fato de a intervenção mínima do restauro científico ser na verdade uma tentativa de confirmação precisa para uma ideia subjetiva: a autenticidade, que não está necessariamente submetida a ciência. A autenticidade varia de acordo com as pessoas.

“Julgamento de autenticidade pode está ligado a uma grande variedade de fontes de informação. Aspectos da fonte podem incluir forma e design, materiais e substância, uso e função, tradição e técnicas, localização e situação, e espiritualidade e sentimento, e outros fatores internos e externos”. [ref 15, pág 4- tradução livre pela autora]

A resposta, portanto, é sim, o restauro do Convento do Carmo de Salvador é autêntico, e diria que principalmente pela intenção de aproximar as pessoas de sua própria história, mas também por outros traços característicos de recomendações teóricas mais antigas a Muñoz Viñas. O próprio embasamento científico foi utilizado para conseguir reproduzir as peças que foram substituídas, e também por agora conservar marcas da contemporaneidade- na recuperação do resto da estrutura, pela iluminação e instalações, os mobiliários novos, etc. O edifício conta uma história que não tenta fugir de sua passagem no tempo, sem causar confusão entre o novo e o antigo, como já era defendido no artigo 13 da Carta de Veneza [ref 19, pág. 3].

permanente num monumento. O que não acontece com os arquitetos do Hotel do Convento do Carmo, e dessa forma considero estimulante a coragem, assim como na decisão de remover os acréscimos das décadas anteriores.

Infelizmente não encontrei dados que relatem quais eram esses acréscimos para fazer um julgamento se de fato não possuíam nenhum tipo de relevância. Muñoz Viñas escreve que essa decisão também é subjetiva, considerar intervenções passadas “erros” [ref 15, pág 3], e que a opção de mantê-las ou não pode ser motivada inclusive por “preconceitos” [ref 15, pág. 3] pessoais. No final das contas, penso que é irrelevante qual seria a minha visão preconceituosa, sem grandes vínculos emocionais com Salvador ou o Conjunto do Carmo, sobre essa pequena parte de um dos grandes monumentos históricos do Brasil.

CO N C LU SÃO A atividade de restauração possui muitas possibilidades interessantes e é incrível quando temos a possibilidade de estar diante dos marcos temporais da nossa própria cultura. O Brasil é um país riquíssimo nesse sentido e é de grande importância que as teorias sobre o patrimônio evoluam cada vez mais direcionadas à realidade nacional, de forma que além de preservar, os sítios e monumentos possam ser parte íntegra da sociedade, não apenas pela beleza ou o valor econômico que o turismo proporciona, mas pela história de fato, que seja cada vez mais democrática.

A piscina no claustro maior entra como uma ideia ousada de um acréscimo não reversível. Muñoz Viñas critica a ideia de reversibilidade de uma forma muito interessante, colocando que a crença de que algo pode ser desfeito revela uma “ingenuidade tendenciosa” [ref 15, pág 2], por não ser prático, tanto num ponto de vista teórico quanto técnico, e poderia ser uma resposta do medo de assumir uma intervenção

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R E F E R Ê N C I A S (A C E S S O E M 1 0 /2 0 2 1 ) na preservação do patrimônio edificado: Os paradigmas de Brasília de Ouro Preto.

2016. Tese (doutorado). Faculdade de Arquitetura e Urbanismo, Universidade de São Paulo. Disponível em: https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/16/16133/ tde-17022017-093547/publico/antoniooliveira.pdf

W E B G R A F IA

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https://sanctuaria.art/2014/05/01/49/amp/ (acesso em 10/2021) https://revistaprojeto.com.br/acervo/sergio-rocha-pousada-do-convento-do-carmo-salvador-ba/ https://revistaprojeto.com.br/acervo/convento-do-carmo-reabre-05-09-2001/ https://pt.wikipedia.org/wiki/Igreja_e_Convento_de_Nossa_Senhora_do_Carmo

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https://pt.wikipedia.org/wiki/Pousada_do_Convento_do_Carmo

21.

http://www.ipatrimonio.org/salvador-convento-e-igreja-de-nossa-senhora-do-carmo/#!/map=38329&loc=-12.966691685152076,-38.51074934005737,15

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Carta de Veneza. 1964. Disponível em: http://portal.iphan.gov.br/uploads/ckfinder/ arquivos/Carta%20de%20Veneza%201964.pdf Carta de Turismo Cultural. 1976. Disponível em: http://portal.iphan.gov.br/uploads/ ckfinder/arquivos/Carta%20de%20Turismo%20Cultural%201976.pdf Carta de Burra. 1980. Disponível em: http://portal.iphan.gov.br/uploads/ckfinder/ arquivos/Carta%20de%20Burra%201980.pdf Carta de Brasília. 1995. Disponível em: http://portal.iphan.gov.br/uploads/ckfinder/ arquivos/Carta%20Brasilia%201995.pdf

https://vitruvius.com.br/revistas/read/arquitextos/21.246/7958 https://revistadesvioblog.files.wordpress.com/2018/05/6-traduc3a7c3a3o.pdf

A R T IG O S

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SANTOS, Joaquim Rodrigues dos, NETO, José Cavalcanti, “Pousada do Convento do Carmo em Salvador da Bahia: A Experiência das Pousadas de Portugal na Reabilitação de Edifícios Monásticos para Pousadas Turísticas”. Disponível em: https:// d1wqtxts1xzle7.cloudfront.net/34964225/Pousada_do_Convento_do_Carmo_ em_Salvador_da_Bahia-with-cover-page-v2.pdf?Expires=1634006179&Signature=UBtq95wkci-bKBp9J8S-JwHPv~-kaqt7rWm6lsxf7Rxcqy7e8PlI6Oesz9BrEqY0n5SQ8SIULpZn8OLn7Lr384v9CldGulNxTLbgtTUFF6gZi29NwE~SXf3~pTVA9zPdX3TDMArVKrMDD8RYyz5xO9nhwgRJPoD5oVL6CdTnABM6o2jzMBYJ80p4KjaKGu-UME4HcrcCF0lLDsM~~ABSKrY3QHahq8YIi6-c85Ct9pJ7JJTI3JB3ndkQ04qxxEkGEVgA~ehKk0Sx0pNcrn1LG2Zx4VLqp9Yi~qJDKS6Jrl0Mpy8G78nV7unfv6h7eLGc8iy3y23if6SKunx~LnW5ig__&Key-Pair-Id=APKAJLOHF5GGSLRBV4ZA Arquitetura religiosa Barroca- Augusto C da Silva Teles (arquiteto e professor de história da arquitetura). Disponível em: http://portal.iphan.gov.br/uploads/ckfinder/arquivos/14-11-2014%20Artigo%20-%20Brasil%20-%20arquitetura%20religiosa%20 barroca.pdf (aceesso em 10/2021) Painéis de Azulejos da Capela do Noviciado do Convento do Carmo em Salvador da Bahia. Disponíel em: https://d1wqtxts1xzle7.cloudfront.net/60944853/ Paineis_de_Azulejos_da_Capela_do_Noviciado20191018-122259-amp9ms.pdf?1571412083=&response-content-disposition=inline%3B+filename%3DPaineis_ de_Azulejos_da_Capela_do_Novicia.pdf&Expires=1634006182&Signature=WniV7gbZJQmrUfu~1EnJBQ-wlC6SHBKCK8tIErXjP2HdlP7CJSo0QSjw5sahZbEHkzqR~T3IfuZEiYU0UFroe7ny2sfeL17NOkvd2HzTRLYSbc1jB19j43vPXmd3zqXPY-w10fIe8oQUe~KXEcCU9AMVQIQucp~gE0dsOnZuyd287PQ6CBiiaKoBbdzfpHe0Xtcn7Dl3iRPYIoFiz0jSHnHKQ9ILWbNzuBYS7GxyM8A8jSPKfwxIDffDHyr32xhv10YdoqvHh-NFGAoAGdrpdaUm7i7iX2Tdr9BrYFAYm-EzmAmQkeB2OMfcVoQ3wDwdLVNj1aCRHVmV7HlNGPzlYg__&Key-Pair-Id=APKAJLOHF5GGSLRBV4ZA Marcia Sant’Anna. A cidade-patrimônio no Brasil: lições do passado e desafios contemporâneos (Revista do patrimônio histórico e artístico nacional).

Ana Clara Ribeiro de Andrade Santos, Iesmin Yamada Ubida, Fabrícia Dias da Cunha de Moraes Fernandes Borges. Teoria da restauração: Cesare Brandi – norteando as intervenções sem falso histórico e falso artístico. 2018. Universidade do Oeste Paulista – UNOESTE, Curso de Arquitetura e Urbanismo, Presidente Prudente, SP. Disponível em: http://www.unoeste.br/site/enepe/2018/suplementos/ area/Socialis/Arquitetura%20e%20Urbanismo/TEORIA%20DA%20RESTAURA%C3%87%C3%83O%20CESARE%20BRANDI%20%20NORTEANDO%20AS%20INTERVEN%C3%87%C3%95ES%20SEM%20FALSO%20HIST%C3%93RICO%20E%20 FALSO%20ART%C3%8DSTICO.pdf Jukka Jokilehto. Princípios da conservação e suas bases teóricas. 1986. Disponível em: http://www.marciabraga.arq.br/voi/images/stories/pdf/principios_da_conservacao_e_suas_bases_teoricas.pdf Salvador Muñoz-Viñas. Contemporary theory of conservation. Reviews on conservation number 3. 2002. Disponível em: file:///C:/Users/Carolina%20Meneses/ Downloads/2002-ContemporaryTheoryofConservation-S.MunozVinas.pdf

D O CU M EN TO S

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Declaração retrospectiva de Salvador Bahia- UNESCO. Disponível em: http://portal. iphan.gov.br/uploads/ckfinder/arquivos/Declara%C3%A7%C3%A3o%20retrospectiva%20Salvador%20de%20Bahia.pdf Bens tombados e processos em andamento 2019 maio - IPHAN. Disponível em: http://portal.iphan.gov.br/uploads/ckfinder/arquivos/BENS%20TOMBADOS%20 E%20PROCESSOS%20EM%20ANDAMENTO%202019%20MAIO.pdf Antônio de Oliveira Mello Junior. O significado e o uso do conceito de autenticidade

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NOME

C a r o lin a M e n e s e s

M AT R ÍC U L A

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N o ve m b ro d e 2021

A N Á L IS E D E IN S E R Ç Ã O D E N O V O S U S O S E D A R E L A Ç Ã O A N T I G O -N O V O E M P A T R I M Ô N I O E D I F I C A D O C O N V E N T O D O C A R M O D E S A LV A D O R

Fa c h a d a p rin c ip a l d o C o n v e n to d o C a rm o d e S a lv a d o r [re f 2 ]

IN T R O D U Ç Ã O O Conjunto do Carmo de Salvador teve sua construção iniciada em 1586, quando o terreno de uma antiga igreja foi doado aos monges carmelitas recém chegados a cidade. O terreno localizava-se fora dos limites originais do espaço urbano, no alto de um monte frente à Baía de Todos os Santos.

Hoje o espaço é nomeado como Largo do Carmo, e está inserido dentro dos limites do Centro Histórico de Salvador, perímetro urbano protegido por tombamentos nacionais, pelo IPHAN, e reconhecimentos internacionais, pela UNESCO. O conjunto inclui o Convento e duas igrejas de ordens do Carmo, e levou cerca de 200 anos para ser concluído.

O convento é um dos maiores de sua ordem no país e ocupa a maior área na implantação do conjunto. Sua planta é influenciada pela ordem de São Francisco do nordeste brasileiro, por conta da presença de dois claustros, que são margeados por varandas no térreo. O programa conta ainda com alguns espaços destinados a atividades de culto religioso, como capelas e sacristias, e os quartos dos fiéis, sendo estes os ambientes que ocupavam maior área no total da edificação.

Por conta do longo tempo que se levava para finalizar as construções, era comum que a arquitetura recebesse influencias de diversos estilos, e com o convento não foi diferente. Suas fachadas e espaços internos possuem características neoclássicas, barrocas e rococó trazidas pelos europeus, com as adaptações e criações introduzidas no Brasil, por contas das diferenças de contexto entre os territórios econômicos, topográficos, climáticos, culturais, etc.

Na década de 1970, o convento já não possuía tantos residentes e a maior parte da estrutura estava sendo utilizada como museu de arte sacra. Foi quando foram realizadas as primeiras obras de restauro do edifício, com o objetivo em convertê-lo para uma tipologia hoteleira, tendência que já vinha sendo seguida em Portugal e reforçada no Brasil pela tentativa de se criar suporte nos Centros Históricos para o lazer e o turismo. O projeto principal é conduzido pelos arquitetos Sérgio Rocha e Fernando Machado Leal, que planejaram a intervenção junto a uma equipe de outros especialistas.

primeiramente foi feita a recuperação da estrutura, com a substituição de 70% do madeiramento original por conta de danos irreversíveis em peças de esquadrias, do telhado e do mobiliário original. As novas peças receberam o mesmo tratamento que as originais receberam quando o edifício foi erguido.

Esse tipo de intervenção, que “tem como escopo remodelar a obra, intervindo de maneira análoga ao processo criativo originário, fundindo o velho no novo, de forma a não diferenciá-los” [ref 3, pág 4], não é encorajado por Cesare Brandi, pois segundo ele, tal ato corrompe a unidade potencial da obra, “reconduzir a obra a sua unidade originaria é como substituí-la por um ‘ex-novo’” [ref 3, pág 4]. Na perspectiva de outro autor, Beatriz Kühl vê o caso como uma intervenção em “assonância”, pelo emprego da semelhança [ref 4, pág 4].

O R E S TA U R O Inicialmente a obra foi arrendada para o grupo Luxor, e foi executada uma pousada na área do Claustro maior. Mais tarde, em 2005, uma nova intervenção foi realizada, agora sob o comando do grupo hoteleiro Pestana, que visava a implantação de um Hotel de luxo. Logo surgiram alguns desafios,

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P a v im e n to su b so lo a c re sc id o c o m a c e sso p o r p a ssa re la s m e tá lic a s [re f 1 ]

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Resolvidas as questões estruturais foram iniciadas as adaptações no partido interno para receber o novo programa, que possui uma proximidade com o do convento por conta da necessidade de um grande número de quartos. O maior desafio foi a locação do setor de serviços do hotel, não havia um espaço adequado para a necessidade do hotel. A solução foi adicionar um pavimento subsolo que faz ligação com residenciais adjacentes, que também foram incorporadas, aumentando a área construída sem interferir na paisagem histórica.

Essa foi uma escolha positiva que relaciona-se a “reciprocidade” de Bernard Tschumi, “quando conceito e contexto interagem profundamente, se complementando e mesclandose em uma entidade contínua e sem fratura” [ref 4, pág 6]. De fato, a solução foi bastante feliz no sentido de conservar a forma e a estética, e resolver a necessidade de criação de um novo volume de forma “análoga”, como defende também Ignasi de Solà-Morales, na “correspondência dimensional, tipológica e figurativa entre as novas e as velhas parte (...)”. [ref 4, pág 5] Outras adições foram feitas, como as passarelas em estrutura metálica que dão acesso ao pavimento subsolo, uma piscina no claustro maior, iluminação contemporânea e mobiliários novos, sempre com a preocupação em diferenciar os materiais inseridos dos originais de forma que tornem-se parte integrante de uma obra única.

Beatriz Kühl nomeia essa estratégia - já defendida pelos teóricos clássicos em restauro- como “diferenciação em consonância”, onde há o “uso de notas diversas (elementos arquitetônicos) que se conjugam num (único) acorde harmônico (...)” [ref 4 pág 4].

CO N C LU SÃO

O restauro teve um caráter bastante conservador, houve uma preocupação em manter a atmosfera histórica do espaço, o que é o grande diferencial para os hóspedes, uma vez que a população brasileira ainda não possui uma relação de proximidade com o patrimônio construído do país, e grande parte dos hotéis são construído do zero, já para serem hotéis. A justificativa para a cópia no madeiramento vem desse contexto.

Salvador Muñoz Viñas já defendia que o restauro deveria ser avaliado de forma subjetiva:

Após a conversão do convento em hotel, a arquitetura passou a receber manutenção preventiva com frequência e a população passou a estar muito mais em contato com o edifício e sua história. Por conta da pandemia, o hotel fechou suas portas em 2020, mas já conta com uma nova direção que fará nova intervenção para reabri-lo em 2022 [ref 6].

R E F E R Ê N C IA S 1.

SANTOS, Joaquim Rodrigues dos, NETO, José Cavalcanti, “Pousada do Convento do Carmo em Salvador da Bahia: A Experiência das Pousadas de Portugal na Reabilitação de Edifícios Monásticos para Pousadas Turísticas” in Anais do ArquiMemória 3- Encontro Nacional de Arquitetos sobre Preservação do Patrimônio Edificado – Patrimônio Edificado: Função Social, Integração e Participação, Salvador da Bahia, Instituto de Arquitetos do Brasil, 2008.

2.

https://revistaprojeto.com.br/acervo/ sergio-rocha-pousada-do-convento-docarmo-salvador-ba/

3.

https://www.unisantos.br/pos/ revistapatrimonio/pdf/Artigo4_v6_n7_ jul_ago_set2009_Patrimonio_UniSantos. pdf

4.

Relação Antigo-Novo em intervenções em ambientes de interesse culturalProfessora Gisele Freixo

5.

Salvador Muñoz-Viñas. Contemporary theory of conservation. Reviews on conservation number 3. 2002. Disponível em: file:///C:/Users/Carolina%20Meneses/Downloads/2002-ContemporaryTheoryofConservation-S.MunozVinas.pdf

6.

https://www.panrotas.com.br/hotelaria/ mercado/2021/06/convento-do-carmo-ba-sera-reaberto-em-2022-sob-nova-gestao-revela-site_182194.html

7.

Marcia Sant’Anna. A cidade-patrimônio no Brasil: lições do passado e desafios contemporâneos (Revista do patrimônio histórico e artístico nacional).

“‘Restauração é sobre pessoas’ [41 p.

13], e as necessidades das pessoas nas decisões de conservação são expressas de dois conceitos, os de valor e os de função”. [ref 5, pág 7 - em tradução livre pela autora]

O objetivo dos arquitetos era de preservar a arquitetura quase como se fosse um cenário, e nesse sentido faz sentido o caminho escolhido uma vez que a cobertura tem parte significativa no campo de visão do hóspede, ela assume uma função. Se a estrutura tivesse sido substituída por um outro material mais contemporâneo, o aspecto de antigo do hotel se perderia significativamente e o conceito de hotel histórico não seria tão presente quanto com a cópia do tratamento da madeira.

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