Aqui ninguem e inocente peça Mauricio Paroni de Castro

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Do voyeurismo audiovisual à passividade consentida Renato Rosati12 Escrevendo estas linhas, percebo a situação embaraçosa em que me encontro. Falar sobre algo que provavelmente ainda esteja longe da minha capacidade de interpretação. Quando fui convidado a participar deste projeto, registrando em vídeo o trabalho que começava a ser desenvolvido em progresso, percebi de início que se tratava de uma pesquisa extremamente intelectual. As derivas realizadas no centro de São Paulo geravam resultados tão ricos e particulares na “vida” das “personagens”; a cada passo, situações inusitadas emergiam do cotidiano das ruas, às vezes bizarras, e o processo fluía a galopes, num ritmo intenso de idéias florescendo a todo instante e sendo digeridas, ganhando nova forma e linguagem na tradução interna dos atores, para depois voltarem às ruas novamente, num processo cíclico e constante, muitas vezes íntimo e emocional. Eu sabia que, para mim, seria impossível desenvolver toda uma linguagem audiovisual capaz de captar a amplitude de um processo artístico assim, embora acredite que um cinema intelectual seja

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Assistente audiovisual.

A trajetória da direção | 265


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