

ÁREAS EMERGENTES da profissão farmacêutica


Secção Regional do Sul e Regiões Autónomas da Ordem dos Farmacêuticos

Maio 2024
regional.sra@ordemfarmaceuticos.pt www.ordemfarmaceuticos.pt


Mensagem da Direção Regional do Sul e Regiões Autónomas
A Direção Regional do Sul e Regiões Autónomas da Ordem dos Farmacêuticos torna público, com grande satisfação, o presente documento que reúne e resume o trabalho iniciado em 2022 sobre as Áreas Emergentes da Profissão Farmacêutica.
Este trabalho configura um ponto de partida para uma discussão interna, no seio da Ordem dos Farmacêuticos, junto dos seus órgãos e membros, mas também, e necessariamente, uma discussão externa, aberta a toda a sociedade civil.
Começámos por desafiar farmacêuticos, e diplomados em Ciências Farmacêuticas, a exercer em áreas não relacionadas tradicionalmente (ou diretamente) com a profissão farmacêutica, a partilhar a sua visão, as suas preocupações e sugestões sobre qual deveria ser o papel da Ordem dos Farmacêuticos relativamente a este tema.
A demonstração de interesse em participar foi muito expressiva e a riqueza da discussão levou a que a Direção Regional publicasse neste documento, não só o relatório da atividade do Grupo de Trabalho, mas acrescentasse uma orientação estratégica, que culmina num plano com ações e iniciativas concretas, sobre aquele que poderá/deverá ser o trabalho da Ordem dos Farmacêuticos no que diz respeito a este tema.
A Direção Regional está, pois, muito grata a todos os que contribuíram para a elaboração deste documento, muito particularmente a todos as pessoas que participaram, de forma voluntária e abnegada, no Grupo de Trabalho para as Áreas Emergentes da Profissão Farmacêutica. Esperamos que esta publicação contribua para o desenvolvimento da profissão, em especial as suas Áreas Emergentes.
Sumário Executivo/ Enquadramento

A Ordem dos Farmacêuticos (OF), associação pública profissional que regula e representa a profissão farmacêutica em Portugal, assume um importante papel enquanto promotora da reflexão em torno da evolução do ensino, da formação e da prática farmacêutica. Ao longo da sua história, a OF tem procurado não apenas aproximar-se dos farmacêuticos, mas também dos diplomados em Ciências Farmacêuticas (CF), contribuindo desta forma para uma maior valorização profissional e promoção do reconhecimento e consolidação da profissão farmacêutica em novas áreas de atividade.
Consciente do surgimento de novas áreas de atividade da profissão farmacêutica, a Secção Regional do Sul e Regiões Autónomas da Ordem dos Farmacêuticos (SRSRA-OF) criou a iniciativa “Grupo de Trabalho para as Áreas Emergentes da Profissão Farmacêutica”, doravante identificado como Grupo de Trabalho (ou GT), com o objetivo de iniciar e incentivar a aproximação aos farmacêuticos e diplomados em Ciências Farmacêuticas de diversas áreas não relacionadas tradicionalmente (ou diretamente) com a profissão farmacêutica. Através de encontros de partilha e discussão de ideias, o Grupo de Trabalho foi estimulado não só a definir, identificar e caracterizar as Áreas Emergentes da profissão farmacêutica, como a apresentar propostas de ação para a efetiva integração e representação no seio da OF dos profissionais a exercer nestas áreas. As conclusões das discussões entre os elementos do Grupo de Trabalho foram reunidas num relatório final e apresentadas formalmente a todos os envolvidos no dia 16 de março de 2023.
Dada a pertinência e qualidade da reflexão, entendeu a Direção Regional do Sul e Regiões Autónomas da Ordem dos Farmacêuticos (DRSRA) que deveria ir além da publicação do relatório da atividade do Grupo de Trabalho para as Áreas Emergentes da Profissão Farmacêutica e acrescentar uma orientação estratégica para abordar este importante tema.
O presente documento divide-se, pois, em duas partes, uma primeira que relata e detalha o trabalho levado a cabo pelo Grupo de Trabalho para as Áreas Emergentes da Profissão Farmacêutica, e uma segunda que toma a primeira como ponto de partida, mas que vai mais além e propõe uma visão relativa às Áreas Emergentes da Profissão Farmacêutica que culmina com um plano de ação a curto, médio e longo prazo.
Este trabalho marca, assim, o início da discussão no seio da OF, sobre as Áreas Emergentes da Profissão Farmacêutica, estando, naturalmente, aberto aos contributos de todos.
1ª Parte
Relatório
da Atividade do Grupo de Trabalho para as Áreas Emergentes da Profissão Farmacêutica



Objetivos
Definir, identificar e caracterizar as áreas emergentes da profissão farmacêutica, desenvolver um plano de ação para a valorização destas áreas e aproximar a Ordem dos Farmacêuticos aos profissionais a exercer nas mesmas.
Metodologia
O desenvolvimento dos trabalhos do Grupo de Trabalho para as Áreas Emergentes da Profissão Farmacêutica compreendeu três fases:
1. Recrutamento e seleção dos participantes no Grupo de Trabalho;
2. Reuniões do Grupo de Trabalho, com recurso à metodologia de grupos focais;
3. Discussão e apresentação ao Grupo de Trabalho das conclusões.
O recrutamento e seleção de participantes nos grupos focais foi feito através de uma open call e de uma comissão de três elementos (o Secretário Executivo da SRSRA, o Presidente da Direção Regional SRA e a Vogal da Direção Regional SRA responsável por este tema) que analisou as experiências profissionais e motivações demonstradas por 89 candidatos.
Atendendo ao número elevado de candidaturas recebidas, foram definidos os seguintes critérios de seleção:
i) Exercer a atividade profissional numa área entendida como emergente da profissão farmacêutica;
ii) Membro efetivo da OF, inscrito e em situação regular na SRSRA
Assim, foram selecionados 25 farmacêuticos/diplomados em Ciências Farmacêuticas, de diferentes áreas e contextos profissionais, que foram divididos e distribuídos de forma heterogénea no que à área profissional diz respeito, por 3 grupos com vista a fomentar a interatividade e participação de todas as pessoas.
A composição dos grupos pode ser consultada na tabela 1.
Tabela 1: Composição dos grupos de trabalho
GRUPO 1
Ana Isabel Fernandes
Alexandra Santos
Ana Lúcia Agostinho

Professora Associada, Egas Moniz School of Health & Science, Investigadora do Centro Interdisciplinar Egas Moniz (CiiEM)
Associate Director Medical Affairs na Kite Pharma –Gilead Sciences
Global Head of Strategy Realization, International Pharmacovigilance, Global Medical Safety na Johnson & Johnson Innovative Medicine
Fábio Borges
Diogo Simões
Carolina Rodrigues
Joana Abrantes
Ana Sofia Santa
João Transmontano
Quirina Costa
Alexandre Baptista
Pedro Cardoso
Sara Torgal
João Pedro Malhadeiro
Margarida Gaião
Jéssica Alves
Pedro Maurício

Gestor de Projetos de Investigação Clínica na European Organisation for Research and Treatment of Cancer (EORTC)
Consultant na IQVIA
Product Owner of PAS-X, Manufacturing Execution System (MES), Köerber Pharma
Researcher Assistant na Center of Health Technology Assessment and Drug Research (CHAD), AIBILI
Senior Regulatory Affairs Specialist na Baush & Lomb
GRUPO 2
CEO, Neovictus LDA (Biotecnologia)
Professora Auxiliar, FFUL e Investigadora no Instituto de Investigação do Medicamento – iMed.ULisboa
Consultor, Real World Evidence, Health Economics and Outcomes Research, Market Access
Analista de resultados em saúde (VHB) na Luz Saúde, Farmacêutico Hospitalar
Senior Manager, Scientific Programmes, Drug Information Association (DIA)
Value & Access Lead na NOVARTIS Portugal
Medical Science Liaison na NOVARTIS Portugal
Responsável Controlo e Garantia de Qualidade na Nippon Gases Portugal
Account Manager na Tucuvi Care
GRUPO 3
Isabel Monteiro Access Partner na Roche (Farmacêutica Química, Lda.)
Nuno Silverio
Market Acess Manager na Merck
Sandra Silva Analytical Scientist no iBET
Maria João Almeida Freelancer, Medical Writer
Kátia Saramago
Diogo Piedade
Sofia Carvalhinho
Sara Inácio

CEO, Auditor, Consultant e Trainer na FLUXINTELIGENTE
Manager Value & Innovation-based Acess Manager
Value & Innovation-based Acess MedTech Europe / Economic Affairs Manager no PGEU
In-licensing & Business Development Manager na Tecnimede
Digital Health Portfolio Executive na Siemens Healthcare
No gráfico 1 e no gráfico 2, estão indicadas, respetivamente, a distribuição etária e de sexo dos elementos do Grupo de Trabalho:

Gráfico 1: Distribuição etária dos elementos no Grupo de Trabalho

Gráfico 2: Distribuição por sexo dos elementos no Grupo de Trabalho
Após a seleção e distribuição dos participantes foi realizada uma reunião de apresentação, que marcou o início dos trabalhos, na qual foram apresentados a iniciativa e os objetivos definidos. Entre setembro e novembro de 2022 cada um dos grupos reuniu 3 vezes em reuniões online e facilitadas por um profissional com marcada experiência na utilização da metodologia de grupos focais para elaboração de estudos de mercado, recorrendo a um guião previamente desenvolvido em conjunto com a equipa da SRSRA que acompanhou o desenvolvimento de todo o projeto (sem, no entanto, interferir no processo de discussão durante as sessões).
Na tabela 2 podem ser consultadas as datas das reuniões e respetivas temáticas, realizadas por cada grupo.
Tabela 2: Temática e datas das reuniões realizadas
Data da reunião

Temática da Reunião
Grupo A Grupo B Grupo C
Identificação e definição de “Áreas Emergentes” 5 de setembro 2022 6 de setembro 2022 7 de setembro 2022
Valorizar as “Áreas Emergentes” da profissão farmacêutica
Definir medidas e ações para aproximação da OF aos profissionais das “Áreas Emergentes”
17 de outubro 2022 12 de outubro 2022 13 de outubro 2022
7 de novembro 2022 9 de novembro 2022 14 de novembro 2022

O guião desenvolvido para as reuniões online pode ser consultado no Anexo 1.
As reuniões dos grupos focais foram gravadas em áudio, transcritas e analisadas após cada reunião. A análise dos resultados de todas as reuniões foi revista por três elementos (Facilitador, Secretário Executivo da SRSRA e Secretária Técnica para as Relações Institucionais e Envolvimento do Cidadão da SRSRA). Posteriormente, foi desenvolvido um questionário (Anexo 2) para a consolidação de perceções sobre a definição, identificação e caracterização das áreas emergentes. Após análise das respostas ao questionário e da visualização das gravações das sessões, os resultados e conclusões preliminares foram apresentados aos três grupos focais numa única reunião, realizada a 16 de março de 2023, e disseminados para recolha de comentários e sugestões de melhoria.
Numa abordagem reflexiva e considerando as conclusões do grupo de trabalho, foi desenvolvido o presente relatório com as principais premissas, considerações e recomendações para a definição, identificação, caracterização e valorização das áreas emergentes da profissão farmacêutica.

Resultados
Sessão 1
A primeira reunião de cada um dos três grupos focais (decorrida depois da reunião de apresentação do projeto) teve como temática “Identificar e definir “Áreas Emergentes””. No decurso da mesma procurou-se responder às seguintes questões:
1. Nas duas últimas décadas surgiram novas atividades relacionadas com a atividade farmacêutica. Quais os motivos que levaram ao seu aparecimento?
2. A Ordem dos Farmacêuticos prevê a existência de “Outras Áreas Profissionais”. Que áreas são estas?
3. Que definição proporiam para “Áreas Emergentes”? Que pressupostos se devem observar para uma atividade ou “área” ser considerada emergente da profissão farmacêutica?
Apresenta-se, de seguida, uma súmula das reflexões/respostas dos participantes.
1. Nas duas últimas décadas surgiram novas atividades relacionadas com a atividade farmacêutica. Quais os motivos que levaram ao seu aparecimento?
Na perspetiva dos participantes no Grupo de Trabalho, nos últimos 20 anos, surgiram um conjunto de atividades relacionadas com a atividade farmacêutica, sendo que os principais motivos que levaram ao aparecimento destas prendem-se, sobretudo, com:
• A evolução da tecnologia e a inovação em saúde que proporcionaram o aparecimento de novas áreas científicas com impacto e interesse económico, associadas à economia e às ciências da saúde e da vida, levando ao surgimento de novas empresas, divisões de empresas e start-ups que, naturalmente, criaram oportunidades e absorveram profissionais para levarem a cabo a sua atividade.
• A formação académica transversal e versátil do Farmacêutico, que assegura o conhecimento holístico do ciclo do medicamento pré e pós comercialização, e a evolução do próprio modelo de ensino alavancaram uma posição de vanguarda no desempenho dessas novas áreas por parte de formados em ciências farmacêuticas. Um exemplo claro da vantagem competitiva deste nível de conhecimento do ciclo de vida do medicamento são funções associadas ao Marketing Farmacêutico, tanto na lógica de comunicação, como na lógica de planeamento estratégico.
• A capacidade de adaptação e constante atualização na formação de base, estimulou os formados em Ciências Farmacêuticas para estarem especialmente adaptados a novas áreas com mudanças e alterações rápidas, mesmo em contextos altamente regulamentados. Assim, os formados em Ciências Farmacêuticas estão especialmente preparados para um desempenho profissional adequado em novas indústrias, novos e

tradicionais modelos organizacionais, equipas multidisciplinares, podendo desempenhar funções de liderança, direção, gestão ou como membros de equipas em áreas de negócio emergentes na “nova economia tecnológica da saúde”.
2. A Ordem dos Farmacêuticos prevê a existência de “Outras Áreas Profissionais”. Que áreas são estas?
A Ordem dos Farmacêuticos prevê a existência de “Outras Áreas Profissionais”, cuja definição, constante do respectivo website (Novembro 2022) é a seguinte:
“OUTRAS ÁREAS PROFISSIONAIS - As Ciências Farmacêuticas são uma disciplina abrangente que extravasa a própria área da Saúde. A profissão farmacêutica possui por isso múltiplos ramos e valências e umvasto leque de saídas profissionais. Com o progresso, os farmacêuticos adaptaram-se a novas áreas de atividades, aos desafios e necessidades da sociedade, relevando a sua abertura e disponibilidade e o seu carácter empreendedor. Hoje, encontramos farmacêuticos em vários domínios profissionais, onde a sua formação académica de banda larga lhes fornecem uma vantagem competitiva no mercado de trabalho. De forma genérica, os farmacêuticos incluídos nas Outras Áreas Profissionais exercem a profissão fora das áreas mais tradicionais ou não exercem atos exclusivos da profissão farmacêutica.”
Segundo os elementos do Grupo de Trabalho, esta definição é atual e apropriada ao conceito de “Outras Áreas”, podendo servir como ponto de partida para a definição de Outras Áreas Emergentes.
3. Que definição proporiam para “Áreas Emergentes”? Que pressupostos se devem observar para uma atividade ou “área” ser considerada emergente da profissão farmacêutica?
Não foram consensuais entre os membros do Grupo de Trabalho os critérios para a categorização de uma determinada área do exercício profissional de um farmacêutico como emergente. No entanto, no essencial, destacaram-se, na discussão, dois critérios:
• Nº Profissionais que a desempenham;
• Peso relativo dos formados em Ciências Farmacêuticas no desempenho das mesmas
A combinação destes dois critérios (não quantificados pelos Grupo de Trabalho) definirá a importância relativa de uma “área” e determinará o interesse de a classificar como Emergente. Não obstante, é recomendável que o esforço de deteção e mapeamento de

novas áreas seja uma constante por parte da OF já que há áreas cuja existência e importância se desconhecem.
Além disto, parece essencial que o critério de inclusão de uma determinada área como emergente considere um conjunto de premissas, nomeadamente e sobretudo:
• Um número “suficiente ou expressivo” (não quantificado pelo Grupo de Trabalho) de formados em Ciências Farmacêuticas a exercerem nessa área;
• A área de atividade deverá estar relacionada com a saúde/bem-estar;
• A presença ou intervenção do formado em Ciências Farmacêuticas acrescente valor ou tida como indispensável;
• A intervenção do Farmacêutico seja fruto das mudanças observadas nos últimos anos.
Conceptualmente, a noção de “Área Emergente” configura uma geometria variável que remete para diferentes significados, desde uma profissão, função profissional até uma indústria, passando por um domínio profissional.
Enquanto, em áreas tradicionais, o papel do farmacêutico é/pode ser central e exclusivo, nas áreas emergentes aceita-se que formados em outras áreas científicas também possam ter um papel relevante, embora o farmacêutico, pela sua formação e competências, esteja mais bem posicionado para desempenhar estas funções.
Uma nota final para as áreas da investigação científica, dispositivos médicos e ensaios clínicos que, não obstante terem sido inicialmente identificadas como emergentes, após discussão mais profunda, entendeu-se não caberem na definição proposta pelo facto de a ação do farmacêutico nestas áreas não ser fruto das mudanças observadas nos últimos anos.

Sessão 2
A segunda reunião de cada um dos três grupos focais teve como temática “Valorizar as “Áreas
Emergentes” da profissão farmacêutica”. No decurso da mesma procurou-se responder às seguintes questões:
1. O que procura o mercado de trabalho [nas áreas emergentes] em pessoas com formação em Ciências Farmacêuticas? O que as diferencia e com que outras áreas formativas competem?
2. Que áreas de atividade se destacam como “Áreas Emergentes” da profissão farmacêutica?
3. Qual a possível evolução do Ato Farmacêutico?
Apresentam-se, de seguida, uma súmula das reflexões/respostas dos participantes.
1. O que procura o mercado de trabalho [nas áreas emergentes] em pessoas com formação em Ciências Farmacêuticas? O que as diferencia e com que outras áreas formativas competem?
A procura de Farmacêuticos nestes mercados de trabalho emergentes decorre do conjunto de características anteriormente identificadas, que fazem do Farmacêutico o epicentro de um conjunto de valências únicas, nomeadamente:
• Formação holística do ciclo de vida do medicamento;
• Formação multidisciplinar e altamente especializada;
• Formação em assuntos regulamentares/legislação;
• Formação em princípios de Farmacoepidemiologia;
• Conhecimento do mundo real e da perspectiva do doente;
• Capacidade de comunicação com públicos diferentes;
• Capacidade de integrar equipas multidisciplinares;
• Formação em estatística e em interpretação de dados/estudos.
Existem profissionais oriundos de algumas áreas formativas, ou próximas ou complementares que, de forma regular ou pontual, competem com os farmacêuticos nestes mercados de trabalho para estas mesmas funções, sendo que apresentam uma diversidade científica expressiva. A título de exemplo, destacam-se a Engenharia Informática, Engenharia Biomédica, Engenharia Biológica para as áreas de Digital Health, e a Gestão, Economia e Marketing para a área do Marketing Farmacêutico.
2. Que áreas de atividade se destacam como “Áreas Emergentes” da profissão farmacêutica?
Os participantes do Grupo de Trabalho destacaram as seguintes áreas:

o Acesso ao Mercado/Economia da Saúde - refere-se ao processo pelo qual os medicamentos e outras tecnologias em saúde obtêm aprovação do financiamento e são disponibilizados para doentes dentro de um determinado mercado. Esta é uma das “Áreas Emergentes” mais consensual e onde se considera indispensável o papel do formado em Ciências Farmacêuticas. No caso da Economia da Saúde, o conhecimento do ciclo do medicamento e do mundo real confere uma vantagem competitiva única ao formado em Ciências Farmacêuticas face a outras ciências, nomeadamente licenciados com formação em economia.
o Marketing – apesar de ser uma área fortemente disputada por pessoas com outras formações académicas de base, como Gestão ou Marketing, a tendência recente é que muitos formados em Ciências Farmacêuticas sejam a escolha preferencial da Indústria farmacêutica para funções tão diversas como Direção de Marketing, Gestão de Produto, entre outras. O conhecimento científico do medicamento/doença afirmase como uma vantagem face à concorrência. É convicção que este conhecimento representa uma vantagem, sendo que as limitações de conhecimento na área do Marketing são ultrapassáveis por uma especialização adequada. O contrário, isto é, obter conhecimento do ciclo do medicamento por parte de licenciados em Gestão, Economia ou Marketing é visto como mais difícil de alcançar.
o Real World Evidence/Evidência do Mundo Real - refere-se a dados e informações recolhidos a partir da prática clínica e do mundo real. Ao contrário dos dados obtidos em ensaios clínicos, que ocorrem em ambientes controlados e altamente regulados, a Evidência do Mundo Real é obtida através de fontes do mundo real, como registos médicos eletrónicos, bases de dados de seguros de saúde, registos de saúde populacional, estudos observacionais, entre outros. Estes dados são importantes pois refletem como os tratamentos e intervenções médicas funcionam na prática quotidiana, com uma ampla variedade de pacientes, condições clínicas e práticas médicas. Os Farmacêuticos, pelo seu conhecimento, competências e posicionamento no sistema de saúde, têm vindo a ocupar um lugar relevante nesta área de atividade.
o Biotecnologia – uma área de investigação e desenvolvimento que utiliza os princípios da biologia molecular e da engenharia genética, técnicas e processos biológicos para desenvolver e produzir tecnologias de saúde destinadas ao tratamento, prevenção ou diagnóstico de doenças. Os Farmacêuticos surgem nesta área como facilitadores da operacionalização da legislação farmacêutica e das exigências regulamentares aplicadas ao setor do medicamento, integrando frequentemente equipas multidisciplinares.

o Medical Affairs/Writing – Muitos formados em Ciências Farmacêuticas surgem como a escolha preferencial da Indústria farmacêutica para funções tão diversas como Medical Affairs e Medical Writing, sendo que o conhecimento holístico e profundo do ciclo do medicamento se afirma como um elemento diferenciador para o sucesso nestas funções.
o Public/Governmental Affairs – Recentemente, formados em Ciências Farmacêuticas destacam-se no desempenho de funções em instituições como a Direção Geral da Saúde, Infarmed – Autoridade Nacional do Medicamento e Produtos de Saúde I.P., administrações hospitalares, entre outras, onde o conhecimento holístico aliado à natureza da formação multidisciplinar e especializada, são fatores de sucesso diferenciadores.
3. Qual a possível evolução do Ato Farmacêutico*?
Não sendo consensual, percebe-se que o Ato farmacêutico definido no Estatuto da Ordem dos Farmacêuticos poderia ser revisitado e revisto, sobretudo numa perspectiva de integrar dimensões/aspectos associados ao surgimento de novas Áreas Emergentes que não estão unicamente focadas no ciclo de vida do medicamento.
No entanto, percebe-se igualmente que tão ou mais importante que a revisão do Ato Farmacêutico, é o esforço constante de detecção e identificação de novas Áreas Emergentes já que se percebe que esta tendência irá proporcionar novas oportunidades profissionais.
*(As Associações Públicas Profissionais viram, no decurso do ano de 2023, a sua lei quadro alterada. Esta alteração à lei obrigou à revisão dos estatutos das Associações Públicas Profissionais e, no que diz respeito à OF, em particular, o ato farmacêutico consagrado no seu estatuto foi reformulado, tendo sido integradas algumas áreas que, à data dos trabalhos deste Grupo de Trabalho, ainda não faziam parte do referido ato.)

Sessão 3
A terceira reunião de cada um dos três grupos focais teve como temática “Definir medidas e ações para aproximação da OF aos profissionais das “Áreas Emergentes””. No decurso da mesma procurou-se perceber que ações pode e deve a Ordem dos Farmacêuticos desenvolver para se aproximar dos profissionais das áreas emergentes.
Apresentam-se, de seguida, os resultados desta discussão.
A relação entre os profissionais e a Ordem dos Farmacêuticos gera opiniões variadas, influenciadas, essencialmente, pelas expectativas dos membros em relação ao papel da Ordem, que é de regulação e representação da profissão farmacêutica e não de intervenção nas relações económicas ou profissionais dos seus membros.
No caso dos profissionais que atuam em Áreas Emergentes, esta questão torna-se ainda mais importante, dado ser consensual no seio do Grupo de Trabalho um maior distanciamento destes profissionais à Ordem e da Ordem a estes.
Reconhece-se, no entanto, que a criação deste grupo de trabalho é um sinal de que a OF está empenhada em aproximar-se destes profissionais
São inúmeras as sugestões apresentadas pelos participantes do Grupo de Trabalho, sendo que algumas podem e devem ser vistas como específicas para profissionais das Áreas Emergentes e outras são, no limite, sugestões de ações que podem ser desenvolvidas pela OF e dirigidas a todos os seus membros. Destacam-se as seguintes:
• Organização de Congressos, Workshops e Eventos formativos e informativos sobre Áreas Emergentes;
• Disponibilização de oferta formativa específica sobre Áreas Emergentes;
• Comunicação oficial sobre novas Áreas Emergentes dando a conhecer estas alternativas profissionais a todos os inscritos na OF, sendo que muitos, presume-se, nem têm sequer conhecimento da existência das mesmas;
• Constituição de colégio(s) de especialidade para cada uma das Áreas;
• Considerar, no contexto do ponto anterior, a possibilidade de definir um grau intermédio de especialização – por exemplo, “perito” – com uma diferenciação/especialização baseada na experiência e percurso profissional e, eventualmente, outros fatores a considerar. De igual modo, considerar a criação interna de “coordenadores de áreas de especialização” que funcionariam como peritos que promoveriam a comunicação e atualização do que se está a fazer em cada uma das Áreas Emergentes previamente identificadas;

• Realização de inquérito anual junto de profissionais de Áreas emergentes com conteúdos a definir como, por exemplo, mapear fatores relevantes destas profissões;
• Usar a ligação com a International Pharmaceutical Federation (FIP) procurando perceber como o tema das novas Áreas Emergentes é debatido internacionalmente e noutras geografias;
• Convidar oradores de novas Áreas Emergentes para participarem em ações de formação e divulgação;
• Divulgar junto das Instituições de Ensino Superior as saídas profissionais associadas a Áreas Emergentes, bem como formações relevantes para futuros profissionais destas áreas;
• Criar, à imagem do que sucede em eventos internacionais, Special Interest Groups os quais poderão promover reuniões paralelas que servem para partilha de informação e experiências relativamente a Áreas Emergentes;
• Promover um programa semelhante ao Programa de Capacitação Política do Farmacêutico, onde seriam apresentadas as diferentes Áreas Emergentes da profissão, de forma a dar a conhecer os diferentes contextos profissionais dos farmacêuticos;
• Criar um modelo flexível, ou com estímulos, nas quotas para profissionais de Áreas Emergentes.

Conclusões
É evidente para os participantes do Grupo de Trabalho que, nos últimos anos, surgiram novas áreas emergentes nas quais os farmacêuticos e os licenciados em Ciências Farmacêuticas encontraram oportunidades profissionais e se destacaram.
Este desenvolvimento deveu-se, em parte, à evolução da tecnologia na área da saúde, que deu origem a novas áreas científicas com um impacto económico significativo, relacionadas com a economia e as ciências da saúde e da vida. A formação académica abrangente e multidisciplinar dos profissionais de Ciências Farmacêuticas, aliada à evolução do modelo de ensino e constante necessidade de atualização de conhecimentos, posicionou-os de forma exemplar para satisfazer as necessidades destas novas áreas emergentes.
A definição de “Área Emergente” é conceptualmente variável, mas parece estar principalmente associada a um domínio profissional em constante evolução. O GT propõe como critérios para a sua definição a existência de um número expressivo de profissionais licenciados em Ciências Farmacêuticas a trabalhar na área, a relação com a saúde e o bem-estar, e a contribuição indispensável do farmacêutico.
No mapeamento destas Áreas Emergentes, destacam-se o Acesso ao Mercado/Economia da Saúde, o Marketing, a Real World Evidence/Evidência do Mundo Real, a Biotecnologia, Medical Affairs/Writing e Public/Governmental Affairs
Embora outros profissionais também possam ter papéis relevantes nestas áreas, o Farmacêutico é considerado uma mais-valia devido à sua formação holística, especialização e necessidade de atualização constante de conhecimentos.
É fundamental para a Ordem dos Farmacêuticos (OF) manter-se atualizada sobre estas Áreas Emergentes, bem como desempenhar um papel central na divulgação de informações e na oferta de formação específica para os profissionais interessados. Recomendam-se uma série de medidas para fortalecer esta ligação, incluindo a auscultação contínua das necessidades destes profissionais, a realização de eventos informativos, a avaliação da possibilidade de especializações dentro da organização, a disponibilização de formação específica e a criação de grupos de interesse.
2ª Parte
Uma Visão para as Áreas Emergentes da Profissão
Farmacêutica


O aparecimento das Áreas
Emergentes da profissão farmacêutica
O aparecimento das Áreas Emergentes da profissão farmacêutica tem sido motivado por alterações de carácter profissional, educacional, social e económico descritas, de seguida, de forma detalhada.
Seja por motivos resultantes da própria evolução da profissão farmacêutica e do ensino farmacêutico, seja fruto de dimensões sociais e económicas, o farmacêutico tem, continuamente, vindo a desbravar caminhos diferenciadores nas áreas tradicionais da profissão farmacêutica e conquistado o seu lugar em áreas que, até então, não eram diretamente associadas ao exercício desta profissão
A evolução da profissão Farmacêutica e o aparecimento das “Áreas Tradicionais”
A história da profissão farmacêutica remonta ao século XIII, altura em que os boticários vendiam plantas medicinais e diversas drogas e manipulavam fármacos de origem animal e vegetal sob a orientação e supervisão do físico-mor, que as prescrevia. Anos mais tarde, é determinado por carta régia do rei D. Afonso V que os médicos não podem preparar medicamentos, nem os boticários os podem prescrever, podendo esta decisão ser interpretada como o primeiro avanço para a definição de funções reservadas a cada um dos profissionais, com base nos seus conhecimentos técnico-científicos. Ainda assim, o exercício da profissão farmacêutica continuava sob o controlo do Físico-Mor, situação que só viria a terminar no século XIX quando um grupo de farmacêuticos se rebela contra esta situação e consegue que as atribuições do Físico-Mor passem para um corpo de inspetores Farmacêuticos.
Entusiasmados com a vitória, e motivados pela alteração política fruto da vitória dos liberais que possibilita a constituição de sociedades científicas, em 1835 é fundada a Sociedade Farmacêutica de Lisboa que, 3 anos mais tarde, passa a denominar-se de Sociedade Farmacêutica Lusitana.1 Em 1929, por imposição do Estado Novo Corporativo, é exigido que as Sociedades Científicas e as Associações Profissionais sejam transformadas em Sindicatos, sob

1 História da Sociedade Farmacêutica contada aos elementos da Direção Nacional da OF. 2016.

pena de serem extintas. É assim que, em 1935, surge o Sindicato Nacional dos Farmacêuticos (SNF) que tinha como objetivo ‘‘o estudo e a defesa, nos seus aspetos moral, científico, económico e social, dos interesses profissionais dos diplomados em Farmácia’’. O SNF teve um papel fundamental na publicação das leis relativas à propriedade da Farmácia e ao exercício farmacêutico, tendo promovido a construção daquele que pode ser verdadeiramente considerado o primeiro código deontológico da profissão farmacêutica. Anos mais tarde, em 1966, é publicado o Decreto-Lei N.º 496997 de 7 de maio que obrigava à inscrição no SNF para o exercício da profissão, para emissão da carteira profissional e que criava os títulos de especialista nas áreas de Análises Clínicas e de Indústria Farmacêutica.2 Fruto de alterações políticas, é publicado o Decreto-Lei nº 334/72 que extingue o SNF e cria a Ordem dos Farmacêuticos.1
Ora, com a evolução e alterações anteriormente referidas, especialmente nos setores social, político e profissional, foram-se estabelecendo áreas da profissão farmacêutica, que são reconhecidas pela Ordem dos Farmacêuticos e que devem ser consideradas para o efeito da presente publicação como ‘‘áreas tradicionais’’. São elas as Análises Clínicas e a Genética Humana, os Assuntos Regulamentares, a Distribuição Farmacêutica, o Ensino Farmacêutico, a Farmácia Comunitária, a Farmácia Hospitalar, a Indústria Farmacêutica e a Investigação Científica. Porquanto que algumas áreas têm uma história secular, designadamente a Farmácia de Oficina (que remonta às boticas do século XIII), atualmente Farmácia Comunitária e Farmácia Hospitalar (área que surge no século XVI, com a criação do Hospital Real de Todos os Santos)1 , existem outras que surgiram e se consolidaram ao longo do século XX, como é o caso do Ensino Farmacêutico, da Indústria Farmacêutica e das Análises Clínicas. O panorama atual destas áreas farmacêuticas, a constituição de Colégios de Especialidade nas áreas onde, outrora, não existiam – nomeadamente, Farmácia Comunitária, Farmácia Hospitalar, Assuntos Regulamentares – bem como o surgimento de áreas como a Distribuição Farmacêutica, são a prova viva de que a profissão farmacêutica tem procurado adaptar-se a novas realidades tecnológicas, económicas e sociais.
O ensino farmacêutico em Portugal e o aparecimento das “Áreas Emergentes”
Em paralelo à criação dos órgãos de representação da profissão farmacêutica e ao estabelecimento e surgimento de áreas tradicionais da profissão, também o ensino farmacêutico sofreu alterações ao longo dos tempos. Em 1836, fundavam-se as Escolas de Farmácia em Coimbra, Lisboa e no Porto, anexas às Escolas Médico-Cirúrgicas Locais que, em 1921, levaram à criação das respetivas Faculdades de Farmácia. Atualmente, o Mestrado Integrado em Ciências Farmacêuticas (MICF) está disponível em 10 Instituições de Ensino Superior e o número de farmacêuticos e diplomados em Ciências Farmacêuticas tem vindo a crescer. Tem também
2 Centro de Documentação Farmacêutica.
crescido o número de farmacêuticos e diplomados em Ciências Farmacêuticas que procuram as atividades não tradicionais da profissão para exercer.
Importa notar a influência do programa Erasmus que permite o contacto com realidades profissionais distintas durante o percurso académico e que cria nos estudantes um sentimento e uma necessidade de ir mais longe e de encontrar novas realidades – sentimento que, no regresso, trazem para o seu país e para as suas necessidades e exigências profissionais. É de notar também a reformulação do plano de estudos do MICF, imposta pelo Processo de Bolonha, não só quanto à sua duração, mas também no que diz respeito ao seu modelo de ensino e às unidades curriculares existentes. Tal refletiu-se, não apenas no aumento de unidades curriculares no plano de estudos, como no surgimento de unidades curriculares optativas disponíveis para os estudantes frequentarem, permitindo-lhes uma maior especialização e aproximação às suas áreas de interesse. Ainda hoje, e fruto da competitividade no Ensino Superior e da exigência imposta pelos próprios estudantes e pelos seus órgãos de representação, os Planos Curriculares do MICF têm vindo a ser adaptados continuamente conforme as necessidades do mercado de trabalho e as exigências da sociedade levando, por isso, ao surgimento de unidades curriculares de carácter optativo, como marketing farmacêutico, gestão em saúde, farmácia prática, entre outros. Ainda que algumas delas pudessem, inicialmente, parecer não estar relacionadas com o exercício da profissão farmacêutica e cuja utilidade para o mercado de trabalho fosse questionada, é facto que, continuamente, observamos a migração de farmacêuticos e diplomados em Ciências Farmacêuticas para Áreas Emergentes da profissão baseada em conhecimentos e competências adquiridas, ou iniciadas, nestas áreas curriculares optativas. Ora, as reformas associadas ao sistema de Ensino Superior português, bem como as reflexões em torno do ensino farmacêutico, fizeram do MICF um Ciclo de Estudos que se caracteriza por ser abrangente e holístico, especialmente no que diz respeito ao ciclo do medicamento, que dota os profissionais de conhecimentos e de uma capacidade de adaptação diferenciadores que garantem uma posição privilegiada destes, mesmo em áreas altamente reguladas. 3
Os fenómenos sociais e o seu impacto nas Áreas Emergentes
Importa referir e refletir sobre como fenómenos sociais à escala global, nomeadamente a Great Resignation, têm impactado o mercado de trabalho em geral, e o setor farmacêutico, em particular, principalmente no que respeita às Áreas Emergentes da profissão. A Great Resignation, relatada em 2021, descreve o fenómeno de demissões recorde por parte dos colaboradores, após a pandemia causada pelo SARS-CoV-2. Um estudo realizado pela consultora PwC, conduzido em março de 2022, demonstra que a flexibilidade laboral é um aspeto de crescente

3 Conclusões do Grupo de Trabalho para as Áreas Emergentes da Profissão Farmacêutica.
importância para os colaboradores inquiridos (e.g., trabalho híbrido, flexibilidade no horário de trabalho, etc) e sugere que os empregadores alterem o foco da sua estratégia laboral por forma a atrair e reter os colaboradores. 4 Num artigo da Harvard Business Review, é referido que embora os colaboradores estejam a demitir-se dos seus postos de trabalho, estão a realocar-se a outras posições e/ou empresas que vão ao encontro dos seus valores e às suas necessidades, bem como a reconsiderar e a priorizar o balanço entre a vida profissional e a vida pessoal. 5 Importa transpor e refletir na existência deste fenómeno em Portugal, no geral, e no setor farmacêutico em particular.
A SRSRA, com o apoio da Direção Nacional (DN), promoveu em 2022 um questionário com o objetivo de caracterizar sociodemograficamente os candidatos à Prova de Ingresso à Residência Farmacêutica (PIRF), bem como os seus hábitos de estudo e necessidades formativas. Este questionário, respondido por 40% (n=127) dos farmacêuticos admitidos ao procedimento concursal para ingresso na Residência Farmacêutica demonstra que 53% dos inquiridos exercia na área de Farmácia Comunitária, sendo a área de exercício profissional da Residência Farmacêutica mais desejada pelos inquiridos, a Farmácia Hospitalar. Embora nos refiramos a áreas tradicionais da profissão farmacêutica, os dados sugerem um anseio, por parte dos profissionais, na mudança de área profissional. Ora, ainda que as razões desta mudança não tenham sido exploradas neste inquérito, importa refletir relativamente ao anseio de mudança de área no seio do setor farmacêutico e se as mesmas poderão estar relacionadas com as mesmas razões identificadas pelos estudos anteriormente mencionados, feitos à escala global.
As áreas tradicionais da profissão farmacêutica têm vindo a ser percecionadas como associadas à necessidade do trabalho em regime presencial, com horários definidos pela entidade patronal e com escassa flexibilidade laboral. Tal como referido anteriormente, a preocupação com o balanço entre a vida profissional e a vida pessoal tem sido crescente e transversal a todo o mercado de trabalho, podendo as Áreas Emergentes da profissão, fruto do seu caracter inovador e empreendedor, serem percecionadas como a solução para este desígnio pessoal e profissional.
Lembremos, a este propósito, a Pirâmide ou a Hierarquia das Necessidades de Maslow que organiza as necessidades das mais básicas na base, para as mais complexas, no topo. Neste modelo, as necessidades mais complexas só são satisfeitas depois de cumpridas as mais básicas.
De forma genérica, os principais desafios encontrados por quem exerce nas áreas tradicionais da profissão farmacêutica, encontram-se na base da Pirâmide das necessidades de Maslow, nomeadamente, as necessidades fisiológicas, nas quais se incluem o descanso físico, a tranquilidade mental, os horários confortáveis para, por exemplo, permitir uma boa alimentação e descanso; num nível acima da pirâmide, mas ainda na sua parte inferior, encontramos as

4 World Economic Forum. Disponível em: https://www.weforum.org/agenda/2022/06/the-great-resignation-is-not-over/
5 Harvard Business Review. The Great Resignation Didn’t Start with the pandemic. Disponível: https://hbr.org/2022/03/the-great-resignation-didntstart-with-the-pandemic

necessidades relacionadas com a segurança, onde se incluem, por exemplo, as questões relacionadas com uma remuneração adequada.
A existência destes desafios, que correspondem a necessidades básicas, de acordo com o modelo de Maslow, leva a que haja uma maior pré-disposição para a procura de alternativas que as suprimam.
A dimensão económica e o seu impacto nas “Áreas Emergentes”
Importa referir também a dimensão económica que tem permitido, em muitos casos, o aparecimento de Áreas Emergentes da profissão no seio das áreas tradicionais da mesma. Por exemplo, a afirmação da Indústria Farmacêutica e, em particular da indústria nacional, que contribuíram para um forte investimento a nível da investigação, produção, importação, exportação e distribuição e que mantém um comportamento tendencialmente crescente. Por outro lado, a evolução da tecnologia associada à inovação e ao conhecimento, que proporcionaram o aparecimento de novas empresas, start-ups e o surgimento de divisões dentro de empresas já existentes, têm possibilitado o aparecimento de oportunidades de e em novas áreas das ciências da vida e do conhecimento, abrindo portas a um novo mundo de oportunidades.6
A natureza do Farmacêutico enquanto profissional, de base científica com conhecimentos e competências que lhe permitem assegurar o acesso a medicamentos, dispositivos médicos e produtos de saúde seguros e de qualidade, tem contribuído para o aparecimento de novas áreas emergentes da profissão farmacêutica identificadas adiante. Adicionalmente, a capacidade de adaptação, o espírito empreendedor e compromisso para com o desenvolvimento profissional contínuo (incluindo a atualização e reciclagem de conhecimentos e competências) que caracteriza os farmacêuticos, contribui para o contínuo desenvolvimento destas áreas e a mobilização destes profissionais para desempenho das suas funções nas mesmas.
Adicionalmente, a Ordem dos Farmacêuticos tem procurado desenvolver-se enquanto plataforma agregadora dos profissionais das diversas áreas da profissão farmacêutica. Enquanto estrutura que representa os Farmacêuticos, a Ordem dos Farmacêuticos promove, continuamente, o reconhecimento e valorização dos profissionais que exercem nas áreas da profissão farmacêutica (sejam tradicionais ou emergentes), o que permite uma distinção das várias áreas onde o farmacêutico exerce as suas funções e, consequentemente, uma sensibilização da sociedade civil e da classe profissional para as áreas onde o farmacêutico pode exercer a sua atividade. Adicionalmente, a existência de uma estrutura reguladora e representativa da profissão permite a troca de ideias e experiências entre os profissionais
6 Conclusões do Grupo de Trabalho para as Áreas Emergentes da Profissão Farmacêutica.

farmacêuticos e a constante evolução do setor e da profissão no sentido do desenvolvimento e aparecimento de novas áreas onde os farmacêuticos acabam por se revelar fortes competidores.
Os fatores de competitividade da profissão farmacêutica nas Áreas Emergentes
Após terem sido identificadas as razões para o aparecimento das áreas emergentes da profissão farmacêutica, importa sistematizar os fatores de competitividade para os farmacêuticos serem identificados como os profissionais preferenciais a contratar nestas mesmas áreas:
• O conteúdo do plano curricular do Mestrado Integrado em Ciências Farmacêuticas, ou equivalente, que se caracteriza por ser abrangente e holístico, especialmente no que diz respeito ao ciclo do medicamento, dota de conhecimentos os profissionais de tal modo nestas matérias que é frequente observar a posição privilegiada destes, onde quer que atuem;6
• A adaptação fácil e rápida a novas áreas de atividade que, também elas, sofrem mudanças e alterações rápidas, decorrente da formação académica transversal e versátil;6
• A necessidade de constante atualização dos conhecimentos, resultante, não só da consciencialização para esta temática, mas também da obrigatoriedade, quando inscritos na Ordem dos Farmacêuticos, do cumprimento de um sistema de desenvolvimento profissional contínuo, decorrente do inscrito no artigo 78º do Estatuto da Ordem dos Farmacêuticos, que afirma ‘‘os farmacêuticos devem promover a atualização permanente dos seus conhecimentos, designadamente através da frequência de ações de qualificação profissional’’;6
• O exercício da profissão assente em valores éticos, liberais e deontológicos, reconhecidos formalmente e de aplicação obrigatória, nomeadamente através do Código Deontológico da Ordem dos Farmacêuticos e que são especialmente valorizados por stakeholders envolvidos nos setores das ditas áreas emergentes.6
Definição, identificação e caracterização das áreas emergentes da profissão farmacêutica
As áreas emergentes da profissão farmacêutica podem ser definidas como o conjunto de áreas não inseridas nas áreas tradicionais da profissão farmacêutica, relacionadas com as áreas da saúde, ciências da vida, ou do bem-estar, em que o número de farmacêuticos e diplomados em ciências farmacêuticas a exercer é expressivo. Nestas áreas, a intervenção do farmacêutico acrescenta valor ou é considerada indispensável fruto da sua formação académica de banda larga e dos seus valores éticos, liberais e deontológicos. A intervenção do Farmacêutico nestas áreas é fruto das mudanças observadas nos últimos anos.
No seguimento da definição anteriormente referida, parece relevante que existam pressupostos para a identificação das áreas emergentes, que se devem constituir como critérios a observar, cumulativamente ou parcialmente, para a identificação de uma área emergente para efeitos da presente publicação e no futuro:
1. Peso relativo de farmacêuticos7 e/ou de diplomados em Ciências Farmacêuticas8 a exercer em determinada atividade (a representatividade dos farmacêuticos e diplomados em Ciências Farmacêuticas deve ser em número considerável);6
2. A formação em Ciências Farmacêuticas é requisito fundamental ou preferencial para o desempenho das atividades funcionais ou representa uma vantagem competitiva face a outras qualificações;6
3. A atividade ou a função é de índole científica e relaciona-se diretamente com a atividade científica, técnica ou regulamentar em torno do medicamento, das análises químicobiológicas, dispositivo médico, cosméticos e outros produtos de saúde.6
Outrora, a Ordem dos Farmacêuticos reconheceu já a existência de outras áreas profissionais como resultantes da adaptação e do carácter empreendedor dos farmacêuticos, o que resulta no exercício destes profissionais fora das áreas tradicionais da profissão ou não exercendo atos exclusivos da profissão farmacêutica. Inserem-se nesta categoria as seguintes áreas: análise de

7 Percentagem de membros inscritos na Ordem dos Farmacêuticos, a exercer determinada atividade profissional, como atividade principal ou secundária.
8 Percentagem de diplomados em ciências farmacêuticas a exercer determinada atividade profissional, como atividade principal ou secundária, entre o total de profissionais a exercer em determinada atividade.
dados e estudos de mercado, marketing farmacêutico, avaliação de tecnologias da saúde, acesso ao mercado, consultoria, informação médica, indústria de cosméticos, indústria de dispositivos médicos, ensaios clínicos, gestão e administração de serviços de saúde e organismos públicos e estruturas associativas.
Adicionalmente, e especificamente com base nos pressupostos anteriormente elencados, foram destacadas pelo Grupo de Trabalho para as Áreas Emergentes da Profissão Farmacêutica, as áreas emergentes da profissão indicadas na figura 16:
Acesso ao Mercado e Economia da Saúde
Marketing Farmacêutico
Evidência do Mundo Real
Biotecnologia
Assuntos Médicos
Assuntos Governamentais e Públicos

Figura 1: Identificação das Áreas Emergentes da Profissão Farmacêutica
A área de Acesso ao Mercado e Economia de Saúde é uma das áreas emergentes da profissão farmacêutica onde o papel do Farmacêutico é considerado indispensável. O conhecimento aprofundado e específico das diferentes fases do ciclo do medicamento, um dos tópicos abordados profundamente durante a formação pré-graduada, confere aos diplomados em Ciências Farmacêuticas uma vantagem única quando comparados a formados em outras áreas, nomeadamente em economia.4
A área de Acesso ao Mercado foi, recentemente, de forma muito clara, consagrada no ato farmacêutico, constante no novo Estatuto da OF, que entrou em vigor a 1 de março de 2024.
No que ao Marketing Farmacêutico diz respeito, esta é uma área onde os Farmacêuticos têm procurado exercer as suas funções recentemente. Na verdade, existem já diversas Indústrias Farmacêuticas que escolhem, preferencialmente, farmacêuticos para ocuparem posições na

Direção de Marketing e como Gestores de produto. O conhecimento holístico e profundo do ciclo do medicamento afirma-se como uma vantagem face à concorrência das restantes áreas profissionais, sendo as limitações dos farmacêuticos relativamente a área do marketing facilmente ultrapassadas quando frequentada uma especialização na área.4
As áreas da Evidência do Mundo Real e da Biotecnologia, surgem como emergentes no seguimento do desenvolvimento tecnológico recente, anteriormente explorado, e o papel dos Farmacêuticos está quase sempre associado a uma integração em equipas multidisciplinares com o objetivo de desenvolver soluções na área da saúde e dos medicamentos.
Especificamente na área da Biotecnologia, o Farmacêutico surge como sendo o facilitador da operacionalização da legislação farmacêutica e das exigências regulamentares aplicadas ao setor do medicamento.4
Na área médica que, para efeitos do presente documento abrange áreas como os Medical Affairs e Medical Writing, o farmacêutico surge também como escolha preferencial da Indústria Farmacêutica. Além do conhecimento holístico de todo o ciclo do medicamento4, o carácter e espírito científico da profissão farmacêutica, especialmente no que diz respeito à fisiopatologia das doenças e ao mecanismo de ação dos medicamentos, dispositivos médicos e produtos de saúde, habilita os Farmacêuticos para uma vantagem competitiva quando em comparação com os restantes profissionais. Adicionalmente, o compromisso para com o desenvolvimento profissional contínuo que caracteriza os farmacêuticos, garante a atualização dos conhecimentos destes profissionais a uma velocidade semelhante à evolução da ciência, proporcionando a sua distinção nestas áreas médicas.
Por último, importa realçar a participação dos Farmacêuticos no desempenho de funções em estruturas públicas como a Direção Geral da Saúde e o Infarmed – Autoridade Nacional do Medicamento e Produtos de Saúde I.P, bem como nos Conselhos de Administração de Hospitais, em cargos políticos, com intervenção direta na produção e implementação de políticas públicas e nos Assuntos Governamentais da Indústria Farmacêutica, fruto da sua formação pré-graduada holística e multidisciplinar.4
Identificadas e caracterizadas as principais áreas emergentes da profissão farmacêutica definidas pelo Grupo de Trabalho para as Áreas Emergentes da Profissão Farmacêutica importa estabelecer procedimentos e ações que permitam a identificação formal e clara de novas áreas emergentes. Neste sentido, é necessário implementar um procedimento que permita verificar as áreas em que os Farmacêuticos estão a exercer as suas funções. Tal pode acontecer, por exemplo, através da monitorização contínua dos pedidos de mudança de situação dos Membros-Efetivos da Ordem dos Farmacêuticos e da análise do setor farmacêutico e da saúde, acompanhando os eventos realizados, por forma a averiguar as funções desempenhadas por diplomados em Ciências Farmacêuticas. Em adição, deverá ser analisado, anualmente, o cumprimento dos pressupostos acima referidos para identificação das áreas emergentes,

especialmente das áreas que englobam um número considerado de farmacêuticos e diplomados em Ciências Farmacêuticas.
Não obstante, e atendendo ao dinamismo que caracteriza o setor farmacêutico e da saúde, é possível antecipar o surgimento de novos métodos de diagnóstico clínico, medicamentos e terapêuticas avançadas (e.g., terapêuticas digitais, genética e celulares). Pelos motivos anteriormente identificados como razões para o aparecimento das áreas emergentes, antecipamos o aparecimento de novas áreas de atuação para o farmacêutico nestas matérias, enquanto especialista no ciclo do medicamento, e nas matérias regulamentares e legislativas subordinadas aos medicamentos, dispositivos médicos e produtos de saúde.
O Futuro das Áreas Emergentes da profissão farmacêutica

Os Farmacêuticos que exercem as suas funções nas áreas emergentes da profissão partilham, muitas vezes, as mesmas funções com profissionais de outras áreas do conhecimento pelo que se tendem a afastar da Ordem dos Farmacêuticos, o que conduz à sua sub-representação no seio da entidade que regula e representa a sua profissão. É, assim, necessário repensar a estratégia de aproximação a estes profissionais.
A estruturação do Grupo de Trabalho para as Áreas Emergentes da Profissão Farmacêutica é um exemplo do compromisso da Ordem dos Farmacêuticos para com o envolvimento e valorização dos profissionais que exercem as suas funções nas áreas emergentes da profissão. Importa, no entanto, continuar a atuar em duas vertentes:
• Promover a participação e garantir a representação destes profissionais no seio da Ordem dos Farmacêuticos;
• Contribuir para que os farmacêuticos continuem a ser os profissionais mais capacitados para desempenhar as funções naquelas que definimos como áreas emergentes da profissão farmacêutica.
Na prossecução deste desígnio, propõem-se que a Ordem dos Farmacêuticos leve a cabo as seguintes ações:
• Identificar e caracterizar continuadamente as áreas emergentes da profissão farmacêutica;
• Divulgar junto dos estudantes, dos diplomados em Ciências Farmacêuticas, dos farmacêuticos e da sociedade em geral, as áreas emergentes da profissão farmacêutica;
• Promover a participação dos profissionais das áreas emergentes da profissão farmacêutica em fóruns de discussão, formação, em eventos organizados pela, ou em parceria com a Ordem dos Farmacêuticos;
• Liderar a discussão sobre a pertinência da criação de especialidades e/ou competências farmacêuticas associadas às áreas emergentes da profissão farmacêutica;
• Garantir que as ações de formação e eventos realizados no âmbito das áreas emergentes da profissão farmacêutica são adequadamente consideradas no processo de creditação da Ordem dos Farmacêuticos;

• Estudar, no seio da Ordem dos Farmacêuticos, a razoabilidade da criação de um modelo diferencial de quotização para os profissionais que, comprovadamente, exerçam nas áreas emergentes da profissão farmacêutica;
• Revisão do ato farmacêutico, sobretudo numa perspetiva de integrar dimensões e aspetos associados ao surgimento de novas áreas emergentes que não unicamente focadas no ciclo de vida do medicamento.
Metodologia para a identificação e caracterização recorrente das áreas emergentes da Profissão Farmacêutica
No decurso da elaboração deste trabalho, entendeu-se importante definir um procedimento, a adotar pela Ordem dos Farmacêuticos, para identificação e caracterização recorrente das áreas emergentes.
A atual organização interna da Ordem dos Farmacêuticos permite, através do seu contacto recorrente com os Membros-Efetivos, monitorizar as áreas onde os farmacêuticos exercem as suas funções. Considerando os pressupostos identificados anteriormente para a identificação das áreas emergentes, importa dar continuidade à análise anual das áreas profissionais onde os farmacêuticos exercem e concluir sobre o surgimento de novas áreas emergentes.
Adicionalmente, revela-se como importante uma atenção constante aos eventos e iniciativas realizados no seio do setor farmacêutico e da saúde para identificação de profissionais farmacêuticos que exercem a profissão em áreas emergentes.
Plano de Ação


Atendendo à reflexão desenvolvida no âmbito do Grupo de Trabalho para as Áreas Emergentes da Profissão Farmacêutica e que serviu de ponto de partida para a elaboração deste documento, propõe-se um Plano de Ação a curto, médio e longo prazo:
No curto prazo (ou seja, num horizonte temporal de 3 - 6 meses) propõe-se:
• a divulgação pública deste documento aos membros da OF e sociedade civil;
• a criação de grupos de interesse, de acordo com a última Deliberação da Direção Nacional sobre este assunto, que formaliza estes coletivos no seio da OF, para as seguintes áreas: Acesso ao Mercado, Marketing Farmacêutico, Assuntos Médicos, Assuntos Públicos e Governamentais, Evidência do Mundo Real (Real World Evidence) e Biotecnologia;
• a disponibilização de meios físicos (instalações da OF), digitais (plataformas de reuniões online) e humanos (equipa da SRSRA) para apoiar a ação dos grupos de interesse criados;
• a integração do tema das áreas emergentes na Estratégia de Aproximação aos Membros da SRSRA;
• estabelecer procedimentos que permitam a identificação de novas áreas emergentes, por exemplo, através da monitorização contínua dos pedidos de mudança de situação dos Membros-Efetivos da Ordem dos Farmacêuticos

No médio-prazo (ou seja, num horizonte temporal de 6 - 12 meses) propõe-se:
• a organização de uma sessão de Noites na Ordem relativa ao tema das áreas emergentes da Profissão Farmacêutica;
• a constituição de outros Grupos de Interesse para novas áreas emergentes, que venham a ser identificadas;
• discutir a pertinência da criação de especialidades e/ou competências farmacêuticas associadas às áreas emergentes da profissão farmacêutica;
• a realização de um primeiro inquérito, que se pretende anual, junto de profissionais de áreas emergentes para caracterizar estes profissionais, aferir as suas necessidades e expectativas.
No longo-prazo (ou seja, num horizonte temporal superior a 12 meses) propõe-se:
• a disponibilização de formação prioritária nas áreas emergentes, atendendo às recomendações dos Grupos de Interesse (por exemplo, em marketing e sistemas e políticas de saúde);
• a revisão do ato farmacêutico* numa perspetiva de integrar dimensões e aspetos associados ao surgimento de novas áreas emergentes que não unicamente focadas no ciclo de vida do medicamento.

* Esta revisão poderá vir a ser precipitada por imperativo legal, dado que, aquando da promulgação do novo Estatuto da OF, Sua Excelência, o Presidente da República, chamou a “atenção para a necessidade de, no âmbito de um eventual novo processo legislativo de alteração aos Estatutos, já pré-anunciado pelo legislador quando aprovou este Decreto em votação final global, corrigir alguns aspetos que podem ser causadores de entropias relativamente aos destinatários dos serviços, garantindo, por um lado, que os atos em saúde são prestados sempre por profissionais habilitados e, por outro lado, assegurando a necessária complementaridade e articulação dos atos em saúde em termos que melhorem a prestação dos cuidados de saúde e a eficiência do respetivo sistema.“
Anexos



Anexo 1
Guião das sessões do Grupo de Trabalho para as Áreas Emergentes da Profissão Farmacêutica
Sessão 1 - Identificar e definir “Áreas Emergentes”
S.1.1. Nas duas últimas décadas surgiram novas atividades relacionadas com a atividade farmacêutica. Quais os motivos que levaram ao seu aparecimento?
S.1.2. A Ordem dos Farmacêuticos prevê a existência de “Outras Áreas Profissionais”. Que áreas são estas?
“OUTRAS ÁREAS PROFISSIONAIS”: A Ciência Farmacêutica é uma disciplina abrangente que extravasa a própria área da Saúde. A profissão farmacêutica possui por isso múltiplos ramos e valências e um vasto leque de saídas profissionais. Com o progresso, os farmacêuticos adaptaram-se a novas áreas de atividades, aos desafios e necessidades da sociedade, relevando a sua abertura e disponibilidade e o seu carácter empreendedor. Hoje, encontramos farmacêuticos em vários domínios profissionais, onde a sua formação académica de banda larga lhe fornece uma vantagem competitiva no mercado de trabalho. De forma genérica, os farmacêuticos incluídos nas Outras Áreas Profissionais exercem a profissão fora das áreas mais tradicionais ou não exercem atos exclusivos da profissão farmacêutica.
S.1.3. Que definição proporiam para “Áreas Emergentes”? Que pressupostos se devem observar para uma atividade ou “área” ser considerada emergente da profissão farmacêutica?
Sessão 2 – Valorizar as “Áreas Emergentes” da profissão farmacêutica
S.2.1. O que procura o mercado de trabalho [nas áreas emergentes] em pessoas com formação em Ciências Farmacêuticas? O que as diferencia e com que outras áreas formativas competem?
S.2.2. Que áreas de atividade se destacam como “Áreas Emergentes” da profissão farmacêutica?
S.2.3. Qual a possível evolução do Ato Farmacêutico?
Sessão 3 – Definir medidas e ações para aproximação da OF aos profissionais das “Áreas Emergentes”
S.3.1. Que medidas e ações pode desenvolver a OF para promover a aproximação aos profissionais das “Áreas Emergentes”?

Anexo 2
Questionário para a consolidação de perceções sobre a definição, identificação e caracterização das áreas emergentes
Contextualização: No seguimento das sessões do Grupo de Trabalho das Áreas Emergentes, promovido pela Secção Regional do Sul e Regiões Autónomas da Ordem dos Farmacêuticos (SRSRA-OF) o presente inquérito tem como principal objetivo recolher, brevemente, a opinião individual – sem a influência da opinião do grupo – de cada um dos participantes sobre a possível definição de ’’áreas emergentes’’, as características diferenciadoras dos farmacêuticos no desempenho destas funções e o modo como estes colegas se podem sentir mais representados e envolvidos nos desígnios da sua Ordem. O presente inquérito assume particular relevância dado o participante ter agora a oportunidade de mencionar quais são, na sua ótica, as ações prioritárias e os pontos mais importantes para si no âmbito dos tópicos discutidos nas sessões. Adicionalmente, pretende-se dar a oportunidade aos colegas que não estiveram presentes em algumas das sessões por inúmeras razões, de expor a sua visão acerca dos pontos acima mencionados.
A SRSRA-OF agradece a sua disponibilidade e interesse no envolvimento do Grupo de Trabalho para as Áreas Emergentes, bem como a resposta ao presente questionário!
P.1 Escreva por extenso e de forma detalhada quais são no seu entender as principais áreas profissionais emergentes da profissão farmacêutica?
P.2 Refira brevemente quais são, no seu entender, as principais características diferenciadoras de pessoas com Mestrado Integrado em Ciências Farmacêuticas/Licenciados em Farmácia que os habilitam para o exercício das áreas emergentes anteriormente por si identificadas.
P.3 Na sua opinião, quais considera serem as características que o mercado de trabalho destas áreas emergentes procura para as posições geralmente assumidas por pessoas com Mestrado Integrado em Ciências Farmacêuticas?
P.4 Que medidas e ações implementaria para a aproximação destes profissionais à Ordem dos Farmacêuticos?
Dados de caracterização
D.1 Registe por favor o género
D.2 Qual a sua idade?
D.3 Há quantos anos se licenciou?
regional.sra@ordemfarmaceuticos.pt www.ordemfarmaceuticos.pt

