Catálogo de maio de 2010

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Dinamarca (1988); “Viva Brasil, viva”, Estocolmo (1991), entre outras. Realizou individuais na Prefeitura do Recife (1964); Reitoria da Universidade Federal da Paraíba (1966); Casa do Brasil, Madri, 1970; Museu Nacional de Culturas Populares, México (1985); Cooperativa de Atividades Artísticas, Porto (1994); Centro Cultural Banco do Brasil, Rio de Janeiro (1997); Museu de Arte de Belo Horizonte e Museu de Arte Moderna do Recife (1998); na Petite Galerie, Rio de Janeiro (1965); Bolsa de Arte de Porto Alegre (1989); Sílvio Nery da Fonseca, Escritório de Arte, São Paulo (1995) e Galeria Sobrado, Olinda (1996). Bibliografia: José Roberto Teixeira Leite. A gravura brasileira contemporânea (Rio de Janeiro: Expressão e Cultura1966). Ariano Suassuna. Visão da terra, cat. exp. (Rio de Janeiro: Museu de Arte Moderna, 1977). Frederico Morais. Samico 40 anos de gravura (Rio de Janeiro: Centro Cultural Banco do Brasil, 1997).

sANte sCALDAFeRRI SalVador, Ba, 1928 Formado em pintura pela Escola de Belas-Artes da Bahia, Sante Scaldaferri integrou na década de 1950 a geração de artistas, escritores e intelectuais que, atuando em diferentes áreas, renovou a cultura da Bahia, dando-lhe dimensão nacional. Mais: estabeleceu uma espécie de ponte entre a sua geração – que é a de Glauber Rocha, Paulo Gil Soares, Fernando Peres, Calasans Neto, entre outros – e a anterior, de Mário Cravo, Carybé e Rubem Valentim. Assim, ao lado da pintura, seu principal meio de expressão, fez ilustrações para a revista Mapa, cenografias para filmes de Glauber Rocha e em décadas posteriores ilustrou poemas e textos de Castro Alves, Jorge Amado e Vasconcelos Maia. Realizou 29 painéis e murais com diferentes técnicas e, em 1998, publicou pelo Museu de Arte Moderna da Bahia o livro Os primórdios da arte moderna na Bahia. Apresentando mostra do artista na Galeria Anna Maria Niemeyer em 1993, escreveu Frederico Morais: Depois de conviver tanto tempo com estas figuras grotescas, desajeitadas e obesas, com suas carnes macilentas, com seus rostos excessivamente pintados, o ventre deformado, às vezes com rabicho de porco, outras vezes simbolizando situações que retratam as mazelas do homem e da sociedade – preguiça, ira, vaidade, gula, submissão aos poderosos – é como se Sante Scaldaferri desse um basta, para contemplá-las com outro olhar. Um olhar amoroso. Não se trata de piedade ou comiseração, nem mesmo de uma queda na temperatura crítica de sua pintura, um recuo de sua verve e ironia, mas simplesmente tentar descobrir o que existe de humano sob estes corpos erodidos pelo poder e pela corrupção ou, ao contrário, pela miséria do país. O que existe de puro e poético em meio a tanta sujeira e podridão. E não por acaso, volta seu olhar, antes de tudo, para as mulheres, que poderiam ser consideradas boterianas ou noldianas se sua preocupação fosse com a história da arte e não com a realidade de todos os dias. Participou das bienais da Bahia (1966 e 1968); São Paulo (1985 e 1991); Cuenca (1989); e Havana (1989); do Panorama da Arte Atual Brasileira, São Paulo (1983); do Salão Nacional de Arte Moderna (1959, 1963, 1967, 1968, 1969); do Salão Nacional de Artes Plásticas, de 1980 a 1985; do Salão Baiano de Belas-Artes (1955 e 1956); do Salão de Belo Horizonte (1959, 1960 e 1984); do Salão Paulista de Arte Moderna (1960 e 1967); e do Salão Esso, Rio de Janeiro (1965). Foi um dos participantes da exposição “Pablo, Pablo: uma interpretação brasileira de Guernica”, em 1981, figurando ainda em inúmeras mostras de arte baiana no Brasil e de arte brasileira e baiana no exterior: América Latina, Estados Unidos, Europa, África, Japão e China. Realizou mostras individuais no Museu de Arte Moderna da Bahia (1961, 1982, 1985, 1996); Museu de Arte Sacra da Bahia (1973); Museu de Arte da Universidade Federal do Ceará (1982); Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro (1995); e nas galerias Domus (1958); Quirino (1966), e Prova de Artista (2001), na Bahia; Goeldi (1965) e Anna Maria Niemeyer (1984, 1987, 1989, 1993), no Rio de Janeiro; Atrium (1966, 1967); Ars, Arts (1984); Montesanti (1987), em São Paulo; Performance, Brasília (1989); e também na Itália, França e Suíça. Bibliografia: Wilson Rocha. A forma plástica e os símbolos do Nordeste na pintura de Sante Scaldaferri, cat. exp. (Museu de Arte da Universidade Federal do Ceará). Jacques Leenhardt. “Um instante sobre a terra”. Sante Scaldaferri, cat. exp. (Rio de Janeiro: Museu de Arte Moderna, 1995).

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sANtIAGO, MANOeL ManauS, aM, 1897 – rio de Janeiro, rJ, 1987 Seu nome completo, “herdado de fidalgos espanhóis”, era Manoel Colafante Caledônio de Assumpção Santiago. Em 1912 transferiu-se para Belém, onde deu início aos seus estudos de arte. Em 1917, já morando no Rio de Janeiro, formou-se em direito. Durante 40 anos foi alto funcionário do governo, lotado no Ministério da Fazenda. Estudou na Escola Nacional de Belas-Artes, tendo como professores Rodolfo Chambelland e Batista da Costa, ao mesmo tempo em que tinha aulas particulares com Eliseu Visconti. Em 1923, ano em que se casou com a pintora Haydéa Santiago, criou o Salão da primavera, do qual foram realizadas várias edições. Contemplado com o prêmio de viagem à Europa no Salão Nacional de Belas-Artes, em 1927, instalou-se em Paris, onde residiu por cinco anos. De volta ao Brasil, em 1932, integrou o Núcleo Bernardelli, fundado no ano anterior, no qual atuou como orientador de Edson Motta, Ado Malagoli e Bustamante Sá. Foi professor do Instituto de Belas-Artes desde sua fundação, em 1950, até 1967. Realizou murais para a Alfândega do Rio de Janeiro e para o Instituto do Açúcar e do Álcool, ambos em 1942. Foi em seu ateliê de Laranjeiras, em 1952, que André Lhote deu um curso para jovens artistas brasileiros. Pela via do impressionismo, que herdou de seu mestre Visconti, chegou a uma espécie de lirismo informalista, um pré-tachismo na efusão colorida de seus nus e paisagens. Quirino Campofiorito, seu colega no Núcleo Bernardelli, em texto de 1958, dividiu a pintura de Manoel Santiago em três fases. A primeira foi a dos temas indígenas e teosóficos. A segunda, que se inicia com seu retorno ao Brasil, em 1932, é seu momento de maior triunfo, atirando-se com decisão contra o mau gosto pictórico imperante, os vícios de uma pintura sem emoção, que ficava entre o naturalismo mecânico dos paisagistas e as soluções escolares dos figurinistas. A terceira, a partir dos anos 50, é a de “exaltação da cor luminosa e da generosa matéria pictórica”. Figurou no Salão Nacional de Belas-Artes (1920, 1927, 1929 e 1948), nos quais foi contemplado sucessivamente com o prêmio de viagem a Europa, medalha de ouro e medalha de honra; no Salão Paulista de Belas-Artes (1936, 1938,1940 e 1945); no Salão de Belas-Artes do Rio Grande do Sul (1939); na Exposição do IV Centenário do Chile (medalha de ouro); no Salão Fluminense de Belas-Artes, Niterói (1942); e na I Bienal de São Paulo (1951). Realizou exposições individuais, no Rio de Janeiro (1932); Niterói (1981) e São Paulo (1983). Tem obras no Museu Nacional de Belas-Artes, Museu Antônio Parreiras (Niterói, RJ), Academia Brasileira de Letras e no Palácio Guanabara. Bibliografia: Altamir de Oliveira. Manoel Santiago (Rio de Janeiro: Colorama, 1975). Chermont de Brito. Vida triunfante de Manoel Santiago (Rio de Janeiro: Kosmos, 1980). Frederico Morais. Núcleo Bernardelli: arte brasileira nos anos 30 e 40 (Rio de Janeiro: Pinakotheke, 1982). Flávio de Aquino. Manoel Santiago – vida, obra e crítica (Rio de Janeiro: Arte Hoje, 1986). sCHAeFFeR, FRANK Belo Horizonte, MG, 1917 – ? , 2008 Com dez anos de idade, mudou-se com a família para o Rio de Janeiro. Engenheiro, especializou-se em construção de máquinas na Áustria entre 1938 e 1939. Sua formação artística, a partir de 1945, foi bastante eclética: no Rio estudou gravura com Hans Steiner e pintura com Arpad Szenes; em Paris, no biênio 19481949, estudou, como bolsista do governo francês, na Escola de Belas-Artes, onde teve como professores Robert Cami (gravura em metal) e Ducos de la Haille (pintura mural), tendo ainda frequentado os ateliês de Fernand Léger e André Lhote. De 1953 a 1954, morou na Noruega. Desde 1945 é professor de desenho técnico do Instituto Militar de Engenharia, tendo ministrado cursos de arte em Assunção, Belo Horizonte, Porto Alegre e Rio de Janeiro. Dedicou-se também, de modo esporádico, à ilustração (que lhe deu o prêmio Jabuti em 1960) e à pintura mural. Apresentando a mostra do artista na Galeria Cláudio Gil em 1985, escreveu Flávio de Aquino: Frank tem noção completa e sábia da arte de pintar, sobretudo o guache, técnica em que se tornou o nosso mais notável especialista. Com o guache e os fenômenos meteorológicos que acontecem no mar, ele descreve com perfeita maestria seus sentimentos. E são sentimentos que na música teriam um equivalente dramático, wagneriano – ao menos em algumas obras. Depois de definir Schaeffer como um artista romântico, identifica em sua pintura duas vertentes: a lírica e a dramática. Na primeira, “o sol radiante e a

noite azulada e misteriosa são acompanhados do que Lhote chamava de rimas plásticas [...] as árvores e as montanhas ondulam solenemente saindo majestosas do mar”. Na segunda vertente, [...] se empolga pela natureza, seus fenômenos meteorológicos, seus sentimentos dramáticos – luminosos ou sombrios – e disso obtém um raro efeito emocional através do contraste de luzes fortes e sombras profundas. As águas, antes plácidas, se agitam pela ação de um vento estranho. A paisagem se convulsiona iluminada pelos raios. Cria-se uma atmosfera fantástica, mágica e magnética. A natureza está em fúria, depois de angustiada expectativa. Participou das bienais de São Paulo (1951-1955 e 1959-1967), do México (1958) e de Barcelona; do Salão Nacional de Arte Moderna (1952-1956 e 1958-1959), recebendo em 1956 o prêmio de viagem ao país; dos salões de Brasília (1964 e 1965); da Bahia, do Rio Grande do Sul, do Resumo JB (1965); do Panorama da Arte Atual Brasileira, São Paulo, (1969); de coletivas como “O trabalho na arte”, Rio de Janeiro (1958), bem como de numerosas coletivas de arte brasileira realizadas na Europa, América Latina, Estados Unidos e Canadá. Expôs individualmente no Ministério da Educação e Cultura, Rio de Janeiro, no Museu de Arte Moderna, Rio de Janeiro, no Museu Nacional de Belas-Artes, Rio de Janeiro; no Museu de Arte do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, todas em 1985; no Espaço Cultural da Marinha, Rio de Janeiro (1999); na Petite Galerie e nas galerias Barcinski, Trevo, Cláudio Gil, e Saramenha, no Rio de Janeiro; Domus e Astreia, em São Paulo; Guignard, em Porto Alegre; e também na Europa e na América Latina. Bibliografia: Flávio de Aquino. A harmonia sutil na arte de Frank Schaeffer, cat. exp. (Rio de Janeiro: Galeria Cláudio Gil, 1985). Marc Berkowitz. “Perguntas e respostas através dos tempos”. Em Frank Schaeffer, pintura: 1938-1985, cat. exp. (Rio de Janeiro: Museu Nacional de Belas-Artes, 1985). Walmir Ayala. Dicionário de Pintores Brasileiros, 2ª ed. (Curitiba: UFPR, 1997).

sCLIAR, CARLOs Santa Maria, rS, 1920 – rio de Janeiro, rJ, 2001 Com apenas onze anos, enviava contos, poemas e desenhos para os suplementos infantis dos jornais gaúchos. Aos 16 anos, após ter estudado desenho com Gustav Epstein, iniciou sua atividade profissional como ilustrador na Editora Globo, à época uma das mais importantes do país. Aos 18 foi cofundador da Associação de Artes Plásticas Francisco Lisboa. Dois anos depois, em 1940, já se encontrava em São Paulo, integrando a chamada Família Artística Paulista, de cuja mostra carioca participou. Em 1943, sempre muito precoce, escreveu texto para o filme de Ruy Santos sobre Lasar Segall e a seguir, no Rio de Janeiro, elaborou o roteiro e dirigiu o filme Escadas, no qual focaliza o casal de artistas Vieira da Silva e Arpad Szenes, então residindo no Hotel Internacional, em Santa Teresa. Convocado pela FEB, foi para a Itália em agosto de 1944 para participar da II Guerra Mundial, retornando ao Brasil com uma série de Desenhos de guerra, expostos em 1945 no Rio de Janeiro, em São Paulo e Porto Alegre. Foi um dos participantes da mostra de arte brasileira realizada em Londres em benefício da RAF. Ainda no Rio, dirigiu a Revista de Arte, encartada na revista Leitura, e criou o cenário para o Ballet Telegráfico de Sansão Castelo Branco. Entre 1947 e 1950 residiu em Paris, de onde se deslocou para Praga em 1947 e Wroclav, na Polônia (1948), para participar dos congressos internacionais de intelectuais a favor da democracia e pela paz. De volta ao Brasil, reinstalou-se em Porto Alegre, onde fundou com Vasco Prado, Glênio Bianchetti, Danúbio Gonçalves e Glauco Rodrigues o Clube de Gravura de Porto Alegre, ao mesmo tempo em que dirigia a revista Horizonte, ativa até 1962. Novamente no Rio, onde passou a residir em caráter definitivo, ampliou sua atuação como artista gráfico, chefiando o setor de arte da revista Senhor e fazendo cartazes para cinema e teatro, para finalmente se dedicar em tempo integral à pintura, inclusive em obras murais, entre as quais se destacam as que realizou para o Banco Aliança em 1966 e o políptico Ouro Preto 180 graus, para a sede da revista Manchete, em 1973. Sucessivamente expressionista, realista social e cubista – um cubismo com “certas projeções metafísicas” –, Scliar, no dizer de Roberto Pontual, apreende a realidade na sua pulsação de tempo e silêncio, uma pulsação que deriva dele injetar nas coisas, inicialmente recebidas como reflexo de pura superf ície, a dose tranquila ou febril da transfiguração, resultante de sua maneira própria de encará-las para apreender a densidade e o sentido do compreensível mistério que há em suas camadas. Figurou no Salão Nacional de Belas-Artes (1940); no


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