EDITORIAL
Bem-vindos à Spraytec Revista - Comunicação corporativa global!
Eu sou Diego Parodi, presidente da Spraytec, e estou feliz em apresentar nosso meio de comunicação corporativa. Aqui vocês encontrarão notícias, informações e conteúdo relevante sobre soluções inovadoras para a agricultura, bem como assuntos relacionados à nossa equipe, peça fundamental de nosso trabalho.
Os destinatários desta nova forma de comunicação são os nossos queridos clientes, distribuidores e todos os amigosparceiros ligados de alguma forma à família Spraytec., E e para que isso aconteça, toda a nossa comunicação estará disponível em diferentes idiomas.
A Spraytec Global também é um espaço interativo para vocês. Convidamos todos a participarem ativamente, compartilharem suas experiências e fazerem perguntas. Valorizamos suas opiniões e desejamos construir uma comunidade sólida, onde na qual todos possamos aprender e crescer juntos.
Nesta primeira edição:
• Em Ternopil, junto a Yuriy Alatortsev, representante da empresa Spraytec na Ucrânia, visitandovisitamos um de seus grandes clientes.
• Mostramos o Banco Mundial de Sementes de Svalbard.
• Conheça Marcelo del Barro, nosso representante na Austrália.
• Nossas raízes territoriais: Nestanesta edição, a província de Santa Fé, Argentina.
• A referência técnica desta edição é: Nutriçãonutrição de milho e trigo com tecnologias inovadoras. Por: Agustín Bianchini - Pesquisa e Desenvolvimento Spraytec Fertilizantes e Okandú.
• Compartilhamos imagens de nossa viagem pelos Estados Unidos.
• Entrevistamos o agricultor do condado de Yadkin, Kevin Matthews, que alcançaobtém rendimentos de milho superiores a 300 bushels por acre.
Esperamos que a Spraytec Global seja uma ferramenta enriquecedora para todos, ondena qual possamos fortalecer os laços e trabalhar juntos em direção a um futuro próspero nesta missão de alimentar o mundo.
Obrigado por fazer parte da família Spraytec!
Atenciosamente, Diego Parodi Presidente da Spraytec
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Editorial
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Relatório Investigação
Nutrição de milho e trigo com tecnologias inovadoras
Por: Agustín Bianchini
O Banco Mundial de Sementes de Svalbard
Por: Nuala Szler
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Visitando clientes Kit de identidade
Marcelo Del Barro
Agroprodservice, o Gigante Ucraniano
Por: Diego Peydro
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Raízes territoriais
Santa Fe
Producción General: Horizonte A ediciones
Entrevista com Kevin Matthews
“Somos principalmente uma granja de plantio direto”
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Instantâneos
RESUMO
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Nutrição de milho e trigo
Pesquisa e Desenvolvimento
Spraytec Fertilizantes e Okandú
Nos últimos anos, a adoção do plantio direto como sistema de produção permitiu aos produtores alcançar rendimentos maiores e mais estáveis. As principais razões para essa diferença são a melhoria na estrutura do solo, o aumento no conteúdo de matéria orgânica e uma maior infiltração e capacidade de retenção da água da chuva. A fertilidade do solo e a nutrição das culturas têm sido temas de grande relevância na produção de culturas agrícolas em nosso país. A nutrição adequada das culturas permite otimizar a eficiência no uso dos recursos (solo, água) e insumos utilizados na produção. Conhecer e solucionar as deficiências nutricionais das culturas possibilita ajustar as práticas de manejo, especialmente a fertilização, visando atingir os máximos rendimentos econômicos. Em um sistema de alta produção, as demandas
com tecnologias
nutricionais das culturas aumentam, o que torna imprescindível o desenvolvimento de uma estratégia de fertilização que faça uso eficiente dos recursos oferecidos pelo ambiente.
Geralmente, os nutrientes disponíveis limitam a produção, sendo necessário conhecer os requisitos da cultura e a oferta do solo para determinar as necessidades de fertilização.
Tradicionalmente, a estratégia de fertilização consistia em aplicar os nutrientes no plantio ou durante o desenvolvimento de cada uma das culturas que fazem parte da rotação. As quantidades de nutrientes a serem aplicadas são fundamentadas em diferentes critérios. No critério de “nível de suficiência”, é estabelecido que há um nível de nutriente abaixo do qual há resposta à fertilização, e cada cultura é fertilizada com a dose ótima de acordo
com o nível de cada nutriente.
Entretanto, recentemente, foram desenvolvidos novos produtos fertilizantes que combinam macro e micronutrientes com fitoestimulantes em sua formulação, os quais apresentaram um ótimo desempenho nas principais culturas.
Nesta nota, compilamos os resultados de vários trabalhos de pesquisa conduzidos na Argentina, nos quais foram avaliadas algumas dessas novas tecnologias para a nutrição das culturas de milho e trigo.
Tratamentos de sementes de milho
A experiência foi realizada pela Okandú, na localidade de Los Surgentes, Departamento Marcos Juárez, Província de Córdoba. O híbrido utilizado foi o AX 7761, semeado em 29/09/2021, com uma densidade de 75.000 sementes/ha.
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Agustín Bianchini
tecnologias inovadoras
Os tratamentos aplicados no momento da semeadura foram: 1) Controle, com tratamento de sementes do produtor; e 2) Tratamento de sementes do produtor + TopSeed a 300 cm3/100 kg de semente.
Na Figura 1, é mostrado o rendimento do milho. A aplicação do TopSeed como tratamento de sementes aumentou o rendimento do milho em 418 kg/ ha. Mesmo com um estresse hídrico severo durante a safra, a resposta foi significativa.
Outro experimento foi realizado pela Surcos Consultora, na localidade de Fauzón, Partido de 9 de Julio, Província de Buenos Aires. O híbrido utilizado foi o DK 7272 VT3PRO, semeado em 23/09/2021, com uma densidade de 75.000 sementes/ha.
Os tratamentos aplicados na semeadura foram: 1) Controle, com tratamento de sementes do produtor; 2) Tratamento de sementes do produtor + TopSeed a 300 cm3/100 kg de semente; e 3) TopZn Max a 200 cm3/ha, aplicado no estágio V6.
A Figura 2 mostra o rendimento do milho com os diferentes tratamentos. A aplicação do TopSeed como tratamento de sementes aumentou o rendimento do milho em 1.420 kg/ ha, enquanto o uso do TopZn Max, aplicado no estágio V6, resultou em um aumento de 585 kg/ha.
O uso do TopSeed como tratamento de sementes gera um crescimento inicial mais rápido de raízes e coleóptilos, o que se traduz em uma melhor implantação da cultura. Um sistema radicular mais profundo permite explorar um maior volume de solo, extrair água e nutrientes, o que possibilita acumular mais matéria seca e alcançar maior rendimento de grãos.
Tratamentos de sementes em trigo
Os ensaios de trigo 2022/2023 foram conduzidos pelo CREA Región Litoral Sur, na localidade de La Paz, Província de Entre Ríos. O híbrido utilizado foi o Ceibo, semeado em 05/07/.
Os tratamentos aplicados no
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Figura 1
Rendimento de milho precoce 2021/2022 em Los Surgentes, com tratamentos de sementes.
momento da semeadura foram: 1) Testemunha não tratada; 2) Testemunha com tratamento de sementes Sistiva (Sistiva 75 cm3 + Premis 25 cm3 / 100 kg de semente); e 3) Tratamento de sementes Sistiva + TopSeed a 300 cm3/100 kg de semente.
A Figura 3 mostra o rendimento do trigo com os diferentes tratamentos. A aplicação do TopSeed como tratamento de sementes aumentou o rendimento em 965 kg/ha em relação à testemunha não tratada e em 800 kg/ha em relação ao tratamento Sistiva + Premis. Esses tratamentos são con-
siderados os melhores para a cultura do trigo. A resposta no rendimento demonstra o excelente efeito sinérgico que o TopSeed apresenta com os tratamentos de sementes tradicionais.
Tratamentos foliares em milho
A experiência foi conduzida
pela Okandú, na localidade de Inriville, Departamento Marcos Juárez, Província de Córdoba. O híbrido utilizado foi o AX 7761, semeado em 05/10/2018, com uma densidade de 99.000 sementes/ha.
Os tratamentos aplicados
Rendimento do milho 2021/2022 em Fauzón, com tratamentos de sementes e foliares (V6).
Rendimento do trigo 2022/2023 em La Paz, com tratamentos de sementes.
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Figura 2
Figura 3
A tecnologia de adubação para milho e trigo vem sendo estudada, e observa-se alta frequência de lotes com baixos teores de nutrientes, devendo-se adotar as melhores práticas de manejo de adubação.
quando a cultura estava em estágio V4-V6 foram: 1) Controle sem aplicação de herbicida; 2) Tratamento com herbicida contendo 1 kg/ha de atrazina (90%) + 100 cm3/ha de Topramezone (Convey); e 3) Tratamento com herbicida contendo 1 kg/ha de atrazina (90%) + 100 cm3/ha de Topramezone (Convey) + 200 cm3/ ha de TopZn.
O rendimento do milho para os diferentes tratamentos é mostrado na Figura 4. A aplicação do herbicida resultou em uma redução de rendimento de 306 kg/ha. No entanto, quando o
Figura 4
TopZn foi adicionado ao tratamento herbicida, o rendimento do milho teve uma resposta em relação ao controle de 287 kg/ha.
A experiência foi conduzida pela Ensayar, nas localidades de Chacabuco, Junín e Rojas, Norte da Província de Buenos Aires. O híbrido utilizado foi o DK 7220 VT4PRO (nas 3 localidades), semeado entre 23/09/2021 e 04/10/2021, com uma densidade de 78.000 sementes/ha.
Os tratamentos aplicados quando a cultura estava em
estágio V4-V6 foram: 1) Controle sem aplicação; 2) 200 cm3/ha de TopZn Max; e 3) 4 litros/ha de Absortec Copper.
A Figura 5 ilustra a resposta média de rendimento do milho após a aplicação de 200 cm3/ ha de TopZinc Max e 4 litros/ ha de Absortec Copper. Nenhum dos tratamentos afetou negativamente a cultura, não sendo observada redução de biomassa ou fitotoxicidade. Os resultados de rendimento foram conclusivos, mostrando uma diferença de +396 kg/ha
Figura 5
Rendimento médio de 3 localidades de milho (kg/ ha) após a aplicação de TopZinc Max (200 cm3/ha) e Absortec Copper (4 litros/ha) em V4-V6. Ensaios realizados em Chacabuco, Junín e Rojas (Bs. As.) pela Ensayar (Eng. Paolo De Luca) em 2021/2022.
7 Spraytec GLOBAL
Rendimento de milho precoce 2018/2019 em Inriville, com tratamentos foliares em V4-V6.
Tabela 1
Tratamentos em Perfilhamento (M) + Folha Bandeira (HB)
para o TopZn Max e +329 kg/ ha para o Absortec Copper. Esse aumento significativo no rendimento está relacionado ao Zn e ao N adicionados em uma fase importante de crescimento, complementado com a tecnologia de aplicação na formulação.
Tratamentos foliares em trigo
A experiência foi conduzida por Lucrecia Couretot e colaboradores (INTA Pergamino). O ensaio foi realizado no campo experimental da EEA INTA Pergamino, Província de Buenos Aires.
A variedade foi DM Ceibo, semeada em 20/06/2018 a 20 cm entre fileiras, com a soja como cultura antecessora.
Figura 6
Rendimento de cevada (kg/ha) após uma aplicação de fungicida + 4 l/ha de Absortec Copper. Ensaio realizado em French (9 de Julio, Bs. As.) pela Surcos Consultora (Eng. Silvina Mari) em 2021/2022.
Os tratamentos aplicados no perfilhamento e na folha bandeira foram: 1) No perfilhamento (M): herbicida (H); e na folha bandeira (HB): fungicida
(F) (500 cm3/ha de Rubric); 2)
M: H + 1 l/ha de Absortec, HB:
F + 100 cm3/ha de Fulltec; 3)
M: H + 100 cm3/ha de Fulltec, HB: F + 1 l/ha de Absortec; 4)
M: H + 2 l/ha de Absortec, HB:
F + 100 cm3/ha de Fulltec; e 5)
M: H + 100 cm3/ha de Fulltec, HB: F + 2 l/ha de Absortec.
Todos os tratamentos controlaram o avanço da ferrugem amarela e da mancha amarela em relação ao controle não tratado. Embora para o controle de manchas foliares o
fungicida utilizado tenha tido uma eficácia de controle de baixa a moderada, também teriam sido necessárias duas aplicações de fungicida devido às condições predisponentes para o progresso das manchas foliares.
O rendimento do trigo para os diferentes tratamentos é mostrado na Tabela 1.
Não foram determinadas diferenças estatisticamente significativas no rendimento entre os tratamentos avaliados (p>0,005), embora tenha havido diferenças agronômicas. Os tratamentos com melhores respostas foram aqueles em
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Desempenho (kg/ha) Diferença com testemunha (kg/ha) Aumento de desempenho (%) Desfolha (%) M: Herbicida (H) HB: Fungicida (F) 4475 95 M: H + Absortec 1 l/ha HB: F + Fulltec 100 cm3/ha 4557 82 1.8 90 M: H + Fulltec 100 cm3/ha HB: F + Absortec 1 l/ha 4753 278 6.2 92 M: H + Absortec 2 l/ha HB: F + Fulltec 100 cm3/ha 4498 23 0.5 95 M: H + Fulltec 100 cm3/ha HB: F + Absortec 2 l/ha 4754 279 6.2 90
Rendimento do trigo nos ensaios do Norte de Buenos Aires.
que foi aplicado fungicida + Absortec Copper na folha bandeira, que tiveram uma resposta de 278 e 279 kg/ha para as doses de 1 l e 2 l/ha, respectivamente. Esses aumentos de rendimento foram associados ao fato de que esses tratamentos mantiveram uma maior área foliar verde remanescente na colheita.
Tratamentos foliares em cevada
A experiência foi conduzida pela Surcos Consultora (9 de
Julio, Bs. As.). O ensaio foi realizado na localidade de 12 de Octubre, Partido de 9 de Julio, Província de Buenos Aires.
A variedade utilizada foi a ACA Sinfonía, semeada a 17,5 cm entre fileiras, com o milho como cultura antecessora.
Os tratamentos aplicados em Z 3.2 (segundo nó visível) e Z 3.9 (bandeira da folha) foram:
1) Controle sem fungicida em Z 3.2 e em Z 3.9; 2) Controle sem fungicida em Z 3.2 e Fungicida Cripton (triazol + estro-
birulina) 700 cm3/ha em Z 3.9; 3) Fungicida Cripton (triazol + estrobirulina) 700 cm3/ha + TopZn 200 cm3/ha em Z 3.2, e Fungicida Cripton (triazol + estrobirulina) 700 cm3/ha + Cubo 200 cm3/ha em Z 3.9; e 4) Fungicida Cripton (triazol + estrobirulina) 700 cm3/ha + TopZn 200 cm3/ha em Z 3.2, e Fungicida Cripton (triazol + estrobirulina) 700 cm3/ha + Absortec Copper 4 litros/ha em Z 3.9.
A Figura 6 detalha uma resposta de rendimento para tratamentos com fungicidas em cevada. Os resultados destacam o aumento significativo de rendimento em 614 kg/ha para TopZn Max + Absortec Copper, e de 215 kg/ha para TopZn Max + Cubo. Nenhum dos tratamentos afetou negativamente a cultura, sem redução de biomassa ou fitotoxicidade observada através de múltiplas avaliações.
Comentários finais
A tecnologia de fertilização para milho e trigo tem sido estudada e observa-se uma alta frequência de lotes com baixos níveis de nutrientes, o que exige a adoção das melhores práticas de manejo de fertilizantes.
As novas tecnologias em fertilizantes (macro e micro nutrientes + fitoestimulantes) têm mostrado excelentes resultados. A adoção desses produtos inovadores por parte dos produtores e técnicos permite aumentar os rendimentos das culturas e tornar as empresas mais rentáveis e sustentáveis.
9 Spraytec GLOBAL
KIT DE IDENTIDADE
1- O que levou você a tomar a decisão de se mudar para longe de sua terra natal?
Em 2014, viver e trabalhar na Nova Zelândia durante 10 meses foi revelador para mim. Experimentei uma melhor qualidade de vida, menos dificuldades e maiores perspectivas de futuro. Essa experiência me levou a considerar a possibilidade de me mudar para longe.
Em 2019, surgiu a oportunidade de trabalhar na Austrália para a Spraytec, o que me permitiu crescer profissionalmente e viver em um país que estava de acordo com minhas expectativas. Embora tenha sido difícil deixar meus entes queridos e me adaptar a uma nova cultura, o desejo de uma vida mais plena e sem preocupações superou meus medos.
MARCELO
2- Como você se adaptou à nova cultura e ao estilo de vida?
Adaptar-se a uma nova cultura e estilo de vida tem sido um desafio. O idioma, os costumes e as atividades desconhecidas têm exigido ajustes. No entanto, encontrei aspectos positivos em meu novo ambiente. A vida se torna mais simples e eficiente.
Os trâmites são rápidos e podem ser feitos online. Os espaços públicos e edifícios são bem cuidados e limpos. Essa atenção aos detalhes cria um ambiente acolhedor. À medida que interajo com as pessoas locais e participo de atividades sociais, me integro gradualmente. Aprendi a apreciar e adotar o melhor desta nova cultura e estilo de vida.
“Nascido em Rosário, Argentina, tenho estado envolvido na agricultura ao longo de toda a minha vida. Formado em Engenharia Agronômica pela Universidade Nacional de Rosário, adquiri habilidades em consultoria, vendas e gestão. Gosto de visitar os agricultores, entender suas operações e oferecer recomendações. A Spraytec me proporcionou a oportunidade de expandir sua presença global para o mercado australiano. Promover uma nova química tem sido, ao mesmo tempo, desafiador e gratificante, e estou entusiasmado para ver como evoluímos. Fora do trabalho, gosto de me manter ativo, jogar futebol e padel, e nunca consigo recusar um churrasco com amigos.”
3- Como você se mantém conectado(a) com seus entes queridos que estão distantes?
a. Através de aplicativos de mensagens e videochamadas, consigo manter uma comunicação próxima com eles, encurtando a distância física. Devido à distância e aos custos das passagens aéreas, as visitas familiares não são tão frequentes quanto eu gostaria. No entanto, tive a sorte de minha família me visitar em fevereiro passado, uma experiência muito especial. Além disso, eles estão planejando me visitar novamente no próximo ano, o que me emociona e me enche de alegria.
4- Como você desenvolveu sua rede de apoio em seu novo ambiente?
Em meu novo ambiente, me tornei parte de uma comunidade unida de argentinos em Perth, que se tornou minha rede de apoio. Meus amigos argentinos são como uma família aqui. Passamos muito tempo juntos, compartilhamos momentos de alegria e nos apoiamos nos desafios de viver em um país estrangeiro. Nossos encontros sociais têm significado, organizamos churrascos e compartilhamos o mate (chimarrão) para
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MARCELO
nos conectarmos com nossas raízes. Além da comunidade argentina, também conheci pessoas de diferentes nacionalidades e culturas, ampliando meu círculo social e construindo relacionamentos com base em interesses comuns.
5- Qual foi o seu maior desafio profissional e como você o superou?
Meu maior desafio profissional na Austrália foi lidar com um ambiente altamente competitivo. No entanto, superei isso por meio de aprendizado constante e crescimento. Minha formação acadêmica como engenheiro agrônomo e um MBA me proporcionaram uma base sólida. Além disso, meus anos de experiência em diferentes áreas na Argentina me ajudaram a me adaptar e adquirir novos conhecimentos. Como responsável por uma empresa multinacional, enfrentei os desafios de forma proativa, buscando oportunidades de
Spraytec GLOBAL
treinamento e aplicando o que aprendi em meu trabalho diário. A chave foi a adaptabilidade e a busca contínua por aprimoramento profissional. O apoio da minha equipe e dos colegas foi fundamental para o sucesso da Spraytec Austrália.
6- O que você gosta na mentalidade e estilo de vida australiano?
O que eu gosto na mentalidade e estilo de vida australiano é o seu enfoque descontraído e apreço pelas coisas simples e bem-feitas. Os australianos valorizam a qualidade de vida e aproveitam as atividades ao ar livre, especialmente na praia. Sua atitude descontraída em relação à vestimenta, mesmo no inverno, reflete sua liberdade e conforto. Além disso, os australianos são amigáveis e sociáveis, o que facilita fazer conexões e amigos. Eles gostam de se reunir em um ambiente descontraído e de degustar várias cervejas.
7- Qual é sua comida australiana favorita?
Não há uma comida típica única, mas existem pratos populares que eu adoro. Um dos meus favoritos é o “Surf and Turf”, que combina frutos do mar frescos e carne em um só prato. Geralmente inclui um suculento filé de carne bovina acompanhado de camarões, lagostins ou lagostas. Essa combinação de sabores da terra e do mar cria uma experiência culinária deliciosa e equilibrada. Além do “Surf and Turf”, as “meat pies” (tortas de carne) também são uma delícia australiana que vale a pena experimentar, especialmente quando estamos em movimento e procuramos algo rápido para comer.
8- Quais aspectos da cultura de Rosário te trazem nostalgia?
Sinto falta das reuniões familiares, dos churrascos com os amigos e das visitas ao
campo. Também sinto falta das corridas pela orla, aproveitando a brisa e a vista para o rio Paraná. As cervejas em Pichincha também fazem parte das minhas lembranças e saudades. Mas o que mais sinto falta é do calor humano das pessoas de Rosário.
9- O que te inspira no seu dia a dia?
A determinação de conquistar mais. A ambição de continuar construindo algo significativo do qual me orgulho de fazer parte e ser um dos pioneiros a se juntar à equipe. Impulsionado pelo desejo de um futuro próspero, sabendo que estou dando o meu melhor para que isso aconteça, tanto em nível pessoal quanto em relação à empresa.
10- Você precisa me definir a Spraytec em poucas palavras.
Uma equipe familiar onde você trabalha, gera negócios, se diverte conhecendo pessoas e se desenvolve profissional e pessoalmente.
11- Qual é a sua maior conquista até agora?
Nos últimos 4 anos, me esforcei ao máximo para me estabelecer na Austrália e tornar a empresa lucrativa de maneira sustentável.
12- Qual é o seu estilo de liderança?
Meu estilo de liderança se caracteriza por ser determinado mas flexível, com objetivos claros em mente. Confio
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na autonomia e coerência dos outros, permitindo-lhes tomar decisões e assumir responsabilidades. Considero importante aproveitar o trabalho e fazê-lo da melhor maneira possível, por isso incentivo um ambiente de colaboração e motivação. Busco inspirar e guiar minha equipe para o sucesso, fornecendo apoio e reconhecimento quando necessário.
13- Qual é o seu foco para promover a inovação no seu trabalho?
Procuro estar constantemente informado e analisar as novas tendências e desafios que surgem para poder elaborar rapidamente propostas de valor disponíveis imediatamente. Sou proativo na geração de soluções, pois se ficarmos parados, as oportu-
nidades passam por nós e os concorrentes nos superam.
14- Qual é o seu objetivo principal?
Aproveitar ao máximo o trabalho em que estou e a vida que levo, compartilhando com amigos e mantendo uma boa saúde.
15- Que conselhos você daria a alguém que está
considerando se mudar para longe de sua casa?
Que analise para que e por que tomará essa decisão, tendo em mente que haverá coisas que serão deixadas para trás e coisas que serão perdidas. Prepare-se para a mudança que acontecerá em sua vida e esteja aberto e expectante em relação a novos relacionamentos e experiências que o fortalecerão como pessoa.
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Kit
de identidade
RAÍZES TERRITORIAIS
SANTA FÉ
Aprovíncia de Santa Fé, localizada no coração da Argentina a aproximadamente 450 quilômetros de Buenos Aires, é um tesouro que cativa aqueles que têm a oportunidade de visitá-la, graças à sua rica história, paisagens e uma população apaixonada e vibrante. Esta província se destaca como um dos destinos mais encantadores do país. Além de seus atrativos naturais e culturais, Santa Fé foi berço de uma grande quantidade de pessoas destacadas em diversos campos, que deixaram uma marca indelével no país.
Santa Fé se distingue pela diversidade de paisagens naturais, que vão desde extensas planícies até maravilhosas costas ao longo do rio Paraná. A província possui uma vasta rede de rios e riachos, ilhas fluviais e áreas úmidas, criando assim um ecossistema rico em biodiversidade.
A província possui um dos rios mais importantes e vitais do continente, o rio Paraná. Esta magnífica via fluvial não apenas fornece recursos naturais e conecta diferentes localidades, mas também é uma fonte inesgotável de vida e beleza.
Com um comprimento de 4.800 km, o Paraná é um dos rios mais longos da América do Sul e o segundo em importância no país, superado
apenas pelo famoso rio da Prata. Ao longo de seu curso, o Paraná pinta uma paisagem de sonho, com suas águas caudalosas e suas margens repletas de vegetação.
O rio desempenha um papel fundamental na vida dos habitantes de Santa Fé, fornecendo água potável para várias localidades e sendo essencial para o desenvolvimento da pecuária e agricultura na região. Além disso, o Paraná serve como uma rota de transporte para o comércio e a indústria, possibilitando o acesso aos mercados internacionais através do porto da maior cidade da província, Rosário.
ROSÁRIO
Localizada às margens do rio Paraná, Rosário é uma das cidades mais importantes do país. Possui um legado histórico fascinante, refletido em sua arquitetura e paisagens urbanas. Por exemplo, o Monumento à Bandeira, um dos ícones mais reconhecidos da Argentina. O centro histórico de Rosário conta com edifícios majestosos, como o mítico Teatro El Círculo e o Palácio Fuentes. Rosário é conhecida por sua destacada atividade artística e esportiva, impulsionando a cultura nacional para o mundo. Vamos revisar alguns dos nomes proeminentes que esta cidade gerou.
Nas categorias esportivas, encontramos grandes expoentes do futebol.
O grande Lionel Andrés Messi. O que dizer sobre o maior jogador de futebol de todos os tempos que já não tenha sido dito? Nascido em 24 de julho de 1987, aos 7 anos de idade, ele começou a treinar nas categorias de base do Newell’s Old Boys, clube do qual também é simpatizante, mas, pouco tempo depois, o FC Barcelona o teria em suas fileiras e, aos 17 anos, ele estrearia na primeira divisão espanhola. Desde sua estreia, ele teve uma das carreiras mais prolíficas do futebol mundial, com um extenso currículo que continua crescendo. Ele venceu o Campeonato Espanhol 10 vezes, a Copa del Rey 7 vezes, a Supercopa da Espanha 8 vezes e a Liga dos Campeões 4 vezes. Duas vezes a Ligue 1 e uma Supercopa da França com o Paris Saint-Germain FC. Com a seleção juvenil, também ganhou uma Copa do Mundo e uma medalha de ouro nas Olimpíadas. Em 2021, ele quebrou a maldição de não conseguir títulos internacionais com a seleção principal da Argentina, vencendo a Copa América, a Copa dos Campeões contra a Itália e finalmente o Campeonato Mundial em 2022.
Angel Di Maria, reconhecido por sua passagem por grandes times da Europa, como
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15 Spraytec GLOBAL
Lionel Messi
Fito Páez
Roberto Fontanarrosa
o Real Madrid, por compartilhar equipe com Cristiano Ronaldo e por contribuir para a conquista do título mais importante do futebol europeu: a Liga dos Campeões. Além de seu reconhecimento individual no futebol de clubes, Di Maria tem uma grande trajetória na seleção nacional, sendo campeão da Copa do Mundo Sub-20 em 2007, da Copa América em 2021 e da última Copa do Mundo no Catar em 2022.
César “El Flaco” Menotti, ex-jogador de futebol e treinador. Nasceu em 22/10/1938 e foi um jogador de futebol reconhecido, estreando no Rosário Central em 1960 e encerrando sua carreira no futebol brasileiro, mas seu papel mais destacado é como treinador, onde conquistou o título da Primeira Divisão argentina com o Club Atlético Huracán, a única oportunidade em que o time se consagrou como campeão da primeira divisão em sua história.
Mas, sem dúvida, seu maior feito foi a primeira conquista da seleção argentina na Copa do Mundo em 1978, durante a ditadura cívico-militar, proporcionando alegria ao povo em um dos momentos mais sombrios de nossa história nacional.
Mas Rosário não é apenas o berço de jogadores de futebol; também se destaca nas artes, com vários nomes importantes para a cultura do país.
Roberto “El Negro” Fontanarrosa, grande humorista, desenhista e escritor argentino.
Fito Páez, reconhecido músico de Rosário, teve contato com excelentes músicos de todo o continente, como Charly Garcia, Caetano Veloso, Chico Buarque e até o americano Elvis Costello.
Juan Carlos Baglietto, músico. Nele encontramos a cidade de Rosário sintetizada: ele se envolveu na cena artística, reunindo os melhores talentos e formando a “Trova rosarina”, que inclui Fito Páez, Silvina Garre, Ruben Goldin e Jorge Fandermole.
Luciana Aymar, Marcelo Bielsa, Alberto Olmedo, Lucio Fontana. Realmente, a lista de personalidades destacadas de Rosário é infinita. No entanto, essa característica não é exclusiva da cidade, mas se estende por toda a província também.
Carlos Monzón, natural da localidade de San Javier, é reconhecido mundialmente como um dos maiores pugilistas do mundo, com um total de 100 lutas, nas quais foi derrotado apenas três vezes.
Carlos Alberto Reutemann, natural de Santa Fé de la Vera Cruz, capital da província, foi um piloto histórico da Fórmula 1, competiu por grandes equipes internacionais como Lotus, Williams Racing e até mesmo Ferrari. Também se dedicou à política, sendo governador de Santa Fé nos períodos de 1991-1995, 19992003, e senador da Nação desde 2003 até sua morte em 2021.
Marcos Mundstock, nascido em Santa Fé de la Vera Cruz, é membro dos Les Luthiers, um renomado grupo humorístico da Argentina.
Essas personalidades não apenas deixaram uma marca no país, mas também transcenderam fronteiras, levando o nome de Santa Fé e da Argentina ao mais alto reconhecimento em nossa cultura. A província continua sendo um lugar que inspira e nutre o talento, e sua riqueza humana e cultural o torna um destino essencial para aqueles que desejam descobrir um pouco mais sobre o que é a Argentina.
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Luciana Aymar
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Carlos Reutemann
Ángel Di María
Marcos Mundstock
O BANCO
Mundial de Sementes de Svalbard
Não podemos ignorar o fato de que mudanças notáveis, de importância inimaginável, afetarão a produção de alimentos em todo o mundo. no mundo todo. Um futuro próprio de uma distopia ficcional nos aguarda e, fato, algumas pessoas já começaram a agir.
NNão há dúvidas de que o ano de 2020 colocou em xeque todas as nossas certezas, se é que tínhamos alguma, como poucos anos fizeram. A pandemia da Covid-19 ainda nos mantém em alerta e causou muitos estragos, mas também nos ensinou, principalmente, a valorizar os privilégios que o nosso mundo nos oferece e que, por sua cotidianidade, costumam passar despercebidos diante de nossos olhos. Os encontros com entes queridos, o ar puro e livre enquanto caminhamos, o sol da tarde, alguns dias no mar e a beleza da passagem das estações valem muito mais do que pensávamos, ou, se já pensávamos nisso, provavelmente havíamos esquecido. Isso nos faz pensar em tudo o que temos agora e que pode não estar mais presente em algum momento. O impor-
tante é preservarmos e valorizarmos o agora, pois o depois sempre é tarde.
A mudança climática não é uma notícia nova, mas sim cada vez mais reiterada. Seu impacto não para de se manifestar diante de nossos olhos: inundações, pragas e doenças, incêndios, altas temperaturas, degelo, extinção da flora e fauna e alterações sem precedentes nas paisagens naturais ao redor do mundo são protagonistas nos últimos anos. O ano de 2020 nos remete ao apocalipse final, embora muito mais lento e impontual do que os livros, séries ou filmes nos fizeram acreditar. Tratando-se de acontecimentos inesperados, já ouvimos muitas vezes o fato de o mundo real ser ainda mais ficcional do que a própria ficção. Isso é verdade, pois nosso mundo não é tão monótono e é um pouco mais fantástico do que costumamos acreditar.
A meio caminho entre a Noruega e o Polo Norte, ao norte do norte, onde o gelo nunca derrete e as noites de inverno são eternas por meses, encontra-se o arquipélago norueguês de Svalbard. Composto por um conjunto de ilhas, cuja beleza austera e sobriedade têm fascinado os viajantes há anos, apenas três delas são habitáveis: Spitsbergen, Ilha do Urso e Hopen. A primeira, Spitsbergen, é a maior ilha do arquipélago de Svalbard, onde está localizado Longyearbyen, o maior povoamento e capital deste lugar remoto e excepcional. Seu nome significa “picos íngremes” e foi dado pelo explorador holandês Willem Barents, que descobriu a ilha enquanto procurava o “Polo Norte” em 1596.
Muito perto de Longyearbyen, e apoiado pelos milhares de ursos polares que Svalbard abriga (por isso o arquipélago é chamado de “O Reino do Urso Polar”), foi construída,
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Nuala Szler Estudante de graduação em Letras
Como nunca antes, podemos afirmar que uma semente é uma grande mudança
como se fosse uma história de ficção científica, uma impressionante abóbada subterrânea. Concebida para resistir o passar do tempo e aos desafios de desastres naturais ou provocados pelo homem, esta abóbada, que é nada menos que o Banco Mundial de Sementes de Svalbard, foi projetada e construída para ser uma instalação de armazenamento de backup de sementes do mundo todo. O Svalbard Globale Frøhvelv (nome oficial desta instalação, em norueguês) é o guardião da coleção de cultivos vegetais mais diverso do mundo, pois armazena mais de um milhão de sementes.
O Banco Mundial de Sementes de Svalbard possui uma
Nada foi deixado ao acaso – o Banco Mundial de Sementes é à prova de erupções vulcânicas, terremotos de até 10 graus na escala Richter, radiação solar, incêndios e outras catástrofes. Além disso, em caso de conflito, existe um tratado internacional que classifica e mantém esse território como zona desmilitarizada. É, portanto, uma espécie de apólice de seguro que busca garantir alimentos para os seres humanos, suprir a demanda que as futuras gerações possam ter em caso de enfrentarem desafios nutricionais, como a mencionada mudança climática ou um aumento significativo da população. É por isso que também é frequentemente chamado de “A Abóbada do Fim do Mundo”.
dade de cultivos de diversas regiões do mundo, salvá-los da extinção para que, em casos extremos de necessidade, aqueles que enviaram suas rações de sementes possam retirá-las e voltar a produzir seus cultivos. Nesse sentido, não é um banco de genes ativo. Não se trata de um banco genético em uso ao qual pesquisadores ou outros interessados possam recorrer. Os depositantes são os únicos que podem retirar seu conteúdo e, enquanto as sementes são armazenadas, apenas o pessoal pode manipular as caixas, cujo conteúdo interno nunca é tocado. Portanto, as sementes não são expostas ao toque humano depois de serem embaladas e enviadas para Svalbard. Um grande alívio, se
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°C, contam ainda com refrigeração artificial de até -18 °C para garantir a conservação das amostras por anos. Por sua vez, uma amostra é composta por cerca de quinhentas sementes hermeticamente seladas em uma bolsa de alumínio e são armazenadas em um sistema de “caixa preta”. Isso significa que os pacotes de sementes e caixas destinadas para reserva não são abertos ou enviados a qualquer pessoa, exceto ao depositante original, caso ele peça. Apenas os responsáveis pelas sementes, e ninguém mais, têm acesso a elas. Seu uso é semelhante ao de um cofre em um banco: o banco possui o prédio e o depositante possui o conteúdo de sua caixa. Portanto, a Noruega é proprietária da instalação e os bancos e instituições que enviam as sementes são donos delas; não há transferência de propriedade.
A abóbada tem uma capacidade de armazenamento de 4,5 milhões de amostras de sementes. Desde sua inauguração em 2008, guarda mais de 1 milhão de sementes de espécies vegetais do planeta. É, como mencionamos, o maior depósito de sementes do mundo. Por outro lado, estando geograficamente localizada a cerca de 1.300 quilômetros ao norte do Círculo Polar Ártico, sem dúvida a abóbada é como um “sistema de segurança” que nos garante a atual biodiversidade de cultivos, mesmo em caso de uma catástrofe de proporções impensáveis. O Banco Mundial de Sementes foi construí-
do no arquipélago de Svalbard por uma razão clara: mantê-lo isolado e afastado de qualquer interferência humana ou da natureza. Suas condições climáticas são ideais, com uma temperatura que varia entre -14 °C e 6 °C, além de ser um dos pontos com menor probabilidade de catástrofe ambiental.
Este projeto de salvaguarda nasceu da preocupação dos cientistas com a perda da diversidade das culturas e a vulnerabilidade das coleções de sementes do mundo. Maria Haga, diretora executiva do Crop Trust (financiador do Banco Mundial de Sementes), afirma que o problema de perder diversidade é que perdemos opções. Por exemplo, a Índia perdeu 90% das variedades de arroz desde 1950; o México perdeu 80% das variedades de milho desde 1900; a Alemanha cultiva apenas 6 variedades de maçãs; Os Estados Unidos, por sua vez, perderam 93% de sua variedade de frutas e vegetais desde 1900; e a China, hoje em dia, cultiva apenas 10% das variedades de arroz que costumava cultivar na década de 1950.
Embora a ideia de estabelecer um centro de sementes em Svalbard remonte à década de 1980, foi com a entrada em vigor do Tratado Internacional sobre os Recursos Fitogenéticos para a Agricultura e Alimentação em 2004 que se tornou uma possibilidade de ser posta em prática. Isso se concretizou apenas quatro anos depois, em fevereiro de 2008. A construção e a ope-
ração da também chamada Câmara Global de Sementes custaram cerca de 9 milhões de dólares e foram possíveis graças ao financiamento do governo norueguês, do Global Crop Diversity Trust, de doações de empresas e países como o Reino Unido, bem como de fundações como a de Bill e Melinda Gates, do Banco Rockefeller e da multinacional Monsanto. O fundador e responsável pela coordenação do centro é o biólogo norueguês Asmund Asdal.
No entanto, como tudo na vida, a abóbada precisou de adaptações e melhorias em sua estrutura e segurança. Essas mudanças foram especificamente devido à iminência de um clima mais quente, resultado do aquecimento global. Essa necessidade ficou evidente em 2017, quando a abóbada sofreu uma inundação devido ao derretimento do permafrost ao seu redor, onde a água conseguiu entrar no túnel, mas felizmente não atingiu as sementes para danificá-las.
Hoje, após doze anos desde sua inauguração, um total de cem mil variedades distintas de cultivos do mundo todo foram adicionadas e permanecem congeladas na abóbada, no meio do Ártico. Recentemente, foram depositadas cerca de 60.000 amostras de sementes de 36 bancos e instituições diferentes do mundo todo, como sementes de abóbora enviadas pela Nação Cherokee dos Estados Unidos, o trigo original da Universidade de Haifa em Israel e todos os tipos de cultivos do Marrocos, Mongólia ou Nova Zelândia, além de muitos outros. Entre as instituições latino-americanas que participaram dessas últimas contribuições estão o Centro Internacional de Agricultura Tropical (CIAT) da Colômbia, que doou variedades de ervilha-borboleta, trevo, sorgo e feijão, o Centro Internacional de Melhoramen-
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Hoje, doze anos após sua inauguração, um total de cem mil variedades
to de Milho e Trigo (CIMMYT) do México e o Centro Internacional da Batata (CIP) do Peru. A Universidade da Costa Rica também participou, com variedades de três espécies nativas de arroz, incluindo duas selvagens, e a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) enviou variedades de cultivos como cebola, melão e pimenta. Amostras de todas as latitudes, do Cazaquistão, Armênia, Azerbaijão, Portugal, Zâmbia, Ucrânia, Coreia do Sul e Coreia do Norte, também foram armazenadas ao longo dos anos, resultando em mais de 100.000 variedades de sementes preservadas. Isso mostra que, como afirma seu fundador Asmund Asald, na Câmara Global de Sementes, todos os países cooperam na formidável missão de preservar o grão, mesmo que, talvez, fora do recinto, eles não sejam os melhores amigos. De fato, em apenas sete anos, o banco internacional de sementes havia reunido cerca de 40% da diversidade alimentar do mundo: 843.400 sementes provenientes de 233 países. No entanto, ainda há pouco mais de um milhão de amostras de sementes únicas que não estão armazenadas na abóbada, pois a estimativa real de plantas no mundo todo chega a 7,1 milhões, das quais 2,1 milhões são únicas. Preencher essa lacuna é uma prioridade nos próximos anos.
Ninguém imaginava que a condição dessa “Arca de Noé” ártica como depósito de segurança mundial de cultivos seria testada apenas sete anos após sua inauguração. O Centro Internacional de Pesquisa Agrícola em Áreas Secas (ICARDA), que originalmente tinha sua sede em Aleppo, uma das cidades mais afetadas pela guerra na Síria, perdeu o acesso ao seu banco de genes devido à guerra. Porém, como grande parte das sementes havia sido duplicada e enviada para Svalbard para custódia, o ICARDA pôde reti-
rar suas amostras entre 2015 e 2019 para reestabelecer sua coleção de bancos de genes no Marrocos e no Líbano. Dessa forma, solicitando à Svalbard, a Síria reconstruiu seu arquivo de sementes graças aos depósitos da abóbada e conseguiu recuperar 80% do que estava em seu próprio depósito em Aleppo. Posteriormente, as sementes foram cultivadas e novamente depositadas na abóbada de Svalbard em 2017.
Outro caso notável é a missão de resgate para coletar sementes de cultivos nativos do Nepal, que foi organizada após o grande terremoto na região. Assim, cumprindo sua missão, sementes únicas no mundo estão seguras graças ao Banco Mundial de Sementes. Outro bom exemplo da utilidade da conservação de amostras de sementes é o que aconteceu nas Filipinas nos anos de 2006 e 2012, quando duas inundações enormes quase destruíram todo o material genético do Laboratório Nacional de Recursos Fitogenéticos (NPGRL)
da Universidade das Filipinas em Los Baños (UPLB). É por isso que em Svalbard afirmam que, idealmente, os bancos de diversidade genética de espécies vegetais silvestres (germoplasma) deveriam enviar cópias de segurança de suas sementes nos bons momentos, e não apenas nos momentos difíceis, pois quando ocorre um desastre, pode ser tarde demais.
Podemos concluir que, embora a abertura da majestosa abóbada do Banco Mundial de Sementes, para retirar amostras, signifique que uma má notícia ou um desastre natural aconteceu em algum lugar do mundo, o oposto acontece quando novas sementes entram no recinto, pois garante que outro tesouro vegetal está seguro. Assim, felizmente, talvez o Banco Mundial de Sementes de Svalbard nos sirva de inspiração, trazendo a esperança de que não apenas enfrentaremos cada vez mais problemas, mas que também podemos resolver alguns deles.
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AGROPRODSERVICE, o Gigante Ucraniano
A Agro TV viajou para Ternopil junto com Yuriy Alatortsev, representante da empresa Spraytec na Ucrânia, para visitar um de seus grandes clientes. Fundada em 1999 pelo ucraniano Ivan Chaikivskyi, a Agroprodservice é uma megaempresa que adota um modelo de integração vertical e revolucionou a forma de fazer negócios na Ucrânia. Com 45.000 hectares em produção, onde o cultivo é realizado com um alto nível tecnológico, agrega-se valor a toda essa matéria-prima, transformando-a em carne e elaborando produtos que posteriormente são comercializados em suas próprias lojas.
Diego Peydro Apresentador da AgroTV
Ivan, conte como você começou neste mundo agropecuário e na produção de matériasprimas.
Ivan - Para começar, será necessário compartilhar um pouco sobre a história de como a empresa se desenvolveu. Estávamos vivendo tempos muito difíceis quando entrei na agricultura em 1998. Naquela época, ainda tínhamos o sistema soviético de fazendas coletivas, e na verdade encontrei esse sistema em minha cidade natal, onde nasci. Fui escolhido como chefe da propriedade de fazenda de onde venho, e foi necessário realizar certas reformas, pois era impossível continuar administrando a propriedade daquela maneira. Na proprie-
dade coletiva, ninguém era responsável especificamente pelos bens. Eu era um gerente jovem de 26 anos e precisava encontrar uma solução para a situação econômica que existia na fazenda coletiva. As dívidas eram extremamente grandes, quase dois milhões de dólares, e tínhamos apenas 2.500 hectares para produzir, com 450 funcionários naquele momento. Foi uma carga e um problema enorme que vivi como gerente jovem. Não havia uma solução real, porque tínhamos que pagar as dívidas, atrair novos recursos e esses novos recursos precisavam enfrentar desafios.
Em 1999, foram atribuídos lotes de doze hectares cada aos produtores aqui na Ucrânia. Como foi possível conceber uma empresa privada e arrendar os campos para essas pessoas?
Ivan - Em 11 de junho de 1999, criamos esta empresa e começamos a arrendar terras diretamente das pessoas. Naquele momento, escrevi uma declaração e renunciei ao cargo de presidente da KSP. Fui trabalhar diretamente em uma empresa privada que fundei e gerenciei, que não tinha dívidas nem nada, esse era o começo. A ideia era aprender a ganhar dinheiro criando valor agregado, pois entendi que cultivar trigo no campo sem processá-lo não era rentável. Isso envolvia uma pequena contribuição de recursos humanos, e havia muitas pessoas na vila precisando de trabalho. Tudo isso me motivou a buscar novas formas. Pri-
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Ivan Chaikivskyi, Fundador da Agroprodservice
AGROPRODSERVICE,
meiro, começamos a processar os grãos e transformá-los em farinha, depois a vender a farinha e lidar com grãos.
Como a pecuária é incorporada nesse plano de produção?
Ivan - Começamos com a criação de suínos e construímos uma planta para produzir alimentos compostos. Esse alimento composto era consumido pelos animais, que depois eram vendidos, criando assim valor agregado. Um tempo depois, compramos a planta de processamento de carne em Ternopil para continuar essa cadeia e transformar os grãos do campo em alimento para os suínos. Em seguida, enviamos os animais para a planta de processamento de carne e produzimos
embutidos para conservas. A carne é refrigerada ou parcialmente processada. Dessa forma, criamos um ciclo nessa linha e depois fomos além, criando uma cadeia de lojas próprias.
Aqui entra a Agroprodservice, como uma empresa produtora e exportadora de alimentos agrícolas.
Ivan - Sim, agora vendemos carne fresca e produtos que são elaborados na planta frigorífica com nossa própria marca, e assim toda a cadeia de integração do campo à mesa foi criada. Também temos os aviários, a direção de laticínios, na verdade. Hoje em dia, a empresa Agroprodservice processa quase 60% do que cultiva, apenas 40% é exportado. Quando deixei o cargo de diretor-geral, desejei
sucesso ao novo diretor, Andreí Estepanovich, e pedi que encontrássemos uma maneira de processar 100% dos grãos e produtos que produzimos no campo, para que tudo se integre e possa ser processado.
Com 45.000 hectares de terra fértil cultivada, a Agroprodservice produz trigo, cevada, milho, girassol, beterraba e soja com tecnologias de precisão e manejo intensivo.
Andrii - Sim, a empresa Agroprodservice cultiva mais de 45.000 hectares nas regiões de Ternopil e Ivano-Frankivsk, entre outras. A cada safra, semeamos entre 8 e 10 mil hectares de trigo no inverno, 1.500 hectares de trigo na primavera, 3.000 hectares de cevada, 2.000 hectares de
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Andrii Baran, Diretor-geral da Agroprodservice
culturas de cereais e, é claro, cultivamos cerca de 10.000 hectares de milho na melhor área. No ano passado, decidimos reduzir o plantio de milho quase pela metade porque é necessário secá-lo bastante, reduzir a umidade para 10 ou 15%, e, nesse processo, consome-se muita energia e dinheiro devido ao preço elevado da gasolina por causa da guerra.
Que papel a soja e outras culturas desempenham nesse novo plano de produção?
Andrii - Nos dedicamos e expandimos o cultivo de soja, e o fato de estarmos expandindo com a criação de animais gera uma maior necessidade de proteínas. Dependendo do ano, cultivamos cerca de 7.000 hectares de soja não transgênica, 5.000 hectares de colza de inverno, 3.000 hectares de girassol e 3.000 hectares de beterraba forrageira; essas são as culturas principais. Se falarmos de trigo de inverno, os rendimentos são em média de 8 toneladas por hectare, independentemente do clima; o milho varia entre 10 a 11 toneladas por hectare; a soja, 3 toneladas e meia; o girassol, 3 toneladas e meia; a colza, 4 toneladas; e, por último, a beterraba açucareira, com cerca de 70 toneladas por hectare.
Com esses grandes volumes de colheita e diversidade de culturas, como vocês processam e buscam agregar valor à produção?
Andrii - A empresa busca, na medida do possível, processar e obter valor agregado de nossa produção de grãos, por isso começamos a nos dedicar à criação de animais, e hoje mais de 50% dos grãos são processados na fábrica de alimentos. Produzimos, processamos e formulamos
nossa própria ração para a pecuária, mais de 300 toneladas por dia. Em um ano, produzimos cerca de 100.000 toneladas de ração para suínos, bovinos e aves de capoeira, e também elaboramos e vendemos esses produtos com valor agregado em nossas lojas. Também adicionamos valor ao cultivo de soja, processando 40.000 toneladas por ano, transformando-as em óleo e farelo proteico, que depois são utilizados na produção de ração para o gado. Exportamos parcialmente o óleo de alta qualidade para a União Europeia, bem como pequenas quantidades de produtos alimentícios processados, como semolina e farinha.
Claro, exportamos uma parte significativa dos grãos para os mercados internacionais, e a beterraba açucareira é exportada como matéria-prima, pois não temos usinas de açúcar.
Vocês são líderes a nível nacional na produção de sementes. Que porcentagem do mercado vocês possuem, comercializam e, sobretudo, como os produtores os percebem?
Andrii - Sim, na verdade, a empresa é reconhecida pelos produtores de sementes em nossa região e na Ucrânia porque produzimos nas melhores condições e vendemos uma parte importante das sementes certificadas de alta qualidade. Temos uma longa história de produção de sementes, vendemos 10% das sementes certificadas de trigo de inverno dentro do mercado ucraniano e eles nos veem como uma fonte confiável. Produzimos cerca de 20.000 toneladas de sementes a cada temporada, mas, este ano, devido à guerra e à crise econômica, os rendimentos das sementes diminuíram porque todos estão tentando sobreviver. Estamos focados na produção de sementes para nossas próprias necessidades e para venda. Temos experiência e estamos exportando para empresas francesas, alemãs, checas e outras que simplesmente comercializam no mercado. Desde o ano passado, exportamos as primeiras sementes de trigo de primavera e soja para a União Europeia.
Em 2005, a Agroprodservice começou o desenvolvimento da criação de porcos da raça autóctone Yorkshire
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Duroc. Hoje, incorporam na produção 15.000 porcas e 115.000 porcos para consumo.
Andrii - A suinocultura é o principal ramo de nossa pecuária e estamos envolvidos na criação de porcos há quase 20 anos; é a nossa especialidade. Atualmente, temos uma produção de 15.000 porcas e 115.000 porcos. Em um futuro próximo, buscamos expandir nosso plantel para 12.000 porcas. Aqui realizamos o ciclo completo de produção e nosso objetivo é obter animais com um peso final de 120 quilos. Como já mencionamos, a empresa completa toda a cadeia em um ciclo fechado, ou seja, a colheita do campo é processada na fábrica de ração e os porcos são alimentados em nossas instalações até atingirem 120 quilos. Após atingirem o peso de abate, parte dos porcos é vendida no mercado como carne fresca e a outra parte é processada na fábrica de carne para depois vender os produtos em nossas lojas e redes próprias. Temos fornecedores externos no mercado que demandam animais prontos, e esse negócio é especialmente importante para nós. Ele nos garante a capacidade de enfrentar a situação econômica atual, em plena guerra contra a Rússia. Sabemos que existem problemas com a venda e exportação de grãos, problemas logísticos e de transpor-
te. O negócio da suinocultura nos dá a oportunidade de processar mais da metade dos grãos que produzimos aqui e agregar valor por meio da criação de animais.
Com 45.000 hectares agrícolas, 15.000 porcas em produção e milhares de toneladas de grãos processados diariamente, a Agroprodservice sofre o impacto da guerra e da logística. Ivan Chaikivskyi detalha a situação que vivem há um ano.
Ivan - A logística foi muito afetada por esse conflito, na verdade, 95% de todas as exportações e importações ucranianas passam por nossos portos no Mar Negro. Após a invasão russa, os portos ucranianos foram bloqueados e todos os navios ficaram presos lá junto com as mercadorias e produtos que tinham em suas bodegas. A Ucrânia nunca trabalhou em seus portos terrestres ocidentais, mas, devido à guerra, tivemos que desenvolver novamente essas rotas de exportação que haviam sido perdidas. Durante a união, foram construídas ferrovias que
nos conectavam à Europa e aos países vizinhos, como Polônia, Hungria e até Constança. Todos esses caminhos estavam estabelecidos, embora não fossem eficazes, não estavam economicamente justificados. Para nós, era mais barato enviar grãos pelo porto; a exportação por via terrestre não era rentável.
Ivan - Essa mudança de direção tem um grande impacto tanto no Estado quanto nas empresas. No início das hostilidades, o setor agropecuário enfrentou um grande problema. Segundo estimativas, em 24 de fevereiro, a Ucrânia tinha entre 20 e 30 milhões de toneladas de grãos que ainda não haviam sido exportados e estavam em nosso território. Esse volume precisava ser exportado, e não tínhamos outra opção senão reconstruir essas cadeias. Felizmente, até o momento, tivemos sucesso através de nossas fronteiras terrestres ocidentais. Hoje, já exportamos mais de 2,5 milhões de toneladas de grãos por mês e estão sendo construídos portos terrestres na fronteira com a Polônia para poder exportar mais grãos
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“A Agroprodservice processa quase 60% do que produz, apenas 40% é exportado”
Ivan Chaikivskyi
para a Europa. A agricultura e as empresas ucranianas compreendem claramente que nossos parceiros estão na Europa, tanto em termos de negócios quanto de espírito. É por isso que faremos o possível para que nossas fronteiras e logística se voltem para o oeste.
Quanto à avicultura, como vocês projetaram o ciclo produtivo, o abate e, sobretudo, a comercialização ao público, traçando toda a cadeia?
Andrii - A avicultura é uma indústria pequena para nós. Temos três complexos avícolas onde podemos receber simultaneamente cerca de 360.000 aves de criação. A maior parte desse processo ocorre em nossa planta de processamento de carne, ou seja, temos um matadouro onde ocorre o abate, depois é processado e chega ao consumidor final por meio de nosso comércio em forma fresca. Hoje em dia, também é enlatado como conserva, e os produtos de carne finalizados podem ser comprados nas lojas da empresa Meet Studio. As capacidades de produção na Ucrânia são muito maiores do que as que temos atualmente. Somos a primeira e única empresa a criar perus e temos a maior capacidade de produção avícola. Hoje, a criação de porcos, gado leiteiro, gado para carne, aves e agricultura são, por assim dizer, um nicho pequeno, mas ainda há muito potencial.
Qual é o papel do gado bovino na economia e na produção de alimentos?
Andrii - A criação de gado
leiteiro é comum em nosso país. Começamos a fazer isso não faz muito tempo, mas já temos alguma experiência. Atualmente, temos quase 9.000 cabeças de gado na fazenda. No ano passado, introduzimos uma nova fazenda com capacidade para 1.900 vacas e hoje estamos praticamente sem estoque. Produzimos 26.000 litros de leite por dia e também buscamos valor agregado nessa atividade, pois o processamento de produtos vegetais e grãos, como o milho, transforma muita energia em carne. Também fazemos engorda, embora, diferentemente da Argentina, a criação de gado de corte não seja muito popular na Ucrânia. Engordamos o gado até a condição desejada, processando os produtos finalizados em nossa planta de processamento, a fim de obter certo lucro.
Em relação ao valor da mão de obra e aos atores dentro da cadeia agropecuária, quais diferenças substanciais você vê a partir da guerra com a Rússia?
Ivan - O setor e a economia agrária como um todo refletem o trabalho positivo do nosso povo, pois muitas pessoas estão envolvidas na agricultura. A logística, as ferrovias, os elevadores e vários serviços associados são atividades nas quais as pessoas trabalham para ajudar na exportação durante o período de operação do corredor de grãos – já exportamos cerca de 6 milhões de toneladas por meio dele – e isso é uma vantagem para a Ucrânia. Se Deus permitir, as operações do corredor de grãos continuarão, porque entendemos que esse grão chegou aos países onde é necessário, e a maioria deles são países africanos que precisam dos grãos para se alimentar. Por outro lado, também conseguimos manter os recursos no setor agrícola ucraniano para sustentar as empresas de sementes da Ucrânia. Os recursos provenientes da venda de grãos, mesmo que sejam pequenos, são muito importantes para que os produtores agropecuários tenham recursos para semear.
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Quando pensamos na Ucrânia, em seu povo, no valor do esforço, não podemos deixar de nos emocionar com o nível de paixão com o qual trabalham todos os dias, e a Agroprodservice é exemplo disso.
Andrii - Estamos utilizando essas tecnologias comprometidos com a criação de animais e com a construção completa desse ciclo de processamento de produtos. Oferecemos emprego a um grande número de pessoas e a empresa emprega muitas famílias que têm a oportunidade de ganhar seu dinheiro para se sustentar, viver aqui e desenvolver ainda mais nosso país. Essa empresa nasceu e vive da terra, vivemos aqui, nossos filhos estão aqui, trabalhamos nesta empresa diante de nossos filhos, netos e futuras gerações.
Ivan - Estamos próximos das pessoas, não estamos em Kiev nem no exterior, nos reunimos diariamente com nossos acionistas e com os proprietários de nossa terra. Alugamos 99% da terra, cuidamos da fertilidade dos campos e a cada 7 a 10 anos precisamos renovar os contratos de arrendamento. A responsabilidade social da empresa cresce com o tempo; trabalhamos aqui e pagamos grandes quantias de impostos, e essa responsabilidade social apoia a educação das crianças e das futuras gerações.
A Ucrânia é um paraíso produtivo que sofre em tempos de guerra. Ivan Chaikivskyi e Andrii Baran compartilham uma mensagem esperançosa para o povo ucraniano e apostam no crescimento
de uma empresa moderna e socialmente comprometida.
Ivan - Eu não estive na Argentina, mas sei que os produtores agrícolas do mundo todo amam a terra, sei que a satisfação de produzir alimentos não é apenas material, é também moral, e, é claro, amar o próprio país. Desejo que no território argentino nunca ocorra uma situação como a que temos hoje na Ucrânia, em que devemos cultivar olhando para o céu e pensando que nada voará ou explodirá em nosso campo. Estou grato e suficientemente saudável para trabalhar, porque o trabalho na terra é o mais sagrado, pois é aqui que cultivamos o pão e damos vida à terra.
Andrii - Hoje, durante a guerra, gostaria de agradecer às pessoas pelo apoio, tanto moral quanto financeiro. Porque é muito importante que os povos civilizados do mundo se unam ao lado do bem para vencer. Muito obrigado às pessoas por esse calor humano e apoio. Gostaria de pedir que não desistam e ajudem, pois os ucranianos e o Estado ucraniano precisam da ajuda de todos.
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“Hoje e durante a guerra gostaria de agradecer ao povo pelo apoio, tanto moral como financeiro”
Andrii Baran
“Somos principalmente uma granja de plantio direto”
Entre 29 e 31 de agosto, foi realizado o Farm Progress Show 2023 em Illinois. Todos os anos, os agricultores participam para se conectar com especialistas em produtos e ver ao vivo as últimas inovações na agricultura. Nesse contexto, no nosso stand, entrevistamos o agricultor do condado de Yadkin, Kevin Matthews, que consegue obter rendimentos de milho superiores a 300 bushels por acre.
Conte-nos um pouco sobre a sua participação no Farm Progress Show. O que você observa em termos de pessoas e cultivos?
Esta é a segunda vez que eu participo do Farm Progress Show, mas nunca participei como agricultor, porque sempre tive que falar e dar palestras. A participação foi enorme este ano, parece que você mal consegue andar! Os trabalhos que vemos aqui são lindos, é bom dar uma olhada e ver como funcionam todos os produtos disponíveis. Você aprende muito com a qualidade das pessoas nesses eventos, e é isso que nos diferencia. Participei de vários painéis de discussão em estandes de diferentes patrocinadores. Estou feliz de ter tido essa oportunidade,
pois isso me permitiu interagir com as pessoas.
Você ganhou o prêmio de melhor produto em seu Estado. Poderia nos contar sobre seu trabalho e seu lugar?
Eu sou da Carolina do Norte, um Estado na costa leste dos Estados Unidos, a cerca de quatro horas terrestres do Oceano Atlântico para o interior. Cultivamos em um vale fluvial e temos duas estações de crescimento diferentes: uma em nossas terras altas e outra no vale do nosso rio, com um mês de diferença entre elas.
Plantamos nas terras altas no início de abril e depois começamos a plantar em maio em nossas terras ribeirinhas, no vale do rio. Isso ajuda a
Matthews Family Farms, do condado de Yadkin, obteve o maior rendimento no Concurso de Rendimento de Milho da Carolina do Norte em 2016, com um rendimento de 320,20 bushels por acre em solo irrigado.
distribuir nossa carga de trabalho. Trabalhamos em 6.000 acres onde cultivamos milho, trigo e soja. Colhemos a soja em outubro e plantamos trigo em outubro.
Que tecnologia você adota em seus cultivos?
Somos principalmente uma granja de plantio direto, a menos que estejamos nas planícies do rio, onde realizamos plantio vertical. Obtemos ótimos rendimentos, o que realmente não é normal em nossa área, mas fazemos muitas coisas de forma diferente. E sofremos inundações causadas por furacões; na verdade, estamos passando por um furacão no momento. O plantio vertical é utilizado para gerenciar os resíduos, então aramos no máximo duas polegadas.
Por que você acha que não há tantas pessoas praticando o plantio direto nos Estados Unidos?
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ENTREVISTA
Em nossa região dos Estados Unidos, no sul e no leste, o plantio direto é muito predominante. Devido ao calor da região, nossos solos tendem a secar rapidamente, não conseguimos reter água por muito tempo, por isso temos solos com baixa capacidade de troca catiônica (CTC), em torno de 12. Em alguns lugares, esse valor é ainda mais baixo, na faixa de 6, em solos realmente arenosos. O plantio direto é a nossa prática principal.
Nossas terras às margens do rio tendem a se inundar, por isso são instalados sistemas de drenagem e, com frequência, temos que utilizar o plantio vertical para quebrar a camada superficial após o inverno, para que possa secar e formar um bom leito de plantio. Depende muito das condições do solo e de como
ficou depois do cultivo anterior, por isso temos que realizar muito plantio vertical.
Para finalizar, contenos um pouco sobre os rendimentos deste ano e como você vê a próxima campanha. O que você espera para a próxima temporada?
Nosso recorde de milho é de 375 bushels em um terreno grande de 12 acres, e nosso recorde de soja é de 120. O máximo que vimos em nossa fazenda foi de 200 bushels por acre de soja. Quanto à colheita deste ano no campo, o trigo que colhemos em junho teve uma média de 105 bushels em toda a fazenda, o que é um recorde para nós,
superando o recorde anterior de 101.
O milho e a soja que estamos começando a colher são realmente bons para nós. Tivemos uma temporada de crescimento muito melhor do que o o cinturão de milho e soja do Centro-Oeste, com um clima melhor. Provavelmente estaremos entre 190 e 200 bushels, o que provavelmente é muito melhor do que nossos vizinhos, mas, na Carolina do Norte como um todo, o milho provavelmente estará em torno de 30 bushels, e a soja estará entre 10 e 15 bushels.
Temos um cultivo realmente muito bom nas Carolinas, mas somos uma área de produção muito pequena em comparação com o Centro-Oeste.
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